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MECÂNICA APLICADA II
1
ÍNDICE
2
1.0 – LEI FUNDAMENTAL DA TRANSMISSÃO DE MOVIMENTO
Assim, conhecidos: O1O2, w1, O1P e O2P, determinaremos w2 para qualquer posição (P)
relativa dos elementos O1 e O2.
v1 é calculável, pois são dados w1 e O1P; este vetor representa a velocidade de P em relação
a O1 . Logo, v1 está definida.
Vamos decompor v1 em dois vetores componentes; recorremos a dois eixos ortogonais (x’x e
y’y) passando pelo ponto P de contato.
v1 = ve1 + v n (1)
3
• vn é a velocidade de CONDUÇÃO do ponto P, e tem a direção da perpendicular comum
no ponto de contato.
Traçando o raio vetor de posição do ponto P, a partir do centro O2, teremos definidos a
direção e o sentido de v2, que é a velocidade de P em relação ao eixo do elemento movido.
O módulo de v2 é determinado pelo módulo de vn, que é comum a v1 e v2.
Assim, analogamente a v1, ve2 é a velocidade de escorregamento de P em relação a O2. E,
desta forma, podemos concluir que a velocidade final (em deslizamento) de P, em relação ao
referencial (base de apoio de O1 e O2) é:
y
v2
v E = ve1 + ve 2 (soma vetorial) (2) vn
x’
Como se trata de movimento relativo, v1
Voltando à figura 1: v1 = w1 × O1 P ; v 2 = w2 × O2 P .
w1 v O P (3)
= 1 × 2
w2 O1 P v 2
vn v1 O1 P
Pv1v E1 ≈ PO1 A . Logo,
O1 A
=
O1 P
∴ v1 = v n ×
O1 A
(4)
A 2ª relação é:
vn v2 O2 P
Pv 2 v E 2 ≈ PBO2 .
O2 B
=
O2 P
∴ v2 = vn × (5)
O2 B
4
Substituindo (4) e (5) em (3), virá:
w1 O2 P OP 1 O B O B w1 O2 B (6)
= × vn × 1 × × 2 = 2 ∴ =
w2 O1 A
w2 O1 P O1 A v n O2 P O1 A
O2 B O2 K
KO1 A ≈ KO2 B ; = (7). Substituindo (7) em (6), teremos:
O1 A O1 K
w1 O2 K
= (8) LEI FUNDAMENTAL DA TRANSMISSÃO DE MOVIMENTO.
w2 O1 K
1.1 – CONCLUSÕES
A 4ª conclusão é que, se o ponto K for fixo (caso da figura 3, transmissão por correias),
w
a relação 1 passa a ser constante:
w2
w2 R2
K w1 R1
w1 O2 K ; e,
= O1 O2
w2 O1 K
FIGURA 3
5
Já no caso de sistemas articulados, como A2
o da figura 4, o ponto K terá a sua
localização determinada instante a w2 A1
EXEMPLO – 1
Na figura 5, o elemento motriz é o disco
P
de raio R, que gira em torno de O1,
excêntrico em relação ao eixo 90º
geométrico C. O seguidor, ou elemento R C
x
movido, tem a superfície de contato em
O2 O1
formato retilíneo, Na posição
representada ao lado; K coincide com FIGURA 5
O1, o que torna O1K=0, donde w2=0,
para qualquer módulo ou sentido de w1.
EXEMPLO – 2
(Problema 1 da Fonte Bibliográfica 1) P
w2
O mecanismo da figura 5 esta na
90º
posição indicada na figura 6. São
60º K
dados: w1=20 rad/s; R=25mm; w1
O1C=12,5mm; O1O2=75mm; O2 O1 C
Qual o valor de w2?
FIGURA 6
Solução:
20 O2 K 20 75 + 12,5 w2 ≅ 2,86rad / s
=
w2 O1 K
∴ w2
=
12,5
∴
6
2.0 – ENGRENAGENS
2.1 – PERFIL EVOLVENTAL DAS ENGRENAGENS
O nosso objetivo, aqui, não é ensinar a desenhar engrenagens; todavia, necessitamos
conhecer o traçado da curva EVOLVENTE DE CÍRCULO, para que possamos aplicar as
suas propriedades aos cálculos construtivos das engrenagens.
D E F
Por definição, evolvente de círculo é a trajetória C
descrita por um ponto de uma reta, que rola sem B
A
escorregar, tangencialmente à circunferência do
0 1 2
círculo.
3
Seja o círculo da figura 7, dividido em um número 4
7
CONCLUSÕES
(a) cada um dos segmentos de reta traçados (1-A, 2-B, 3-C, etc) é perpendicular à curva
evolvente, nos respectivos pontos (A, B, C, etc).
(b) Reciprocamente, se, por qualquer ponto da curva evolvente, traçarmos uma tangente à
circunferência, o segmento de reta assim obtido será, também, normal à curva, no
ponto em questão. E o comprimento deste segmento corresponderá ao desenvolvimento
do arco de circunferência correspondente.
2.2 – FUNÇÃO EVOLVENTE
Na geometria das engrenagens, chama-se “círculo de base” aquele que serve de referencial
ao traçado da curva evolvental. Vamos, em primeiro lugar, definir a função matemática
EVOLVENTE DE CÍRCULO.
L
Escrevamos a identidade angular: M
O O1 A = O O1 1 - αA (11)
B B1
Temos: tg αA = 1 – A
CIRCUNF.
Rbase
A A1 RAIO RB
De acordo com a expressão (10) da pág 7:
CIRCUNF.
O O1 1 = O – 1 = 1 – A O αB 1 RAIO RA
Rbase Rbase 2
αA
Logo, O O1 1 = tg αA .
CIRCUNF.
Rbase DE BASE
Substituindo em (11), virá:
O1
FIGURA 8
O O1 A = tg αA - αA (12)
8
2.3 – RELAÇÕES ANGULARES NA CURVA EVOLVENTAL
Vimos, da expressão (13) da página anterior, que a função “evolvente alfa” mede como que o
ângulo central (O O1 A) do deslocamento do ponto descrevente da trajetória evolvental.
Vejamos agora uma outra relação muito útil, que permite relacionar os ângulos evolventais e
seus respectivos raios. Da figura 8, temos:
Rbase = RA . cos αA
Rbase = RB . cos αB
Igualando os valores do raio da circunferência de base, teremos:
RA . cos αA = RB . cos αB RB = RA . cos αA (14)
cos αB
Esta relação se revelará particularmente útil mais adiante pois, quando se define um
engrenamento, esta definição é dada, PARA CADA ENGRENAGEM, pelo seu raio de
circunferência primitiva pelo ângulo de pressão do engrenamento (que é o MESMO para as
duas engrenagens que formam o par). Assim sendo, para qualquer engrenagem, RA e αA são
conhecidos; portanto, dado outro ângulo qualquer αB, pode-se calcular RB, seu raio
correspondente.
Aqui, entra uma diferenciação, muito sutil, entre ÂNGULO DE PRESSÃO DO PONTO
(αA, αB) e o ângulo de pressão DO ENGRENAMENTO. Ângulo de pressão do ponto é aquele
definido pela figura 8 da página 8: é o ângulo formado pelo raio vetor do ponto (RA, por
exemplo), com o raio de base que passa pelo ponto de tangência correspondente (1–O1).
Assim, A O1 1 = αA é o ângulo de pressão do ponto “A”.
Já se o ângulo de pressão do engrenamento (que será bem definido na seção 2.5, figura 10),
é definido como o ângulo de pressão COMUM aos dentes que se tocam no ponto de
tangência das circunferências primitivas.
9
Voltando à figura 8 da página 8:
10
Considerando que, do ponto M’, tirou-se a
tangente QM’ à circunferência de base, o EXTERNA 2
PRIMITIVA 2
ângulo α = QOM’ é o ângulo de
INTERNA 2
pressão do ponto M’. E, como M’
Q1
pertence à circunferência primitiva, é mais
que um ângulo de pressão comum: é o Rbase 1 w2
90º
ângulo de pressão DO
ENGRENAMENTO. α P
O1 α O2
Vejamos a figura 10: Rbase 2
α
O ponto “P”, onde as circunferências
w1
Q2 90º
primitivas se tangenciam (e onde INTERNA 1
PRIMITIVA 1
representamos, com evidente distorção
EXTERNA 1
RETA DE
de proporções, a tangência dos perfis dos PRESSÃO
FIGURA 10
dentes), determina a existência de
ângulos de pressão IGUAIS para as duas engrenagens. O ângulo de pressão COMUM às
duas engrenagens, que é o mesmo ângulo de pressão de um ponto do perfil situado sobre a
circunferência primitiva, denomina-se ÂNGULO DE PRESSÃO DO ENGRENAMENTO (“α”).
Voltando à figura 9: chama-se PASSO (MN = M’N’), a distância (medida sobre a
circunferência primitiva) entre dois perfis consecutivos, de mesmo sentido de curvatura.
Representa-se o passo pela letra “p”. (17 - A)
11
O módulo é a base do sistema métrico de engrenagens. O sistema americano de
engrenagens (AGMA – American Gear Manufacturers Association) usa o PASSO
DIAMETRAL, ou Diametral Pitch, que é o inverso do módulo.
12
2.6 – RELAÇÕES DE VELOCIDADES ANGULARES
n1
À página 5, fórmula (9), vimos que, para um par de polias de 1
transmissão, w1 = R2 ,onde (w1, w2) são as velocidades
w2 R1
angulares em radianos por segundo; e (R1, R2) são os raios 3 2
primitivos.
Sabemos que: w = 2 π . n , onde n = R.P.M.
60 4 5
E, da expressão (21), Dp = 2 . R = m . z ∴ R=m.z
2
Substituindo esse valores em (9): n1 z 2 (34) n6
=
n 2 z1 6
13
2.7 – RELAÇÕES ENTRE MOMENTOS TORSORES (TORQUES)
Reportemo-nos à figura 10 da página 11: chama-se α
FN
“RETA DE PRESSÃO” ou “SEGMENTO DE AÇÃO”, a
direção determinada pelo ângulo de pressão do
engrenamento. O1 O2
M1 M2 = ?
Agora, examinemos a figura 12: como calcular M2, (dado)
momento da engrenagem conduzida, dado o momento FN
Onde FT = Fn . cos α FT
FN
FR = Fn . sen α α
R2
O2
A componente radial (FR) do esforço normal não FR
contribui com o momento torsor; apenas atua
M2
radialmente sobre o eixo da engrenagem. Aliás, (movida)
também FT atua radialmente sobre o eixo da
FIGURA 12-B
engrenagem (transposta para o eixo, mais um
momento torsor).
14
Na figura 12-B, temos:
M2 = FT x R2 (38) Trazendo (37) para (38) , virá:
M2 = M1 x R2 (39).
R1
Substituindo, aqui também, os raios primitivos por:
R = m . z , virá - M2 = M1 x Z2 (40)
2 Z1
Comparando com (34), vemos que a relação entre momentos torsores (de entrada e de
saída), face aos números de dentes do pinhão e da coroa é inversa daquela existente entre
velocidades angulares. Ou seja, quando a velocidade angular cai, em um engrenamento, o
momento torsor cresce na razão inversa.
Desta forma, generalizando (40) para “n” engrenagens, teremos (vide figura 11):
Mn = M1 x z2 x z4 x z6 x ... x zn (41) M1
1
z1 z3 z5 zn-1
M23
Se: z2 > z1, z4 > z3, z6 > z5, ..., zn > zn-1, o
3 2
momento torsor de saída será maior que o de
entrada, e teremos um trem MULTIPLICADOR
de torque. 4 5
M45
M6
6
FIGURA 13
15
2.8 – CONDIÇÕES DE ENGRENAMENTO (NÃO - INTERFERÊNCIA)
DE BASE-1
EXTERNA-1
CIRCUNF.
O1 (motriz)
PRIMITIVA-1
INTERNA-1
AB, sobre a reta de pressão e em
Sentido
cuja extensão dá-se o contato de giro
PRIMITIVA-2
INTERNA-2
Sentido
começa a impulsionar o topo da
DE BASE-2
de giro
CIRCUNF.
De idêntica forma procede-se, após a determinação do ponto “B”, fim do contato (interseção
da circunferência externa da motriz, com a reta de pressão): desenha-se os perfis dos
dentes que passam por B; determina-se B1 e B2 e, ligando-os ao centro, determina-se os
ângulos de afastamento γ 1 e γ 2.
Ainda na figura 14: o raio da circunferência de base da motriz, Rbase1, determina o ponto
“Q1”, o chamado LIMITE DE INTERFERÊNCIA SUPERIOR (superior, por ser mais próximo
do centro da engrenagem motriz). Para que não haja interferência am A (ou seja, para que o
topo do dente da movida não desgaste o flanco do dente da motriz), a condição é:
PQ1 ≥ PA (42)
16
Analogamente, sendo Q2 o “pé” da perpendicular baixada do centro da movida à reta de
pressão (O2Q2 é o raio da circunferência de base da movida), a condição para que o topo do
dente da engrenagem motriz não provoque erosão no flanco do dente da engrenagem
movida, é: PQ2 ≥ PB (43)
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2.10 – NÚMERO MÉDIO DE DENTES EM CONTATO
Se considerarmos “D” c Omo a ORIGEM do perfil do dente, como a reta de pressão, por
definição, é normal ao perfil “D” no ponto “A” e, ao mesmo tempo, ao perfil “C” no ponto “B”,
então pela definição de evolvente:
Na hipótese do 3º
AQ2 = DQ2 . Como CQ2 = BQ2 , então conclui-se que – AB = CD
parágrafo, acima.
Mais do que uma igualdade: a expressão (50) permite que escrevamos –
Zmédio = AB (51)
pbase
No caso da hipótese do 3º parágrafo desta página, (Zmédio = 1) significaria que um único par
de dentes iniciaria o contato em “A”, e somente quando atingisse “B”, é que um outro par de
dentes entraria em contato, em “A”. Isto ocasionaria uma transmissão de movimento
ruidosa, por situar-se NO LIMIAR da descontinuidade.
18
2.11 – ENGRENAGENS FRESADAS: NÚMERO MÍNIMO DE DENTES COMO CONDIÇÃO
ANTI-INTERFERÊNCIA
19
2.12 – ENGRENAGENS GERADAS: NÚMERO MÍNIMO DE DENTES COMO CONDIÇÃO
DE ANTI-INTERFERÊNCIA – CARRETAS IGUAIS
O1 CIRCUNF.
EXTERNA -1
A condição de não-interferência
Rext CIRCUNF.
evolvental de duas engrenagens PRIMITIVA -1
Rp α
iguais, é que o início e o fim do
contato coincidam Q1
Rext = Rp + m = m . Z + m = m (Z + 2) O2 CIRCUNF.
EXTERNA -2
2 2
FIGURA 17
Rbase = Rp . cos α = m . Z . cos α
2
O1O2 = 2 Rp = m . Z
Z2 + 4Z + 4 – Z2 . cos2 α = 4 . Z2 . sen2 α
Z2 + 4Z + 4 – Z2 + Z2 . sen2 α = 4 . Z2 . sen2 α cos2 α = 1 – sen2 α
3 . sen2 α . Z2 - 4Z – 4 = 0 (58)
20
Substituindo (sen α) por: 14º 30’ – 20º – 25º , sucessivamente na expressão (58), teremos:
sen 14º 30’ Zmin = 23
sen 20º Zmin = 13
sen 25º Zmin = 9
21
Exemplo: (para α = 20º) Z1 = 13 Z2 = 16 (máximo)
Z1 = 14 Z2 = 26 ( “ )
Z3 = 15 Z2 = 45 ( “ )
Z4 = 16 Z2 = 100 ( “ )
Z5 = 17 Z2 = 1.355 ( “ )
22