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GESTÃO DE RECURSOS MATERIAIS

UNIDADE IV
ARMAZENAGEM DE MATERIAIS
Elaboração
Inara de Camargo Gomes

Atualização
Andrey Pimentel Aleluia Freitas

Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...................................................................................................................................................4

UNIDADE IV
ARMAZENAGEM DE MATERIAIS.......................................................................................................................................................5

CAPÍTULO 1
CRITÉRIOS DE ARMAZENAGEM................................................................................................................................................ 5

CAPÍTULO 2
ARRANJO FÍSICO DO ALMOXARIFADO............................................................................................................................... 12

CAPÍTULO 3
CRITÉRIOS DE LOCALIZAÇÃO DE MATERIAL.................................................................................................................... 15

REFERÊNCIAS ................................................................................................................................................24
INTRODUÇÃO

Outrora, a administração de materiais era única e exclusivamente enfocada em


otimizar de forma eficiente os recursos utilizados dentro de uma empresa; à área
de administração cabia, por sua vez, principalmente administrar os materiais
usados no funcionamento dela.

Hoje, esse conceito deixou de ser algo simples, pois os materiais utilizados no
funcionamento das empresas passaram a ser um sistema integrado, responsável
por suprir a área administrativa com materiais, equipamentos, funcionários,
espaço físico, entre outros, na quantidade necessária, no tempo certo, com a
qualidade exigida e de acordo com as novas necessidades dos clientes.

A gestão de materiais abrange uma grande parcela de áreas de uma empresa,


como a de compra, estoque, almoxarifado e vendas; ela reduz, portanto, o uso
de recursos materiais na empresa, gerando mais lucratividade.

De acordo com Gonçalves (2007), a gestão de materiais pode ser dividida em


três grupos principais: a gestão de compras, a gestão de estoques e a gestão de
distribuição. O gerenciamento e aplicabilidade eficazes desses três grupos pode
acarretar economia e um maior poder de concorrência para a empresa.

Neste contexto, tentaremos conceituar, de forma clara e sucinta, todos os pontos


importantes para alcançar uma eficiente aplicabilidade de gestão de materiais
dentro de uma empresa. Esperamos, assim, proporcionar elucidação quanto a
cada etapa que deve ser abordada para alcançar tal objetivo.

Objetivos
» Apresentar os conceitos da gestão de materiais e as principais áreas que
ela abrange.

» Detalhar todos os processos de compras, estoque e distribuição.

» Promover a contextualização de gestão de materiais a fim de demonstrar o


quão importante este método se faz dentro de uma empresa.
ARMAZENAGEM DE
MATERIAIS
UNIDADE IV

Nesta última unidade veremos os conceitos sobre armazenagens, critérios,


principais tipos e vantagens e desvantagens e técnicas a serem adotadas.
Estudaremos a importância de obter a embalagem de proteção certa para cada
tipo de material por meio de suas características e tipos. Estudaremos como
planejar o arranjo físico do almoxarifado e qual a importância deste para o
sucesso da empresa e, por fim, veremos os critérios para localização de material.
Fecharemos, assim, todas as etapas, conceitos e reais importâncias dentro da
empresa para que se atinja sucesso na gestão de materiais.

CAPÍTULO 1
CRITÉRIOS DE ARMAZENAGEM

Segundo Dias (2015), a armazenagem se define como um conjunto de funções;


são elas: recepção, descarregamento, carregamento, arrumação e conservação
de matérias-primas e produtos semi ou acabados.

A armazenagem é composta por diversas atividades, entre as principais, temos


as listadas abaixo.

Recebimento

O recebimento é o agrupamento de ações que envolvem a identificação, análise


de documento fiscal com pedido, inspeção material e a sua aceitação formal
(CASADEVANTE, 1979).

Ele é compreendido por cinco elementos principais conforme Martins e Alt (2012):

» pessoas e procedimentos normalizados: funcionários com treinamento


qualificado;

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» espaço físico que engloba espaço para plataformas compensadoras de


altura, espaço para conferir e separar material; acesso livre ao estoque e
para a fábrica;

» equipamentos próprios para carga e descarga de materiais como empilhadeiras,


esteiras e pallets;

» recursos de informática: programas de comunicação direta com fornecedores,


programas de planejamentos, leitores ópticos etc;

» ma normalização de procedimentos temos o que deve ser realizado em caso


de exceções.

Nas empresas modernas com a aplicabilidade do Supply Chain, não é preciso


fazer a inspeção de qualidade dos materiais que chegam, pois os contratos com
os fornecedores já contêm estes dados. Porém é preciso cuidado e reservar local
para material que precisar por qualquer imprevisto aguardar decisão.

Estocagem

Trata-se do conjunto de operações para o acondicionamento do material. Podemos


classificá-los em: estoques de materiais; produtos em processo; produtos acabados;
em trânsito e em consignação. (CASADEVANTE 1979).

Distribuição

A distribuição é responsável pela expedição do material, o recebimento do material


de estoque, verificação se embalagens estão corretas, emissão de nota fiscal de
saída e, por fim, a liberação e entrega ao seu destino final (CASADEVANTE, 1979).

Funções da armazenagem

São dez as funções de um armazenamento correto conforme Moura (1997):

» receber ou realizar a descarga dos materiais;

» identificar e classificar o material;

» conferir quantitativamente e qualitativamente;

» endereçar para o estoque;

» estocar;

» separar os pedidos ou remover do estoque;

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» acumular os materiais;

» embalar;

» expedir;

» registrar as operações.

Segundo Viana (2002) a armazenagem se caracteriza em dois tipos distintos:

» armazenagem simples: são materiais que não necessitam de cuidados


adicionais;

» armazenagem complexa: materiais que necessitam de medidas especiais


para seu armazenamento. Os aspectos físicos ou químicos destes materiais
estão ilustrados na figura 28 a seguir.

Figura 28. Materiais de armazenamento complexo.

ASPECTOS FÍSICOS ASPECTOS QUÍMICOS

» Inflamabilidade ou combustibilidade: capacidade de entrar em combustão. Ex.: óleo


diesel.

» Explosividade: capacidade de o material tornar-se explosivo ou inflamável. Ex.:


» Fragilidade
acetileno, fogos de artifício.
» Volume
» Volatilização: tendência a passar para o estado gasoso. Ex.: benzeno.
» Peso
» Oxidação: tendência de reação com o oxigênio. Em metais, provoca a ferrugem.
» Forma
» Potencial de intoxicação.

» Radiação.

» Perecibilidade.

Fonte: Fenili, 2015.

1. Vantagens da armazenagem
Armazenar de maneira correta os materiais gera muitos benefícios, como a
redução de custos. Casadevante (1974) coloca como benefícios advindos da
armazenagem:

» melhor aproveitamento do espaço;

» garantir a produção em diferentes níveis;

» reduzir custos com movimentação;

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» facilitar a fiscalização do processo;

» quando o produto é sazonal, equilibra-se a oferta;

» reduz perdas e inutilizadas.

Desvantagens da armazenagem

Segundo Krippendorff (1972) são desvantagens da armazenagem:

» material parado significa capital parado;

› obsolência de materiais estocados acarretam custos;

› custos adicionais com infraestrutura (pessoal, espaço físico, equipamentos


e administração).

Técnicas de armazenagem

As armazenagens mais utilizadas conforme Fenili (2015) são as listadas abaixo.

Armazenagem por agrupamento

Materiais que são associados são colocados juntos, tornando simples as buscas
e arrumações, porém não é toda vez que permitem o melhor aproveitamento
de espaço. Facilitam as tarefas de busca e arrumação, mas não é toda a vez que
concede um aproveitamento melhor do arranjo físico.

Armazenagem por compatibilidade

Devem-se manter separados materiais que juntos podem apresentar perigo,


colocando-os em ambientes separados. Existem materiais que sozinhos não
apresentam risco nenhum, porém, em contato com outros materiais, tornam-se
perigosos, oferecendo risco devido às suas propriedades químicas. Há materiais
que, se mantidos afastados, não são perigosos, contudo, se acondicionados e/ou
armazenados próximos, podem apresentar riscos devido às suas propriedades
químicas.

Armazenamento por tamanho, peso ou forma

São armazenados próximos materiais de características semelhantes possibilitando


um maior aproveitamento do espaço físico, porém demanda maior controle.

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Armazenagem por frequência

Materiais com maior saída são acomodados próximo à entrada e saída.

Armazenagem especial

Em que são armazenados materiais inflamáveis, perecíveis etc. Este critério


pode ser agrupado com um dos anteriores também.

O armazenamento de produtos perecíveis deve seguir métodos segundo FIFO.

Armazenagem em área externa

O acondicionamento de materiais em áreas externas permite uma redução de


custos e aumenta o espaço interno, proporcionando assim um maior espaço para
materiais que precisam ser acondicionados com maior proteção. Geralmente são
acondicionados em áreas externas materiais que possam ficar expostos.

Coberturas alternativas

São soluções provisórias para obtenção de uma área extra coberta, sem que haja
custos com construção, são muito utilizadas coberturas de PVC, neste caso.

Movimentação interna

São as movimentações dos materiais internamente, ou seja, dentro dos armazéns.


De acordo com Castiglione (2010), existem três maneiras dessa movimentação
interna ocorrer:

» manualmente: executada de maneira manual por funcionários, com auxílio


ou não de equipamentos;

» mecanizada: utilizam-se equipamentos que são operados por funcionários;

» automatizado: realizada por meio de computadores.

Embalagens de proteção

A proteção para movimentação e armazenagem de um material é muito importante


para que não ocorram perdas; são as embalagens de proteção que proporcionam
que o material seja acondicionado de forma adequada.

O objetivo de uma embalagem é promover a contenção, proteção, comunicação


e utilidade. A seguir na figura 29 os objetivos da embalagem.

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Figura 29. Objetivos da embalagem.

a propriedade da embalagem de conter o


Contenção produto, armazenando o produto de forma
segura.

Proteção promover a proteção durante as atividades de


armazenamento e movimentações.

embalagem deve conter informações


Comunicação essenciais. Ex.: conteúdo, instruções de
empilhamento, fragilidade etc.

Utilidade refere a facilidade que a embalagem


apresenta para processo de movimentação.

Fonte: Adaptado de Fenili, 2015.

De acordo com Viana (2002), podemos classificar uma embalagem em três tipos
de funções que ela pode exercer:

» embalagem primária: é o tipo de embalagem que tem contato direto com


o produto. Ex.: garrafa de vidro que contém cerveja;

» embalagem secundária: faz o papel de proteção e acondicionamento da


embalagem primária. Ex.: engradado de plástico que acomoda 24 garrafas
de cervejas;

» embalagem terciária: utilizada a fim de tornar fáceis os procedimentos de


movimentação e embalagem de materiais. Um pallet com 24 engradados
de plástico.

Características das embalagens

A fim de satisfazer seu usuário, as embalagens devem apresentar algumas


características, conforme Spejorim (2010):

» custo adequado e compatível com a operação;

» ter resistência mecânica proporcional as operações que serão realizadas ao


decorrer da cadeia de suprimento;

» acomodação do produto;

» facilidade de manuseio, tanto manual quanto mecânico;

» facilidade de identificação de conteúdo;

» facilidade de inutilização;

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» caso embalagens retornáveis, deve ser fácil manipular e estocar quando


vazias;

» capacidade de se adaptar a operações de abastecimento.

Tipo de material que são confeccionadas as embalagens

As embalagens podem se apresentar dos seguintes materiais, conforme figura


30 abaixo.

Figura 30. Tipo de material que pode ser produzida uma embalagem.

Material Características

Trata-se de um material que pode ser reciclado, é um dos mais antigos materiais utilizados como
Vidros embalagens. São utilizados como embalagem primária de líquidos em geral como produtos
químicos medicamento ou alimentos.

Materiais que podem ser reciclados são mais resistentes a choques mecânicos, como exemplo
Metais
temos os tambores de aço, embalagens de alumínio etc.

Utilizadas em grande escala para o transporte de matérias-primas, permitem uma melhor


Madeira trabalhabilidade do que os acima citados, o que facilita também a confecção da embalagem na
empresa.

São biodegradáveis e recicláveis, facilmente adaptáveis a qualquer tipo de produto, porém deve
Papéis/papelão sempre ser combinado a outros materiais devido a sua resistência a umidade ser bem pequena.
São exemplos deste material: papelão ondulado ou liso, papéis de embrulho etc.

Facilmente moldado devido a sua flexibilidade para diversos tipos de produtos. São integrantes
Plásticos deste grupo os: polipropilenos (PP), poliestirenos (PS), policloretos de vinila (PVC), polietilenos
tereftalado (PET), polietilenos de alta densidade (PEAD) etc.

Fonte: Spejorim, 2010.

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CAPÍTULO 2
ARRANJO FÍSICO DO ALMOXARIFADO

Um bom layout de um almoxarifado garante a eficácia do armazenamento dentro


de uma empresa; ele lida com arranjo de equipamentos, materiais e funcionários
de modo a tentar gerar a maior economia possível.

Para definir um layout satisfatório, alguns elementos devem ser levados em


consideração: tempo de armazenamento do material; embalagens usadas para o
armazenamento do material; equipamentos que serão utilizados para movimentar a
carga; facilidade e flexibilidade, flexibilidade e ampliação da área de armazenagem
e do volume do material a ser armazenado (FENILI, 2015).

De acordo com Fenili (2015), para um layout satisfatório, há a necessidade de


definir as características dos itens; para facilitar, utiliza-se a chave PQRST,
ilustrada a seguir.

Figura 31. Chave PQRST.

P
Produto – Material
O que será armazenado?

R S
Roteiro - Processo Serviços de Apoio
Q Onde serão estocados os itens? Como será a
Quantidade-Volume estocagem dos itens?
Quanto de cada material T
será armazenado? Tempo
Por quanto temêo serão
armazenados os materiais
POR QUE?

Fonte: Felini, 2015.

Recebimento de materiais

Esta etapa é intermediária entre a aquisição e pagamento do fornecedor. Somente


após o recebimento é que é efetuado o pagamento (FENILI, 2015).

Com isso, a atividade de receber o material está diretamente ligada à área de


compras e contábil da empresa, além de poder contar com ajuda do setor de
transportes quando necessário (FENILI, 2015).

As seguintes etapas fazem parte de um recebimento de material de acordo com


Fenili (2015, p.129).

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Recebimento provisório

Entrada de materiais: verificam-se dados, como informações da nota,


autorização de entrega pela empresa; recepcionam-se os veículos transportadores;
realiza-se o direcionamento para a área de descarga (FENILI, 2015).

Etapas intermediárias

São elas:

» conferência quantitativa: apurar se a carga entregue corresponde à fornecida


pelo fornecedor na nota (FENILI, 2015);

» conferência qualitativa: apurar se todos os critérios técnicos do objeto


entregue estão conforme os requeridos por meio do setor de compras
(dimensões, marcas, modelos etc.);

» regularização: quando concluídas as etapas anteriores, este deve ser o


resultado obtido.

O material chega ao estoque e é realizada a liberação do pagamento para o


fornecedor (FENILI, 2015).

Algumas situações que podem originar mudança de layout conforme Spejorim


(2010).

Modificação do produto

Com o mercado altamente competitivo, mudanças são sempre necessárias e às


vezes é necessário que estas mudanças sejam feitas rotineiramente nos produtos,
fazendo com que equipamentos, funcionários e áreas antes disponíveis sejam
afetados diretamente.

Lançamentos de produto

Para desenvolver um produto, exige-se que mudanças sejam realizadas na área


de armazenamento; estas mudanças devem acontecer ao mesmo tempo em que
se desenvolve o projeto do produto acompanhando as fases de desenvolvimento.

Oscilação na demanda

Quando ocorrem aumentos ou diminuições nas vendas dos produtos, estudos


devem ser realizados a fim de verificar a capacidade ociosa dos produtos, adequar
equipamentos para se obter um melhor layout.

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Obsolescência das instalações

A obsolência de processos causa modificações de grandes proporções, exigindo


que o layout seja revisto, indicando que podem ser necessárias novas instalações,
ampliações ou mudanças completas de depósitos.

Ambiente de trabalho inadequado

Possíveis modificações para adequar o ambiente a fim de sanar fatores que


podem atrapalhar o rendimento dos funcionários, como ruídos, temperaturas
baixas ou altas etc.

Índice elevado de acidentes

Determinar locais onde possa ocorrer o atendimento com urgência para operários
que sofreram algum acidente com materiais inflamáveis. Dimensionar corredores,
passagens de veículos e pedestres, obstruções etc.

Redução dos custos

Aproveitamento mais eficiente da edificação, funcionários e equipamentos


resultado de um layout adequado, como consequência temos uma redução nos
custos não só de estocagem, como também de manutenção.

Modelos de armazenagem

Existem dois modelos de armazenagem conforme Casadevante (1974):

armazenagem temporária: possibilita uma arrumação mais fácil. Ex.: colocação


de estrados para armazenagem direta;

armazenagem permanente: já há um local determinado para o armazenamento do


material; assim, a quantidade é fator determinante para a disposição do armazém
assegurando sua organização existe um local pré-definido para o depósito de
material, de modo que o fluxo do material determine a disposição do armazém,
garantindo sua organização.

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CAPÍTULO 3
CRITÉRIOS DE LOCALIZAÇÃO DE MATERIAL

Para localizar um material, temos duas formas conforme Fenili (2015).

1. Sistema de estocagem fixa


Neste sistema ocorre a pré-determinação da área que será utilizada para estocar
o material de acordo com seu tipo. Existe o lado positivo e o negativo deste
tipo de sistema; quanto ao positivo, podemos dizer que este sistema facilita
o controle; quanto ao negativo, podemos dizer que ele faz com que áreas de
armazenagem sejam desperdiçadas já que a falta de algum material gera áreas
vazias, ao passo que outros materiais em excesso ficariam sem área para serem
armazenados (FENILI, 2015).

2. Sistema de estocagem livre


Neste sistema os materiais vão sendo acondicionados nos espaços vazios do
almoxarifado, exceção para os que necessitem de estocagem especial. Ocorre o
risco de materiais ficarem perdidos no almoxarifado (FELINI, 2015).

3. Distribuição interna de materiais


Tendo o transporte considerado como custo, a distribuição interna de um produto
é muito importante e complexo.

A distribuição interna de materiais está diretamente ligada à movimentação e


transporte, já que considera o deslocamento do material do almoxarifado até o
consumidor final (FENILI, 2015).

Para Fenili (2015), os equipamentos que são utilizados para a movimentação dos
materiais e seu armazenamento devem ser específicos para esta função, fazendo
com que as formas, embalagens e fluxo do material dentro do almoxarifado
sejam eficientes e não gerem atrasos. Com esta eficiência, é possível gerar um
aumento na produtividade e uma diminuição dos custos com operações.

Um fluxo eficiente de materiais no almoxarifado utilizando critérios ergonômicos


são condições básicas para haver um eficiente sistema de distribuição.

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Para realizar movimentação de materiais, devemos seguir algumas regras, que


são denominadas de Leis da Movimentação de Materiais; abaixo, na tabela 10,
podemos ver estas leis listadas (FENILI, 2015).

Tabela 10. Leis da movimentação de materiais.

LEI DESCRIÇÃO
Utilizar equipamentos que possam ser utilizados na movimentação de vários tipos
Flexibilidade
de carga
Evitar a manipulação de materiais ao longo do ciclo de processamento e utilizar o
Manipulação mínima
transporte mecânico ou automatizado sempre que possível
Máxima utilização do espaço disponível Maximizar o aproveitamento do espaço cúbico disponível
Máxima utilização dos equipamentos Maximizar a utilização dos equipamentos, diversificando seu emprego
Máxima utilização da gravidade Aproveitar da gravidade sempre que possível par a movimentação dos materiais
Menor custo total Selecionar equipamentos ponderando custos totais e tempo de vida útil
Mínima distância Reduzir as distâncias na movimentação, eliminando trajetos em ziguezague
Adotar as trajetórias de movimentação dos materiais de modo a facilitar o fluxo
Obediência do fluxo das operações
produtivo
Padronização Utilizar equipamentos padronizados
Segurança e satisfação Promover segurança e reduzir fadiga dos colaboradores
Fonte: Fenili, 2015.

Dispositivos usuais mais utilizados empregados nessa atividade.

De acordo com Fenili (2015), os dispositivos mais usuais empregados nesta


atividade são os listados abaixo.

Prateleiras

O material de sua confecção pode ser o aço, porém eleva seu custo; mas, por outro
lado, são mais duráveis e não deterioram quando atacadas por insetos, como o
cupim. Sua principal função é a de alocar os materiais de dimensões variadas.

Contenedores (containers)

São feitos de metal; aparentam formato de uma caixa e são hermeticamente


fechados e selados, geralmente são utilizados para o transporte intermodal de
produtos.

Pallets

São estrados de madeira, plástico, metal ou papelão. Proporcionam o empilhamento


das cargas, otimizando o aproveitamento do espaço cúbico do almoxarifado.

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Armazenagem De Materiais | UNIDADE iv

Engradados

Utilizados para guardar ou transportar materiais mais frágeis, ou que não são
regulares, que necessitem de proteção lateral.

Caixas ou gavetas

São utilizados para armazenamento de materiais pequenos; podem ser de plástico,


papelão, madeira.

Na figura 32 abaixo um exemplo de utilização de pallets, estantes, equipamentos


espaço físico e mão de obra.

Figura 32. Exemplo de utilização de dispositivos em um estoque.

Fonte: http://www.girhos.com.br/?page_id=186#!prettyPhoto[Movimentação]/0/.

Movimentação de materiais

São imensuráveis os tipos de soluções mecânicas, manuais ou mistas que podemos


dar para movimentar materiais. Conseguir atingir uma eficiência tanto em
questões econômicas quanto em instalações e atividades de um modo geral.

De acordo com Moura (1998), existem 25 princípios básicos para conseguir uma
maior eficácia quando o assunto é avaliação de sistema de movimentação de
material. Eles servem como norte para a identificação de problemas em potencial
e avaliação das necessidades. Abaixo vamos listar os princípios.

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UNIDADE iv | Armazenagem De Materiais

Princípio do planejamento

Definir a melhor estratégia a ser seguida embasada nos custos para realizar a
movimentação de materiais, levando em consideração as disposições das operações.
Tem como regra a utilização da curva ABC a fim de definir possibilidades para
conseguir lucros relevantes à empresa.

Princípio do sistema integrado

Todos os setores: recebimento, estoque, produção, inspeção, embalagens,


expedição e transportes devem trabalhar juntos com a movimentação de materiais.
O arranjo físico da empresa é mandatório para que as operações de movimentação
tragam resultados positivos.

Princípio do fluxo de materiais

Sempre ter em mente o objetivo de fazer um fluxo contínuo e evolutivo de


materiais, pois tal fluxo gera menos custos à empresa. A movimentação de
materiais em linha reta permite uma menor distância entre dois pontos, o que
acarreta menos tempo e distância de movimentação, consequentemente gera
maior economia.

Princípio da simplificação

Suprimir, reduzir ou combinar movimentos ou/e equipamentos que não são


utilizados ou estão sobrando. O desenvolvimento de estudos e análises de medida
de trabalho, tempo, movimentos, processos, fluxo, distribuição de trabalho e de
técnicas de segurança do trabalho.

Princípio da gravidade

A força da gravidade é sem dúvidas a mais econômica. A utilização sempre que


possível da gravidade na movimentação de materiais poupa tempo e dinheiro
para a empresa.

Princípio da utilização do espaço

Os espaços verticais devem ser aproveitados para deixar mais áreas livres para
circulação, pois isso reduz custos com utilitários de estocagem, além de gerar
economia de espaço.

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Armazenagem De Materiais | UNIDADE iv

Princípio do tamanho da carga

O tamanho da carga a ser movimentada é que determina o quanto de economia


teremos; portanto, planejar embalagens de forma a atender da melhor forma
uma carga é essencial, além de proteger. Carga unitária nada mais é do que uma
carga que só pode ser estocada e movimentada de uma vez, como um pallet, por
exemplo, sem levar em consideração o número de itens que contem esta carga.

Princípio da segurança

A análise de segurança sempre deve ser feita e refeita, a fim de se tornar as


condições de trabalho cada vez mais seguras, e com isso aumentar a produtividade
da empresa.

Princípio da ergonomia

A ergonomia está em uma busca constante para conseguir adaptar o trabalho ou


as condições de trabalho às limitações e capacidades humanas; portanto, deve-se
levar em consideração tais limitações quando se realizam planejamentos para
equipamentos de movimentação, a fim de assegurar segurança aos funcionários.

Princípio do meio ambiente

Projetos e escolhas de sistemas ou equipamentos de movimentação de materiais


devem ter como critério o consumo de energia e possíveis impactos ambientais
dos materiais. Estudar possibilidades de utilizar materiais ecologicamente
corretos, reutilização e certificar-se quanto às necessidades especiais de materiais
perigosos.

Princípio da mecanização

A utilização de equipamentos ao invés de funcionários sempre será a escolha


mais rentável para qualquer empresa.

Princípio da seleção do equipamento

Quando pensamos em movimentação de materiais, devemos levar em consideração


os aspectos do material, o movimento que será realizado e assim poderemos
definir quais melhores equipamentos atenderão esta demanda.

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UNIDADE iv | Armazenagem De Materiais

Princípio da padronização

Manter um padrão para equipamentos, controles, métodos, a fim de melhorar


o processo quanto a tempo, custo, mão de obra, qualidade etc.

Princípio da flexibilidade

Verificar todas as possibilidades de utilização que o equipamento pode vir a


realizar; portanto, ao flexibilizar um equipamento, estamos de certa forma
eliminando gastos desnecessários, como, por exemplo, a compra de um novo
equipamento para realizar uma só função, enquanto o outro realiza três funções
diferentes.

Princípio do peso morto

Procurar sempre equipamentos com manutenção em dia e evitar os obsoletos,


pois, quanto menor for o peso próprio do equipamento, maior será a economia
com as operações.

Princípio do tempo ocioso

Sempre buscar a redução do tempo improdutivo; uma das formas é a utilização


de equipamentos mecanizados para substituir funcionários, o que geralmente
aumenta a eficiência e economia.

Princípio do trabalho

A medida do trabalho de movimentação nada mais é do que o fluxo de materiais


movimentados multiplicado pela distância que foi movimentado. Este trabalho
deve ser o mínimo possível.

Princípio da automação

A fim de melhorias operacionais, a automatização, quando efetiva, pode melhorar


a eficiência, consistência e previsibilidade, diminuição de custos, eliminação de
mão e obra de serviços repetitivos. A automação opera e controla atividades de
produção, por exemplo, que podem ser controladas por instruções programadas.

Princípio da movimentação

Equipamentos para movimentação de material devem permanecer em movimento;


quanto maior a velocidade com que se trabalha com eles dentro das margens de
segurança estipuladas, mais economia gera à empresa.

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Armazenagem De Materiais | UNIDADE iv

Princípio da manutenção

Efetuar a manutenção preventiva e reparos programados em todos os equipamentos


responsáveis por movimentação de materiais.

Princípio da obsolescência

Equipamentos de movimento devem permanecer em movimento; caso não atendam


mais as operações, devem ser substituídos, assim como métodos ultrapassados.

Princípio do controle

Uma movimentação contínua de materiais é mais econômica; logo, estabelecer


um fluxo contínuo e uniforme quando possível gera resultados satisfatórios
para a empresa.

Princípio da capacidade

Utilizar equipamentos de movimentação a fim de alcançar uma alta produção.


Estabelecer uma unidade de medida e estabelecer comparações como peso,
volume, tempo etc.

Princípio do desempenho

A eficiência de desempenho é medida por meio do cálculo das despesas por


unidade movimentada. Por isso, é importante que as cargas unitizadas sejam
as maiores possíveis, levando-se em consideração capacidade e dimensões do
equipamento, limitações dos edifícios, corredores das áreas de produção e
volume do material pedido.

Princípio do valor do ciclo de vida

Deve ser realizada uma análise econômica de todo ciclo de vida dos equipamentos
responsáveis pela movimentação de cargas e sistemas resultantes. Embora o
custo mensurável seja um fator primário, não é seguramente o único fator na
seleção das alternativas (outros fatores de natureza estratégica à organização
e que formam a base da competição no mercado devem ser considerados e
quantificados sempre que possível).

A aplicação dos 25 princípios listados acima não é tão simples quanto parece,
pois existem muitas alternativas para sanar problemas de movimentação de
materiais. Na tabela 11 abaixo estão listados alguns conceitos que resumem de
maneira clara e sucinta os princípios citados acima.

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UNIDADE iv | Armazenagem De Materiais

Tabela 11.

Conceito Descrição
Devem-se eliminar todas as movimentações que não sejam absolutamente
indispensáveis.
Quanto menor a movimentação melhor será.
Uma alteração do arranjo físico, como a troca de posição de um equipamento
em um processo de fabricação, pode eliminar vários movimentos.
A empresa não deve dispor de pessoal sem um posto de trabalho fixo, regular
Eliminação de funcionários que não são fixos. e contínuo.
O pessoal “flutuante” perturba o conjunto e é difícil de controlar.
Uma empresa está em constante melhoria e expansão.
Busca pela flexibilidade. As instalações devem ser concebidas para permitirem todas aquelas variantes
não previstas inicialmente.
Equipamentos de movimentação de materiais devem ser utilizados para o
Maximizar o espaço na vertical, aproveitando transporte horizontal e para a estocagem vertical.
espaço. Dobrar a capacidade de estocagem significa cortar o espaço do piso pela
metade.
Deve-se considerar o conjunto da empresa para que soluções adotadas em
um setor não gerem custos adicionais em outro.
Coordenar todas as operações de movimento.
Deve-se avaliar “porque se deve transportar” e não apenas “como se deve
transportar”.
Fonte: Moura, 1998.

Estes conceitos básicos não resumem completamente o assunto. Outros conceitos


podem ser acrescentados, embora possam ser mais específicos para determinadas
áreas, como:

» devese aproveitar a altura total do local para economizar espaço na


armazenagem;

» devese evitar a espera de mercadorias nos diferentes setores de produção


para reduzir o estoque e o capital investido.

4. Supply Chain Management a favor do gerenciamento de


distribuição
De acordo com Graziani (2013) o Supply Chain Management busca alternativas
para adversidades enfrentadas pelo setor de distribuição e logística advindo de
operações realizadas por sites de comércio eletrônico.

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Armazenagem De Materiais | UNIDADE iv

Medidas adotadas para o fornecimento

As medidas adotadas para o fornecimento são classificadas em estratégicas e


operacionais. Resumidamente, são quatro as áreas de soluções no gerenciamento
da cadeia de fornecimento conforme Graziani (2013):

» definições sobre localização;

» definições sobre produção;

» definições sobre estoque;

» definições sobre transporte ou distribuição.

Definições sobre localização

Definir fatores como instalações, posição e local onde será instalada a produção,
os pontos de fornecimento e estocagem.

Definições sobre produção

Nesta fase se define o que será produzido, local onde será produzido etc. Lembrando
que estas definições têm grande peso sobre custos a empresa e aceitabilidade
por parte dos clientes.

Definições sobre estoque

Definir um gerenciamento correto de estoques é crucial dentro de uma cadeia


de fornecimento, pois pode gerar muitos custos a empresa.

Definições sobre transporte ou distribuição

Definir corretamente o transporte ou distribuição significa diminuir custos na


cadeia de suprimento da empresa, já que o transporte chega a representar 30%
dos custos de logística.

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