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2015

Climatologia Geográfica – Noções Básicas

Climatologia Geográfica:
Noções Básicas

Organizado por

Gustavo Oliveira
Kwiatkowski

Acadêmico do Curso de Geografia da


Universidade Federal de Santa Maria
(UFSM)
Climatologia Geográfica – Noções Básicas
Gustavo Oliveira Kwiatkowski

APRESENTAÇÃO

Tempo e clima. Ouvimos mais que diariamente esses termos, muitas vezes empregados de
maneira errônea e/ou muitas vezes na famosa previsão do tempo. Escutamos falar muitas vezes
dos fenômenos La Niña e El Niño, ou sobre frentes frias, ou que irá chover devido a uma
condição de baixa pressão ou sobre as chuvas orográficas devido ao Planalto da Borborema,
porém o que todas essas informações e conceitos significam?
O presente trabalho busca fornecer uma explicação resumida para muitos desses conceitos
básicos da Climatologia que estuda o clima baseando-se em dados estatísticos sobre o tempo. É
talvez um trabalho ousado para um simples acadêmico do curso de Geografia, contudo busca ser
uma simples base para os estudos nessa área, um “resumão” para uma compreensão mais fácil de
uma infinidade de termos específicos e uma explicação para os inúmeros fenômenos atmosféricos
gerados pelos elementos e fatores climáticos, é mais específico para os acadêmicos que estão
cursando ou irão cursar a disciplina de Climatologia Geográfica, no entanto é um trabalho de
linguagem simples a todos que buscarem entender um pouco mais sobre esse ramo do
conhecimento geográfico.
Não se buscou seguir o rigor acadêmico e nem se citar numerosos autores. Esse trabalho é o
resultado da organização dos resumos antes feitos por mim para as avaliações da disciplina,
complementado alguns termos, buscando na bibliografia que estará presente no final dessa obra
uma melhor definição e muitas vezes “traduzindo” essas definições para uma linguagem mais
acessível.
A construção desse trabalho deu-se em três partes. A primeira traz o estudo dos conceitos
básicos da Climatologia, da atmosfera (que é onde os fenômenos climáticos se desenvolvem), da
radiação solar (principal fonte de energia do sistema climático), da temperatura do ar e os fatores
que provocam sua variação e da umidade do ar. O segundo momento busca explicar como a
pressão atmosférica influencia no sistema climático, os movimentos atmosféricos (ventos e
correntes de ar), as nuvens e a sua formação, e a precipitação pluviométrica. A última parte
buscar dar atenção aos fenômenos climáticos La Niña e El Niño, chuva ácida, entre outros.
Agradeço a todos que, direta ou indiretamente, colaboraram com a produção desse trabalho
e principalmente ao Professor Doutor Cássio Wollmann que ministrou com maestria a disciplina
de Climatologia Geográfica I transmitindo a maioria dos conhecimentos aqui expostos e ao meu
colega de curso Mederson Benites Fagundes pelo incentivo e críticas. Dedico esse trabalho ao
meu pai que com suas experiências empíricas e conhecimentos herdados do pai dele, meu avô,
proporcionou-me momentos reflexão sobre a verdadeira finalidade do mundo acadêmico durante
o desenvolvimento dessa apostila.
Bons estudos!

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Climatologia Geográfica – Noções Básicas
Gustavo Oliveira Kwiatkowski

Climatologia Geográfica I
NOÇÕES BÁSICAS DE CLIMATOLOGIA GEOGRÁFICA
PRIMEIRA PARTE
CONCEITOS BÁSICOS
TEMPO: é um estado da atmosfera em um determinado instante e lugar; é momentâneo; ocorre
num período de curta duração. (Efêmero/Mutável)
CLIMA: é a síntese do tempo, num determinado local, durante um período entre 30-35 anos; é o
resultado das análises das condições climáticas durante determinados períodos; o clima pode
variar com a passagem de grandes períodos de tempo cronológico. É definido a partir das médias
das observações do tempo. (Constante/Duradouro)

METEREOLOGIA: é a ciência que estuda a atmosfera, em seu caráter físico, químico e


dinâmico aplicando as leis físicas clássicas e técnicas matemáticas em seu estudo de processos
atmosféricos; é o estudo do tempo.
Divide-se em áreas de estudo:
- Metereologia Física: estuda os fenômenos físicos e químicos da atmosfera;
- Metereologia Sinótica: estudos relacionados com a previsão do tempo;
- Metereologia Dinâmica: estuda os movimentos atmosféricos;
- Metereologia Histórica: estuda as condições atmosféricas do passado.
CLIMATOLOGIA: é o estudo do clima baseando-se em dados estatísticos sobre o tempo. É a
espacialização dos fenômenos atmosféricos e dos elementos do clima.
Divide-se em áreas de estudo:
 Climatologia Regional: descrição dos climas de determinado local;
 Climatologia Sinótica: estuda o tempo e o clima de determinada área com a relação entre o
padrão atmosférico predominante;
 Climatologia Física: envolve a investigação da variabilidade dos elementos climáticos em
termos de princípios físicos. Dá-se ênfase à energia global e regimes de balanço hídrico;
 Climatologia Dinâmica: enfatiza os movimentos atmosféricos em várias escalas;
 Climatologia Aplicada: é o estudo do clima voltado a solucionar problemas práticos que afetam
a humanidade;
 Climatologia Histórica: é o estudo do desenvolvimento dos climas através dos tempos;

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 Bioclimatologia: estuda os fenômenos que regem os mecanismos da natureza;


 Climatologia Agrícola: estuda os fenômenos climatológicos ligados à produção animal e
vegetal, tentando estimar os fenômenos para evitar perdas críticas na produção;
 Outras: Climatologia das Construções; Climatologia Urbana, Climatologia Estatística.

A IMPORTÂNCIA DA ATMOSFERA

A atmosfera atua em diversos domínios, sua importância pode ser vista:


 Nos processos biológicos (fotossíntese e respiração);
 Na filtração da radiação solar (Camada de Ozônio);
 Na regulação da energia solar que chega a Terra;
 Na desintegração de meteoritos;
 No transporte de calor e umidade;
 Na manutenção da Terra aquecida (EFEITO ESTUFA);
 Na erosão dos solos (VENTO);
 Na produção de ondas e impulsiona as correntes marinhas (VENTO);
 No transporte de polens e insetos favorecendo a distribuição de vida.

ELEMENTOS E FATORES CLIMÁTICOS


1. FATORES 2. ELEMENTOS
 Altitude  Temperatura
 Latitude  Precipitação
 Continentalidade  Pressão Atmosférica
 Maritimidade  Ventos

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A ATMOSFERA
A atmosfera é uma camada fina de
gases, sem cheiro, sem cor e sem
gosto, presa à Terra pela força da
gravidade. A atmosfera compreende
uma mistura mecânica estável de
gases.

É uma camada relativamente fina


composta por gases e aerossóis que
envolvem a Terra, 99% de sua massa
está nos primeiros 32 km. Está
camada é essencial para a vida e o
funcionamento ordenado dos
processos físicos e biológicos sobre a
Terra. A atmosfera protege os
organismos da exposição a níveis arriscados de radiação ultravioleta. Contém gases necessários
para os processos vitais de respiração celular e fotossíntese e fornece a água necessária para a
vida. É composta principalmente de Nitrogênio e Oxigênio, e outros gases em menores
quantidades. Apesar da abundância do Nitrogênio, o mesmo não interfere nos fenômenos
metereológicos. Enquanto, dióxido de carbono, ozônio, vapor de água e os aerossóis ocorrem em
pequenas concentrações e são importantes para o sistema climático.

COMPOSIÇÃO DA ATMOSFERA

A) VAPOR D’ÁGUA: O conteúdo de vapor pode variar de zero, em regiões áridas, até cerca de 3-
4% nos trópicos úmidos. O conteúdo de vapor d’água na atmosfera está estreitamente relacionado
com a temperatura do ar e com a disponibilidade de água na superfície terrestre. Quase ausente
entre 10 – 12 km acima da superfície terrestre. Devido à eficiência da turbulência que são mais
eficazes abaixo de 10 km.
B) OZÔNIO: Concentrado entre as altitudes de 13 e 35 km da atmosfera. O conteúdo é baixo sobre
o Equador e alto nos polos em latitudes maiores de 50º. Forma-se pela ação dos raios
ultravioletas sobre as moléculas de oxigênio. Apesar da ruptura do oxigênio usualmente ocorrer
entre 80 a 100 km. A formação do ozônio somente se dá entre 30 a 60 km. Este fato se dá devido
à baixa densidade atmosférica. A ligação do ozônio é instável e pode ser facilmente rompida
através da incidência de radiação ou mesmo pelo choque de oxigênio monoatômico (O),
formando gás oxigênio como segue:
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O ozônio se concentra na Estratosfera e é responsável por absorver parte da radiação ultravioleta


que chega a Terra e por absorver a radiação solar essa camada apresenta maiores temperaturas.
C) DIÓXIDO DE CARBONO: Entra na atmosfera principalmente por meio da ação dos
organismos vivos nos oceanos e continentes. A fotossíntese remove cerca de 3 a 9% do dióxido
de carbono do mundo anualmente ajudando assim a manter o equilíbrio da quantidade de dióxido
de carbono. O uso de combustíveis fósseis tem propiciado o aumento da concentração desse gás.

POR QUE EXISTE UM CICLO SAZONAL DO


CARBONO?
Durante o outono e o inverno, as plantas morrem
liberando grande quantidade de dióxido de carbono, o que
aumenta a quantidade de CO² na atmosfera, aumentando
os indicadores. Durante a primavera e o verão as plantas
absorvem esse gás para crescerem tirando assim grande
parte dele da atmosfera, diminuindo a quantidade de CO²
na atmosfera diminuindo assim os indicadores.

O vapor de água junto ao dióxido de carbono é responsável pelo EFEITO ESTUFA que faz com
que a radiação que a Terra recebe não seja totalmente refletida de volta para o espaço, mantendo
assim a Terra aquecida. Sem o efeito estufa a temperatura média da Terra seria muito baixa.

O EFEITO ESTUFA é um processo natural que ocorre quando a


radiação infravermelha emitida pela superfície é impedida de
escapar e retornando a superfície. Sem o efeito estufa a
temperatura média da Terra seria cerca de -18°.

D) AEROSSÓIS: Os núcleos higroscópicos ou aerossóis são responsáveis pela formação de nuvens,


nevoeiros, em geral é responsável pela condensação da água.

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A MASSA DA ATMOSFERA

As principais características da atmosfera quanto a sua massa são: a mistura mecânica de gases;
extremamente volátil; compressível; e com grande capacidade de expansão. Quanto à distribuição
vertical, tem-se que a densidade média da atmosfera diminui a partir da superfície. Metade do
total da massa atmosférica está concentrada abaixo de 5 km. A pressão atmosférica diminui
logaritmicamente com o aumento da altitude atmosférica. À medida que elevamos a altitude o ar
torna-se cada vez mais rarefeito, até chegar ao espaço sideral. A densidade do ar depende da
temperatura, do teor de vapor d’água e da gravidade.

CLASSIFICAÇÃO DA ESTRUTURA HORIZONTAL DA ATMOSFERA

HOMOSFERA: Estende-se de 0 a 80 km; os gases se encontram misturados; compreende a


TROPOSFERA, TROPOPAUSA, ESTRATOSFERA, ESTRATOPAUSA, MESOSFERA e
MESOPAUSA.

 TROPOSFERA – Camada mais baixa da atmosfera contém 75% da massa gasosa total da
atmosfera; é onde ocorrem os fenômenos do tempo atmosférico e turbulências, e se estabelecem
as condições do tempo. As temperaturas nessa camada diminuem devido à altitude, uma taxa de
6,5º C por km;
 TROPOPAUSA – Localiza-se acima da troposfera, a uma altura inconstante, variando de 8 km
(polos) a 16 km (Equador); caracterizada pela inversão térmica;
 ESTRATOSFERA – Estende-se até 5 km sobre a tropopausa, a temperatura aumenta devido a
Camada de Ozônio; contém pouco ou nenhum vapor d’água; os eventos da estratosfera estão
ligados às mudanças de temperatura e circulação na troposfera;
 ESTRATOPAUSA – Camada isotérmica (de temperatura constante) superior a estratosfera;
 MESOSFERA – A temperatura tende a diminuir com a altitude até chegar a 90ºC aos 80 km. A
pressão atmosférica é baixa;
 MESOPAUSA – A temperatura permanece constante;

HETEROSFERA: Estende-se acima dos 90 km de altitude até o espaço sideral, a disposição dos
gases ocorre pelo peso atômico. Os gases se estruturam horizontalmente na seguinte
configuração: Nitrogênio – Oxigênio – Hélio – Hidrogênio. Compreende a TERMOSFERA ou
EXOSFERA.

 TERMOSFERA ou EXOSFERA: As temperaturas vão aumentando devido a essa camada ser


atingida diretamente pela radiação solar; as temperaturas vão aumentando até chegar à
temperatura do Sol. Acima dos 100 km ocorre a ionização devido a ação dos raios UV e Raios-X,
nessa camada localiza-se a IONOSFERA (100 a 900 km) onde há uma concentração alta de
íons, é onde ocorrem as auroras austral e boreal, também é nessa camada que as ondas AM e FM
se propagam.

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RADIAÇÃO SOLAR
O Sol é a principal fonte de energia do sistema climático, sendo responsável por 99,97% da
energia usada no sistema Terra-Atmosfera. Desse modo a radiação solar é a primeira causa do
tempo e do clima. O Sol é uma esfera gasosa, luminosa, sua superfície possui temperatura
aproximada de 6.000ºC e emite energia em ondas eletromagnéticas, que se propagam à razão de
aproximadamente 299.300 km/s, a energia que parte radialmente do sol leva aproximadamente 9
minutos para chegar ao planeta Terra. Influencia diretamente na temperatura (sendo a
temperatura do ar a quantidade de energia presente nesse ar). Todas as variações diárias, sazonais
e espaciais se devem as variações de energia recebida pela Terra. Ao mesmo tempo em que
intercepta radiação a Terra irradia energia pra o espaço, esses processos de entrada e saída de
radiação são contínuos.
A distribuição da radiação solar na superfície não é simétrica, porque em janeiro a Terra
está mais próxima ao Sol.

Periélio: (lembrar de perto) – é o momento


em que a Terra encontrasse mais próxima do
Sol. É verão no hemisfério sul.

Afélio: (lembrar de afastado) – é o momento


em que a Terra encontrasse mais distante do
Sol. É inverno no hemisfério sul.

O hemisfério norte recebe mais irradiação no inverno e menos no verão. O hemisfério sul recebe
mais irradiação no verão e menos no inverno. A incidência da radiação sobre o topo da atmosfera
depene do período do ano, período do dia e da latitude.

A CONSTANTE SOLAR

A CONSTANTE SOLAR é a quantidade de radiação solar que atinge o topo da atmosfera


formando um ângulo de 90° (ângulo reto) com essa superfície. Esse valor entra no topo da
atmosfera na região intertropical. Outra definição para constante solar é:
“É a quantidade de energia solar recebida, por unidade de área, por uma superfície,
que forme ângulos retos com os raios do sol no topo da atmosfera; é de
aproximadamente 2 langleys/m ou 2 cal/cm².min”
CONSTANTE SOLAR
2 CAL/CM² . MIN
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ÂNGULO ZENITAL

Raramente o sol ocupa a posição de zênite; entre os trópicos, somente em dois


instantes durante o ano, e fora dos trópicos não ocupa nunca a posição zenital.
Desta vai sempre haver um ângulo entre o zênite do local e a posição do sol, sendo
este ângulo conhecido como Ângulo Zenital.

Zênite é quando o Sol se encontra em uma posição em que forma com a superfície
um ângulo de 90°.

Quando o Sol está em zênite com o Trópico de Capricórnio é o Solstício de Verão no


Hemisfério Sul e Solstício de Inverno no Hemisfério Norte. Nos Solstícios de Verão os
dias são mais longos e as noites mais curtas, nos Solstícios de Inverno os dias são mais
curtos e as noites mais longas.

Quando o Sol está em zênite com o Trópico de Câncer é o Solstício de Verão no


Hemisfério Norte e Solstício de Inverno no Hemisfério Sul.

Quando o Sol está em zênite com o Equador ocorrem os Equinócios de Primavera e


Outono nos Hemisfério Norte e Sul. Nos Equinócios os dias e as noites possuem a
mesma duração.

Solstício de Verão Equinócio de Primavera


21/12 – Hemisfério Sul 22-23/09 – Hemisfério Sul
21/ 06 – Hemisfério Norte 22-23/03 – Hemisfério Norte

Solstício de Inverno Equinócio de Outono


21/ 06 – Hemisfério Sul 20-21/03 – Hemisfério Sul
21/12 – Hemisfério Norte 20-21/09 – Hemisfério Norte

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O movimento de translação que é o movimento da Terra ao redor do Sol,


movimento em forma de elipse, dura 365 dias (1 ano) e é o responsável pelas
estações do ano.

CONDIÇÕES DA VARIAÇÃO DA RADIAÇÃO SOLAR QUE CHEGA AO TOPO DA


ATMOSFERA
 LATITUDE
Quanto maior a latitude menor será a radiação solar que chegará à superfície; assim,
quando maior a latitude, mais frio e quanto menor a latitude mais quente. Por exemplo, as
maiores temperaturas serão registradas nas regiões do Equador (0º) e as menores nas regiões
polares (90º);
_________________________________________________________________________
A ALTITUDE CORRIGE A LATITUDE!

A altitude corrige a latitude, ou seja, mesmo em regiões equatoriais se pode encontrar baixas
temperaturas em altas altitudes porque quanto maior a altitude menor a temperatura. A cada 100
metros de altitude diminui aproximadamente 1ºC em relação à temperatura normal. Por exemplo,
duas cidades localizadas na região equatorial, estando a primeira a 1200 metros e a segunda a 200
metros, primeira apresentará temperaturas inferiores em relação à segunda.
A cada 100 metros abaixo do nível do mar a temperatura aumenta aproximadamente 1ºC em
relação à temperatura normal.
Quanto maior a altitude, menor a temperatura!
_________________________________________________________________________
 PERÍODO DO DIA
Durante o dia a Terra absorve energia solar e durante a noite a Terra reirradia essa energia. É
afetada pela duração do dia e pela duração do período de luz. Nas proximidades do Equador os
dias e noites são praticamente iguais durante o ano. A duração do dia geralmente aumenta ou
diminui com o aumento da latitude, dependendo da estação. No verão a duração do dia aumenta
em direção ao Equador e diminui em direção aos polos.
 PERÍODO DO ANO
A radiação solar recebida durante o ano varia devido à órbita elíptica da Terra. Essa afeta a
quantidade de energia solar recebida. A energia varia 7% sendo maior em 03 de janeiro (periélio)
e menor em 04 de julho (afélio). Durante o afélio a Terra está mais distante do Sol ganhando 7%
menos radiação do que quando a Terra está no periélio (Terra mais próxima do Sol).
 QUANTIDADE DE ENERGIA QUE CHEGA DO SOL
A quantidade de energia solar interceptada pela Terra varia em função da energia total emitida no
espaço pelo Sol. Pode variar de 1 a 3% no valor da constante solar devido às manchas solares.
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 ALTITUDE DO SOL
A altitude do Sol que é o ângulo entre seus raios e uma tangente à superfície no ponto de
observação, também afeta a quantidade de energia solar recebida. Quanto maior a altitude do Sol,
tanto mais concentrada será a intensidade da radiação por unidade de área. A altitude do Sol é
determinada pela latitude do local, pelo período do dia e pela estação. É elevada à tarde, porém
baixa pela manhã e ao entardecer. É elevada no verão e menor no inverno. Por o ângulo de maior
incidência solar ser sobre o Equador, essa região recebe mais radiação solar. A altura do Sol
decresce em direção aos polos.

PROCESSOS DA RADIAÇÃO NO INTERIOR DA ATMOSFERA

O padrão de distribuição da radiação solar é ligeiramente alterado sobre a superfície terrestre,


basicamente pelo efeito da atmosfera. A atmosfera absorve, reflete, difunde e reirradia a energia
solar.

 ABSORÇÃO: parte da energia solar é absorvida pelos gases, poeiras e vapor de água; Cerca de
18% da insolação é absorvida pelo ozônio e pelo vapor d’água. O dióxido de carbono absorve a
radiação ultravioleta de comprimento de onda maiores.
 REFLEXÃO: a superfície terrestre reflete radiação, os valores variam de acordo com a
superfície, em geral superfícies secas e de cores claras refletem mais, já o solo e a vegetação
refletem menos isso se dá devido ao ALBEDO que é a capacidade de certas superfícies refletirem
a radiação solar, quando mais clara a superfície maior a reflexão, um exemplo é que no Equador
o albedo é menor por terem grandes florestas e nos polos o albedo é maior por causa do gelo.
Outro fator é a NEBULOSIDADE sendo que as nuvens brancas refletem grande parte da
radiação devido ao seu alto albedo, a cobertura de nuvens impede a penetração da insolação. A
quantidade de reflexão das nuvens depende da quantidade e da espessura das mesmas e também
do tipo. Em média, aproximadamente, 25% da radiação que atinge as nuvens é refletida para o
espaço.
 DIFUSÃO: é o “espalhamento” do espectro eletromagnético, a distribuição da radiação solar.

DIFERENÇA ENTRE O AQUECIMENTO DA TERRA E DA ÁGUA

As águas e a terra aquecem e esfriam de maneiras diferentes devido a suas propriedades físicas e
químicas. A água se aquece e esfria mais lentamente que o solo. Os continentes aquecem mais
rápido que os oceanos, no entanto esfriam mais rápido. O calor específico da água é 3 a 5 vezes
maior que o da terra. Aproximadamente 30% da radiação absorvida é usada no aquecimento das
águas. A penetração da radiação na água é de 90 cm enquanto nos solos é de 9 cm. A água se
aquece por condução e mistura; o solo somente por condução. Essa diferença dá origem aos
efeitos de MARITIMIDADE E CONTINENTALIDADE.

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 MARITIMIDADE: devido aos oceanos manterem mais calor do que os continentes, as cidades
litorâneas sofrem assim o efeito de maritimidade em que a amplitude térmica diária é bem baixa,
pois as águas amenizam as quedas de temperatura à noite. Quanto mais para o litoral nos
dirigimos menor a amplitude térmica.

 CONTINENTALIDADE: devido ao solo não manter calor, as cidades que se encontram no


interior dos continentes sofrem o efeito da continentalidade e apresentam amplitude térmica
diária alta porque o solo não mantém calor fazendo as temperaturas caírem muito à noite. Quanto
mais para o interior do continente nos dirigimos, maior é a diferença entre máxima e mínima
temperatura.
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O albedo da superfície terrestre (8 a 40%) é geralmente maior que da superfície aquática. A


superfície aquática é transparente, permitindo a penetração mais profunda dos raios solares. A
transferência de calor na água se da por c onvecção, que é mais eficiente e mais rápido de
transferência de calor do que o lento processo de condução.
A água absorve 5 vezes mais energia calorífica para e elevar a temperatura, que a mesma massa
de solo seco. Como a água esta facilmente disponível na superfície aquática a evaporação é
contínua, ao passo que sobre a terra a evaporação somente ocorre em presença de água.

RADIAÇÃO TERRESTRE

A superfície terrestre quando aquecida pela absorção da radiação solar, torna-se uma fonte de
radiação de ondas longas. A radiação terrestre é chamada de radiação noturna, uma vez que ela é
a principal fonte radioativa de energia à noite. A radiação infravermelha, não necessariamente é
terrestre, pois constituintes atmosféricos também irradiam energia nos comprimento de onda
infravermelha. A irradiação infravermelha terrestre é dominante a noite devido à interrupção da
irradiação solar no local onde é noite. Os valores mais elevados de radiação terrestre
infravermelha ocorrem em baixas latitudes.

RADIAÇÃO ATMOSFÉRICA

Embora a atmosfera seja transparente à radiação em ondas curtas, ela apresenta alta capacidade
de absorção de radiação infravermelha. Os principais absorventes da radiação infravermelha
dentre os constituintes da atmosfera são o vapor, o ozônio, o gás carbônico e as nuvens, que
absorvem radiação em todos os comprimentos de onda. Enquanto a atmosfera absorve somente
24% da radiação solar que atinge a terra, que é de ondas curtas, somente 9% da radiação IV é
liberada diretamente para o espaço. Os 91% da radiação são absorvidos pela Atmosfera. Esta
capacidade da atmosfera em absorve a radiação IV é chamado efeito estufa, ou seja, absorve
radiação, mas impede ou reduz a irradiação da superfície terrestre. A atmosfera reirradia a

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radiação terrestre e solar absorvida em parte para o espaço e em parte para a superfície, chamada
de contra-radiação, sem a qual a temperatura da Terra seria 30 a 40ºC mais fria que é agora.

BALANÇO DE RADIAÇÃO

O balanço de radiação significa a diferença entre a quantidade de radiação que é absorvida e


emitida por um dado corpo ou superfície. Em geral, o balanço de radiação na superfície terrestre
é positivo de dia e negativo à noite. No decorrer do ano como um todo, o balanço de radiação na
superfície é da Terra é positivo, enquanto da atmosfera é negativo. Para o sistema Terra-
atmosfera como um todo o balanço é positivo entre as latitudes 30ºS e 40ºN, e negativo no
restante.

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TEMPERATURA DO AR
A temperatura do ar é a quantidade de energia calorífica presente nesse ar. A temperatura pode
ser definida em termos do movimento de moléculas, de modo que quanto mais rápido o
deslocamento mais elevado será a temperatura. Mais comumente, ela é definida em termos
relativos tomando-se por base o grau de calor que o corpo possui. A temperatura é a condição que
determina o fluxo de calor que passa de uma substância para outra, deslocando da que tem
temperatura mais elevada para a menos elevada. A temperatura de um corpo é determinada pelo
balanço entre a radiação incidente e emergente e pela transformação desta radiação em calor
latente e sensível. A temperatura de um corpo é o grau de calor medido por um termômetro. O
balanço de radiação é também um balanço térmico. Quanto maior a agitação das moléculas maior
a temperatura. Quanto maior a densidade do ar maior a temperatura. Quanto maior a radiação
incidente maior a temperatura. A temperatura quando aumenta, aumenta o volume de ar, ou seja,
temperatura alta, maior volume de ar.

FATORES DE VARIAÇÃO DA TEMPERATURA

 LATITUDE
Quanto maior a latitude (mais distante do Equador), menor é a temperatura média. Sendo assim,
temperatura e latitude estão em relação inversa. A latitude exerce o principal controle sobre o
volume de insolação, consequentemente, principal controle sobre a temperatura.

 ALTITUDE E RELEVO

 VEGETAÇÃO
Em locais com muita vegetação se encontram temperaturas mais amenas e amplitude térmica
menor e em locais com pouca vegetação se encontram temperaturas mais elevadas durante o dia e
baixas temperaturas à noite mostrando grande amplitude térmica. As plantas retiram umidade do
solo pela raiz e a enviam à atmosfera pelas folhas (evapotranspiração). Além disso, a vegetação
impede que os raios solares incidam diretamente sobre a superfície. Assim, com o desmatamento,
há uma grande diminuição da umidade e, portanto, das chuvas, além de um aumento significativo
das temperaturas médias.

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 CORRENTES MARÍTIMAS (OCEÂNICAS)

 MASSAS DE AR

Os ventos são importantes na variação térmica, pois transmitem calor ou frio de uma área para
outra. As variações do tempo atmosférico, que podem ser normalmente muito bruscas num único
dia ou em períodos mais longos, são causadas pelo deslocamento das massas de ar. Apesar de as
massas de ar se localizar numa imensa região oceânica ou continental, elas se movimentam, entra
em choque e empurram umas às outras. Quando uma massa de ar se afasta de sua área de origem,
ela leva consigo, suas características originais (umidade, temperatura). É por isso que massas de
ar úmidas tendem a provocar chuvas nas áreas que atingem em seu deslocamento. E massas de ar
frias costumam provocar queda de temperatura nas áreas para onde se deslocam. As massas de ar
são as que mais dinamizam o clima de uma região.

 CONTINENTALIDADE E MATIRIMIDADE (OCEANIDADE)

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Sobre os continentes, o atraso


entre os períodos de
temperaturas de superfície
máxima e mínima é de apenas um
mês. Sobre os oceanos e locais
costeiros o atraso chega a dois
meses.

 ESTAÇÕES DO ANO

 DIAS E NOITES (BALANÇO POSITIVO E NEGATIVO)


 BALANÇO POSITIVO: é quando entra mais energia no planeta do que sai, acontece durante o
dia, quase sempre de quando o Sol nasce até ele se por, o fluxo de energia está voltado para o
interior da superfície (Radiação Diurna);
 BALANÇO NEGATIVO: é quando sai mais energia do planeta do que entra, acontece à noite,
do por do Sol ao nascer, o fluxo de energia está voltado da superfície para o exterior (Radiação
Noturna);

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PROCESSOS DE AQUECIMENTO E RESFRIAMENTO DO AR E DO


SOLO

 1) CONDUÇÃO  Condução e Convecção: podem atuar como


 2) CONVECÇÃO processos de aquecimento.
 3) IRRADIAÇÃO  Irradiação, Condução e Convecção: podem
atuar como processos de resfriamento.

ISOTERMAS

A distribuição da temperatura numa área é normalmente mostrada por meio de linhas isotérmicas
(isotermas), enquanto a variação da temperatura e representada em gráficos.

Os maiores contrastes de temperatura são observados no Hemisfério Norte, onde as isotermas de


inverno e de verão apresentam amplas ondulações. No Hemisfério Sul há uma superfície mais
homogênea devido aos oceanos serem predominantes, á água evita variações bruscas de
temperatura, desse modo as isotermas são mais amplas e paralelas. Contudo, no Hemisfério Norte
há uma superfície mais heterogênea, desse modo se tem uma brusca mudança das isotermas na
passagem dos oceanos para os continentes, representadas por isotermas irregulares e com fortes
ondulações.

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UMIDADE DO AR
É a quantidade de vapor d’água presente no ar atmosférico. Significa, em termos simplificados,
quanto de água na forma de vapor existe na atmosfera, no momento com relação ao total máximo
que poderia existir, na temperatura observada. A umidade aumenta sempre que chove devido à
evaporação que ocorre posteriormente. Em áreas florestadas, ou próximas aos rios ou represas a
umidade é sempre maior. As nuvens se formam pela perda da capacidade do ar de conter
umidade. Isto ocorre normalmente, quando massas de ar que estão com alta umidade relativa
sofrem resfriamento na atmosfera, resfriamento que se dá pela elevação destas massas de ar. Ao
subir, o ar vai se expandindo pela diminuição da pressão atmosférica. Esta expansão desconcentra
calor, resfriando-o. À medida que o ar vai se resfriando vai perdendo a capacidade de conter
umidade, ou seja, sua umidade relativa vai aumentando até chegar a 100% da sua capacidade. Daí
para frente. A umidade começa a aparecer sob a forma de pequenas gotículas de água que pairam
no ar. Levadas pelos ventos. Quando o fenômeno ocorre em certa altura, chamamos de nuvem,
quando próximo ao chão, chamamos de neblina, serração, névoa, etc. Se o processo continuar se
intensificando haverá a precipitação em forma de chuva. A umidade do ar atua no (a):

 Transporte e distribuição de calor;


 Absorção do comprimento de ondas de radiação solar e terrestre (EFEITO ESTUFA);
 Evaporação e Evapotranspiração: processos onde se dá o consumo de energia;
 Condensação e Orvalho: processos onde se dá a liberação de energia.

O teor de água na atmosfera varia de 0 a 4%. Quando temos 0% de vapor d’água no ar temos que
o ar é seco. Quando temos de 1 a 3% o ar é úmido e quando temos 4% o ar é saturado (ar
saturado implica em chuva).

UMIDADE ABSOLUTA
É a quantidade real de vapor de água no ar. Varia com a temperatura, quanto maior a
temperatura, maior a umidade absoluta.

UMIDADE RELATIVA
É a razão entre a quantidade de umidade no ar e o quanto falta para o ar ficar saturado. A
saturação ocorre em torno de 90%. Varia com temperatura e a evaporação, quanto maior a
temperatura e a evaporação, menor a umidade relativa do ar.

UMIDADE ESPECÍFICA
É a relação entre grama de ar por kg de ar úmido. A umidade específica não sofre variação. Tem
relação com a temperatura de origem, sendo baixa nos polos devido à incapacidade do ar frio de

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Climatologia Geográfica – Noções Básicas
Gustavo Oliveira Kwiatkowski

reter umidade e maior na região equatorial devido à grande capacidade do ar quente de reter
umidade.
TEMPERATURA DO PONTO DE ORVALHO (TPO)
É a temperatura de condensação do ar. É calculada pela diferença entre o bulbo seco e o bulbo
úmido (psicômetro) com o auxílio da tabela psicométrica.

CONDIÇÕES DE CONDENSAÇÃO DO VAPOR DE ÁGUA


Para que a condensação do ar ocorra é necessária a presença de todas as condições a seguir:
 Resfriamento do ar até a TPO;
 Presença de umidade no ar;
 Presença de núcleos higroscópicos (poeiras, aerossóis, etc.).

A CONDENSAÇÃO DO VAPOR DE ÁGUA PODE SER POR:


 Convecção térmica (troca de energia);  Efeito dinâmico (encontro de massas de ar
 Efeito de advecção (o ar quente sobre uma quentes e frias)
superfície fria causa um nevoeiro e o ar frio  Efeito orográfico (Chuvas de relevo);
sobre superfície quente causa uma nuvem);  Irradiação.

A condensação quando em:

SUPERFÍCIE: orvalho, cerração,


nevoeiro e geada.

ALTITUDE: nuvens e nevoeiros

NEVOEIROS
Os nevoeiros se desenvolverão se ocorrerem as condições abaixo:
 Resfriamento do ar até a TPO;  Presença de núcleos higroscópicos;
 Presença de umidade no ar;  Céu limpo (sem nuvens);
 Inversão térmica (é quando o ar na superfície da Terra é menor do que nos níveis mais
altos da atmosfera, ocorre somente durante o balanço negativo, o ar da superfície é mais
denso mantendo-se assim até o balanço positivo);
 Irradiação (resfriamento por radiação noturna); INVERSÃO TÉRMICA é
 Ar estável e sem ventos. quando o ar em superfície é
mais frio que o ar em altitude.

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Climatologia Geográfica – Noções Básicas
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NOÇÕES BÁSICAS DE CLIMATOLOGIA GEOGRÁFICA


SEGUNDA PARTE
PRESSÃO ATMOSFÉRICA
É o peso exercido por uma coluna de ar posicionada verticalmente acima de um lugar, ou
seja, peso por unidade de área da coluna de ar acima dessa posição. A pressão do ar não atua em
uma só direção, mas sim em todas as direções. As diferenças de pressão de um lugar para outro
são responsáveis pelos ventos, ou seja, o vento é uma consequência da variação espacial da
pressão. A pressão atmosférica padrão pode ser registrada a uma temperatura de 15°C, ao
nível do mar, em condições normais de gravidade.

PRESSÃO NORMAL – 760 mmHg ou 1013 mPa ou MB


Acima desse valor é pressão alta, abaixo é pressão baixa. A cada 10 m de profundidade no
oceano equivale à pressão exercida por uma atmosfera, o limite do ser humano é de 2,8 atm. (18
m de profundidade+1atm.)

FATORES DE VARIAÇÃO DA PRESSÃO ATMOSFÉRICA

 ALTITUDE
Quanto maior a altitude, menor a pressão atmosférica. A gradiente vertical da pressão na
troposfera é de -9 mmHg/100m de ascendência vertical. À medida que a altitude aumenta, a
pressão diminui, pois diminui o peso da coluna de ar acima. Com a altitude a densidade do ar
diminui, diminuindo mais o peso da coluna de ar acima. Quando a altitude diminui, aumenta a
pressão e o peso da coluna de ar, aumentando a densidade do ar.

 TEMPERATURA
O aumento de temperatura está associado a pressões baixas, porque as moléculas se dispersão
com o calor, diminuindo a densidade e a pressão. A diminuição da temperatura está associada a
pressões altas porque as moléculas em baixa temperatura se agrupam aumentando a densidade e
pressão. Diante disso temos que verão e dias ensolarados estão associados à pressão baixa e o
inverno e dias nublados estão relacionados à pressão alta.

 UMIDADE
Quanto maior a umidade, menor a pressão, em função do vapor de água ser mais leve que os
outros gases. Consequentemente, quanto menos umidade, maior pressão.

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Climatologia Geográfica – Noções Básicas
Gustavo Oliveira Kwiatkowski

 MOVIMENTOS VERTICAIS DO AR
Os movimentos descendentes do ar são indicadores de altas pressões e os movimentos
ascensionais são indicadores de pressões baixas. Os movimentos verticais do ar explicam as
zonas de pressão alta e baixa na Terra. Todo local de baixa pressão é resultado da retirada de ar
(movimento ascensional) e todo local de alta pressão é resultado da descida do ar (movimento
descencional).

A pressão atmosférica pode ser representada cartograficamente através de CARTAS


SINÓTICAS, que são mapas da pressão atmosférica, essas possuem ISÓBARAS, que são linhas
de igual pressão atmosférica.
A pressão atmosférica pode ser medida pelo BARÔMETRO DE MERCÚRIO OU ANERÓIDE e
pelo BARÓGRAFO. Os seres vivos percebem através da audição e do tato. Escala de medição:
mb, hPa e mmHg.

ANTICICLONES (PRESSÃO ALTA)

As áreas anticiclonais são grandes áreas da Terra onde se definem altas pressões, são áreas secas
e com pouca chuva. Resultam da convergência do ar em altitude e da divergência em superfície.
O ar é acumulado em altitude e jogado contra a superfície onde é espalhado. Não há condensação
do vapor de água porque as gotículas não conseguem se unir, por isso não há chuvas em regiões
de alta pressão, caracterizando tais regiões com tempo estável e grandes desertos. (A cada 100 m
que o ar desce aumenta em 1°C favorecendo a evaporação.)

CICLONES (PRESSÃO BAIXA)

Áreas ciclonais são grandes áreas de baixa pressão, são áreas úmidas com grande concentração de
chuvas. Resultam da convergência de ar em superfície e da divergência em altitude. O ar ao subir,
leva consigo o vapor de água e núcleos higroscópicos que em baixa temperatura favorecem a
condensação, assim as gotículas de água se unem formando nuvens que podem gerar chuvas.
Áreas caracterizadas por grandes florestas e tempo chuvoso.

CIRCULAÇÃO GERAL OU PRIMÁRIA DA ATMOSFERA

A circulação primária da atmosfera é a circulação geral da atmosfera e é descrita como sendo os


padrões em larga escala, ou globais, de vento e pressão que se mantêm ao longo do ano ou se
repetem sazonalmente. É a circulação geral que realmente determina o padrão dos climas
mundiais. Como a circulação geral tende a se dispor em zonas latitudinais, os climas do mundo
tendem a ocorrer em zonas.

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Climatologia Geográfica – Noções Básicas
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1ª ZONA DE BAIXAS PRESSÕES EQUATORIAS – se caracteriza pelas chuvas e pelas


florestas equatoriais e a movimentação do ar se dá por causas dinâmicas e térmicas.
2ª ZONA DE ALTAS PRESSÕES SUBTROPICAIS – se caracteriza pela pouca chuva,
estiagens severas e grandes desertos e a movimentação do ar é por causas dinâmicas.
3ª ZONA DE BAIXAS PRESSÕES SUBPOLARES – se caracteriza pelas chuvas no verão e
neve no inverno, e pelas florestas de coníferas no Hemisfério Norte e o movimento de ar se dá de
forma dinâmica.
4ª ZONA DE ALTAS PRESSÕES POLARES – se caracteriza pela falta de chuva e pelos
desertos de gelo.
Formam assim um sistema tricelular.

1) Considerando a seguinte situação:


“A cidade de Santa Maria se encontra a uma altitude de 90 metros, possuindo umidade
absoluta do ar de 1%, temperatura do ar de 28ºC e o ar se encontra em movimento
descencional.”
Observando a situação em que se encontra a cidade de Santa Maria no momento da
análise e relacionando a altitude, a temperatura, a umidade atmosférica e os movimentos
verticais do ar com a pressão atmosférica, responda a pressão será alta ou baixa?
Explique.

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Climatologia Geográfica – Noções Básicas
Gustavo Oliveira Kwiatkowski

VENTOS E MOVIMENTOS ATMOSFÉRICOS


O vento é o deslocamento de um ar de um local de alta pressão para um local de baixa pressão no
sentido horizontal na busca de reequilíbrio em termos de pressão atmosférica. Os ventos não
caminham em linha reta ao longo de uma gradiente de pressão, mas são defletidos ou desviados
em forma de curva devido à rotação da Terra. O desvio de algo que se mova na superfície do
planeta é causado pela força de Coriolis, descrito inicialmente em 1835, pelo físico francês
Gaspar de Coriolis. Assim, no caso dos ventos, o ar é forçado a se desviar para a esquerda no
hemisfério sul e para a direita no hemisfério norte. Essa força é muito mais comum do que se
possa imaginar, já que todas as coisas que se movem sobre a superfície do planeta desviam-se
lateralmente de suas trajetórias previstas. O RELEVO é o principal fator de variação da direção e
da velocidade do vento.

Em superfície o ar se desloca horizontalmente das áreas de alta pressão para as áreas de baixa
pressão. Esses movimentos do ar em superfície denominam-se VENTOS.

PADRÃO SUPERFICIAL (VENTO)

Em altitude o ar se desloca verticalmente das áreas de baixa pressão para as áreas de alta pressão.
Esses movimentos do ar em altitude denominam-se CORRENTES DE AR.
O sol emite radiação que aquece a superfície, esse calor aquece o ar atmosférico que tende a se
expandir e ficar leve e consequentemente subir (MOVIMENTO ASCENSIONAL DO AR).
Conforme o ar vai atingindo maiores altitudes, a temperatura vai diminuindo, tornando o ar mais
denso que tende a descer novamente (MOVIMENTO DESCENCIONAL DO AR).

PADRÃO EM ALTITUDE
(CORRENTES DE AR)

ESCALAS E MEDIÇÕES
O vento é o único elemento do clima com duas variáveis:
 Sentido e direção – dados pelos pontos de orientação ou por graus.
 Velocidade – m/s ou km/h.

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Climatologia Geográfica – Noções Básicas
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ZONAS PRODUTORAS DE VENTO E ZONAS RECEPTORAS

As áreas produtoras de vento são as áreas de alta pressão (áreas anticiclonais) e as áreas
receptoras são as de menor pressão (áreas ciclonais).

CINTURÕES ANEMOMÉTRICOS DO GLOBO

Entre os trópicos os ventos denominam-se alísios; nas regiões polares denominam-se ventos de
leste e oeste. A rotação da Terra é que dá sentido e direção ao vento. Lembrando que a rotação da
Terra obedece ao sentido leste-oeste.

VENTOS VENTOS VENTOS


DE LESTE DE OESTE ALÍSIOS
(Nordeste
POLAR FERREL
ou Sudeste)

HADLEY

60º a 90º 30º a 60º 0º a 30º

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Climatologia Geográfica – Noções Básicas
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NEBULOSIDADE E NUVENS

Aproximadamente 50% da atmosfera é coberta por nuvens, deste modo cerca de metade da
energia solar é retida pelas nuvens e refletida de volta ao espaço. O ciclo da nebulosidade se dá
quando a energia solar causa a evaporação, essa propicia a formação de nuvens, que por sua vez
podem gerar chuva, novamente o sol emite radiação que evapora a água da chuva iniciando o
ciclo novamente. A condição de céu sem nuvens mostra uma situação anticiclonal, ou seja,
pressão alta, essa situação se dá porque as correntes de ar e força gravitacional estão na mesma
direção ou a força gravitacional é maior que a das correntes de ar. Céu nublado indica situação
ciclonal, isto é, pressão baixa geradas por correntes de ar mais fortes que a força gravitacional. A
nebulosidade é uma condição atmosférica, quanto maior a nebulosidade, maior a movimentação
atmosférica. Sem nuvens, portanto, atmosfera estável. Nevoeiros também são nuvens.

ALTITUDE
As nuvens localizam-se na troposfera até uma altitude de 15 km, com exceção de um tipo de
nuvem chamada Nuctituzentes que se localiza a 90 km.
(1) Nuvens altas
Ocorrem acima de 6000 m, formadas por cristais de gelo. São as cirrus, cirrostratus e
cirrocumulus.
(2) Nuvens médias
Ocorrem entre 2000 e 6000 m, formadas por cristais de gelo e água. São as altostratus e
altocumulos.
(3) Nuvens baixas
Ocorrem abaixo dos 2000 m, formadas por água líquida. São elas cumulus, stratus,
stratocumulos, nimbos e nevoeiros (neblina).
(4) Nuvens com grande desenvolvimento vertical
No interior dessas nuvens ocorre a formação de granizo, está associada a tornados, também
ocorrem fenômenos elétricos e sonoros. Estendem-se 200 m até o topo da troposfera.

FORMA
 Estratiformes – estratos, “nuvens finas”, grandes territórios com elevação de ar, camadas de
nuvens horizontais, sempre provocam chuvas, são unidas formando uma espécie de “tapete” de
nuvens.
 Cumuliformes – “bolas de algodão”, nuvens com desenvolvimento vertical, nem todas
produzem chuva, são dispersas, pequenos territórios com elevação de ar.

COBERTURA
É dada por décimos de céu coberto (0/10 a 10/10).

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Climatologia Geográfica – Noções Básicas
Gustavo Oliveira Kwiatkowski

BRILHO
As nuvens apresentam cores mais claras ou mais escuras devido a sua espessura, contudo elas são
sempre brancas, pois absorvem todas as cores do arco-íris e todas as cores juntas formam o
branco. A parte escura que vemos é a sombra da nuvem. As nuvens mais brilhantes são devido a
cristais de gelo.

As nuvens stratus e nimbos provocam chuvas. As nuvens cumulus indicam tempo bom.

TIPOS DE NUVEM

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Climatologia Geográfica – Noções Básicas
Gustavo Oliveira Kwiatkowski

Influenciado pela sistemática de Lineu, para classificar plantas e animais, L. Howard, em 1803,
produziu o primeiro sistema de classificação das nuvens realmente utilizável. Contribuiu muito,
para sua aceitação geral, não só o uso de uma terminologia latina, muito em moda na época,
como a constatação científica de que as mesmas formas de nuvens aparecem sobre toda a Terra.
Na classificação internacional das nuvens incluem - se dez gêneros, cujos nomes, aportuguesados
na sua grafia (embora seja de uso quase universal a grafia latina), são:

1) Cirros – Ci (vem de cirrus, cacho de cabelo, franja — como a penugem de aves —) são as
nuvens mais altas, são delicadas, brancas, fibrosas, geralmente esbranquiçadas, com aspecto de
penas ou flocos de lã. Para alguns, lembra um “rabo de galo”. Pairam à altura média de 9 km;

2) Cirrocúmulos – Cc - aparecem sob forma de bolinhas muito pequenas e brancas, ordenadas em


bancos ou campos de nuvens. São também constituídas por cristais de gelo, mas aparecem
raramente;

3) Cirrostratos – Cs – mostram-se como véu esbranquiçado, fibroso ou liso, mais espesso que os
cirros, constituído predominantemente por cristais de gelo;

4) Altocúmulus – Ac – são as nuvens denominadas vulgarmente de “carneirinhos”, como que


novelos, habitualmente formadas por gotas de água líquida, com os bordos claros e zonas
sombreadas no interior, reunidas em faixas alongadas;

5) Altostratos – As - são, na maior parte das ocorrências, nuvens em forma de véu uniforme,
cinzento - azulado, raramente fibroso, através das quais o Sol e a Lua surgem enfraquecidos na
sua luminosidade, como se os víssemos por um vidro fumaçado. Os altostratos contêm gotículas
de água e cristais de gelo, além de flocos de neve e gotas de chuva;

6) Nimbostratos – Ns - espessas camadas de nuvens cinzentas - escuras, que tapam por completo
a Lua ou o Sol e cuja base inferior é reforçada por nuvens esfarrapadas, que dão chuva ou neve
contínuas. A precipitação pode não atingir o solo, por se evaporar antes. Os nimbostratos
compõem - se, como regra geral, de gotas de água em temperaturas mais baixas que aquela em
que ocorre a solidificação (chamado fenômeno de sobrefusão), gotas de chuva, flocos e cristais
de neve, ou de uma mistura de formas sólidas e líquidas.

7) Estratocúmulos – Sc - nuvens brancas ou cinzentas, de formas arredondadas, dispersas ou


reunidas em bancos, mas sempre distribuídas por uma camada horizontal pouco espessa. No
inverno podem cobrir o céu, a que dão um aspecto ondulado. Elas contêm partículas de gelo
misturadas com as gotas líquidas.

8) Estratos – St - (vem de stratus, isto é, espalhado como um lençol) são nuvens típicas dos
crepúsculos. São baixas, alongadas e horizontais. Aparecem em camadas uniformes, sem

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Climatologia Geográfica – Noções Básicas
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estrutura visível (aparentando nevoeiro bem alto). São constituídas por gotas de água ou, se a
temperatura for muito baixa, por partículas de gelo; sua precipitação característica é o chuvisco
(precipitação muito uniforme em que as gotas de água, numerosas e pequenas, parecem flutuar no
ar, cujos movimentos acompanham).

9) Cúmulos – Cu - (vem de cumulus, que quer dizer, montão de nuvens) são nuvens
arredondadas no topo, majestosas, com o aspecto de montanhas de algodão, de base plana e quase
horizontal. Indicam bom tempo e dista 1 a 2 km da superfície do solo. Quando na parte superior
dos cúmulos muito desenvolvidos se forma a bigorna, constituída por granizo, neve ou gelo,
obtém - se um novo tipo de nuvem, o Cumulonimbo – Cb.

10) Nimbos - Ni - (vem de nimbus, nuvem) são nuvens espessas e escuras; geralmente desfazem
- se em chuva. Situam-se a menos de 2 km de altura.

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Climatologia Geográfica – Noções Básicas
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PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA (CHUVA)

Importância: agricultura, abastecimento, energia e pecuária.

FORMAS DE PRECIPITAÇÃO E MEDIÇÕES


 Líquida: precipitação pluviométrica ou chuva (é medida pelo pluviômetro ou pelo pluviógrafo
em mm);
 Sólida: granizo (é medida pelo tamanho ou pelo tempo) e neve (medida em cm ou m).

TIPOS DE CHUVA
 Chuvas Orográficas ou de Relevo
Ocorre quando uma nuvem encontra um alto obstáculo em seu caminho, como uma grande
elevação do terreno, cadeia de morros, serra, etc. Como se forma: para a massa de ar transpor o
obstáculo ela é forçada a subir. Aí ocorre aquela velha história: ar que sobe é ar que se expande
pela menor pressão atmosférica, e ar que se expande é ar que “dilui” calor. Massa de ar que perde
calor perde junto à capacidade de conter umidade, o que gera nuvens em segmento, chuva. Daí a
grande incidência de nebulosidade e chuvas, muitas vezes torrenciais, nas altas encostas dos
morros. Estão associadas às barreiras orográficas, são chuvas calmas, presentes nas Serras do
Litoral Brasileiro.

 Chuvas Convectivas
É a típica chuva de verão, com grande intensidade e curta duração (é menos comum no inverno).
Pode produzir ventos locais e muitos raios. Ocorre pela formação de “corredores” verticais de ar,
provocados pela elevação de massas de ar quente. Predominante em áreas equatoriais.
Podem ocorrer isoladas (com céu azul em volta), o que é facilmente observado por uma pessoa
que não esteja sob a imensa nuvem. Quando o processo produz nuvens muito altas e de grande
energia cinética, criam ambiente ideal para a formação de granizo. Apresentam grande atividade
elétrica interna, com infinidades de raios e violentos ventos verticais e turbulências diversas. São

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Climatologia Geográfica – Noções Básicas
Gustavo Oliveira Kwiatkowski

um enorme perigo para aeronaves. Podem produzir grandes diferenças de potencial elétrico com
a terra, possibilitando intensa ocorrência de raios. Estão associadas ao aquecimento do ar e sua
elevação na atmosfera (movimento ascensional – pressão baixa), são chuvas torrenciais, típicas
do verão, associadas à formação de nuvens cumulunimbus, podem provocar furacões, tornados,
tufões e trombas de água. São responsáveis por 8% da média de chuva no Rio Grande do Sul.

 Chuvas Frontais
Ocorre pelo encontro de duas grandes massas de ar. Sendo uma quente e úmida; estacionária ou
vinda do quadrante norte, outra fria, vinda do quadrante sul. A frente fria, mais densa, entra por
baixo, levando para cima a massa de ar quente. Quando esta massa de ar quente possui elevada
umidade relativa a chuva é eminente. São as mais importantes, responsáveis por 60% das chuvas
no mundo (90% no RS), estão sempre ligadas a duas ou três massas de ar de diferentes
temperaturas que não se misturam, ocorrendo assim um confronto de massas de ar, no qual a
massa mais fria joga a massa mais quente para cima (pois essa é mais leve) e desse modo provoca
chuva no setor frio, a massa fria continua a se deslocar e levar chuva até as regiões equatoriais
onde essa se esquenta formando uma massa de ar quente. O ar frio por ser mais denso toma o
lugar do ar quente e provoca chuvas.

A chuva no mundo é constante, sua distribuição que é irregular.

ALTITUDE E PRECIPITAÇÃO

Quanto maior a altitude, maior a precipitação: precipitação e altitude estão em relação direta. Isto
acontece até aproximadamente 2000 m. Daí para cima a relação inverte e quando mais alto menor
é a precipitação.

LATITUDE E PRECIPITAÇÃO

Quanto maior a latitude, menor a precipitação, ou seja, o ar é mais seco e assim não há
condensação do vapor de água e consequentemente não há geração de nuvens e não há chuva.

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Climatologia Geográfica – Noções Básicas
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NOÇÕES BÁSICAS DE CLIMATOLOGIA GEOGRÁFICA


TERCEIRA PARTE

EL NIÑO E LA NIÑA
O El Niño e La Niña são alterações significativas de curta duração (12 a 18 meses) na
distribuição da temperatura da superfície das águas do Oceano Pacífico, com profundos efeitos
no clima. Seu papel no aquecimento e resfriamento global é uma área de intensa pesquisa, ainda
sem um consenso.

EL NIÑO

El Niño é um fenômeno atmosférico-oceânico caracterizado por um aquecimento anormal das


águas superficiais no oceano Pacífico Tropical, e que pode afetar o clima regional e global,
mudando os padrões de vento a nível mundial, e afetando assim, os regimes de chuva em regiões
tropicais e de latitudes médias.
É o aquecimento superficial anormal das águas do pacífico equatorial, ao aquecer a água
evapora formando nuvens, as correntes e os ventos alísios e de oeste distribuem essas
nuvens provocando chuvas no Sul e Sudeste do Brasil e seca no Norte e Nordeste. Acredita-
se que a principal condição do El Niño seja a radiação solar, uma época em que o sol está
com poucas manchas solares.

CONSEQUÊNCIAS DO EL NIÑO

 Região Norte: diminuição da precipitação e secas; aumento do risco a incêndios florestais.


 Região Nordeste: secas severas.
 Região Sudeste: moderado aumento das temperaturas médias; aumento das temperaturas no
inverno; não há mudança no padrão das chuvas.
 Região Centro - Oeste: não há mudança no padrão das chuvas; temperaturas acima da média.
 Região Sul: precipitações abundantes; aumento da temperatura média.

LA NIÑA

La Niña representa um fenômeno oceânico-atmosférico com características opostas ao EL Niño,


e que caracteriza-se por um esfriamento anormal nas águas superficiais do Oceano Pacífico
Tropical. Alguns dos impactos de La Niña tendem a ser opostos aos de El Niño, mas nem sempre
uma região afetada pelo El Niño apresenta impactos significativos no tempo e clima devido à La
Niña.

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Climatologia Geográfica – Noções Básicas
Gustavo Oliveira Kwiatkowski

É o resfriamento superficial anormal das águas do pacífico equatorial, ao resfriar a água


não evapora, não formando nuvens, desse modo as correntes e os ventos alísios e de oeste
transportam o ar frio resultante causando secas no Sul e Sudeste do Brasil e chuvas no
Norte e Nordeste. A La Niña está relacionada a etapas com muitas manchas solares no sol.

CONSEQUÊNCIAS DO LA NIÑA

 Região Norte: aumento de precipitação e vazões de rios.


 Região Nordeste: aumento de precipitação e vazões de rios.
 Região Sudeste: área com baixa previsibilidade.
 Região Centro - Oeste: área com baixa previsibilidade.
 Região Sul: secas severas.

Pensa-se que estes fenômenos são acompanhados pela deslocação de massas de ar a nível global,
provocando alterações do clima em todo o mundo. Por exemplo, durante um ano com El Niño, o
inverno é mais quente que a média nos estados centrais dos Estados Unidos, enquanto que nos do
sul há mais chuva; por outro lado, os estados do noroeste do Pacífico (Oregon, Washington,
Colúmbia Britânica) têm um inverno mais seco. Os verões excepcionalmente quentes na Europa
e as secas em África parecem estar igualmente relacionados com o aparecimento do El Niño. La
Niña é o fenômeno inverso, caracterizado por temperaturas anormalmente frias, também no fim
do ano, na região equatorial do Oceano Pacifico, muitas vezes (mas não sempre) seguindo-se a
um El Niño. Também já foi denominado como “El Viejo” (“O Velho”, ou seja, a antítese do
“menino”) ou ainda o “Anti-El Niño”. É exatamente isso que ocorre no Oceano Pacífico sem a
presença do El Niño, ou seja, é esse o padrão de circulação que é observado.

CHUVA ÁCIDA

A chuva ácida é um dos grandes problemas ambientais da atualidade. Esse fenômeno é muito
comum nos centros urbanos e industrializados, onde ocorre a poluição atmosférica decorrente da
liberação de óxidos de nitrogênio, dióxido de carbono e do dióxido de enxofre, sobretudo pela
queima do carvão mineral e de outros combustíveis de origem fóssil.

É importante ressaltar que a chuva contém um pequeno grau natural de acidez, no entanto, não
gera danos à natureza. O problema é que o lançamento de gases poluentes na atmosfera por
veículos automotores, indústrias, usinas termelétricas, entre outros, tem aumentado a acidez das
chuvas.

O dióxido de carbono, o óxido de nitrogênio e o dióxido de enxofre reagem com as partículas de


água presentes nas nuvens, sendo que o resultado desse processo é a formação do ácido nítrico e
do ácido sulfúrico. Ao se precipitarem em forma de chuva, neve ou neblina, ocorre o fenômeno
conhecido como chuva ácida, que, em virtude da ação das correntes atmosféricas, também pode
ser desencadeada em locais distantes de onde os poluentes foram emitidos.

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Climatologia Geográfica – Noções Básicas
Gustavo Oliveira Kwiatkowski

Entre os transtornos gerados pela chuva ácida estão a destruição de lavouras e de florestas,
modificação das propriedades do solo, alteração dos ecossistemas aquáticos, contaminação da
água potável, danificação de edifícios, corrosão de veículos e monumentos históricos, etc. De
acordo com o Fundo Mundial para a Natureza (WWF), cerca de 35% dos ecossistemas do
continente europeu foram destruídos pelas chuvas ácidas.

A maior ocorrência de chuvas ácidas até os anos 1990 era nos Estados Unidos da América
(EUA). Contudo, esse fenômeno se intensificou nos países asiáticos, principalmente na China,
que consome mais carvão mineral do que os EUA e os países europeus juntos. No Brasil, a chuva
ácida é mais comum nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo.

Algumas ações são necessárias para reduzir esse problema, tais como a redução no consumo de
energia, sistema de tratamento de gases industriais, utilização de carvão com menor teor de
enxofre e a popularização de fontes energéticas limpas: energia solar, eólica, biocombustíveis,
entre outras.

Por Wagner de Cerqueira e Francisco


Graduado em Geografia

ILHAS DE CALOR

Ilha de calor é um fenômeno climático que ocorre a partir da elevação da temperatura de uma
área urbana se comparada a uma zona rural, por exemplo. Isso quer dizer que nas cidades,
especialmente nas grandes, a temperatura é superior a de áreas periféricas, consolidando
literalmente uma ilha (climática).

A oscilação de temperatura entre o centro de uma grande cidade e uma zona rural pode variar
entre 4°C, 6°C ou até mesmo 11°C; o que proporciona muitos inconvenientes à população em
virtude dos incômodos que o calor excessivo provoca, sem contar que ocasiona um significativo
incremento no consumo de energia elétrica, usada para funcionar refrigeradores (ar
condicionado), principalmente para climatizar residências, escolas, universidades, comércios e
indústrias.

A ilha de calor pode ser percebida em períodos diurnos e noturnos, mas o ápice da diferença de
temperatura entre áreas urbanas e rurais acontece ao anoitecer, pois a área rural resfria mais
rápido do que a urbana, onde muros, calçadas, asfaltos e todo tipo de edificação recebem durante
o dia luz e calor do Sol e esse fica retido por mais tempo, proporcionando a diferença de
temperatura entre as áreas em questão.

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Climatologia Geográfica – Noções Básicas
Gustavo Oliveira Kwiatkowski

Na área rural e florestal a cobertura vegetal possibilita o processo de evaporação e


evapotranspiração, amenizando as temperaturas, o que não acontece nas grandes cidades que
estão impermeabilizadas e sem cobertura vegetal.

Por Eduardo de Freitas


Graduado em Geografia

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Climatologia Geográfica – Noções Básicas
Gustavo Oliveira Kwiatkowski

BIBLIOGRAFIA BÁSICA CONSULTADA

AYOADE, J. O. Introdução a climatologia para os trópicos. 4ª Ed. Rio de Janeiro:


Bertrand Brasil, 1996. 332p.

COELHO, M. de A; TERRA, L. Geografia geral e geografia do Brasil: o espaço


natural e socioeconômico. 1ª Ed. São Paulo: Moderna, 2005. 479p.

FERREIRA, G. M. L. Moderno atlas geográfico. 5ª Ed. São Paulo: Moderna, 2011. 80p.

SARTORI, M. Da G. B. Clima e percepção geográfica. 1ª Ed. Santa Maria: Pallotti,


2014.192p.

BASES ELETRÔNICAS

Blog Reflexão Geográfica - reflexaogeografica.blogspot.com.br

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – http://www.ibge.gov.br/

INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - http://www.inpe.br/

Site Climatologia Geográfica – http://climatologiageografica.com/

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