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Simbiótica, v.8, n.4, set.-dez.

/2021 Vitória, Brasil - ISSN 2316-1620

Condenados a morrer

Recebido em 26-08-2019
Modificado em 13-09-2019
Aceito para publicação em 20-09-2019

https://doi.org/10.47456/simbitica.v8i4.37359

Milena Geisa dos Santos Martins


Mestra e Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).
E-mail: milenamartins18@gmail.com

Não ter…
Não ter amor, sinceridade,
Perspectiva de futuro… 321
Não ter estudo, comida
Dormir no chão duro…
Não ter sonhos, planos,
Sobreviver de enganos…
Não ter vida digna, identidade,
Amadurecer sem saber quem se é de verdade.
Não ter saúde, educação…
Ser reconhecido pela sociedade como maldição.
“Sementes do mal”,
É uma das classificações que lhes são atribuídas
Por aqueles que têm o que comer.
Da fértil terra periférica, subalterna e explorada;
Nascem batizados pelo sangue que escorre pelas ladeiras,
Periodicamente,
Amalgamado com a lama que jorra das encostas
Em temporadas de altos índices pluviométricos.

Esta obra está licenciada sob uma licença Creative Commons – Atribuição NãoComercial 4.0 Internacional:
https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/deed.pt
Simbiótica, v.8, n.4, set.-dez./2021 Vitória, Brasil - ISSN 2316-1620

Crescem e vivem em terra de ninguém.


Até que se cumpra o único destino possível,
E comecem a compor o pó dos execrados sociais
Em rasas covas
Que nunca se esvaziam…
Por ação do homem ou da fome,
Já nasceram condenados a morrer.

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