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ClubeCV
Clube de Ciências do Centro Ciência Viva de Vila do Conde
Agradecemos ao Sr. Darcílio, ao João Paulo e ao Moniz toda a sua arte
em materializar as ideias em objectos.
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Índice:
Introdução ……………………………………………………………………….. 4
Conclusão ………………………………………………………………………..16
Bibliografia ………………………………………………………………………..17
Anexos
3
Introdução
O trabalho aqui apresentado foi desenvolvido no âmbito das actividades regulares do ClubeCV –
Clube de Ciências do Centro Ciência Viva de Vila do Conde (mais informações em
http://viladoconde.cienciaviva.pt/clube).
O Centro Ciência Viva de Vila do Conde possui uma estação meteorológica
automática (figura 1) que mede e regista, em intervalos pré-definidos
(actualmente, de 5 em 5 minutos) os parâmetros que permitem avaliar as
condições climatéricas do local: temperatura, humidade, pluviosidade, pressão,
potencia radiante por unidade de área, direcção e velocidade do vento. Esses
dados são enviados para um computador (figura 2) que, através de um software
adequado (figura 3), permite obter e tratar esses registos; além disso, o
software permite também o envio desses dados para a Internet, onde podem ser
consultados por todos em http://viladoconde.cienciaviva.pt/meteo (figura 4).
Com este poderoso recurso disponível surgiu, naturalmente, no âmbito do
ClubeCV, trabalhos na área da meteorologia, do qual este é um exemplo. Figura 1
Uma vez que automatização “esconde” o processo de medida
das grandezas envolvidas, pois tratam-se de sensores electrónicos,
pretendeu-se, numa primeira abordagem ao tema da meteorologia,
construir de forma rudimentar aparelhos que permitissem medir as
grandezas disponibilizadas pela estação, de forma a tornar claro o
processo de aquisição desses dados. Assim, na primeira parte deste
trabalho, foi construída uma estação meteorológica artesanal, com um
pluviómetro (medição da pluviosidade), higrómetro (medição da
humidade), um barómetro (medição da pressão atmosférica) e um
anemómetro (medição da direcção e velocidade do vento). Não foi
construído nenhum termómetro por se ter considerado que era um aparelho de Figura 2
medição bastante usual e conhecido de todos. No entanto, estudamos um pouco os
seus aspectos teóricos e o seu modo de funcionamento. A construção do barómetro e do anemómetro
foi feita baseada em relatos feitos pessoas de idade em relação a aparelhos antigos que por vezes
haviam nas aldeias para esses fins.
Na segunda parte é apresentado o Índice de Conforto Climatérico (um confortómetro). A ideia
foi combinar os vários factores que condicionam a nossa sensação de conforto físico (temperatura,
humidade, vento, sol) num único valor de uma escala de 0 a 100%, que traduzisse o nível de conforto que
uma pessoa sujeita a essas condições sentiria se não tivesse nenhum tipo de abrigo, para além da roupa
usual no nosso clima. Obviamente que, por definição, o confortómetro será um índice subjectivo (a
nossa calibração pode não coincidir com a desejada por outra pessoa). Ficamos posteriormente a saber
que, a nível da climatologia, vários autores produziram índices desta natureza bastante mais elaborados
e entrando com outros factores (por exemplo, o tipo de roupa) e pensamos, posteriormente, aprender
um pouco mais e melhorar o nosso Índice de Conforto Climatérico.
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1ª Parte - Estação Meteorológica Artesanal
1.1 - Termómetro
1.2-Pluviómetro 1 mm
2
1m
Construção do pluviómetro
d2
1
A termodinâmica é a parte da física que se ocupa das propriedades da matéria relacionadas com o calor e a transformação deste
em energia
2
V=1 mm x 1 m2 = 10-3 m3 = 1dm3 = 1 L
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Calibração do pluviómetro (determinação da sua escala)
Afunil= π r12
Afunil= 1.838x10-2 m2
Área da secção recta do cilindro
Acilindro = π r22
Acilindro = 3.117x10-3 m2
V2= Acilindro x h
V2= 3.117x10-5 m3
3.117 x 10 -5 m 3 V
-2 2
=
1.838 x 10 m 1m 2
V= 1.696x10-3 m3
10 -3 m 3 1.696 x 10 -3 m 3
=
1 mm P mm
P= 1.696 mm
Ou seja, 1 cm de altura de água no cilindro corresponde a uma pluviosidade de 1,7 mm. Portanto, a
escala do cilindro, de 1 e 1 mm, terá de ser marcada de 0,59 ~0.6 cm em 0.6 cm.
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1.3 Higrómetro
Quando o ar está saturado de vapor de água, existe a quantidade máxima de vapor de água possível
para essa temperatura. A humidade do ar é o principal factor de formação das nuvens, chuva, geada e
neve, que são ocasionadas pelo arrefecimento do ar húmido, provocando a condensação do vapor de
água.
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Exemplo de uma medição:
θ seco = 20,0ºC
humidade = 80%
θ molhado = 18,0ºC
Esta diferença não nos espanta, pois para além dos métodos de medida serem diferentes, o que pode
conduzir a pequenas diferenças, a estação automática se encontra a mais de 9 metros do solo e a nossa
medição da humidade foi feita no exterior, mas junto ao solo.
1.4 Barómetro
O ar da atmosfera, “preso” à Terra pela sua atracção gravítica, exerce pressão sobre todos os
objectos nela situados. A pressão atmosférica é exercida em todas as direcções, no entanto nós não
nos sentimos pressionados porque os líquidos das nossas células e o sangue que circula nas nossas
artérias, veias e vasos capilares, também exercem pressão de dentro para fora equilibrando a pressão
exterior.
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atmosférica varia, varia também a força exercida na superfície livre da água no tubo C. Caso a pressão
aumente, empurra a água, comprimindo o ar que se encontra em A: o nível da água em C baixa. Caso a
pressão diminua, a força exercida no ar diminui, aumentando o seu volume e, logo, o nível da água em C
sobe.
B
C
A
ar
água
Pi + ∆P
Uma variação ∆V no volume de ar irá empurrar (ou ser preenchido) por igual volume de água,
provocando uma igual variação de volume de água no tubo C, de raio rC, que corresponderá a uma
variação de altura ∆hC:
∆P
∆hC πrC = hBπrB
2 2
Pi + ∆P
de onde se retira, finalmente, que
2
r ∆P
∆hC = hB B
rC Pi + ∆P
Ou seja, a variação da altura da água em C depende da altura de ar contido em B, da variação de
pressão, da pressão inicial do ar contido no tubo B e, essencialmente, do quadrado do quociente entre
os raios das bases dos dois tubos.
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Assim, concluímos que se fechássemos o tubo B quando a pressão atmosférica fosse normal (Pi =
1013 hPa) e com uma altura de ar de 10 cm (hB = 0,1 m), para um cilindro B de raio da base 10 cm e um
cilíndro C de raio da base 1 cm, uma oscilação de pressão ∆P da ordem do 1 hPa, produziria no tubo C
uma subida ou descida de líquido de quase 1 cm, o que seria facilmente perceptível, mesmo atendendo a
que a temperatura não será na realidade constante e que o ar não é um gás perfeito. Por outro lado,
consultando o historial da estação meteorológica, concluímos que o tubo C teria de ser suficientemente
longo para suportar variações de pressão de cerca de 990 hPa até 1040 hPa, pelo que um comprimento
de 50 cm seria suficiente.
A calibração do barómetro é feita com base nos valores fornecidos por outro barómetro, ou
pode ser utilizado unicamente para detectar subidas ou descidas da pressão atmosférica em relação a
uma dada situação inicial: Uma vez que a temperatura não é usualmente constante, optámos por não
fazer uma calibração definitiva, mas colocar apenas uma marca no tubo assinalando a pressão normal,
até porque o nível de água no tubo também é afectado por fenómenos de evaporação de água no tubo
mais pequeno e pelo equilíbrio entre a água no estado líquido e água no estado gasoso na bolsa de ar
contida em A (que também depende da temperatura). Nota-se, alias, a formação de pequenas gotículas
de água na superfície interior do tubo B, mais visíveis quando a temperatura arrefece, como é de se
esperar (o que permite saber se a temperatura tem vindo a aumentar ou a diminuir, pelo aspecto do
“orvalho” que cobre o tubo). De qualquer modo, o barómetro tem se comportado razoavelmente como o
esperado: por exemplo, a uma variação de pressão dos 1018 mBar para os 1021 mBar provocou uma
descida do nível da água no tubo C de 3,5 cm.
1.5 Anemómetro
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Na direcção x, a componente Fgx é um vector simétrico da componente Fx.
Fgx = Fx (equação 1)
A massa m pode ainda ser substituída pela massa volúmica do material ρmat vezes o volume que,
tratando-se de uma placa rectangular, será igual à sua área A vezes a espessura h:
F = ρmat A h g tg θ (equação 4)
O vento, ao soprar, exerce uma força distribuída por toda a área A de contacto. Assim, a força
F exercida pelo vento, pode ser obtida multiplicando a pressão P pela área A de contacto:
P A = ρmat A h g tg θ (equação 6)
Por consulta em livros, nomeadamente os números [4] e [6] da bibliografia, ficámos a saber que,
como seria de esperar, a força de pressão exercida por um gás está relacionada com a sua massa
volúmica e com a velocidade média das suas partículas constituintes (mais correctamente, com o
quadrado a sua velocidade média), pela expressão
_2
P= 3 ρ ar v (equação 8).
1
No nosso caso, em que o gás é o ar e, portanto, trata-se de uma mistura de várias substâncias
moleculares (oxigénio, azoto, dióxido de carbono, monóxido de carbono) e obtivemos (nos livros
referidos) para a sua densidade aproximada (depende da mistura concreta e da sua temperatura) o
valor dar= 0,00129. Tem que ser considerada a velocidade média das partículas, pois moléculas do gás
não se movem todas exactamente com a mesma velocidade, mas apresentam uma distribuição de valores
em torno de um valor mais provável (grosso modo, o valor médio).
_ ρ mat
v = 3hg tgθ (equação 8).
ρ ar
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uma expressão que relaciona a velocidade média das partículas do ar (vento) em função do ângulo θ,
como era pretendido (os restantes parâmetros são conhecidos ou podem ser determinados).
Fizemos primeiro os cálculos para os valores tabelados para diferentes metais, e concluímos que
o ideal seria construir dois anemómetros: um com a placa de alumínio (d=2,7), para media as brisas mais
suaves, e outro de ferro (d=7,8) para as rajadas mais vigorosas. Posteriormente, confirmamos o valor
das densidades, pesando as placas construídas e medido o seu volume (pelo método do volume de líquido
deslocado, uma vez que a peça real não é um paralelepípedo perfeito), obtendo valores concordantes.
placa Placa
de alumínio de aço
massa/g 15.81 48.11
volume/cm3 6 6
Massa volúmica/ g cm-3 2,6 8,0
Uma vez que a medição do volume não foi muito rigorosa, pois a sua menor divisão era de 2 ml
(para que coubesse a placa dentro da proveta, teve de ser uma de capacidade 250 ml), vamos adoptar
os valores tabelados. Este procedimento, no entanto, serviu para validar os materiais utilizados.
Usamos em seguida uma folha de cálculo para calcular o valor de V em função do θ. Segue-se os
valores obtidos, de 5 em 5 graus, bem como a sua representação gráfica, apresentando-se os valores
mais pormenorizados em anexo (de grau em grau). Coso seria de esperar, o sistema “falha” para os 90º,
pois a função nesse ponto tende para infinito.
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Aspecto da folha do “Excel” que calculou os valores
da velocidade do vento em função do ângulo para a placa de alumínio.
Para além da velocidade do vento, o nosso aparelho pode servir para medir o fôlego de cada um…
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2ª Parte - Índice de Conforto Climatérico
Pensando no que poderia ser feito para explorar um pouco mais os dados que tínhamos à nossa
disposição fornecidos pela estação meteorológica automática3, pensámos em fazer um “confortómetro,
construir um parâmetro obtido numericamente e que avaliasse o índice de conforto fornecido por um
determinado conjunto de parâmetros meteorológicos. Todos sentimos que o valor da temperatura por si
só não chega para produzir conforto: um valor muito alto de humidade e de temperatura (climas
asiáticos) pode ser muito desconfortável e quantos dias de praia não foram perdidos devido ao vento...
Por outro lado, dias muito frios podem ser bem mais agradáveis se se tratar de um clima seco. Assim
nasceu o Índice de Conforto Climatérico (Icc).
Para a construção do Icc pensamos em quantificar a importância que cada um dos parâmetros
dados pela estação meteorológica teria para nós se estivéssemos sujeitos a eles, no exterior, sem
qualquer tipo de abrigo (sombra, cobertura, tapa-vento), com a roupa adequada à época e para o nosso
clima. Assumidamente subjectivo, concluímos que o Icc deveria contemplar os parâmetros t, h, v e s que
corresponde à temperatura, humidade, velocidade do vento e piranómetro (sol). Não foi incluído o
parâmetro pluviosidade, pois consideramos que se estiver a chover, o índice de conforto será zero. Os
restantes factores irão contribuir da seguinte maneira:
1- O principal factor de conforto climatérico é a temperatura, que deverá contribuir
para o Icc com um peso de 40%. Os restantes três factores deverão contribuir com
20% cada um.
2- O valor óptimo da temperatura será atribuído para os 20ºC e à medida que a
temperatura se afasta deste valor, aumentando ou diminuindo, o Icc deverá diminuir,
de modo a que se tenha reduzido significativamente para t = 10 ºC ou t = 30 ºC.
Consultando bibliografia, nomeadamente [5], aprendemos que a função matemática
que nos interessava se chama Função de Gauss. Embora não tenhamos possibilidade
de compreender completamente a sua expressão matemática, usámos o “excel” para
representar esta função aplicada ao nosso problema, e vimos como a sua
representação gráfica correspondia exactamente ao pretendido. Variámos os seus
parâmetros até ter a “abertura” pretendida e o valor máximo de 1 (100%). Chamámos
T a esta função, que irá contribuir com um peso de 40% para o Icc, que variará entre
o 0 e o 100% (desconforto total e conforto total, respectivamente).
3- Procedemos de modo idêntico para a humidade relativa, criando a função H que
apresenta o valor máximo de 1 para os 50% de humidade e desce para os 0,5 nos
valores de 30% e 70%. Um ambiente demasiado seco é desconfortável pela secura
que provoca na pele, mucosas e olhos. Um valor demasiado alto, além de prejudicial à
saúde, dificulta a evaporação da sudação, para as temperaturas altas, não deixando
arrefecer tão eficientemente o corpo como pretendido e, para as temperaturas
baixas, onde a sudação não ocorre, facilita o arrefecimento do corpo pois o ar torna-
se melhor condutor térmico, o que não é desejável.
4- Os parâmetros V e S vão ser ligeiramente diferentes consoante o valor da
temperatura que se regista:
a. se a temperatura for amena, digamos entre 15 e 25 graus celcius, considera-se
agradável um sol moderado e uma brisa muito suave. O máximo da função S4 vai ser
atribuído aos 500 w/m2 e o máximo da função V para os 0,5 m/s.
b. se a temperatura for fria, inferior a 15 graus celcius, será bom que esteja sol e o
vento é de todo indesejável. O máximo da função S vai ser atribuído aos 800 w/m2 e
o máximo da função V para os 0 m/s.
3
Análises climatológicas não são adequadas neste momento pois a estação tem apenas um ano de registos efectuados, o que é
pouco para este tipo de estudo.
4
O valor do piranómetro varia entre 0 e os 850 W/m2 (verão, no meio-dia solar).
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c. se a temperatura for quente, superior a 25 graus celcius, será bom que o sol não
esteja muito forte e um pouco de vento é agradável. O máximo da função S vai ser
atribuído aos 400 w/m2 e o máximo da função V para os 2 m/s.
A execução do Icc ficou a cargo do programa Excel: introduzindo-se os valores dos parâmetros,
ele efectua automaticamente os cálculos (a folha de cálculo que executa o Icc é enviada em anexo em
formato electrónico) Aqui ficam alguns exemplos de valores obtidos para o Índice de Conforto
Climatérico (não quer dizer que todas as situações ocorram no nosso clima, apenas se pretende testar o
modelo teórico):
TEMP 8 ºC
HUMID 90 %
VENTO 6 m/s
SOL 200 W/m2
Icc 6 %
Icc 59 %
Icc 91 %
Icc 47 %
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Situação E- Tempo quente, seco, com vento e sem sol
TEMP 27 ºC
HUMID 50 %
VENTO 2 m/s
SOL 200 w/m2
Icc 54 %
Conclusão
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BIBLIOGRAFIA
[2] Fiolhais,C. , Valadares,J. , Silva,L. e Teodoro.V. Física – 9º ano , Didáctica Editora, 1997
[3] Mendonça,L. e Ramalho,M. Física no mundo em transformação – 9º ano , Texto Editora, 1997
[4] Walker,H. Fundamento da Física (gravitação , ondas e termodinâmica), Livros técnicos e científicos
editora S.A, 1996
[5] Acton, J.R. & Squire, P.T. Solving equations with Physical Understanding, Adam Hilger Lta, 1985
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