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REVISTA TOXICODEPENDÊNCIAS | EDIÇÃO IDT | VOLUME 17 | NÚMERO 1 | 2011 | pp.

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Enfrentar “novos riscos” e resgatar a cidadania
perdida: práticas de Serviço Social no seio das
políticas de redução de danos 1
Jorge Barbosa

Artigo recebido em 28/12/10; versão final aceite em 17/02/11.

RESUMO ABSTRACT
Neste artigo, analisamos as práticas do Serviço Social no domínio In this article, we analyse social work practices in the domain of
das políticas de redução de danos, tomando como objecto empírico harm reduction policies, taking as empirical subject the practice of
a actuação profissional desenvolvida pelos Assistentes Sociais nos social workers inserted in harm reduction programs among illicit
programas de redução de danos para utilizadores de drogas ilícitas drug users in the Oporto Metropolitan Area. The results suggest a
localizados na Área Metropolitana do Porto. Os resultados sugerem professional practice guided for a conception of harm reduction as
uma prática profissional orientada por uma concepção de redução public health measure supported by the principles of tolerance and
de danos como medida de saúde pública suportada pelos princípios citizenship, aiming the reduction of individual harm in order to prevent
da tolerância e da cidadania, que procura reduzir prejuízos individu- collective risks. We concluded that the social work practices oscillate
ais para prevenir riscos colectivos. Concluímos que as práticas do between the regulation of «psychoactive risks» and the obligation with
Serviço Social oscilam entre a regulação dos «riscos psicoactivos» e the efectivation of the citizenship rights, through a relation with the
o compromisso com a efectivação dos direitos de cidadania, através users of illicit drugs ruled by the defense of the human dignity and
de uma relação com os utilizadores de drogas ilícitas, pautada pela protection of the right to have health.
defesa da dignidade humana e protecção do direito à saúde. Key Words: Drug Addiction; Harm Reduction; Social Work; Citizenship.
Palavras-chave: Toxicodependência; Redução de Danos; Serviço
Social; Cidadania. RESUMEN
En este artículo se examinan las prácticas de Trabajo Social en el
RÉSUMÉ ámbito de las políticas de reducción de daños, teniendo como objeto
Dans cet article, on analyse les pratiques du Travail Social dans le empírico la actuación profesional desarrollada por trabajadores
domaine des politiques de réduction de risques, en prenant comme sociales en los programas de reducción de daños para usuarios de
objet empirique l’action professionnelle développée par les travail- drogas ilegales ubicados en el Área Metropolitana de Oporto. Los
leurs sociaux dans les programmes de réduction des risques pour resultados sugieren una práctica guiada por una concepción de la
utilisateurs de drogues illicites localisés dans le Secteur Métropolitain reducción de daños como una medida de salud pública con el apoyo
de Porto. Les résultats suggèrent une pratique professionnelle guidée de los princípios de la tolerancia y la ciudadanía, que busca reducir
par une conception de réduction des risques comme mesure de santé los daños individuales para evitar riesgos colectivos. Llegamos a la
publique supportée par les principes de la tolérance et citoyenneté, qui conclusión de que las prácticas de trabajo social oscilan entre la
vise à réduire les dommages individuelles pour prévenir les risques regulación de los “riesgos psicoactivos” y el compromiso de hacer
collectifs. Nous concluons, que les pratiques du Travail Social oscillent efectivos los derechos de la ciudadanía, a través de una relación con
entre le règlement des «risques psychoactives» et l’engagement avec los usuarios de drogas ilegales guiada por la defensa de la dignidad
l’accomplissement des droits de citoyenneté, à travers une relation humana y protección del derecho a la salud.
avec les utilisateurs de drogues illicites réglée par la défense de la Palabras Clave: Drogodependencia; Reducción de Daños; Trabajo
dignité humaine et de la protection du droit à la santé. Social; Ciudadanía.
Mots-clé: Toxicomanie; Réduction des Risques; Travail Social; Citoyen-
neté.
72 Enfrentar “novos riscos” e resgatar a cidadania perdida: práticas de Serviço Social no seio das políticas de redução de danos

1 – INTRODUÇÃO da sua acção profissional na promoção da cidadania dos


Neste princípio de século, com a evidenciada influên- utilizadores de drogas ilícitas. Assim, procuramos anali-
cia das orientações neoliberais, ao proporcionar-se a sar os processos da intervenção profissional no domínio
des­regulamentação do sistema de garantia de direitos, da construção da cidadania e da institucionalização dos
torna-se fundamental conhecer o papel dos assisten- direitos sociais dos utilizadores de drogas ilícitas. Con-
tes sociais na defesa e protecção dos direitos de ci- siderando que os assistentes sociais desenvolvem uma
dadania daqueles a quem prestam serviços de ajuda e prática de regulação, enquanto executores das políticas
apoio social. Percepcionando que as práticas dos as- sociais, problematizamos a sua actuação no seio das
sistentes sociais no seio das políticas de redução de políticas de redução de danos. Perante a vulnerabilidade
danos são orientadas pelos critérios da regulação do social e o risco social que envolvem os consumidores de
risco social, procuramos, na perspectiva de ampliação substâncias psicoactivas, interrogamos se as práticas
dos direitos sociais, compreender se a participação desenvolvidas pelo Serviço Social promovem a cidada-
do Serviço Social no campo dessa regulação se limita nia dos utilizadores de drogas ilícitas.
apenas à execução de práticas legitimadoras da regu- O Serviço Social tem-se identificado com a gestão dos
lação do risco social ou, se, também, contém possibi- problemas sociais e a contribuição para a coesão so-
lidades de dinamizar e potenciar estratégias emanci- cial, reduzindo e prevenindo os riscos sociais, intervin-
patórias favorecedoras da autonomia dos utilizadores do actualmente nos contextos da emergência de novos
de drogas ilícitas. Este enquadramento conduz-nos às e persistentes riscos sociais. A «sociedade de risco»
interrogações centrais desta pesquisa. No âmbito das (Beck, 1992) tem criado novos campos de actuação para
políticas de redução de danos, quais são os contribu- os assistentes sociais. Perante os problemas desenca-
tos do Serviço Social na efectivação da cidadania dos deados pelos riscos associados aos danos causados
utilizadores de drogas ilícitas? As práticas de Serviço pelo consumo de drogas ilícitas e por práticas sexuais
Social promovem a construção do utente-cidadão e o desprotegidas, como a infecção pelo vírus VIH/SIDA,
aprofundamento da dialéctica direitos-deveres? A ac- exigiu-se ao Serviço Social novos compromissos pro-
ção profissional desenvolvida pelos assistentes sociais fissionais com a protecção da sociedade pós-industrial.
no seio das políticas de redução de danos contribui para Foi-lhe exigida a redefinição dos seus dispositivos teó-
a promoção da tolerância, através da aplicação de mo- rico-práticos e que adoptasse novas habilidades e com-
delos de intervenção que reconhecem o direito à dife- petências profissionais, para assim gerir os riscos so-
rença e rejeitam a ideologia de uma sociedade livre de ciais determinados pelo uso e abuso de drogas ilícitas.
drogas? Essa acção profissional também contribui para Neste contexto, procuramos problematizar a participa-
a efectivação de uma cidadania emancipatória, por meio ção do Serviço Social no seio das medidas de saúde pú-
da aplicação de modelos de intervenção pró-activa, que blica reguladoras do risco social. Quais são as práticas
se inserem nos novos movimentos sociais e nas no- de regulação do risco social organizadas pelo Serviço
vas questões sociais suscitadas pelos efeitos da globa- Social? Emergiram novas práticas de gestão da «so-
lização (capacidade de inclusão social de indivíduos e ciedade de risco»? Para enfrentar as novas formas de
grupos considerados de alto risco)? Neste domínio das vulnerabilidade e precariedade foi necessário recorrer
políticas sobre drogas, como é que a prática profissio- a práticas mais flexíveis e participativas? Houve neces-
nal dinamizada pelos assistentes sociais contribui para sidade de sair do gabinete para a rua? Para prevenir e
a execução de uma ordem reguladora? É uma prática reduzir os riscos foi necessário actuar numa perspecti-
de regulação social vinculada por princípios tolerantes va de proximidade, reconhecendo o utilizador de drogas
e emancipatórios? de rua como actor e co-agente social?
Estudar a relação do Serviço Social com a política de re- Cremos que se torna mais do que necessário ques-
dução de danos, significa também analisar a implicação tionar as formas como o Serviço Social contribui para
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viabilizar a cidadania dos utilizadores de drogas ilíci- profissionais no seio das políticas de redução de da-
tas. Debater os elementos sobre a prática profissional nos. Para proceder ao tratamento da informação em-
comprometida com a construção da cidadania, enquan- pírica recolhida por entrevista, privilegiámos algumas
to processo de ampliação dos direitos sociais dos in- dimensões de análise, nomeadamente: (i) as concepções
divíduos consumidores que frequentam programas de acerca da política de redução de danos no contexto das
redução de danos, torna-se num dos imperativos do políticas sociais para o problema das drogas ilícitas; (ii)
presente estudo, que nos conduz ao confronto com a prática profissional dos assistentes sociais no seio dos
um conjunto de interrogações acerca do exercício da programas de redução de danos e (iii) a relação com os
cidadania. Que cidadania se amplia? Qual é o significa- utilizadores de drogas ilícitas. Pelas entrevistas preten-
do dessa cidadania? Que práticas são necessárias para demos captar as perspectivas dos assistentes sociais
que se promova a cidadania? sobre a sua inserção no campo das políticas de re-
Consideramos, ainda, que não é a prática do assisten- dução de danos. O que conhecem sobre a política de
te social que constitui a cidadania, mas pode ser um redução de danos? Que relação estabelecem com os
instrumento facilitador na efectivação da cidadania. Por destinatários destas políticas?
conseguinte, a questão que se coloca é em que medida Todo o material recolhido das entrevistas foi submetido a
e por que meio se promove através da prática do Ser- uma análise de conteúdo categorial temática qualitativa.
viço Social a condição de cidadania dos utilizadores de Escolhemos esta técnica qualitativa, porque nos oferece
drogas ilícitas. Verificar como isto é suscitado através a possibilidade de tratar de forma metódica os registos
da prática profissional nos programas de redução de das entrevistas semiestruturadas, com vista a dedução
danos é o que se pretende com este trabalho, proble- das interpretações e dos significados dos discursos dos
matizando a questão da cidadania como área de aten- entrevistados, sobre a relação do Serviço Social com
ção da acção profissional do assistente social. a política de redução de danos e a cidadania. A análise
das verbalizações recolhidas nas entrevistas, centrada
2 – METODOLOGIA nas relações da prática profissional com a promoção da
Para a realização desta pesquisa, optámos por uma cidadania, implicava uma compreensão da consciência
metodologia combinada de abordagem qualitativa atra- discursiva (o que os assistentes sociais dizem do que
vés do emprego de entrevistas qualitativas em pro- fazem) em detrimento da consciência prática (o que os
fundidade a sete assistentes sociais (com trajectórias assistentes sociais sabem fazer).
profissionais em programas de redução de danos di- Organizámos a análise de conteúdo, de acordo com
namizados no período de 1998 a 20052 , e análise de as propostas de Bardin (1995), Albarello et al. (1997) e
conteúdo dos respectivos discursos. De acordo com Poirier et al. (1999) em diferentes etapas: pré-análise,
Albarello et al. (1997, p. 103) «nos estudos qualitativos trabalho de codificação, organização categorial e inter-
interroga-se um número limitado de pessoas, pela que a pretações.
questão da representatividade, no sentido estatístico do A primeira etapa da análise qualitativa dos materiais
termo, não se coloca». Assim, as entrevistas realizadas das entrevistas consistiu essencialmente na leitu-
são instrumentos que conferem voz à experiência pro- ra repetida, pouco estruturada e de organização do
fissional de quem vivenciou o período da legitimação material. Seleccionámos e sistematizámos o material
política da redução de danos. sobre o qual se incidiu a análise. Este procedimento,
Decidimos pela realização de entrevistas semidirecti- designado por «leitura flutuante» (Poirier et al., 1999)
vas, também designadas por entrevistas esboçadas, de ou «trabalho de descoberta» (Albarello et al., 1997), per-
grelha, com guião, focalizadas ou guiadas (Poirier et mitiu-nos identificar e definir as unidades temáticas a
al., 1999, p. 104), para recolher informação acerca dos serem analisadas e codificadas. Em função dos objecti-
discursos dos assistentes sociais relativos às práticas vos da entrevista, constituímos um – corpus – conjunto
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de materiais sobre os quais incidímos concretamente a pretação, que nos auxiliou a desvendar as significações
análise e que foram seleccionados com base em crité- que os discursos dos assistentes sociais nos fornecem
rios qualitativos relacionados com a pertinência teórica. relativamente aos temas de abordagem. Desta forma,
Foi através deste procedimento clarificador que organi- transformámos os dados brutos em dados significati-
zámos categorias emergentes da análise de conteúdo, vos, relevantes e válidos, por meio de um processo de-
que serviu para orientar a segunda fase do trabalho e dutivo ou inferencial, que permitiu a passagem do sig-
elaborar as grelhas de análise. nificante ao significado. Nesta etapa, também designada
Na segunda etapa da análise sistemática do conteúdo dos por «montagem-síntese» (Poirier, et al. 1999), optámos
discursos, partindo do quadro de análise e depois de se por reunir, num discurso colectivo, o conjunto das en-
efectuar o levantamento e ordenamento do vocabulário, trevistas, a partir das grelhas de análise e organizando-
reagrupámos as «frases-ideia» recortadas das narrativas ‑o por relação aos temas de análise propostos.
orais, por categorias temáticas, obtendo dessa forma as
unidades de registo. A eleição das unidades de registo ou 3 – O SERVIÇO SOCIAL NO SEIO DAS POLÍTICAS
de significação atendeu a critérios de recorte de ordem DE REDUÇÃO DE DANOS
semântica. O tema foi a unidade de significação que 3.1 – Reduzir prejuízos individuais para prevenir riscos
recortámos das comunicações em função dos temas de colectivos: entre a tolerância e a cidadania
abordagem, agrupando em seu redor tudo aquilo que as Os profissionais de Serviço Social conceptualizam a
entrevistadas expressaram a seu respeito. Repartímos redução de danos como política de saúde pública trans-
os discursos dos assistentes sociais pelo sistema cate­ versal e complementar de outras áreas de intervenção
gorial (subcategorias e categorias), elaborado a priori, na toxicodependência (prevenção, tratamento e reinser-
mediante uma abordagem hipotética-dedutiva, por meio ção social). Uma política que visa evitar consequências,
do esboço da entrevista que nos proporcionou os temas limitar malefícios e minimizar os danos (sanitários, so-
principais, pressupondo posteriormente um «trabalho ciais, psicológicos e familiares) causados pelo consumo
de inventário do léxico-thesarus» (Poirier et al., 1999), de drogas. Definem esta medida de saúde pública como
de forma indutiva, que nos forneceu as categorias a uma estratégia de redução dos prejuízos que procu-
posteriori. Desta forma, a construção das categorias ra minimizar os perigos sanitários e sociais provoca-
foi determinada por um processo contínuo de vai-e- dos pelo consumo de drogas no indivíduo (protecção
‑vem entre a problemática teórica e o material recolhido individual). Simultaneamente, também defendem que
das entrevistas. A organização categorial, combinando a redução de danos é uma filosofia de acção educati-
estes dois processos, a perspectiva teórica e a recolha va e sanitária que não se aplica apenas no domínio da
dos dados, traduziu-se num «período de apalpadelas, de «psicoactividade», porque habitualmente está relacio-
tentativas e erros, de idas e vindas do texto à análise» nada com a redução de riscos. A expressão redução
(Poirier et al., 1999, p. 129). A escolha das categorias, da de riscos surge definida como prevenção dos riscos,
nossa responsabilidade, foi definida de acordo com os uma vez que é percepcionada como uma intervenção
imperativos técnicos propostos pelos autores (Grawitz, que procura evitar e prevenir comportamentos de risco.
1976; Bardin, 1995; Poirier et al., 1999): objectividade, Os discursos dos assistentes sociais evidenciam que a
exaustividade, pertinência e exclusividade. noção de redução de danos também engloba o exercí-
A última etapa da análise categorial consistiu no tra- cio de uma pedagogia social, promovendo a alteração
tamento e na interpretação controlada dos resultados dos comportamentos dos utilizadores de drogas, tendo
obtidos. Traduziu-se por uma fase de dedução, que nos em vista a diminuição dos riscos (sem riscos ou com
permitiu passar da descrição à interpretação, atribuindo menos riscos) adicionais para os indivíduos e conse-
sentido ao corpus de análise elegido. Foi através de infe- quentemente para a comunidade. Na generalidade, ar-
rências que operacionalizamos este processo de inter- gumentam que a redução de danos se materializa em
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acções que visam fundamentalmente atenuar os riscos riscos psicossociais associados ao consumo de drogas
para a saúde individual e pública. Sublinham a diferença ilegais e (iii) ser incentivadas para sua autonomização.
entre redução de danos e redução de riscos. A primeira No entanto, clarificam que a abstinência é um objectivo
refere-se aos prejuízos causados ao indivíduo, enquan- a longo prazo. Não é ponto de partida da acção de redu-
to a segunda se enquadra no domínio das práticas de ção de danos, mas pode ser de chegada.
prevenção e protecção da saúde pública. No entanto, no Respeitar as opções e os estilos de vida dos indivíduos,
sentido de evitar a frequente confusão entre estes dois reconhecer o direito à diferença, rejeitar julgamentos
conceitos, também salientam que os danos se referem morais que condenam o consumo de drogas e discrimi-
aos comportamentos e necessidades do indivíduo (pro- nam os consumidores, são assim, as expressões que os
tecção individual), enquanto a redução dos riscos está assistentes sociais verbalizam como atitudes tolerantes
directamente relacionada com as práticas que visam subjacentes a uma política de redução de danos. O prin-
prevenir a infecção pelo VIH/SIDA e outras doenças cípio da tolerância, enunciado nos discursos, traduz-se
infecciosas (protecção colectiva). Neste sentido, conce- no chamado «direito à diferença», enraizado no res-
bem a política de redução de danos como uma medida peito da liberdade do outro, reconhecendo a igualdade
de promoção de saúde pública que visa reduzir prejuí- de oportunidades e de tratamento dos consumidores,
zos individuais para prevenir riscos colectivos. respeitando-os como pessoas «diferentes mas iguais».
A escolha pela filosofia da redução de danos, como re- Assim, definem que a redução de danos é uma aborda-
ferência da intervenção do Serviço Social no domínio gem baseada na aceitação do outro, construída numa
das políticas para o problema do consumo de drogas, base de respeito mútuo, que não condena o consumo
abrange a assimilação de uma série de princípios, que de substâncias ilícitas, nem reprova moralmente ou
os profissionais de serviço social empregam na defi- pune, ou ainda, impede que os consumidores acedam
nição dos objectivos e das dimensões da intervenção a cuidados de saúde e sociais.
com os utilizadores das drogas ilícitas. Exprimem que A prática da redução de danos também se sustenta no
as políticas de redução de danos contemplam determi- princípio da cidadania. De acordo com os profissionais
nados princípios de acção estratégicos, como a tole- de Serviço Social entrevistados, a redução de danos é
rância e a cidadania. um modelo de proximidade que contempla a defesa da
Os seus discursos evidenciam que a tolerância é um dignidade humana e dos direitos dos consumidores, sen-
princípio básico subjacente a uma abordagem de redu- do a cidadania um princípio orientador desta abordagem
ção de danos, que engloba quer o respeito pelo outro, de saúde pública, promovendo o acesso dos consumi-
aceitando as suas diferenças sem juízos de valor, quer dores a equipamentos e serviços básicos de saúde. São
a rejeição de atitudes moralizadoras face ao consumo reconhecidos como elementos inscritos no princípio da
de drogas (o que contrasta com a abstinência, como cidadania aplicado pelo modelo da redução de danos, as
objectivo e meio da acção). Reconhecem que o objec- seguintes estratégias: (i) reconhecer a dignidade huma-
tivo central da redução de danos não é a abstinência, na, desenvolvendo a consciência de que o utilizador de
porque admitem que para alguns consumidores essa drogas é uma pessoa que necessita de cuidados básicos
meta será difícil de alcançar e, assim, consideram que de saúde e sociais; (ii) consciencializar para a igualdade
é mais importante conceber alternativas que promovam de oportunidades no acesso à saúde, informando sobre
modos de consumos seguros e gradualmente diminu- os direitos de saúde; (iii) desenvolver acções de educa-
am os efeitos e as consequências negativas e preju- ção e promoção da saúde e (iv) fomentar a participação
diciais do uso de substâncias psicoactivas. Defendem dos consumidores na construção de projectos que vi-
uma intervenção por objectivos junto de pessoas adic- sam a melhoria da sua qualidade de vida.
tas a drogas, as quais necessitam de: (i) ver melhorada Torna-se evidente que a inserção dos assistentes so-
a acessibilidade aos serviços sanitários; (ii) diminuir os ciais no campo das políticas alternativas para os proble-
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mas do consumo de drogas ilícitas lhes permitiu cons- (iii) orientação para rastreio de doenças infecciosas e
truir e discretear, de forma muito particular, o conceito (iv) ensinamento de práticas de menor risco (práticas
de redução de danos, problematizando-o como modelo de sexo seguro e a alteração de comportamentos de
de saúde pública transversal e complementar das es- risco e hábitos de consumo). A partir do trabalho de
tratégias de tratamento e reinserção social. Com raízes rua, contactam com consumidores de drogas que se
filosóficas na tolerância e na cidadania, que reconhece encontram fora do alcance dos serviços assistenciais
o direito à diferença e apela à defesa da dignidade hu- da rede pública, fornecendo-lhes utensílios assépticos
mana e dos direitos de saúde dos utilizadores de drogas para que possam gerir os seus riscos pessoais. Deste
ilícitas, visando essencialmente a prevenção sanitária modo, colocam o seu exercício profissional ao serviço
colectiva, através, designadamente, da minimização dos duma estratégia de controlo e higienização social para
perigos individuais. prevenir a SIDA e evitar a disseminação de outras do-
enças infecciosas (hepatites B, C e tuberculose). Nesta
3.2 – Entre a regulação dos «riscos psicoactivos» e a lógica, a prática do Serviço Social veiculada às medidas
defesa dos direitos de cidadania profilácticas, desempenha uma função de regulação
O desenvolvimento da prática do Serviço Social no do- dos «riscos psicoactivos» determinados pelo consumo
mínio da redução de danos vincula-se com a execução de drogas.
e operacionalização desta política de saúde pública, le- Ainda que os assistentes sociais desenvolvam estra-
gitimando a regulação social do problema das drogas tégias de disciplinação social e vigilância sanitária, a
e comprometendo-se com a protecção e defesa dos prática profissional no domínio da política de redução
direitos sociais dos utilizadores de drogas ilícitas. As de danos também se alarga à protecção e defesa dos
funções profissionais que desenvolvem os assistentes direitos de cidadania dos utilizadores de drogas ilícitas
sociais são orientadas pelos objectivos da política de (que tão frequentemente se encontram destituídos dos
redução de danos. Reconhecem-se como executores direitos humanos e sociais). A preocupação dos as­
desta política social pública, reproduzindo serviços so- sistentes sociais com o acesso a direitos não exercidos
ciossanitários definidos institucionalmente. manifesta-se em grande parte nas entrevistas através
A prática do Serviço Social é concebida como instru- dos relatos das práticas de proximidade com os con-
mento de mediação política na regulação social dos sumidores de drogas e nas descrições das práticas de
problemas causados pelo consumo problemático de mediação com os sistemas de apoio social (apoio mate-
substâncias psicoactivas ilícitas. As práticas profis­ rial e apoio afectivo). O objectivo da acção profissional
sionais vinculam-se aos esquemas de protecção contra neste domínio centra-se no desenvolvimento de activi-
os riscos individuais e sociais, admitindo um enquadra- dades que procuram restabelecer os direitos sociais e
mento nos mecanismos de controle social da sociedade promover a igualdade de oportunidade no acesso dos
actual, que pretendem apenas evitar expor aos outros, utentes aos cuidados de saúde. Para assegurar e pro-
os riscos sociossanitários originados pelas opções in- teger os direitos dos consumidores de drogas, os as-
dividuais dos utilizadores de drogas ilícitas. Neste con- sistentes sociais utilizam a advocacia social, como prá-
texto, de prevenção do risco e protecção da saúde pú- tica de uma intervenção que visa defender os direitos
blica, os assistentes sociais desenvolvem um conjunto individuais dos utentes, junto dos organismos que lhes
de práticas para regular os perigos públicos causados oferecem serviços sociossanitários. Geralmente rela-
pelo consumo de drogas, tais como: (i) distribuição de tam que o trabalho profissional é realizado para atender
material asséptico (troca de seringas e distribuição de indivíduos em situações de carências sociais e de saúde
preservativos); (ii) informação sobre os riscos (divulga- e para providenciar o acesso a recursos que promovem
ção de informação sobre as consequências das práticas a satisfação das necessidades humanas básicas. Ver-
de consumo e comportamentos sexuais desprotegidos); balizam ainda que se sentem como «advogados sociais»
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dos utentes nas relações que estes estabelecem com saúde bastante debilitada (perturbações psiquiátricas e
as estruturas sociais (nomeadamente para acederem a infecções), que lhes dificulta o acesso às estruturas de
recursos que são essenciais na prestação de cuidados tratamento. Em face desta situação, acrescida da re-
de saúde e de protecção social). Neste entendimento, presentação social veiculada pelas instituições relativa-
a contribuição do Serviço Social para a efectivação da mente à condição de toxicodependente, os assistentes
cidadania opera-se pelo exercício da advocacia social, sociais ficam compelidos a repensar práticas que con-
prática a partir da qual os assistentes sociais ajudam trariem a discriminação individual e institucional. So-
os utentes a obter acesso a provisões básicas e a me- bretudo no caso de utilizadores de drogas ilícitas que
lhores condições de saúde. É um processo através do passaram períodos prolongados em situações de exclu-
qual se tornam mediadores privilegiados entre a rua e são e opressão, vendo-se impossibilitados de exercer
as estruturas, procurando sempre melhorar e facilitar a e reivindicar os seus direitos mais elementares, estes
acessibilidade dos utentes a direitos e recursos sociais profissionais promovem práticas anti-discriminatórias
(que além de limitados são também rígidos). Esta opção para alcançar a equidade de tratamento e igualdade de
profissional, protagonizada junto de uma população que oportunidades no acesso aos serviços sociais. Definem
se encontra em situação de exclusão social, como con- estratégias para combater a discriminação profissional
sequência de comportamentos (autodestrutivos), rela- de que são alvo os consumidores, facilitando a igualda-
cionados com a dependência de drogas ilícitas, supõe de de tratamento por parte das instituições públicas. As
a escolha da advocacia social como prática do Serviço preocupações em relação à discriminação vivenciada
Social, alicerçada nos seguintes elementos: (i) informa- pelos utentes manifestam-se pelos relatos de diversas
ção sobre direitos sociais; (ii) regularização administra- actividades quotidianas do seu trabalho profissional.
tiva da condição de cidadania; (iii) reconhecimento dos Acompanhar os indivíduos às consultas de especiali-
direitos; (iv) reforço da dialéctica direitos-deveres; (v) dade (na área da infecciologia/hepatologia) e de segui-
protecção dos direitos sociais e (vi) defesa dos direitos mento nas estruturas de saúde, sensibilizar os técni-
individuais. Estes são os aspectos que se evidenciam a cos de saúde para as especificidades dos problemas
partir do que dizem os assistentes sociais quanto à sua e necessidades dos consumidores, são as actividades
prática afecta à cidadania, entendida como ideia de re- desenvolvidas para reduzir a discriminação social na
conhecimento de direitos, como respeito pela dignidade saúde. Pinto et al. (2003), referindo-se ao trabalho de
humana e como promoção de igualdade de oportunida- rua com consumidores de drogas, também constatam
des. Muito da actividade profissional processa-se numa que a presença dos técnicos no acompanhamento dos
contenda pela atribuição e garantia de direitos decla- utentes aos serviços de saúde e a sensibilização dos
rados, pela promoção e protecção dos direitos de uma profissionais que com eles contactam revelam-se muito
população afectada por processos de estigmatização li- eficazes na diminuição das dificuldades dos consumi-
gados à inferioridade do seu estatuto social (marginais, dores de drogas em adaptar-se ao modo de funciona-
delinquentes e drogados). mento das unidades de saúde (que podem ser as mais
A prática do Serviço Social neste campo efectiva-se discriminatórias relativamente a estes indivíduos).
por meio de acções que reclamam por equidade e jus- Relativamente às particularidades da prática profissional
tiça social, pressionando as instituições na melhoria do do Serviço Social no âmbito das políticas de redução
acesso aos cuidados assistenciais e no reconhecimento de anos, por relação a outras práticas profissionais e
dos direitos de uma população «disempowered». Os de- outros domínios de inserção profissional no domínio
poimentos dos entrevistados retratam os destinatários das políticas para o problema das drogas, os assistentes
das políticas de redução de danos como indivíduos de- sociais privilegiam o estabelecimento de uma relação de
pendentes de drogas de longa duração, bastante fragili- proximidade, o desenvolvimento da função de mediação
zados e vulneráveis socialmente, com uma situação de e a promoção de estratégias de empowerment.
78 Enfrentar “novos riscos” e resgatar a cidadania perdida: práticas de Serviço Social no seio das políticas de redução de danos

Diante da necessidade de intervenções no domínio da saúde. Dito de outro modo, como salienta Hoven (2002,
promoção da saúde pública, cuja finalidade é contac- p. 97) «a função atribuída ao Serviço Social é uma função
tar populações específicas de utilizadores de drogas de comunicação ou mediação no sentido de estabelecer a
ilícitas que não estão a ser abrangidas pelos serviços comunicação, ser intermediário entre grupos e pessoas,
convencionais, tem-se exigido práticas de proximidade entre instituições e cidadãos, entre oferta e procura».
que implicam facilitar o relacionamento dos indivíduos A análise das práticas quotidianas do exercício profis-
com os serviços comunitários existentes. Neste campo, sional, com base na interpretação dos discursos pro-
procura-se promover a aproximação dos consumidores feridos pelos inquiridos, permitiu identificar três ca-
às estruturas de fácil acesso, através da execução de tegorias de mediação defendidas por Almeida (2002):
práticas assentes na observação participante, favore- mediação-assistência, mediação-acessibildade e media-
cendo o espaço para conversas informais, que envolve ção-dinamização.
um «trabalho de exploração» (identificar locais de con- A primeira modalidade da mediação afirma-se como um
sumo, conhecer as práticas e representações do quoti- processo de gestão e aplicação de bens materiais que
diano dos consumidores) nos «territórios psicotrópicos» tende a satisfazer as necessidades declaradas pelos
(Fernandes, 1998), fundamentado em acções de educa- consumidores de drogas ilícitas. Perante solicitações
ção para a saúde com vista a promover a alteração de de apoio material, os assistentes sociais programam
comportamentos de risco e proporcionar alternativas actividades imediatas e pontuais que correspondem à
à rua. É uma relação de proximidade, construída sob atribuição de recursos em espécie (refeições e dormi-
bases de confiança e empatia mútuas, que procura criar da). Para Almeida (2002), trata-se de uma mediação-
respostas de intervenção diferentes e alternativas aos ‑assistência que responde de forma imediata à procura
modelos convencionais, facilitando dessa forma a aces- social em situações de urgência. Para além da supera-
sibilidade aos serviços de saúde e sociais. ção imediata das necessidades insatisfeitas, os entre-
Participar em projectos de redução de danos e facilitar vistados expressam que este tipo de mediação envolve
o acesso a serviços apropriados aos consumidores ainda acções de apoio psicossocial (diálogo e relação
problemáticos de heroína que, por diversos motivos, não directa) junto dos utentes, reforçando e restabelecendo
querem, não podem ou não conseguem recorrer aos o seu equilíbrio emocional. Na mediação-acessibilidade,
serviços de saúde e sociais, implica o desenvolvimento da privilegia-se a orientação e o encaminhamento social
mediação, como prática do Serviço Social que valoriza os para os recursos comunitários (saúde e segurança so-
direitos de cidadania e a defesa dos direitos humanos. De cial). Os assistentes sociais fornecem informação sobre
acordo com Almeida (2002, p. 91), «a mediação constitui os direitos dos utentes e favorecem a sua acessibilidade
um modelo de suporte a práticas inovadoras no domínio aos serviços com competência para a solução dos pro-
das políticas sociais que respeitam e promovem os valores blemas sociossanitários. Na opinião de Almeida (2002,
da dignidade humana e da cidadania». Na interacção p. 81), «trata-se, pois, de uma intervenção que facilita a
que estabelecem com consumidores de drogas ilícitas utilização de recursos e que permite aos clientes o acesso
fragilizados e socialmente desprotegidos, os assistentes a outros serviços de apoio institucional». Por último, a
sociais referem que exercem uma mediação que mediação-dinamização é caracterizada por uma inter-
predominantemente se organiza para prestar serviços venção comunitária, que envolve acções de partenaria-
que favorecem a melhoria das condições humanas. Nas do e o trabalho em rede. Os entrevistados relatam que,
narrativas em análise constatamos que o exercício da na dinamização das equipas técnicas que desenvolvem
prática de mediação visa essencialmente a melhoria trabalho de rua, compete especificamente ao Serviço
da relação dos serviços públicos com os utentes e a Social o desenvolvimento de práticas de intervenção
resolução de problemas de alojamento, alimentação, comunitária, quer para diminuir as tensões com as po-
transportes, cuidados de higiene e cuidados básicos de pulações locais, (subjacentes aos conflitos gerados pelo
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consumo problemático de drogas), quer para dinamizar capacitar os utentes dos serviços de saúde, procurando
a ligação com as estruturas e os recursos comunitários «(...) minimizar o diferencial de poder entre aqueles que
necessários para a satisfação das necessidades básicas administram e prestam serviços e aqueles que são con-
dos indivíduos. De acordo com Ocón (2001), trata-se de templados por eles, para dar voz nas decisões de como,
uma das facetas actuais do Serviço Social no domí- onde e de que maneira as pessoas são tratadas» (1999,
nio da redução de danos, que situa estes profissionais p. 16). Para intervir junto de um grupo que não parti-
numa posição privilegiada para actuar como agentes cipa nos processos de decisão e cujas potencialidades
mediadores entre os seus recursos e a comunidade não são reconhecidas, foi necessário desenvolver prá-
e para sensibilizar a comunidade na convergência dos ticas conducentes ao processo de empowerment, que
diferentes interesses. Como sublinha Almeida (2002), se compromete no combate contra a discriminação e
a mediação-dinamização é uma prática de acção co- na construção da igualdade de tratamento por parte
munitária que mobiliza parcerias e promove o trabalho das instituições públicas. O acesso a recursos mate-
em rede. De modo semelhante, Freynet (1995), também riais, o reforço da identidade e o trabalho com grupos
define o assistente social como mediador implicado na são vistos como estratégias de capacitação e fortaleci-
acção que se desenrola entre os excluídos e as redes, mento que desenvolvem aptidões para se alcançarem
reforçando as capacidades dos sujeitos e convocando escolhas informadas. Nas narrativas em análise, ob-
as potencialidades do meio (rede de parcerias). servamos que os utentes são ouvidos e considerados
Podemos afirmar que a mediação se traduz numa das nos processos de decisão e na procura de soluções. A
particularidades ou especificidades da acção profissional partir da dinamização de reuniões e do trabalho com
do Serviço Social no domínio das políticas de redução grupos, os assistentes sociais apoiam os indivíduos na
de danos, assumindo-se como instrumento privilegiado partilha dos mesmos problemas, de forma a poderem
e facilitador da aproximação dos utentes às estruturas propor a alteração das práticas institucionais. Pernell
de apoio social. Como diz Autés (1999), os assistentes (cit. in Payne, 2002, p. 368) assinala que «todo o traba-
sociais exercem um papel de intermediário e uma lho em grupo pode ser visto como de capacitação devido
função de mediação entre o particular do indivíduo e o aos valores democráticos, participativos e humanísticos».
universal das instituições. O conteúdo das entrevistas aponta para o desempenho
A resistência dos indivíduos à aproximação das estru- de práticas de empowerment, tais como: tratar os uten-
turas convencionais de tratamento (reflexo, designa- tes em plano de igualdade; respeitar as suas opções;
damente, da sua situação de dependência e exclusão) fomentar a integração e a participação e reforçar a sua
força à necessidade de recursos e oportunidades para autonomia. Num dos depoimentos das entrevistas iden-
expressarem as suas necessidades mais elementares. tificámos que os problemas, as vivências, os anseios e
No sentido de contrariar as condições desumanas e os objectivos dos utentes, são tidos em conta durante
a falta de oportunidades de participação de indivíduos o projecto de intervenção. Diferentemente das inter-
condicionados por factores de exclusão (más condições venções desenvolvidas em outras áreas de intervenção
de habitação, saúde precária, baixos níveis de educação (prevenção, tratamento e reinserção), nas quais os pro-
e reduzido acesso aos serviços), os assistentes sociais gramas já estão previamente definidos, no domínio da
desenvolvem estratégias de empowerment, por meio da redução de danos os assistentes sociais recorrendo à
participação e envolvimento dos mesmos na tomada de criatividade e autonomia profissional, procuram novas
decisões, valorizando a expressão das necessidades, estratégias que respondam às expectativas e ambições
promovendo a descoberta de potencialidades e capaci- dos consumidores de drogas, ajustando as respostas
dades ocultas, respeitando as suas opções e aceitando- institucionais às reais necessidades e fomentando a
‑os como parceiros iguais no processo de intervenção. participação na procura de soluções com vista a me-
Marlatt advoga que a prática da redução de danos visa lhoria das condições humanas e de saúde. Marlatt et al.
80 Enfrentar “novos riscos” e resgatar a cidadania perdida: práticas de Serviço Social no seio das políticas de redução de danos

(2004) quando relacionam redução de danos com tra- regulação da «sociedade de risco» (enquanto práticas
tamento, também expressam que, ao invés de listar os reprodutoras de políticas de prevenção sanitária indi­
requisitos e procedimentos, as estratégias de proximi- vidual e colectiva), evidenciam simultaneamente preo­
dade podem ser desenvolvidas pelos profissionais em cupações com a defesa da dignidade humana e com
parceria com a população toxicómana, tendo em vista a a efectividade de usufruto dos direitos sociais. Para
minimização dos obstáculos à melhoria da sua saúde. A Autés (1999), estas duas versões da prática constituem
prática do empowerment, surge assim, como conceito os paradoxos do Serviço Social, que oscilam todo o
operacionalizado pelos assistentes sociais para conferir tempo, entre estas duas posições: a do controlo da
poder aos utilizadores de drogas ilícitas no exercício sociedade pela instrumentação regulada pelo Estado,
de influência no que diz respeito aos seus direitos de construída à volta de um modelo de reparação de
tratamento e à igualdade de oportunidades no acesso à indivíduos patológicos; e a da emancipação e de acesso
saúde. O empowerment destes sujeitos torna-se numa à cidadania, comprometido com os valores democráticos
condição importante para reivindicarem os seus direi- e humanistas.
tos e exprimirem as próprias necessidades. De acordo
com Vasconcelos (2001, p. 48), o «empowerment constitui 3.3. Defesa da dignidade humana e protecção do
um território que necessariamente teremos de enfrentar direito à saúde
na busca contemporânea por uma profunda democracia, A prática do Serviço Social encontra-se vinculada à
igualdade social e cidadania». defesa da dignidade humana de indivíduos que vivem
Como constatamos, a inserção do Serviço Social nos em condições desumanas. Na relação que estabelecem
espaços de organização de serviços especializados que com os cidadãos destinatários das políticas de redução
proporcionam assistência a cidadãos utilizadores de de danos, os assistentes sociais valorizam a dimensão
drogas ilícitas em situação de exclusão social extrema, dos direitos humanos, a dignidade humana e as neces-
implica o exercício de práticas de proximidade, de me- sidades humanas básicas dos utentes. Organizam ac-
diação e de empowerment para que os sujeitos sejam tividades centradas nos objectivos primordiais dos di-
efectivamente capazes de aceder à condição de cida- reitos humanos: dignidade (ser cuidado, ser respeitado
dania. O que se observa nas práticas em estudo é que e dignificado) e justiça (igualdade no acesso a uma vida
a actuação profissional do Serviço Social, alicerçada na digna). Na sua acção profissional com os utilizadores
defesa e protecção dos direitos sociais, na aproxima- de drogas ilícitas, submetidos aos processos de dis-
ção às redes de apoio material e na participação activa criminação e de vulnerabilidade social e impedidos de
dos indivíduos, procura contribuir para a construção aceder aos recursos de que depende a sua dignidade
de uma prática emancipatória que ajude a contrariar a pessoal e social, os assistentes sociais expõem vincu-
discriminação pelos profissionais e pelas instituições, a lações com a construção de uma cultura humanista, de
reduzir a estigmatização social, a diminuir as desigual- democratização dos direitos humanos, logo, também de
dades sociais e a promover a equidade de tratamento e democratização do acesso aos serviços e direccionada
a igualdade de oportunidades dos utilizadores de drogas para a correcção das desigualdades sociais. Em face da
ilícitas no acesso aos direitos de cidadania. desigualdade e da desumanização expressas e viven-
A relação do Serviço Social com a política de redução ciadas pelos dependentes de drogas de rua, apoiam a
de danos flutua entre a função de disciplinação, de defesa dos direitos humanos desses cidadãos, pelo en-
normalização e controlo de utilizadores de drogas frentamento da degradação ou da miséria, pela satisfa-
injectáveis e o compromisso de lhes resgatar a cidadania ção das necessidades humanas e mediando o acesso a
perdida. Para enfrentar «novos riscos» suscitados pela condições de vida básicas. Nestes termos, actuam nas
epidemia da SIDA, exigiu-se o desenvolvimento de respostas orientadas para essas necessidades sociais,
práticas profissionais que, inserindo-se nos modos de enquanto respostas prioritárias em relação ao trata-
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mento da dependência psicoactiva. O direito a viver em consonância com o princípio da dignidade humana
condições humanas satisfatórias e o acesso a uma vida que se desenvolvem práticas orientadas no sentido de
digna são valores preconizados pela prática do Serviço garantir uma existência digna e o acesso a um nível
Social. Na visão de Dominelli (2004), ser tratado com de vida sustentável e adequado a indivíduos que não
dignidade e aceder à assistência são elementos inte- dispõem dos meios essenciais e de recursos suficientes.
grantes dos direitos de cidadania que não podem ser Restituir a dignidade humana e salvaguardar os direitos
negados a ninguém. sociais, nomeadamente a protecção do direito à saúde,
No âmbito da salvaguarda da dignidade humana, os implica uma prática profissional polivalente que se
assistentes sociais visam na sua acção os problemas de expressa no desempenho de diferentes papéis, a saber:
saúde e as inerentes dificuldades de acesso aos cuidados ensinamento de práticas de menor risco, distribuição
básicos de saúde, como parte dos pilares centrais de material asséptico, planeamento familiar, informação
da relação profissional. As patologias infecciosas, o sobre os direitos sociais, intervenção familiar, resolução
desconhecimento sobre as práticas e comportamentos de problemas jurídico-legais e ainda, realização de
de risco, as dificuldades de acesso aos tratamentos e acções de qualificação e inserção socioprofissional.
a obtenção de uma consulta médica ou de cuidados
de enfermagem, são algumas das questões que mais 4 – CONCLUSÃO
interpelam os assistentes sociais entrevistados no A actuação profissional dos assistentes sociais no
exercício da sua acção profissional. Os objectivos da domínio das políticas de redução de danos é orienta-
sua prática visam garantir um direito insistentemente da pela elaboração de uma concepção de redução de
proclamado nas Constituições da República, mas nem danos, concebida como medida de saúde pública, com-
sempre assegurado a todos os utilizadores de drogas plementar e compatível com as políticas de prevenção,
ilícitas, neste caso, o direito à saúde como parte tratamento e reinserção social. Os profissionais de
integrante dos direitos sociais. Garantir o acesso dos Serviço Social interpretam a redução de danos como
cidadãos aos cuidados médicos, obtendo uma consulta uma política de redução dos prejuízos individuais e de
num serviço de saúde e facilitando a aproximação aos prevenção dos riscos colectivos, regida pelos princí-
serviços de saúde, implica, muitas vezes, tomar contacto pios da tolerância e cidadania, que apela à defesa da
com as lacunas existentes entre a promulgação e a dignidade humana, reconhece o direito à diferença e
efectivação dos direitos de saúde. De facto, verifica-se promove a igualdade de oportunidades no acesso a
que as práticas do Serviço Social não se resignam com saúde por parte dos utilizadores de drogas ilícitas.
a promulgação, mas em assegurar efectivamente a No desenvolvimento de processos de inserção profis-
satisfação das necessidades sanitárias, como o acesso sional neste campo particular das políticas das drogas,
aos programas de troca de seringas, a obtenção de os assistentes sociais dão conta da existência de para-
uma consulta de infecciologia ou promover a adesão doxos contidos nos objectivos das políticas de redução
a um programa de intervenção clínico-terapêutica. A de danos. Por um lado, defendem que as políticas de
protecção do direito à saúde, na intervenção destes redução de danos são medidas profilácticas, que se
assistentes sociais, é interpretado como algo que supõe traduzem em instrumentos de vigilância sanitária para
garantir o acesso dos utilizadores de drogas ilícitas prevenir a transmissão de enfermidades infecciosas
aos cuidados primários de saúde e ao tratamento da e diminuir os comportamentos de risco, determina-
dependência psicoactiva. dos pelas «práticas de intoxicação». Por outro lado,
Verificamos, assim, que a relação do Serviço Social reconhecem que as políticas de redução de danos se
com os cidadãos destinatários das políticas de redução converteram numa alternativa aos enfoques baseados
de danos é pautada pelo reconhecimento da dignidade na abstinência e centrados nos modelos repressi-
humana, base dos direitos fundamentais. E é em vos. Nesta perspectiva, os objectivos das políticas de
82 Enfrentar “novos riscos” e resgatar a cidadania perdida: práticas de Serviço Social no seio das políticas de redução de danos

diminuição dos danos e riscos visam a protecção da Nesta perspectiva de minimização das desigualdades
saúde dos utilizadores de drogas ilícitas e a melhoria sociais, a advocacia social também surge como prática
da sua realidade psicossocial. Visando a promoção anti-discriminatória empregue na acção profissional
e a protecção da saúde, os profissionais de Serviço para capacitar os consumidores estigmatizados e opri-
Social consideram que estas medidas de saúde pública midos a ultrapassar as discriminações profissionais e
valorizam os princípios da cidadania. Primeiro, porque institucionais.
assinalam que os objectivos prosseguidos pelos pro- O compromisso do Serviço Social com a ampliação
gramas de redução de danos se centram na promo- dos direitos sociais dos cidadãos com problemas de
ção do relacionamento dos consumidores de drogas abuso de drogas pressupõe, comparativamente com
com as estruturas sociossanitárias. Segundo, porque outros domínios de inserção política no campo das
são programas que procuram garantir a melhoria de drogas, algumas particularidades profissionais, que se
qualidade de vida de uma população consumidora que traduzem: (i) no desenvolvimento de uma relação de
não acede aos serviços assistenciais da rede pública, proximidade com os consumidores; (ii) no desempenho
através de acções orientadas para a satisfação das de uma função de mediação entre as necessidades
necessidades humanas básicas e para o acesso aos expressas pelos consumidores e a burocracia dos
cuidados de saúde primários. recursos e (iii) em práticas de empowerment, que
A função atribuída ao Serviço Social neste domínio valorizam a defesa dos direitos humanos e a promoção
de políticas traduz-se pelo desempenho de práticas da cidadania activa.
profissionais que oscilam entre a regulação dos «riscos A relação do Serviço Social com os cidadãos desti-
psicoactivos» determinados pelo consumo de drogas natários das políticas de redução de danos é pautada
e o compromisso com a efectivação da cidadania dos pela defesa da dignidade humana e pela protecção do
utilizadores de drogas ilícitas. Os assistentes sociais direito à saúde. Para defender a dignidade humana e
actuam nos contextos de regulação dos riscos sociais, assegurar a protecção do direito à saúde de popula-
ao participarem na dinamização de acções de preven- ções toxicómanas socialmente excluídas é exigido aos
ção do VIH/SIDA (distribuição de material asséptico e assistentes sociais o desempenho de uma função poli-
ensinamento de práticas de menor risco), não sendo valente que se expressa em diversos campos sociais:
meros executores das políticas de redução de danos. da educação à promoção da saúde; do apoio e protec-
A sua intervenção profissional contém preocupações ção social ao acesso à justiça, da família ao indivíduo,
com a aquisição, reconhecimento e promoção dos da formação ao emprego.
direitos sociais dos cidadãos utilizadores de drogas A inserção e a participação dos assistentes sociais
ilícitas. Tratam-se, pois, de desempenhos que, além nos processos de emergência e legitimação políti-
de procurarem prevenir os riscos sociais que repre- ca da redução de danos, embora seja marcada pela
sentam danos para os consumidores de drogas, em dinamização de práticas que visam a regulação dos
particular, e para os cidadãos, em geral, se orientam «riscos psicoactivos», não impede, antes implica, que
simultaneamente para a melhoria das condições de se equacionem estratégias de ampliação dos direitos
vida e de cidadania, através do provimento de mínimos sociais e de promoção de uma cidadania emancipató-
socialmente satisfatórios e de processos favorecedo- ria. Na perspectiva dos profissionais de Serviço Social
res da inclusão social. impõe-se a definição de processos de empowerment
A contribuição do Serviço Social para a promoção da e a aplicação de modelos de intervenção pró-activa,
cidadania operacionaliza-se pelo exercício da advocacia para que se possam promover práticas emancipatórias
social, prática usada pelos assistentes sociais na defe- de cidadania. A valorização da cidadania emancipató-
sa dos direitos individuais e na promoção da igualdade ria pressupõe a construção de práticas centradas no
de oportunidades no acesso a meios de menor risco. reforço da tolerância, na defesa da dignidade humana
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e no compromisso contra todas as formas de dis- das políticas de redução de danos, apresentada em 2006 na
criminação profissional e institucional. As propostas Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica
Portuguesa.
de educação preventiva pelos pares, as iniciativas de
2 – A escolha deste período é sustentada pelo processo de
auto-ajuda, a aquisição de práticas de menor risco institucionalização da redução de danos, durante a trajectória
e o reconhecimento da responsabilidade colectiva e das políticas para o consumo de drogas ilícitas em Portugal,
partilhada pelos riscos sociais, constituem-se como com o intuito de compreender a actuação profissional do
estratégias promotoras de práticas de cidadania mais Serviço Social no processo de transição da fase experimental
para a da legitimação política (Barbosa, 2009).
activas e emancipatórias.
Em síntese, a acção profissional do Serviço Social no
domínio das políticas de redução de danos inscreve-se
em pleno na defesa dos direitos de cidadania. A pro- Referências Bibliográficas

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redacção deste artigo que agora publicamos, decorrente da Marlatt, G. Alan; Carlini-Marlatt, Beatriz; Ferreira-Borges, Carina
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