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20/01/2022, 15:59 Uma Revisão sobre Baterias: Parte I - Blog Eletrônica de Potência

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UMA REVISÃO SOBRE BATERIAS: Search the site 

PARTE I
Caio Moraes | 12 de abril de 2020 | Tecnologias | Nenhum comentário ASSINAR BLOG POR E-
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Olá caros leitores. Nos últimos artigos venho escrevendo sobre
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diversos assuntos relacionados à modelagem dinâmica e às
para assinar este blog e
estratégias de controle aplicadas ao conversor Buck. Mais
receber notificações de novas
especificamente no artigo intitulado “Controle Multimalhas Aplicado
publicações por e-mail.
ao Conversor Buck MCC“, citei a possibilidade de se projetar um
carregador de baterias empregando o conceito de “Controle Endereço de e-mail

Multimalhas”. Pensando nisso, resolvi fazer uma série de posts


Assinar
sobre baterias, antes de entrarmos no projeto do carregador
propriamente dito. Acredito que assim o conteúdo ficará mais
completo. ACOMPANHE TAMBÉM

Nesta primeira parte irei abordar os seguintes tópicos:

Introdução
Princípio de Funcionamento das Baterias CURSO DE ALTIUM
DESIGNER (APRENDA
Classificação das Baterias
DO ZERO)
Principais Termos Técnicos
Curso Altium
Problemas mais Comuns
Métodos de Carregamento
Conclusão CURSO DE
MANUTENÇÃO DE
Referências
SMARTPHONES
Vamos ao que interessa!

INTRODUÇÃO
Os sistemas de armazenamento de energia (ESS, do inglês Energy
Storage Systems) ganharam destaque recentemente, com o
crescente interesse por fontes de energia renováveis. Devido à
geração intermitente desse tipo de fonte, como é o caso da energia
fotovoltaica e da eólica, tecnologias de armazenamento têm sido
consideradas por muitos como a solução para esse gargalo [1]. Em
diversos países, o armazenamento de energia também vem sendo
utilizado para sanar outras demandas do sistema elétrico, tais como

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a estabilização das variações de tensão que ocorrem nas redes de


distribuição [2, 3] ou a eliminação de sobrecargas nas linhas de
transmissão [4, 5, 6].

Na indústria, já há algum tempo, esse tipo de tecnologia vem sendo


Krach­tig
incorporado em equipamentos eletrônicos e em veículos genoeg voor
elétricos/híbridos (VEH). Especificamente na indústria automotiva, o foto's be­werken.

seu uso tem sido motivado, principalmente, pelas preocupações


ambientais e pela instabilidade do mercado de petróleo (algo que
reflete na segurança energética de países muito dependentes desse
combustível) [7].

A Figura 1 apresenta, de forma sucinta, a classificação dos principais


sistemas de armazenamento de energia quanto ao tipo de aplicação. Lenovo IdeaPad
5 14ITL05
Dentre estes, as baterias são comumente empregadas em VEH, em 82FE00PVMH
met Intel® Core™ i5-
sistemas fotovoltaicos e em sistemas ininterruptos de energia (UPS – 1135G7 processor

Uninterrupt Power Supply).  Dada a sua importância no contexto 649,-

atual, este artigo irá focar nos principais aspectos construtivos e no


princípio de funcionamento desse tipo de dispositivo.

Bekijk 'm nu

POSTS RECENTES
PLL para Sincronismo com a
Rede – Exemplo de Projeto e
Implementação

Sincronismo com a Rede Elétrica


em Inversores Fotovoltaicos On-
grid
Figura 1. Classificação dos principais sistemas de armazenamento de energia
Microinversor Solar – Como
quanto ao tipo de aplicação.
funciona a estratégia de controle

PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DAS Os 3 Tipos de Microinversores


Fotovoltaicos
BATERIAS Uma Introdução aos Sistemas
Fotovoltaicos
Uma bateria é constituída por uma ou mais células eletroquímicas
ligadas em série ou em paralelo, ou ainda através de uma
combinação mista de ambas. Nessas células, a energia química
armazenada é convertida em energia elétrica, a partir de reações
eletroquímicas, podendo fornecer corrente elétrica para um circuito
externo através de seus eletrodos denominados de ânodo

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(polaridade negativa) e de cátodo (polaridade positiva), os quais são


separados por um eletrólito [8].

Durante a descarga da bateria, reações eletroquímicas ocorrem no


ânodo (oxidação) e no cátodo (redução) com migração de elétrons
entre os eletrodos através do circuito metálico externo e migração
de íons através do eletrólito [9]. A Figura 2 ilustra o esquema de uma
célula eletroquímica descarregando sobre uma carga resistiva,
incluindo também as respectivas equações químicas. Em
contrapartida, durante a etapa de carga as reações se invertem
seguindo percursos inversos tanto para a condução iônica como
eletrônica.

CATEGORIAS
Figura 2. Estrutura básica de uma célula eletroquímica.
Capacitores Eletrolíticos
Em uma bateria eletroquímica, o produto de duas grandezas Controle Digital
importantes fornece a quantidade de energia armazenada por esse Conversores Estáticos
dispositivo. Estas grandezas são: tensão elétrica, medida em Volts (V) Dissipadores de Calor
e capacidade, medida em Ampère-hora (Ah). Teoricamente, uma Modelagem Dinâmica de
bateria de 50 Ah pode fornecer 5 A durante 10 horas ou 50 A Conversores

durante 1 hora. Entretanto, na prática, observa-se que as operações Princípios de Controle

de descarga de uma bateria são influenciadas por efeitos não- Semicondutores de Potência

lineares, os quais influenciam diretamente o seu tempo de vida [10]. Sistemas Fotovoltaicos

Tecnologias
CLASSIFICAÇÃO DAS BATERIAS
As baterias são classificadas em não recarregáveis (primárias) e em Caio Moraes
PLL para Sincronismo
recarregáveis (secundárias), de acordo com o tipo das células que as
com a Rede – Exemplo
compõem. As células primárias não são capazes de serem de Projeto e
efetivamente recarregadas e, por isso, são descartadas quando Implementação

Sincronismo com a Rede


sofrem uma descarga completa. Geralmente, esse tipo de bateria é
Elétrica em Inversores

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utilizado em aplicações de baixa potência, tais como relógios de Fotovoltaicos On-grid

pulso, calculadoras, entre outros aparelhos portáteis [11]. Por outro Microinversor Solar – Como
funciona a estratégia de
lado, as células secundárias podem ser recarregadas às suas
controle
condições iniciais, ao se aplicar uma corrente no sentido oposto à
Leandro B. K. Fisch
corrente de descarga. Em razão disso, as baterias recarregáveis são Transistor MOSFET de
conhecidas como baterias de armazenamento, ou acumuladores, e Potência

são utilizadas na maioria das aplicações por longos períodos, como Diodo de Potência

em sistemas fotovoltaicos [12].

Segundo [13], as baterias recarregáveis também podem ser


classificadas de acordo com os materiais ativos usados em sua
construção, diferenciando-se os acumuladores de chumbo-ácido dos
Krach­tig
acumuladores alcalinos. Atualmente, as principais tecnologias de genoeg voor
baterias secundárias são: foto's be­werken.

1. Chumbo-ácido;
2. Níquel-Cádmio (Ni-Cd);
3. Níquel-Hidreto Metálico (NiMH);
4. Íon de Lítio (Li-ion).

A Tabela 1 compara as particularidades das quatro tecnologias mais


comuns, a partir da qual é possível observar uma superioridade das Lenovo IdeaPad
5 14ITL05
baterias Li-ion em relação às demais. De fato, esse tipo de bateira é 82FE00PVMH
met Intel® Core™ i5-
o mais usado atualmente na maioria dos equipamentos eletrônicos, 1135G7 processor

649,-
desde pequenos reprodutores de música até notebooks, além de
aplicações militares, aeroespaciais e veículos elétricos. A sua
popularidade e seu uso crescente em diversas aplicações se
justificam por diversos fatores, com destaques para a sua densidade
Bekijk 'm nu
energética e pelo fato de não apresentarem efeito memória. Outro
fator muito importante de se considerar é a sua tensão nominal que
pode atingir 3,60 V por célula, o que requer menos células para se
obter tensões maiores em comparação com outros tipos.

Tabela 1. Comparação entre as principais tecnologias de baterias


recarregáveis.

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Especificamente com relação às baterias de chumbo-ácido, existem


ainda outros tipos de classificação. Segundo [3], é possível
diferenciá-las quanto à forma de confinamento do eletrólito em:
baterias abertas e baterias seladas. As primeiras, também
conhecidas como baterias ventiladas, possuem um eletrólito liquido
e livre (não é confinado no separador). Em razão disso, essa
tecnologia necessita de verificação periódica e eventual correção do
nível do eletrólito. Por outro lado, as baterias seladas possuem um
eletrólito confinado no separador ou sob a forma de gel. Estas
também são conhecidas como “livres de manutenção”, pois não
necessitam de reposição de água. (Outra maneira de denominá-las é
“baterias reguladas por válvula”).

Quanto ao tipo de aplicação, as baterias de chumbo-ácido podem


ser classificadas em: acumuladores estacionários, acumuladores
tracionários, acumuladores de arranque e acumuladores para
aplicações específicas (por exemplo, aqueles utilizados em sistemas
fotovoltaicos ou em veículos elétricos).

No geral, ao trabalharmos com baterias recarregáveis, precisamos


levar em consideração alguns parâmetros, tais como capacidade,
eficiência, vida útil, taxa de autodescarga, etc. Muitas vezes o
carregamento é feito de maneira incorreta, comprometendo muito o
desempenho e a vida útil das baterias. Os fatores que mais afetam o
desempenho, a capacidade e, consequentemente, a vida útil, são:

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profundidade de descarga, número de ciclos, temperatura de


operação, controle de carga/descarga, entre outros. Para um melhor
entendimento sobre esses parâmetros, apresento a seguir uma lista
dos principais termos técnicos relacionados às baterias.

PRINCIPAIS TERMOS TÉCNICOS


Os seguintes termos foram escritos com base em [11] e [12], onde
uma lista mais completa pode ser consultada.

AUTODESCARGA
A autodescarga é o processo de descarregamento espontâneo das
baterias, devido às perdas que ocorrem nas reações químicas
internas quando elas não estão sendo utilizadas. Normalmente, a
taxa de autodescarga é especificada como uma porcentagem da
capacidade nominal que é perdida mensalmente. Esta taxa
aumenta com o aumento da temperatura. Por esse motivo, é
aconselhado abrigar as baterias em locais arejados.

CAPACIDADE
A capacidade indica quantos amperes de corrente é possível
retirar de uma bateria num dado período de tempo. Esse termo
é normalmente representado em Ampere-hora (1 Ah = 3600
coulombs), mas também pode ser representado em Watt-hora (Wh),
quando nos referimos a energia que se pode extrair do dispositivo.
Por exemplo, uma bateria de 42 Ah é capaz de fornecer 4,2 A
durante 10 horas (4,2 A x 10 h = 42 Ah), ou 21 A durante 2 horas, ou
42 h durante 1 hora, e assim por diante. Destaca-se ainda que a
capacidade disponível depende de um conjunto específico de
condições, como taxa de descarga, temperatura, estado inicial
de carga, etc.

CARGA
Processo de carregamento da bateria, no qual a energia elétrica
provinda de uma fonte externa é convertida em potencial
eletroquímico no interior das células, restaurando assim sua
energia química.

CICLO
Corresponde à sequência de descarga e carga de uma bateria. A
vida útil das baterias também é definida por uma determinada

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quantidade de ciclos completos.

DENSIDADE DE ENERGIA VS. DENSIDADE DE


POTÊNCIA
A densidade de energia representa a quantidade de energia
armazenada por unidade de massa (Wh/kg) ou volume (Wh/m³). Já a
densidade de potência representa a rapidez com que determinada
quantidade de energia pode ser transferida pelo dispositivo por
unidade de massa (W/k) ou volume (Wh/m³).

DESCARGA
A descarga corresponde a retirada de corrente elétrica de uma
bateria, por meio de uma carga (dispositivo elétrico ou eletrônico
que drena energia quando conectado à bateria), através da
conversão de energia química em energia elétrica.
Normalmente, uma descarga profunda ocorre quando a descarga
ultrapassa 50% da capacidade da bateria.

EFICIÊNCIA
A eficiência pode ser determinada pela razão entre a quantidade de
carga elétrica (Ah) retirada da bateria durante a descarga e a
quantidade necessária para restaurar o estado de carga inicial,
conhecida como eficiência coulômbica ou de ampere-hora.
Alternativamente, é possível relacionar a energia (Wh) retirada da
bateria durante a descarga com a energia total característica do
estado de carga inicial. Nesse caso, obtemos a eficiência global ou
de watt-hora, também conhecida como eficiência energética.

ESTADO DE CARGA
Popularmente conhecido como SOC (do inglês State of Charge), é a
capacidade disponível na bateria em um determinado
momento, expressa em porcentagem da carga nominal. Por
exemplo, se 20 Ah foram retirados de uma bateria de capacidade
nominal de 100 Ah completamente carregada, significa que o novo
estado de carga vale 80%.

Estado de carga de 100% indica que a bateria está totalmente


carregada, enquanto que 0% indicia que a mesma está totalmente
descarregada. 
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ESTADO DE VIDA
Também conhecido como SOH (do inglês State of Health), é a
medição percentual da condição atual da bateria comparada com
as condições iniciais. Esse valor é 100% quando a bateria está nova
e diminui de acordo com o seu uso, pois a cada ciclo de
carga/descarga uma pequena quantidade de massa ativa se
desprende das placas reduzindo a capacidade da bateria.

PROFUNDIDADE DE DESCARGA
Este parâmetro indica, em termos percentual, o quanto da
capacidade nominal foi retirado no processo de descarga. No
exemplo do estado de carga, a profundidade de descarga
corresponde a 20%, ou seja, é o valor complementar ao estado de
carga.

SOBRECARGA
Fornecimento de corrente a uma bateria após o término do
processo de carga completa. A sobrecarga não aumenta a
disponibilidade de energia na célula e pode resultar em gaseificação
ou sobreaquecimento, ambos possuindo reflexos negativos na vida
útil do dispositivo.

TAXA DE CARGA
É o valor de corrente elétrica aplicado a bateria durante o
carregamento. Essa taxa é definida como uma fração da
capacidade nominal da bateria. Por exemplo, uma bateria de 150
Ah de capacidade nominal, submetida a um intervalo de carga de 10
horas a corrente constante, tem sua taxa de carga definida da
seguinte forma:

Analogamente, podemos definir diferentes taxas, como C/100 (100


h), C/20 (20 h), entre outras. Assim, para carregar a bateria do
exemplo acima com uma taxa de C/20, seria necessária uma
corrente de 7,5 A (150 Ah / 20 h).

TAXA DE DESCARGA

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De maneira oposta ao item anterior, esta taxa corresponde ao valor


de corrente elétrica durante o processo de descarga. Também é
normalizada pela capacidade nominal da bateria.

TENSÃO DE CIRCUITO ABERTO


Tensão medida nos terminais da bateria para um determinado
estado de carga e a uma determinada temperatura, na condição em
que não há corrente sendo drenada do dispositivo.

TENSÃO NOMINAL
Tensão média da bateria durante o processo de descarga com uma
determinada taxa de descarga a uma determinada temperatura.

VIDA ÚTIL
Pode ser especificada pelo número de ciclos ou período de tempo,
dependendo da aplicação. Indica até quando ou quantas vezes a
bateria pode ser usada antes de apresentar falhas em satisfazer
as especificações. Fatores como temperatura e profundidade de
descarga estão inversamente relacionados com a vida cíclica da
bateria, ou seja, quanto maior a temperatura de operação ou a
profundidade da descarga, menor será a vida útil. Nas baterias de
chumbo-ácido, por exemplo, o fim de sua vida útil é geralmente
tomado como o instante em que a célula, estando totalmente
carregada, pode fornecer apenas 80% da sua capacidade nominal.

PROBLEMAS MAIS COMUNS


Devido aos processos químicos internos e ao uso incorreto das
baterias, muitos problemas podem surgir com o tempo,
principalmente em baterias de chumbo-ácido. Dentre estes,
podemos destacar:

CORROSÃO E OXIDAÇÃO DAS PARTES METÁLICAS


Mais comum em baterias abertas (ou ventiladas), a corrosão é
causada pelo excesso de abastecimento e consequente vazamento
do eletrólito. O acúmulo de material ativo em contato com a caixa
de ferro causa a corrosão da mesma. Com a caixa corroída, o risco
de vazamento de eletrólito é muito grande. Além disso, o
rendimento da bateria também diminui devido à fuga de corrente,
que ocorre com a corrosão da pintura eletrostática da caixa.

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ESTRATIFICAÇÃO
A água e o ácido utilizados no eletrólito possuem densidades
diferentes. Por esse motivo, se a bateria ficar por muito tempo sem
uso, essa mistura irá se separar em camadas, ficando o ácido na
parte inferior e a água na parte superior. Desse modo, os eletrodos
serão corroídos por ficarem em contato com o ácido puro e,
consequentemente, a capacidade da bateria será reduzida. Esse
efeito é mais significante em baterias de chumbo-ácido.

GASEIFICAÇÃO
Pode ocorrer em baterias de chumbo-ácido e corresponde à
produção de gás em um ou mais eletrodos. Este fenômeno ocorre
em situações de sobrecarga, na qual toda corrente elétrica passa a
ser consumida no processo de eletrólise da água contida no
eletrólito, resultando na formação de bolhas de hidrogênio e de
oxigênio. A liberação de gases leva à perda do eletrólito e ao
aumento da resistência interna da bateria. No caso das baterias de
chumbo-ácido, é possível repor a água perdida, no entanto, a
persistência deste processo pode causar danos irreversíveis.

SEDIMENTAÇÃO
Durante os ciclos de carga-descarga ocorre o desprendimento de
material ativo dos eletrodos e sua sedimentação no fundo do vaso.
Uma sedimentação acumulada pode levar ao curto-circuito das
placas, inutilizando a bateria.

SULFATAÇÃO
Este problema ocorre tipicamente em baterias de chumbo-ácido, em
condições normais de operação. Durante um processo de descarga
forma-se uma camada de sulfato de chumbo na superfície das
placas, o que impede o contato entre a parte ativa e o eletrólito,
diminuindo assim a capacidade da bateria. Se a bateria permanecer
por muito tempo descarregada ou se não for devidamente
carregada, os pequenos cristais de sulfato de chumbo juntam-se
formando cristais maiores. Estes, por sua vez, se tornam
irreversíveis e a capacidade da bateria é reduzida
permanentemente.

MÉTODOS DE CARREGAMENTO

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Do ponto de vista da análise de circuitos elétricos, recarregar uma


bateria consiste em restabelecer a energia que foi previamente
removida, isto é, restabelecer a carga do “capacitor interno” por
meio da injeção de corrente. Apesar de parecer simples, este
processo requer atenção, pois o carregamento inadequado pode
causar severa diminuição de vida útil, sobreaquecimento e, em
certos casos, explosões [14].

O principal objetivo de um sistema de carregamento é carregar a


bateria eficientemente, evitando os efeitos prejudicais do
carregamento excessivo ou reduzido [11]. A Figura 3 mostra um
exemplo de curvas típicas de carga e descarga de uma bateria. O
perfil da tensão depende de fatores como temperatura, taxa de
carga/descarga, das características construtivas da bateria, entre
outros. Por esse motivo, cada tipo de bateria requer um método de
carregamento particular. Como pode ser visto a seguir, diferentes
métodos são utilizados pelos carregadores.

Figura 3. Exemplo de curvas típicas de tensão


durante a carga e a descarga.

CORRENTE CONSTANTE
Este método é muito eficaz para diversos tipos de baterias. Consiste
em aplicar uma corrente de valor fixo ao acumulador,
desconectando-o quando sua tensão atingir o valor de final de
carga. A Figura 4 mostra o comportamento da tensão da bateria
durante o carregamento. Apesar de ter um bom desempenho, essa
técnica pode provocar sobretensões e, consequentemente,
gaseificação e sobreaquecimento, principalmente no final do
processo. Uma forma de contornar esse problema é adotar uma

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corrente de carga mais baixa (i.e. taxa de carga menor), o que torna
o processo mais lento.

Figura 4. Características da corrente e da


tensão durante o carregamento com corrente
constante.

TENSÃO CONSTANTE
Neste tipo de recarga, utiliza-se uma tensão constante com valor
igual ao da tensão de carga máxima da bateria, a qual é especificada
pelo fabricante. Trata-se de um método muito simples de ser
implementado e controlado, porém, alguns aspectos devem ser
considerados ao utilizá-lo. Um deles é o fato da corrente inicial de
carga ser muito elevada, podendo chegar a 5 vezes o valor da
corrente nominal da bateria, conforme ilustrado na Figura 5. O outro
ponto negativo é o fato de não se garantir um balanceamento de
carga entre as células. Consequentemente, algumas podem estar
sujeitas a sobretensão e sobreaquecimento.

Figura 5. Características da corrente e da


tensão durante o carregamento com tensão

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constante.

TENSÃO FLUTUANTE
O carregamento por tensão flutuante é utilizado em aplicações onde
a bateria se descarrega muito pouco. Esse método envolve uma
tensão de carregamento constante com amplitude mais baixa do
que a do método anterior, a fim de se evitar sobrecarga.
Inicialmente, aplica-se uma tensão de valor fixo nos terminais da
bateria e observa-se a corrente – quando esta chegar ao limite
inferior, a tensão deve ser reduzida. A partir do momento em que a
bateria começa a se descarregar, o controlador entra em ação
elevando a tensão novamente. Um controle desse tipo garante que a
bateria fique sempre carregada. No entanto, nem todas as baterias
suportam esse método de carga, sendo mais utilizado em baterias
de chumbo-ácido.

Uma outra opção para o modo flutuação consiste no uso do


carregamento por histerese, o qual desconecta a bateria sempre
que ela entra no modo standby. Então, de tempos em tempos a
conecta novamente no modo tensão constante para repor a energia
perdida em função da autodescarga, ou quando uma carga é
acionada.

CARREGAMENTO MULTIESTÁGIOS
Uma forma de minimizar os problemas relacionados aos métodos
anteriores é carregar a bateria em diferentes estágios. Geralmente,
utiliza-se o método de corrente constante como estágio inicial,
eliminando assim o pico de corrente visto no método de tensão
constante. Em seguida, aplica-se o método de tensão constante para
que a bateria atinja plena carga, sem riscos de sobretensão. No caso
de baterias de chumbo-ácido, é comum utilizar ainda o controle de
tensão flutuante como um terceiro estágio. A Figura 6 exemplifica o
uso desse método de carga.

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Figura 6. Processo de carregamento multiestágios.

Existem ainda outros métodos mais inteligentes e sofisticados,


baseados no estado de carga e na temperatura. Não cabe a este
artigo entrar em detalhes, mas diversos trabalhos a respeito podem
ser encontrados na literatura.

Ademais, destaca-se que as baterias podem ser carregadas em


diferentes taxas dependendo da aplicação. Em razão disso, existem
quatro tipos de carregamento: carga lenta, com duração de 14-16
horas a uma taxa de 0,1 C; carga rápida, com duração de 3-6 horas a
uma taxa de 0,3 C; carga super-rápida, com duração de 1 hora a
uma taxa de 1  C; e carga ultra-rápida, com duração de 10 a 60
minutos a uma taxa de 1 até 10 C. A Tabela 2 resume as principais
características desses métodos de carregamento [15].

Tabela 2. Características de carga para diferentes taxas.

CONCLUSÃO
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As baterias desempenham um papel fundamental no contexto atual


da eletrônica de potência, estando presentes em diversas
aplicações, tais com: sistemas aeroespaciais e militares, veículos
elétricos/híbridos, sistemas de geração distribuída, sistemas
ininterruptos de energia (nobreaks), entre outros. Diante disso, este
artigo visou abordar, de forma sucinta, os principais aspectos
relacionados a esse tipo de dispositivo, a fim de familiarizar o leitor
com o tema.

Como foi visto, as baterias recarregáveis podem ser classificadas de


acordo com os materiais ativos usados em sua construção. Devido
às particularidades das diferentes tecnologias (chumbo-ácido, li-ion,
etc), torna-se necessário adotar uma técnica de carga específica para
cada uma delas, e é exatamente esse o assunto da segunda parte
dessa série. Nela irei abordar mais a fundo cada uma dessas
tecnologias, bem como os métodos de carga normalmente
empregados.

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E se ficou com alguma dúvida ou tem alguma sugestão/cítica a


fazer, fique a vontade para deixar seu comentário.

REFERÊNCIAS
[1] Hussein Ibrahim, Adrian Ilinca, and Jean Perron. Energy storage
systems characteristics and comparisons. Renewable and
sustainable energy reviews, 12(5):1221{1250, 2008.

[2] Y. Wang, K. T. Tan, X. Y. Peng, and P. L. So. Coordinated control of


distributed energy-storage systems for voltage regulation in
distribution networks. IEEE Transactions on Power Delivery,
31(3):1132{1141, June 2016.

[3] M. Zeraati, M. E. Hamedani Golshan, and J. M. Guerrero.


Distributed control of battery energy storage systems for voltage
regulation in distribution networks with high pv penetration. IEEE
Transactions on Smart Grid, 9(4):3582{3593, July 2018.

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20/01/2022, 15:59 Uma Revisão sobre Baterias: Parte I - Blog Eletrônica de Potência

[4] Carl D Parker. Lead-acid battery energy-storage systems for


electricity supply networks. Journal of Power Sources, 100(1-
2):18{28, 2001.

[5] B. Bhargava and G. Dishaw. Application of an energy source


power system stabilizer on the 10 mw battery energy storage system
at chino substation. IEEE Transactions on Power Systems,
13(1):145{151, Feb 1998.

[6] A. D. Del Rosso and S. W. Eckroad. Energy storage for relief of


transmission congestion. IEEE Transactions on Smart Grid,
5(2):1138{1146, March 2014.

[7] S. M. Lukic, J. Cao, R. C. Bansal, F. Rodriguez, and A. Emadi. Energy


storage systems for automotive applications. IEEE Transactions on
Industrial Electronics, v. 55, n. 6, pp. 2258-2267, June 2008.

[8] C. M. D. Porciuncula, “Aplicação de modelos elétricos de bateria


na predição do tempo de vida de dispositivos móveis,” (Dissertação),
Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul
– Unijuí, 2012.

[9] Eduardo T. Serra et al, “Armazenamento de Energia: Situação


Atual, Perspectiva e Recomendações”. Comitê de Energia da
Academia Nacional de Engenharia, Dezembro 2016.

[10] M. Jongerden and B. R. Haverkort. “Battery modeling”. Technical


Report, 2008. Disponível em:
<https://www.researchgate.net/publication/239851603_Battery_Modeling>.
Acesso em: 11 de abr. 2020.

[11] J. T. PINHO e M. A. GALDINO. “Manual de Engenharia para


Sistemas Fotovoltaicos”. Rio de Janeiro, 2014.

[12] D. LINDEN and T. REDDY. “Handbook of Batteries”. 3ª edição.


McGraw-Hill Education, 2001.

[13] M. W. P. CHAGAS. “Novas Tecnologias para Avaliação de


Baterias”. Dissertação (Mestrado) – IEP-LACTEC, 2007.

[14] LI-ION Battery Charger solution using the MSP430. Application


Report: SLAA287. Texas Instruments, Dezembro de 2005. Disponível
em: <http://www.ti.com/lit/an/slaa287a/slaa287a.pdf>. Acesso em:
10 abr. 2020.

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20/01/2022, 15:59 Uma Revisão sobre Baterias: Parte I - Blog Eletrônica de Potência

[15] Battery University. “BU-401a: Fast and Ultra-fast Chargers”.


Disponível em:
<https://batteryuniversity.com/learn/article/ultra_fast_chargers>.
Acesso em: 12 abr. 2020.

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Caio Moraes
Atualmente é doutorando em Engenharia Elétrica
com ênfase em Eletrônica de Potência na
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Possui mestrado e graduação em Engenharia
Elétrica pela UFSC e pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
(UFMS), respectivamente. E também é formado em Eletrotécnica com
enfase em Controle e Processos Industriais, pela Escola Técnica
Estadual (ETEC) de Ilha Solteira. Tem experiência e interesse nas
áreas de eletrônica de potência, sistemas de controle e sistemas
embarcados, mais especificamente nos temas de modelagem
dinâmica de conversores estáticos, inversores conectados à rede,

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