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CAPITULO 2 DIMENSIONAMENTO DE FROTAS 2.1 Consideragées Gerais 3s tltimos indices de produtividade alcangados por muitas empresas de trans- porte sdo os melhores jé conseguidos nesse setor. Entre os motivos para alingir esses indices estd a presenca de filhos de empresdrios do ramo, com formagao superior, na gestio das empresas. Bles sao responsaveis pela maior profissionali zagdo nos servicos. Entretanto, apesar desses ntimeros animadores, ainda ha muito a conquistar. Existem fatores que fazem a produtividade no setor transportes ter um indice mui- to baixo em relagio a outros ramos da economia, como: veiculos com caracteris cas inadequadas ao tipo de transporte a que se destinam, ma conservasao das vias, congestionamentos e lentidao nas operagies de carga e descarga ou embarque e desembarque. Pesquisas realizadas revelam que o transporte rodovisrio de cargas apresenta apenas 43% de ocupagao de sua capacidade total. O caminhao médio é 0 campeio da ociosidade, enquanto que o caminhio extrapesado, com capacidade superior a 40 toneladas, destaca-se por ser 0 mais utilizado (com sobrecarga, em média, de 3,4 toneladas a mais do que seu peso ideal, em 57,4% das viagens) A mé utilizagdo de alguns vefculos comega na hora da compra. E comum em- presérios comprarem um caminhao mais preocupados com o prego de revenda do que com sua adequagao ao servigo. Falta também um melhor relacionamento destes com os fabricantes de veicu- los, com a finalidade de melhor compatibilizar necessidades com produtos dispo- niveis. Um exemplo é a medida dos vefculos, em geral de 16 metros, quando a legislacao permite 18,5 metros. 27 Tr Outro exemplo de utilizagio inadequada éalocar caminhdes de grande porte pesados em viagens aos centros urbanos, onde, normalmente, acabam perdendo parte de seu tempo em congestionamentos, os quais eles préprios contribuem para formar. Para estes casos, uma solugao que deveria ser mais difundida 6a criagao de centrais de recebimento de cargas. Dali, elas seriam embarcadas em veiculos de ‘menor porte, os quais fariam a distribuico urbana, evitando, assim, tais transtor- nos. 2.2 Previséo de Demanda Prever o futurolé algasonhado pela humanidade jé faz.muitos-sécatlos, Fazer —Pianejamenta buscar prever um pouco do futuro, Evidentemente, as previsoes procuram se basear em dados e na experiéncia profissional. Mas, ainda assim, projetar uma demanda futura nos sistemas de transporte éestar sujeitoa margens de erro, que variam conforme as mudangas de mercado. O grau de certeza dos resultados vai depender da finalidade e da amplitude do estudo realizado. Por isso, antes de estabelecer operagdes matematicas, que permitam estimar a deman- da futura, € necessario fazer uma andlise abrangendo os seguintes itens: — estudo de todo o setor dentro do qual se efetuard o célculo da demanda; — identificagio das informagGes que possibilitam decidir o que interessa ou no para planejar a demanda pelos transportes; — estudo especitico dos meios ou sistemas envolvidos no plano, bem como de todas as varidveis que possam afetar a procura por transportes. 2.2.1 O Mercado Independentemente da area de atuagao eda finalidade dos servigos que execu ta, uma empresa est sempre sujeita as leis do mercado. Segundo a natureza da concorréncia existente, os mercados podem ser clasificados em: = mercados de concorréncia perfeita; = mercados de concorréncia imperteita. A - Mercados de Concor ncia Perfeita ‘Sao aqueles que apresentam as seguintes caracteristicas: CConconRENCIA remerTA ~ Em fungio do grande mimero de rerio A Tred compradores ou vendedores, ne nhuma empresa consegue, Sozi- Bowe Bares nha, influenciar 08 precos. Fer 1090 Frm a0 — Opregoéo principal fator para a compra dos produtos, por nio existirem diferencas entre eles. Bere! Bee! ~ Quando todos os compradores e ow 5709 Fate a0 vendedores conhecem perfeita- mente as condigdes do mercado, Figura 2.1 Situagao de concorténc pete, 28 Dienstonsvente ve Feoras diz-se que o mercado é perfeitamente transparente. = Quando o ingresso ea saida do mercado sao livres a compradores e vendedo- res, o mercado apresenta perfeita mobilidade de seus integrantes, Esta situagio ideal nem sempre ocorre na pratica. No Brasil, o transporte rodo- viério de cargas apresenta uma situagio préxima desta ideal, pois existe um con- ~angente considerdvel de empresas de porte semelhante que oferecem servigos nas -nesmas condigdes. Além disso, é facil determinar os precos das concorrentes, bem -omo € facil um novo transportador entrar no mercado, ocorrendoa mesma situa- 0 do lado dos usudrios destas empresas. B - Mercados de Concorréncia Imperfeita (Os mercados ondea concorréncia é imperteita sd aqueles onde ocorre: ~ Monopélio: Quando hé apenas uma empresa no mercado, Ela passa a determi- nar os pregos e a qualidade dos servigos. No setor transportes, os casos de monopslio sao comuns, sendo muitas vezes exercidos por empresas estatais ou concessionarias dos servigos de transporte, ‘CONCORRENCIA MMPERFEA = Oligopélio:Quando ha um con- junto de poucas empresas e to- | yororcus cusorou das sio interdepencentes e sen- siveis a muclanga de press alquer iniciativa de um con- — a covrente pode derrubar as de | Qe—w — ly—ve Glew mais. Isso leva as mesmas a atu- arememconjunto, paradetermi-- | _rweaszaee nar as suas atuagdes dentro do mercado, evitando a guerra de regos. Figu 22 Stuagio de concorencia mperteia, 22.2 Modelos de Pr + Conceitos e Informagées Basicas A determinagio da demanda por transportes éfeita a partir de fatores externos = a afetam. Isto porque existe um profundo relacionamento entre a demanda por sportes ¢ os demais setores da atividade econdmica. Paraa previsio da demanda nas empresas, muitas vezes sdo usados conheci- tos empiricos do mercado, informagées baseadas em planos setoriais e ainda -cefelos mateméticos, os quais tém a forma: YOF Xp Xp X,) + = Variével de transporte, sobre a qual se deseja estudaro comportamento % Xe X_= Varidvets explicativas ou série hstérica do comportamento deY, 29 Senamcnvenr ook Tension Fors AvariavelY pode ser, por exemplo, a tonelagem média didtia a ser transporta- da por uma empresa daqui a dois anos, oi 0 mimero de passageiros a serem ‘atendidos em dezembro do préximo ano. Para as variaveis explicativas (X,, X,,..X,), podem ser considerados dados re- lacionados com a procura por transportes, como: populacao, renda per capita, pro- duto interno bruto, produgao industrial, safra ou qualquer outra varidvel que pos- saindicar o comportamento do transporte no futuro. Os modelos que relacionam a varidvel que se quer prever, com outras chamadas explicativas, so denominados do tipo cross-section Um modelo que relaciona a variavel que se quer projetar com 0 ano ou com 0 tempo chama-se modelo de série temporal. No caso do desenvolvimento de um modelo de série temporal, a varidvel X corresponderd a um determinado ano ou periodo. Aoconstruir um modelo, & preciso dar atengao aos seguintes aspectos: = As varidveis explicativas devem realmente estar relacionadas com 0 que se quer prever. ~ As varidveis explicativas devem ter comportamento futuro passivel de previ- socom bom grau de certeza. — Os modelos devem fomecer os resultados mais precisos posstveis. Para isto, deve-se exigir um perfeito ajustamento das varidveis a funcio especificada para explicar a demanda. ‘As fungbes de demanda mais utilizadas sao: = fungao linear: a+ 3a = ay byt apt agit tay, — fungdo do 2" grau:y eta? xP = fungio logistica: y = 1+1 Na Figura 2.3, tem-se um conjunto de pares ordenados (x.y) dispostosem dia- rama de dispersao: ‘Os pontos indicados representam dads, com (os quais se deve procurar ajustar a melhor fun- «fo que expresse 0 relacionamento entre as varié- veis xe y.O critério mais usado para realizar este ajustamento € 0 dos “minimos quadrados”. Ele ‘tem uso bastante difundido e pode ser encontra- doem programas estatsticos, planilhas eletr cas e até mesmo em calculadoras. Através dele, Figura 23 Diagiamna de dspersio, _-procurar-se-d ajustar uma curva Cao diagrama 30 Daversonsvenrooe Faavas de dispersio, detal modo que osomatério dos quadrados dos desvios (4) dacurva | y 08 pontos do diagrama seja minimo. A Figura 2.4ilustra tal situaggo. « Paradeterminar aqualidade do ajus- tamento das fungies especificadas a0 diagrama de dispersio, deve-se verifi- car se a curva de minimos quadrados representa realmente o fendmeno que ‘std ocorrendo, a wai Figue 24 lustragio das cetancas : Id onvre a curva 6 08 pantos conhecidos ret O grau de ajustamento de uma curva ao diagrama de dis- ' perso & dado através do coefi- iente de correlacdo (R), 0 qual variade zeroaum. Na Figura25, ° i oajuste é perfeito pois acurvaco bre todos os pontos do diagrama. Figura 2.5 Fungo com ajustemento perfate Neste caso, o somatsrio dos quadrados dos des- vios (d) é igual a zeroe Na Figura 2.6, a curva especificada nao conseguiu representar 0 fendmeno que origi- nou o diagrama de dispersao, Neste caso, nao existe uma relagio entrex ey, eR-0. Figure 26 Fungaa sem ajustamento * Efeitos das Flutuagées Sazonais Outro fator bastante importan- te que deve ser considerado na de- terminagao da demanda ¢ 0 efeito das flutuagbes sazonais. Toda em- presa de transporte esta sujeita aos efeitos da sazonalidade, quando, por exemplo, em feriados prolonga- dos ocorre aumento de trafego, ou quando se faz 0 escoamento da pro- dusdo na época da colheita de uma safra agricola. Figura 2.7 Impacto da varagio da camanda na uueagso ua frota at ~ determinar a demanda mensal de carga; ~ fixar os dias de trabalho / més e as horas de trabalho / dia; werficar as rotas a serem utilizadas, analisando aclives, condigées de tréfego, rugosidade da pista, tipo de estrada (asfaltada, de terra, cascalhada), ete.; ~ com dados sobre as rotas, determinar a velocidade de cruzeito no percurso: = determinar os tempos de carga, descarga, espera, refeicao e descanso do moto- rista,cte; Temes Thaspoae/ VOLUME = LeOICADar ~ analisar as especificagies técnicas Me cada modelo de veiculo disponivel na praca, a fim de determinar o que melhor atende as exigéncias necessérias para O transporte desejado; — identificar a capacidade de carga titil do veiculo escolhido; — calcular 0 ntimero de viagens/més possiveis de serem realizadas por cada vetculo; ~ determinar onsimero de toneladas transportadas por veicule Ontimero de veiculos necessérios € obtido dividindo-se a demanda mensal de carga pela quantidade de carga transportada nomeés por cada veiculo. A esse valor devemse acrescentar mais veiculos, proporcionalmente a frota calculada. Isto ser- ve para manter um sistema de revisdo preventiva, substituir veiculos avariados, etc ‘Com o correto dimensionamento da frota, pode-se obter uma expressiva red Gao dos custos. * Exemplo de Dimensionamento da Frota Apresenta-se a seguir com base em [3] oseguinte exemplo, ‘Uma empresa deseja saber 0 miimero de veiculos necesséios (frota homoge nea) ea quilometragem média mensal que cada veiculo tera que percorrer para atender ovolume de carga mensal a ser transportada. O equipamento a ser utiliza- do um semi-reboque graneleiro, — Dados: (Os dados do problema sio os seguintes: * do veiculo = peso do chassi: 5 400 kg; = peso bruto total do veiculo:35 000 kg: peso do semi-reboque ou reboque:7 250 kg; = peso de outros equipamentos: 350 kg: = velocidade operacional igual a 55 km/h na ida e 70 km/h na volta. da carga tipo de carga a ser transportada: soja; peso especifico da carga quando granel: 750 kg/m’; ~ carga mensal a ser transportada: 3 900 t/ més. 33 Gesevcasenrooe Transronre EFROTAS + Exemplo O exemplo ao lado ilustra 0 que foi visto neste item. A tabela mostra a quan- tidade de carga transportada por uma empresa (momento de transporte), com dados hipotéticos, entre 1985 e 1994, Com estes dactos, pede-se que sejam determinados: a. areta de regressio de minimos qua- drados; b. ocoeficiente de correlacao; a projecdo de transporte para o ano 2000. s | wer | ane Respostas: a. Feitos os célculos, aequacio de ajus- tamento determinada foi Y=17,19 + 1,96X ‘Onde X representa o mimero de anos a partir de 1985, ou seja, =1,2, 15, 16m b. Ocoeficiente de correlagio foi determinadoem R = 0,99, 0 que indica um exee- lente ajustamento, Coma equagao obtida, pode-se prever a quantidade de transporte paraoano 2000. Conformea tabela de dados, tem-se para este ano X= 16. Y= 17,19 + 1,96 x (16) = 48,55 milhdes de km, Em condigdes normais, o valor projetado deverd ficar bem proximo do verda- deito devido ao excelente grau de ajustamento da fungao ao diagrama de disper- 2.3 Dimensionamento da Frota para uma Demanda Conhecida 2.3.1 Transporte de Cargas Determinar o mtimero de veiculos necessérios para o transporte solicitado é ‘uma analise relativamente simples, mas que muitas vezes nao érealizada. Dimen. sionar uma frota a partir de uma variedade de aspectos como, por exemplo, 0 percurso que serd realizado, o peso da carga e as condigées das estradas evita conseqiiéncias indesejadas, tais como maiores custos em fungao da ociosidade dos veiculos ou da subcontratagao de terceiros. Para realizar o dimensionamento da frota, aconselha-se que os seguintes pro- cedimentos sejam seguidos: 32 Le Fons * operaciona tempo de carga e descarga: 85 min. na ida eO na volta; = distancia a ser percorrida: 414 km na ida e 430 km na volta; ~ jornada util de um dia de trabalho: 8h; niimero de turnos de trabalho por dia: 2; — nvimero de dias iteis de trabalho por més: 25 dias/ més; — muimero de dias previstos para manutengao por més: 2 dias/ més. Solugio: = Calculo do peso total do veiculo (tara): E a soma dos itens peso do chassi em ordem de marcha + peso da carrocaria sobrechassi + peso do semi-reboque ou reboque + peso de outros equipamentos Peso total do veicul 5 400 + 0 +7 250 +350 = 13.000 kg ~ CAlculo da carga itil do vefculo (lotagio}: Fa diferensa entre o peso bruto total do veiculoe a tara. Carga titi] = 35 000 - 13 000 = 22 000 kg, = Célculo do niimero de viagens mensais necessérias: E a divisio da carga ‘mensal a ser transportada num sentido, pela lotagao de um vefculo, : 3900000 | _17.27 . Niimero de viagens mensais="35 999" viagens / més (da frotahomogénea) = Célculo do tempo total de viagem: + Primeiramente, calcula-se o tempo de viagem de ida, Ea divisdo da distin- cia a ser percorrida na ida pela velocidade operacional do vefculo no per- curso de ida. a Us sempo de viagem maida = (224) x60=452man + Apés,calcula-se o tempo de viagem na volta. Ea divisio da distanciaa ser ae inida na volta pea Vlocidade operacional do vefclo no percurso de volta. \ + Otempo total de viagem &a soma do tempo de ida +o tempo de volta +0 tempo de carga e descarga na ida +0 tempo de carga e descarga na volta Tempo total de viagem = 452 +369 + 85 +0 = 906 min. — Cilculo do tempo disrio de operagio: £ o produto obtido multiplicando-se a jornada titil de um dia de trabalho pelo miimero de turmos de trabalho por dia. Tempo disrio de aperagio=8 x2 x 60 =960 minutos (operagao efetiva). = Célculo do ntimero de viagens de um veiculo por dia: E a diviséo do tempo ditio de operagao pelo tempo total de viagem. 34 Divevsonavenro 0 Fovas 960 Nuimero de viagens de um veculo, por dia= > =1.05 viagens dia. 906 ~ 15 Wiagens/ = Calculo do niimeto de viagens de um vefculo pormés: Primeiramente, calcula-se o ntimero de dias de operagao do veiculo por més. E igual adiferenga entre o ntimero de dias tteis de trabalho e ontimero de dias previstos para manuten¢ao. =23dias Numero de dias de operagao/ més = 25 - Depois, multiplica-se este zesultado pelo ntimero de viagens que cada vef- culo realiza por dia Neimero de viagens de um vefculo, por més =23x 1,05 =24,15 viagens/ més CAlculo do ntimero de veiculos necessarios na frota: Eo resultado da divisto do miimero de viagens mensais necessarias pelo niimero de viagens de um veiculo por més. | 17,27 Quantidade de vefculos = "54 75° = 7.35 Como este valor tem que ser inteiro, estabelece-se que o nlimero de veiculos € a a igual a8. Céleulo da capacidade de transporte mensal de um veiculo em um sentido: E ‘produto obtido multiplicando-se afotagso do vefculo pelo niimero de viagens de um vefeulo por més Capacidade de transporte por veiculo, por sentido = 22 000 x 24,15 531 300 kg/m Calculo da capacidade de transporte mensal da frota em um sentido: E 0 produto obtido multiplicando-se 0 mimero de veiculos necessdrios na frota pela capacidade de transporte mensal de um veiculo em um sentido. Para 8 veiculos, tem-se a seguinte capacidade média mensal: 8 x 531 300 = 4 250 400,00 kg Célculo da diferenca entre a capacidade de transporte da frota ea carga men- sala ser transportada: Para 8 veiculos, tem-se: 4 250 400 ~ 3.900 000 = 350 400 kg Célculo da quilometragem média diaria de um veiculo: E 0 produto obtido multiplicando-se a distancia total a ser percortida pelo caminhao (ida + volta) pelo nsimero de viagens de um veiculo por dia. Quilometragem média didria por veiculo = (414 + 430) x 1,05 = 886,20 km Célculo da quilometragem média mensal de um veiculo: fo produto obtide multiplicando-se o ntimero de viagens de um veiculo por més pela quilometra- ‘gem média diria de um veiculo. Quilometragem média mensal por vefculo = 24,15 x 886,20~21 401,73 km Obs: Esta informagio é muito importante para o cdlculo de custo operacional 38 Pty ine renciamento Transporte e Frotas Aattar Valente eT Tat TOME UE Tomo ECs)

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