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Curso: Direito
Atividade: Fichamento
O Principialismo
Introdução
“[...] como destaca o próprio Childress num seu artigo, os autores de Principles of
Biomedical Ethics não são os únicos representantes de uma abordagem “principialista”
da ética.” (p.120)
“Para que uma proposta mereça o nome de principialista basta que conceda às normas
morais gerais – aos princípios – um lugar central na reflexão bioética, sem que seja
necessário negar os outros elementos da vida moral que ocupam lugar de honra em
outros enfoques da ética-biomédica, tais como a análise de casos ou virtudes.” (p.120)
“Em sentido restrito, os princípios são as normas morais mais amplas e gerais, que são,
por sua vez, a fonte e fundamento de outras normas mais específicas.” (p.120)
“[...] não há dúvida de que o respeito pela autonomia exerce um papel central em
seu sistema, como em toda a bioética contemporânea, que é filha – ou talvez, neta-
da modernidade.” (p.123)
a. O conceito de autonomia
“Ser autônomo não é o mesmo que ser respeitado como um sujeito autônomo.” (p.
125)
“O respeito pela autonomia exige, pelo menos, que se reconheça o direito do sujeito
moral (ou seja, da pessoa que é capaz de decidir autonomamente): 1) de ter seus
próprios pontos de vista, 2) fazer suas próprias ações e 3) de agir em conformidade
com seus valores e crenças pessoais. [...] Por isso, Beauchamp e Childress destacam
que o respeito pela autonomia alheia exige ações e não só atitudes.
“Se for expresso negativamente, o principio de respeito pela autonomia exige que as
ações autônomas das pessoas não sejam submetidas por outras pessoas a controles
externos que as limitem ou as impeçam.” (p.126)
2. O Princípio de não-maleficência
“Nossos autores insistem que essa precedência não é universal. [...] Em todo caso,
Beauchamp e Childress sustentam que se pode afirmar que na maior parte dos casos
as obrigações de não-maleficência vinculam com maior força que as obrigações de
beneficência.” (p.129)
b. O conceito de dano
“Uma ação pode ter efeitos adversos sobre outra pessoa sem que o sujeito moral a
tenha ofendido ou a tenha tratado injustamente. [...] Para que haja ofensa moral é
preciso que o dano tenha sido intencional e injusto: “a ofensa envolve a violação dos
direitos alheio, ao passo que o dano não envolve necessariamente violação
semelhante.” (p. 131)
“Embora essas normas sejam numerosas, os autores enumeram cinco delas como
exemplos típicos das normas derivadas desse princípio geral: 1) não matar; 2) não
causar dor ou sofrimento; 3) não causar incapacidade; 4) não ofender; 5) não privar
outras pessoas dos bens da vida.” (p. 132)
3. O princípio da beneficência
a. O conceito de beneficência
“Os autores classificam como ‘beneficência’ qualquer ação humana levada a cabo
para beneficiar a outra pessoa.” (p. 132-133)
“[...] muitos autores sustentam que a beneficência é um ideal moral. Isso significa
que os agentes morais são dignos de louvor quando agem de modo beneficente, mas
não incorrem em deficiência moral quando não o fazem.” (p.133)
1. Y corre um risco significativo de perda ou dano que afetaria sua vida, sua saúde
ou qualquer outro interesse seu que seja fundamental e importante.
2. A ação de X (só ou em união com outros) é necessária para prevenir a perda ou
dano de Y.
3. Existe uma grande probabilidade de que a ação de X tenha êxito, ou seja, que
consiga prevenir eficazmente o dano ou perda que ameaça Y. (p. 135)
d. Beneficência e não-maleficência: suas diferenças
4. O princípio de justiça
“[...] Quais são os critérios para decidir qual é o valor ou norma preponderante na
situação concreta? O critério aqui é de índole consequencialista. Em caso de conflito
entre os princípios e normas que nos vinculam, prima facie, o sujeito moral deve
optar pela alternativa que maximiza o bem na situação.” (p. 145)
“A vida moral tem pelo menos dois níveis: o nível ordinário e o nível extraordinário.
O nível ordinário é o da moral de mínimos ou o nível da estrita obrigação moral. [...]
O nível extraordinário é, pelo contrário, o nível da aspiração ou dos ideais morais.”
(p.147)
2. As ações supererrogatórias
1. A ação que se realiza é opcional. Não é nem mandada nem proibida pelas
normas morais.
2. Vai além do que é mandado ou prescrito pela moralidade comum.
3. O sujeito moral realiza a ação intencionalmente para beneficiar os demais.
4. A ação é boa e digna de louvor em si mesma, para além da boa intenção do
sujeito moral.
3. Da obrigação à supererrogação: uma progressão contínua
“Os autores apresentam essa progressão como uma escala com quatro níveis:
obrigação estrita, obrigação fraca, super-rogação fraca e super-rogação estrita.”(p.
149)
“[...] o sujeito moral não tem que se contentar com os mínimos morais, deve aspirar
a níveis superiores de excelência. [...] O reconhecimento do nível de excelência na
vida moral amplia nossa perspectiva e enriquece a compreensão da vida moral. (p.
150)
“Em nosso ponto de vista, seu mérito consiste em captar e enunciar os pilares
constitutivos da moral, sua estrutura essencial.” (p. 151)
2. Teleologismo ou deontologismo
“Beauchamp e Childress não admitem que exista uma ordem lexicográfica entre os
princípios: todos eles são do mesmo nível prima facie. [...] tanto Ross com, de
algum modo, Frankena admitem uma hierarquia entre os princípios. Para Ross, os
deveres de não-maleficência têm prioridade sobre os de bebeficência. Frankena, por
seu lado, admite que a justiça pode ter prioridade sobre a benevolência, pelo menos
em certas ocasiões.” (p. 153)
“[...] Gracia propõe que os quatro princípios da bioética se ordenam em dois níveis:
o privado e o público. No primeiro nível, o privado, encontramos os princípios de
autonomia e beneficência. [...] No segundo nível, o público, encontram-se os
princípios de não-maleficência e de justiça. [...] Em caso de conflito entre os
princípios de nível público e os do privado, prevalecem os primeiros, segundo
Garcia.” (p. 155)
“[...] destaca-se a ausência de uma teoria filosófica de base que sirva de sustento a
uma teoria ética fundadora de sua proposta. [...] Sequer fazem referência a nenhuma
lei moral universal que possa separar formalmente os juízos e normas morais dos
que não o são.” (p. 157)