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ARBITRAGEM COMO FORMA DE SOLUÇÃO DE

CONFLITOS INTERNACIONAIS
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................4

2. ORIGEM HISTÓRICA.................................................................................................4

3 CONCEITO....................................................................................................................5
3.1 ARBITRAGEM NA SOLUÇÃO DE CONFLITOS INTERNACIONAIS................5

4 A CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM E SEUS EFEITOS..........................................6


4.1 DIFERENÇA ENTRE CLAUSULA COMPROMISSÓRIA COMPROMISSO
ARBITRAL.......................................................................................................................6

5 O PROCESSO DE ESCOLHA DOS ÁRBITROS.........................................................7


5.1 A CORTE PERMANENTE DE ARBITRAGEM.......................................................7
5.2 CORTES REGIONAIS E ESPECIALIZADAS..........................................................8

6 O PROCEDIMENTO ARBITRAL................................................................................8

7 SENTENÇA ARBITRAL..............................................................................................9
7.1 CLASSIFICAÇÃO DAS SENTENÇAS...................................................................10
7.1.1 Quanto ao Conteúdo...............................................................................................10
7.1.2 Quanto ao resultado................................................................................................10
7.2 PRAZO PARA APRESENTAÇÃO DA SENTENÇA.............................................10
7.3 REQUISITOS DA SENTENÇA...............................................................................11

8 RECONHECIMENTO DA SENTENÇA ARBITRAL ESTRANGEIRA NO BRASIL


.........................................................................................................................................11

9 A ARBITRAGEM INTERNACIONAL NO MERCOSUL.........................................12

10. OUTRAS FORMAS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS INTERNACIONAIS.......14


10.1 MEDIAÇÃO ...........................................................................................................14
10.2 CONCILIAÇÃO......................................................................................................14

11 CONCLUSÃO............................................................................................................15

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1. INTRODUÇÃO

A Arbitragem é considerada um meio célere, eficaz e econômico na


solução de litígios. Hoje. com a crise no Judiciário, processos chegam a passar
décadas esperando uma sentença, enquanto que a Arbitragem tem um prazo
limitado para sua solução.
A Arbitragem no Brasil atual ainda é pouco utilizada na solução de
litígios civis. Já no âmbito internacional é cada vez maior o número de
empresas multinacionais e estados que utilizam a Arbitragem para a solução
de seus litígios.
Assim, o objeto deste trabalho é buscar esclarecer alguns pontos
controversos existentes sobre este tema, além de definir pessoas e bens que
possam ser objetos da arbitragem e sua aplicabilidade no âmbito do direito
internacional.

2. ORIGEM HISTÓRICA

A arbitragem não é novidade como instrumento de solução de conflitos.


Na mais remota Antiguidade, a humanidade sempre buscou caminhos que não
fossem morosos ou sinuosos, visto que os negócios, sejam civis ou comerciais,
exigem respostas rápidas, sob pena de quando solucionados, perderem o
objeto e ficarem desprovidos de eficácia, com prejuízos incalculáveis para as
partes interessadas.
Atualmente, a realidade não é diferente. A sociedade transforma-se
numa velocidade incrível. As inovações e os novos tempos exigem a
superação de leis antiquadas, visto que, a partir de meados do século XX, com
as novas conquistas científicas e técnicas, o mundo apequenou-se e o tempo e
o espaço tornaram-se conceitos inexistentes e totalmente ultrapassados na era
da cibernética, dos transportes e das comunicações que podem exceder a
velocidade do som.
Na perspectiva do tempo, arbitragem internacional é instituição muito
antiga. Na idade média era o método que regulava as divergências entre
comerciantes, com adoção de usos e costumes.
Na antiguidade a arbitragem e a mediação constituíam meio comum
para sanar os conflitos entre as pessoas. Na Grécia antiga, as soluções
amigáveis das contendas eram feitas com muita frequência, por meio da
arbitragem, a qual poderia ser compromissória e obrigatória. Os compromissos
especificavam o objeto do litígio e os árbitros eram indicados pelas partes. O
povo do laudo arbitral gravado em plaquetas de mármore ou metal e sua pela
afixação nos templos da cidade.
No direito Romano, no primeiro período do processo( este que é o
instrumento na composição de litígios) , as legis acciones em muito se
assemelhavam ás câmaras ou as cortes arbitrais. Ainda em Roma, as questões
cíveis eram primeiramente apresentadas diante do magistrado, para depois se-
lo, perante um arbitro particular escolhidos pelas partes para julgar o processo.
Na idade média a igreja foi a grande responsável pela difusão da
arbitragem, tanto no plano internacional como no próprio clero.

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Hoje, a arbitragem adquiriu um caráter secundário, porém a evolução
tecnológica com suas inovações tecnológicas aliadas ao crescente comercio
internacional, tem feito com que a arbitragem seja utilizada com mais
frequência, já que comparada ao direito estatal é um meio rápido e eficaz na
solução de litígios.

3 CONCEITO

A Arbitragem é no entendimento de Carlos Alberto Carmona (1998: 16)


é:

Um meio alternativo de solução de controvérsias


através da intervenção de uma ou mais pessoas que
recebem seus poderes de uma convenção privada,
decidindo com base nela, sem intervenção estatal, sendo
que a decisão destinada a assumir a mesma eficácia da
sentença judicial é colocada à disposição de quem quer
que seja para solução de conflitos relativos a direitos
patrimoniais acerca dos quais os litigantes possam
dispor.

Para José Carreira Alvim (1997: 76):

A arbitragem é a instituição pela qual as pessoas


capazes de contratar confiam a árbitros, por elas
indicados ou não, o julgamento de seus litígios relativos a
direitos transigíveis. Esta definição põe em relevo que a
arbitragem é uma especial modalidade de resolução de
conflitos; pode ser convencionada por pessoas capazes,
físicas ou jurídicas; os árbitros são juízes indicados pelas
partes, ou consentidos por elas por indicação de
terceiros, ou nomeados pelo juiz, se houver ação de
instituição judicial de arbitragem; na arbitragem existe o
julgamento' de um litígio por 'sentença' com força de
coisa julgada.

Desta forma digamos que são requisitos essenciais da Arbitragem são:


capacidade para contratar, bens patrimoniais disponíveis, Cláusula
Compromissória ou Compromisso Arbitral, árbitros escolhidos pelas partes. As
partes poderam livremente escolher as regras as serem utilizadas no juízo,
desde que estas não firam os bons costumes e a ordem publica.
Os árbitros escolhidos pelas partes, devem oferecer já, um
conhecimento especifico sobre a matéria, e devem buscar a melhor solução
para o litígio dando ao final a sentença arbitral que tem força de sentença
judicial como se proferida fosse pêlos órgãos do Poder Judiciária.

3.1 ARBITRAGEM NA SOLUÇÃO DE CONFLITOS INTERNACIONAIS

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O Artigo 37 da "Convenção para a Solução dos Conflitos Internacionais"
assinada em Haia, no ano de 1907 ,diz que "a arbitragem internacional tem por
objetivo resolver litígios entre os Estados por meios de juízes da causa escolha
e na base do respeito do direito".
A arbitragem é definida como um meio de solução de controvérsias pelo
qual estados escolhem uma ou mais pessoas através de um compromisso
arbitral ou Cláusula compromissória que estabelece as normas a serem
seguidas e onde as partes contratantes aceitam a decisão a ser adotada. Fica
assim visto que a arbitragem é uma via jurisdicional porem não judiciária, de
solução pacífica de litígios internacionais.
Na arbitragem incube as partes escolhem os árbitros, assim como o que
pode ser objeto da arbitragem, e também delimitar as regras de direito
aplicável. O foro arbitral não tem jurisdição, ou seja, deveste-se os árbitros
após dada a sentença do encargo a eles investidos.
Os autores sustentam que somente poderão versar a arbitragem sobre
conflitos de ordem jurídica, ou suscetível de serrem formulados juridicamente.
Porém. Pode se dizer que a arbitragem é aplicável a todas as controvérsias
internacionais de qualquer natureza ou causa, e neste sentido pode se citar
vários tratados dos últimos 30 anos. Neste sentido segue o pacto Liga das
Nações afirmando em seu artigo 13 que podiam ser resolvidas pela arbitragem
todas as questões referentes a interpretação de um tratado , a qualquer ponto
de direito internacional, à realidade de qualquer fato que, que se verificado,
constituiria a ruptura de um compromisso internacional ou extensão natureza
da reparação devida por essa ruptura.

4 A CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM E SEUS EFEITOS

A Convenção de Arbitragem pode ser realizada pelas partes quando


surgir qualquer litígio que necessite de um terceiro alheio a relação para que
decida a respeito de qual parte tem razão. Compreende-se como convenção de
arbitragem a Cláusula Compromissória e o compromisso Arbitral.

4.1 DIFERENÇA ENTRE CLAUSULA COMPROMISSÓRIA COMPROMISSO


ARBITRAL

A arbitragem é classificada de duas maneiras: a primeira é "Voluntária"


ou "Facultativa"; a segunda é "Obrigatória" ou "permanente”.
A Arbitragem Voluntária ocorre quando não há compromisso arbitral
entre as partes, assim vindo a ocorrer qualquer litígio entre elas optam por
utilizar-se da arbitragem para a solução. Nesta forma de arbitragem as partes
assinam um compromisso arbitral entregando o litígio para a solução por
arbitragem.
O compromisso tem por objetivo definir a matéria, o motivo da
controvérsia, designando os árbitros, indicando-lhes quais os poderes e
estabelecendo a igualdade no processo a ser seguido. É um ato formal,
constituído por instrumento posterior firmado pelas partes, árbitros e duas
testemunhas.

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Arbitragem Obrigatória ou permanente é aquela decorrente de tratados
internacionais. Aqui se verifica a ocorrência de arbitragem pela cláusula
compromissória, decorrente de um tratado, que foi assinado pelas partes
escolhendo a arbitragem para dirimir qualquer litígio que possa vir a ocorrer na
interpretação e execução do mesmo, ou a que prevê que todos os litigos que
possam vir a surgir entre eles sejam submetidos a este processo de solução.
Nos dizeres de César Fiúza (1995: 106-107), a cláusula Compromissória
traduz o:

Pacto acessório pelo qual as partes convêm em


submeter à jurisdição arbitral as disputas que surjam no
transcorrer de determinada relação jurídica, (...), sem
menção à espécie de litígio nem ao nome dos árbitros.

A Cláusula compromissória tem caráter autônomo, ou seja não esta


diretamente ligada ao contrato. Assim sendo, uma nulidade no contrato
necessariamente não implica na nulidade da Cláusula compromissória.
Uma das modificações feitas pela Lei da Arbitragem (Lei n° 9.307/96) foi
a disposição constante no artigo 7°., no qual dispõe que existindo cláusula
compromissória e presente o litígio, as partes ficam obrigadas a submeter o
conflito à arbitragem. Nesse sentido, se uma das partes se recusar a cumprir o
expresso na cláusula compromissória, a parte adimplente poderá socorrer-se
do Judiciário, que designará o árbitro encarregado de julgar a controvérsia. Ou
seja, o Judiciário não julgará a causa, somente suprirá a falta de nomeação de
árbitros da parte que se recusou a submeter à questão à Arbitragem.

5 O PROCESSO DE ESCOLHA DOS ÁRBITROS

É principio fundamental da arbitragem a livre escolha dos árbitros. Em


regra sua designação é feita no compromisso. Mas nada impede que as partes
prefiram confiar a designação individual dos árbitros a uma ou mais pessoas
por elas próprias escolhidas para esse fim. O juízo arbitral pode ser constituído
por um só arbitro ou por vários, de acordo com o firmado no compromisso
arbitral. Quando na escolha dos árbitros as partes não designarem uma
quantidade ímpar de juízes, fica sobre a responsabilidade dos árbitros
escolhido a escolha de mais uma formando uma quantidade ímpar de árbitros .
Após a escolha dos árbitros, estes decidirão qual deles ira presidir o júri
e não havendo consenso de todos, fica sendo o presidente o mais velho dos
árbitros , conforte disposto no artigo 13 §4.° da lei 9.307/96 :
Art.13[...] § 4.° Sendo nomeados vários árbitros, estes, por maioria,
elegeram o presidente do tribunal arbitral.Não havendo consenso, será
designado presidente o mais idoso.
Os árbitros escolhidos pelas partes deverão arguir qualquer fato que
impossibilite a sua impossibilidade de participar do tribunal arbitral.

5.1 A CORTE PERMANENTE DE ARBITRAGEM

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Até inicio do século XX, buscavam-se habitualmente chefes de estados
para mediar conflitos internacionais, o que nem sempre se tornava uma boa
opção, por sempre haver interesses políticos envolvidos, não havendo
imparcialidade.
A Corte Permanente de Arbitragem, estabelecida pela Convenção de
Haia para a Solução Pacífica das Disputas Internacionais em 1899, é a
principal corte de arbitragem internacional.
A Corte Permanente de Arbitragem não é considerada um tribunal
organizado e constituído permanentemente que fica a espera, que os conflitos
apareçam para por ela ser solucionado. A Corte Permanente, nada mais é do
que uma relação de nomes de juristas especialistas em direito internacional
que são indicados pêlos estados em um numero não superior a quatro, para
cumprirem um mandado não superior a um período de 6 anos .
Essa jurisdição não é, contudo obrigatória; as próprias partes conservam
a liberdade de recorrer a outros juízes. Esta relação de nomes de juristas fica a
disposição da partes para que estas escolham quais os árbitros que melhor se
adaptam de acordo com o conhecimento técnico e pratico no objeto do litígio.

5.2 CORTES REGIONAIS E ESPECIALIZADAS

Embora considerada a mais importante, a Corte Permanente não é o


único foro internacional em funcionamento. Nos últimos anos este numero de
instituições tem crescido a ponto de deixarem os juristas preocupados com a
possível dispersão no entendimento do direito internacional como resultado da
multiplicação das sedes de jurisprudência. Todos estes mecanismos são
independentes: não há, no plano internacional, uma hierarquia judiciária como
aquela que existe no interior de cada estado.
Merece destaque a Corte de Justiça da Comunidade Européia, sediada
em Luxemburgo. Além de regional, ela é especializada no direito comunitário,
tem como objetivo assegurar a aplicação das diversas normas da Comunidade
Européia. Essa instituição é aberta não só aos estados membros, mas também
a todas as empresas e indivíduos desta mesma comunidade.

6 O PROCEDIMENTO ARBITRAL

Considera-se instituída a arbitragem e instaurado o processo arbitral,


quando a nomeação for aceita pelo árbitro ou por todos, se forem vários (artigo
19 da Lei de Arbitragem L.A.). O árbitro verificará todos os termos e requisitos
da convenção arbitral feita. É na convenção arbitral (artigo 3°. L.A.) que as
partes decidirão ou não quais serão as regras ou o rito arbitral.
Não havendo sido estipulado na convenção de arbitragem às regras
para o procedimento ficam a critério do tribunal arbitral determina-las.
As condições para que a arbitragem possa existir, basicamente são: a
presença do compromisso arbitral ou da cláusula arbitral; do órgão arbitral e do
procedimento arbitral.
O compromisso arbitral institui a arbitragem já com a determinação do
litígio a ser dirimido. Evidentemente, o compromisso apenas institui a

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arbitragem em casos de litígios já nascidos, atuais, contemporâneos,
conhecidos e, portanto determinados em concreto.
Sobre o procedimento arbitral, o artigo 21 da Lei de Arbitragem esgota
bem o assunto. As partes são livres para dispor sobre o rito ou procedimento,
desde que não haja controvérsia a ser decidida e a sentença arbitral no caso
for meramente homologatória. Caso as partes não o decidam previamente,
cabe ao árbitro ou tribunal arbitral determina-lo. Assim, as partes ao
submeterem a questão à solução arbitral, decidirão quais serão os
procedimentos e as fases a serem seguidas para a solução final da
controvérsia.
Por mais informal que seja o procedimento arbitral, alguns princípios
devem ser observados para que o julgamento seja justo. Os principais são: o
do contraditório, o da ampla defesa, o da igualdade das partes e imparcialidade
do juízo, entre outros. A ampla defesa decorre do contraditório, já que se
oferece às partes, a oportunidade de defesa técnica (por advogados), e de
autodefesa, onde poderá se pronunciar, manifestar e acompanhar os atos
processuais.
Durante o procedimento arbitral poderão surgir incidentes processuais
que venham a exigir a pronta intervenção do árbitro através da prolação de
decisões não terminativas do juízo arbitral Essa pode versar sobre o
saneamento do processo, ou controvérsia instaurada sobre natureza da
demanda, a respeito da complexidade da matéria a ser objeto de produção de
prova técnica ou da pertinência e necessidade da produção de determinada
prova, controle esse exercido pêlos árbitros através de seus poderes
instrutórios, a exemplo do que ocorre com os juízes togados (artigo 130 do
Código de Processo Civil).
As chamadas "cortes" ou "câmaras" ou "tribunais" de arbitragem não
"fazem" arbitragem, não respondem a consultas a respeito de méritos e não
julgam casos. Quem julga e exerce a arbitragem são os árbitros, sejam
isoladamente, sejam por um tribunal arbitral constituído para um caso
específico. Os citados órgãos se encarregam somente de organizar
procedimentos arbitrais e administrar a arbitragem de uma maneira geral.
A confiabilidade dos árbitros é essencial e, sendo a arbitragem menos
burocrática, sua utilização flui com maior celeridade, sendo sempre será mais
sigiloso que um processo judicial pela própria estrutura determinada em lei.

7 SENTENÇA ARBITRAL

Sem dúvida este é o ato mais importante do arbitro no processo de


arbitragem, é assim conceituada por Coutore (1981: 277), como:

Ato, a sentença é aquela que emana dos agentes


da jurisdição e mediante o qual decidem à causa ou
ponto submetidos ao seu conhecimento. Como
Documento, a sentença é peça escrita, emanada do
Tribunal, que contem o texto da decisão emitida.

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Em poucas palavras, a sentença arbitralé o ato que põe fim ao processo,
da mesma forma que as sentenças proferidas pêlos órgãos jurisdicionais
estatais.

7.1 CLASSIFICAÇÃO DAS SENTENÇAS

Assim como as sentenças proferidas pêlos órgãos jurisdicionais, as


sentenças proferidas por tribunais arbitrais podem perfeitamente ser
classificadas. Quanto ao conteúdo e quanto ao resultado.

7.1.1 Quanto ao Conteúdo

Quanto as conteúdo as sentenças arbitrais podem ser classificadas


como terminativas e definitivas. As sentenças terminativas são aquelas
proferidas sem a análise do mérito, são aquelas com conteúdo meramente
processual. Como exemplo uma sentença em que os juízes declaram a
invalidade da convenção arbitragem, ou aquelas que estabelecem que a
controvérsia não é arbitral Serão definitivas aquelas sentenças proferidas
declarando que uma das partes tem o direito. Como exemplo pode citar aquela
sentença que declara que uma das partes tem direito a receber perdas e
danos.

7.1.2 Quanto ao resultado

Quanto ao resultado as sentenças podem ser classificadas como sendo


declaratórias, constitutivas e condenatórias. Sentenças declaratórias são
aquelas que se limita a afirmar a existência ou a inexistência de relação
jurídica. As sentenças constitutivas são aquelas que além de declarar que um
dos litigantes tem direito ao que pede, acrescentam à constituição, a
modificação ou a extinção de uma relação jurídica. E serão condenatórias as
sentenças que além de declarar direitos, impõem ao vencido o cumprimento de
uma prestação a qual esteja obrigado.

7.2 PRAZO PARA APRESENTAÇÃO DA SENTENÇA

Tendo em vista que se constitui a arbitragem, pela convenção de


arbitragem, fica sendo como prazo para a apresentação da sentença o
estipulado na convenção. No caso de serem omissas as partes com relação ao
prazo estipulado ao arbitro para a apresentação da sentença, considera-se o
prazo legal de seis meses a partir da instituição da arbitragem.
Porém, nada impede que os árbitros e as partes notando a necessidade
de ação conjunta, resolvam de comum acordo prorrogar o prazo estabelecido
na convenção. Nota-se que o acordo da prorrogação do prazo em que será
ditada a sentença arbitral deve contar como obrigatória intervenção das partes
e dos árbitros. Pois se as partes resolvem modificar o prazo sem consultar o
árbitro este não está obrigado a acatar o novo termo estabelecido, assim como

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não podem o árbitro modificar o prazo da sentença sem comunicação das
partes, pois pode estar ligado o prazo estabelecido para apresentação da
sentença com alguma atividade comercial.

7.3 REQUISITOS DA SENTENÇA

A sentença arbitral antes de tudo deve servir para os litigantes como um


instrumento que demonstre que o objeto do litígio por eles demonstrado foi
decidido com atenção cuidado e justiça. Assim como clareza e precisão.
São requisitos essências da sentença o relatório, a motivação e o
dispositivo.
O relatório tem como objetivo, demonstrar qual era o objeto do litígio,
estipulando os critérios e parâmetros utilizados na sentença, e também para
mostrar aos litigantes, quais razões foram levadas em conta para se chegar à
decisão. A sua ausência torna nula a sentença arbitral.
A Motivação é requisito estrutural da sentença, é a fundamentação onde
o arbitro exporá as questões de fato e de direito sobre que irá recair o
julgamento. E a parte da sentença que deve conter a exposição das razões
jurídicas do fundamento.
A parte dispositiva é à parte onde o juiz declara a sentença,
demonstrando que a sentença foi aplicada de acordo com as cláusulas
estipuladas na convenção. Em síntese, espera-se que o laudo arbitral não
outorgue ao litigante mais do que foi pedido, e muito menos coisa diversa do
que foi pleiteado.
A decisão arbitral é definitiva, sendo assim não poderá ser impugnada.
Entretanto poderão as partes requerem ao arbitro, um "pedido de
interpretação", ou seja, as partes podem requisitar ao arbitro que explique
algum ponto na sentença.

8 RECONHECIMENTO DA SENTENÇA ARBITRAL


ESTRANGEIRA NO BRASIL

“A sentença arbitral estrangeira (proferida fora do território nacional)


deve ser homologada pelo Supremo Tribunal Federal, para ser reconhecida ou
executada no Brasil”.
Os tratados internacionais com eficácia no ordenamento interno e, na
sua falta, a Lei 9307/96, servirão de suporte, para essa homologação, que se
fará de acordo com os artigos 483 e 484 do Código de Processo Civil, no que
couber.
O artigo 483 do Código de Processo Civil dispõe que a sentença
proferida por tribunal estrangeiro só terá eficácia, no País, depois de
homologada pelo Excelso Tribunal, obedecendo à homologação ao disposto no
seu Regimento Interno.
Por sua vez, o artigo seguinte mandamento que a execução se fará por
carta de sentença extraída dos autos de homologação, sujeitando-se às
normas impostas para a execução de sentença nacional da mesma natureza.
A seu turno, o Congresso Nacional aprovou o texto da Convenção de
Nova York, pelo Decreto legislativo 52, de 25 de abril de 2002. A convenção

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entrou em vigor internacional em 7 de junho de 1959 (sic). O Decreto 4311. de
23 de julho de 2002, promulgou a Convenção sobre o reconhecimento e a
execução de sentenças arbitrais estrangeiras, proferidas por árbitros nomeados
para cada caso, bem como aquelas emitidas por órgãos arbitrais permanentes
aos quais se submeteram as partes.
Assim, essas sentenças são reconhecidas e executadas, no Brasil, de
conformidade com a convenção citada.
O Supremo entendeu desnecessária a caução em homologação
estrangeira, mandando aplicar, de imediato, as disposições da Lei 9307/96, nos
casos pendentes.
O Tribunal somente poderá negar a homologação da sentença, se o réu
demonstrar:
1° Que as partes, na convenção de arbitragem, não eram capazes;
2° A invalidade da convenção de arbitragem, segundo a lei à qual as
partes se submeteram ou, à sua falta, segundo a lei do país onde a sentença
foi proferida;
3° A violação do princípio do contraditório, a falta de notificação da
designação do árbitro ou do procedimento da arbitragem;
4° Que a sentença foi proferida fora dos limites da convenção, não
sendo possível separar a parte excedente daquela submetida ao juízo arbitral;
5° Que a arbitragem foi instituída contrariamente ao disposto no
compromisso arbitral ou na cláusula compromissória;
6º Que a sentença não se tornara obrigatória para as partes, tenha sido
anulada ou suspensa por órgão do Judiciário do país, onde a decisão fora
prolatada.
Ainda, não será homologada, se o Tribunal verificar que não era caso de
arbitragem, segundo a lei brasileira ou se o decisum fere a ordem pública do
País.
A lei foi bastante minuciosa e, para evitar dúvidas, não considera ofensa
à ordem pública do residente ou domiciliado no Brasil, se a citação se fez, de
acordo com a previsão na convenção de arbitragem ou da lei processual do
país onde ocorreu a arbitragem. A lei permite a citação via postal, desde que
comprovado o recebimento e tenha sido assegurada ao brasileiro, parte na
arbitragem, tempo bastante, para exercitar o direito de defesa.
A denegação da homologação da sentença estrangeira, mercê de vícios
formais, permite ao interessado fazer novo pedido, desde que, evidentemente,
os vícios forem sanados.

9 A ARBITRAGEM INTERNACIONAL NO MERCOSUL

O regime jurídico da arbitragem no âmbito do Mercosul foi lançado com


o "Protocolo de Brasília sobre a Solução de Controvérsias", de 17 de dezembro
de 1991, e que entrou em vigor em 22 de abril de 1993. Posteriormente, foi
aprovado o "Protocolo de Ouro Preto", em 17 de dezembro de 1994, que
entrou em vigor em 15 de dezembro de 1995, com o objetivo declarado de
adaptar o processo de resolução de disputas a uma união aduaneira. Mais
recentemente, em 18 de fevereiro de 2002, foi assinado o "Protocolo de Olivos"
que modifica e consolida o regime de i no Mercosul. (GOMES, 2003: 84).

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A partir do Protocolo de Olivos, ocorreu a revogação do Protocolo de
Brasília. Entretanto, as controvérsias iniciadas no procedimento anterior
deverão ser concluídas sob o sistema de solução de controvérsias anterior.
Seu principal objetivo é almejar a evolução do sistema de solução de
controvérsias a fim de se buscar a correta interpretação e aplicação dos
tratados fundacionais e normas originadas no bloco econômico. Pois o
desenvolvimento do processo de integração está diretamente ligado à
harmonização na aplicação e interpretação das normas advindas do direito de
integração.
Dessa forma, o Tratado de Olivos visa garantir uma forma unificada,
segura e responsável de solução de controvérsias que possam vir a surgir
entre os países membros do Mercosul, não havendo restrição quanto a matéria
a ser dirimida, desde que seja concernente aos países membros e esteja
prescrita no Tratado de Assunção. O professor Gomes (2003. p. 86), afirma
ainda, que o Tratado de Olivos configura uma grande evolução no sistema de
solução de controvérsias do Mercosul, pois no lugar de um mecanismo ad hoc
de solução de divergências - em que era utilizada a via arbitral -, passou-se a
ser aplicado um procedimento permanente, institucionalizado e com regras
processuais mais definidas, fato que viabilizará a construção de um modelo
jurisprudencial, que estruturará em muito o Mercosul. Como conseqüência
direta da assinatura do Tratado de Olivos, será garantida ao sistema de
solução de controvérsias: institucionalização e juridicidade. Essas garantias
têm por finalidade aumentar consideravelmente o respaldo internacional do
Bloco Econômico, na medida em que é conquistada uma maior seriedade e
confiabilidade no contexto global. Nesse sentido, a integração entre os países
membros será bastante intensificada, bem como a aproximação entre o
Mercosul e outros blocos econômicos, justamente em razão da maior
respeitabilidade que os países signatários do Tratado de Assunção assumiram
após a ratificação do Protocolo de Olivos. Também é seu objetivo, a solução
dos conflitos decorrentes das relações comerciais surgidas no próprio bloco
econômico ou em outros esquemas preferenciais ou, ainda, junto à OMC. Uma
vez que é facultada a parte demandante a escolha do foro em que o litígio será
processado. Assim dispõe o Protocolo no seu artigo 1°, §2°:

Art. 1° [...] §2° [...] as controvérsias compreendidas


no âmbito de aplicação do presente Protocolo que
possam também ser submetidas ao sistema de solução
de controvérsias da Organização Mundial de Comércio
ou de outros esquemas preferenciais de comércio de que
sejam parte individualmente os Estados partes do
Mercosul, poderão submeter-se a um ou a outro foro, à
escolha da parte demandante. Sem prejuízo disso, as
partes na controvérsia poderão, de comum acordo,
definir o foro.

Uma vez iniciado um procedimento de solução de controvérsias de


acordo com o parágrafo anterior, nenhuma das partes poderá recorrer a
mecanismos de solução de controvérsias estabelecidos nos outros foros com
relação a um mesmo objeto, definido nos termos do art. 14 deste Protocolo.

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9.1 TRIBUNAL DE REVISÃO PERMANENTE

A criação do Tribunal de Revisão constitui a modificação judiciária de


maior relevo, introduzida pelo protocolo, consistindo efetivamente em um novo
grau de jurisdição regional, tendo por preferência ao Órgão de Solução de
controvérsias da OMC, o qual funciona como tribunal para a resolução de
conflitos do comercio internacional por meio de consultas entre os membros,
cuja as decisões são tomadas por um painel de especialistas.
O tribunal e composto por cinco árbitros com disponibilidade, sendo um
da cada país e um quinto árbitro que preside o tribunal. Cada membro e seu
suplente são escolhidos pelo seu próprio país e designados para um mandado
de dois anos, renovável por no máximo um período consecutivo. O quinto
árbitro presidente do Tribunal é escolhido por unanimidade para um mandado
de 3 anos não renovável, salvo acordo em contrário dos estados partes.

10. OUTRAS FORMAS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS


INTERNACIONAIS

Arbitragem não é a única forma de solução de conflitos, existem também


outras formas não jurisdicionais também consideradas eficazes, como a
Mediação e a Conciliação.

10.1 MEDIAÇÃO

É o meio pelo qual as partes, com o auxilio de um mediador, encontram


a solução para o problema apresentado, privando ainda pela melhoria na
relação interpessoal.
A função do mediador é esclarecer pontos controversos, através da
identificação dos reais interesses que compõem a essência da questão e,
também de afastar o litígio para estimular a harmonização entre os envolvidos
e, conseqüentemente, a solução mais rápida do conflito.
O processo é composto por uma pré-mediação e outras reuniões
subseqüentes a mediação.
A pré-mediação tem o objetivo de esclarecer algumas questões sobre
esse procedimento, como, por exemplo, a função do mediador, o
desenvolvimento das reuniões de mediação e as regras que deverão ser
seguidas, principalmente quanto ao respeito à fala do outro. È o momento
também da escolha do mediador.
O processo pode ser interrompido a qualquer momento, se assim
desejarem as partes ou mediador.
Quando os envolvidos estiverem aptos, juntamente com o mediador, a
elaborar acordo, este será assinado e posteriormente, encaminhado ao poder
judiciário para homologação, constituindo assim titulo executivo judicial.

10.2 CONCILIAÇÃO

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A conciliação tem por finalidade a obtenção de um acordo entre as
partes. O conciliador é uma terceira pessoa escolhida pelas partes,
completamente imparcial e independente, devendo assim pautar-se nas
questões objetivas do conflito.
Após ter se interado das razões com as partes quanto ao litígio, o
conciliador irá verificar a causa do mesmo e juntamente com aquelas, buscar a
melhor solução. Feito o acordo, o mesmo constituirá titulo executivo judicial
após assinado pelas partes e homologado pelo judiciário.

11 CONCLUSÃO

A arbitragem e outros meios alternativos de conciliação de conflitos na


área privada e pública, quer no campo interno ou internacional, constituem
ferramentas eficazes e rápidas, livres da burocracia e do formalismo.
Ora, a se exigir na arbitragem a andança pela mesma estrada tortuosa
do processo comum, não terá nenhum sentido sua existência. O diploma
arbitral será mais um, entre tantos, a ficar adormecido, para sempre em berço
esplêndido.
O direito deve andar de mãos dadas com a realidade, sob pena de
acabar solitário. O mundo moderno exige rápidas inovações. Afinal, o
obscurantismo consegue impedir a caminhada ou o progresso do homem, por
algum tempo, mas não para sempre.
Não se põe mais em dúvida a necessidade de reforçar a cultura da
arbitragem, como remédio necessário, acompanhando o avanço econômico,
científico e técnico do ser humano que, em segundos, comunica-se com seu
semelhante em qualquer ponto da Terra e realiza contratos em minutos, sem
contato pessoal, graças aos modernos meios de comunicação.
Uma justiça tardia violenta os direitos humanos, porque fere,
brutalmente, a consciência e a dignidade humana, resguardada pela
Constituição e pela Declaração dos Direitos do Homem, aprovada pela
Assembléia-Geral da ONU, em 10 de dezembro de 1948, e, acima de tudo,
sevícia a consciência humana.
A arbitragem constitui, assim, o meio alternativo para a solução de
litígios. Não compete com o Judiciário nem contra ele atenta, pois o Poder
Judiciário independente e forte constitui o esteio do Estado de Direito.

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12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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