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DIREITO PENAL MILITAR

PARTE GERAL | PROF. GABRIEL SANTOS


183-21/EP

CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 1
CURSO PRIME PARANGABA – Av. Augusto dos Anjos, 1915 (Instalações do Colégio Jim Wilson) – Fone: (85) 3208-2210
DIREITO PENAL MILITAR
PARTE GERAL | PROF. GABRIEL SANTOS
183-21/EP

Nos crimes omissivos, o fato considera-se praticado no


DISCIPLINA: DIREITO PENAL MILITAR lugar em que deveria realizar-se a ação omitida.
PROFESSOR: GABRIEL SANTOS
Territorialidade, Extraterritorialidade:
@professorgabrielsantos
Aplica-se a lei penal militar, sem prejuízo de convenções,
ASSUNTO: MENTORIA tratados e regras de direito internacional, ao crime
cometido, no todo ou em parte no território nacional, ou
fora dele, ainda que, neste caso, o agente esteja sendo
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL MILITAR processado ou tenha sido julgado pela justiça estrangeira.

Território nacional por extensão:


PRINCÍPIO DA LEGALIDADE Para os efeitos da lei penal militar consideram-se como
extensão do território nacional as aeronaves e os navios
Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem brasileiros, onde quer que se encontrem, sob comando
prévia cominação legal. militar ou militarmente utilizados ou ocupados por ordem
legal de autoridade competente, ainda que de propriedade
Lei supressiva de incriminação: privada.
Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa
de considerar crime, cessando, em virtude dela, a própria Ampliação a aeronaves ou navios estrangeiros:
vigência de sentença condenatória irrecorrível, salvo quanto É também aplicável a lei penal militar ao crime praticado a
aos efeitos de natureza civil. bordo de aeronaves ou navios estrangeiros, desde que em
lugar sujeito à administração militar, e o crime atente
RETROATIVIDADE DA LEI MAIS BENÉFICA contra as instituições militares.

A lei posterior que, de qualquer outro modo, favorece o Pena cumprida no estrangeiro:
agente, aplica-se retroativamente, ainda quando já tenha A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no
sobrevindo sentença condenatória irrecorrível. Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é
computada, quando idênticas.
Apuração da maior benignidade:
Para se reconhecer qual a mais favorável, a lei posterior e a TEXTO DE LEI
anterior devem ser consideradas separadamente, cada qual
no conjunto de suas normas aplicáveis ao fato. PARTE GERAL
LIVRO ÚNICO
Medidas de segurança:
As medidas de segurança regem-se pela lei vigente ao TÍTULO I
tempo da sentença, prevalecendo, DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL MILITAR
entretanto, se diversa, a lei vigente ao tempo da execução.
Princípio de legalidade
Lei excepcional ou temporária Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o defina, nem
A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o pena sem prévia cominação legal.
período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a
determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua Lei supressiva de incriminação
vigência. Art. 2° Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior
deixa de considerar crime, cessando, em virtude dela, a
TEMPO DO CRIME própria vigência de sentença condenatória irrecorrível,
salvo quanto aos efeitos de natureza civil.
Considera-se praticado o crime no momento da ação ou
omissão, ainda que outro seja o do resultado. Retroatividade de lei mais benigna
§ 1º A lei posterior que, de qualquer outro modo, favorece
LUGAR DO CRIME o agente, aplica-se retroativamente, ainda quando já tenha
sobrevindo sentença condenatória irrecorrível. Apuração da
Considera-se praticado o fato, no lugar em que se maior benignidade.
desenvolveu a atividade criminosa, no todo ou em parte, e
ainda que sob forma de participação, bem como onde se §2° Para se reconhecer qual a mais favorável, a lei posterior
produziu ou deveria produzir-se o resultado. e a anterior deve ser consideradas separadamente, cada
qual no conjunto de suas normas aplicáveis ao fato.

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Medidas de segurança DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL MILITAR


Art. 3º As medidas de segurança regem-se pela lei vigente
ao tempo da sentença, prevalecendo, entretanto, se A Doutrina divide os crimes militares em duas categorias: os
diversa, a lei vigente ao tempo da execução. crimes propriamente militares e os crimes impropriamente
militares. Os crimes impropriamente militares obedecem a
Lei excepcional ou temporária uma lógica um pouco diferente, que veremos logo adiante.
Art. 4º A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o
período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a A legislação falha ao não tratar dessas duas categorias de
determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua crimes, apesar de a própria Constituição mencionar os
vigência. crimes propriamente militares, usando inclusive esta
nomenclatura.
Tempo do crime De acordo com a doutrina clássica, os crimes propriamente
Art. 5º Considera-se praticado o crime no momento da ação militares são aqueles que somente podem ser praticados
ou omissão, ainda que outro seja o do resultado. por militares, enquanto os impropriamente militares podem
ser praticados também por civis.
Lugar do crime
Art. 6º Considera-se praticado o fato, no lugar em que se Há ainda muita discussão a respeito do crime de
desenvolveu a atividade criminosa, no todo ou em parte, e insubmissão, que é cometido por aquele que se ausenta no
ainda que sob forma de participação, bem como onde se momento de sua incorporação às forças armadas, ou seja,
produziu ou deveria produzir-se o resultado. Nos crimes ele ainda não é militar, é considerado civil, já que ainda não
omissivos, o fato considera-se praticado no lugar em que incorporou, logo, não há possiblidade de existir crime
deveria realizar-se a ação omitida. propriamente militar, já que este, somente pode ser
cometido por militar.
Territorialidade, Extraterritorialidade Por essa razão, há outra doutrina, capitaneada por Jorge
Art. 7º Aplica-se a lei penal militar, sem prejuízo de Alberto Romeiro, que defende como crime propriamente
convenções, tratados e regras de direito internacional, ao militar aquele em que a ação penal somente pode ser
crime cometido, no todo ou em parte no território nacional, proposta contra militar. O insubmisso apenas responderá a
ou fora dele, ainda que, neste caso, o agente esteja sendo ação penal depois que se apresentar ou for capturado, e for
processado ou tenha sido julgado pela justiça estrangeira. incorporado às forças armadas.

Território nacional por extensão Há também a doutrina topográfica, muito utilizada por
§ 1° Para os efeitos da lei penal militar consideram-se como aqueles que não têm muita familiaridade com o Direito
extensão do território nacional as aeronaves e os navios Penal Militar. De acordo com essa doutrina, são crimes
brasileiros, onde quer que se encontrem, sob comando propriamente militares aqueles tipificados apenas no
militar ou militarmente utilizados ou ocupados por ordem Código Penal Militar, sem correspondente na lei penal
legal de autoridade competente, ainda que de propriedade comum. Dessa forma, os crimes propriamente militares
privada. seriam a deserção, o abandono de posto, a insubmissão,
etc.
Ampliação a aeronaves ou navios estrangeiros Por último, há a doutrina tricotômica, que está muito na
§ 2º É também aplicável a lei penal militar ao crime moda hoje. Estes teóricos dizem que existem os crimes
praticado a bordo de aeronaves ou navios estrangeiros, propriamente militares (praticados apenas por militares), os
desde que em lugar sujeito à administração militar, e o tipicamente militares (previstos apenas no Código Penal
crime atente contra as instituições militares. Militar) e os impropriamente militares (previstos tanto no
Código Penal Militar quanto no Código Penal).
Conceito de navio
§ 3º Para efeito da aplicação deste Código, considera-se Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de
navio toda embarcação sob comando militar. Pena paz:
cumprida no estrangeiro. I - os crimes de que trata este Código, quando
definidos de modo diverso na lei penal comum, ou nela
Art. 8° A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena não previstos, qualquer que seja o agente, salvo
imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou disposição especial;
nela é computada, quando idênticas.
II – os crimes previstos neste Código e os previstos na
legislação penal, quando praticados:

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a) por militar em situação de atividade ou a) Lei nº 7.565, de 19 de dezembro de 1986 - Código


assemelhado, contra militar na mesma situação ou Brasileiro de Aeronáutica;
assemelhado;
b) Lei Complementar nº 97, de 9 de junho de 1999;
b) por militar em situação de atividade ou
c) Decreto-Lei nº 1.002, de 21 de outubro de 1969 -
assemelhado, em lugar sujeito à administração
Código de Processo Penal Militar; e
militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou
assemelhado, ou civil; d) Lei nº 4.737, de 15 de julho de 1965 - Código
Eleitoral.
c) por militar em serviço ou atuando em razão da
função, em comissão de natureza militar, ou em
Art. 10. Consideram-se crimes militares, em tempo de
formatura, ainda que fora do lugar sujeito à
guerra:
administração militar contra militar da reserva, ou
reformado, ou civil; I - os especialmente previstos neste Código para o
tempo de guerra;
d) por militar durante o período de manobras ou
exercício, contra militar da reserva, ou reformado, ou II - os crimes militares previstos para o tempo de paz;
assemelhado, ou civil; III - os crimes previstos neste Código, embora também
e) por militar em situação de atividade, ou o sejam com igual definição na lei penal comum ou
assemelhado, contra o patrimônio sob a especial, quando praticados, qualquer que seja o
administração militar, ou a ordem administrativa agente:
militar; a) em território nacional, ou estrangeiro, militarmente
ocupado;
f) revogada.
b) em qualquer lugar, se comprometem ou podem
comprometer a preparação, a eficiência ou as
INFORMATIVO 626 – STF operações militares ou, de qualquer outra forma,
Quando os militares desconhecem a situação atentam contra a segurança externa do País ou
de militar do outro, não há crime militar. É podem expô-la a perigo;
importante que você saiba que a IV - os crimes definidos na lei penal comum ou
jurisprudência do STM é no sentido inverso, especial, embora não previstos neste Código, quando
ampliando a competência da Justiça Militar. praticados em zona de efetivas operações militares ou
em território estrangeiro, militarmente ocupado.

1o Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL MILITAR
contra a vida e cometidos por militares contra civil,
A Doutrina divide os crimes militares em duas
serão da competência do Tribunal do Júri.
categorias: os crimes propriamente militares e os crimes
§ 2o Os crimes de que trata este artigo, quando impropriamente militares. Os crimes impropriamente
dolosos contra a vida e cometidos por militares das militares obedecem a uma lógica um pouco diferente, que
Forças Armadas contra civil, serão da competência da veremos logo adiante.
Justiça Militar da União, se praticados no contexto: A legislação falha ao não tratar dessas duas
I – do cumprimento de atribuições que lhes forem categorias de crimes, apesar de a própria Constituição
estabelecidas pelo Presidente da República ou pelo mencionar os crimes propriamente militares, usando
inclusive esta nomenclatura.
Ministro de Estado da Defesa;
De acordo com a doutrina clássica, os crimes
II – de ação que envolva a segurança de instituição propriamente militares são aqueles que somente podem
militar ou de missão militar, mesmo que não ser praticados por militares, enquanto os impropriamente
beligerante; ou militares podem ser praticados também por civis.
Há ainda muita discussão a respeito do crime de
III – de atividade de natureza militar, de operação de
insubmissão, que é cometido por aquele que se ausenta no
paz, de garantia da lei e da ordem ou de atribuição
momento de sua incorporação às forças armadas, ou seja,
subsidiária, realizadas em conformidade com o
ele ainda não é militar, é considerado civil, já que ainda não
disposto no art. 142 da Constituição Federal e na incorporou, logo, não há possiblidade de existir crime
forma dos seguintes diplomas legais: propriamente militar, já que este, somente pode ser
cometido por militar.

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Por essa razão, há outra doutrina, capitaneada por § 1o Os crimes de que trata este artigo, quando
Jorge Alberto Romeiro, que defende como crime dolosos contra a vida e cometidos por militares contra
propriamente militar aquele em que a ação penal somente civil, serão da competência do Tribunal do Júri.
pode ser proposta contra militar. O insubmisso apenas
§ 2o Os crimes de que trata este artigo, quando
responderá a ação penal depois que se apresentar ou for
dolosos contra a vida e cometidos por militares das
capturado, e for incorporado às forças armadas.
Forças Armadas contra civil, serão da competência da
Há também a doutrina topográfica, muito utilizada
Justiça Militar da União, se praticados no contexto:
por aqueles que não têm muita familiaridade com o Direito
Penal Militar. De acordo com essa doutrina, são crimes IV – do cumprimento de atribuições que lhes forem
propriamente militares aqueles tipificados apenas no estabelecidas pelo Presidente da República ou pelo
Código Penal Militar, sem correspondente na lei penal Ministro de Estado da Defesa;
comum. Dessa forma, os crimes propriamente militares
V – de ação que envolva a segurança de instituição
seriam a deserção, o abandono de posto, a insubmissão,
militar ou de missão militar, mesmo que não
etc.
beligerante; ou
Por último, há a doutrina tricotômica, que está muito
na moda hoje. Estes teóricos dizem que existem os crimes VI – de atividade de natureza militar, de operação de
propriamente militares (praticados apenas por militares), os paz, de garantia da lei e da ordem ou de atribuição
tipicamente militares (previstos apenas no Código Penal subsidiária, realizadas em conformidade com o
Militar) e os impropriamente militares (previstos tanto no disposto no art. 142 da Constituição Federal e na
Código Penal Militar quanto no Código Penal). forma dos seguintes diplomas legais:

Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de e) Lei nº 7.565, de 19 de dezembro de 1986 - Código
paz: Brasileiro de Aeronáutica;

III - os crimes de que trata este Código, quando f) Lei Complementar nº 97, de 9 de junho de 1999;
definidos de modo diverso na lei penal comum, ou nela g) Decreto-Lei nº 1.002, de 21 de outubro de 1969 -
não previstos, qualquer que seja o agente, salvo Código de Processo Penal Militar; e
disposição especial;
h) Lei nº 4.737, de 15 de julho de 1965 - Código
IV - os crimes previstos neste Código e os previstos na Eleitoral.
legislação penal, quando praticados:
f) por militar em situação de atividade ou Art. 10. Consideram-se crimes militares, em tempo de
assemelhado, contra militar na mesma situação ou guerra:
assemelhado; V - os especialmente previstos neste Código para o
g) por militar em situação de atividade ou tempo de guerra;
assemelhado, em lugar sujeito à administração VI - os crimes militares previstos para o tempo de paz;
militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou
assemelhado, ou civil; VII - os crimes previstos neste Código, embora também
o sejam com igual definição na lei penal comum ou
h) por militar em serviço ou atuando em razão da especial, quando praticados, qualquer que seja o
função, em comissão de natureza militar, ou em agente:
formatura, ainda que fora do lugar sujeito à
administração militar contra militar da reserva, ou c) em território nacional, ou estrangeiro, militarmente
ocupado;
reformado, ou civil;
i) por militar durante o período de manobras ou d) em qualquer lugar, se comprometem ou podem
exercício, contra militar da reserva, ou reformado, ou comprometer a preparação, a eficiência ou as
assemelhado, ou civil; operações militares ou, de qualquer outra forma,
atentam contra a segurança externa do País ou
j) por militar em situação de atividade, ou podem expô-la a perigo;
assemelhado, contra o patrimônio sob a
administração militar, ou a ordem administrativa VIII - os crimes definidos na lei penal comum ou
militar; especial, embora não previstos neste Código, quando
praticados em zona de efetivas operações militares ou
em território estrangeiro, militarmente ocupado.
f) revogada.

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INFORMATIVO 626 – STF Art. 14. O defeito do ato de incorporação não exclui a
Quando os militares desconhecem a situação aplicação da lei penal militar, salvo se alegado ou
de militar do outro, não há crime militar. É conhecido antes da prática do crime.
importante que você saiba que a Art. 15. O tempo de guerra, para os efeitos da
jurisprudência do STM é no sentido inverso, aplicação da lei penal militar, começa com a
declaração ou o reconhecimento do estado de guerra,
ampliando a competência da Justiça Militar. ou com o decreto de mobilização se nele estiver
compreendido aquele reconhecimento; e termina
COMPLEMENTAÇÃO DE APLICAÇÃO PENAL MILITAR quando ordenada a cessação das hostilidades.
O art. 15 é estudado em conjunto com o art. 84 da
Art. 11. Os militares estrangeiros, quando em Constituição Federal, que trata dos detalhes acerca da
comissão ou estágio nas forças armadas, ficam autorização legislativa para a declaração de guerra.
sujeitos à lei penal militar brasileira, ressalvado o
disposto em tratados ou convenções internacionais. Art. 16. No cômputo dos prazos inclui-se o dia do
começo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo
Este é o tão conhecido intercâmbio entre organizações calendário comum.
militares de países aliados, pode parecer estranho à
primeira vista, mas é bem comum. Quando os militares Atenção! Não confunda a contagem do prazo penal com a
estrangeiros estiverem fazendo esses cursos no Brasil, técnica aplicada aos prazos processuais. Nestes exclui-se o
aplicar-se-á a eles a lei penal militar brasileira. dia do início, mas no prazo penal o dia do início está
incluído. Quando ao cômputo dos meses e anos, deve-se
Art. 12. O militar da reserva ou reformado, utilizar o calendário comum.
empregado na administração militar, equipara-se ao
militar em situação de atividade, para o efeito da Art. 17. As regras gerais deste Código aplicam-se aos
aplicação da lei penal militar. fatos incriminados por lei penal militar especial, se
esta não dispõe de modo diverso. Para os efeitos
O militar da reserva ou reformado, de certa forma, pode ser penais, salário mínimo é o maior mensal vigente no
equiparado ao civil. Isso ficou evidente quando estudamos país, ao tempo da sentença.
o art. 9° e vimos a competência da Justiça Militar em razão
da pessoa. A parte final do dispositivo é completamente inaplicável,
Os militares da reserva ou reformados somente se uma vez que não existe mais pena de multa no Direito
equiparam aos militares da ativa quando continuam Penal Militar.
trabalhando para a administração militar, nos termos do
art. 3°, §1°, a, III do Estatuto dos Militares (Lei n° Art. 18. Ficam sujeitos às disposições deste Código os
6.880/1980). crimes praticados em prejuízo de país em guerra
contra país inimigo do Brasil:
Lei n° 6.880/1980, §1°, a, III - os componentes da
reserva das Forças Armadas quando convocados, I - se o crime é praticado por brasileiro;
reincluídos, designados ou mobilizados. II - se o crime é praticado no território nacional, ou
em território estrangeiro, militarmente ocupado por
O art. 12 não se aplica aos militares da reserva e força brasileira, qualquer que seja o agente.
reformados que estejam executando tarefa certa por
tempo certo, conforme previsto no art. 3°, §1°, b, III do
Este artigo também é inaplicável, uma vez que o CPM adota
Estatuto dos Militares. Estes, portanto, não são equiparados
a territorialidade temperada e a extraterritorialidade
a militares.
incondicionada.
Art. 13. O militar da reserva, ou reformado, conserva
Art. 19. Este Código não compreende as infrações dos
as responsabilidades e prerrogativas do posto ou
regulamentos disciplinares.
graduação, para o efeito da aplicação da lei penal
militar, quando pratica ou contra ele é praticado crime Infração disciplinar não é conduta penal, mas sim ilícito
militar. administrativo. Um Exemplo disso é o código disciplinar de
alguns estados que trazem as figuras de algumas
O militar da reserva ou reformado só pratica crime militar transgressões.
nas hipóteses do art. 9°, III, e não nas situações previstas no É interessante também que você saiba que no Direito Penal
inciso II. Militar também não há contravenções penais.

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Art. 20. Aos crimes praticados em tempo de guerra, DO CRIME


salvo disposição especial, aplicam-se as penas
cominadas para o tempo de paz, com o aumento de Art. 29. O resultado de que depende a existência do
um terço. crime somente é imputável a quem lhe deu causa.
Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o
Art. 21. Considera-se assemelhado o servidor, efetivo resultado não teria ocorrido.
ou não, dos Ministérios da Marinha, do Exército ou da § 1º A superveniência de causa relativamente
Aeronáutica, submetido a preceito de disciplina independente exclui a imputação quando, por si só,
militar, em virtude de lei ou regulamento. produziu o resultado. Os fatos anteriores, imputam-
se, entretanto, a quem os praticou.
Você não precisa mais se preocupar com a figura do
assemelhado, pois não existe mais, porém o nosso CPM é § 2º A omissão é relevante como causa quando o
antigo, logo, você verá algumas citações sobre esta figura. omitente devia e podia agir para evitar o resultado.
O dever de agir incumbe a quem tenha por lei
Art. 22. É considerada militar, para efeito da aplicação obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; a
deste Código, qualquer pessoa que, em tempo de paz quem, de outra forma, assumiu a responsabilidade
ou de guerra, seja incorporada às forças armadas, de impedir o resultado; e a quem, com seu
para nelas servir em posto, graduação, ou sujeição à comportamento anterior, criou o risco de sua
disciplina militar. superveniência.
Art. 23. Equipara-se ao comandante, para o efeito da
aplicação da lei penal militar, toda autoridade com RELAÇÃO DE CAUSALIDADE
função de direção.
 Teoria da equivalência dos antecedentes (teoria da
Art. 24. O militar que, em virtude da função, exerce conditio sine qua non) causa será todo fato humano
autoridade sobre outro de igual posto ou graduação, sem o qual o resultado não teria ocorrido. Se formos
considera-se superior, para efeito da aplicação da lei analisar, é como se o CPM tivesse adotado esta teoria,
penal militar. por força da parte final do caput do art. 29.
Porém existe algo preocupante em relação a esta
Art. 25. Diz-se crime praticado em presença do teoria, pois a forma como é feito os estudos impõe que
inimigo, quando o fato ocorre em zona de efetivas você vá retirando do fato possíveis causas e verifique se
operações militares, ou na iminência ou em situação o crime ainda ocorreria, e aí a identificação de causas
de hostilidade. nunca acabar, nunca chega ao fim.

Art. 26. Quando a lei penal militar se refere a A teoria da imputação objetiva se contrapõe à equivalência
"brasileiro" ou "nacional", compreende as pessoas dos antecedentes, dizendo que apenas haverá a relação de
enumeradas como brasileiros na Constituição do causalidade quando o sujeito tiver agido de forma a assumir
Brasil. o risco de produzir o resultado.

Parágrafo único. Para os efeitos da lei penal militar, De acordo com a teoria da causalidade adequada, causa é
são considerados estrangeiros os apátridas e os o antecedente mais adequado, ou mais eficaz, para a
brasileiros que perderam a nacionalidade. produção do resultado. Não basta qualquer conduta sem a
qual o resultado não teria ocorrido. A causa é o
Art. 27. Quando este Código se refere a funcionários, antecedente mais provável.
compreende, para efeito da sua aplicação, os juízes, os
representantes do Ministério Público, os funcionários e Concausa é a convergência de uma determinada conduta a
auxiliares da Justiça Militar. uma causa inicial, contribuindo para a consecução do
resultado. Essas causas podem ser dependentes,
Art. 28. Os crimes contra a segurança externa do país absolutamente independentes ou relativamente
ou contra as instituições militares, definidos neste independentes da conduta do agente.
Código, excluem os da mesma natureza definidos em As causas dependentes estão previstas no caput do art. 29:
outras leis. uma pessoa amarrou a vítima, e outra disparou a arma de
fogo. Todos os agentes responderão pela mesma conduta,
pois as causas são dependentes. Sem as duas não teria
ocorrido o crime.
Dizemos que uma causa é absolutamente independente de
outra quando ela não se origina da conduta do agente. É
caso da pessoa que ingere veneno e posteriormente é

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alvejada por disparo de arma de fogo, vindo a falecer em o início da execução e a consumação. Esta é a teoria
razão do envenenamento. Estas causas podem ser objetiva.
preexistentes, concomitantes ou supervenientes, e rompem
Se a pessoa estava apenas iniciando a sua conduta, o juiz
o nexo causal. O agente, portanto, apenas responderá pelo
pode aplicar a diminuição no seu grau máximo, mas se a
resultado ao qual de causa.
pessoa já estava “quase terminando”, a pena não deve ser
Nas causas relativamente independentes, a que mais nos tão diminuída assim.
interessa é a superveniente. No caso da superveniência,
Há também no parágrafo único uma manifestação da teoria
para saber se o agente responderá pelo resultado, é
subjetiva, pois o juiz pode, considerando a gravidade da
necessário saber se a causa relativamente independente é
conduta, aplicar à tentativa a pena do crime consumado.
suficiente para produzir, por si só, o resultado.
Jorge César de Assis entende que essa regra perdeu
Imagine, por exemplo, que uma pessoa é alvejada por totalmente sua eficácia, não sendo mais aplicável hoje,
disparo de arma de fogo e é socorrida em ambulância. No apesar de o dispositivo nunca ter sido declarado
trajeto até o hospital, o veículo bate num muro, levando a inconstitucional e nem revogado.
vítima a óbito. Neste caso, estamos diante de uma causa
relativamente independente da conduta do agente.
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ
De acordo com o §1º, diante de uma causa relativamente
Art. 31. O agente que, voluntariamente, desiste de
independente o agente apenas responderá pela conduta
prosseguir na execução ou impede que o resultado se
adotada até a superveniência. No nosso exemplo o agente
produza, só responde pelos atos já praticados.
responderia por tentativa de homicídio. Esta é uma
manifestação da teoria da causalidade adequada.
A desistência voluntária ocorre quando o agente desiste de
Se a causa relativamente independente não produziu por si
prosseguir com a execução. Aquele que impede que o
só o resultado, será aplicável a teoria da equivalência dos
resultado seja produzido pratica o arrependimento eficaz.
antecedentes causais, de acordo com o caput do art. 29.
Cuidado para não confundir estes dois institutos com a
tentativa, que ocorre quando o agente não consegue atingir
Art. 30. Diz-se o crime: o resultado por circunstâncias alheias à sua vontade.
CRIME CONSUMADO Na parte geral do CPM não existe a figura do
arrependimento posterior. Na parte especial há alguns
I - consumado, quando nele se reúnem todos os
dispositivos que preveem o arrependimento posterior de
elementos de sua definição legal;
forma específica, a exemplo do crime de furto (art. 240 do
CPM).
TENTATIVA Bagatela não se aplica no Direito Penal Militar.
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se
consuma por circunstâncias alheias à vontade do CRIME IMPOSSÍVEL
agente.
Art. 32. Quando, por ineficácia absoluta do meio
empregado ou por absoluta impropriedade do
objeto, é impossível consumar-se o crime, nenhuma
PENA DE TENTATIVA
pena é aplicável.
Parágrafo único. Pune-se a tentativa com a pena
correspondente ao crime, diminuída de um a dois
A ineficácia absoluta do meio ocorre, por exemplo, quando
terços, podendo o juiz, no caso de excepcional
uma pessoa tenta cometer homicídio utilizando arma de
gravidade, aplicar a pena do crime consumado.
brinquedo, ou “simulacro”. A absoluta impropriedade do
objeto ocorre quando uma pessoa utiliza arma de fogo para
atirar em alguém que já está morto, por exemplo, existência
As regras quanto ao crime consumado e à tentativa são as
da modalidade culposa.
mesmas do CP. Quero chamar sua atenção para o parágrafo
único, que trata da pena aplicável em caso de crime
tentado. NENHUMA PENA SEM CULPABILIDADE
A redução da pena em razão da sua não consumação deve Art. 34. Pelos resultados que agravam especialmente
ser, em regra, operada em função da extensão do iter as penas só responde o agente quando os houver
criminis, ou seja, do caminho percorrido pelo agente entre causado, pelo menos, culposamente.

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ERRO DE DIREITO ESTADO DE NECESSIDADE, COM EXCLUDENTE DE


CULPABILIDADE
Art. 35. A pena pode ser atenuada ou substituída por
outra menos grave quando o agente, salvo em se Art. 39. Não é igualmente culpado quem, para
tratando de crime que atente contra o dever militar, proteger direito próprio ou de pessoa a quem está
supõe lícito o fato, por ignorância ou erro de ligado por estreitas relações de parentesco ou
interpretação da lei, se escusáveis. afeição, contra perigo certo e atual, que não
provocou, nem podia de outro modo evitar, sacrifica
direito alheio, ainda quando superior ao direito
ERRO DE FATO protegido, desde que não lhe era razoavelmente
exigível conduta diversa.
Art. 36. É isento de pena quem, ao praticar o crime,
supõe, por erro plenamente escusável, a inexistência
de circunstância de fato que o constitui ou a
EXCESSO CULPOSO
existência de situação de fato que tornaria a ação
legítima. Art. 45. O agente que, em qualquer dos casos de
exclusão de crime, excede culposamente os limites da
necessidade, responde pelo fato, se este é punível, a
ERRO CULPOSO título de culpa.
§1º Se o erro deriva de culpa, a este título responde o
agente, se o fato é punível como crime culposo.
EXCESSO ESCUSÁVEL
Parágrafo único. Não é punível o excesso quando
ERRO PROVOCADO resulta de escusável surpresa ou perturbação de
ânimo, em face da situação.
§2º Se o erro é provocado por terceiro, responderá
este pelo crime, a título de dolo ou culpa, conforme o
caso.
ATENUAÇÃO DA PENA
Art. 41. Nos casos do art. 38, letras a e b , se era
ERRO SOBRE A PESSOA possível resistir à coação, ou se a ordem não era
manifestamente ilegal; ou, no caso do art. 39, se era
Art. 37. Quando o agente, por erro de percepção ou
razoavelmente exigível o sacrifício do direito
no uso dos meios de execução, ou outro acidente,
ameaçado, o juiz, tendo em vista as condições
atinge uma pessoa em vez de outra, responde como
pessoais do réu, pode atenuar a pena.
se tivesse praticado o crime contra aquela que
realmente pretendia atingir. Devem ter-se em conta As hipóteses do art. 38 são exatamente a coação e a
não as condições e qualidades da vítima, mas as da obediência hierárquica. O art. 39 trata do estado de defesa
outra pessoa, para configuração, qualificação ou exculpante.
exclusão do crime, e agravação ou atenuação da
Art. 42. Não há crime quando o agente pratica o
pena.
fato:
I - em estado de necessidade;
ERRO QUANTO AO BEM JURÍDICO
II - em legítima defesa;
§1º Se, por erro ou outro acidente na execução, é
III - em estrito cumprimento do dever legal;
atingido bem jurídico diverso do visado pelo agente,
responde este por culpa, se o fato é previsto como IV - em exercício regular de direito.
crime culposo.

Parágrafo único. Não há igualmente crime quando o


DUPLICIDADE DO RESULTADO comandante de navio, aeronave ou praça de guerra,
na iminência de perigo ou grave calamidade,
§2º Se, no caso do artigo, é também atingida a
compele os subalternos, por meios violentos, a
pessoa visada, ou, no caso do parágrafo anterior,
executar serviços e manobras urgentes, para salvar a
ocorre ainda o resultado pretendido, aplica-se a
unidade ou vidas, ou evitar o desânimo, o terror, a
regra do art. 79.
desordem, a rendição, a revolta ou o saque.

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LEGÍTIMA DEFESA ERROS


Art. 44. Entende-se em legítima defesa quem, usando ERRO DE DIREITO:
moderadamente dos meios necessários, repele
A pena pode ser atenuada ou substituída por outra menos
injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou
grave quando o agente, salvo em se tratando de crime que
de outrem.
atente contra o dever militar, supõe lícito o fato, por
ignorância ou erro de interpretação da lei, se escusáveis.
EXCESSO CULPOSO
Art. 45. O agente que, em qualquer dos casos de
ERRO DE FATO:
exclusão de crime, excede culposamente os limites da
necessidade, responde pelo fato, se êste é punível, a É isento de pena quem, ao praticar o crime, supõe, por erro
título de culpa. plenamente escusável, a inexistência de circunstância de
fato que o constitui ou a existência de situação de fato que
tornaria a ação legítima.
EXCESSO ESCUSÁVEL
Parágrafo único. Não é punível o excesso quando
resulta de escusável surpresa ou perturbação de ERRO CULPOSO:
ânimo, em face da situação.
Se o erro deriva de culpa, a este título responde o agente,
se o fato é punível como crime culposo.
EXCESSO DOLOSO
Art. 46. O juiz pode atenuar a pena ainda quando
ERRO PROVOCADO:
punível o fato por excesso doloso.
Se o erro é provocado por terceiro, responderá este pelo
crime, a título de dolo ou culpa, conforme o caso.
ELEMENTOS NÃO CONSTITUTIVOS DO CRIME
Art. 47. Deixam de ser elementos constitutivos do
crime: ERRO SOBRE A PESSOA:
I - a qualidade de superior ou a de inferior, quando Quando o agente, por erro de percepção ou no uso dos
não conhecida do agente; meios de execução, ou outro acidente, atinge uma pessoa
em vez de outra, responde como se tivesse praticado o
II - a qualidade de superior ou a de inferior, a de
crime contra aquela que realmente pretendia atingir.
oficial de dia, de serviço ou de quarto, ou a de
Devem ter-se em conta não as condições e qualidades da
sentinela, vigia, ou plantão, quando a ação é
vítima, mas as da outra pessoa, para configuração,
praticada em repulsa a agressão.
qualificação ou exclusão do crime, e agravação ou
atenuação da pena.
CULPABILIDADE
 Doloso, quando o agente quis o resultado ou
ERRO QUANTO AO BEM JURÍDICO:
assumiu o risco de produzi-lo;
 Culposo, quando o agente, deixando de empregar Se, por erro ou outro acidente na execução, é atingido bem
a cautela, atenção, ou diligência ordinária, ou jurídico diverso do visado pelo agente, responde este por
especial, a que estava obrigado em face das culpa, se o fato é previsto como crime culposo.
circunstâncias, não prevê o resultado que podia Duplicidade do resultado se, no caso acima é também
prever ou, prevendo-o, supõe levianamente que atingida a pessoa visada, ou, no caso do parágrafo anterior,
não se realizaria ou que poderia evitá-lo. ocorre ainda o resultado pretendido, aplica-se a regra do
art. 79.
EXCEPCIONALIDADE DO CRIME CULPOSO:

Não é culpado quem comete o crime:


BIZU MONSTRUOSO  Salvo os casos expressos em lei,
ninguém pode ser punido por fato previsto como crime,  Coação irresistível: Sob coação irresistível ou que lhe
senão quando o pratica dolosamente. suprima a faculdade de agir segundo a própria vontade;
 Obediência hierárquica: Em estrita obediência a ordem
Pelos resultados que agravam especialmente as penas só direta de superior hierárquico, em matéria de serviços.
responde o agente quando os houver causado, pelo menos,
culposamente.

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BIZU MONSTRUOSO  Responde pelo crime o autor da que o mal causado, por sua natureza e importância, é
coação ou da ordem. consideravelmente inferior ao mal evitado, e o agente não
era legalmente obrigado a arrostar o perigo.
Se a ordem do superior tem por objeto a prática de ato
manifestamente criminoso, ou há excesso nos atos ou na
forma da execução, é punível também o inferior.
LEGÍTIMA DEFESA
Entende-se em legítima defesa quem, usando
ESTADO DE NECESSIDADE, COM EXCLUDENTE DE moderadamente dos meios necessários, repele injusta
CULPABILIDADE agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
Não é igualmente culpado quem, para proteger direito
próprio ou de pessoa a quem está ligado por estreitas
EXCESSO CULPOSO
relações de parentesco ou afeição, contra perigo certo e
atual, que não provocou, nem podia de outro modo evitar, O agente que, em qualquer dos casos de exclusão de crime,
sacrifica direito alheio, ainda quando superior ao direito excede culposamente os limites da necessidade, responde
protegido, desde que não lhe era razoavelmente exigível pelo fato, se este é punível, a título de culpa.
conduta diversa.

EXCESSO ESCUSÁVEL
COAÇÃO FÍSICA OU MATERIAL:
Não é punível o excesso quando resulta de escusável
Nos crimes em que há violação do dever militar, o agente surpresa ou perturbação de ânimo, em face da situação.
não pode invocar coação irresistível senão quando física ou
material.
EXCESSO DOLOSO
O juiz pode atenuar a pena ainda quando punível o fato por
ATENUAÇÃO DE PENA:
excesso doloso.
Nos casos do art. 38, letras a e b, se era possível resistir à
coação, ou se a ordem não era manifestamente ilegal; ou,
no caso do art. 39, se era razoavelmente exigível o sacrifício ELEMENTOS NÃO CONSTITUTIVOS DO CRIME
do direito ameaçado, o juiz, tendo em vista as condições
Deixam de ser elementos constitutivos do crime:
pessoais do réu, pode atenuar a pena.
1) a qualidade de superior ou a de inferior, quando não
conhecida do agente;
EXCLUSÃO DE CRIME
2) a qualidade de superior ou a de inferior, a de oficial de
Não há crime quando o agente pratica o fato: dia, de serviço ou de quarto, ou a de sentinela, vigia, ou
plantão, quando a ação é praticada em repulsa a agressão.
1) em estado de necessidade;
2) em legítima defesa;
ESTADO DE NECESSIDADE NO CPM
3) em estrito cumprimento do dever legal; Teoria Diferenciadora (alemã)
4) em exercício regular de direito.
Exculpante (art. 39) Justificante (art. 42, I e
43)
Não há igualmente crime quando o comandante de navio,
Exclui a culpabilidade Exclui o crime
aeronave ou praça de guerra, na iminência de perigo ou
grave calamidade, compele os subalternos, por meios Direito próprio ou de pessoa Direito próprio ou alheio
violentos, a executar serviços e manobras urgentes, para ligada por laços de parentesco
salvar a unidade ou vidas, ou evitar o desânimo, o terror, a ou afeição
desordem, a rendição, a revolta ou o saque.
Contra perigo certo e atual que Idêntico!
não provocou nem poderia
ESTADO DE NECESSIDADE, COMO EXCLUDENTE DO CRIME evitar
Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato
Direito alheio igual ou superior Direito alheio é inferior
para preservar direito seu ou alheio, de perigo certo e atual,
ao direito defendido ao direito defendido
que não provocou, nem podia de outro modo evitar, desde

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DA IMPUTABILIDADE PENAL MILITAR EQUIPARAÇÃO A MAIORES


Art. 51. Equiparam-se aos maiores de dezoito
anos, ainda que não tenham atingido essa
INIMPUTÁVEIS
idade: a) os militares;
Art. 48. Não é imputável quem, no momento da ação
b) os convocados, os que se apresentam à
ou da omissão, não possui a capacidade de entender
incorporação e os que, dispensados
o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
temporariamente desta, deixam de se
acordo com esse entendimento, em virtude de
apresentar, decorrido o prazo de licenciamento;
doença mental, de desenvolvimento mental
incompleto ou retardado. c) os alunos de colégios ou outros estabelecimentos
de ensino, sob direção e disciplina militares, que
já tenham completado dezessete anos.
REDUÇÃO FACULTATIVA DA PENA
Parágrafo único. Se a doença ou a deficiência mental
Este dispositivo também não foi recepcionado pela
não suprime, mas diminui consideravelmente a
Constituição. Não há regra constitucional que estabeleça a
capacidade de entendimento da ilicitude do fato ou a
maioridade para os convocados e nem para os alunos das
de autodeterminação, não fica excluída a
escolas militares.
imputabilidade, mas a pena pode ser atenuada, sem
prejuízo do disposto no art. 113. Apenas uma observação acerca dos estabelecimentos de
ensino. As forças armadas mantêm diversas escolas, entre
elas os famosos colégios militares. Há, entretanto, escolas
EMBRIAGUEZ que tem a função específica de preparar jovens para a
carreira militar, a exemplo da Escola Preparatória de
Art. 49. Não é igualmente imputável o agente que,
Cadetes do Exército (ESPCex), Escola Preparatória de
por embriaguez completa proveniente de caso
Cadetes do Ar (EPCar), e o Colégio Naval.
fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da
omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter Art. 52. Os menores de dezesseis anos, bem como os
criminoso do fato ou de determinar-se de acordo com menores de dezoito e maiores de dezesseis
esse entendimento. inimputáveis, ficam sujeitos às medidas educativas,
curativas ou disciplinares determinadas em
Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de um a
legislação especial.
dois terços, se o agente por embriaguez proveniente
de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao
tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de
APROFUNDAMENTO
entender o caráter criminoso do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento. Não é imputável quem, no momento da ação ou da
omissão, não possui a capacidade de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
MENORES entendimento, em virtude de doença mental, de
desenvolvimento mental incompleto ou retardado.
Art. 50. O menor de dezoito anos é inimputável, salvo
se, já tendo completado dezesseis anos, revela
suficiente desenvolvimento psíquico para entender o
REDUÇÃO FACULTATIVA DA PENA:
caráter ilícito do fato e determinar-se de acordo com
este entendimento. Neste caso, a pena aplicável é Se a doença ou a deficiência mental não suprime, mas
diminuída de um terço até a metade. diminui consideravelmente a capacidade de entendimento
da ilicitude do fato ou a de autodeterminação, não fica
excluída a imputabilidade, mas a pena pode ser atenuada,
Podemos ver que este dispositivo não foi inteiramente sem prejuízo do disposto no art. 113.
recepcionado pela Constituição Federal de 1988. A regra
geral é de que o menor de dezoito anos seja inimputável,
mas o CPM abria a possibilidade de o menor entre dezesseis EMBRIAGUEZ:
e dezoito anos poderia ser considerado imputável em razão
Não é igualmente imputável o agente que, por embriaguez
de perícia médica.
completa proveniente de caso fortuito ou força maior, era,
Esta era mais uma manifestação do critério biopsicológico, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
e a regra era de que haveria diminuição de pena se entender o caráter criminoso do fato ou de determinar-se
houvesse suficiente desenvolvimento psíquico. de acordo com esse entendimento.

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A embriaguez voluntária (não acidental) não isenta o EQUIPARAÇÃO A MAIORES:


agente de responsabilidade sobre a conduta, pois ele fez a
Equiparam-se aos maiores de dezoito anos, ainda que não
opção de embriagar-se. Na realidade, em alguns casos a
tenham atingido essa idade:
embriaguez voluntária é até elementar do tipo, como no
caso da “lei seca” por exemplo. 1) os militares;
É possível também que haja a embriaguez patológica, 2) os convocados, os que se apresentam à incorporação e
decorrente do alcoolismo, que é tratada pela Doutrina os que, dispensados temporariamente desta, deixam de se
como doença, e por isso pode conduzir o agente à apresentar, decorrido o prazo de licenciamento;
inimputabilidade, nos termos do art. 48 do CPM e do art.
3) os alunos de colégios ou outros estabelecimentos de
159 do CPPM.
ensino, sob direção e disciplina militares, que já tenham
Já a embriaguez habitual é tratada pelo Direito Penal completado dezessete anos.
comum como uma contravenção penal, e não um crime.
O CPM, por outro lado, tipifica a conduta de o militar
apresentar-se para o serviço embriagado (art. 202). DICA: Os menores de dezesseis anos, bem como os
menores de dezoito e maiores de dezesseis inimputáveis,
A embriaguez preordenada é a situação em que o agente
ficam sujeitos às medidas educativas, curativas ou
decide embriagar-se para “tomar coragem” de cometer o
disciplinares determinadas em legislação especial.
crime. Nesta situação a embriaguez se torna um agravante.
A espécie do art. 49 é a embriaguez acidental, ou seja, é
resultado de caso fortuito ou força maior. Não é necessário,
TEORIA PLURALISTA Haverá tantos crimes quantos
para a sua prova, diferenciar essas duas situações. O
forem os agentes.
importante é que você saiba que este tipo de embriaguez
pode levar o agente à inimputabilidade, se impedir que o TEORIA DUALISTA Há dois crimes: um cometido pelos
agente tenha o discernimento necessário para coautores, e outro cometido pelos
compreender sua própria conduta. partícipes
Um bom exemplo é o de um militar que, tendo sido ferido
em serviço, na fala de medicamentos adequados é TEORIA MONISTA Há apenas um crime, por mais que
anestesiado por meio da ingestão de grandes quantidades (UNITÁRIA) dele participem várias pessoas.
de bebida alcoólica.
O parágrafo único traz mais uma situação de semi- CONCURSO DE AGENTES
imputabilidade, a ser aplicável quando o agente, por força
de embriaguez acidental, não estava em sua plena
capacidade mas tinha alguma compreensão do fato.
Interessante que aqui não se aplica a regra do art. 73, pois o COAUTORIA
próprio parágrafo único determina os limites de redução. Art. 53. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime
incide nas penas a este cominadas.

BIZU MONSTRUOSO
CONDIÇÕES OU CIRCUNSTÂNCIAS PESSOAIS
A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se § 1º A punibilidade de qualquer dos concorrentes é
o agente por embriaguez proveniente de caso independente da dos outros, determinando-se
fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da segundo a sua própria culpabilidade. Não se
ação ou da omissão, a plena capacidade de comunicam, outrossim, as condições ou
entender o caráter criminoso do fato ou de circunstâncias de caráter pessoal, salvo quando
determinar-se de acordo com esse entendimento. elementares do crime.

MENORES:
AGRAVAÇÃO DE PENA
O menor de dezoito anos é inimputável, salvo se, já tendo
completado dezesseis anos, revela suficiente § 2° A pena é agravada em relação ao agente que:
desenvolvimento psíquico para entender o caráter ilícito do I - promove ou organiza a cooperação no crime ou
fato e determinar- se de acordo com este entendimento. dirige a atividade dos demais agentes;
Neste caso, a pena aplicável é diminuída de um terço até a
metade. II - coage outrem à execução material do crime;

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III - instiga ou determina a cometer o crime alguém


sujeito à sua autoridade, ou não punível em BIZU MONSTRUOSO
virtude de condição ou qualidade pessoal; A punibilidade de qualquer dos concorrentes é
independente da dos outros, determinando-se
IV - executa o crime, ou nele participa, mediante segundo a sua própria culpabilidade. Não se
paga ou promessa de recompensa. comunicam, outrossim, as condições ou
circunstâncias de caráter pessoal, salvo quando
elementares do crime.
ATENUAÇÃO DA PENA
§3º A pena é atenuada com relação ao agente, cuja AGRAVAÇÃO DE PENA:
participação no crime é de somenos importância.
A pena é agravada em relação ao agente que:
 promove ou organiza a cooperação no crime ou dirige a
CABEÇAS atividade dos demais agentes;
 coage outrem à execução material do crime;
§4º Na prática de crime de autoria coletiva
necessária, reputam-se cabeças os que dirigem,  instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito
provocam, instigam ou excitam a ação. à sua autoridade, ou não punível em virtude de
condição ou qualidade pessoal;
§5º Quando o crime é cometido por inferiores e um  executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou
ou mais oficiais, são estes considerados cabeças, promessa de recompensa.
assim como os inferiores que exercem função de
oficial.
ATENUAÇÃO DE PENA:

Esta regra é campeã de prova! Ela é própria do CPM, que A pena é atenuada com relação ao agente, cuja participação
relaciona os cabeças com os crimes de concurso de pessoas no crime é de somenos importância.
necessário, ou seja, aqueles que não podem ser praticados
por apenas uma pessoa, a exemplo do crime de motim.
CABEÇAS
Os cabeças são aqueles que coordenam, promovem,
organizam a ação. Os cabeças em geral são pessoas que têm Na prática de crime de autoria coletiva necessária,
algum poder de decisão, e por essa razão, quando estamos reputam-se cabeças os que dirigem, provocam, instigam ou
diante de um crime perpetrado por oficiais e praças, os excitam a ação.
oficiais serão considerados os cabeças. Quando o crime é cometido por inferiores e um ou mais
oficiais, são estes considerados cabeças, assim como os
inferiores que exercem função de oficial.
CASOS DE INIMPUNIBILIDADE
Art. 54. O ajuste, a determinação ou instigação e o
auxílio, salvo disposição em contrário, não são CASOS DE IMPUNIBILIDADE:
puníveis se o crime não chega, pelo menos, a ser O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo
tentado. disposição em contrário, não são puníveis se o crime não
chega, pelo menos, a ser tentado.

Este é o princípio da acessoriedade da participação. A


participação em crime só pode ser punida se a autoria DAS PENAS
também for punida. Lembre-se de que, para que haja
punição pela tentativa, é necessário que o agente pratique O Código Penal Militar divide as penas em principais e
a conduta, mas não atinja a finalidade pretendida por acessórias. As principais são aquelas cominadas a
razões alheias à sua vontade. determinado crime, e as acessórias são aquelas que
eventualmente podem ser cumuladas.
Art. 55. As penas principais são:
COAUTORIA
a) morte;
Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas
penas a este cominadas. b) reclusão;
c) detenção;
d) prisão;

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e) impedimento; Parágrafo único. Se a pena é imposta em zona de


operações de guerra, pode ser imediatamente
f) suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou
executada, quando o exigir o interesse da ordem e
função;
da disciplina militares.
g) reforma.
A regra geral é de que, uma vez transitada em julgado a
A primeira e mais importante das penas previstas pelo CPM condenação à pena de morte, o Presidente da República
é a pena de morte. O art. 5°, XLVII, a, determina que não deve ser imediatamente comunicado. A execução apenas
haverá pena de morte, salvo em caso de guerra declarada. pode ocorrer sete dias após a comunicação.
O art. 84, XIX, da Constituição, apenas permite a declaração
Este período é concedido ao Presidente para decidir acerca
de guerra para fins de defesa contra agressão estrangeira.
da concessão de indulto ou da comutação da pena, nos
O CPM, portanto, comina a pena de morte para alguns termos da Constituição (art. 21, XII).
crimes praticados em tempo de guerra. A deserção, por
Há exceção, entretanto, quando a condenação ocorrer em
exemplo, assume durante a guerra enormes proporções, e
zona de operações de guerra. Neste caso, a pena pode ser
o criminoso pode ser condenado à pena de morte.
executada de imediato, se a ordem e a disciplina militares
No Direito Penal Militar não há distinção significativa entre assim o exigirem.
as penas de reclusão e detenção. Podemos dizer, contudo,
que há uma pequena diferença formal: a reclusão tem um
PENA DE ATÉ DOIS ANOS IMPOSTA A MILITAR
período mínimo de 1 ano e um máximo de 30 anos,
enquanto a detenção tem um mínimo de 30 dias e um
máximo de 10 anos. Art. 59 - A pena de reclusão ou de detenção até 2
(dois) anos, aplicada a militar, é convertida em pena
A pena de prisão é aquela em que, se o criminoso for oficial, de prisão e cumprida, quando não cabível a
permanece em estabelecimento militar; e, se praça, em suspensão condicional: (Redação dada pela Lei nº
estabelecimento penal militar. 6.544, de 30.6.1978)
O impedimento é a pena prevista para o crime de I - pelo oficial, em recinto de estabelecimento
insubmissão. O criminoso permanece restrito à organização militar;
militar (menagem), participando normalmente das
instruções militares (art. 63). A Doutrina diz que esta pena II - pela praça, em estabelecimento penal militar,
tem “nítido caráter ressocializador e educativo”. onde ficará separada de presos que estejam
cumprindo pena disciplinar ou pena privativa de
A suspensão do exercício do posto é aplicável ao oficial que liberdade por tempo superior a dois anos.
pratica comércio (art. 204).
A Doutrina entende que a previsão da pena de reforma não
foi recepcionada pela Constituição, pois esta não permite SEPARAÇÃO DE PRAÇAS ESPECIAIS E GRADUADAS
penas de caráter perpétuo.
Parágrafo único. Para efeito de separação, no
PENA DE MORTE cumprimento da pena de prisão, atender-se-á,
também, à condição das praças especiais e à das
graduadas, ou não; e, dentre as graduadas, à das que
Art. 56. A pena de morte é executada por tenham graduação especial.
fuzilamento.

Os detalhes acerca da execução da pena de morte estão no Quando for aplicada pena de reclusão ou detenção de até 2
art. 707 e seguintes do Código de Processo Penal Militar. Há anos, pode haver suspensão condicional da pena (sursis).
vários detalhes, incluindo a vestimenta dos condenados, o Apenas quando não for possível esta alternativa a pena
apoio espiritual, etc. pode ser convertida em prisão.
Caso o condenado seja oficial, ele ficará recluso ao
COMUNICAÇÃO estabelecimento militar, mas lá poderá circular livremente.
Se o condenado for praça, permanecerá em
Art. 57. A sentença definitiva de condenação à morte estabelecimento penal militar, mas ficará separada de
é comunicada, logo que passe em julgado, ao presos que estejam cumprindo penalidade disciplinar ou
Presidente da República, e não pode ser executada pena privativa de liberdade superior a 2 anos.
senão depois de sete dias após a comunicação.

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Quanto à separação das praças, esta determinação segue o


princípio da hierarquia. As praças graduadas são o soldado, O militar condenado a pena superior a 2 anos deve
o cabo, o sargento e o subtenente. As praças especiais são cumpri-la em penitenciária militar. Se não for possível,
os cadetes (alunos das academias militares) e os aspirantes- deve cumpri-la em estabelecimento civil, ficando
a-oficial (recém-formados que ainda não são tenentes). sujeito à legislação comum quanto ao cumprimento da
pena. O civil em regra cumpre pena em
estabelecimento prisional civil, sujeitando-se ao regime
PENA SUPERIOR A DOIS ANOS, IMPOSTA A MILITAR comum quanto ao cumprimento da pena. Todavia,
poderá cumpri-la em penitenciária militar, caso
Art. 61 - A pena privativa da liberdade por mais de 2 pratique crime em tempo de guerra, e desde que a
(dois) anos, aplicada a militar, é cumprida em sentença assim o determine.
penitenciária militar e, na falta dessa, em
estabelecimento prisional civil, ficando o recluso ou
detento sujeito ao regime conforme a legislação PENA DE SUSPENSÃO DO EXERCÍCIO DO POSTO,
penal comum, de cujos benefícios e concessões, GRADUAÇÃO, CARGO OU FUNÇÃO
também, poderá gozar. (Redação dada pela Lei nº
Art. 64. A pena de suspensão do exercício do posto,
6.544, de 30.6.1978)
graduação, cargo ou função consiste na agregação,
no afastamento, no licenciamento ou na
disponibilidade do condenado, pelo tempo fixado na
Neste caso não é possível comutar a pena por prisão.
sentença, sem prejuízo do seu comparecimento
Apenas alguns estados têm penitenciárias militares, e por
regular à sede do serviço. Não será contado como
isso é muito comum que o militar condenado cumpra a
tempo de serviço, para qualquer efeito, o do
pena em estabelecimento civil. Neste caso o cumprimento
cumprimento da pena.
da pena é regulado pela Lei de Execução Penal.

CASO DE RESERVA, REFORMA OU APOSENTADORIA


PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE IMPOSTA A CIVIL
Parágrafo único. Se o condenado, quando proferida a
sentença, já estiver na reserva, ou reformado ou
aposentado, a pena prevista neste artigo será
Art. 62 - O civil cumpre a pena aplicada pela Justiça
convertida em pena de detenção, de três meses a
Militar, em estabelecimento prisional civil, ficando
um ano.
ele sujeito ao regime conforme a legislação penal
comum, de cujos benefícios e concessões, também,
poderá gozar. (Redação dada pela Lei nº 6.544, de SUPERVENIÊNCIA DE DOENÇA MENTAL
30.6.1978)
Art. 66. O condenado a que sobrevenha doença
mental deve ser recolhido a manicômio judiciário ou,
CUMPRIMENTO EM PENITENCIÁRIA MILITAR
na falta deste, a outro estabelecimento adequado,
onde lhe seja assegurada custódia e tratamento.
Parágrafo único - Por crime militar praticado em
tempo de guerra poderá o civil ficar sujeito a cumprir O condenado que sofra de doença mental superveniente
a pena, no todo ou em parte em penitenciária deve ser recolhido a manicômio judiciário ou outro
militar, se, em benefício da segurança nacional, estabelecimento adequado. O CPPM prevê, neste caso, a
assim o determinar a sentença. (Redação dada pela transferência do condenado do estabelecimento prisional
Lei nº 6.544, de 30.6.1978) para hospital psiquiátrico.

TEMPO COMPUTÁVEL
O civil condenado por crime militar cumpre a pena em
estabelecimento civil, e a ele se aplica a Lei de Execução
Penal. Caso o civil, entretanto, pratique crime militar em Art. 67. Computam-se na pena privativa de liberdade
tempo de guerra, poderá cumprir sua pena em o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no
penitenciária militar, mas neste caso a sentença precisa ser estrangeiro, e o de internação em hospital ou
específica. manicômio, bem como o excesso de tempo,
reconhecido em decisão judicial irrecorrível, no
cumprimento da pena, por outro crime, desde que a
decisão seja posterior ao crime de que se trata.

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Este é o dispositivo que autoriza a detração penal. O No Código Penal comum, a culpabilidade substitui a
período em que o criminoso esteve em prisão provisória ou intensidade do dolo e o grau de culpa, já que as teorias mais
internado deve ser considerado para fins de cumprimento modernas consideram os dois elementos em conjunto.
da pena definitiva.
Também pode ser contado o tempo de pena que o
CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES
condenado cumpriu em excesso, quando passou mais
tempo preso do que o devido. Obviamente esta hipótese
somente é aplicável quando a decisão que reconhecer o
Art. 70. São circunstâncias que sempre agravam a
excesso de tempo seja posterior ao novo crime, pois se
pena, quando não integrantes ou qualificativas do
assim não fosse o condenado ficaria com “crédito” perante
crime:
a Justiça Militar, e isso não é possível.
I - a reincidência;
II - ter o agente cometido o crime:
DA APLICAÇÃO DAS PENAS

a) por motivo fútil ou torpe;


FIXAÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE
b) para facilitar ou assegurar a execução, a
Art. 69. Para fixação da pena privativa de liberdade, o
ocultação, a impunidade ou vantagem de outro
juiz aprecia a gravidade do crime praticado e a
crime;
personalidade do réu, devendo ter em conta a
intensidade do dolo ou grau da culpa, a maior ou c) depois de embriagar-se, salvo se a embriaguez
menor extensão do dano ou perigo de dano, os decorre de caso fortuito, engano ou força maior;
meios empregados, o modo de execução, os motivos
d) à traição, de emboscada, com surpresa, ou
determinantes, as circunstâncias de tempo e lugar,
mediante outro recurso insidioso que dificultou
os antecedentes do réu e sua atitude de
ou tornou impossível a defesa da vítima;
insensibilidade, indiferença ou arrependimento após
o crime. e) com o emprego de veneno, asfixia, tortura, fogo,
explosivo, ou qualquer outro meio dissimulado
ou cruel, ou de que podia resultar perigo
DETERMINAÇÃO DA PENA comum;
§ 1º Se são cominadas penas alternativas, o juiz deve f) contra ascendente, descendente, irmão ou
determinar qual delas é aplicável. cônjuge;
g) com abuso de poder ou violação de dever
inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão;
LIMITES LEGAIS DA PENA
h) contra criança, velho ou enfermo;
i) quando o ofendido estava sob a imediata
§ 2º Salvo o disposto no art. 76, é fixada dentro dos
proteção da autoridade;
limites legais a quantidade da pena aplicável.
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, encalhe,
alagamento, inundação, ou qualquer calamidade
No Direito Penal comum, a questão da aplicação da pena pública, ou de desgraça particular do ofendido;
está praticamente pacificada, sustentando-se a aplicação
l) estando de serviço;
por um critério trifásico, com base nos arts. 59 e 68 do CP.
m) com emprego de arma, material ou instrumento
O Código Penal Militar, porém, não apresenta dispositivos
de serviço, para esse fim procurado;
claros para adoção do critério trifásico, mas o STF já adotou
a visão de que esse mesmo critério deve ser adotado na n) em auditório da Justiça Militar ou local onde
aplicação da pena para o crime militar (HC 92.116/RJ, tenha sede a sua administração;
julgado pela primeira vez em 25/9/2007).
o) em país estrangeiro.
Na fixação da pena base, o Juiz deve enumerar
Parágrafo único. As circunstâncias das letras c , salvo
fundamentadamente as circunstâncias previstas no art. 69
no caso de embriaguez preordenada, l , m e o , só
do CPM, que normalmente são chamadas de circunstâncias
agravam o crime quando praticado por militar.
judiciais.

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[...] CIRCUNSTÂNCIAS ATENUANTES que tenha sido imposta pena privativa de


liberdade;
Art. 72. São circunstâncias que sempre atenuam a
pena: II - não efetua, sem motivo justificado, a reparação
do dano;
I - ser o agente menor de vinte e um ou maior de
setenta anos; III - sendo militar, é punido por infração disciplinar
considerada grave.
II - ser meritório seu comportamento anterior;
Art. 88. A suspensão condicional da pena não se
III- ter o agente:
aplica:
a) cometido o crime por motivo de relevante valor
I - ao condenado por crime cometido em tempo de
social ou moral;
guerra; II - em tempo de paz:
b) procurado, por sua espontânea vontade e com
a) por crime contra a segurança nacional, de
eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou
aliciação e incitamento, de violência contra
minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do
superior, oficial de dia, de serviço ou de quarto,
julgamento, reparado o dano;
sentinela, vigia ou plantão, de desrespeito a
c) cometido o crime sob a influência de violenta superior, de insubordinação, ou de deserção;
emoção, provocada por ato injusto da vítima;
b) pelos crimes previstos nos arts. 160, 161, 162,
d) confessado espontaneamente, perante a 235, 291 e seu parágrafo único, ns. I a IV.
autoridade, a autoria do crime, ignorada ou
imputada a outrem;
LIVRAMENTO CONDICIONAL
e) sofrido tratamento com rigor não permitido em
lei. Não atendimento de atenuantes
Parágrafo único. Nos crimes em que a pena máxima Art. 89. O condenado a pena de reclusão ou de
cominada é de morte, ao juiz é facultado atender, ou detenção por tempo igual ou superior a dois anos
não, às circunstâncias atenuantes enumeradas no pode ser liberado condicionalmente, desde que:
artigo.
I - tenha cumprido:
As circunstâncias agravantes são condições genéricas que,
a) metade da pena, se primário;
se verificadas no caso julgado, agravarão a pena a ser
aplicada, desde que não constituam elemento integrante b) dois terços, se reincidente;
ou qualificador do próprio tipo penal.
II - tenha reparado, salvo impossibilidade de fazê-lo,
o dano causado pelo crime;
SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA III - sua boa conduta durante a execução da pena,
sua adaptação ao trabalho e às circunstâncias
atinentes a sua personalidade, ao meio social e à sua
Art. 84 - A execução da pena privativa da liberdade, vida pregressa permitem supor que não voltará a
não superior a 2 (dois) anos, pode ser suspensa, por delinquir.
2 (dois) anos a 6 (seis) anos, desde que:
I - o sentenciado não haja sofrido no País ou no
Art. 93. Revoga-se o livramento, se o liberado vem a
estrangeiro, condenação irrecorrível por outro crime
ser condenado, em sentença irrecorrível, a penal
a pena privativa da liberdade, salvo o disposto no 1º
privativa de liberdade:
do art. 71;
I - por infração penal cometida durante a vigência do
II - os seus antecedentes e personalidade, os motivos
benefício;
e as circunstâncias do crime, bem como sua conduta
posterior, autorizem a presunção de que não tornará II - por infração penal anterior, salvo se, tendo de ser
a delinquir. unificadas as penas, não fica prejudicado o requisito
do art. 89, nº I, letra a.
Art. 86. A suspensão é revogada se, no curso do
prazo, o beneficiário:
I - é condenado, por sentença irrecorrível, na
Justiça Militar ou na comum, em razão de crime,
ou de contravenção reveladora de má índole ou a

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DAS PENAS ACESSÓRIAS mediante sequestro, chantagem, estelionato, abuso de


pessoa, peculato, peculato mediante aproveitamento de
erro de outrem, falsificação de documento, falsidade
Art. 98. São penas acessórias: ideológica.
I - a perda de posto e patente; Como observação, chamo sua atenção também para o
advento da Lei Complementar nº 135, de 4 de junho de
II - a indignidade para o oficialato;
2010, conhecida como Lei Ficha Limpa. Esta lei trouxe
III - a incompatibilidade com o oficialato; tornou inelegível pelo período de oito anos aquele que for
declarado indigno do oficialato ou com ele incompatível.
IV - a exclusão das forças armadas;
V - a perda da função pública, ainda que eletiva;
INCOMPATIBILIDADE COM O OFICIALATO
VI - a inabilitação para o exercício de função pública;
Art. 101. Fica sujeito à declaração de
VII - a suspensão do pátrio poder, tutela ou curatela;
incompatibilidade com o oficialato o militar
VIII - a suspensão dos direitos políticos. condenado nos crimes dos arts. 141 e 142.

PERDA DE POSTO E PATENTE EXCLUSÃO DAS FORÇAS ARMADAS


Art. 102. A condenação da praça a pena privativa de
liberdade, por tempo superior a dois anos, importa
Art. 99. A perda de posto e patente resulta da
sua exclusão das forças armadas.
condenação a pena privativa de liberdade por tempo
superior a dois anos, e importa a perda das
condecorações.
PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA
Art. 103. Incorre na perda da função pública o
A condenação que resulta na perda do posto e da patente assemelhado ou o civil:
só pode decorrer de decisão de Tribunal Militar ou Civil, nos
I - condenado a pena privativa de liberdade por
termos do art. 142, §3º, VI, da Constituição. Além disso, o
crime cometido com abuso de poder ou violação
dispositivo constitucional é claro no sentido de que a perda
de dever inerente à função pública;
do posto e patente não é autônoma, decorrendo da
declaração de indignidade ou incompatibilidade para o II - condenado, por outro crime, a pena privativa de
oficialato. liberdade por mais de dois anos.
Para fins de interpretação deste dispositivo, “tribunal” deve Parágrafo único. O disposto no artigo aplica-se ao
ser entendido como órgão judiciário de segunda instância militar da reserva, ou reformado, se estiver no
ou de instância superior. A decisão da perda do posto e exercício de função pública de qualquer natureza.
patente não pode ser de juiz de primeiro grau, pois apenas
Esta pena acessória, nos termos do caput do art. 103, é
tribunais podem decidir pela indignidade ou
aplicável apenas ao civil que cometeu crime militar, já que a
incompatibilidade para o oficialato.
figura do assemelhando não mais existe em nosso
ordenamento.
INDIGNIDADE PARA O OFICIALATO O parágrafo único, por outro lado, permite que a perda da
função seja aplicada também ao militar da reserva ou
reformado que esteja exercendo função pública de
Art. 100. Fica sujeito à declaração de indignidade qualquer natureza.
para o oficialato o militar condenado, qualquer que
seja a pena, nos crimes de traição, espionagem ou
cobardia, ou em qualquer dos definidos nos arts. INABILITAÇÃO PARA O EXERCÍCIO DE FUNÇÃO PÚBLICA
161, 235, 240, 242, 243, 244, 245, 251, 252, 303,
Art. 104. Incorre na inabilitação para o exercício de
304, 311 e 312.
função pública, pelo prazo de dois até vinte anos, o
condenado a reclusão por mais de quatro anos, em
virtude de crime praticado com abuso de poder ou
Esta pena acessória decorre dos crimes de desrespeito a
violação do dever militar ou inerente à função
símbolo nacional, pederastia ou outro ato libidinoso, furto
pública.
simples, roubo simples, extorsão simples, extorsão

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TERMO INICIAL a) dos instrumentos do crime, desde que consistam


em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou
Parágrafo único. O prazo da inabilitação para o
detenção constitua fato ilícito;
exercício de função pública começa ao termo da
execução da pena privativa de liberdade ou da b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor
medida de segurança imposta em substituição, ou da que constitua proveito auferido pelo agente com a
data em que se extingue a referida pena. sua prática.
Estes são efeitos secundários ou extrapenais da
condenação. Os efeitos principais, obviamente,
SUSPENSÃO DO PÁTRIO PODER, TUTELA OU CURATELA
correspondem à imposição da pena cominada para o crime.
Art. 105. O condenado a pena privativa de liberdade
Os efeitos secundários previstos no art. 109 são de natureza
por mais de dois anos, seja qual for o crime
civil. Há ainda outros efeitos, de natureza penal, indicados
praticado, fica suspenso do exercício do pátrio
pela Doutrina e previstos em outros artigos, a exemplo da
poder, tutela ou curatela, enquanto dura a execução
indução à reincidência, dilação do prazo da prescrição da
da pena, ou da medida de segurança imposta em
pretensão executória, lançamento do nome do condenado
substituição (art. 113).
no rol dos culpados, etc.
A perda de bens em favor da Fazenda Nacional corresponde
SUSPENSÃO PROVISÓRIA a medida de confisco.
Parágrafo único. Durante o processo pode o juiz
decretar a suspensão provisória do exercício do
MEDIDAS DE SEGURANÇA
pátrio poder, tutela ou curatela.
Art. 110. As medidas de segurança são pessoais ou
patrimoniais. As da primeira espécie subdividem-se
SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS em detentivas e não detentivas. As detentivas são a
internação em manicômio judiciário e a internação
Art. 106. Durante a execução da pena privativa de
em estabelecimento psiquiátrico anexo ao
liberdade ou da medida de segurança imposta em
manicômio judiciário ou ao estabelecimento penal,
substituição, ou enquanto perdura a inabilitação
ou em seção especial de um ou de outro. As não
para função pública, o condenado não pode votar,
detentivas são a cassação de licença para direção de
nem ser votado.
veículos motorizados, o exílio local e a proibição de
frequentar determinados lugares. As patrimoniais
são a interdição de estabelecimento ou sede de
IMPOSIÇÃO DE PENA ACESSÓRIA
sociedade ou associação, e o confisco.
Art. 107. Salvo os casos dos arts. 99, 103, nº II, e 106,
Art. 111. As medidas de segurança somente podem
a imposição da pena acessória deve constar
ser impostas:
expressamente da sentença.
I - aos civis;
II - aos militares ou assemelhados, condenados a
DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO
pena privativa de liberdade por tempo superior a
dois anos, ou aos que de outro modo hajam
perdido função, posto e patente, ou hajam sido
OBRIGAÇÃO DE REPARAR O DANO
excluídos das forças armadas;
Art. 109. São efeitos da condenação:
III - aos militares ou assemelhados, no caso do art.
I - tornar certa a obrigação de reparar o dano 48;
resultante do crime;
IV - aos militares ou assemelhados, no caso do art.
115, com aplicação dos seus §§ 1º, 2º e 3º.
PERDA EM FAVOR DA FAZENDA NACIONAL As medidas de segurança pessoais não detentivas são a
cassação de licença para direção de veículos automotores
II - a perda, em favor da Fazenda Nacional,
por pelo menos 1 ano (quando o crime for cometido na
ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-
direção ou relacionado à direção de veículos), o exílio local
fé:
por pelo menos 1 ano (determinação para que o agente se
mude da localidade, município ou comarca onde ocorreu o

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crime), e a proibição de frequentar determinados lugares EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE


por pelo menos 1 ano.
CAUSAS EXTINTIVAS
As medidas de segurança patrimoniais, por sua vez, são a
Art. 123. Extingue-se a punibilidade:
interdição de estabelecimento ou sede de sociedade ou
associação por pelo menos 15 dias e no máximo 6 meses I - pela morte do agente;
(quando o estabelecimento serve como meio para a prática
II - pela anistia ou indulto;
do crime), e o confisco dos instrumentos ou produtos do
crime. III - pela retroatividade de lei que não mais
considera o fato como criminoso;
De acordo com Jorge Romeiro, o art. 276 do Código de
Processo Penal Militar menciona ainda a suspensão IV - pela prescrição;
provisória do pátrio poder (hoje poder familiar), tutela ou
V - pela reabilitação;
curatela como medidas de segurança provisória a serem
processadas no juízo civil. VI - pelo ressarcimento do dano, no peculato
culposo (art. 303, § 4º).
A morte do agente extingue qualquer possibilidade de
AÇÃO PENAL imposição de efeitos penais da sentença condenatória.
Entretanto, os efeitos extrapenais não desaparecem, sendo
inclusive possível que os efeitos de caráter civil, a exemplo
PROPOSITURA DA AÇÃO PENAL da obrigação de reparar o dano causado, alcancem o
Art. 121. A ação penal somente pode ser promovida patrimônio transferido aos herdeiros do falecido.
por denúncia do Ministério Público da Justiça A anistia é ato do Congresso Nacional que perdoa
Militar. determinados delitos. É interessante saber que ela não se
dirige a indivíduos, mas sim a todos que cometeram
Somente o Ministério Público, portanto, pode apresentar a determinado delito.
denúncia, nome dado à peça inicial da ação penal, que
contém a acusação feita ao suspeito de ter praticado crime O indulto é um ato de clemência do Poder Público. Pode ser
militar. concedido pelo Presidente da República, normalmente por
meio de decreto. Esta atribuição, contudo, pode ser
DEPENDÊNCIA DE REQUISIÇÃO delegada ao Procurador-Geral da República, ao Advogado-
Art. 122. Nos crimes previstos nos arts. 136 a 141, a Geral da União, ou a Ministro de Estado. O indulto também
ação penal, quando o agente for militar ou tem caráter coletivo: geralmente o decreto estabelece
assemelhado, depende da requisição do Ministério certas condições que, quando cumpridas, qualificam o
Militar a que aquele estiver subordinado; no caso do condenado para ter extinta sua punibilidade.
art. 141, quando o agente for civil e não houver A reabilitação criminal é um instituto jurídico por meio do
coautor militar, a requisição será do Ministério da qual o condenado pode ter restituído seu status quo ante,
Justiça. ou seja, sua situação antes da condenação. Os
antecedentes criminais e as anotações negativas são,
portanto, são retirados de sua ficha. A reabilitação pode ser
MODALIDADES DE AÇÃO PENAL MILITAR requerida após o transcurso de determinado prazo desde o
cumprimento da pena.
PÚBLICA O MP pode propor
INCONDICIONADA. livremente a ação penal,
denunciando o réu, se achar ESPÉCIES DE PRESCRIÇÃO
que há justa causa da
infração pena. Art. 124. A prescrição refere-se à ação penal ou à
execução da pena.
PÚBLICA CONDICIONADA O MP somente pode
A REQUISIÇÃO oferecer a denúncia se
houver REQUISIÇÃO desses PRESCRIÇÃO DA AÇÃO PENAL
DO COMANDO MILITAR A
órgãos. Art. 125. A prescrição da ação penal, salvo o disposto
QUE PERTENCE O AGENTE
OU DO MINISTRO DA no § 1º deste artigo, regula-se pelo máximo da pena
JUSTIÇA. privativa de liberdade cominada ao crime,
verificando-se:
I - em trinta anos, se a pena é de morte;

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II - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a processo penal que venha a ser instaurado contra o
doze; reabilitado.
III - em dezesseis anos, se o máximo da pena é A medida pode ser requerida quando decorrerem 5 anos
superior a oito e não excede a doze; desde a extinção da pena ou medida de segurança, ou ainda
desde a data em que se concluir o prazo de suspensão
IV - em doze anos, se o máximo da pena é superior a
condicional da pena ou de livramento condicional.
quatro e não excede a oito;
Para que possa requerer a reabilitação, o condenado
V - em oito anos, se o máximo da pena é superior a
precisa cumprir os seguintes requisitos:
dois e não excede a quatro;
a) Ter tido domicílio no país no prazo
VI - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a
referido;
um ano ou, sendo superior, não excede a dois; VII
- em dois anos, se o máximo da pena é inferior a b) Ter dado, durante esse tempo,
um ano. demonstração efetiva e constante de
bom comportamento público e
privado;
A AÇÃO PENAL PRESCREVE SE A PENA MÁXIMA c) Ter ressarcido o dano causado pelo
EM... COMINADA FOR DE... crime ou demonstrado absoluta
impossibilidade de fazê-lo até o dia
30 ANOS Morte; do pedido, ou exibido documento que
comprove a renúncia da vítima ou
20 ANOS MAIS DE 12 anos;
novação da dívida.
Mais de 8 anos e até
16 ANOS
12 anos exatos; Se a reabilitação for negada, apenas será possível
requerê-la novamente após o período de dois ano.
Mais de 4 anos e até
12 ANOS 8 anos exatos;

Mais de 2 anos e até


8 ANOS
4 anos exatos;

4 ANOS De 1 até 2 anos


exatos;
2 ANOS MENOS DE 1 ano exato.

REABILITAÇÃO

Art. 134. A reabilitação alcança quaisquer penas


impostas por sentença definitiva.

O principal objetivo da reabilitação é permitir que o ex-


condenado seja reinserido na sociedade, poupando-lhe das
eventuais dificuldades desse retorno e preconceito que
pode ser gerado caso as informações acerca de sua vida
pregressa sejam de conhecimento geral.
A declarada de reabilitação importa em cancelamento dos
antecedentes criminais. Apenas poderão ter acesso a esses
registros a autoridade policial ou judiciária ou o
representante do Ministério Público, para instrução de

CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 22
CURSO PRIME PARANGABA – Av. Augusto dos Anjos, 1915 (Instalações do Colégio Jim Wilson) – Fone: (85) 3208-2210

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