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ofa Pa manus i " 4 -= =e 1 hi en im ae ee = a eyillny Pe be 1 INTRODUGAO O Banco de Leite Humano (BLH) é um centro especi- alizado no processamento e distribuigaio do leite humano. Deve, obrigatoriamente, estar vinculado a uma instituigao que preste atendimento materno-infantil. E responsavel pela pro- mogao e incentivo do aleitamento materno e por todos os processos referentes ao leite humano, desde sua coleta até a distribuigao final. O Banco de Leite Humano incentiva e promove o Alei- tamento Materno através de varias agdes: atendimento as gestantes durante o pré-natal, as nutrizes com dificuldades em amamentagao, realiza controle de qualidade do leite hu- mano ordenhado, treina e capacita profissionais da satide e areas afins, colabora e realiza pesquisas cientificas e 6 0 prin- cipal colaborador na manutengao do titulo, instituido pelo Mi- nistério da Satide, de Hospital Amigo da Crianga. O presente trabalho foi idealizado para uma unidade de atendimento a mulher no estado do Ceara. 2 HISTORICO O Brasil possui hoje a maior e melhor rede de bancos de leite humano do mundo. Foi reconhecida pela Organiza- do Mundial de Satide (OMS) como tal. A experiéncia brasi- 82 3 Banco de leite) 54 humano| leira tem sido levada a outros paises, principalmente daAmé- rica do Sul. Tal reconhecimento se deveu ao esforgo da Fundagao Osvaldo Cruz (FIOCRUZ) e do Programa Nacional de Incen- tivo ao Aleitamento Materno (PNIAM), do Ministério da Sati- de. Em 1985, essas duas instituigdes juntaram suas acdes com vistas a desenvolver uma expansdo quali-quantitativa dos Bancos de Leite Humano no Brasil. Um dos objetivos princi- pais seria a mudanga de paradigma em relacdo ao funciona- mento destes bancos. A partir dal, os BLH passam a exercer aatividade de promogdo de incentivo ao aleitamento mater- no e 4 amamentacao natural e nao somente o processamento do leite humane para posterior distribuigdo. Este movimento gerou a criagao da Rede Nacional de Bancos de Leite Hu- mano. A FIOCRUZ passou a desenvolver pesquisas para o desenvolvimento de metodologias para 0 controle de quali- dade do leite processado que estivesse de acordo com as necessidades nacionais. Foram desenvolvidas rotinas, pro- cedirnentos e equipamentos. O custo do processo também foi bastante reduzido. Com o advento da AIDS, a maioria dos bancos de leite do mundo fechou suas portas, mas o Brasil caminhou na di- redo contraria e implantou cada vez mais novos bancos de leite (SILVEIRA, 1996; SOGIEDADE BRASILEIRA DE RE- PRODUGAO HUMANA, 2004). Quando a Rede Nacional de Bancos de Leite Humano foi criada, havia no pais pouco mais de uma dezena de ban- 52 Banco de leite | ee: boar cos de leite, hoje ja se contabiliza mais de cem. A estrutura organizacional da rede funciona da seguinte forma: existe uma comiss4o central de Bancos de Leite, que delibera as politi- cas referentes ao assunto, e os centros de referéncia, tanto nacional como estaduais, que implementam essas politicas estabelecidas pela comiss4o central. Aidéia é criar um sis- tema hierarquizado e vertical para facilitar a implementagao dessas agées. O Centro de Referéncia nacional é q Instituto Fernan- des Figueira (IFF), instituigao ligada 4 FIOCRUZ. No caso do Ceara, o Centro de Referéncia Estadual é o Banco de Leite Humano do Hospital Geral e Maternidade Dr. César Cals. No Estado existem somente trés BLH. Além do Centro de Refe- réncia Estadual tem-se o BLH da Maternidade Escola Assis Chateaubriand da Universidade Federal do Ceara, em For- taleza, e o BLH, do Hospital Jesus Maria e José, unidade filantropica, em Quixada. pee eters Draenei feo ene ag a ee DUO Ula oe eae Hospital Jesus Maria @ José (Quixada) Figura 1 - Organograma da Rede de Banco de Leite Humano no Ceara Banco de leile | 53 humano | 3 CLASSIFICAGAO Os Estabelecimentos que manipulam Leite Humano podem se classificar da seguinte forma: Posto de Coleta — unidade fixa ou mével destinada exclusivamente a proceder a coleta de leite humano. Deve estar vinculado a um Banco de Leite. Banco de Leite Tipo | — unidade fixa que coleta, esto- cae distribui leite cru e atende a prematuros e RNs infectados, internados em bergarios. Banco de Leite Tipo Il - unidade fixa que coleta, pro- cessa, estoca e distribui 0 leite humano. Banco de Leite de Referéncia ou Tipo Ill — desem- penha as fungdes do Banco de leite tipo II, além de desenvol- ver treinamento, pesquisa e consultoria. Possui exceléncia de nivel técnico, operacional e administrativa. Banco de leite de Empresa — tem como finalidade o aleitamento materno para as funcionarias da organizagao. Desenvolve também os processos descritos anteriormente para os outros bancos de leite. 4 RECURSOS HUMANOS Cada Banco de Leite podera definir suas necessida- des de recursos humanos em fun¢4o da sua classificagado e capacidade operacional. O coordenador devera, obrigatori- amente, ter nivel educacional de graduagao. 54 Banco de leite ae nina Os recursos humanos necessarios para o bom funcio- namento de um banco de leite sao os seguintes: Equipe principal: Médicos pediatras e neonatologistas Nutricionistas Enfermeiros Farmacéuticos bioquimicos Engenheiros de alimentos Técnicos de laboratorio, e Auxiliares de enfermagem E possivel, também, que se tenham outros profissionais envolvidos no processo. Essa equipe de apoio se configura como multidisciplinar e sao de areas afins, como: Psicélogos Fonoaudidlogos Assistentes sociais, e Terapéutas ocupacionais. 5 PUBLICO ALVO S4o considerados consumidores os lactentes que, por alguma razo, nao podem ser amamentados ao seio. Eles podem ser prematuros ou RNs de baixo peso, representan- do 95% dos consumidores totais. Essas criangas, via de re- seit sot Banco de leite Te os "eal gra, estao internadas em unidades de terapia intensiva neonatais. Podem ser, também, lactentes portadores de de- ficiéncias imunolégicas, gemelares e portadores de alergias. O Banco de Leite atende, ainda, a criancas externas sadias cujas maes possuem excedente de leite. Estas m&es doam parte da sua produgao para o banco de leite e o restante é pasteurizado e retornado para sua crianga. As doadoras sao maes sadias que produzem leite além do necessario para a alimentagao de seu préprio filho. E im- portante que seja assegurado que a doagao é exclusivamen- te do excedente, pois precisa ser obrigatoriamente esponta- nea. Adoadora precisa ser submetida a exames clinicos para assegurar a qualidade do leite doado. 6 ATRIBUIGOES E ATIVIDADES A atribuig&o basica da unidade do Banco de Leite Hu- mano, segundo a RDC-50, é a prestagdo de atendimento de apoio ao diagnéstico e terapia, cujas atividades a serem desenvolvidas s4o as seguintes: Recepcionar, registrar e fazer a triagem das doadoras; Preparar a doadora; Coletar leite humano, intra ou extra estabelecimento; Fazer 0 processamento do leite coletado: selegdo, clas- sificagao, tratamento e acondicionamento; Fazer a estocagem do leite processado:; 56 a> Banco de leite humano Fazer 0 controle de qualidade do leite coletado e pro- cessado; Distribuir leite humano; Promover agées de educagao no ambito do aleitamen- to materno, através de palestras, demonstragdes e treinamen- to in loco; e Proporcionar condigées de conforto aos lactentes acom- panhantes da doadora. 7 PROCESSOS DESENVOLVIDOS Para se obter leite humano e prolongar seu periodo de utilizago, € necessario que uma série de processos sejam desenvolvidos de acordo com normas e rotinas pré-determi- nadas. O leite humano cru somente podera ter como consu- midor o filho da propria doadora (BRASIL, 1987). Para que o leite doado seja destinado a outras criangas é obrigatério que passe por todos os processos abaixo discriminados: Coleta Consiste na extragao da secregao lactea das doado- fas sadias. Pode ser feita de forma manual ou com auxilio de equipamentos como bombas de suc¢do manuais ou elétri- cas. Essa coleta pode ser interna ao banco de leite ou exter- na. No caso de coleta externa, as doadoras precisam ser devidamente orientadas para o correto procedimento em re- lag&o as normas técnicas e higiénico-sanitarias. Banco de leite| 57 humano TS INEDLS..6 96 tere Pré-estocagem So estabelecidas condigdes temporarias de esto- cagem do leite até este chegar ao banco de leite e sua arma- zenagem durante o tempo que antecede o processo de pas- teurizagao. Esse leite coletado precisa ser devidamente acon- dicionado e mantido em caixas térmicas a uma temperatura maxima de 5°C. E muito importante que o transporte do leite coletado externamente seja feito de forma adequada e em menor tempo possivel. Selecado e Classificagao Oleite coletado cru deve ser submetido imediatamente a um processo de selegdo, classificagdo e tratamento de conservacao. Pasteurizagdo Segundo as Recomendagées Técnicas para funciona- mento de Bancos de Leite Humano (BRASIL, 1987), a pas- teurizag¢ao é o tratamento aplicado ao leite que visa a inativagdo térmica de 100% das bactérias patogénicas e de 99% de sua flora sapréfita. O processo de pasteurizac4o se da nas seguintes etapas: Descongelamento do produto Coleta de amostras para controle de qualidade fisico- quimico (teste de acidez dornic e crematécrito) Reenvase (em campo de chama) Aquecimento em banho-maria a 62,5°C Resfriamento rapido a +5°C 58 Banca de leite a humano Coleta de amostras para controle de qualidade microbiolégico Estocagem O produto devera ser estocado para posterior distribui- ¢4o apés a liberagao do controle de qualidade microbioldgica. O produto reprovado devera ser desprezado. O produto pas- teurizado devera ser rotulado e acondicionado, dentro dos principios de normas higiénicas, em freezercom controle de temperatura. Nao podem ser estocados por periodo superior a seis meses, nem devem dividir espago com outros produ- tos hospitalares. Distribuigao Todo produto pasteurizado devera ser distribuido segun- do critérios clinicos e devidamente prescritos. O produto pode ser distribuido na forma congelada e seu descongelamento feito na unidade consumidora ou no préprio banco de leite. Controle de qualidade O controle de qualidade do leite humano coletado e dis- tribuido n&o se aplica somente ao controle microbiolégico. O objetivo é conseguir qualidade satisfatoria desde a sua cole- ta até o seu consumo. © controle microbioldgico é feito em laboratério que pode estar inserido dentro da unidade do banco de leite. O controle operacional é muito importante e deve ter inicio na anélise dos cruzamentos de fluxos, nas especificagdes de materiais de acabamentos e na escolha dos equipamentos. sigh [TEDL *.4..8.5¢ Sere te noe) 8 PROGRAMA E DIMENSIONAMENTO De acordo com a RDC-50, foi elaborado um programa fisico-funcional da Unidade de Banco de Leite Humano, con- forme quadro 01. ‘Quadro 01 — Dimensionamento de Areas do Banco de Leite Unidade Funcional: 4-APOIO AO DIAGNOSTICO E TERAPIA Unidade Banco de Leite Humano — BLH Sala para recepyao, registro e triagem de doadores m Sala de preparo de doadora — Area de recepgao de coleta externa m 3,00 1 3,00 Arquivo de doadoras m 6,00 1 8,00 Sala para coleta m*/ cadeira 2,30 8 18,40 fe para processamento, estocagem e distribuigado de leite Selegao / Classificagio / Pasteurizagao| m 15,00 1 15,00 Estocagem 4 | 800 Liofilizagaio 1 6,00 Laboratério de controle de qualidade 1 15,00 ‘Sala para lactentes. acompanhantes 1 6,00 Ambientes de apoio Sala de esterilizacdo de materiais mm 8,00 i 8,00 Sanitarios (masc e fem.) m 2,00 2 4,00 (Continua) “Banco de leite * | ae humano Quadro 04 — Dimensionamento de Areas do Banco de Leite Unidade Funcional: 4-APOIOAO DIAGNOSTICO E TERAPIA Sanitérios funciondrios 2,20 2 440 (Continuagao) Aroa Area a minima | SP") orat Vestidrio (barreira para liofiizagite) m 300 | 1 | 300 Depésito de material de limpeza {comum com a reabilitagao) TOTAL Sala administrativa m? / pessoa 5,50 2 11,00 Sala de demonstragSo e educagiio em satide (comum com as agdes basicas) Consultério mm Copa me Sub-total Paredes o Circulagdes 1% Fonte: Anvisa, 2004 e autoras 9 INSTALACGES Os Bancos de Leite Humano devem satisfazer condi- gGes basicas no que diz respeito as suas instalagdes. Os ambientes de trabalho devem ser providos de abun- dante iluminacéo e ventilagao, tanto mecanica quanto natu- ral, de acordo com sua necessidade. Nas areas de manipu- lagao do produto (leite humano) deve ser feita ventilagao mecanica através de sistema de ar condicionado, com 0 ob- jetivo de manter a temperatura estavel entre 20°C a 26°C. Banco de leite | 44 humano Isto é importante principalmente no Nordeste do pais, onde as temperaturas se mantém elevadas a maior parte do ano. Aumidade do ar deve ser mantida em nivel de conforto agra- davel ao usuario, Deve-se manter controle de medigao da tem- peratura ambiente. As paredes devem ser lisas, lavaveis, impermeaveis, de preferéncia de cor clara e resistentes aos processos de limpeza. O piso, da mesma forma, deve ser lavavel e resis- tente aos processos de limpeza. As portas precisam ter pro- tegdo contra pragas e serem revestidas de material resisten- te. E proibido o uso de ralo na sala de processamento. O controle de potabilidade da agua usada deve ser executado periodicamente. Deve-se prover a unidade com abastecimento de gas combustivel na sala de pasteurizagao e laboratério de con- trale de qualidade. 10 LOCALIZAGAO © Banco de Leite Humano projetado devera localizar- se proximo a uma unidade de Ambulatério, mas com facil acesso a Unidade de Neonatologia (unidade consumidora). Por ter atendimento ao publico externo, tera acesso facilita- do para que nao seja necessario cruzamentos de pessoal por areas no autorizadas. Esta estrategicamente localizado distante de qualquer dependéncia que possa comprometer a qualidade do produ- |e to processado sob 0 ponto de vista quimico, fisico-quimico e microbiolégico, Se interrelaciona com as seguintes unidades: Unidade de Terapia Intensiva Neonatal Unidade de Terapia de Cuidados Intermediarios Neonatal Internagao Mae-canguru Internagdo Obstétrica ’ 11 ESTUDO PRELIMINAR Na proposta de banco de leite vista na figura 2, obser- va-se a preocupagao de manter barreiras de nivel crescente de cuidados de protegado, com a definigao de areas semi- restrita e restrita, garantindo um maior controle de acessos e circulagées. As doadoras, antes de entrar na sala de coleta, 80 obrigadas a passar por vestiario de barreira, induzindo aos procedimentos de higienizagao. 12 CONSIDERAGOES FINAIS A Unidade de Satide aqui detalhada, Banco de Leite Humano foi escolhida em fungdo de sua importancia. A partir de uma vis&o holistica do atendimento a mulher e a crianga, o direito 4a amamentagao e ao aleitamento natural, 6 um dos pontos de maior relevancia para a promogdo da satide ma- terna e infantil. Banco de leile = g3 humano ‘oueWN} 91/97 ap COUeG Op EIUgIayNbue Bysodo1y — Z BINGy WV irapvoousa Lu " Banco de leite humano * | Se O estado atual do atendimento de satide no estado do Ceara e a falta de humanizagao encontrada, principalmente no que diz respeito ao cuidado ao recém-nato, foi o fator prin- cipal de indugo a elaboracao do projeto de um espaco des- tinado a esta atenc4o, cujo aspecto formal traduzisse sensa- ges de acolhimento. O projeto de um Banco de Leite Humano é uma propos- ta que busca suprir uma lacuna do Sistema Unico de Satide, especialmente aquela que determina as acGes basicas relacio- nadas com a questo do cuidado a crianga, REFERENCIAS ABATH, G. M. O Programa de Satide da Familia do Ceara: uma andlise de sua estrutura e funcionamento. Fortaleza, 1998. 220 p. ABBES, C.; MASSARO, A. Documento do Humaniza SUS — Acolhi- mento com Classificagao de Risco. Brasilia, DF: MS, 2005. ANVISA, Agéncia Nacional de Vigilancia Sanitaria. Normas para Proje- tos Fisicos de Estabelecimentos Assistenciais de Satide. 2. ed, Brasilia: ANVISA, 2004. ——__—. Normas Técnicas para o funcionamento de Banco de Células e Tecidos Germinativos. Consulta Publica n. 38, Brasilia: ANVISA, 26 de maio de 2004. BOTELHO, A. P. G. Casa de Parto Dr. Galba Araidjo. Itapipoca-Ce. Projeto de Graduagdo da Universidade Federal do Cearé. Centro de Tecnologia. Curso de Arquitetura e Urbanismo. Fortaleza, Ce: UFC, 2003. BRASIL, Recomendagées Técnicas para Funcionamento de Ban- cos de Leite humano — INAN. Brasilia, DF; Instituto Nacional de Ali- mentagao e Nutrigdo, 1987. Banco de leite| 5 humano — - soot CARVALHO, Anténio Pedro Alves de (org). Arquitetura de unidades hospitalares. Salvador: UFBA/FAU/ISC, 2004. UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARA. Manual de Procedimentos. em Banco de Leite Humano. Fortaleza, Ce: Maternidade Escola Assis Chateaubriand, 2005. 66 Banco de leite a wanao PROJETANDO UMA FARMACIA HOSPITALAR Ana Margarida Barreira Nascimento Eliane Maria Sobral RESUMO Muitas mudangas tém ocorrido na Farmacia Hospitalar nos ultimos anos. Mas, ainda busca-se uma assisténcia farmacéutica plena nos hospitais do Brasil, Os profissionais responsaveis pela sua implantagao e funcionamento devem estar engajados em todo o processo, de forma a encontrar solucgdes que resultem em reducao de erros na aplicagao de medicamentos e diminuigao de custos para o hospital. Um projeto arquitet6nico correto, que reflita a proposta gerencial dos servigos, contribui para a redug¢ao de recursos humanos, racionalidade nos percursos, controle maior do estoque e eficiéncia no preparo e dosagem de medicamentos. ofa Pa manus i " 4 -= =e 1 hi en im ae ee = a eyillny Pe be 4 INTRODUGAO Utilizada desde a antiguidade como pratica dos religio- sos nos conventos, a Farmacia Hospitalar comecou a dar os primeiros passos a partir de 1940, com o surgimento dos antibidticos e sulfas (BRASIL, 1994). No Brasil, a partir de 1950, os servigos farmacéuticos hospitalares, representados pelas Santas Casas de Misericérdia e Hospital das Clinicas da Universidade de Sao Paulo, se desenvolvem e se moder- nizam (OSORIO-DE-CASTRO e CASTILHO, 2004). Mas, apesar da modernizagao e melhoria da assisténcia farma- céutica hospitalar, a Farmacia ainda tem grande representa- tividade no gasto do hospital e baixa adequagao quanto a execugao de suas atividades centrais: a selecdo, a logistica, ogerenciamento e a informagao. Nos hospitais, o servigo de farmacia hospitalar “asse- gura a terapéutica medicamentosa aos doentes, a qualida- de, eficiéncia e seguranca dos medicamentos, integra as equipas [sic] de cuidados de satde e promove acg¢ées [sic] de investigagao e de ensino” (LISBOA, 2005). As principais atribuigdes do Servigo de Farmacia sao: * aquisigdo, preparagao, controle analitico e conser- vagao de medicamentos; + desenvolvimento da Comissdo de Farmacia e Tera- péutica; Projetando uma farmacia hospitalar * selecdo de medicamentos; * implantagéo de sistema racional e seguro de dispensagao de medicamentos; * preparacdo de nutri¢do artificial; * criagdo do Centro de Informagao de Medicamentos; * realizagao de programas de farmaco-vigilancia; + criagdo de equipes de pesquisa em farmacia hospi- talar. No entanto, segundo Diagnéstico da Farmacia Hospi- talar no Brasil (OSORIO-DE-CASTRO e CASTILHO, 2004), 84,4% dos hospitais brasileiros com mais de 20 leitos nao realizam programagao de medicamentos, 88,4% também nao tém atividades ligadas a prestagdo de informagées e 71,6% nao executam selegdo de medicamentos e, ainda, apenas 22 hospitais do total de 250 atenderam a 50% ou mais dos indicadores de gerenciamento, o que aponta a necessidade de investimento no setor. Estudada continuamente pelos farmacéuticos, profissi- onais e gestores da area de satide, 6, também, um desafio para arquitetos e engenheiros responsaveis pelo planejamen- to da area fisica para implantagdo dessa unidade. Combinando areas da farmacia clinica, técnica e admi- nistrativa, a Farmacia Hospitalar deve ter sua estrutura organizacional elaborada por farmacéutico responsavel, mas compete ao projetista dimensionar, organizar fluxos e espa- gos de forma a atender as expectativas do servico planeja- do. 70 Projatando uma farmacia | & hospitalar O espa¢o fisico também podera contribuir para redu- Gao do nimero de componentes da equipe, racionalidade nos. percursos, controle maior do estoque e eficiéncia no preparo. e dosagem de medicamentos. 2 ATRIBUIGOES, ATIVIDADES E FLUXOS Os servicos Farmacéuticos Hospitalares so constitul- dos pelas seguintes areas funcionais: selecao e aquisicao, recepg¢ao e armazenamento, prepara¢ao, controle, distribui- ao, informagao, farmacovigilancia, farmacocinética e farma- cia clinica. As principais atribuig6es do Servigo de Farmacia es- tao diretamente ligadas ao seu programa funcional: * aquisigdo, inspegdo, armazenagem, controle e dis- tribuigao de produtos farmacéuticos sao realizados pela Central de Abastecimento Farmacéutico (CAF), que deve ser contemplada com area para estacio- namento de carros de transporte, area para recep- ao e desempacotamento de remessas, area para conferéncia e gestao de estoque, armazenamento e depésito para caixas vazias e embalagens perdidas. O armazenamento pode ser composto de armaze- nagem geral, inflamaveis, termolabeis e imunolégi- cos, medicamentos controlados e radiofarmacos; + aFarmacotécnica desenvolve as atividades de ma- nipulagao, fracionamento e reconstituigao de medi- camentos, devendo ser subdividida em varias areas: =o Helle. a bes = po Projetando uma farmacia 74 hospitalar analise e controle (laboratério auxiliar), produgao e manipulagao, prepara¢do de produtos nao estéreis (formulas magistrais e normalizadas), reembalagem, fracionamento, preparag&o de estéreis, parentéricos € citostaticos. Em alguns casos torna-se necessario uma sala para preparagao de dgua destilada e deionizada, além de sala de lavagem de materiais. * para distribui¢do tradicional, distribuigao em dose unitaria ou individual 6 necessaria area para estaci- onamento de carros de distribuigdo das diversas uni- dades que aguardam o carregamento, area para saida desses carros e aviamento das prescrigdes. * ainformagdo sobre medicamentos deve ser centrali- zada, possibilitando estudo e consulta de documen- tagao. O planejamento e a instalagao da Farmacia Hospitalar fequerem do arquiteto respostas a diversas questdes que da- rao subsidios que possam dimensionar as areas funcionais. Qual otipo do hospital (central, distrital, geral, especializado)? Qualo tipo de gestao de estoque a ser utilizado? Qual o movimento assistencial previsto (leitos)? Sero distribuidos medicamentos @ pacientes ambulatoriais? Quais atividades serao exercidas pela farmacia? Qual o desenvolvimento informatica do hospi- tal? Que tipo de distribuigao sera utilizado? Quanto a localizacao, Sempre que possivel deverao ser observados os seguintes aspectos: facil acesso externo e interno; implantagao de todas as 4reas, inclusive dos almoxarifados, no mesmo local; caso exista distribuigdo de 72 Projetando uma farmacia | hospitalar medicamentos a pacientes ambulatoriais, esse setor devera estar préximo da area ambulatorial e ter acesso externo aos servigos farmacéuticos; proximidade com o sistema de cir- culagao vertical, tais como elevadores e monta-cargas; pos- sibilidade de ampliagdo. A Farmacia Hospitalar deve estar inter-relacionada com alguns servigos hierarquicamerite, conforme esquema abai- xo (figura 1): 4. RELAGAO PRIORITARIA: atendimento ao publico, hospital- dia, intemagao, urgéncia/emergéncia,unidade de tratamento intensivo, centro cinirgico e centro obstétrico. 2. RELAGAO MEDIA: ambulat6rio 3, RELACGAO FRACA: apoio ao diagndstico e terapia, fisioterapia e reabilitagdo. Figura 1 - Esquema de inter-relagSo da Farmacia Hospitalar com diversos services (LISBOA, 2005). Além das relagées da Farmacia com outras unidades, existem também relagGes de diferentes areas funcionais da mesma, no que diz respeito aos fluxos de insumos, de fun- cionarios e de publico (figura 2). Projetando uma farmacia | 73 hospitalar MATERIAL Figura 2 - Fluxograma da Farmacia Hospitalar elaborado pelas autoras, O fluxo do material é absolutamente linear. Com aces- so pelo Almoxarifado, esse material devera ser conferido e inspecionado, podendo ficar em “quarentena” enquanto aguar- daa inspegao, seguindo depois para o armazenamento. Sua saida da armazenagem sera para a preparagao, diretamen- te para distribuigao ou laboratério de controle. Finalmente, depois de aviada a receita, seguira para uma das unidades do hospital. 1" “Projetande uma farmécia | ae hospitalar Os funciondrios devem ter acesso por uma recepcao e se encaminham para suas areas especificas. Os da area de manipulagdo, fracionamento, preparaco de solugées esté- reis, parenterais e citostaticas devem proceder a paramentagao através de antecamara. Os visitantes tam acesso apenas as areas administra- tivas, central de informagdo de medicamentos e do atendi- mento farmacoterapéutico. 3 SETORES DA FARMACIA HOSPITALAR Central de Abastecimento Farmacéutico - CAF E o espaco destinado a garantir a correta conservagao dos medicamentos, germicidas, correlatos, assegurando manutengao de caracteristicas de qualidade. As areas que compéema CAF sao: recepcao, armazenagem, distribuigao. Na Recepgdo estado as atividades de registro e inspe- ¢ao. Deve ter acesso direto ao exterior e facil acesso ao armazenamento dos medicamentos, deve possuir area de manobra e estacionamento de carros de transporte e ser pre- vista porta com largura que permita a passagem de grandes volumes e mantida a temperatura entre 20°C a 25°C. A Armazenagem Geral, para especialidades farmacéu- ticas e outros produtos, tais como: parenterais de grande volume, contrastes radiolégicos, solug5es anti-sépticas, ma- térias primas, material para envase, correlatos e outros, de- ven garantir as condigdes necessarias de espago, ilumina- go natural e artificial, temperatura, umidade e seguran¢a. Projetando uma farmacia| 75 hospitalar | As janelas devem ser devidamente protegidas contra ainva- sdo de pessoas e animais. As portas terao largura suficiente para a circulagdo de carros de transporte e/ou paletes. Adrea deve ser adequada para a instalagdo de estrados, armarios e/ou prateleiras para armazenamento de medicamentos e/ ou solugdes de grande volumes (figuras 3 e 4), de forma que nenhum produto fique assentado diretamente no piso. Deve ter condig6es ambientais adequadas, com temperatura infe- rior a 25°C, proteg&o da luz solar direta e umidade inferior a 60%. Figura 3 — Armazenagem de grandes volumes 16 Projetando uma farmacia at hospitalar Figura 4 —Armazenagem de pequenas embalagens, em armarios deslizantes. Qs produtos inflamaveis exigem um local individualiza- do do restante da estocagem, com acesso pelo interior do mesmo através de porta corta-fogo, com paredes interiores refor¢adas e resistentes ao fogo, temperatura controlada, exaust&o de vapores e luz anti-deflagrante, devido ao risco de explosao. Os medicamentos e reagentes que necessitam de re- frigeragao e congelagao devem ser armazenados em equi- pamentos frigorificos, com sistema de controle e registro de temperatura, sistema de alarme automatico e ligados 4 rede alternativa de energia. Projetando uma farmacia) 77 hospitalar Os medicamentos controlados (psicotrépicos e entor- pecentes), por causarem dependéncia, devem ser coloca- dos em local individualizado com fechadura de seguranga. Para armazenagem dos radiofarmacos deverao ser atendidas as normas e resolugdes da Comissao Nacional de Energia Nuclear—CNEN. Para todos os ambientes do CAF devem ser assegura- das as melhores condigées de circulagao, ventilagao, locali- zagao proxima dos maiores clientes, materiais de revestimen- to que permitam facilidade de conservagao e disposigdo que favorecga as condigées ambientais adequadas. Farmacotécnica Atualmente, a maioria dos hospitais nao produz seus préprios medicamentos. No Brasil, apenas 5,6% dos esta- belecimentos realizam a preparagao de formulagdes nao estéreis, 3,6% a nutrig¢ao parenteral, 0,4% misturas IV, e 3.2% QT (OSORIO-DE-CASTRO e CASTILHO, 2004). No entanto, muitas vezes sao necessérias a preparacdo formulas para doentes individualizados e especificos, a reembalagem de doses unitarias sdlidas, a preparagao e/ou diluigaéo de solu- g6es desinfetantes, a preparacao de estéreis ou citotéxicos individualizadas. A Farmacotécnica se divide em varias areas, que se responsabilizam pelas seguintes atividades: analise e con- trole (laboratério auxiliar); produgao e manipulagao (figura 5); preparagao de produtos nao estéreis (formulas magistrais e normalizadas); reenvase; fracionamento; preparagdes esté- reis; as mostras (niveis plasmaticos). 78 * Projetando uma farmacia | a> hospitalar Figura 5 - Sala de Manipulacao de Medicamentos. Recomenda-se a existéncia de Laboratorio Auxiliar para o.controle da qualidade fisico-quimica em todos os manipu- lados, entretanto, o controle microbiolégico podera ser cen- tralizado no Laboratorio do Hospital. A preparagdo de formulas estéreis deve ser feita em sala limpa, onde a entrada de pessoal e materiais é feita por antecamara. Todas as superficies devem ser lisas, imperme- Aveis e sem juntas, que nao permitam o acumulo de particu- las e microorganismos e permitam o uso repetido de produ- tos de limpeza e desinfetantes. O ar dentro da area de pre- paragdo deve ser condicionado (20°C a 25°C), filtrado & com pressdo positiva dentro da sala. Sera utilizada camara de Projetando uma farmacia) 79 hospitalar fluxo-laminar para protegdo do produto e devera ser previsto ponto de agua destilada. A Unidade de Alimentagdo Parenteral e/ou Misturas Intravenosas deve ter estrutura semelhante ade preparacao. de formulas estéreis. As condigées ambientais sao as se- guintes: controle do ambiente com instalagdo de camara de fluxo laminar, assim como rigorosa manutengdo preventiva, © material de envase devera ser adequado, constando de bolsas plasticas, frascos a vacuo, seringas, tampas é outros. Para a producdo de citotéxicos a estrutura fisica também € idéntica 4s descritas para a preparagdo de produtos esté- reis, apenas a pressdo de ar na sala de produgdo devera ser negativa. A camara de fluxo laminar a ser usada sera vertical, classe II B, de exaustao total ou cabines fechadas, com aces- $0 ao manipulador por mangas de borracha. Distribuigdo Os objetivos da distribuigaio de medicamentos sao: ga- rantir 0 cumprimento da prescri¢ao, a correta administragao do medicamento e racionalizar a distribuigfo dos mesmos; dimi- nuir os erros relacionados com a medicagao; monitorar a tera- péutica; reduzir o tempo da enfermagem dedicado as tarefas administrativas e manipulagao de medicamentos e, finalmente, racionalizar os custés com a terapéutica. Os medicamentos podem ser distribuidos a pacientes em regime de internagdo (dispensagao) e/ou pacientes em regime ambulatorial. Projetande uma farmacia 80 ae hospitalar Dispensagao Sua fungao 6 dispensar corretamente os medicamen- tos, conforme o sistema adotado. Nesse espaco devera ocor- rer a interpretagdo e o registro das prescrigdes, separagao e preparagao de doses unitarias, individualizadas, ou por dispensagao coletiva. Existem vantagens e desvantagens para os diversos sistemas de preparagao de doses, cabendo a Administra- gdo do Hospital definir a filosofia da Farmacia Hospitalar. No entanto, o sistema de doses individualizadas, cuja dispensagao é centralizada na Farmacia, parece a melhor solugao a ser adotada. Quanto ao espago fisico, esse servico deve estar loca- lizado de modo a ter facil acesso aos servigos clinicos, dis- por de areas para entrega de requisigées e de validagao das mesmas, separada da area de preparagao (figura 6). Deve ser previsto espago para limpeza dos carrinhos de unidose, situada antes da 4rea de trabalho, lembrando que as portas devem ter largura adequada para a passagem desses car- ros (Figuras 7 e 8). Bancadas de trabalho devem dar apoio a distribuigao dos medicamentos. Centro de Informagées sobre Medicamentos — CIM Pode ou nao estar na area da Farmacia. Fornece infor- magées referentes a medicamentos, germicidas e correlatos. Deve estar apto a promover cursos, treinamentos, boletins. Essa area deve estar equipada com computador, impresso- ra, fotocopiadora, fax, estantes para colocagao de manuais, revistas profissionais e outras publicagdes de interesse. Projetando uma farmacia| 94 hospitalar Figura 6 - Estantes para guarda de medicamentos na area de dispensac4o, Figura 7 — Carrinhes para distribuigao de medicamentos em doses individualizadas ou unitarias. a2 Projetando uma farmacia 2 hospitalar Figura 8 - Area para limpeza e desinfecc¢do dos carnnnos. Caso se encontre na area da Farmacia, deve propor- cionar facil acesso aos diversos profissionais que busquem ou fornegam informagées, sem adentrar ao servigo farmacéu- tico propriamente dito. Farmacia Clinica Para que a Farmacia Hospitalar tenha um enfoque no paciente e na melhor maneira de lhe dispensar cuidados far- macéuticos com menores riscos possiveis, é necessario que o farmacéutico hospitalar faga parte da equipe clinica que acompanha esse doente. Esse profissional devera prestar atendimento em um consultério, que pode ser compartilhado com outros profissionais. Projetando uma farmacia | 3 hospitalar Area Administrativa Estara sob a responsabilidade de farmacéutico legal- mente habilitado e com especialidade em Farmacia Hospi- talar. Este gerenciaré um grupo técnico que constara de far- macéuticos (assisténcia 24 horas), técnicos e auxiliares de Farmacia. A informatizagao, por reduzir tempo de trabalho, dar confiabilidade aos dados, rapidez na produgao, e gera- gao de informag6es, devera fazer parte das instalagdes prioritdrias. 4 PROGRAMA ARQUITETONICO Adefinigao do programa de uma Farmacia Hospitalar, como ja foi dito anteriormente, dependera de uma série de fatores que podem condicionar as fungdes e o espago ne- cessario. O programa relacionado abaixo é um programa basico, que podera sofrer acréscimo ou decréscimo, confor- me a filosofia adotada: Central de Abastecimento Farmacéutico — CAF + Recepcao e inspegdo de medicamentos; * Armazenagem geral: especialidades farmacéuticas, grandes volumes (solu¢ées parenterais, liquidos de dialise, contrastes radiolagicos, solugdes anti-sépti- cas); + Armazenagem especial: inflamaveis, termolabeis e imunolégicos, controlados, radiofarmacos e gases de uso médica. 84 ae Projetando uma farmacia hospitalar « Distribuigao; Farmacotécnica * Sanitdrios com vestiarios para funciondrios + Limpeza e higienizagao de insumos * Elaboragéo de formulas: formulas magistrais, formu- las normalizadas, preparados orais, dermatolégicos, solugées anti-sépticas e sdlidos orais. + Envasamento . * Fracionamento de doses e reconstituigaéo de medi- camentos + Preparo e diluigdo de germicidas « Preparagao de quimioterdpicos + Manipulagdo de nutrigdo parenteral + Laboratério de andlise e controle * Tratamento de 4gua + Lavagem e desinfecgdo de material Distribuigado + Limpeza de carros + Estacionamento de carros + Dispensagao, zona de recebimento de pedidos e dis- tribuigao. + Dispensagado ambulatorial = = NULLS ft Projetando uma farmacia| gs hospitalar Administragao + Recep¢do, secretaria e chefia. + Farmacia clinica * Centro de Informagao de Medicamentos: Apoios + Plantonista * Sanitarios e Vestiarios + Copa * Depédsito de material de limpeza + Depdsito de material Asolugao arquiteténica apresentada é um exemplo vidvel entre outras possiveis solugdes altemativas (figura10). Para fun- cionar 24 horas, essa farmacia hospitalar foi elaborada para um hospital de 180 leitos, com previsdo de ampliagdo para mais 30 leitos. O recebimento sera quinzenal para grandes volumes e serao utilizados arquivos deslizantes para pequenos volumes. Esse exemplo inclui também atendimento ao paciente por far- macéutico clinico, preparagdo de nutrigdo parenteral e de mis- turas endovenosas. Serdo elaboradas formulas magistrais, fracionamento e reenvase de medicamentos. 5 CONSIDERACOES FINAIS ARDC n° 50/2002 (BRASIL, 2004) estabelece critérios minimos para o dimensionamento dos ambientes da Farma- 86 Projetando uma farmacia | 2 hospitalar =] | | dt (| oO mg ot bes eo /oese Eloos| | ie} LEO ho “hace ny get ne Figura 10 = Proposta de Farmacia Hospitalar para hospital de 120 leitos, elaborada pelas autoras. Projetando uma farmacia hospitalar cia Hospitalar; no entanto, a dimens4o desses espacos deve estar diretamente ligada as respostas obtidas pelo projetista das questées anteriormente citadas: o numero de leitos indi- cara Os recursos humanos necessarios para o funcionamen- to da farmacia; o tipo de estocagem, periodo de abasteci- mento do almoxarifado, tipos de medicamentos s4o alguns dos parametros que possibilitaréo o dimensionamento da CAF. Consciente que os servigos farmacéuticos constituem uma estrutura importante nos cuidados de satide, ter farma- cias hospitalares em todos os hospitais, controladas por far- macéuticos, com gestao administrativa correta e espago fisi- co adequado 6 a meta a ser seguida por toda a equipe multiprofissional que esta envolvida no processo de projetagdo das mesmas. REFERENCIAS ANVISA, Agéncia Nacional de Vigilancia Sanitaria. Normas para Proje- tos Fisicos de Estabelecimentos Assistenciais de Satide. 2. ed. Brasilia: ANVISA, 2004. BISSON, Marcelo P., VALVASSORI, Humberto. Aspectos técnicos parea subsidiar um padrdo brasileiro de farmacia hospitalar. Revista IPH, Sao Paulo, ano 3, n. 6, p. 34-44, jul. 2005. BRASIL. Ministério da Satide. Portaria n° 500, de 9 de outubro de 1997. Aprovar o Regulamento Técnico de Solugdes parenterais de Grande Volu- me — SPGV e seus Anexos. Diario Oficial de Unido, Brasilia, DF, 13 out. 1997. 88 Projetando uma farmacia ae hospitalar BRASIL. Portaria n° 802, de 8 de outubro de 1998. Intitui o Sistema de Controle é Fiscalizagao em toda a cadeia dos produtos farmacéuticos. Diario Oficial de Unido, Brasilia, DF, 31 dez. 1998, ————. Guia basico para a farmacia hospitalar. Brasilia: MS/SAS, 1994. BROU, Maria Helena et al, Manual da Farmacia Hospitalar. Lisboa: Ministério da Satide, 2005, 71 p, HURLE, A. Dominguez-Gi; FALGAS, J. Bonal de. Farmacia Hospitalaria. Comité de Redagdo da Glaxo. Madrid: Enar S.A., 1990. MAIA NETO, J.F. Farmacia hospitalar: um enfoque sistémico. Brasilia: Thesaurus, 1990. 141 p, OSORIO DE CASTRO, Cldudia G. Serpa; CASTILHO, Selma R. Diag- néstico da Farmacia Hospitalar no Brasil, Rio de Janeiro: ENSP/ FIOCRUZ, 2004. SABONARO, Maisa. Surpreenda-se com a Farmacia Hospitalar. Revista do Farmacéutico, Sdo Paulo, n. 59, p. 18-22, ago-set 2002. VALERY, Pedro Paulo Trigo. Boas Praticas para Estocagem de Medi- camentos. Disponivel em: http:/Avww.idum.com.br/esto,htm. Acesso em: 19 abr 2005. Projetando uma farmacia | hospitalar ofa Pa manus i " 4 -= =e 1 hi en im ae ee = a eyillny Pe be “HM EMODINAMI blindagem1,1mmpb __ Hemodinamica da Silva Franco bomba injetora Alda Helena Azevedo'B Verena, Isabel|Rigo arco monitor mesa— blindagem1,1mmpb Sala de Exame vidro plumbfero es A Unidade de hemodinémica se constitui em ambiente Gri itico_relativamente aos cuidados com 0 paciente, devendo ter um planejamento cuidaddso tanto no que diz respeito aos seus fluxos e ‘aspectos funcionais, quanto a.protecao daquel trabalham ouquenecessitam transitar nas, proximidades. Tanto relativamente as suas instalacdes quanto aos cuidados com suas condigées ambientais devem ser estudados com esmerado;euidado de forma a atender as necessidades de seus Usuarios. | — ofa Pa manus i " 4 -= =e 1 hi en im ae ee = a eyillny Pe be 1 INTRODUGAO Define-se Hemodinamica como o estudo dos movimen- tos e presses da circulagaéo sanguinea (SBHCI,2005). A Hemodinamica é usada como diagnéstico e como terapia, * sendo o principal elemento do servigo de Cardiologia Intervencionista. As intervengées percutaneas nao-cirlirgicas sdo proce- dimentos eficazes, em particular no campo da cardiologia, ja que a doenga cardiovascular é a mais importante causa de morbi-mortalidade do mundo moderno (SOUZA, 2005). A arquitetura de uma unidade de Hemodinamica deve obedecer a estrita analise funcional, tornando os seus proce- dimentos que apresentam risco de vida numa execugdo cor- reta e eficiente. 2 CONSIDERAGOES HISTORICAS Em 1958, um novo métedo de diagnéstico por imagens para detecgao das doengas cardiovasculares é experimen- tado na Cleveland Clinic Foundation, Ohio, EUA por F. Mason Sones Jr, dando inicio ao Estudo da Hemodinamica. Segundo Souza (2005), no Brasil, a primeira corona- riografia foi realizada no Instituto Dante Pazzanese de Car- =e ATED S08 og Te Hemodinamica diografia, em 1966, pelo Dr. Dante Pazzanese. Quando esta técnica foi introduzida no Brasil era realizada em apenas trés ou quatro centros nos EUA. A visibilizagéo das diferentes cardiopatias dos seres humanos possibilitou avangos no diagndéstico precoce e na introducgéo de novas técnicas cirlirgicas. Em 1977, em Zuri- que, Andréas Gruentzing desobstruiu uma artéria coronariana por meio de cateter-baldo, dando inicio a uma nova era no tratamento cardiovascular, 3 EQUIPAMENTO O equipamento usado para o estudo de hemodinamica €é um dos mais complexos da atualidade. Tem por objetivo produzir imagens digitais evidenciando os vasos preenchi- dos com contraste em determinada regiao de interesse. Ba- sicamente consiste em um gerador de alta tensdo, um arco mével composto de um tubo de raios-x, um intensificador de imagens, uma camara digital, una mesa para 0 paciente e uma estag&o de aquisig¢ao, processamento, manipulagao e arquivamento de imagens digitais. O principio basico de uma hemodinamica consiste no seguinte processo: o gerador de alta tensdo disponibiliza ener- gia elétrica; esta 6 captada e transformada em um feixe de raios-X. Através do colimador de raios-X, 0 feixe é concentra- do em uma diregdo, a da regiao a ser examinada no paciente. Por sua vez, 0 paciente tem os vasos preenchidos por uma solugdo de contraste radio-opaca inserida através de um ca- “ | at Hemodinamica teter pela virilha ou pelo braco até a regido a ser examinada. O feixe de raios-X atravessa o paciente que incide sobre o intensificador de imagens, dispositivo que transforma raios-X em luz visivel. Quando a luz do intensificador incide na camara de video digital, forma a imagem da regido de interesse. Por fim, a estagdo de aquisi¢ao de imagens adquire, armazena, processa e exibe a imagem em um monitor para o acompa- nhamento do exame. Como 6 intensa a utilizagado de raigs X, os cuidados ambientais devem ser redobrados. E obrigatéria a protegao de paredes e tetos em vizinhangas com circulagao humana, além da preservagao de locais devidamente protegidos para os que al trabalham, 4 PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS Cateterismo Cardiaco E um exame cardiaco invasivo, no qual se introduz um cateter por um corte no brago ou virilha. Pelo cateter injeta-se um liquido de contraste radiolégico, com isso tem-se a ima- gem das artérias. E usado para se obter a maior quantidade de informagées possivel, obtendo-se um diagnéstico exato e, assim, se decidir qual o procedimento mais adequado a ser adotado. Angioplastia Segue a seqiiéncia do cateterismo, mas 0 objetivo nado é diagndéstico e, sim, a desobstrugao de artérias que estejam = 1TEOLs2..¢. suo ee Hemodinamica

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