Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
REOTN
ESTADO DE
ORDENAMENTO
Maio 2013
DO TERRITÓRIO
NACIONAL
VOLUME IV
1.ª Versão
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME IV - Recursos agrícolas, florestais, Geológicos e Hídricos, Mar e zonas costeiras, Conservação e
biodiversidade, Qualidade do ar e alterações climáticas
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME IV - Recursos agrícolas, florestais, Geológicos e Hídricos, Mar e zonas costeiras, Conservação e
biodiversidade, Qualidade do ar e alterações climáticas
ÍNDICE GERAL
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................3
2. RECURSOS AGRÍCOLAS E FLORESTAIS...............................................................................................2
2
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME IV - Recursos agrícolas, florestais, Geológicos e Hídricos, Mar e zonas costeiras, Conservação e
biodiversidade, Qualidade do ar e alterações climáticas
4
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME IV - Recursos agrícolas, florestais, Geológicos e Hídricos, Mar e zonas costeiras, Conservação e
biodiversidade, Qualidade do ar e alterações climáticas
ÍNDICE DE GRÁFICOS
ÍNDICE DE FIGURAS
1
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME IV - Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade, Qualidade do ar e alterações climáticas
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 1: Classes e ordens de aptidão para o regadio ao nível da Região Hidrográfica e do País ......... 32
Quadro 2: Projectos contemplados no PIP 2014 ..................................................................................................... 51
Quadro 3: Número de pedreiras licenciadas e em funcionamento .................................................................. 65
Quadro 4: Área das Bacias Hidrográficas ................................................................................................................ 84
Quadro 5:Caudais dos principais rios de Angola ................................................................................................... 85
Quadro 6: Regiões e Unidades Hidrográficas de Angola ..................................................................................... 87
Quadro 7: Unidades hidrográficas. Dimensão, Precipitação e Escoamento ................................................... 89
Quadro 8: Propostas para projetctos hidroeléctricos na bacia do Cubango ................................................. 105
Quadro 9: Inventariação de potenciais projectos identificados na bacia do Cubango .............................. 108
Quadro 10: Projetos Hidroeléctricos e albufeiras existentes na Bacia do Rio Zambeze ................................. 113
Quadro 11: Futuros projectos de geração hidroeléctrica incluídos na análise ................................................ 114
Quadro 12:Áreas actualmente sob irrigação na Bacia do Rio Zambeze, em hectares (por país) .............. 115
Quadro 13: Projectos identificados - áreas adicionais de irrigação na Bacia do Rio Zambeze (hectares)
Aumentos projectados ...................................................................................................................................... 116
Quadro 14: Caraterísticas Hidrológicas das Sub-bacias do Cunene ................................................................. 119
Quadro 15: Projectos previstos pelo Estudo Hidrográfico do Rio Cunene ......................................................... 125
Quadro 16: Aproveitamentos hidroeléctricos em operação em 2011 .............................................................. 131
Quadro 17: Aproveitamentos hidroeléctricos existentes ou em construção .................................................... 132
Quadro 18:Novos aproveitamentos hidroeléctricos previstos até 2017 ............................................................. 135
Quadro 19:Situação prevista de produção de hidroelectricidade em 2017 ................................................... 136
Quadro 20:Potencial hidroeléctrico por região/unidade hidrográfica.............................................................. 138
Quadro 21: Características das principais bacias de drenagem de Luanda .................................................. 145
Quadro 22: Regiões e unidades geográficas da província de Benguela ......................................................... 147
Quadro 23: Principais diplomas, no âmbito da pesca e aquicultura. ................................................................ 191
Quadro 24: Objectivos e Indicadores para o Sector das Pescas. ....................................................................... 195
Quadro 25: Comunidades piscatórias discriminada por província. ................................................................... 196
Quadro 26: Número de Associações/Cooperativas por província e beneficiadas com microcrédito. ..... 200
Quadro 27: Descrição dos Centros de Apoio e Mini-centros de Apoio à Pesca Artesanal. .......................... 202
Quadro 28: Áreas de Protecção Ambiental e Conservação da Natureza ...................................................... 229
Quadro 29: Reservas Florestais.................................................................................................................................... 230
Quadro 30: Medidas para o Ordenamento do Território no âmbito da Conservação da Natureza a nível
Nacional ............................................................................................................................................................... 259
Quadro 31: Medidas para o Ordenamento do Território no âmbito da Conservação da Natureza a nível
Provincial............................................................................................................................................................... 260
Quadro 32:Alterações Climáticas e Qualidade do Ar - Potencialidades e Fragilidades ............................... 286
Quadro 33:Alterações Climáticas e Qualidade do Ar - Desafios e Oportunidades ........................................ 289
2
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME IV - Recursos agrícolas, florestais, Geológicos e Hídricos, Mar e zonas costeiras, Conservação e
biodiversidade, Qualidade do ar e alterações climáticas
1. INTRODUÇÃO
O presente relatório visa enquadrar a análise do estado do ordenamento do território no âmbito das
políticas ambientais e socioeconómicas, considerando, os recursos agrícolas, florestais, geológicos,
pesqueiros e marítimos, na qualidade de suporte às actividades humanas e fundamentais à
conservação da natureza e da biodiversidade, enquanto principio integrante da disciplina do
Ordenamento Territorial.
3
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
Os recursos agrícolas e florestais são bases fundamentais para o ordenamento do solo rural, em
especial no contexto nacional em que esses recursos representam uma vasta riqueza. Importa pois
conhecê-los adequadamente para que o uso a definir no território seja o mais consentâneo com as
suas potencialidades.
O capítulo inicia-se com a apresentação dos conceitos básicos e a sua relação com a disciplina do
ordenamento do território e o seu enquadramento na legislação nacional.
De seguida é feita uma caracterização geral para cada recurso em análise, seguindo-se uma
anáalise sobre os programas e estratégias que de alguma forma podem dar indicações sobre o
ordenamento territorial destas duas componentes do solo rural.
Por fim é feita uma sistematização de medidas de implementação, visando tanto o território
propriamente dito, como o seu ordenamento, objecto de avaliação no presente estudo.
2.1 CONCEITOS
2.1.1 Agricultura
Angola integra espaços agrícolas de grande potencial económico, pela elevada fertilidade dos
seus solos e disponibilidade de água, áreas agrícolas de grande valor paisagístico e exemplos de
adequada gestão dos espaços rurais.
2
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
É, por isso, muito importante, imprimir um carácter não urbanizável e não edificável nos espaços
agrícolas, condicionando a construção nestes espaços.
Deverão ser prossecutados princípios como: recuperar as construções existentes, numa óptica de
reutilização e requalificação, evitando assim, maior afectação ao solo rural e valorizando o espaço
construído; racionalizar as infra-estruturas e equipamentos; dotar as edificações ligadas à
exploração agrícola, de qualidade e volumetria que se enquadre na paisagem, de modo a
constituírem um todo harmonioso com a envolvente, preservar e recuperar as estruturas existente
associadas à actividade agrícola, que concorrem para a defesa e qualificação dos espaços
agrícolas, promovendo as actividades agrícolas economicamente competitivas e respeitadoras do
ambiente, assim como valorizando o espaço rural, na perspectiva da diversificação de serviços e
produtos de qualidade.
2.1.2 Floresta
O ordenamento florestal é feito através da planificação das acções a desenvolver num espaço
florestal, durante um determinado período de tempo, de modo a alcançar uma floresta sustentável,
satisfazendo os objectivos do proprietário e simultaneamente da sociedade. O ordenamento
florestal deve incidir em todo o sistema, isto é, sobre a fauna e flora, assim como ao nível das infra-
estruturas que permitam a sua conservação e exploração. Deve ser, portanto, baseado na
multifuncionalidade dos espaços florestais, integrando quer os aspectos ecológicos, como os sociais
e económicos.
3
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
Estes planos devem definir modelos de preservação e evolução da organização espacial natural e
humana, fixando: a) as potenciais áreas de explorações mineiras; b) a qualificação dos solos
agrários em função da sua aptidão ou dos tipos de cultura ou de coberto florestal; c) os demais
bens económicos, naturais, paisagísticos, culturais, turísticos e sociais do mundo rural.
A Lei de Base do Desenvolvimento Agrário, Lei n.º 15/05 de 7 de Dezembro, que estabelece as bases
que devem assegurar o desenvolvimento e a modernização do sector agrário, criando para o efeito
mecanismos de apoio e incentivos às actividades agrárias.
“1. Deve ser promovida a utilização racional e ordenada dos solos com aptidão agrícola que
assegure a conservação da sua capacidade produtiva e uma protecção efectiva contra a erosão
e contra a poluição química ou orgânica.
4
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
2. O ordenamento na utilização dos solos tem por objectivo fundamental garantir o racional
aproveitamento daqueles que revelem maiores potencialidades agrícolas, pecuárias ou florestais,
mediante a sua afectação àquelas actividades, e no respeito do regime do uso, ocupação e
transformação do solo decorrente dos instrumentos de ordenamento do território.
3. Para prossecução dos objectivos enunciados nos números anteriores, incumbe ao Governo a
definição da Reserva Agrícola Nacional e das normas que regulamentem a sua utilização, tendo em
vista a preservação dos solos de marcada aptidão agrícola.”
“1. Nas regiões onde a estrutura fundiária se apresentar fragmentada e dispersa, em termos de
impedir a viabilização económica do aproveitamento agrícola dos recursos naturais, devem ser
desenvolvidas acções de emparcelamento, prioritariamente quando os respectivos solos integrarem
a Reserva Agrícola Nacional.
“1. Nas zonas agrícolas desfavorecidas pode o Governo determinar a realização de programas
especiais de desenvolvimento rural.
5
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
piscícolas e apícolas, associadas ou não ao património florestal, que se conciliem com os equilíbrios
ecológicos no respeito do direito de uso e aproveitamento da terra.
No âmbito dos Recursos Agrícolas e Florestais é de mencionar a Lei de Terras, Lei n.º 9/2004 de 9 de
Novembro ainda que sem consequências directas e imediatas no ordenamento do território mas
com implicações muito concretas nos proprietários da terra e consequentemente no seu uso.
A lei estabelece as bases gerais do regime jurídico das terras integradas na propriedade originária
do Estado, os direitos fundiários que sobre estas podem recair e o regime geral de transmissão,
constituição, exercício e extinção destes direitos. Aplica-se aos terrenos rurais e urbanos sobre os
quais o Estado constitua algum dos direitos fundiários nela previstos, em benefício de pessoas
singulares ou colectivas de direito público ou privado, designadamente com vista à prossecução de
fins de exploração agrícola, pecuária ou silvícola.
Nos termos da lei, "a terra constitui propriedade originária do Estado", pelo que se tornam nulos os
negócios de transmissão ou oneração da propriedade dos terrenos integrados nesses domínios
(Lei n.º 9/04, de 9 de Novembro, Artigo 5º). Também não podem adquirir-se por usucapião quaisquer
direitos sobre terrenos integrados no domínio privado do Estado ou das comunidades rurais.
No que toca ainda às expropriações, a lei refere que "ninguém pode ser privado, no todo ou em
parte, do seu direito fundiário limitado" e que "o Estado e as autarquias locais podem expropriar
terrenos, contanto que estes sejam utilizados em um fim específico de utilidade pública" (Lei n.º 9/04,
de 9 de Novembro, Artigo 12º, n.º 1 e 2).
Entre outros aspectos ressalva-se no que se refere à “Intervenção Fundiária”, em que um dos
objectivos da intervenção do Estado na gestão e concessão das terras é a “protecção do
ambiente e utilização economicamente eficiente e sustentável das terras”, coincidente com um dos
princípios base do ordenamento do solo rural (Lei n.º 9/04, de 9 de Novembro, Artigo 14º, Alínea b).
Por seu turno, o artigo 15º prevê que a " constituição ou a transmissão de direitos fundiários sobre as
6
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
terras e a ocupação, o uso e a fruição destas regem-se pelas normas constantes dos instrumentos
de ordenamento do território e de planeamento urbanístico, designadamente no que diz respeito
aos objectivos por estes prosseguidos".
O diploma também salvaguarda os direitos das comunidades rurais em terrenos reservados, às quais
o Estado assegura a afectação de despesas que visem a promoção do seu bem-estar resultantes
das taxas cobradas pelo acesso aos parques e pela caça, pesca ou actividades turísticas aí
desenvolvidas.
No que se refere ao domínio útil consuetudinário, o diploma reconhece às famílias que integram as
comunidades rurais a ocupação, posse e os direitos de uso e fruição dos terrenos rurais comunitários
por elas ocupados e aproveitados de forma útil e efectiva, segundo o costume. O exercício deste
domínio é gratuito e não prescreve, mas pode extinguir-se pelo não uso e pela livre desocupação
nos termos das normas consuetudinárias.
Os litígios relativos aos direitos colectivos de posse, gestão, uso e fruição e domínio útil
consuetudinário dos terrenos rurais comunitários são decididos no interior das comunidades rurais, de
harmonia com o costume nelas vigente.
A lei estabelece, ainda, que as pessoas singulares e colectivas que ocupam, sem qualquer título,
terrenos do Estado ou das autarquias locais, devem, no prazo de três anos, requerer a emissão de
título de concessão.
O anteprojecto da Lei das Florestas, Fauna Selvagem e Áreas de Conservação Terrestres, apesar de
não possuir vínculo legislativo em vigor, apresenta um conjunto de regras muito importantes para o
ordenamento do território e em especial dos espaços florestais. Segundo este documento: “a
presente lei visa assegurar que o uso das florestas e da fauna selvagem terrestre se paute pelos
princípios constitucionais e do Direito Internacional relevantes, em especial os princípios do
desenvolvimento sustentável e da protecção do ambiente. Estabelece os princípios e objectivos a
que deve obedecer o uso e exploração dos recursos florestais e faunísticos, bem como da
diversidade biológica terrestre, e os instrumentos para a sua gestão sustentável. Regula ainda as
actividades relativas aos recursos florestais e faunísticos e estabelece os regimes de concessão de
direitos a eles relativos, no quadro da salvaguarda da igualdade de oportunidades e da
participação de todos os cidadãos no processo de desenvolvimento económico e social do País.”
Dos princípios específicos de gestão das florestas (Artigo 54º) é de salientar as preocupações do
presente assunto em estudo:
7
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
8
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
▪ Aspectos gerais
▪ Produção animal
▪ Tipos de pastos
Segundo o Relatório do Estado Geral do Ambiente em Angola (REGA, 2006), o país detém um
enorme potencial agrícola, que se encontra na sua maioria por explorar. Estima-se que
aproximadamente 45% da área total do território nacional possui aptidão agrícola, sendo que
apenas 10% dos solos angolanos possuem alto potencial iminentemente agrícola.
Os solos férteis localizam-se sobretudo na região Norte e no Planalto Central, onde as precipitações
médias anuais normalmente excedem 1 000 mm.
Segundo o mesmo documento, o sector da agricultura contribuiu para 6 % do Produto Interno Bruto
(PIB) nacional em 2000, e em 2003 representava 9%, valores que ficam aquém dos registados em
1990 (18%). No entanto, a agricultura é uma actividade fundamental num país com uma vasta
população rural e um reduzido sector industrial (além do petróleo). É, na realidade, a principal fonte
de emprego (o sector agrícola emprega cerca de dois terços da população trabalhadora) e de
abastecimento alimentar, sendo, portanto, a chave para a segurança alimentar.
Durante o longo período de instabilidade em resultado dos conflitos ocorridos durante a guerra civil,
a agricultura entrou em declínio e resumiu-se a um nível de subsistência em muitos locais do país,
com poucos ou nenhuns excedentes vendíveis e uma actividade comercial muito limitada. Noutros
locais, instaurou-se um clima de autêntica insegurança alimentar, que originou fenómenos intensos
de êxodo rural, com a migração de pessoas das áreas rurais para as capitais provinciais, sedes
9
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
municipais e zonas costeiras. Esta movimentação da população foi particularmente intensa nas
províncias centrais e orientais do Huambo, Bié, Moxico e Kuando Kubango.
O REGA (2006) menciona que actualmente apenas 20% a 30% da área agrícola está efectivamente
em uso (outras estimativas apontam para metade deste valor) e que a agricultura de subsistência
fornece o sustento a 85% da população angolana. As pequenas explorações familiares que
praticam uma agricultura familiar (sector tradicional) exploram 90% da área agrícola total e os
restantes 10% são aproveitados para fins comerciais. A insegurança decorrente da existência de
inúmeras minas anti-pessoais espalhadas pelo território nacional constituí , ainda, um obstáculo à
recuperação da actividade agrícola.
10
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
Fonte:http://www.minader.org/pdfs/fomento/desenvolvimento_rural/regioesa
gricolas.pdf
11
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
A este propósito veja-se a Figura 2, que ilustra a distribuição espacial das supramencionadas
tipologias de produção agrícola.
Na maioria das áreas rurais, a agricultura é a principal fonte de sustento, excepto no Sul, onde
predomina a pecuária. A população mais vulnerável sobrevive através da recolha de lenha, da
caça e da pesca em águas e rios interiores; estas actividades são também as principais fontes de
receitas ou alimentos durante o período de escassez (REGA, 2006).
12
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
A produção agrícola baseia-se numa época principal de plantio de sequeiro de Setembro a Abril
(cultivando de Setembro a Fevereiro). Esta época responde por cerca de 95% da produção total de
cereais e leguminosas, que são também as principais culturas alimentares: cereais (milho,
massambala, massango e arroz), feijão, amendoim, mandioca, batata-doce e batata comum. A
segunda época de plantio ocorre principalmente em baixios húmidos e é realizada de Junho a
13
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
As culturas nacionais mais importantes podem classificar-se em dois grupos (REGA, 2006):
14
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
Fonte: Própria
15
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
e no Sul, na província da Huíla, muitos agricultores usam a força animal. O cultivo alternado é a
prática agrícola habitual, com o milho, feijão, amendoim e mandioca intercalando no mesmo
campo e o padrão mais usado é o sistema extensivo. As culturas hortícolas são plantadas
principalmente nas áreas baixas designadas nacas (províncias de Huambo, e Bié) ou ndombe
(província de Uíge).
Alguns agricultores usam tractores para a preparação da terra e para a sacha; usam fertilizantes e
variedades melhoradas de sementes. Estes enquadram-se num grupo que se pode considerar de
transição entre a agricultura tradicional marcadamente de subsistência e a agricultura empresarial
virada para o comércio.
A cultura de sequeiro e a rotação de culturas são práticas comuns da agricultura familiar tradicional
angolana. No entanto, devido à fraca fertilidade da terra e às práticas utilizadas, a colheita por
hectare é reduzida.
O sector empresarial engloba todos os restantes produtores e os proprietários rurais, definindo-se por
praticar uma agricultura ou pecuária dita de mercado, visando essencialmente a obtenção de
lucros. Recorre à utilização de equipamento mecânico e ao recrutamento de pessoal assalariado,
cultiva extensas parcelas de terra e usa sementes de alta qualidade ou raças de alto rendimento.
As explorações comerciais produzem sobretudo óleo de palma, girassol, vegetais, frutos e café. No
entanto, o processamento e a transformação de frutos e vegetais são efectuados actualmente por
unidades semi-industriais ou mesmo artesanais que utilizam métodos inadequados de colheita e
armazenamento, pelo que a qualidade é insuficiente para exportação (REGA, 2006).
16
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
A criação de gado é uma actividade que se encontra maioritariamente disseminada no Sul do país,
onde se verificam menores quantitativos pluviométricos e a densidade populacional é mais
reduzida.
O REGA (2006) refere que a produção animal desempenha um papel de grande relevo na vida
sócio-económica do país, não apenas pela percentagem populacional que se dedica a esta
actividade, mas principalmente pelos recursos de que dispõe. A pecuária tem expressão em três das
seis grandes regiões agro-pecuárias de Angola dos anos 1970
De acordo com a supracitada fonte estimava-se, no fim do tempo colonial, a existência de gado
em Angola em 2 200 000 de bovinos, 320 000 suínos, 200 000 arietinos e 800 000 caprinos,
representando a província de Huíla só por si perto de 70% do total de cabeças de gado bovino.
A pecuária foi uma das actividades económicas que sofreu bastante com a guerra. O número de
animais baixou acentuadamente. O efectivo bovino baixou para 1 200 000 em 1989 e os pequenos
ruminantes 477 000 para 379 000, no mesmo período de tempo.
A zona de maior desenvolvimento pecuário tem conhecido fenómenos cíclicos de seca que têm
afectado o modus vivendi das populações pastoris. A zona da mosca de sono tem pouco
desenvolvimento pecuário, apesar das tentativas de recuperação e introdução de raças já
experimentadas no início da independência (REGA, 2006).
Outras espécies, de somenos importância, mas que também importa realçar, são os animais
domésticos, criados nas proximidades das habitações, nomeadamente os suínos, os coelhos e as
17
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
aves de capoeira, que, em termos de economia familiar, representam um papel fundamental para
a sua alimentação.
Zona correspondente à faixa de clima árido e semi-árido, onde os animais têm alimentação durante
todo o ano, porque a palatabilidade dos pastos e seu valor alimentício se mantêm durante o
período seco (Cacimbo). Correspondem a regiões de baixa altitude, quentes e de pluviosidade
inferior a 750 mm. A cobertura herbácea é rara e de porte baixo com predomínio de gramíneas,
sobretudo espécies de Aristida na orla litoral mais seca e capins do género Eragrostis, Chloris,
Urochola e Schmidtia mais para o interior. Em pastos doces as queimadas são nitidamente
prejudiciais.
Zona correspondente à faixa territorial de climas secos, dos tipos semiárido e sub-húmido seco, com
uma estação pluviométrica bem definida, porém de quantidades escassas de precipitação e
irregular distribuição de chuvas. Durante o período de cacimbo existe certa percentagem de
plantas de que os animais se alimentam, mantendo o seu peso em condições normais.
A cobertura herbácea é mais densa e de porte mais elevado do que nos pastos doces, salientando-
se a composição florística variada e o seu elevado valor forrageiro, com predomínio das espécies
de Panicum, Andropogon, Heteropogon, Digitaria, Tristachia, Themeda, Hyparrhenia, Chloris e
Setaria.
Sendo considerada como zona dos pastos mistos, designação apropriada que reflecte uma
transição gradual entre os outros tipos de pastos, no aspecto pecuário os recursos do coberto
herbáceo natural são mais elevados nesta zona do que na zona dos pastos doces e daí
proporcionar um encabeçamento bovino superior, para além de subsistirem ao longo do ano boas
18
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
condições de palatabilidade e valor forrageiro. Nesta zona, as queimadas controladas são uma
prática aceitável e justificada para a gestão dos pastos.
Ocupando a maior extensão territorial, esta zona está em correspondência com os climas húmidos
da estação chuvosa e quente, alternando com outra seca e fresca. Zonas onde em condições
normais os pastos perdem a palatibilidade durante o período do cacimbo e tornam-se lenhosos, de
Maio até a nova rebentação (Outubro-Novembro), caindo os animais de peso durante esse
período.
Mesmo com queimadas e com apascentação intensa, a falta de alimentação para o gado é
flagrante (embora existam muitas gramíneas na terra). Encontram-se na zona planáltica, com mais
de 1 000 m de altitude e com mais de 1 100 mm de chuva. A capacidade de apascentação é
enorme durante o período chuvoso, sendo a época do cacimbo a que limita o número de cabeças
de gado a manter nos pastos.
As queimadas são aqui um mal necessário. Não há possibilidades de fenação, já que a humidade é
alta. Sem o fogo forma-se uma manta morta de vegetação que conduz à redução da vegetação
graminosa e ao aumento da vegetação arbustiva (invasão arbustiva, ver em baixo), precursora da
floresta.
19
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
▪ A degradação dos pastos por queimadas e o pisoteio intensivo, ou por outro lado a
invasão arbustiva por apascentação excessiva e selectiva (eliminação dos
competidores) ou falta gestão cuidada de pousios e queimadas de regeneração
(ciclo vegetativo natural para o clímax arbóreo).
Segundo oREGA (2006), o território nacional apresenta um património florestal quase único na
região, em termos quantitativos e qualitativos que, a serem explorados de forma sustentável, podem
constituir uma base para o desenvolvimento económico, social e ambiental do país.
As terras florestais ocupam 43,3% da superfície total do país, sendo 2% correspondentes à floresta
densa húmida. Além disso, Angola possui plantações florestais de espécies exóticas, tais como
Eucaliptus e Pinus s.p., numa área total de cerca de 148 000 ha com um volume comercial em pé
de aproximadamente 17 450 000 m3, à média de 130 m3/hectare, o que permite teoricamente um
corte anual de 850 000 m3 .
O Planalto Central é o seu núcleo principal, compreendendo as partes convergentes das províncias
de Benguela, Huambo, Bié e Huíla.
20
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
Fonte: Própria
21
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
O sector florestal angolano é actualmente afectado por problemas de ordem institucional, de entre
os quais se destacam a escassez de quadros qualificados, a ausência de fiscalização e infra-
estruturas condignas, e outros ligados ao desenvolvimento dos recursos, como a falta de planos de
gestão e a fraca produção florestal.
Com a opção do país pela economia do mercado, a actividade de exploração florestal (entendida
como extracção, semi-transformação da madeira em toros, produção e comercialização de lenha
e carvão) que vinha sendo assegurada por unidades económicas estatais, criadas para o efeito,
passou a ser desenvolvida por empresários e concessionários privados nas regiões tradicionalmente
produtoras, com maior incidência para as províncias de Cabinda, Kwanza Norte, Kwanza Sul, Bengo
e Kuando Kubango.
O sector florestal privado não obstante proporcionar empregos para um considerável número de
pessoas que se dedica à exploração e comercialização de madeira, lenha e carvão evidencia
fortes debilidades técnicas e financeiras. Existem limitações no acesso ao crédito e financiamento
por parte das instituições financeiras nacionais.
De destacar as províncias de Cabinda, Zaire, Uíge, Kwanza Norte, Bengo, Moxico, Malange, Kuando
Kubango e Lundas Norte e Sul, tradicionalmente produtoras e com potencial para a auto-suficiência
e excedente de produção. Porém, na situação actual somente a província de Cabinda apresenta
algum excedente face à demanda local (REGA, 2006).
▪ Queimadas;
1 Adaptado de “Angola Gestão dos Recurso Naturais para o Desenvolvimento”, Ministério da Agricultura e Do desenvolvimento
Rural, versão preliminar para comentários, Março 2004
22
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
▪ Reduzido reflorestamento;
A Lei Florestal e o Regulamento vigentes, foram elaborados e vigoram desde o período colonial
(“Decreto n.º 44 531 de 21 de Junho de 1962”). Este Regulamento estabelece as normas para o
aproveitamento, exploração florestal e da fauna selvagem, sem ter em conta os princípios de uma
gestão florestal sustentável, e de participação local na gestão dos recursos.
O aproveitamento do potencial madeireiro dos recursos florestais, estimado em 326 000 m3/ano da
floresta natural deve respeitar o princípio da sustentabilidade. Os actuais índices de produção estão
muito abaixo do potencial de produção e não são capazes de satisfazer o mercado nacional,
fazendo com que sobretudo a indústria de construção civil seja obrigada a importar madeira para
as suas actividades.
As áreas sob exploração florestal não têm um plano de gestão, já que o acesso ao recurso é feito
através da emissão de licenças anuais, o que permite que a exploração seja selectiva. Ou seja, o
requerente abate as espécies que mais lhe interessa fazendo com que haja maior incidência sobre
determinadas espécies em detrimento de outras, ou causando pouca valorização de um grande
número de espécies madeiráveis que abundam nas florestas mas que actualmente estão fora do
mercado.
Um total aproximado de 90% da população angolana utiliza lenha e carvão vegetal como fonte de
energia doméstica. A exploração e comercialização do carvão e da lenha é feita inteiramente por
agentes privados. O processo de produção e extracção é executado pelo método tradicional,
envolvendo um número considerável de mulheres, que estão presentes em toda a cadeia de
valores (desde o produtor até o consumidor final). Por exemplo, Luanda e seus arredores constituem
grandes centros de comercialização do carvão e da lenha provenientes das províncias do Bengo,
Kuanza Norte e Kuanza Sul. A produção da lenha e de carvão é estimulada pela existência de um
grande mercado favorável onde estes produtos são comercializados durante todo o ano,
particularente importante durante a época das chuvas quando os preços sofrem um aumento
considerável (REGA, 2006).
A percentagem de produtores que operam sob licença é muito baixa, e praticamente nenhum
deles explora as florestas sob um plano de gestão. Em Angola o carvão é produzido utilizando o
método artesanal o que influencia bastante nos rendimentos e na qualidade do produto. Estima-se
que utilizando o método artesanal o rendimento varia entre 10 a 15% equivalente a 50 a 75 Kgs de
carvão/estere, enquanto que o método industrial o rendimento é de 30 a 33% equivalente a 150 -
23
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
O impacto ambiental causado pelo consumo de lenha e carvão vegetal é um problema sobretudo
urbano, porque concentra uma grande procura deste produto e oferece um mercado atraente aos
produtores rurais de baixa renda. Estes por sua vez concentram a exploração de lenha e a
produção de carvão nas florestas das proximidades dos centros urbanos, provocando “anéis” de
desmatamento nas imediações das aglomerações urbanas.
A população rural consome quase que exclusivamente lenha como fonte de energia doméstica,
mas isso acontece de forma extensiva e dispersa por todo o país. A lenha da comunidade rural
constitui-se sobretudo de ramos secos colhidos no piso das florestas, o que não provoca
desmatamento e resulta em baixo impacto ambiental.
A gestão das florestas pelas próprias comunidades envolvidas na produção de lenha e carvão para
o abastecimento de mercados urbanos, aliado ao reflorestamento, são opções para atenuar este
problema, sempre e quando estas medidas sejam combinadas com a gradual substituição do
combustível doméstico para uso urbano por outras fontes de energia (gás, petróleo, electricidade,
ou carvão mineral).
A questão das queimadas já se coloca há muito tempo, pois trata-se de uma questão cultural, mas
com o aumento e o regresso da população rural às suas áreas de origem tem-se agravado
bastante.
As queimadas ocasionam danos à floresta nativa, tanto por destruição directa como pelas
interferências negativas no processo de regeneração natural. A agricultura é efectuada com meios
muito rudimentares, o que origina fraca produção e a necessidade de mais terra. O carvão é obtido
por métodos muito pouco eficientes e os fogões domésticos são igualmente grandes consumidores
de lenha. Estas práticas afectam grandes extensões das formações vegetais naturais. Tendo em
conta a pouca produtividade dos solos as populações necessitam cada vez mais de áreas de
cultivo como forma de aumentar a quantidade produzida. Ou seja, há um ciclo de uso da terra e
da floresta que é cada vez mais curto e causa cada vez mais impactos negativos no aAmbiente.
São muito escassas medidas para implementação de reflorestação, há que incluir, no âmbito da
extensão rural, o fomento à gestão por parte das comunidades locais das florestas autóctones.
Usadas de forma racional, estas florestas podem suprir as necessidades de madeira e outros
produtos florestais de todo o país, enquanto as plantações florestais vão sendo estabelecidas.
24
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
Neste documento são visíveis uma série de directrizes com repercussões no ordenamento do solo
rural nomeadamente no sector agrícola e florestal. O Mega Sistema Território é desenvolvido através
de duas estratégias: “A Estratégia Geral para o Mega Sistema Território” e a “Estratégia de
Desenvolvimento Territorial”.
Na Estratégia Geral um dos motores principais é considerado a “Ocupação dos Espaços Rurais”:
(…) Ocupação dos espaços rurais, com reforço das comunidades tradicionais e endogeneização
do seu processo de desenvolvimento e preservação dos valores culturais. Exploração selectiva dos
recursos naturais na perspectiva do mercado externo, nomeadamente assente em três eixos
possíveis: forte sector turístico, valorizando a paisagem e a natureza (parques naturais), a cultura e a
25
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
aventura (safaris, caça); exploração das áreas propícias a culturas agrícolas exportáveis; extracção
de recursos mineiros.(…)
Em relação a este motor, as acções e movimentos estão dependentes dos utilizadores do território,
a população rural, agricultores e camponeses, empresários agrícolas, dos que podem estimular a
“ocupação” através da procura de bens agrícolas (comerciantes e distribuidores, agentes do sector
informal...) e dos que formulam e aplicam a política de desenvolvimento rural (Governo Central,
Administração Pública e Poderes Provinciais e Locais).
Dos requisitos apresentados que são exigidos para a concretização das acções serão basicamente
os seguintes aplicados ao motor “Ocupação do Solo":
26
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
e de comercialização – pode ser um exemplo, mas o mesmo é válido para a exploração de outros
recursos, como os mineiros. Neste domínio, em Angola, importa:
Espaços ambientais a proteger: A gestão dos espaços de valia ambiental é uma componente
importante de qualquer estratégia de desenvolvimento e ordenamento territorial. Seja na
perspectiva da conservação, para transmitir às gerações futuras, seja na perspectiva de os valorizar
de forma equilibrada e sustentável (actividades turísticas, p.e.). Em Angola, a criação de uma rede
de espaços e corredores ambientais, apoiada nos parques e reservas nacionais, e a reabilitação de
espécies da fauna e da flora poderão ser um importante factor de dinamização de actividades
económicas, de projecção da imagem de Angola e de reforço de identidade das populações.”
27
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
▪ O uso extensivo e degradação dos recursos naturais, com efeitos indesejáveis sobre
o ambiente;
Para cada uma destas linhas de actuação são apresentadas um conjunto de acções com
consequências muito práticas no mundo rural, como por exemplo, a inventariação das terras
disponíveis para distribuição aos grupos vulneráveis, a promoção do desenvolvimento do
28
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
A Estratégia e o Plano de Acção partilham oito Áreas Estratégicas que foram definidas através de
um processo de consulta pública. Estas áreas incluem diversas vertentes estratégicas, mas a
temática em estudo enquadra-se na Área Estratégica D: Uso Sustentável das Componentes da
Biodiversidade. Esta Área Estratégia visa incluir as componentes importantes da biodiversidade em
Angola que se encontram fora das áreas de protecção ambiental e que estão mais expostas aos
impactos ambientais decorrentes das actividades económicas. Desta forma, e para garantir um uso
sustentável dessas componentes, as actividades económicas tais como agricultura, pecuária,
exploração florestal, pesca, exploração mineira, construção civil e indústria deverão incorporar
medidas para a conservação da biodiversidade e planos de gestão ambiental. A implementação
de projectos de conservação ex situ e a melhoria da fiscalização fora das áreas de protecção
ambiental são igualmente necessárias.
Para cada Área Estratégica são formulados objectivos específicos para atingir o Objectivo Global.
O Plano de Acção apresenta uma lista detalhada das acções para implementação e para atingir
os objectivos específicos, designadamente:
29
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
▪ D.2.4 Criar polígonos florestais e revitalizar as existentes à volta e dentro dos centros
urbanos.”
A Estratégia e Plano de Acção Nacionais para a Biodiversidade, ainda que incida particularmente
nas questões ambientais, apresenta um conjunto de objectivos e de acções a ter em consideração
na prática agrícola e silvícola que visam o seu uso sustentável, tal como é apresentado nos
supramencionados objectivos específicos.
Os objectivos gerais do Plano Nacional Director de Irrigação (PLANIRRIGA) assentam sobretudo nos
seguintes aspectos:
30
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
Neste contexto o território de Angola foi dividido em 11 regiões hidrográficas, constituindo cada uma
unidade de análise geográfica e espacial. Ao nível de cada unidade, os objectos de investigação
são: 1) antigos colonatos, também designados actualmente por Núcleos de Povoamento Agrário, 2)
aproveitamentos hidráulicos existentes e 3) área irrigada difusa.
Posteriormente, e em função dos resultados obtidos dos estudos efectuados para cada RH, efectua-
se o respectivo ordenamento e zonagem agrícola das áreas cujo potencial de desenvolvimento da
irrigação é confirmado, consubstanciado na selecção das culturas que poderão constituir “fileiras
de produção”, na definição de modelos de exploração agrícola e utilização da terra, tendo em
conta o tipo de agricultura a promover, “familiar” e/ou “empresarial”, sendo que neste Plano é
dado especial enfoque à agricultura empresarial.
31
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
Foram identificados 7 427 073 ha com um potencial elevado para o regadio ao nível do País, dos
quais 79,5% (5 900 802 ha) são das classes de aptidão I (elevada) e II (moderada). As bacias
hidrográficas com maior aptidão para o regadio são a do Cunene com 2 957 381 ha e a do Kwanza
com 1 431 866 ha.
Fonte: sir.dgadr.pt/conteudos/jornadas_aph/s1/18.pdf
32
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
Em resumo, este Plano é de valiosa importância para compreender quais as regiões de Angola com
aptidão para o regadio e para estabelecer em termos de ordenamento do solo rural o zonamento e
a regulamentação adequada para este tipo de espaço.
Com base no enquadramento legal, nos programas e estratégias para o solo rural é possível
estabelecer um conjunto de oportunidades e fragilidades inerentes ao ordenamento dos espaços
agrícolas e florestais. Uma das principais fontes para esta análise é a “Estratégia de Desenvolvimento
a Longo Prazo para Angola – Angola 2025”.
Potencialidades
▪ Áreas elevadas de solos com capacidade de se tornarem férteis com escassos inputs
para o sistema edáfico;
33
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
Constrangimentos
Perante os aspectos referenciados importa identificar o suporte nacional que favorece o correcto
ordenamento dos sectores:
34
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
Apresentam-se Medidas e Metas de Implementação que podem contribuir para o alcance dos
objectivos de um território angolano mais sustentável, não se esgotando nesta analise, mas
indicando um caminho. As medidas de implementação são divididas em âmbito nacional e
provincial sempre que se justifique nesta temática.
Neste capítulo, uma das principais fontes é a “Estratégia de Desenvolvimento a Longo Prazo para
Angola – Angola 2025”. Para além deste importante documento foram consultados os Planos de
Desenvolvimento Provincial elaborados e disponibilizados para as províncias de (Benguela, Huambo,
Huíla, Kuanza Norte, Kuanza Sul, Kunene, Malange e Namibe). Adicionalmente foram consultados os
documentos elaborados no âmbito das acções de Dinâmicas de Grupo efectuadas em cada
província, excepto nas províncias da Huíla e do Zaire.
35
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
36
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
estimulando a comercialização e
o turismo rural.
• Desenvolver um programa
protótipo de forragicultura e de
produção de sementes,
• Fomentar o repovoamento animal
e o seu melhoramento genético.
No Domínio Florestal:
• Dinamizar o reflorestamento dos
principais polígonos florestais;
• Aproveitamento de energia
através da biomassa florestal;
• Promoção de plantações
comunitárias.
37
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
38
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
agregado (cerca de10 ha por • Introdução de novas culturas (ou Experimentação Agro-pecuária.
agregado); reintrodução de culturas
• Fazer um levantamento de abandonadas, como girassol, soja,
pormenor da localização das ananás e outras fruteiras).
explorações e respectiva
ocupação do solo, com o
objectivo de criar um parcelário
rural na região;
• Implementar um gabinete de
mediação, para auxiliar na
resolução de eventuais conflitos
entre as empresas agrícolas e as
comunidades locais;
• Apostar na extensão rural e na
formação das comunidades
locais;
• Aplicar medidas minimizadoras
do impacte ambiental das
explorações agro-pecuárias e
silvícolas.
• Construção de centros de • Especialização produtiva: •
conservação dos produtos • Aposta forte no sector industrial
agrícolas para posterior (pólo industrial de Porto Amboim e
comercialização. polo agro-industrial da Cela);
• Desenvolver a fileira industrial do
Kwanza-Sul
39
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
minas;
• Desenvolvimento rural (agricultura
e pecuária), envolvendo melhoria
dos utensílios e o desenvolvimento
do crédito e do comércio rurais;
• Fomento de agricultura e
pecuária mercantis em espaços
específicos compatíveis com as
restrições mineiras;
• Aplicação das medidas previstas • Implementar Projectos de • Especialização produtiva:
para o Planalto de Camabatela Avicultura Familiar (Cacuso e • Recuperar a fileira de algodão e
para a província (Kuanza Norte. Calandula). indústrias alimentares (arroz e
• óleo);
Malange
• Desenvolver um nicho de
agricultura empresarial;
• Explorar nichos específicos de
actividades turísticas.
• Apostar na agricultura de
regadio com implementação de
aproveitamentos hidroagrícolas.
• Implementação do projecto • • Especialização produtiva
avicultura (Projecto Sacasange); • Apostar na agro-pecuária;
• Apostar na Apicultura. • Recuperar exploração florestal e
Moxico
as indústrias da madeira;
• Desenvolver o turismo;
• Promover o desenvolvimento
rural.
40
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
o mercado;
• Recuperar a industrialização dos
produtos agrícolas;
• Reabilitar a produção do café;
• Dinamizar a exploração florestal.
• Diversificar a agricultura de
subsistência e promover nichos
de agricultura mercantil;
Zaire
• Promoção de plantações
comunitárias para evitar a
desflorestação.
2.7.2 SÍNTESE
41
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
3 as ECA visam a formação metodológico-participativa dos agricultores de forma pragmática em matérias de produção agrícola e a
criação de animais para aumentar o rendimento económico, bem como garantir a segurança alimentar. De igual modo, nas escolas
de campos, os agricultores recebem informação sobre alfabetização, violência doméstica, nutrição e micro-crédito.
42
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
3. RECURSOS GEOLÓGICOS
A materialização destas políticas, passa pela espacialização das mesmas, sendo matéria do
Ordenamento Territorial definir estes solos para salvaguarda e exploração.
Neste contexto, o capitulo que se segue visa enquadrar esta matéria nos Instrumentos de Gestão
Territorial, onde se aborda os conceitos, o enquadramento legal especifico, a estratégia do sector e
a caracterização sumário dos aspectos geomorfológicos, geológicos e minerais de Angola.
Importa ainda referir que o conhecimento das potencialidades de uma região no que concerne aos
recursos minerais, tem um papel primordial nos projectos de instalação de indústrias baseadas na
exploração e aproveitamento das matérias-primas, com possibilidades de virem a constituir futuros
póolos de desenvolvimento regional.
43
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
Note-se entretanto que, não obstante a estes condicionalismos, foi feita uma aprofundada pesquisa
bibliográfica, junto da biblioteca do Instituto de Geologia de Angola e dos Governos provinciais,
nomeadamente aqueles que apresentavam e disponibilizaram estudos sobre esta matéria
(destacando-se aqui os Planos de Desenvolvimento Provinciais da Huila, Namibe e Cunene, de 2008,
os quais integram a caracterização do sector mineiro), possibilitando deste modo, no presente
capítulo, a caracterização geomorfológica e geológica do país, a descrição de algumas
ocorrências dos recursos geológicos, as suas fragilidades e potencialidades no que respeita à sua
gestão e, por fim as medidas de implementação de âmbito nacional, provincial e municipal.
O enquadramento legislativo que rege as actividades dos recursos geológicos assenta em dois
sectores, o sector petrolífero e o sector não petrolífero.
O sector petrolífero integra fundamentalmente, cinco leis: 1) Lei nº21/92, de 28 de Agosto (Lei sobre
as Águas Interiores, o Mar Territorial e a Zona Económica Exclusiva), 2) Lei nº10/04, de 12 de
Novembro (Lei das Actividades Petrolíferas), 3) Lei nº 11/04, de 12 de Novembro (Regime Aduaneiro
Aplicável ao sector Petrolífero), 4) Lei 13/04, de 24 de Dezembro (Lei sobre a Tributação das
Actividades Petrolíferas) e 5) Lei nº 26/12, de 22 de Agosto (Regras do exercício das actividades de
armazenamento e transporte de petróleo bruto e gás natural).
44
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
Quanto ao sector não petrolífero, o qual inclui todos os minerais metálicos, não metálicos,
energéticos, (com excepção dos hidrocarbonetos líquidos e gasosos) e hidrogeológicos, o
enquadramento legislativo integra, fundamentalmente a Lei n.º 31/11, de 23 de Setembro (Novo
Código Mineiro).
De acordo com esta lei, a produção de minerais realiza-se sob a forma de produção industrial, semi-
industrial e artesanal, nomeadamente a produção artesanal de diamantes, referida mais à frente.
O acesso aos direitos mineiros é permitido a pessoas singulares e colectivas, nacionais e estrangeiras.
A atribuição de direitos mineiros é feita de duas formas, ou através de concurso público realizado
por iniciativa do órgão de tutela, ou através de requerimento do interessado dirigido ao órgão de
tutela, nos termos presentes da legislação em vigor.
O Novo Código Mineiro, no Artigo 8º, estabelece um conjunto de objectivos estratégicos do sector
mineiro, dos quais se destacam:
b) Criar emprego e melhorar as condições de vida das populações que vivem junto às áreas
de exploração,
45
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
Este Novo Código surge com importantes alterações, nomeadamente as relativas ao procedimento
de emissão de títulos de exploração, em que é reconhecida a intervenção do Ministério do
Ambiente. Com o intuito de reforçar os documentos a apresentar no pedido de títulos para
exploração deve-se proceder à apresentação dos documentos técnicos: Estudos de Viabilidade
Técnica, Económica e Financeira, Planos de Pedreira e Estudos de Impacte Ambiental, contribuindo
para o necessário equilíbrio entre interesses públicos do desenvolvimento económico e a protecção
do ambiente.
46
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
O Plano Nacional de Desenvolvimento 2013-2017 (PND), define para o sector da geologia e minas,
um conjunto de objectivos de entre os quais se destacam:
47
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
Para a persecução dos objectivos o Governo traçou um conjunto de politicas a implementar, das
quais se refere; desenvolver o sector como chave do desenvolvimento sócio-económico no quadro
de relançamento da economia nacional, mobilizar os investimentos necessários para incentivar o
arranque dos projectos de exploração da fileira do diamante em toda a sua cadeia de valor,
implementar medidas para a exploração de outros recursos, nomeadamente o ferro, manganés
(fundamentais para a indústria da siderúrgica e metalúrgica) ou fosfato e potássio (para produção
de adubos), ou ainda pela diversificação da produção mineral (com o relançamento da
exploração de vários minérios em todo o País).
Este plano tem como objectivo maior, o combate à pobreza, a melhoria de condições de vida da
população e o planeamento eficiente dos recursos hídricos para o combate à seca e
desertificação.
48
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
Para conseguir alcançar estes objectivos, são estabelecidas medidas a implementar, tais como
controlar um ritmo de exploração de petróleo e gás natural que considere a evolução das reservas
provadas e prováveis, economicamente viáveis e os respectivos preços a médio e longo prazos,
promover a identificação e caracterização de novas reservas economicamente exploráveis, iniciar
a produção de gás natural e desenvolver projectos a ele associados, assegurar a implementação
49
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
Mais se refere que, no domínio do ambiente, para além de assegurar aplicação dos requisitos legais
e técnicos constantes nos Decretos n.º 38/09, de 14 de Agosto e n.º 39/00, de 10 de Outubro, este
programa contempla outros patamares a serem alcançados como alcançar a “Descarga Zero” nas
operações petrolíferas, implementar e operar o comando nacional de incidentes para derrames de
petróleo e outras emergências, criar base de dados ambiental e acompanhamento no domínio da
segurança, higiene e saúde dos principais projectos do sector.
Do exposto, refere-se que todas estas acções pressupõem grandes investimentos de capital. Deste
modo, apenas as que estão protagonizadas no PIP serão contempladas financeiramente por parte
do Governo. Os projectos propostos para o PIP 2014 são apresentam-se no Quadro 14
50
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
No que respeita aos aspectos da geomorfologia de Angola, distinguem-se seis grandes unidades
geomorfológicas.
51
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
A Faixa Litoral, pouco acidentada formou-se sobre depósitos marinhos Meso-Cenozóicos. A sua
largura não ultrapassa, em geral, 15-30 Km, contudo, na proximidade da foz dos rios Zaire e Kwanza
pode atingir 130 Km, onde forma as bacias costeiras com o mesmo nome.
Na bacia do Kwanza a zona costeira apresenta-se recortada por lagoas que preenchem falhas
tectónicas de diversa orientação. Os morros e cordilheiras que aparecem na faixa, formaram-se nos
locais de afloramentos de rochas resistentes aos processos de denudação. Nas proximidades da foz
de muitos rios observam-se praias, terraços de acumulação, ilhas e restingas com vários metros de
altura. No Sul do país encontram-se terraços de abrasão com altitudes de 145-175 m. As vertentes
dos vales são em geral pouco escarpadas. O relevo da faixa costeira foi formado por processos de
denudação subaérea.
A Zona de Transição, caracterizada pela zona de planícies de denundação sob a forma de degraus
descendo em direcção à planície costeira. É constituída por rochas do Complexo Metamórfico em
52
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
que predominam gnaisses, micaxistos, xistos e rochas vulcânicas do tipo doleritos, por vezes podem
encontrar-se testemunhos de rochas gabróides.
3.4 GEOLOGIA
53
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
Sob o ponto de vista litoestratigráfico, Angola pode ser dividida nas seguintes grandes Unidades: 1)
Maciço Antigo, 2) Formações de cobertura e 3) Orla sedimentar Litoral.
54
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
A ocorrência de um determinado mineral ou rocha por si só, não justifica a viabilidade da sua
exploração, para que tal aconteça é necessário que uma série de factores se conjuguem tais
como: quantidades e teores, a facilidade de acesso ao local de extracção, a complexidade da
cadeia de produção, as cotações da matéria-prima no mercado comercial e a própria diversidade
de aplicações que o material poderá ter.
Neste item é feita uma classificação geral dos recursos geológicos, tendo como base a Carta de
Recursos Minerais de Angola de 1992, elaborada à escala 1:/1 000 000 já publicada.
São descritos alguns jazigos e ocorrências minerais mais relevantes a nível nacional, e indicada a sua
importância no que se refere a exploração e preservação. Quando possível, é ainda apresentada a
sua actividade (se já funcionou, se está actualmente operacional, ou paralisada) e produção. São
também apresentadas em anexo as ocorrências minerais existentes no país.
Os recursos metálicos consideram, os metais nobres (ouro, prata, platina), os metais ferrosos (ferro,
manganês, titânio, crómio, níquel, cobalto, molibdénio, arsénio), os metais não ferrosos (cobre,
chumbo, zinco, estanho, mercúrio, cádmio), os metais raros e elementos de terras raras (berílio, lítio,
nióbio, tântalo), os minerais radioactivos (urânio).
A exploração de metais ferrosos em Angola, nomeadamente o ferro, tem uma longa tradição tendo
sido um dos minérios mais importantes da economia nacional durante um largo período. As
principais jazidas de metais ferrosos estão localizadas na província da Huíla, próximo dos montes de
Cassala e Kitungo e nas regiões de Cassinga, Tchibemba, Quipungo e Kuvango. Para além destas
jazidas, existem outras nas províncias do Huambo e Cuanza Norte, nomeadamente na região de
Bailundo, Andulo e Mungo.
55
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
A região da zona média do caminho-de-ferro Luanda – Malange, foi em tempos remotos sujeita a
explorações mineiras que tiveram lugar em Quiaponte, Quicuinhe, Quiculo, Quitota e Gungungo.
Esta região produziu 443.000 toneladas de minério de manganês entre 1943 e 1962. Sendo
considerado na altura uma região metalogénica de ferro e manganês.
Ferro
A reativação do complexo mineiro da Jamba foi elaborada através de contrato estabelecido entre
a FERRANGOL – Empresa Nacional de Ferro de Angola que detém 30% do projecto e a AMER -
Angola Exploration Mining Resources, empresa que detém os direitos mineiros de ferro de Cassinga.
Este projecto prevê reservas de 15 Mton de ferro a serem exploradas nos próximos 10 anos, a razão
de 1.5 Mton/ano.Associado a este projecto existe também o projecto de exploração de ferro
Cassala- Kitungo, localizado na província do Cuanza Sul, e que está previsto arrancar em 2017,
devendo produzir inicialmente 6 Mton/ano.
56
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
Refere-se que o projecto das minas de ferro de Cassinga está actualmente em fase de prospecção.
Aliás, já foram feitos investimentos sociais, de formação e reabilitação das infra-estruturas na Jamba.
Importa salientar que, está concluída a linha ferroviária que estabelece a ligação Namibe-Lubango,
a qual servirá de transporte do minério de ferro de Cassinga até ao Porto do Namibe.
Trata-se de uma região de elevado potencial mineiro que deverá ser preservada para a indústria
mineira.
Titânio e manganés
Estes minerais encontram-se associados ao mineral ferro. Assinalam-se várias ocorrências nas regiões
do Quipungo, Tchibemba e Lubango (província da Huíla) e na região de N´Dalatando (provincia do
Kwanza Norte), mas carece de estudos aprofundados para se averiguar o seu potencial.
57
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
No que se refere aos minerais de zinco e chumbo, as ocorrências conhecidas localizam-se no Norte
de Angola, mais propriamente na região da Damba, província do Zaire. Nestas ocorrências há
ainda potencialidades a considerar.
O mineral ouro é conhecido desde a antiguidade tendo sido um dos primeiros metais a ser utilizado
pelo Homem. É, ainda hoje, um dos minerais com valor comercial mais elevado. Tendo em conta as
suas propriedades físicas e químicas o ouro pode ser usado em diversas aplicações como: joalharia,
ourivesaria, decoração, na indústria eléctrica e electrónica, no revestimento de circuitos, terminais e
sistemas semicondutores, é usado como reserva monetária pelos bancos centrais e como cobertura
de satélites. Na natureza, este mineral, ocorre em filões, associado a outros minerais, ou em aluviões.
Das ocorrências identificadas na carta dos recursos minerais, merecem especial destaque os jazigos
que se descrevem a seguir.
O jazigo de M’popo é o maior jazigo de ouro primário de Angola e está situado a cerca de 36 Kkm a
Sudoeste de Cassinga. Este jazigo é constituído por filões auríferos de quartzo e tem reservas
estimadas de 700 M/ton com teor médio de 8 g/ton. Deste depósito já foram extraídas 23.300 ton de
minério com teor de 6 g/ton (um total de 140 kg de ouro). Também aparecem depósitos aluviais nas
proximidades, os quais já foram antigamente explorados.
58
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
embasamento, representadas por gnaisses micáceos e xistos atravessados por filões e filonetes de
quartzo. O ouro é nativo e ocorre numa camada que assenta sobre as rochas do embasamento.
Assinalam-se também a presença de prata e platina. Nesta região a exploração de ouro teve início
a partir de 1973, sendo apenas explorados os aluviões de leito. O total de ouro produzido foi
Buco-Zau 37 kg (1939-1943), Quissamano 167 kg (1938-1947). As explorações foram realizadas pela
companhia Mineiro do Maiombe e os trabalhos de pesquisa realizados pela companhia mineira de
Angola. Desde 195 que os trabalhos ficaram praticamente paralisados. Existem condições favoráveis
à descoberta de mais ouro na região, no entanto, é necessário a realização de estudos
aprofundados nos aluviões de leito redepositados, nos aluviões de terraços e de ouro nativo nas
rochas verdes e filões de quartzo.
Refere-se ainda que, o projecto de Cassinga integra a exploração de ouro, mas actualmente este
ainda não está a ser explorado. Aliás, cerca de 90% da produção aurífera do país tem sido
explorada por garimpeiros.
Berilo
Este mineral aparece em cristais nos pegmatitos que ocorrem nas províncias de Luanda e Huíla nos
locais denominados Mussaca-Saca e Hamutenha, respectivamente. Actualmente este mineral não
é explorado, no entanto, dos estudos feitos admite-se que exista potencial para a sua exploração.
Além dos minerais referidos anteriormente, existem outros, crómio, níquel, estanho molibdénio,
volfrâmio e tungesténio, nióbio, lítio, tântalo, terras raras, e urânio que merecem estudos profundos
de geologia e prospecção para se avaliar o seu potencial.
De entre os recursos não metálicos quartzo, feldspato, caulino, gesso, barite, diatomito, wollastonite,
moscovite, talco, fluorite, enxofre, cianite, guano, micas, grafite, enxofre, grafite, bentonite,
consideram-se ainda: as pedras preciosas e semi-preciosas (diamante, rubi, safiras, esmeraldas,
ametista, olivina, granadas, corindo e opalas), os materiais de construção (calcários, dolomites,
asfaltite, areias, argilas), as rochas ornamentais (anortositos, granitos e mármores), os minerais
fertilizantes (fosfatos e outros), os isolantes (asbestos, vermiculite), os sais (sais de potássio, salgema)
os minerais para a indústria cerâmica (argilas, feldspato, quartzo), e outros. Destes recursos tem
59
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
Diamante
Actualmente toda a produção de diamantes de Angola resulta dos jazigos localizados nas
províncias de Lunda Norte e Lunda Sul. Estes jazigos são depósitos primários (chaminés, diques e tufos
kimberlíticos), e depósitos secundários (eluviões e aluviões).
Os depósitos primários estão relacionados com o cratão de Congo de idade arcaica, com domínio
de ocorrências de kimberlito em áreas arqueanas que são caracterizadas por anfibolitos, gnaisses
anfibolíticos , granulitos máficos e charnockitos. Os depósitos secundários relacionam-se com a
Formação de Calonda a qual se atribui ao cretácico médio a superior, constituindo os seus
sedimentos as camadas detríticas diamantíferas mais antigas.
Repare-se que, do elevado potencial de recursos diamantíferos existente no país, apenas 40% desse
potencial foi detalhadamente estudado. Estudos comprovam a existência de cerca de 1.000
ocorrências kimberlíticas, sendo outorgadas no que se refere à prospecção 195 concessões. Nas
províncias da Lunda Norte e Lunda Sul estão em funcionamento 10 minas, destas, três são de
exploração de kimberlitos (Catota, Camutué e Luô) e sete são de exploração de aluviões (Cuango,
chitotolo, Canvuri, Luminas, Chimbongo, Somiluana e Calonda). Estas áreas devem ser preservadas
para a exploração de diamantes.
Refere-se ainda que nas províncias de Malanje e Namibe estão também identificadas ocorrências
de diamantes que não estão actualmente a ser exploradas.
Fosforite
São conhecidos jazigos e ocorrênas deste mineral nas províncias de Cabinda e Zaire. Actualmente
este tipo de mineral não é explorado, No entanto, dada a sua potencialidade estas áreas devem
ser preservadas.
São conhecidos vários jazigos de calcários e dolomites no território angolano. dos quais se citam
mais conhecidos.
60
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
Jazigo de Secil, localizado a 8 Km para Nordeste da cidade de Luanda, desenvolve-se numa vasta
área de calcários paleogénicos encobertos por depósitos do Quaternário, apresentando-se o corpo
mineralizado estratiforme. Foi reconhecido o valor total de reservas de 50.1 M/ton. Actualmente
encontra-se em exploração para o fabrico de cimento.
Jazigo de Lombo, localizado a 10 Km para Nordeste da foz do rio Kwanza,, na sua margem direita,
representado por depósitos do Miocénico superior (formações Cacuaco e Luanda) formados por
argilas com lentículas de dolomites, calcários gresosos, grés, areias, calcários coralinos. A sua génese
é organogénica mostrando-se as rochas afectadas por fenómenos de alteração (lixiviação). As suas
reservas geológicas foram estimadas em 47 M/ton. O jazigo oferece boas perspectivas para
exploração a céu-aberto, com utilização dos para o fabrico de cimento, cal e outros fins. É
necessário realizar trabalhos de reconhecimento para avaliar o seu potencial.
Jazigo de Comego, localizado a 7 Km para Este da cidade do Lobito, apresenta-se sob a forma
estratiforme. Foram executados trabalhos de reconhecimento no ano de 1975, tendo sido avaliadas
reservas de cerca de 3 M/ton. Actualmente encontram-se em exploração para o fabrico de
cimento. Nas proximidades do jazigo foram reconhecidas 13 ocorrências de calcários, indicando
que esta região possui grande potencial de exploração deste mineral. Esta região deve ser
preservada para indústria mineira pela importância que poderá assumir no fornecimento de
matéria-prima à industria cerâmica.
61
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
2) Jazigo de Undi, localizado a 62 Km para Nordeste da cidade de Luanda, desenvolve-se nos leitos
de calcário asfáltico com uma espessura total de 13 m de idade do Cretácico inferior. O teor médio
de betume é de cerca de 20%, e as reservas prováveis de asfaltite estimadas em cerca de 111
M/ton.Este jazigo já esteve em exploração mas desconhece-se outros dados.
Quartzo
De acordo com a informação recolhida, existem actualmente quatro explorações de quartzo, duas
na província do Cuanza Sul (município de Conda) e duas na província de Benguela (municípios da
Baía Farta e Chongorói).
62
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
Micas
Encontra-se ainda mica em pegmatitos, que ocorrem em diversos locais, nomeadamente nas
regiões de Ambriz (província do Bengo), Gungo, (província do Kwanza Sul), praia de Mandongal,
(província de Benguela) e Iona, (província do Namibe).
Gesso
As principais ocorrências de gesso estão localizadas nas regiões do Sumbe, Lobito e Benguela. Na
região do Namibe, particularmente entre, os rios Bero e Giraúl, observam-se também ocorrências de
gesso.
Dada a importância estratégica deste recurso para a construção civil, estas áreas devem ser
preservadas para a indústria mineira.
No que se refere aos anortositos, salienta-se o Jazigo de Hofui, localizado a 70 Km para Sudeste da
cidade do Lubango, província da Huíla. A sua geologia corresponde a maciços precâmbricos de
gabro-anortositos do Cunene, estendendo-se sob a forma de uma larga faixa (com 20-90 Km de
largura) de Sudeste para Nordeste em mais de 300 Km de extensão. Grande parte do maciço
encontra-se coberto por depósitos argilo-arenosos aluvionares e de vertente do Quaternário. O
63
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
jazigo apresenta uma área de 500 Km2 e está situado na parte Nordeste do complexo gabro-
anortosítico. Foram definidas mais de 140 áreas em que pode ser implementada a exploração de
anortositos. Os principais minerais são a plagióclase (labrador) e nos minerais acessórios assinalam-se
as piroxenas e hiperstena aparecendo por vezes olivina, biotite, apatite e calcite. Os anortositos
apresentam textura fina a média e a sua coloração varia de negra a cinzenta escura e cinzenta. A
sua génese é magmática. As reservas estimam-se em 1.182 milhões de m3, sendo praticamente
ilimitadas. O jazigo está em exploração desde a década de 60.
Por ser uma área única no país, com grande potencialidade, deve ser preservada para a indústria
mineira pela importância que esta possui para a indústria de rocha ornamental. Devido à
importância de pedreiras existentes nesta área para a economia provincial e nacional, deveriam ser
definidas áreas prioritárias para o aproveitamento do recurso. Na delimitação das áreas com
potencial mineiro deverão ser considerados factores que condicionem essa actividade, tais como
proximidade a zonas urbanas, vias e infraestruturas várias, aspectos paisagísticos, ou outros factores
ambientais.
No que respeita os granitos, são numerosos os afloramentos que ocorrem a nível nacional e que
podem ser aproveitados como rocha ornamental, exemplo dos localizados nas províncias da Huíla e
Namibe.
As regiões do Namíbe onde se localizam algumas dessas explorações e ocorrências mais estudadas
são as serras da Lua, Uimba, Hapa, Picona e Chitovângua. Embora cada uma destas zonas tenha
características particulares e diferentes condições de exploração e transporte, existe um padrão
comum que passa pela sua integração no Complexo Xisto-Quartzítico do Sul de Angola. Este
complexo é constituído por níveis de quartzitos, anfibolitos e outras rochas xistosas e calcários
cristalinos, sendo frequentemente interceptado por filões de doleritos, aplitos e lamprófitos com
implicações negativas na qualidade do mármore, dado que interrompem a sua continuidade e
inutilizam-no junto aos pontos de contacto, como consequência dos fenómenos de metamorfismo.
Decorrente da sua origem estes calcários cristalinos não possuem uma coloração uniforme. Ao lado
64
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
Com base nas informações recolhidas de algumas Direcções Provinciais de Geologia e Minas,
apresentam-se no Quadro 3 e Gráfico 2, as principais explorações licenciadas e actualmente em
actividade, tanto para o subsector de rochas ornamentais como para o subsector de rochas
industriais, tendo em vista o seu relevante interesse para a economia nacional e provincial.
Rocha
Província Rochas e minerais industriais
ornamental
Malange 8
Huíla 8 13
Benguela 1 17
Cunene 9
Cuanza Sul 2
Cuanza Norte 1 17
Lunda Norte 8
Lunda Sul 1 4
Namibe 3 2
Bié 10
Uíge s.d. s.d.
Zaire s.d. s.d.
Cabinda s.d. s.d.
Luanda s.d. s.d.
TOTAL 14 90
s.d. sem dados até ao momento
Fonte: Direcções Provinciais de Geologia e Minas
65
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
25
20
15
10
Importa referir que muitas empresas do sector mineiro apesar de possuírem títulos de prospecção e
exploração outorgados pelo Ministério de Geologia e Minas, não estão em funcionamento. Esta
situação é verdadeiramente inquietante para as autoridades, conduzindo a uma reflexão em torno
da eliminação de situações de monopólio empresarial bem como a uma uniformização das
parcelas, fixando limites para a dimensão de cada concessão.
Sal-gema
O sal-gema é, de há muito, conhecido na região da Quiçama, onde sempre foi e continua a ser
aproveitado pela população local. Citam-se as ocorrências mais conhecidas: Morro Tuenza e
Sanza. Surgiram por fenómenos de diapirismo que trouxeram á superfície blocos de uma possante
camada de sal.
Embora a história do petróleo de Angola remonte às primeiras décadas do século XX, a sua
produção efectiva se iniciasse em 1955, com a perfuração de um poço terrestre pela empresa
Petrofina, na bacia do Kwanza próximo à capital, Luanda.
66
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
A produção comercial no mar teve o seu início em 1968, no enclave de Cabinda, com a empresa
Cabinda Gulf Oil Company a extrair em média 30.000 barris/dia, após um período de 6 anos de
prospecção sísmica ao longo da costa.
Essas áreas, desde a região de Cabinda até o litoral próximo a Luanda, concentram o grande
potencial petrolífero angolano,contendo a maior parte das reservas conhecidas de
hidrocarbonetos. De modo geral, o petróleo angolano está distribuído ao longo das três principais
bacias sedimentares costeiras: bacia do Congo (engloba Cabinda), bacia do Kwanza e bacia de
Namibe.
Essas bacias pertencem à margem passiva do Atlântico Sul, no lado Ocidental da África, e a sua
origem está directamente relacionada com os processos de fracturamento do Pangeia (super-
continente formado no final Paleozóico, resultante da junção de quase todas as terras emersas
então existentes) e separação das placas tectónicas Sul-Americana e Africana, durante o
Cretáceo, há aproximadamente 120 milhões de anos.
As bacias marginais do Atlântico Sul, tanto do lado africano quanto do sul-americano, constituem
uma das grandes regiões petrolíferas do globo, contendo volumosas reservas, principalmente em
mar profundo, ainda pouco exploradas.
Do ponto de vista geológico, as principais rochas que servem de reservatórios de petróleo são do
Cretáceo, constituídas em sedimentos predominantemente marinhos e lacustres, tais como arenitos,
calcários ou calcoarenitos.
Na bacia do Congo (Cabinda), os principais campos produtores encontram-se nas formações Toca
(carbonatos), Loeme e Pinda (carbonatos marinhos, ao qual pertence também o importante
campo de Kokongo, de águas profundas).
O país produz petróleo através de concessões on-shore e off-shore, atingindo actualmente uma
produção de petróleo bruto, estimados em de 1.750 milhões barris/dia, colocando deste modo,
Angola como o 2º maior produtor de petróleo em África (Agencia Angola Press, 2013).
67
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
Associado à produção de petróleo está o aproveitamento do gás que, após processamento são
extraídos para comercialização o gás natural e liquefeitos do gás natural. Estima-se que, a fábrica
de processamento do gás natural liquefeito localizada no Soyo, na província de Cabinda irá
processar e comercializar 5.2 milhões de toneladas/ano
Carvões
As ocorrências de substâncias da série dos carvões, que merecem referência, embora ainda
insuficientemente estudadas, são a linhite e a turfa.
A linhite ocorre na zona de Cabo Ledo, sob a forma de finos leitos de substância carborosa
intercalada em calcários cretácicos. No entanto a sua possança é tão insignificante (inferior a 5
cm), que a ocorrência não revela qualquer interesse para exploração. Já junto ao rio Lungué-
Bungo, na província de Benguela, ocorrem depósitos de linhite de extensão considerável, tratando-
se de um carvão estratificado, a pequena profundidade, em camadas arenosas do sistema do
Kalahari. Além destas, existem ainda algumas ocorrências, que importa referir, localizadas na região
do Alto Zambeze e na província do Kuando Kubango.
Foi identificado um depósito de turfa nas proximidades de Bom Jesus, a Sudeste de Catete, na
província de Luanda. Dado o baixo poder calorífico deste tipo de combustível, não se afigura que
possa vir a ter interesse de económico.
Estas águas são geralmente de circulação profunda e/ou de circuito hidrogeológico longo
independentemente da temperatura que apresentam na emergência. O seu arrefecimento deve-
se à mistura com águas frias ou à perda de calor por condução térmica associada a fenómenos de
convecção.
68
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
As nascentes de águas minerais ocorrem associadas a falhas activas, mas não se situam
necessariamente sobre o acidente tectónico principal, mas frequentemente em nós tectónicos,
normalmente transversais, que favorecem a abertura de fracturas e facilitam a circulação das
águas minerais.
Apesar do incipiente grau de conhecimento dos recursos geotécnicos, vale a pena referir que o
país possuí um potencial geotérmico evidenciado pelas ocorrências com temperaturas superiores a
200°C, com destaque para as províncias do Namibe, Huambo e Kwanza Sul.
Com base na Carta de Recursos Minerais de Angola, foi possível elaborar a figura seguinte
representando o inventário das nascentes de águas minerais e medicinais a nível nacional.
69
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
A indústria mineira, representa uma das principais estratégicas da economia nacional e uma
importante plataforma de desenvolvimento económico em virtude das suas potencialidades,
sobretudo as relacionadas com o sector dos diamantes e do petróleo, de maior riqueza e
amplamente explorados no país.
A produção de outros minerais como o ferro, o cobre, o gesso, os materiais de construção, as rochas
ornamentais e as rochas industriais assumem cada vez mais um papel relevante para a economia
do país. No entanto, existem outros recursos minerais subexplorados, dos quais se destacam o berílio,
a argila, o ouro, as micas, o níquel, o quartzo, o tungesténio, o vanadium, o volfrâmio.
Como já foi referido anteriormente, a actividade da indústria mineira é um dos sectores mais
importantes para a economia do país. Este sector pode trazer várias contribuições, de entre as quais
se destacam: os lucros que as empresas controladas pelo Estado têm, o imposto mineiro fixo e as
rendas de superfície, impostos aduaneiros, selos e emolumentos pagos para a obtenção das
licenças de prospecção e exploração, impostos de produção e de rendimento e dividendos.
Para além destes benefícios financeiros directos importa ainda referir a contribuição em divisas para
o país, já que muita da matéria-prima extraída é exportada para o estrangeiro. Em termos de
70
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
infraestruturas, a indústria mineira também tem um forte contributo já que ajuda ao desenvolvimento
de áreas como a energia, vias de comunicação e transportes, comunicações e água.
No que se refere ao petróleo, foram descobertos em águas profundas ao largo do litoral angolano
mais de 8 biliões de barris de petróleo durante a última década, tornando Angola numa das zonas
de exploração petrolífera mais bem sucedidas do mundo e uma das mais procuradas pelas
empresas petrolíferas. As bacias sedimentares costeiras de petróleo em exploração situam-se ao
longo da costa de Cabinda, do Zaire e do Bengo. As reservas de petróleo existentes situam-se nos 8
mil milhões de barris. Há um potencial elevado de existência de jazida ao longo da costa de
Benguela, e Namibe actualmente em fase de prospecção.
Angola é membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP). Tem a sua
produção em espaço onshore e offshore, sendo o segundo maior produtor de petróleo em África
com uma produção de 1.750 milhões barris/dia (Agencia Angola Press, 2013).
As companhias petrolíferas internacionais que operam em território nacional são a BP, a Chevron, a
Eni, a Exxon Mobil Corp (norte-americanas), e a Total (francesa). Actualmente existe apenas uma
refinaria no país, localizada em Luanda, no entanto está em construção a refinaria do Lobito, cuja
conclusão está prevista para 2018, com uma produção estimada de 200.000 barris/dia.
No que diz respeito à indústria de hidrocarbonetos, a empresa Angola LNG é o maior produtor de
(gás natural liquefeito), que tem como objectivo o aproveitamento do gás associado à produção
de petróleo. Os seus accionistas são a Sonangol (22,8%), a Chevron (36,4 %), a BP (13,6%), a Eni
(13,6%) e a Total (13,6%).
71
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
diamantes tem sido vendida através de redes de contrabando, o que diminui ainda mais a receita
fiscal daí proveniente.
A exploração ilegal faz com que o impacto ambiental da exploração de diamantes seja
considerável. Com efeito, na maior parte das situações verifica-se que as condições iniciais ou a
melhoria da área após a exploração não é efectuada. Como resultado surgem graves danos
ambientais causados principalmente pela alteração dos cursos de água e pelas grandes extensões
de terra revolvida sem qualquer planeamento e aproveitamento.
A exploração de ferro tem uma longa tradição tendo sido um dos minérios mais importantes da
economia nacional durante um largo período. Desde a década de 1950 até 1975, as minas de ferro
existiam nas províncias de Malange, Bié, Huambo, e Huíla, e a produção nos últimos anos rondava
os 6 M/ton por ano. A capacidade da mina de Cassinga, última a cessar operações em 1975, era
de 1.1 M/ton por ano. Como referido anteriormente, esta mina foi reactivada para exploração de
ferro. Além do minério ferro, espera-se que sejam também explorados ouro e manganés. Por último,
refere-se que está concluída a infraestrutura da linha de caminhos-de-ferro do Namibe, que será
utilizada na expedição do minério de Cassinga até ao porto do Namibe.
No que diz respeito à exploração do cobre, e apesar das várias ocorrências a nível nacional,
nomeadamente na província do Uíge, actualmente não existem activas explorações deste minério.
No entanto, importa salientar que dadas as potencialidades do cobre na região de Mavoio, na
província do Uíge, está actualmente em curso (em fase de prospecção) o projecto de Mavoio para
exploração de minas de cobre.
72
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
No caso dos recursos geológicos para materiais de construção como o gesso (destacando-se a
fábrica de gesso do Sumbe, na província de Kwanza Sul), asfaltites, rochas ornamentais (onde
sobressaem os anortositos da Huíla, mundialmente reconhecidos e os mármores do Namibe), assim
como as designadas rochas industriais, com que se produzem britas, cimento e outros materiais
indispensáveis à construção civil, o território nacional apresenta vastas áreas potenciais,
nomeadamente no Noroeste, nas províncias do Zaire e Cabinda (exploração de fosfatos), e no
Sudoeste, na província de Kwanza Sul (exploração de quartzos).
Ainda a respeito dos recursos minerais utilizados na construção civil, importa referir que o cimento
produzido em Angola provém de duas companhias, a companhia de cimento do Lobito e a Nova
Cimangola S.A., a primeira fica localizada no Lobito, província de Benguela, e a segunda em
Luanda.
De acordo com a recolha de informação nas várias Direcções Provinciais de Geologia e Minas
constata-se que a maioria das pedreiras activas, dizem respeito à exploração de rochas e minerais
industriais, nomeadamente a exploração de inertes provenientes de recursos minerais como o
granito, calcário, gesso, arenitos, areias e argilas.
Além destas existe também a exploração de rocha ornamental, como o granito, mármore a
anortosito. Ainda de acordo com a mesma fonte, as estatísticas mostram um crescimento no
número de pedidos de novos títulos de exploração de pedreiras, o que indica que a actividade
deste segmento de indústria está em expansão.
De um modo geral, Angola apresenta um potencial elevado no que diz respeito ao sector da
indústria mineira, havendo ainda, no entanto, um longo caminho a percorrer para que este sector
(excluindo a indústria petrolífera e diamantífera) assuma um papel relevante no desenvolvimento do
país. Os primeiros passos passam pela confirmação dos locais potenciais para explorar e pelo
conhecimento de teores, tamanho das reservas, facilidade de extracção, aplicações e situação
dos mercados internos e externos.
73
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
A precariedade da rede viária nacional, que por si só implicam investimentos avultados, impedem o
transporte do material desde os centros de exploração até às zonas de comercialização. A
deterioração ou inexistência de ligações viárias e ferroviárias condicionam o crescimento e
desenvolvimento do sector industrial mineiro.
74
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
A maioria dos recursos minerais explorados sofrem processos de beneficiação após a sua extracção.
O facto de não haver indústrias transformadoras condiciona as opções do mercado, induz a venda
do minério em bruto e a diminuição do seu valor comercial.
A pouca clarificação das competências atribuídas à intervenção dos órgãos locais do Estado,
nomeadamente as Direcções Provinciais de Geologia e Minas, as autoridades Locais e as
Administrações Municipais, dificultam a concessão de títulos de direitos mineiros.
A existência de áreas por desminar conduz, entre outras situações, à falta de investimentos privados
e consequentemente paralisação do sector.
75
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
76
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hidricos, mar e zonas costeiras, conservação e
biodiversidade
De âmbito Municipal
77
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
4. RECURSOS HÍDRICOS
A análise efetuada no âmbito dos Recursos Hídricos em Angola (Superficiais e Subterrâneos) teve em
consideração, de entre outros documentos referenciados, o constante da Agenda Nacional para
2025 (Angola 2025 – Um País de Futuro), do Programa do Governo para a legislatura 2012-2017 e o
Plano Nacional da Água, para além das informações recolhidas no âmbito das Dinâmicas de Grupo
realizadas.
A configuração hidrográfica de Angola tem uma estreita ligação com o seu relevo uma vez que os
rios têm como origem as zonas planálticas e montanhosas seguindo depois para as regiões de mais
baixo-relevo. Os seus leitos são, na sua maioria, irregulares não faltando os rápidos e as inclinações,
alargando-se nas zonas costeiras. Existem quatro vertentes de escoamento das águas:
1. Vertente atlântica (rios que correm para Oeste), com os rios Chiluango, Zaire ou Congo,
o rio Bengo, Kwanza (Luando e Lucala), o rio Queve, o Catumbela e o rio Cunene;
2. Vertente do Zaire (rios que correm para Norte), com os rios Cuango, Cassai, e seus
afluentes, Cuilo, Cambo, Lui, Tchicapa, Luembe e Luachimo;
3. Vertente do Zambeze (rios que correm para Leste), à qual pertencem os rios tais como os
afluentes do Zambeze, o Luena, Lungué-Bungo e o Cuando;
4. Vertente do Kalahari (rios que correm para Sul), com muitos rios de regime intermitente
de onde se destacam os rios Cubango e os afluentes Cuchi, Cuebe e o Cuito.
As principais bacias hidrográficas são (de Norte para Sul e de Oeste para Leste) as dos rios Zaire,
Mbridge, Cuanza (a maior), Queve, Cunene e Cuando. O principal lago existente em território
angolano é o lago Dilolo, situado na província de Moxico, seguido das lagoas do Panguila e da
Quilunda, na província de Luanda.
78
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Existem várias quedas de água e rápidos em rios como Mbridge, Cambambe, Cuanza, Ruacaná.
Fonte: Própria
O maior e o mais navegável rio de Angola é o Cuanza, com cerca de 1.000 quilómetros de
extensão e cujo afluente, o Lucala, forma as célebres quedas de Kalandula, de impressionante
beleza e com mais de 100 metros de altura. Para além destas quedas existem outras e diversos
rápidos noutros rios, como as do Mbridge, Chafinda no rio Luena, do Loge, etc.
79
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
países vizinhos para chegarem ao oceano Índico (rios Zambeze, Cuando e Cubango). A formação
de água interior mais importante está na Província do Moxico e contém o maior lago do país. Vários
lagos mais pequenos cobrem uma superfície de 2.000 km 2.
Desta forma, esta riqueza hidrográfica reflete o enorme potencial hídrico de Angola, representando,
em conjunto com o Congo-Brazzaville e a República Democrática do Congo, mais de metade dos
recursos hídricos do continente africano.
Desde 2004, através do “Programa de Desenvolvimento do Sector das Águas”, têm-se realizando
melhorias no sector, nomeadamente através do sub-programa “Água para Todos” (USD 650 milhões)
que pretende melhorar o abastecimento de água em 140 municípios. O potencial hídrico de Angola
deverá também ser potenciado na exploração da energia hidroeléctrica (em 2006, foi aproveitado
apenas cerca de 2% do potencial hídrico de Angola para produção de energia hidroeléctrica).
No Sector Público Administrativo, a Secretaria de Estado das Águas é o órgão do Governo que
tutela o sector da água, sendo responsável pelo desenvolvimento de políticas, planificação,
coordenação, supervisão e controlo das actividades relativas ao aproveitamento e utilização dos
recursos hídricos nacionais. A Direcção Nacional de Águas (DNA) é o órgão responsável, na
especialidade, pela coordenação e desenvolvimento dos projectos do sector da água tendo um
papel determinante na análise, aprovação e acompanhamento dos investimentos
correspondentes.
O domínio público empresarial do sector das Águas é representado pela Empresa Pública de Águas
de Luanda – EPAL E.P., que tem como principal objectivo a operação e manutenção dos sistemas
de captação, tratamento, adução e distribuição de águas, bem como a realização de estudos e
de projectos, em regime de serviço público. Refira-se que estas actividades são de reserva relativa
do Estado, mas podem ser exercidas por empresas ou entidades não integradas no sector público
mediante contratos de concessão.
80
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Em termos legislativos, os recursos hídricos em Angola são enquadrados através da Lei das Águas
(Lei n.º 06/02, de 21 de Junho), a qual define os recursos hídricos do país, estabelecendo que os
mesmos são do domínio público, fixa os princípios gerais do seu aproveitamento (utilização racional
e a disponibilidade da água para diversos fins; o saneamento adequado das águas residuais; a
adopção da bacia hidrográfica como unidade geográfica de gestão dos recursos hídricos, a
participação dos utilizadores) bem como as prioridades do seu uso. Através desta Lei, o MINEA
passou a administrar também as águas subterrâneas que durante muitos anos eram da
competência do MINGM. O diploma contempla a criação de um sistema descentralizado de
controlo do uso e de protecção dos recursos hídricos.
A Lei de Águas estabelece que as zonas adjacentes às nascentes, captações licenciadas, margens
de lagos artificiais estão sujeitas ao regime das áreas de protecção definido na legislação de Terras
(Lei n.º 9/2004 de 9 de Novembro). Por outro lado impõe que todas as obras hidráulicas sejam
sujeitas a AIA e interdita quaisquer actividades que envolvam perigo de poluição ou degradação
da água e qualquer alteração ao regime hídrico que possa pôr em causa a saúde, os recursos
naturais, o ambiente ou a segurança e a soberania nacional. A lei materializa o princípio do
poluidor-pagador estabelecendo expressamente a obrigação de reparação dos danos causados e
define o regime de multas e sanções acessórias.
A nível da província o sector é administrado pelas Direcções Provinciais da Água que dependem do
governo da província.
81
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
O país possui uma rede hidrográfica rica e diversificada. A sua posição geográfica proporciona uma
grande potencialidade em termos de recursos hídricos. O escoamento superficial anual é estimado
em cerca de 140 km3, um dos mais elevados da região da África Austral, enquanto a disponibilidade
potencial de águas subterrâneas de 58 km³/ano, 95% da qual alimenta directamente os rios,
enquanto 5% flúi para o mar (Aquastat – FAO).
Como referido, existem 47 bacias hidrográficas direccionadas para cinco vertentes principais: Zaire
que representa 22%; Atlântico representa 41%; Zambeze que representa 18%; Ocavango que
representa 12%; e Etosha que representa 7%. Na figura seguinte apresentam-se as principais bacias
hidrográficas de Angola.
82
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Angola tem importância estratégica na região da África Austral em termos de cursos de água
partilhados. Os rios internacionais Zaire (ou Congo) e Zambeze constituem dois dos cursos de água
mais importantes do continente africano. No caso do Zambeze, a bacia hidrográfica abrange a
Namíbia, Botswana, Zimbabué e Moçambique a jusante de Angola. O rio Cubango com o tributo
do Cuito origina o Okavango na Namíbia que tem o seu delta no Botswana de extrema importância
ecológica e económica e o rio Cunene é o único curso de água perene que corre ao longo da
fronteira Nnoroeste da Namíbia.
O país tem vindo a valorizar a gestão dos cursos de água partilhados e estabeleceu o Gabinete de
Administração da Bacia Hidrográfica do Rio Cunene (GABHIC), que procede à gestão integrada
dos recursos hídricos da Bacia Hidrográfica do Cunene e das Bacias do Sudoeste de Angola (como
institui o Despacho Presidencial n.º 28/PR/91, de 04 de Novembro).
Desta forma, as bacias hidrográficas mais importantes são constituídas pelos seguintes rios:
Zaire (ou rio Congo) – possui 4.7 mil Km de comprimento, sendo o 2º maior rio
de África, após o rio Nilo, e o 9º do mundo (nasce nas montanhas do vale do
Rift e atravessa a República Democrática do Congo até chegar a Angola).
Os vales do Rio Zaire constituem zonas de grande potencial agrícola e
florestal, e apresentam uma enorme biodiversidade.
Os rios Cubango e Cunene completam o conjunto de rios internacionais de Angola. O rio Cubango
com o tributo do Cuito origina o Okavango na Namíbia que tem o seu delta no Botswana de
extrema importância ecológica e económica e o rio Cunene é o único curso de água perene que
corre ao longo da fronteira Noroeste da Namíbia.
83
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Os grandes rios de Angola possuem a sua cabeçeira nos topos planálticos das províncias do
Huambo, Bié e Moxico, escoando parte para o Oceano Atlântico através dos rios Zaire, Cuanza (o
maior e mais navegável rio de Angola) e Cunene; e outra para o Oceano Índico através dos rios
Zambeze, Cuando e Cubango. O rio Cuando, originário da província de Moxico, origina a terceira
maior bacia de Angola. De facto, o potencial hidrográfico de Angola, em conjunto com a
República do Congo e a República Democrática do Congo, representa mais de metade dos
recursos hídricos superficiais do continente africano.
Apresenta-se de seguida uma listagem das bacias hidrográficas ordenadas de acordo com as suas
áreas de drenagem e de acordo com a localização apresentada na Figura 8.
84
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
O perfil das águas angolanas é largamente deficitária e por este motivo, é difícil definir uma
estratégia de gestão de recursos de água no contexto atual do país. Não obstante a limitação de
85
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
dados e informações, Angola empreendeu uma série de medidas para dinamizar o sector da água
com o objetivo final do desenvolvimento sustentável através de uma série de planos e estratégias,
no seguimento das directrizes das Nações Unidas, sob a categoria de "Sustentabilidade ambiental",
cujo objetivo principal é "reduzir para metade, até 2015, a proporção de pessoas sem acesso
sustentável à água potável e saneamento básico. "
Para além deste facto, o Governo de Angola apresentou um programa para orientar o sector da
água para o período de 2009-2012. Este programa visava criar esforços concertados e ações para
fornecer o acesso da população à água potável em áreas urbanas e rurais. Este programa foi
definido como "Água para Todos" e destinava-se a assegurar que a população tinha acesso à água
para as actividades económicas. Outras medidas de apoio foram estabelecidas sob a forma do
"programa de investimentos dos setores de energia e água" que definiu a expectativa com o ano
de 2016 como prazo o alvo. Este programa destina-se ao melhoramento, reabilitação e expansão
dos sistemas de abastecimento de água doméstica universal com um alvo definido para atingir uma
taxa de cobertura de 100% nas áreas urbanas e 80% nas áreas rurais (REGA, 2012) e periurbano.
Os sectores de utilização de água relevantes são o setor de irrigação que utiliza 60% da água
disponível, seguido de uso doméstico (23%) e indústria (17%) (Banco Mundial 2009a; FAO, 2005; ADF
2007). É por esta razão que a política agrícola, planeamento urbano, investimento e industrial
legislação e políticas tem que ser definidas em conjunto com o setor de água. Há uma forte
dependência de recursos de água de superfície em Angola e usos não consumptivos que estão a
aumentar, especialmente com o recente investimento em esquemas de energia hidrelétrica e
outras áreas de desenvolvimento económico.
86
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Dande 9 829
Bengo 11 502
Cuanza Alto Cuanza 88 830
Catumbela 20 860
Queve 22 813
Centro-Oeste 18 582
Cunene Alto Cunene 27 983
Sudoeste 66 170
Cuvelai Cuvelai 52 566
Cubango Cubango 151 461
87
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
88
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Como se pode observar no quadro seguinte, a unidade hidrográfica do Kassai apresenta os maiores
valores de precipitação e de escoamento médios anuais, respectivamente 1450 mm e 306 mm. No
entanto, as unidades hidrográficas do Alto Cuanza, Queve, Cuango, Cabinda e Alto Cunene
apresentam igualmente valores bastante elevados de escoamento médio anual, variando entre 294
mm (no Alto Cuanza) e 224 mm (no Alto Cunene).
Precipitação Escoamento
Unidades Área Coeficiente de
Hidrográfica (km2) Média Anual Médio anual Escoamento
(mm) (mm)
Cabinda 6 897 1166 240 0.21
Cuango 132 978 1406 250 0.18
89
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Os valores mais baixos de precipitação e escoamento ocorrem no Sul do País, com precipitação
média anual próxima de 400 mm e escoamento médio anual na ordem de 40 mm.
Em quase todo o País a precipitação nos meses de Junho, Julho, Agosto e Setembro é muito
próxima de zero, gerando igualmente escoamentos muito baixos nestes meses. Nas bacias litorais
mais a sul apenas ocorre algum escoamento nos meses de Fevereiro, Março e Abril, ficando os rios
praticamente secos nos restantes meses do ano. Esta situação não acontece nos rios Cunene,
Cuvelai, Cubango e Cuando, que são rios permanentes devido aos caudais gerados a montante;
porém, os afluentes destes rios nos troços de jusante estão secos na maioria dos meses do ano.
Em termos de recursos hídricos subterrâneos, é na parte sul e sudoeste do território que existe um
melhor conhecimento hidrológico do país pela existência de uma importante rede de captações
de águas subterrâneas.
São constituídos por formações sedimentares desagregadas e/ou litificadas essencialmente porosas
de extensão e permeabilidade muito variáveis. Inclui depósitos aluvionares muito permeáveis, onde
se podem conseguir caudais por captação de 10 a 100 l/s ou mesmo superiores, e aquíferos
extensos, como as areias do Kalahari do PaleogénicoNeogénico e outros depósitos arenosos
cenozóicos e areníticos cretácicos, de permeabilidade média a baixa.
O potencial de água subterrânea das rochas mesozoicas ao longo da mesma costa é também
provavelmente baixo. A produtividade média de rochas porosas é estimada em 1 l/s, enquanto
90
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
algumas rochas fissuradas e cársicas cretáceas e terciárias provavelmente têm uma produtividade
maior.
Os sedimentos aluvionares recentes ao longo dos rios são definitivamente os melhores aquíferos do
país. No mapa hidrogeológico são reportados caudais de 15 a 50 I/s. Nas maiores planícies
aluvionares compostas por aluviões resultantes da erosão de granitos e de outras rochas ricas em
quartzo, poderão obter-se maiores produtividades com o correto dimensionamento de captações,
que tirem partido da relação entre o rio e o aquífero aluvionar. A maioria destas planícies
aluvionares está cartografada nas zonas baixas dos cursos de água, a menos de uma centena de
quilómetros da costa. É provável que existam faixas aluvionares de materiais mais grosseiros e
permeáveis em zonas do percurso médio a alto dos rios aptas à construção de captações de água
subterrânea muito produtivas. Os mais extensos aquíferos aluvionares encontram-se nas províncias
da Huíla, Benguela, Cuanza Sul, Bengo e Zaire.
Em alguns deltas e partes baixas das planícies aluvionares, a qualidade da água subterrânea é
influenciada pela água salgada. A título de exemplo, a maré no Kwanza pode ser observada a
dezenas de quilómetros a montante da foz.
Os rios das pequenas bacias ao longo da costa secam em períodos de baixa precipitação; a água
subterrânea armazenada nessas circunstâncias é a que resultou da infiltração na estação húmida e
vai progressivamente diminuindo de volume por acção da evapotranspiração real e do
escoamento subterrâneo em direcção ao oceano.
91
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
No soco pré-câmbrico, existe uma grande variedade de tipos de rochas com propriedades
hidrogeológicas diferentes.
A legenda do mapa hidrogeológico indica a produtividade de 1-3 l/s e uma taxa de sucesso de 50-
70%, mas somente de 30-50% nas rochas de Benguela e do Namibe. No entanto, de acordo com os
poços cartografados naquele mapa, a produtividade mais comum de granitos e gnaisses é menos
que 1 l/s. Segundo Sweco (2005) estes valores correspondem melhor à experiência geral sobre a
produtividade das rochas pré-câmbricas. A maioria dos furos são pouco profundos (15 a 40 m), e
provavelmente a produtividade poderia aumentar se a profundidade fosse maior, por exemplo, de
70 a 100 m.
As rochas básicas, tais como gabros e noritos, dão origem provavelmente aos melhores aquíferos
em rochas duras. No mapa hidrogeológico está expresso que a produtividade dos furos é
frequentemente indicada como sendo de 3-5 l/s com uma taxa de sucesso de 70-80%. As rochas
intrusivas básicas encontram-se tanto na parte norte quanto na parte sul do país.
Verifica-se a existência de grupos de rochas vulcânicas pré-câmbricas que se admite terem uma
produtividade média de 3 l/s. A maior área dessas rochas é encontrada ao longo das fronteiras
entre as províncias do Bengo, Cuanza Norte e Uíge. Identificam-se ainda diques doleríticos espessos
com orientação W-NW / E- S, na parte oeste do país, a sul de Sumbe. Nas mesmas áreas estão
cartografadas zonas de falhas.
Entre as mais antigas rochas pré-câmbricas de origem sedimentar existem alguns poucos grupos que
provavelmente são aquíferos. Incluem-se os quartzitos do orogeno Limpopo-Liberiano e um grupo de
metassedimentos constituído principalmente por quartzitos, arenitos e conglomerados de idade mais
recente. Sweco (2005) atribui-lhes a produtividade de 3 l/s mas adverte que esse valor pode ser
muito alto.
92
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
O grupo da Chela atribuído ao Proterozoico superior constitui o melhor sistema aquífero entre os
constituídos por rochas pré-câmbricas. A formação inferior (Formação Humpata) é constituída por
conglomerados e brechas, quartzitos, arenitos quartzosos e argilitos e a formação superior
(Formação Leba) é representada por calcários cinzento-azulados e dolomites maciças e em lajes. A
média de produtividade dos furos de águas subterrâneas pode ser algo superior a 6 l/s. O grupo da
Cheia é encontrado na área sul e oeste de Lubango, e também mais ao sul na província do
Namibe.
As rochas mesozoicas eruptivas ao longo da costa oeste provavelmente têm um melhor potencial
como aquíferos do que as rochas sedimentares circundantes. Segundo Sweco (2005) isso é somente
parcialmente mostrado no mapa hidrogeológico uma vez que em geral as rochas vulcânicas novas
e os pequenos corpos intrusivos são muito bons aquíferos. Muitos desses pequenos corpos estão
situados na parte sudoeste da zona costeira, onde a água subterrânea é conhecida como tendo
elevada mineralização e não poder ser utilizada como água potável.
Ocorrem em diversas estruturas geológicas tais como diques, falhas e zonas de fissuração.
Constituem verdadeiras armadilhas pois são importantes para o armazenamento de água
subterrânea. Até em rochas com porosidade primária, as fissuras secundárias podem ser um
importante contributo para o armazenamento e a transmissão de água. As maiores estruturas
geológicas tais como falhas e zonas de fissuras são importantes pela fracturação induzida pela
actividade tectónica enquanto noutros contextos são as zonas de contacto dos diques e filões de
rochas intrusivas que apresentam fracturação associada a variações térmicas do corpo intrusivo e
do encaixante. Na parte sudoeste do país, as rochas pré-câmbricas são cortadas por muitos diques,
filões, falhas e zonas de fissuras. A localização de furos nessas zonas, e em muitas outras zonas
menores e não mapeadas, poderá ser muito importante para uma melhoria da produtividade dos
furos.
Aquíferos cársicos
93
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
verticais (os algares) ou ser constituídas por galerias, poços e salas. As grutas mais complexas são o
resultado da progressiva confluência das águas infiltradas, formando-se redes subterrâneas com
desenvolvimentos da ordem das dezenas de quilómetros desembocando em exsurgências, em
geral com grandes caudais de ponta.
Englobam formações do tipo xisto gresoso e xisto calcário com porosidade dupla e permeabilidade
baixa. O escoamento faz-se geralmente através da fracturação enquanto o armazenamento reside
nos níveis porosos que cedem a água às fracturas de acordo com o evoluir do potencial hidráulico
nas fracturas e na matriz porosa.
94
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Para se entender o processo de recarga das águas subterrâneas é importante referir que esta
ocorre em períodos de alta precipitação, mesmo que a bacia hidrográfica tenha um balanço
hídrico anual negativo. Por isso, existe alguma água subterrânea mesmo nas áreas secas da
província do Namibe, mas é facilmente sobre explorada. Nestas áreas, devido à baixa precipitação
e à evapotranspiração elevada, a mineralização da água é frequentemente muito alta para o uso
como água potável e a qualidade da água nos aquíferos agrava-se com os ciclos de irrigação-
infiltração-extracção. A água mineralizada é reportada ao longo da costa sul de Benguela e do
interior da parte sudoeste de Angola. Tanto a produtividade dos furos como a mineralização da
água aumentam frequentemente com a profundidade. A água subterrânea nessas áreas é pouco
abundante, e caso exista, é inadequada para o consumo.
Uma parte desconhecida dos recursos de água doce reparte-se entre águas subterrâneas e águas
superficiais. Tal como a água superficial, a água subterrânea está em movimento e tem um nível de
base tal como a água de um rio. O extremo da componente subterrânea do ciclo hidrológico é o
oceano tal como é para a componente superficial. No entanto, geralmente o ciclo subterrâneo tem
níveis de base intermédios que podem ser vales de rios e depressões onde a água aflora e passa a
95
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
englobar a componente subaérea do ciclo hidrológico, aumentando o caudal dos rios e lagos e
mantendo o escoamento de base das linhas de água. Outras vezes, dá-se o movimento de água
em sentido contrário, em função dos potenciais hidráulicos de cada uma das componentes do
ciclo hidrológico. São os rios e as linhas de água que recarregam os aquíferos e a água passa do
compartimento subaéreo para o compartimento subterrâneo do ciclo hidrológico.
Em princípio, uma grande extracção de água e uso de água subterrânea para fins agrícolas irá
aumentar a evapotranspiração real e provocar o uso consumptivo da água, podendo reduzir o
escoamento nos rios que são o nível de base. O uso da água subterrânea para outros fins não
consumptivos é normalmente menor que para agricultura e, excepto para a descarga ao longo do
litoral, poderá mesmo aumentar o caudal dos rios embora na maioria dos casos haja uma
degradação da qualidade da água.
O caudal dos furos localizados na maioria das rochas de Angola é particularmente baixo e a
extracção intensiva em algumas áreas de rochas duras poderá afectar o escoamento das linhas de
água que são o nível de base desses escoamentos subterrâneos. Assim, se o uso da água
subterrânea para fins agrícolas é maximizado a partir de um bom aquífero de rochas duras nas
bacias do norte, tais como o M'Bridge, o Loge, o Dande e o Bengo, poderá afectar o caudal dos rios
nos períodos de seca (Sweco, 2005). Para os mesmos autores, nas bacias do Rio Kwanza e do Rio
Cunene, os rios afluentes poderiam talvez ser influenciados da mesma maneira, mas não seria
provável que a perda de caudal nos rios principais fosse notada. Nas bacias do sul, tais como de
São Nicolau, do Bero, e do Curoca a precipitação é baixa e a extracção de águas subterrâneas
das rochas Pan-Africanas de alta produtividade poderá reduzir o escoamento do rio na estação
seca.
Os furos nos sedimentos aluviais ao longo dos rios podem produzir grandes quantidades de água
subterrânea, e a mesma será renovada através da infiltração nas margens dos rios (bank storage).
Normalmente os rios com escoamento permanente são grandes eixos de drenagem longitudinais
dos sistemas aquíferos adjacentes. O escoamento subterrâneo dá-se em direcção ao rio e ao longo
da faixa das aluviões modernas. As zonas dos terraços e das próprias aluviões modernas constituem
as áreas de recarga onde se dá a infiltração profunda da água da chuva.
Genericamente, as aluviões são constituídas as areias e cascalheiras da base e nas zonas mais
próximas da foz podem aparecer lodos e/ou areias lodosas.
96
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Além de drenantes, estes rios, em períodos de cheia, funcionam como infiltrantes quando o nível da
água no rio sobe acima do nível piezométrico do aquífero: a água passa, então, do rio para as
margens, dando lugar a um armazenamento nos terrenos marginais (bank storage). Logo que o nível
da água desce no rio, este armazenamento é responsável pelo aumento da contribuição
subterrânea para o caudal do rio.
Nestas circunstâncias, o aquífero é subordinado ao rio, isto é, a ligação hidráulica com o rio faz-se
sem significativos constrangimentos hidráulicos. A relação hidráulica entre o aquífero e o rio
(influente ou efluente) depende da posição relativa dos níveis da água.
Nestas circunstâncias, quando o caudal do rio é elevado e a aluvião espessa e permeável é possível
construir captações que podem produzir centenas de litros por segundo de água filtrada
naturalmente.
A presente análise da qualidade da água foi elaborada com base na consulta do Relatório do
Estado Geral do Ambiente em Angola, assim como no Programa Nacional de Gestão Ambiental
(PNGA, 2009). Para além deste, foi consultado o Plano Nacional da Água (2012).
Nas bacias hidrográficas das regiões Nordeste e Leste do País, espera-se que os actuais padrões de
precipitação se mantenham, fazendo com que estas regiões mantenham a abundância que
sempre tiveram em termos de disponibilidade de recursos hídricos superficiais.
97
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Assim prevê-se que na orla litoral venha a ocorrer a degradação de aquíferos subterrâneos devido à
intrusão de água salina, como consequência do crescente recurso às águas subterrâneas para
suprimento das necessidades hídricas dos vários consumidores / utilizadores.
De acordo com as referidas fontes bibliográficas, as informações relativas à qualidade da água são
escassas, embora algumas das análises existentes indiquem que as águas superficiais, no meio rural,
são de boa qualidade relativa. Especificamente para as regiões hidrográficas consideradas, poderá
resumir-se o seguinte:
Na bacia hidrográfica do rio Cubango os dados sobre a qualidade da água são escassos,
limitando-se aos parâmetros báscios, embora se aceite geralmente que a qualidade da
água nesta bacia seja boa. As águas da Bacia do Cubango são conhecidas pela sua
transparência que advém, em grande parte, da geologia e dos solos através dos quais o rio
escoa. Esta bacia está sujeita a pequenas fontes de poluição, relativamente isoladas, de
zonas urbanas e agrícolas; contudo, o aumento da população e das descargas municipais,
e ainda dos produtos agroquímicos, constituem uma ameaça potencial.
O rio Cavaco, de carácter sazonal, serviu num passado recente de fonte de abastecimento
de água para a cidade de Benguela. Grande parte da água da bacia do Cavaco é de
origem subterrânea. O elevado grau de mineralização das águas subterrâneas, assim como
o efeito da intrusão das águas do mar tem causado uma elevada degradação da
qualidade da água do Vale do Cavaco.
98
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Com base nos resultados analíticos das amostragens efectuadas à água do rio Mucari (nos
anos de 1979 e 2002), no âmbito do Plano Director de Abastecimento de Água e
Saneamento de N’Dalatando, conclui-se que neste caso a água apresenta boa qualidade,
sendo que a maioria dos parâmetros analisados, à excepção do alumínio se encontram
abaixo dos valores máximos recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Atendendo aos resultados analíticos disponíveis para o rio Guiné no âmbito do Plano
Director de Abastecimento de Água de Malanje, relativos a uma amostra colhida em
Fevereiro de 2002, constata-se que, na generalidade, a água apresenta boa qualidade,
sendo que a maioria dos parâmetros analisados, à excepção do alumínio e do pH se
encontram dentro dos intervalos recomendados.
Por útlimo foi analisada a informação disponível para rio Cunene em Xangongo, obtida no âmbito
do Plano Director de Abastecimento de Água a Ondjiva, relativa a campanhas de amostragem
realizadas em Abril de 1974 /1975 e 2002. Com base na referida informação, pode afirmnar-se que
se trata de uma água pouco mineralizada já que, de acordo com os dados disponíveis, a sua
condutividade é, em média, de 46 µS/cm.
99
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Contudo, as informações obtidas permitem inferir que a qualidade das águas superficiais, em
particular no meio rural é, aparentemente, boa.
Verificando-se que, um pouco por todas as bacias hidrográficas, se vão esgotando algumas fontes
naturais de água, provocando a seca de vários pequenos cursos de água que alimentam os
grandes rios do País, afigura-se necessária a implementação de um Programa de Restauração do
Domínio Público Hídrico, de acordo com o preconizado no REGA (2012), o que permititrá repor as
condições naturais das grandes massas de água, tais como rios, lagos, albufeiras e aquíferos. A
reposição destas condições permitirá certamente alcançar um bom estado de qualidade das
massas de água superficiais e subterrâneas.
Por outro lado, embora as águas subterrâneas se afigurem, em termos de disponibilidades, uma boa
opção na satisfação das necessidades crescentes para satisfação das várias utilizações, o nível de
conhecimento sobre a sua qualidade é limitado, começando a registar-se alguns problemas em
particular nas regiões Litoral e Sul do território Angolano.
Assim, a par da elaboração dos Planos Directores Gerais de Aproveitamento dos Recursos Hídricos
do País, bem como da reabiltação da Rede Hidrométrica Nacional, manifesta-se a necessidade de
implementar uma Rede Nacional de Qualidade da Água (contemplando a monitorização da
qualidade das águas superficiais e subterrâneas), bem como de piezómetros para a monitorização
do comportamento dos lençóis freáticos, de modo a possibilitar uma gestão criteriosa e racional dos
Recursos Hídricos.
A Bacia Hidrográfica do rio Cubango (com uma área total de 192.500 km 2) continua a ser uma das
menos afectadas pelo ser humano no continente africano. No seu estado actual, quase natural, o
rio fornece benefícios significativos ao nível dos ecossistemas e vai continuar a fazê-lo se for gerido
de forma adequada. Contudo, as cada vez maiores pressões socioeconómicas a que a bacia
hidrográfica está sujeita pelos países ribeirinhos, Angola, Botswana e Namíbia, podem alterar as suas
actuais características. Deste modo, é absolutamente necessário assegurar uma gestão sustentável
dos seus recursos.
100
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
os países ribeirinhos indicam que este desenvolvimento deve ser equilibrado relativamente à
conservação do ambiente natural e dos bens e serviços actualmente disponíveis. Para isso, foi
necessário um conhecimento de toda a bacia quanto aos problemas e questões da mesma, bem
como um plano para o seu percurso de desenvolvimento.
Para que esse desenvolvimento possa ser planificado pelos três países, houve a necessidade de
estabelecer quadros legais e institucionais de cooperação sob a forma de acordo para a Comissão
Permanente da Bacia do Rio Cubango/Okavango (OKACOM), de 1994. O acordo sobre a “Estrutura
Orgânica da Comissão Permanente das Águas da Bacia do Rio Cubango/Okavango” (Acordo da
Estrutura da OKACOM), de 2007, e o Protocolo Revisto da Comunidade de Desenvolvimento da
África Austral sobre Cursos de Água Partilhados (Protocolo Revisto da SADC) de 2000.
Orientados pelos três acordos acima indicados, os países ribeirinhos têm vindo a trabalhar no sentido
do desenvolvimento e implementação de um Plano Integrado de Gestão (PIG) para a bacia com
base na Avaliação Ambiental (AA). Para apoiar esse objectivo, o Fundo Mundial para o Ambiente
(GEF) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) têm desde 1994 prestado
assistência à OKACOM na realização de uma Análise Diagnóstica Transfronteiriça (ADT) sobre os
problemas e ameaças potenciais à Bacia do rio Cubango/Okavango e no desenvolvimento de
programas de acções aos níveis nacional da bacia para responder a essas ameaças.
Em Angola a bacia hidrográfica do Cubango abrange partes das províncias do Huambo, Bié, Huíla,
Moxico e Cuando-Cubango.
O rio Cubango nasce em Chicala-Tchiloango (Vila Nova), perto da cidade do Huambo, no planalto
do Huambo, não muito longe da cidade de Kuito, a pouco mais de 1.800 m de altitude e tem um
curso de 975 km e corre em direcção norte-sul, inflectindo então para sudoeste.
Segue depois fazendo fronteira com a Namíbia até ao Mucusso onde, à cota 1.025, inflecte para SE.
Em Dirico (a jusante de Rundu), o rio Cuito junta-se ao Cubango e juntos atravessam a fronteira para
Namíbia, seguindo depois para o Delta do Okavango, onde desagua. O lago Ngami e a depressão
Makarikari (Makariakri Pan) mantêm ainda ligação à bacia do Okavango, aparecendo em muitos
casos integrados na bacia do Okavango.
101
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
A Bacia Hidrográfica do Rio Cubango, com as suas fontes (nascentes) no planalto central de chuvas
abundantes e declive suave, corre algumas centenas de quilómetros até ao Mucusso, onde à cota
1.025 m inflecte para SE e abandona o território angolano indo a breve trecho perder-se nos
“Okavango Swamps” no Botswana.
Assinala-se que quase todos os afluentes do Rio Cubango são na margem esquerda. Dentre este
destaca-se o importante rio Cuito que parte do seu percurso, corre através de vales arenosos,
serpenteando entre planícies alagadas com bastante vegetação. Em 1957 foi construída a primeira
Estação Hidrométrica na Bacia Hidrográfica do rio Cubango, na localidade de Caiundo, provincía
de Cuando Cubango.
A extensão topográfia da bacia do Rio Cubango abrange uma área de aproximadamente 156.122
km2, mas o seu caudal principal é oriundo de 120.000 km2 de áreas de pastagem sub-húmidas e sub-
áridas na província do Cuando Cubango em Angola. A bacia do Cubango é constituída pelos rios
Cubango, Cutato, Cuchi, Cacuhi, Cuelei, Cuebe, Luahuca, Cuatir, Luassingua, Longa, Quiriri e Cuito
102
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
A cabeceira do rio Cubango encontra-se entre as províncias do Huambo e do Bié a uma altitude
que varia entre os 1.700 e 1.800 metros acima do nível do mar, na região do planalto central de
Angola. Esta desce para pouco mais de 900 metros acima do nível do mar no Delta. A sua nascente
está localizada perto de Tchicala Tcholohanga, na aldeia Lumbula que dista a 17 km da sede
municipal de Tchicala Tcholohanga, na província do Huambo.
Deve ser particularizado que a maior extensão da bacia do Cubango em território angolano pode
ser encontrada na província do Cuando Cubango.
Da área total da bacia de 156.122 km², 60.900 km² pertencem a bacia do rio Cuito, seu principal
afluente. A bacia do Cubango confina a Este com a bacia do rio Cuando, a Nordeste com a do
Zambeze, a Norte com a do Cuanza e a Oeste com a do Cunene e a do Cuvelai. A forma da bacia
é alongada com o eixo maior no sentido NW-SE.
Hidrologia
No que diz respeito à componente hidrológica da bacia é importante realçar que praticamente
todas as águas que fluem para o Delta têm origem na parte superior da bacia, nomeadamente dos
rios Cubango e da sub-bacia do rio Cuito. O total do escoamento médio anual desta bacia é de
12.100 Mm3/ano.
Tal como a rede meteorológica, a rede hidrométrica permitiu a recolha de dados por um período
relativamente curto, mais concretamente entre finais da década de 50 e 1974. À semelhança do
que tem acontecido com a bacia do Cunene devido a falta de dados as estimativas de
103
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
escoamentos médio anuais têm sido calculadas por métodos de correlação e recurso a estação de
Rundu que tem, neste momento, quase 60 anos consecutivos e sem interrupções de dados
hidrométricos.
A sucessão dos valores de escoamento anuais é quase constante na bacia do Cuito, devido a sua
natureza geológica, enquanto na bacia do Cubango verifica-se uma variabilidade em função do
carácter húmido ou seco do ano, devido a natureza da sua bacia drenante.
O escoamento médio anual do rio Cuito ronda os 6.000 milhões de m 3 e o do Cubango é de cerca
de 6.100 milhões de m3 antes de receber o Cuito. Desta forma, o escoamento anual do Cubango,
após receber a contribuição do seu tributário, duplica perfazendo 12.100 milhões de m 3.
O caudal mínimo do rio Cubango é de cerca de 25 m 3/s e o do rio Cuito é de 100 m 3/s. Não existem
registos suficientes que possam permitir o cálculo de cheias do Cuito. Os caudais de cheias do
Cubango rondam os 2.500 m3/s para a centenária e 3.400 m3/s para a milenar.
As observações hidrométricas que deram origem o início da inventariação dos recursos hídricos da
bacia do rio Cubango em Angola tendo em conta o seu desenvolvimento, começaram no ano de
1957, com a instalação/construção da primeira Estação Hidrométrica na localidade de Caiundo no
rio Cubango. Até 1970, foram instaladas/construídas 22 estações hidrométricas. Em 1975, aquando
da Independência da República de Angola e por se ter gerado um clima de instabilidade
principalmente no interior do país, a actividade de recolha de dados foi totalmente interrompida e
como consequência, as estações hidrométricas foram vandalizadas, situação que se manteve até
ao ano de 2005 data em que se deu início a sua reabilitação já no âmbito da OKACOM.
Aproveitamentos Hidroeléctricos
104
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Estão a ser preparados estudos de viabilidade e de concepção para três outras barragens na
Liapeca, no Rio Cuebe, em Malobas, no Rio Cuchi e em Maculungungu, no Rio Cubango.
Todas elas são centrais a fio de água, com açudes relativamente baixos e pequenas albufeiras, à
excepção do projecto de Malobas. O projecto de Malobas foi concebido para um muro de
barragem de 47 m, com um armazenamento activo de 1634 Mm 3, uma albufeira de 120 km2 e uma
capacidade instalada de 84 MW.
As Quedas de Popa, na Namíbia, onde o rio desce alguns metros, é o único local adequado para a
produção de energia eléctrica. Em 2003, considerou-se a viabilidade de três projectos a fio de água
associados a esta localização, numa tentativa de preservar as próprias quedas de água, devido ao
seu valor turístico. Contudo, o proponente, a NamPower, arquivou a proposta, devido a restrições
operacionais, e não existem planos para construir o Projecto Hidroeléctrido de Quedas de Popa. 4
Dos estudos realizados no período colonial (1968), refere-se o reconhecimento efectuado no Rio
Cubango, onde se previa a execução de um plano de rega em 90.000 hectares para a produção
de hortícolas, fruteiras e leguminosas.
4
Christian, C. (2009)
105
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Com o apoio dos Governos dos países envolvidos (Angola, Namíbia e Botswana) e assistência
técnica da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura está em
implementação um Projecto de Protecção Ambiental e Gestão Sustentável da Bacia Hidrográfica do
Rio Cubango (PAGSO). Uma das actividades inscritas no projecto é a realização de uma análise
diagnóstica transfronteiriça (ADT) que visa o desenvolvimento de um Plano de Gestão Integrado
para a Bacia.
A ADT consiste na análise de actuais e futuras causas de eventuais problemas transfronteiriços entre
os três países membros da OKACOM, resultantes de uma maior pressão sócio-económica sobre a
bacia.
O objectivo final é o de facilitar informação sobre o potencial de utilização de terras com aptidão
para o regadio vs a disponibilidade de água para a irrigação, respeitando os caudais ecológicos e
os entendimentos estabelecidos no âmbito da gestão conjunta da Bacia.
Em termos de irrigação, a área da Bacia Hidrográfica do Rio Cubango não se caracteriza pela
existência de uma grande tradição no regadio, apesar de uma boa parte dela se incluir dentro da
zona dos grandes esquemas de regadio. Os recursos hídricos potenciais necessitam via de regra de
investimentos em infraestruturas de captação, de armazenamento, transporte e distribuição para a
sua utilização.
Na região do planalto central (zona a montante da bacia), no período seco, as populações fazem
recurso ao regadio através do manejo do lençol freático, colocando a água a disposição das
plantas por ascensão capilar, ou desviando o curso de parte da água de pequenos rios para regar
por gravidade, em pequenas áreas que geralmente não ultrapassam os 0,5 hectares.
106
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Foram instalados perímetros irrigados de maior ou menor dimensão, ao longo das principais bacias
hidrográficas, entre os quais se destacam os seguintes na bacia do Rio Cubango:
Com a guerra que durou décadas, a maior parte das infra-estruturas deterioraram-se, sobretudo as
de irrigação, assim como as das fazendas abandonadas.
107
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
A maioria das explorações agrícolas do tipo empresarial localizadas na Bacia do Cubango, são
bastante incipientes e ainda não realizaram os investimentos necessários para atingir os níveis de
produção projectados e concomitantemente os consumos de água requeridos.
Existem outras que estão apenas registadas como concessões efectuadas a diferentes níveis (a lei
de terras prevê a concessão pelo Governo Provincial de até 1.000 hectares; Ministério do Urbanismo
e Habitação até 10.000 hectares, com parecer vinculativo do Ministério da Agricultura; Conselho de
Ministros, acima de 10.000 hectares), no entanto, os concessionários não iniciaram a execução dos
respectivos planos de exploração.
108
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Não foi possível realizar um levantamento de dados exaustivo que permitisse uma adequada
caracterização dos actuais sistemas existentes. No entanto, podem nomear-se alguns:
Povoamento agrário da Bela Vista com potencial para irrigar 800 hectares: Localização
Geográfica: Município do Catchiungo, Província do Huambo
Perímetro irrigado de Menongue 1 com potencial para irrigar 3.000 hectares. Localização
Geográfica: município de Menongue, Província do Cuando Cubango
Perímetro irrigado de Menongue 2 com potencial para irrigar 1.000 hectares. Localização
Geográfica: município de Menongue, Província do Cuando Cubango
Projecto do rio Cuchi- 165 mil hectares, sendo 150 mil hectares em médio desenvolvimento e
15 hectares em alto desenvolvimento.
Menongue: entre Missombo e Bimbi, 30 mil hectares sendo, 10 mil hectares para cada um
dos níveis de desenvolvimento, alto, médio e baixo.
Longa: 20 mil hectares, sendo 10 mil hectares para a produção de cana sacarina e 10 mil
hectares para a produção de arroz no Lupiri.
A bacia do Rio Zambeze é um dos recursos naturais mais diversificados e valiosos do continente
africano. As suas águas são essenciais para o crescimento económico sustentado e a redução da
109
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Em Angola, o rio Zambeze entra pela fronteira Norte da Província do Moxico, recebendo a partir daí
muitos afluentes, que são rios Angolanos como lwena ou o lunguê-bungo. Sai de Angola pela
fronteira Sul da mesma Província, atravessando depois a Zâmbia e indo desaguar em território
Moçambicano, mais propriamente no Oceano Índico.
De facto, o Rio Zambeze forma a quarta maior Bacia em África, após os rios Congo, Nilo e Níger. O
Zambeze tem a sua fonte na Zâmbia, 1.450 metros acima do nível do mar e cobre uma área de 1,37
milhão de km2. Dali, o tronco principal flui na direcção sudoeste, para Angola, volta-se para sul,
entra outra vez na Zâmbia e atravessa a Mosi-ao-Tunya (Cataratas Vitória), compartilhada pela
Zâmbia e pelo Zimbábue, antes de entrar no Lago Kariba, que é retido pela Barragem Kariba,
construída em 1958. A pouca distância a jusante da Barragem Kariba, o Zambeze recebe as águas
do Rio Kafue, importante tributário que nasce no norte da Zâmbia. O Rio Kafue atravessa a Faixa de
Cobre da Zâmbia e chega à albufeira atrás da Barragem de Itezhi Tezhi (ITT), construída em 1976.
Dali o Kafue entra na planície do mesmo nome e segue depois por uma série de gargantas
escarpadas, localização do sistema hidroeléctrico da Garganta do Kafue Superior (KGU,
comissionada em 1979). Abaixo da confluência com o Rio Kafue, no Zambeze, encontra-se a
Barragem de Cahora Bassa, construída em 1974 em Moçambique. A curta distância a jusante, o
Zambeze junta-se ao Rio Shire, que corre do Lago Malawi/Niasa/Nyasa para norte. O Lago
Malawi/Niassa/Nyasa, que cobre uma área de 28.000 km 2, é o terceiro maior lago de água doce
em África. Desta confluência, o Zambeze segue por cerca de 150 km, parte dos quais constitui o
Delta do Zambeze, antes de desaguar no Oceano Índico.
110
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
A hidrologia da ZRB não é uniforme, com precipitação atmosférica geralmente alta a norte e mais
baixa a sul. Em certas áreas do Alto Zambeze e em redor do Lago Malawi/Niassa/Nyasa, as chuvas
podem chegar a nada menos de 1.400 mm/ano, ao passo que na parte meridional do Zimbábue
elas podem não passar de 500 mm/ano.
A descarga média anual na desembocadura do Rio Zambeze é de 4.134 m 3/s ou cerca de 130 km3/
ano. Devido à distribuição das chuvas, os tributários a norte contribuem com um volume
Um dos aproveitamentos hidráulicos do Rio Zambeze é a barragem e albufeira de Kariba, que tem
uma capacidade de armazenamento máxima de 180 Km 3 de água, constituindo o 3º maior
reservatório artificial do mundo e o 2º em África. Situa-se no troço do médio Zambeze que separa o
Zimbabwe da Zâmbia e é gerida pela ZRA, Zambezi River Authority.
Por ordem de importância, seguem-se-lhes as barragens de Itezhitezi e Kafue Gorge, no rio Kafue,
Lunsemfwa no rio do mesmo nome, e Mulungushi, na Zâmbia, e Manyame, Masvikadei, Sebakwe e
Chivero, no Zimbabwe, todas com capacidades de armazenamento superiores a 200 milhões de
111
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
metros cúbicos. Para além destas, existem ainda mais 24 grandes barragens, mas de menor
capacidade, na bacia do Zambeze, das quais 23 são no Zimbabwe e 1 no Malawi.
Estes locais para novas centrais ou expansão das centrais existentes foram identificados a partir de
várias fontes e estão compilados no Quadro 17.
5 Define-se como energia firme a quantidade de energia fiável produzida por uma hidroeléctrica a dado nível de
fiabilidade, definida neste estudo como a energia disponível 99% do tempo. No caso de centrais com reservatório de
reserva anual, esta energia é produzida quando a albufeira desce do nível de abastecimento pleno ao nível
operacional mínimo durante a sequência crítica de baixo caudal.
112
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
113
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Tedzani 1 e 2,
Albufeira de
modernizaçã ESCOM Shire Malawi 40 2008 40 2008
Regularização
o
Kariba Norte,
Zambez
modernizaçã ZESCO Zâmbia Albufeira 120 2008–2009 120 2008
e
o
Garganta do
Alto Kafue, Albufeira de
ZESCO Kafue Zâmbia 150 2009 150 2009
modernizaçã Regularização
o
Albufeira de
Kapichira II ESCOM Shire Malawi 64 2010 64 2010
Regularização
Kariba Norte, Zambez
ZESCO Zâmbia Albufeira 360 2010 360 2012
expansão e
HCB, Margem Zambez Moçambiqu
HCB Albufeira n/d n/d 850 2012
Norte e e
Itezhi Tezhi ZESCO Kafue Zâmbia Albufeira 120 2013 120 2013
Kariba Sul,
ZESA Zambezi Zimbábue Albufeira 300 2014 300 2014
expansão
Songwe I, II e Malawi/
ESCOM Songwe Albufeira 340 2014–2016 340 2024
III Tanzânia
Garganta Sul Zambez Albufeira de
ZESA Zimbábue 800 2017 800 2023–2024
do Batoka e Regularização
Garganta Norte do Batoka Zambez Albufeira de
Zâmbia 800 2017 800 2023–2024
ZESCO e Regularização
Garganta Baixa do Kafue Zambez Albufeira de
Zâmbia 750 2017 750 2017–2022
ZESCO e Regularização
Mphanda Zambez Moçambiqu Albufeira de
EdM 1.300 2020 2.000 2024
Nkuwa e e Regularização
Aproveita
mento a
Baixo Fufu ESCOM S. Ruhuru Malawi n/d n/d 100 2024
fio de
água
Albufeira de
Kholombidzo ESCOM Shire Malawi n/d n/d 240 2025
Regularização
Rumakali TANESCO Rumakali Tanzânia Albufeira 222 2022 256 n/d
Fonte: NEXANT, Maio de 2008.
Nota: A capacidade da Gargante do Baixo Kafue é calculado em 600 MW
com uma baixa adicional de 150 MW. A capacidade de Mphanda Nkunwa
foi aumentada por 2,000 MW.
114
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Estimativas das áreas actualmente sob irrigação são apresentadas no quadro seguinte. A área
equipada para irrigação é também chamada área de comando (ou área de regadio), e a área
irrigada é também indicada como área sob cultivo. Dependendo da intensidade de utilização, uma
área equipada poderia potencialmente ser cultivada duas vezes por ano. Por exemplo, um hectare
plantado com trigo irrigado na estação seca poderia ser também cultivado com milho na estação
das chuvas do mesmo ano. Neste caso, a intensidade de cultivo é duplicada e a área irrigada
corresponde a duas vezes a área equipada.
A área actualmente equipada para irrigação na Bacia é de 183.000 hectares. A área média anual
irrigada é de cerca de 260.000 hectares. Isto inclui 102.000 hectares de culturas perenes irrigadas
(76% cana-de-açúcar), a representar cerca de 56% da área equipada total. Encontra-se no volume
4 uma descrição detalhada destes parâmetros de irrigação.
Numa grande parte desta área irrigada, as condições climatológicas geralmente permitem duas
estações de produção: estação de estio (ou estação das chuvas, Novembro ou Dezembro a Março
ou Abril), e estação de inverno (ou estação seca, Abril – Maio a Setembro–Outubro) com pouca
necessidade de irrigação devido à precipitação. No inverno, a irrigação é a principal fonte de água
para a cultivo.
Quadro 12:Áreas actualmente sob irrigação na Bacia do Rio Zambeze, em hectares (por país)
Área irrigada Área equipada Estação seca Estação das chuvas Safras perenes
Países
(ha/ano) (ha) (ha) (ha) (ha)
Angola 6.125 4.75 3.375 1.375 1.375
Botsuana 0 0 0 0 0
Algumas das áreas sob irrigação estão associadas com instalações de regularização de caudal. É
este o caso dos sistemas de irrigação das planícies do Kafue (com regularização proporcionada
pela albufeira de Itezhi Tezhi); dos sistemas de irrigação a jusante do Lago Malawi/Niassa/Nyasi, do
Lago Kariba e dos reservatórios de Cahora Bassa; e sistemas de irrigação que extraem água dos
tributários no Zimbábue (com as albufeiras a proporcionar regularização).
115
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Utilizam-se nesta análise dois níveis de desenvolvimento da irrigação: um nível inferior baseado em
projectos identificados e um nível muito mais elevado baseado em possíveis projectos
(projectosainda não propostos, muito menos em curso).
- Irrigação de grande escala. Possíveis projectos de irrigação além dos já identificados compõem o
cenário de irrigação de grande escala. Estes projectos potenciais foram identificados por cada um
dos países ribeirinhos para esta análise. Como se vê no quadro, a área adicional equipada para
irrigação no cenário de irrigação de alto nível é de cerca de 1.209.000 ha— mais de três vezes maior
do que a área no cenário de projectos identificados e mais de seis vezes maior do que a área
actualmente equipada, o que eleva a área que poderia ser potencialmente equipada para
irrigação para quase 1.730.000 hectares.
Quadro 13: Projectos identificados - áreas adicionais de irrigação na Bacia do Rio Zambeze
(hectares) Aumentos projectados
Países/ Área Irrigada (ha/ano) Aumento Área Aumento Estação Estação Culturas
(%) Equipada (%) Seca Húmida perenes
(ha) (ha) (ha) (ha)
116
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Geograficamente, a bacia pode ser dividida em três secções principais: Alto, Médio e Baixo
Cunene. O Alto Cunene, localizado no Planalto Central em altitudes entre 1.800 e 1.200 metros,
abrangendo as cidades do Huambo e Matala, é caracterizado por suaves colinas separadas por
grandes vales rasos. O Médio Cunene consiste em colinas suaves nas áreas a norte com terrenos
que se vão tornando mais planos em direcção a Ruacaná e à fronteira namibiana, enquanto o
Baixo Cunene exibe uma topografia montanhosa e condições semi-áridas a áridas. Perto da foz, o
rio atravessa o deserto do Namibe.
A bacia do rio Cunene cobre uma área de 106.500 km², com 14.700 km² (13,3 %) na Namíbia e
95.300 km² no territorio nacional. O rio Kunene tem 1.050 km de comprimento e é um dos poucos rios
permanentes nesta região, com um caudal anual médio de 5,5 km³ na sua foz.
A área relativamente pequena e a encosta íngreme do leito do rio nos cursos superior e inferior da
bacia do rio cunene, resultam em fluxos rápidos em direcção à costa, deixando o rio praticamente
seco no fim da estação seca. Com o começo e implementação do Sistema Integrado do Rio
117
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Cunene6, e suas respectivas barragens de armazenamento, o fluxo do rio deveria ter sido regulado.
Contudo, por vários motivos, o programa nunca esteve completamente operacional e apenas hoje
começou a desempenhar o seu papel. Para além de ser usado para a produção de energia
hidroeléctrica, tanto para Angola como para a Namíbia, o Cunene fornece igualmente uma
quantidade significativa de água às regiões do norte da Namíbia através do Canal Calueque-
Oshakati. Estas regiões encontram-se fora da bacia e são habitat para cerca de 700.000 pessoas
(quase um terço da população total da Namíbia). A demanda da água nestas áreas atinge o seu
pico em Outubro, quando o caudal do rio Cunene está no seu ponto mais baixo.
A paisagem da bacia do Cunene varia de 2.000 m de altitude na planície central onde o rio tem a
sua nascente, para uma planície de inundação relativamente plana a meio da secção do rio, até
as areias rochosas e áridas na fronteira de Angola com a Namíbia. O planalto central abriga as
cabeceiras dos rios Cuanza, Queve, Cunene e Cubango e é uma unidade de terra extremamente
importante para a hidrologia regional da África Austral.
Hidrologia
Os recursos hídricos do rio Kunene são substanciais, sendo este um rio perene com um caudal médio
anual de 50 m³ por segundo na barragem do Gove, 160 m³ por segundo em Ruacaná, e cerca de
5,5 km³ por ano na foz do rio.
A bacia do rio Cunene é convencionalmente dividida em três sub-bacias: o Alto, Médio e Baixo
Cunene. Em termos gerais, o clima no curso superior e médio do Kunene pode ser classificado como
clima de savana tropical húmido e seco, influenciado por altas altitudes, enquanto a secção inferior
tem um clima semi-árido a árido com uma vegetação de estepe e desértica. A maior parte do
escoamento é gerada pela água das chuvas de Outubro a Março nas terras altas de Angola no
curso superior do Cunene, sendo o rio principal alimentado pela densa rede de afluentes. Nas terras
6 No Terceiro Acordo sobre o Uso da Água de 1969, os Governos de Portugal e da África do Sul esquematizaram a primeira fase do
desenvolvimento conjunto dos recursos hídricos do rio Kunene. O acordo esquematizava um plano para um sistema integrado de
gestão do rio que permitiria o desenvolvimento de um projecto hidroeléctrico em Ruacaná. Isto resultou na construção de três grandes
estruturas no rio na década de 1970 que integraram o “Sistema do Rio Cunene” e se vieram juntar ao já existente açude e central
hidroeléctrica na Matala.Estas três estruturas, construídas no Alto, Médio e Baixo Cunene, deveriam funcionar como um sistema
integrado, oferecendo condições para caudais regulares para a geração constante de electricidade. As três estruturas são a barragem
do Gove, o açude incompleto do Calueque (que também permite o fornecimento de água potável ao norte da Namíbia e o
abastecimento de água para sistemas de irrigação) e o açude e central hidroeléctrica de Ruacaná a 170 km a montante das
instalações propostas para o Projecto de Baynes.
118
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
altas, a precipitação é da ordem dos 1 300 mm/ano, a qual decresce continuamente até a uns
meros 20 mm/ano na foz do rio.
Devido à variação do clima húmido nas terras altas do norte a árido na costa, entre 75 e 90% do
caudal do rio são gerados a norte de Matala no curso superior do Cunene. O caudal do rio Cunene
é normalmente próximo de zero por volta do fim da estação seca, embora as barragens de
armazenamento a montante (no Gove e na Matala) contribuam para a regulação do caudal.
A variabilidade inter-anual da precipitação é alta no Alto Cunene de modo que a variação nos
volumes de caudal pode chegar até 14 vezes a mais entre anos de pouca e muita chuva,
enquanto a variação mensal do caudal dentro de um dado ano pode chegar a 11 vezes de
diferença entre altos caudais em Abril ebaixos caudais em Outubro.
Pitman e Midgley (1974) classificaram as sub-bacias como sendo unidades individuais, baseadas em
registos de escoamento recolhidos em estações hidrométricas no período 1961-1972. A maioria do
escoamento médio anual é gerada na sub-bacia do Alto Cunene onde a precipitação média é de
1.300 mm/ano, contribuindo com 75 a 90% do caudal total na bacia. A sub-bacia do Médio Cunene
contribui com 10 a 25% do escoamento total enquanto a contribuição dos afluentes efémeros no
curso inferior do Cunene é normalmente inferior a 5%.
119
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
carga quimicamente dissolvida. No curso inferior, o leito do rio indica uma quantidade alta de carga
sedimentar.
O rio Cunene é relativamente despoluído e a Qualidade da Água é considerada boa, com baixa
concentração de fósforo bem como de outros nutrientes.
O Rio Que - o afluente mais longo na densa rede da sub-bacia do Alto Cunene com
um comprimento de 140 km. Este drena a parte sul e oeste da sub-bacia.
O Rio Mucope – nasce ao sul da Matala no centro da bacia e drena a maior parte
da planície de inundação da sub-bacia do Médio Cunene, com um comprimento
de 190 km.
O Rio Otjindjangi – nasce na Namíbia e corre apenas durante uma parte do ano:
durante e imediatamente depois das chuvas (curso de água efémero). Drena parte
da sub-bacia do Baixo Cunene.
Um mapa com o padrão de drenagem da bacia do rio Cunene encontra-se abaixo: Enquanto os
afluentes no curso inferior do Cunene semi-árido são geralmente rios efémeros, muitos dos afluentes
do Médio Cunene são não perenes e todos os rios na sub-bacia do Alto Cunene são perenes.
120
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Não existem lagos naturais na bacia do Cunene, contudo existem barragens e em alguns dos seus
afluentes, que armazenam água para a regulação dos caudais, irrigação, geração de energia
hidroeléctrica e abastecimento doméstico de água:
Existem três tipos de aquíferos que regem a ocorrência e distribuição de água subterrânea na bacia
do rio Cunene (LNEC 1996):
121
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
122
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
A água subterrânea na bacia é geralmente considerada como sendo de boa qualidade, embora
haja pouca informação qualitativa disponível, especialmente para a parte angolana da bacia.
No curso superior do rio Cunene, a qualidade da água é boa porém com ligeiramente altas
concentrações de SO4 (sulfato), particularmente nos arenitos, xistos e dolomites no Karoo (DWA,
1986). Nas areias do Kalahari no curso médio do Cunene, a alta salinidade provocada pela
dissolução de sais minerais ocorre em alguns horizontes sedimentares. De igual modo, a intrusão de
água salgada nos aquíferos costeiros constitui uma ameaça à qualidade da água.
A água subterrânea em áreas de base rochosa pré-câmbrica é geralmente doce embora possa ser
potencialmente corrosiva com baixos valores de pH e possa conter altos níveis de concentração de
ferro. As áreas de base rochosa pré-câmbrica são geralmente propensas de conter altas
concentrações de fluoreto devido ao intemperismo dos minérios contendo fluoreto (Chilton and
Foster 1995).
Apesar da baixa precipitação no curso inferior do Cunene, podem ocorrer aquíferos fracturados
que fornecem água adequada para o consumo doméstico e a criação de gado.
Os furos são o método mais comum de captação de água subterrânea na África Austral (SADC
1991). Na bacia, eles são principalmente perfurados na secção inferior do Cunene devido à
123
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
escassez da água superficial e pouca chuva. Geralmente, o lençol freático nos trechos centrais da
bacia situa-se entre 10 e 30 metros de profundidade, mas na Província de Cunene no trecho inferior
da bacia, o lençol freático encontra-se a 220 metros de profundidade em áreas distantes dos rios.
Na bacia, há mais de 2.000 furos em operação que estão revestidos com tubos, principalmente
para usos domésticos e agrícolas. Contudo, o seu rendimento é geralmente baixo, com 1 a 10 litros
de água por segundo. A maioria dos furos não excede a profundidade de 100 metros excepto no
curso inferior do Cunene. O último inventário com informação sobre a sua distribuição espacial (por
província) data de 1992 (Minader/FAO 2004).
Aproveitamentos Hidroeléctricos
A partir das possibilidades hídricas do rio Cunene e dos principais afluentes pretende-se com o Plano
Cunene o desenvolvimento económico das regiões por onde passa, através da construção de
barragens para aproveitamentos hidroeléctricos, hidroagricolas, hidro-pecuários e de
abastecimento da água a comunidades rurais e seus animais; para o normal funcionamento das
barragens com os objectivos descritos estava prevista a construção de barragens de regularização
ao longo do rio. Noâmbito deste plano foram realizados os seguintes empreendimentos (Sanches,
1999):
Prevê-se ainda a realização dos seguintes empreendimentos indicados nos quadros seguintes.
124
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
125
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
O Rio Congo (ou Zaire) é um rio da África Central, o segundo maior rio de África (após o rio Nilo) e o
sétimo do mundo, com uma extensão total de 4 700 km, uma bacia de 3 888 km 2, chegando a
debitar mais de 67 000 m3/s de água (caudal máximo).
É o segundo rio mais volumoso do mundo, apenas ultrapassado pelo rio Amazonas e, também, o
segundo em área da bacia hidrográfica (novamente a seguir ao Amazonas). É também o mais
profundo do mundo, com 230 m de profundidade no baixo Congo.
O rio Zaire nasce no Planalto do Shaba, nas montanhas do vale do Rift. A zona drenada por este rio
compreende a República do Congo, a maior parte da República Democrática do Congo, o oeste
da Zâmbia, o norte de Angola, grande parte da República Centro-Africana e setores do Camarão e
da Tanzânia.
Os seus principais afluentes são: o rio Ubangui, pela margem direita, o rio Cassai, pela margem
esquerda. O seu regime depende das chuvas equatoriais, cuja bacia é coberta por impenetráveis
florestas equatoriais. Outros afluentes de interesse: Alima, Aruwimi, Kasai, Elila, Inkisi,Itimbiri, Kwa,
Lomami, Lowa, Lufira, Lukuga, Lulonga, Luvua, Mongala, Sangha, Ruki, Oubangui, Ubangui.
126
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Em meados de Novembro, mês e meio após o começo do tempo das águas da chuva, o rio Zaire
enche até uns 2,7 m acima de seu nível ordinário.
O regime fluvial do Congo caracteriza-se pela regularidade, já que os meses de estiagem dos
afluentes do hemisfério sul (Ruki e Kasai) são compensados pelas cheias dos afluentes do hemisfério
norte (Ubangui) e vice-versa.
Devido à constância do seu enorme caudal, é navegável por barcos de grande tonelagem até
Matadi, na República do Congo, distando a 5 km a montante do município de Nóqui, em Angola.
O rio Congo é assim uma das grandes vias de comunicação da África Equatorial. De Kisangani até
à foz, este rio e seus afluentes oferecem uma rede navegável de aproximadamente 14 500 km. Por
este motivo, é ainda um local com grande fluxo de comércio, já que República Democrática do
Congo tem poucas estradas e ferrovias.
O rio Congo é o rio com o maior poder energético de África. Durante a estação chuvosa o fluxo do
rio é de 50 000 m3/s que desaguam no oceano Atlântico. Cientistas calcularam que a bacia do
Congo é responsável por 13% do potencial hidroelétrico mundial, o que seria suficiente para
fornecer energia para toda a África Subsaariana.
A principal extensão do rio atravessa assim a República Democrática do Congo e, perto da sua foz,
a cerca de 120 km, estabelece a fronteira com o município de Nóqui, em Angola, desaguando no
oceano Atlântico, no Golfo de Bengela.
A largura da foz do rio Zaire ou Congo tem 48 km aproximadas entre a Ponta da Moita Seca,
margem esquerda e, a Ponta do Diabo, que é o extremo da sua margem direita.
127
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Aproveitamentos Hidroeléctricos
Atualmente existem cerca de 40 barragens na bacia do rio Congo. A maior é a Inga Falls com
cerca de 200 km (120 milhas) a sudoeste de Kinshasa.
Este projecto visa diminuir o défice de electricidade que afecta os países membros, entre eles,
Angola.
A concepção inicial do projecto deu origem às duas barragens actualmente existentes, com cerca
de 14 turbinas e uma produção original instalada de 1 775 MW: a Inga I (351 MW) e a Inga II (1 424
MW), datadas de 1972 e 1982, respectivamente.
O projecto engloba agora a construção de outra central hidroeléctrica, no mesmo local onde se
encontram as duas anteriores barragens – o rio Congo: a central Inga III, 225 km a sudoeste de
Kinshasa.
A central Inga III será construída nas Cataratas Inga, onde o rio Congo cai quase 100 m e flui à
velocidade de 43 m3/s. Irá gerar cerca de 4 300 MW, 8 vezes mais que a fornecida pela barragem
128
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
O projecto contempla ainda uma linha de transporte de alta tensão com 3 000 km, que partirá da
zona onde será construída a central hidroeléctrica, em direcção à África do Sul, passando por
Angola, Namíbia e Botswana.
Esta é a primeira fase. Um outro projecto para o futuro, aponta para a construção de uma outra
central, a Inga IV, a Grande Inga, com capacidade de produzir acima de 30 000 MW de energia.
O projecto global do Grande Inga terá capacidade para produzir 40 000 MW, ultrapassando
grandemente a capacidade da barragem de Cahora Bassa, em Moçambique, que possui
capacidade para produção de 2 500 MW, e o dobro da maior barragem do mundo, a “Três
Gargantas”, na China (22 500 MW).
O projeto do Grande Inga terá assim capacidade para fornecer eletricidade a metade dos 900
milhões de habitantes do Continente Africano.
O Rio Cuanza é o maior rio exclusivamente angolano. Este rio nasce em Mumbué, município
do Chitembo, Bié, no Planalto Central de Angola. O seu curso de 960 km desenha uma grande
curva para Norte e para Oeste, antes de desaguar no Oceano Atlântico, na Barra do Kwanza, a sul
de Luanda.
Com uma bacia hidrográfica de 152.570 km², o Cuanza é navegável por 258 km desde a foz até ao
Dondo. As barragens de Cambambe e de Capanda produzem grande parte da energia eléctrica
consumida em Luanda. As barragens também fornecem água para irrigação de plantações
de cana-de-açúcar e outras culturas no vale do Cuanza.
Este rio tem como afluentes na margem direita, o Lucala (o maior), Mucoso, Lombe, Cuíje, Cuque,
Luando, Cuíva, Cuíme e Chimbamdiango. Os afluentes na margem esquerda são o Gango, Cutato,
Cunhinga, Lúbia, Cunje e Cuquema.
É no maior afluente do Cuanza, o rio Lucala, que se encontram as grandes Quedas de Kalandula.
Junto da foz do rio fica o Parque Nacional da Quiçama.
129
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
O rio dá o seu nome a duas províncias de Angola — Cuanza Norte, na sua margem norte, e Cuanza
Sul, na margem oposta — bem como, desde 1977, à unidade monetária nacional, o kwanza.
O rio Cuando nasce no Planalto Central e corre para sueste, formando parte da fronteira entre
aquele país e a Zâmbia; durante este percurso, o leito do rio é formado por ilhas e canais, com uma
largura que varia entre cinco e dez km. Tem 735 km de comprimento.
Quando termina essa fronteira, o Cuando atravessa a Faixa de Caprivi na direção sudoeste,
mudando novamente de direção para formar a fronteira daquela região da Namíbia com
o Botswana, correndo primeiro para sueste e depois para leste, onde vai desaguar no Zambeze. A
curva do rio é pantanosa e aí se encontram dois parques nacionais Mudumo e Mamli, ambos em
território namibiano. Esta porção do rio é conhecida por rio Linyanti ou pântano Linyanti. A porção
seguinte, a caminho do Zambeze é denominada Chobe.
Há cerca de 10.000 anos, o rio Cuando não fazia aquela curva, mas continuava a correr para
sudoeste onde se encontrava com o Okavango para, mais a sul, onde neste momento é o deserto
do Kalahari, formarem o lago Makgadikgadi.
A barragem do Cuando nas zonas superiores do Alto Cunene tem uma mini-estação hidroeléctrica
com quatro turbinas de 250 kW.
Embora seja uma barragem relativamente pequena, a energia produzida é importante para o
Huambo pois é utilizada nas bombas de uma grande parte da rede de água potável da cidade
Pretende-se deste ponto, à parte da análise efetuada anteriormente, caracterizar os usos não
comsumptivos de água no território angolano, em termos de aproveitamentos hidroeléctricos e
irrigação. A análise da utilização comsumptiva da água está explanada no Volume V –
Infraestruturas.
130
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Aproveitamentos em operação
Para inventariar os aproveitamentos existentes, em construção e com estudos realizados foi feita
uma análise detalhada da informação recolhida em várias fontes.
Tomando como referência o ano 2011, constatou-se que em Angola apenas existem nove
aproveitamentos hidroeléctricos em operação, que se identificam no quadro seguinte.
131
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
de operação do PAH de Luquixe I. No entanto, é de admitir que existem mais PAH em operação no
País, particularmente sob gestão dos governos provinciais.
Todos estes aproveitamentos (com excepção de Capanda) estão actualmente a ser sujeitos a
obras de reabilitação ou expansão, pelo que, a curto prazo, a produção de energia de origem
hídrica irá aumentar de modo significativo, com destaque para a contribuição dos aproveitamentos
de Cambambe (Central I) e Ruacaná (inicio de exploração da quarta Turbina).
132
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Ano previsto
Potência Prod. prevista Ligação
Nome Província Bacia hidrográfica de entrada
prevista (MW) (GWh) à rede
em serviço
Matala Huila Cunene 40,8 92 2013 Sul
Ruacaná Cunene Cunene 341 1 800 2012 Namibia
É de referir que, com o fim das obras em curso, a potência operacional passará de 916 MW (2011)
para 4 189 MW e a energia média anual produzida de 5 375 GWh para 19 000 GWh. No entanto,
estes valores devem ser reduzidos e confirmados, dado que a produção de energia do
Aproveitamento de Ruacaná, como referido, se destina, na sua grande maioria, à Namíbia.
133
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
134
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Potência a Produção de
Província Unidade Entrada em
Nome instalar energia anual Observações
hidrográfica operação
(MW) (GWh)
Neste quadro não estão incluídos os aproveitamentos com obras a decorrer, incluindo apenas os
aproveitamentos planeados para terminar até 2017, e onde se destacam pela sua dimensão o
aproveitamento de Caculo Cabaça no rio Cuanza, três aproveitamentos no rio Queve e o
aproveitamento de Baynes, partilhado com a Namíbia.
PAH Cuando no rio Cuando (Bacia Hidrográfica do Cunene) com potência de 2,0 MW;
PAH Kuito II no rio Kuito (Bacia Hidrográfica do Cubango) com potência de 0,6 MW;
135
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
PAH Andulo no rio Membia (Bacia Hidrográfica do Kwanza) com potência de 0,5 MW;
PAH Cuemba no rio Cuemba (Bacia Hidrográfica do Kwanza) com potência de 0,4 MW;
PAH Nharea no rio Cunhinga (Bacia Hidrográfica do Kwanza) com potência de 2,4 MW;
No quadro seguinte apresenta-se um resumo da situação no ano 2017 por bacia hidrográfica, se
todas as obras planeadas forem realizadas.
Produção
Potência Potência
Unidade Área Escoamento anual de
Potência operacional 2017/
Hidrográfica total médio anual energia
prevista (MW) em Potência
(km2) (hm3) prevista
2011 (MW) 2011
(GWh)
Cabinda 6 897 474 - - -
136
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Produção Potênci
anual de a Potência
Escoamen Potência
Unidade Área total energia operacio 2017/
to médio prevista
Hidrográfica (km2) prevista nal em Potência
anual (hm3) (MW) 2011
(GWh) 2011
(MW)
Baixo Kwanza 151 245 22 337 - - -
Como se pode observar, prevê-se que em 2017 a potência hidroeléctrica instalada seja da ordem
de 8 350 MW, a que corresponderá uma produção de energia de 35 700 GWh. É de referir que a
potência prevista para 2017 é quase 10 vezes a potência operacional em 2011 e duas vezes a
potência actualmente instalada ou em processo de instalação. Neste quadro estão incluídos os
valores da energia eléctrica produzida por Ruacaná e Baynes, que serão partilhados entre Angola e
Namíbia.
Para além dos aproveitamentos operacionais, em obras ou planeados para construção até 2017,
existe um número muito elevado de estudos sobre novos aproveitamentos hidroeléctricos, que
permitem quantificar o potencial hidroeléctrico existente em Angola. Estes estudos têm níveis
diferentes de detalhe, pois alguns foram elaborados a nível de planeamento e de inventariação do
potencial e outros ao nível de projecto de execução.
As bacias hidrográficas mais estudadas na produção hidroeléctrica e onde existem maior número
de aproveitamentos hidroeléctricos em operação são as bacias de grande dimensão dos rios
137
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Cuanza e Cunene e as bacias litorais de média dimensão e onde existem boas quedas de água, em
particular as bacias dos rios Catumbela, Queve e Longa. Na bacia do rio Congo existem igualmente
previstos vários aproveitamentos de média dimensão, bem como nas bacias dos rios Cubango e
Cuando.
138
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
É de referir que enquanto algumas bacias hidrográficas não têm condições para a implantação de
aproveitamentos hidroeléctricos por insuficiência de recursos hídricos ou de locais (Cuvelai,
Sudoeste, Coporolo e Bengo), noutras unidades não foram efectuados estudos por não terem
teoricamente grande potencial e estarem mais afastados geograficamente das áreas de consumo
(Zaire, Cassai, Cuango, Zambeze e Cuando).
Pelo seu elevado potencial hidroeléctrico destacam-se as bacias do Cuanza, Queve, Longa e
Cunene, cuja exploração pode ser limitada por outros usos, como a irrigação.
É de referir que a exploração da bacia do Cunene está muito intensificada pelas necessidades de
energia nos países vizinhos do Sul, principalmente para satisfazer as necessidades de ponta; no
entanto, poderá ser a bacia mais condicionada pelo elevado potencial de solos e clima para
irrigação. A implementação dos aproveitamentos hidroeléctricos nesta região apenas deverá ser
feita face às necessidades do País ou no contexto de fornecimento de energia a países vizinhos sem
recursos hidroenergéticos e localizados em especial ao Sul (Namíbia, Botswana e África do Sul).
4.6.2 Irrigação
139
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Fonte:Cabral, 2008
140
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Na figura seguinte apresenta-se, por região hidrográfica, todos os perímetros irrigados e Núcleos de
Povoamento Agrário (NPA) que constam da base de dados do PLANIRRIGA (COBA, 2010). Tendo
em conta a informação compilada, a área total correspondente a perímetros irrigados existentes e
previstos ao abrigo de programas de desenvolvimento promovidos pelo Ministério da Agricultura ou
pelos Governos Provinciais (como sejam os canais de irrigação do Missombo, Calueque e Matumbo
e os perímetros irrigados de Luena, Chibia, Matala, Caxito e Wako Kungo) é de aproximadamente
438 000 ha, sendo 224 000 ha de perímetros irrigados existentes e 214 000 ha de perímetros previstos.
A área equipada actual, segundo os elementos que dispomos, ronda os 78 000 ha. Quanto aos NPA,
a área bruta total é de aproximadamente 514 000 ha, sendo a superfície agrícola útil potencial de
28 000 ha.
Esta figura mostra que, presentemente, a maior parte da área irrigada se concentra nas unidades
hidrográficas do Queve (cerca de 24,9% da área total irrigada) e do Médio Cunene (cerca de
23,5%), seguindo-se por ordem decrescente o Baixo Kwanza (11,2%) e a unidade hidrográfica do
Catumbela (9,2%).
141
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
A avaliação das terras com potencial para irrigação, levada a cabo no âmbito do PLANIRRIGA, foi
efectuada para as regiões de Angola com défice hídrico potencial superior a 300 mm. Este critério
exclui quase toda a região hidrográfica do Zaire, cerca de 50% da área da região hidrográfica do
Zambeze e de Cabinda, uma parte do Kwanza (onde se verificam défices hídricos inferiores a 100
mm), algumas áreas das regiões hidrográficas do Noroeste; Centro-Oeste e a extremidade norte da
região hidrográfica do Cunene.
142
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Desta forma, é possível verificar que Angola tem 7 427 073 ha com um potencial elevado para o
regadio ao nível do País, dos quais 79,5% (5 900 802 ha) são das classes de aptidão I (elevada) e II
(moderada).
De acordo, com a distribuição das áreas com potencial elevado para irrigação, verifica-se que 50%
desta área situa-se nas unidades hidrográficas do Médio Cunene (24,6%), Alto Cunene (15,2%) e no
Baixo Cuanza (10,1%).
143
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Ainda com expressão significativa em termos de existência do recurso terra para irrigação,
destacam-se as unidades hidrográficas do Cuvelai (6,8%), do Alto Cuanza (6,1%), do Noroeste
(5,1%), Cubango (4,8%) e do Longa (4,8%).
Em 2000, apenas 44% da população de Angola tinha acesso a água potável, percentagem inferior
à média da África Subsariana (55%). Em 2006, a cobertura de água potável tinha já melhorado para
51%, ainda abaixo da média da África Subsariana (58%). Mesmo nas cidades onde funcionam redes
de abastecimento de água, as rupturas que existem na rede de distribuição fazem com que a água
da central de tratamento volte a ser contaminada ao longo do percurso, tornando a mesma
imprópria para consumo.
A maior parte da população em Angola não é servida pela rede pública, abastecendo-se por
camiões cisternas, a partir de ligações clandestinas ou mesmo directamente a partir de rios. Outra
fonte de abastecimento de água, muito comum nas cidades do interior, é o recurso à água
subterrânea. Nas províncias do Sul de Angola, a população recorre muitas vezes às águas das
chuvas acumuladas nas chimpacas (pequenas barragens) que servem também para o gado.
Estes fatores relevam, naturalmente, que o potencial hídrico do país encontra-se, atualmente, sub-
explorado. Atualmente, estima-se que em Angola 86% do consumo de água seja feito pela
agricultura, 3% pela pecuária, 2% pela indústria e somente 9% a nível doméstico. O consumo total
está estimado em 2,3 mil milhões m3/ano.
144
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
A maior parte das áreas de desenvolvimento potenciais nas extremidades de Luanda e para o
interior, são drenadas em direcção aos dois principais rios que fluem do leste para o oeste, o Bengo
a norte e o Cuanza a sul.
Área de
Bacia Extensão (km)
drenagem (km2)
Os rios Cuanza e Bengo têm perfis maduros com planos de inundação substanciais e são fontes de
água com elevada importância para a cidade de Luanda. Dentro da área urbana existem 6 bacias
de drenagem: Rio Seco, Rio Sorroca, Rio Mulenvos e Rio Cambamba.
A planície costeira e a margem do planalto são drenadas através de pequenos canais que
descarregam a partir de áreas de captação individuais. Estes canais são altamente erosivos e, em
muitos casos, associados a sérios problemas de instabilidade.
Embora não existam dados disponíveos sobre a qualidade da água descarregada a partir de
canais urbanos, estima-se que a mesma seja de má qualidade.
Na província de Luanda 35,830 hectares de terra estão sob agricultura irrigada ou parcialmente
irrigada e 7,120 hectares de terra estão planificados para a irrigação. A desagregação das áreas
por esquema de irrigação é a seguinte: Funda (200 ha), Kikuxi (6,000 ha), Fazenda Experimental (300
ha), Calumbo (700 ha), Banda (1,180 ha), Cabiri (540 ha), Mabuia (500 ha), Bita (1,000 ha), Sequel
145
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
(300 ha), COPINOL (30 ha), Sapú (2,000 ha) e Tombo (30,000 ha). As principais culturas são fruteiras,
hortícolas e milho.
No Bengo existem 70,614 hectares sob agricultura irrigada ou parcialmente irrigada e 19,000
hectares sob reabilitação ou planificados para a agricultura irrigada. A desagregação dessas áreas
por esquemas de irrigação é a seguinte: Bom Jesus (1,300 ha), Caquila (1,250 ha), Quiminha Valley
(35,000 ha), Caxito (4,000 ha), Kala-Kala (800 ha), Lifune (3,900 ha), Musserra/Onzo (4,350 ha), Loge
(2,450 ha), Uezo (3,800 ha), Onzo (5,750 ha), Alto Dande (13,500 ha), Cunga-Quiria (10,450 ha),
Muzondo (3,000 ha) e AGRINVEST (14 ha). As principais culturas irrigadas nesta província são banana,
hortícolas, milho e fruteiras.
Benguela
De acordo com o Programa Nacional Estratégico Imediato para a Água (PNEIA), as unidades
geográficas existentes na província de Benguela são as da Catumbela, do Centro-Oeste e do
Coporolo, sendo as duas primeiras pertencentes à região hidrográfica do centro Oeste e a última
pertencente ao Sudoeste.
Fonte: Própria
146
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Região Unidade
Área (km2)
hidrográfica hidrográfica
Longa 26 616
Catumbela 20 860
Centro Oeste
Queve 22 813
Centro-Oeste 18 582
Coporolo 16 842
Sudoeste
Sudoeste 66 170
Na zona do litoral a água é submetida a análises com periodicidade diária, com o objetivo de
monitorizar a sua qualidade. Para as zonas do interior existem dez equipamentos portáteis para
avaliar a qualidade da água distribuída às populações.
Em Benguela existem 38,521 hectares sob agricultura irrigada ou parcialmente irrigada e 25,300
hectares sob reabilitação ou planificados para a agricultura irrigada. A desagregação dessas áreas
por esquemas de irrigação é a seguinte: Cavaco (6,000 ha), Catumbela (3,000 ha), Dombe Grande
(3,000 ha), Hanha do Norte (6,000 ha), Canjala (2,000 ha), Equimina (1,821 ha), Hanja (6,000 ha),
Impulo (1,800 ha), Alto Coporolo (14,900 ha), Baixo Coporolo (11,200 ha) e Foz do Coporolo (5,300
ha). As principais culturas irrigadas nesta província são banana, hortícolas, fruteiras e cana-de-
açúcar.
A província do Bié caracteriza-se pela nascente do Rio Cuanza cuja sua foz é na Barra do Cuanza,
na província de Luanda.
A informação disponível para a Província de Bie referente a localização de uma Estação Mini-
Hidroelétrica do Kunje, no Rio Kunje, que ntrou em operação em 1971, está neste momento fora de
operação, no entanto existem planos para sua reabilitação.
147
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Verifica-se ainda a presença de uma Estação Mini-Hidroelétrica Kuito Ceramica, com Turbina de
1x100 MW Esta foi reabilitada em 2003, está neste momento em operação. O projecto foi aprovado
por causa da dificultadade de extensão do sistema de transmissão para essa área. A Capacidade
Instalada é de 1.5 MW.
- Lubinda – com 668 Km2, que ocupa a parte litoral Norte da Província terminando no lago Massabi
(com cerca de 5 km2) e que inclui o rio Lubinda com cerca de 38 Kkm de extensão e os rios N`hoca
e Tambala com 48 e 30 Km, respetivamente
- Chiloango – com 4.638 Km2, que ocupa toda a zona central e nordeste, estendendo-se ainda para
a República do Congo e para a República Democrática do Congo e que inclui os rios Chiloango
(com cerca de 168 Km) que desagua a Norte de Lândana; o Luali o principal afluente (com cerca
de 100 Km); o Lombe; o Fubo e o Luio;
- Lulondo – com cerca de 511 Km2, que ocupa a zona a sul do Chiloango, terminando junto a Buco
Mazi;
- Lucola – com cerca de 350 Km2, ocupa o extremo sul da Província e termina junto à cidade de
Cabinda.
148
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
As captações de águas subterrâneas são feitas por perfuração de poços profundos e escavados.
149
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Em termos de área irrigada, no Cuando Cubango existem 4,000 hectares de terra sob agricultura
irrigada ou parcialmente irrigada e 5,000 hectares em reabilitação. A desagregação dessas áreas
por esquema de irrigação é: Menongue I (3,000 ha), Menongue II (1,000 ha) and Cuchi (5,000 ha). As
principais culturas sob irrigação são fruteiras, hortícolas e arroz.
A província é atravessada ainda pelo rio Caculuvar, que cruza o município da Kahama, e pelo rio
Kuvelai, que bordeja a Noroeste o município do Kuvelai. Estes rios, apesar de serem temporários têm
caudais razoáveis e podem oferecer significativas quantidades de água se esta for gerida de forma
equilibrada, nomeadamente com a construção de mini-hídricas.
Existem ainda numerosas mulolas (rios de enxurrada) e lençóis freáticos, os quais possibilitam a
actividade de vários furos a profundidades que variam entre 80 a 200 m.
A província é dominada por duas Bacias Hidrográficas: a do rio Cunene e do rio Cuvelai.
150
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Fonte: Própria
O rio Cunene tem uma extensão aproximada de 945 Km, nasce na província do Huambo, próximo
de Boas Águas, e desagua no oceano Atlântico. Embora tenha um leito bastante definido, tem uma
largura variável, chegando a atingir 8 Km no Humbe. A bacia hidrográfica do rio Cunene tem uma
área total aproximada de 106.500 Km 2, desenvolvendo-se na maior parte (92.400 Kkm2) em território
angolano, e o restante em território da Namíbia Os restantes cursos de água, são na sua maioria de
carácter temporário, com regime torrencial, secando durante a estação do “cacimbo”, de Maio a
final de Agosto, à excepção do próprio Cunene.
Esta bacia hidrográfica, que revela uma forte assimetria, estende-se pela margem direita em forma
de delta com o vértice em Sequendiva, enquanto na margem esquerda é alimentado pelo rio Mui.
Os afluentes, da margem direita no baixo Cunene são os rios Cacuvelar e Calonga.
Todas as linhas de água da Bacia Hidrográfica drenada pelo trecho intermédio do rio Cunene têm
regime de escoamento temporário.
151
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
tem a sua nascente na Serra do Encoco, entre as províncias do Cunene e Huíla, onde apresenta um
regime permanente a semi-permanente nos primerios 100 Km. Depois atinge o Evale e o seu caudal
principal subdivide-se em múltiplos canais por um ondulado suave, adquirindo um regime
temporário.
O principal corpo hidrológico estruturante da Bacia é, como já foi referido, o rio Cuvelai que tem a
sua nascente a 1.450 m de altitude, e a cerca de 260 Km da fronteira entre Angola e a Namíbia,
onde os valores pluviométricos médios anuais se situam acima dos 900 mm. Neste sector montante,
a rede de drenagem é bem definida e permanente. A cerca de 100 Km da fronteira, o rio entra
numa vasta superfície de modelado muito suave, onde se converte num vasto sistema de
drenagem superficial temporária, onde o declive é muito suave e a precipitação anual baixa para
valores inferiores a 500 mm. A Depressão Endorreica do Cuvelai-Lueque é representada pelo rio
Cuvelai, com cerca de 430 Km de escorrência endorreica, e fica definida entre duas bacias: a
Bacia do Cunene a Oeste e a Bacia do Kubango a Este.
A Bacia do Cuvelai compõe-se em cinco sub-bacias, sendo que quatro delas se iniciam em território
angolano e seguem para território da Namíbia onde encontram a sub-bacia do sistema Etosha-
Omuramba, totalmente em território da Namíbia.
O delta interior do Cuvelai é definido pela presença de canais pouco profundos alternados de
chanas e mufitos, que, devido às suas características geológicas e geomorfológicas distintas,
também apresentam características hidrológicas únicas.
Assim, em alturas em que a precipitação se encontra dentro dos valores médios, a água é
armazenada nas depressões existentes neste sistema de drenagem superficial. Por sua vez, quando
os valores pluviométricos são bastante superiores aos valores médios, as águas provenientes do
Norte da bBacia escoam em regime endorreico para Sul, alagando todas as áreas de cota menos
elevada. Este fenómeno cíclico e nem sempre anual, de nome efundja, é bastante frequente e
afecta toda a região disponibilizando água superficial por períodos que chegam até quatro meses.
A água superficial que fica armazenada em pequenos açudes e chimpacas tem elevado teor de
sais e está sempre sujeita à contaminação de vários factores, pelo que não é apropriada para
consumo humano. A efundja, por sua vez, para além de facultar água a locais que geralmente
estão em regime de seca, leva consigo nutrientes, sedimentos e fauna em grande diversidade.
152
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Dado que as chanas são praticamente impermeáveis, à excepção da presença de areias laváveis
existentes no seu interior, principiam logo a acumular as águas superficiais no início dasprimeiras
chuvas, e mais particularmente em Dezembro, dependendo das condições pluviométricas locais.
As águas da “efundja” também costumam ocorrer entre Dezembro e Abril, mas chegam mais
frequentemente por alturas de Fevereiro, dependendo do ano e da sua localização.
Devido a baixa precipitação anual (200-700 mm) o Cunene é uma das províncias angolanas com
um alto potencial para irrigação. Existem actualmente na provícia do Cunene 28,500 hectares sob
agricultura irrigada ou parcialmente sob agricultura irrigada e 572,400 hectares planificados para
irrigação. A desagregação das áreas por esquemas de irrigação é a seguinte: Matunto (92,800 ha),
Quiteve-Humbe (Mânquete) (120,000 ha), Cafu (40,200 ha), Catembulo (187,000 ha), Cova do Leão
(104,900 ha), Ndonguena (20,000 ha), Calueque (16,000 ha) e Upper Cuvelai (20,000 ha). As
principais culturas são fruteiras e hortícolas. Existem possibilidades para à introdução de plantações
de cana-de-açúcar na província do Cunene.
Na Província do Huambo têm origem alguns dos rios mais importantes de Angola. É na grande linha
de festo central, que têm as suas cabeceiras o Queve (RH Centro-Oeste Angolano), o Cunene (RH
Cunene), o Cutato (RH Cuanza) e o Cubango (RH Cubango).
O Queve dirige-se para Noroeste e desenvolve-se ao longo de 500 km, e a sua bacia hidrográfica
apresenta uma superfície de cerca 23 000 km2, dos quais metade ocorre na Província. O Cunene
dirige-se para Sudeste e estende-se por 1 160 km, com uma bacia hidrográfica de 95 000 km 2, dos
quais cerca de 8 400km2 ocorrem nesta Província. O rio Cutato, que é um afluente do Cuanza e o
Cubango dirigem-se para Nordeste e Sul, respectivamente. Cita-se ainda o Cuvira, afluente do
Queve, e que drena as suas águas a Oeste da cadeia marginal de montanhas. Estes rios têm
numerosos afluentes, quase todos de caudal permanente, embora com redução significativa no
cacimbo.
O Cubango é, segundo Diniz e Aguiar (1973), um dos três grandes rios do Sul de Angola. Nasce no
Planalto do Huambo, perto da Vila Nova (Chicala-Choloanga), a pouco mais de 1800 m de altitude
e corre sensivelmente no sentido SSE até atingir a Namíbia. Segue depois fazendo fronteira até ao
Mucusso, onde à cota de 1025 m inflecte para SE e abandona o território angolano, indo até ao
delta do Ocavango no Botswana. Como nota curiosa, assinala-se que quase todos os afluentes do
rio Cubango são da margem esquerda, destacando-se dentre estes o muito importante rio Cuito. A
153
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
parte da bacia do Cubango que contribui de forma efectiva para o fluxo de caudais do rio confina-
se praticamente ao território angolano, onde abrange uma área de 150.000 km 2, dos quais 60.900
km2 pertencem ao Cuito, seu principal tributário. O Cubango é um rio de regime permanente mas
com grandes variações de caudal ao longo do ano, sendo seus principais afluentes os rios Cutato
Nganguela, Cuchi, Cuelei, Cuebe, Cueio, Longa, Cuatir e Cuito. Em território da Província do
Huambo os afluentes mais importantes deste rio são o Mbando, Ulava, Cacoliza e Cutato
Nganguela. O rio Cubango apresenta um comprimento total de cerca de 975 km.
As cabeceiras do rio Cunene estão localizadas nos planaltos de Angola, em altitudes entre 1 700 e 2
000 m, a leste da cidade do Huambo. O rio Cunene apresenta várias corredeiras e fluxos dentro de
um canal de aproximadamente 100 m de largura, caracterizado por um leito de pedras e areia,
indicando escoamento rápido e pouco armazenamento de sedimentos no sistema fluvial. Em
território da Província do Huambo, o rio Cunene tem como principais afluentes na margem direita os
rios Cuando (apresenta uma barragem que origina uma importante albufeira do curso superior do
rio Cunene), Cunhongamua, Calai e o Cuando (rio que conferiu o nome à barragem assim
designação nele localizada), que delimita parte da Província a sudoeste. Na margem esquerda
destaca-se o rio Etembo por delimitar a sul a Província do Huambo. O rio Cunene apresenta um
comprimento total de cerca de 1 100 km e um declive acentuado nos primeiros 330 km em
direcção à Matala.
O rio Cutato, que constitui um afluente do rio Cuanza, delimita em parte a Província, mais
especificamente no município do Mungo e do Bailundo (este/sudeste). O rio Cutato possui um
importante tributário na margem esquerda, o Luvulo, existindo ainda outros afluentes que marcam o
território, entre estes, os rios Mutuacuva, Ussanga e Ucoce.
O rio Queve, que nasce na zona Oeste atravessa parte da Província do Cuanza Sul, desaguando no
rio Cuanza. O rio Queve e os seus afluentes apresentam um caudal permanente e sua área de
drenagem constitui uma parte significativa da área da Província do Huambo. Constituem alguns dos
seus tributários os rios Calongue, Cuito, Colele, Cusso e Cuvo, Cuvombua, Cunhongamua, Cuvila.
O rio Catumbela nasce na Serra de Cassoco e apresenta um comprimento total de 240 km; os seus
afluentes principais são o rio Cuiva, na margem direita, e o rio Cubal, na margem esquerda. No
território em estudo os principais afluentes do Catumbela são o Cuiva, Cuilo e o Bunge.
154
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
A barragem, com 58 metros de altura, tem uma capacidade de armazenamento de cerca de 2 570
milhões de m³ e o caudal médio anual do rio no Gove é de cerca de 1 600 milhões de m³/ano
(Fonte: Sítio da internet Kunene River Awareness Kit).
De acordo com dados das estações hidrométricas no alto Cunene (registos de 1962 a 1972) verifica-
se um escoamento estimado em cerca de 363 mm na barragem do Gove (Pitman e Midgley, 1974).
A barragem do Cuando, a cerca de 12 km a sul da cidade do Huambo, apresenta uma altura total
de cerca de 7 m e foi construída no decorrer dos anos cinquenta. O rio Cuando, na secção junto à
Missão do Cuando, onde se localiza a barragem, drena uma área de cerca de 174 km2 e tem um
comprimento de 40 km. É de referir que não se conhecem quaisquer registos de caudais associados
a esta barragem.
155
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
A estação hidroeléctrica existente na barragem do Cuando tem quatro turbinas de 250 kW. Esta
estação não esteve funcional durante muito tempo mas foi reabilitada recentemente. Embora seja
uma barragem relativamente pequena, a energia produzida é importante para o Huambo pois é
utilizada nas bombas de uma grande parte da rede de água potável da cidade (Fonte: Sítio da
Internet Kunene River Awareness).
Jamba ya Oma e Baynes), uma na Bacia do Catumbela (Cacombo) e três na Bacia do Cuanza
(Cacambe II, Laúca e Caculo Cabaça). De acordo com o PNEIA, está ainda prevista até 2017 a
construção de 3 aproveitamentos hidroeléctricos no rio Queve: Capunda, Dala e Cafula.
A rede hidrográfica da província é largamente dominada pela bacia do rio Cunene que ocupa
quase dois terços da sua área. O rio nasce perto do Huambo e atravessa a Huíla na direcção Norte-
Sul, dividindo-a aproximadamente a meio. Seguidamente atravessa a província do Cunene, no
mesmo sentido, inflectindo para Oeste no extremo Sul desaguando no Atlântico Sul, estabelecendo
a fronteira com a Namíbia a partir das cataratas do Ruacaná.
Os rápidos e as cataratas, das quais as mais relevantes são a cachoeira da Matala, a catarata do
Ruacaná e as quedas do Monte Negro, são frequentes ao longo do percurso. Os caudais, de
regime permanente, mas muito variável, são enormes, de cheia na época das chuvas e reduzidos
na estiagem, principalmente nos anos muito secos.
156
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Na margem esquerda:
Cubangue,
Toco,
Chitanda,
Calonga ou Colui.
Na margem direita:
Qué,
Sendi,
Calonga,
Caculuvar
Chitado,
Kubango, apenas com uma parte da sua bacia hidrográfica nesta província.
Nasce perto do Kuvango e corre com direcção geral sensivelmente Nnorte-Ssul,
inflectindo então para Sudoeste. Entre aproximadamente Kuvango e Caiundo
serve de limite Este à província, separando-a do Bié e do Kuando Kubango. É
um rio de regime permanente, mas com grandes variações de caudal ao longo
do ano e são frequentes os rápidos e as cachoeiras em alguns troços.
157
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
158
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Fonte: Própria
De referir ainda a bacia do rio Cuvelai que se encontra a Sul do paralelo 15°. Trata-se de um rio de
regime intermitente, que se escoa num sistema de canais do Baixo Cunene (as chanas) e que não
apresenta qualquer caudal no estio. A Norte do Eval, onde apresenta trajeto preciso, recebe água
de alguns afluentes sendo acrescentado no percurso médio e inferior por algumas mulolas,
nomeadamente na época das chuvas.
O rio Curoca apresenta-se a sudoeste onde inicia o seu percurso na província do Namibe. Também
se caracteriza por um regime de intermitência, sendo o rio Otchifengo o seu principal afluente.
As bacias hidrográficas referidas constituem-se como as mais relevantes de Huíla. Os rios Cunene,
Curoca e Coporolo desaguam no oceano Atlântico e as águas do rio Kubango desaparecem
159
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
numa complexa rede de depressões formada pelos pântanos do Kubango, o lago Ngami e a
depressão Makarikari a caminho do Kalahari.
Na província de Huila existem 6,832 hectares sob agricultura irrigada ou parcialmente irrigada e
12,023 hectares sob reabilitação ou planificada para irrigação. A desagregação das áreas por
esquemas de irrigação é a seguinte: Gandjelas (1,000 ha), Chimúcua I (50 ha), Chimúcua II (60 ha),
Bata-Bata (45 ha), Neves (1,300 ha), Mapunda/Tundavala (830 ha), Matala (10,000 ha), Chicungo
(400 ha), Quipungo (200 ha), Sendi (1,500 ha) e Pira-Babaera (3,900 ha). As principais culturas
irrigadas são fruteiras e hortícolas.
A província é banhada entre outros rios, pelo rio cuanza, que é o maior rio totalmente angolano. As
suas margens oferecem praias, com revelância no município do Dondo.
Refere-se a presença das quedas do rio Muembeje, a 10Km da cidade, com uma altura de 110
metros. A 2km da cidade, localizam-se as nascentes de Santa Isabel e Sobranceiro.
Na província do Kuanza Norte existem 9,620 hectares ou sob reabilitação planificadas para a
agricultura irrigada. A desagregação das áreas por esquemas de irrigação é a seguinte: Luinga
(5,000 ha), Camaloa (54 ha), Calemba (156 ha), Uambaca do Luando (59 ha), Luachi (205 ha),
Tombo (1,290 ha), Caquelosso (226 ha), Quindúa (149 ha), Quissomona (151 ha), Sesse Pequeno (273
ha), Cambaba (55 ha), Cabaça (95 ha), Catende (169 ha), Quibezo (51 ha), Gola (82 ha), Zanda
(311 ha), Lufuco (115 ha), Alá (96 ha), Camaia (20 ha), Luando (20 ha), Mutanda (186 ha), Luquelo
(13 ha), Cequete (43 ha), Maloa (21 ha), Mazozo (500 ha) e Lucala (280 ha). As principais culturas
são as fruteiras e hortícolas.
160
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
parte de um nível bastante inferior, mas deverá assumir uma meta ambiciosa de investimento que
lhe permita situar-se, pelo menos, na média de Angola, dobrando o valor actual.
A hidrografia da região corre toda de leste para o oeste até encontrar o Oceano Atlântico. É
dominada pelas bacias do Rio Kwanza e Longa ao norte, pela bacia hidrográfica do Rio Queve
cortando ao centro a Província, e a do Rio Kicombo mais ao sul.
De acordo com o Plano de Desenvolvimento Provincial de Médio prazo 2013-2017, são definidos
como programas estruturantes para a Província do Cuanza Sul no âmbito dos recursos hídricos:
O sector das pescas depois da agricultura ocupa a segunda actividade de maior importância
económica na Província.
A Corrente Fria de Benguela, que grande secura traz à região litorânea, alimenta as águas costeiras
de fitoplâncton, que por sua vez, dá origem a um enorme recurso piscícola ao largo da costa
angolana.
O Cuanza Sul possui 178 km lineares de orla marítima, rica em recursos piscatórios variados, tanto
pelágicos como demersais, destacando ainda o grande potencial natural de crustáceos com
particular realce para a lagosta e o camarão.
Para além da pesca marítima, a Província também é rica na pesca continental já que possui uma
rede hidrográfica bastante rica com destaque para os rios Longa, Queve, Cussoi, Cubal e Nhia, ricos
em cacusso, mussolo, bagre, tuqueia, tainha e lagostim da água doce, entre outras espécies.
161
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Fonte: Própria
162
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Existem 109,700 hectares de terra sob agricultura irrigada ou parcialmente irrigada e 11,900 hectares
de terra sob reabilitação ou planificadas para agricultura irrigada na província do Cuanza Sul. A
desagregação das áreas por esquema de irrigação é seguinte: Cela (6,000 ha), Quicombo (6,900
ha), Sumbe/Ngunza (4,000 ha), Porto Amboím (5,000 ha), Baixo Longa (57,200 ha), Baixo Queve
(33,000 ha) e Evale Guerra (9,500 ha). As principais culturas irrigadas são fruteiras e hortícolas.
A rede hidrográfica drena as suas águas para o rio Zaire, por intermédio do Kassai, um dos seus
maiores tributários e cujos afluentes, alimentados por inúmeros subafluentes, atravessam a região de
sul para o norte num paralelismo frisante. Os principais afluentes do Kassai, são de oeste para leste, o
Kuango, Cuilo, Luangue, Luxico, Chicapa, Luachimo, Chihumbe e seu afluente Luembe. Todos
nascem na região do SW. As quedas rápidas abundam, tornando os rios impróprios para a
navegação.
Com uma rede hidrográfica bastante rica e densa de caudal permanente drena, totalmente para o
Zaire através do afluente cassai, para onde confluem todos os grandes rios como Luembe,
Chiumbue, Luachimo, Chicapa, Louva, Langue e Cuílo.
163
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
rios ainda estão em plena formação de cobertura. Neste caso os vales são bastante abertos, com
baixas pantanosas.
Estes casos são os rios frequentes na parte Oeste da Província e no Município do Cuílo.
Os rios mais importantes da província são o Mombo,o rio Luachi, Chicapa, Luachimo, Chiumbe e o
rio Cassai, que nascem na região de Alto Chicapa. Os outros rios são o Muanguês, o Cuango, Luó,
Luavuri, Cucumbi e o Luzia. Todos eles correm no sentido do caudal hidrográfico, em direcção ao
Norte.
A província é constituída por duas bacias hidrográficas, a do rio Zaire e a do rio Cuanza. A parte
leste e nordeste é atravessada por um dos caudais que desaguam no rio Cuango, um dos mais
importantes afluentes do Zaire. Também existem as lagoas da Quibemba (no município da Kabumdi
Katembo), do Dombo (no município de Luquembo) e do Sagia (no município do Quela).
Planalto de Malange é atravessado por vários rios subsidiários do Kwanza (Lutete, Lombe, Malanje,
Cuije, Cuque) e, em menor número, do Lucala (Cole, Mafumbué).
Baixa Kassanje, comprrende a zona de cursos médio e superior dos rios Vamba, Cambo, Luhanda e
Lui, que constituem uma rede hidrográfica densa e na época seca ainda mantém caudais
volumosos
O Songo, onde o rio Cuanza e os seus afluentes Luando e Cuquema circulam de sul para norte e,
com outros, constituem uma rede hidrográfica densa e de caudal permanente. Entre o Kwanza e o
Cuquema encontram-se as chanas ou anharas, áreas planas alagadiças que caracterizam a zona,
assim como as chamadas baixas do Songo.
164
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
A barragem de Kapanda no rio Cuanza, a sul de Cacuso, irá originar a existência de uma albufeira
que, segundo fontes de informação, poderá irrigar cerca de 120 mil hectares de terras. Acontece
que tais terras coincidem com as áreas de solos arenosos de muito baixa fertilidade (oxipsâmicos
pardacentos), pelo que o seu aproveitamento agrícola será muito limitado. O território do Planalto
de Malanje não é o mais indicado para grandes projectos de irrigação deverão, antes, pensar-se
em pequenos projectos que possam complementar, no tempo seco, as boas quedas pluviométricas
para o cultivo de certas fruteiras e hortícolas.
Na zona do sub planalto de Cacuso é possível pensar em regadios de médio porte em áreas onde
chove menos de 1000 milímetros e onde a fertilidade dos solos seja razoável. A melhor zona de
regadio, contudo, situa-se na Baixa de Kassanje em áreas junto a certos rios (Lui e Cambo, por
exemplo) onde os solos são profundos e férteis (calcialíticos e hidromórficos) e vocacionados para
certas culturas industriais como a cana sacarina.
Existem actualmente na província de Malanje 3,700 hectares de terra sob agricultura irrigada ou
parcialmente irrigada e 86,500 hectares de terra planificados para a irrigação. A desagregação das
áreas por esquema de irrigação é a seguinte: Capanda (13,500 ha), Kissol (700 ha), Kamatende
(2,000 ha), Vânvala (1,000 ha), Ngangassol (1,000 ha), Lutau (22,000 ha), Cole I (15,000 ha), Cole II
(15,000 ha) e Cole III (20,000 ha). As principais culturas são hortícolas e fruteiras.
Na parte Oeste Sudoeste (W-SW) encontram-se os rios Kuito e Kanavale, que drenam para o
Cuando.
Na parte norte, a linha de festo que se desenvolve de oeste para leste, marca a divisória de águas
das duas grandes redes hidrográficas: a do Zaire, com o seu afluente Kassai, a do Zambeze, com os
seus afluentes Luena, LunguéBungo, Chifumaje, Lumeje e Lumbala. Estes rios apresentam muitos
meandros que, por vezes, se confundem com lagoas que permitem actividade piscatória
importante para a vida das populações
Na província de Moxico existem 500 hectares de terra sob irrigação e 500 hectares de terra sob
reabilitação. As principais culturas são fruteiras e hortícolas.
165
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
▪ Uma no rio Curoca, em Maxaxa, com uma área de área de 6 500 Km 2, com dois
anos de registos (1971-72 e 1972-73);
▪ Uma também no rio Curoca, na secção de Pediva, com uma área de 11 000 Kkm2,
com dois anos de registos (1971-72 e 1972-73).
166
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
De acordo com estudos de disponibilidades de água efetuados para seis bacias e, face às
perspectivas de evolução das necessidades de água (curto e médio prazo), pode-se concluir que,
desde que a exploração dos aquíferos seja feita com equilíbrio, é possível garantir a satisfação
daquelas necessidades com base na utilização dos recursos próprios da província. Há no entanto
necessidade de implementar, uma campanha para recolha de elementos que permitam
quantificar, com precisão e segurança, as reais disponibilidades hídricas dos principais rios da
província do Namibe.
Estes planos de gestão de bacias hidrográficas deverão conter uma descrição geral das
características biofísicas e socioeconómicas da região hidrográfica. Merecem particular destaque
os aspectos referentes aos recursos hídricos superficiais e subterrâneos. Deve realizar-se uma
167
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
descrição resumida das pressões e impactos significativos da actividade humana nos recursos
hídricos (qualidade e quantidade), como é o caso de estimativa das fontes pontuais e difusas de
poluição, incluindo descrição dos usos do solo.
Na província do Namibe existem 26,801 hectares de terra sob agricultura irrigada ou parcialmente
irrigada e 9,975 hectares de terra sob reabilitação ou planificados para irrigação. Essas áreas são
desagregadas por esquemas de irrigação como segue: Bero (1,000 ha), Betiaba /São Nicolau (5,000
ha), Curoca (3,000 ha), Carunjamba (2,625 ha), Giraúl (2,650 ha), Inamangando (1,000 ha), Bibala
(19,231 ha), Chibiba (100 ha), Tampa (1,500 ha), Lola (300 ha) e Capangombe (370 ha). Os principais
cultivos são bananas, hortícolas e oliveiras.
Os rios mais importantes desta província são o Zadi, Dange, Lúria, Lucala, Luvulu, com um volume de
água regular. Em geral, estes rios são navegáveis por pequenas embarcações até 20 quilómetros da
foz, sendo também possível a prática da pesca desportiva.
168
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
No esquema de irrigação do Lusselúa existem 3,000 hectares de terra esperando por reabilitação. O
arroz é a principal cultura nessa área.
A província possui alguns rios, sendo os principais, Zaire, Mbridge, Lufunde, Zadi, Cuilo, Buenga.
A bacia hidrográfica do rio Lucunga, é caracterizada por uma extensa planície, no seu curso inferior,
conhecida por Baixa do Lucunga, de margens alagadiças cobertas por um aluvião, onde o curso
do rio se torna divagante.
Existem 21,000 hectares planificados para a actividade futura de irrigação em Pedra do Feitiço na
província do Zaire. As culturas a serem estabelecidas sob irrigação serão fruteiras e hortícolas.
De acordo com o Plano de Acção para o sector da Energia e Águas (2013-2017) e, no âmbito dos
recursos hídricos, encontram-se em curso as seguintes acções:
Estão em fase de arranque a elaboração do Plano Geral para a Gestão Integrada dos
Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio Zambeze, assim como a Primeira Fase de
Reabilitação da Rede Hidrométrica Nacional.
A Reabilitação Parcial da Rede Hidrométrica Nacional irá beneficiar trinta e oito (38)
estações hidrométricas.
Ainda em curso encontra-se a elaboração do Plano Geral para a Gestão Integrada dos
Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio Cubango.
169
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Apesar já ter sido apurado o vencedor do Concurso Público realizado, encontra-se ainda
em carteira a elaboração do Plano Geral para a Gestão Integrada dos Recursos Hídricos da
Bacia Hidrográfica do Rio Cuvelai.
Em relação a programas com interesse para a gestão dos recursos hídricos, identificam-se como
mais relevantes, os seguintes Planos/Programas:
Angola 2025. Um país com futuro. Estratégia de desenvolvimento a longo prazo para Angola (2025)
170
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
171
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Objectivos:
Transformar Angola num País próspero, moderno, sem pobres e com um nível de
desenvolvimento científico-cultural elevado.
Objectivos:
Garantir o acesso a água potável a no mínimo 80% da população rural de Angola, até final
de 2012, com vista a melhorar as condições de vida de milhares de angolanos que vivem
em pequenas localidades e áreas remotas do País.
172
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Programa de Investimentos dos Sectores Eléctrico e Águas, até 2016. Ministério da Energia e Águas
Objectivos (2009-2012):
Energia: Desenvolver acções para equilibrar a balança de energia, em termos de procura e oferta,
de modo a prevenir que, por um lado, haja esbanjamento de energia e, por outro, que uma
eventual escassez constitua um constrangimento para o desenvolvimento Nacional.
Água: Agir no sentido de proporcionar à população acesso à água potável nas áreas urbanas e
rurais, bem como o acesso à água pelas actividades económicas.
Objectivos:
O Programa apresenta também um conjunto de objectivos específicos, que vão desde reabilitar e
expandir as capacidades de produção, até à formação de quadros, passando pelo
desenvolvimento de fontes locais.
Programa Nacional Estratégico Imediato para a Água (PNEIA). Plano Nacional Director de Irrigação
(PLANIRRIGA). Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, 2010
173
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Objectivos Gerais:
Apesar do enorme potencial hídrico de Angola, este encontra-se subaproveitado. Apesar de alguns
sinais de revitalização do sector, continua a existir um número insuficiente de quadros, carência de
fundos e de regulamentação.
Angola é um país rico em recursos hídricos pois tem uma das capitações, em volume de água por
ano e habitante, mais elevada da região austral de África (8 600 m 3/ano.hab). No entanto, estes
174
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
recursos estão desigualmente distribuídos no país, pois enquanto na região sul e na zona costeira os
escoamentos são muito baixos, inferiores a 25 mm, nas regiões do centro, norte e noroeste, os
escoamentos apresentam valores muito elevados, na ordem de 250 mm. Algumas destas regiões,
por terem escoamentos elevados, reduzida variabilidade temporal e boas quedas, apresentam um
bom potencial para a produção de energia, sendo por isso um factor acrescido para o
desenvolvimento do País e que deverá ser aproveitado, como aliás está a acontecer.
Devido à abundância dos recursos hídricos face às necessidades de água, Angola nunca teve uma
estrutura nacional forte e bem equipada para a sua gestão, situação que terá de ser modificada
devido à importância crescente que a gestão integrada e sustentável dos recursos hidricos irá ter no
desenvolvimento económico e social do País, tanto na componente de satisfação das
necessidades básicas da população, com o fornecimento de água potável seguro e fiável, como
na componente da utilização da água como um bem económico para a produção de alimentos, a
produção industrial e produção de electricidade.
Para além dos aspectos quantitativos dos recursos hídricos, a qualidade da água no meio hídrico é
um tema pouco conhecido no País, não existindo uma rede nacional de qualidade da água, pois
mesmo a rede hidrométrica existente é muito reduzida.
Desta forma, os principais problemas relacionados com os recursos hídricos são o assoreamento dos
rios devido à erosão dos solos e a contaminação das águas por falta de saneamento junto a
centros urbanos, ou em resultado da exploração mineira.
175
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Apoiar a ampliação da rede hidrométrica nacional e a sua ligação à SADC, bem como a
partilha intersectorial de dados. Objectivo: facilitar a gestão das águas, a eficácia de
utilização (agricultura, energia, etc), a protecção ambiental e a cooperação transfronteiriça
(DNAg, SADC, Governos Provinciais, outros órgãos da administração)
Investir na sensibilização para a conservação e boa gestão dos Recursos Hídricos. Objectivo:
sensibilizar a população e os agentes económicos para a importância da protecção da
qualidade da água (MINEA, MINCONS)
4.9.2 Irrigação
176
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Uma parte importante do consumo anual de água do sector agrícola tem lugar na estação seca o
que poderá originar algumas situações de escassez de água, em determinadas regiões. A resolução
deste tipo de situações passará pela adopção de medidas de vária índole, nomeadamente:
criação de reservas estratégicas de água, implementação de infraestruturas de armazenamento e
de transporte eficientes, reabilitação/modernização das infra-estruturas com deficuentes condições
de funcionamento; uso de técnicas agrícolas adequadas, o melhoramento das tecnologias de rega
e a implementação de programas de extensão rural que promovam o uso sustentável da água na
agricultura.
A implementação destas medidas é tão mais importante, quanto o índice de utilização potencial
revelar possíveis problemas entre os vários utilizadores, nomeadamente entre a irrigação e produção
de energia hidroeléctrica.
Conforme se referiu atrás, a produção de energia de origem hídrica tem um elevado potencial no
País, que está a ser aproveitado com a aplicação de importantes investimentos no sector.
A potência hidroeléctrica operacional em 2011 é de 916 MW, devendo passar para 4190 MW, com
as obras actualmente em curso e para 8350 MW em 2017, se as obras planeadas forem terminadas
até este ano.
177
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Reduzindo o transporte de sedimentos, que pode alterar a morfologia do leito dos rios,
provocar situações de erosão a jusante e reduzir os sedimentos afluentes à zona costeira.
De extrema importância na análise das questões associadas aos recursos hídricos e, no contexto da
problemática da água em Angola, sobressaem os fenómenos de cheias e inundações, de secas e,
de um modo mais abrangente, os fenómenos de erosão e desertificação.
Estas situações de risco são dependentes, por um lado, das características geográficas, geológicas
e climáticas do País e, por outro, da urbanização do mesmo, do desenvolvimento das actividades
socioeconómicas e da exploração dos recursos naturais que podem gerar acidentes graves,
catástrofes ou calamidades, susceptíveis de originar perdas de vidas humanas, prejuízos
socioeconómicos e alterações significativas no ambiente e no património cultural.
Por isso, é indispensável que o Governo e todas as entidades e organismos com responsabilidades
no domínio da protecção civil e dos cidadãos em geral, desenvolvam acções com eficácia e
oportunidade para atenuar os riscos e limitar os seus impactos quando ocorram, e adicionalmente
socorrer e assistir as pessoas em perigo.
As cheias são fenómenos hidrológicos extremos que afectam com alguma regularidade o País e
que devem ser bem estudados para mitigar os seus efeitos. Segundo informação do Serviço
Nacional de Protecção Civil e Bombeiros de Angola, em cinco meses do ano 2011 registaram-se
178
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
cheias em 16 zonas de Angola, originando 116 mortos e 83 feridos e provocando prejuízos na ordem
de 350 milhões de dólares americanos.
As secas são outros fenómenos hidrológicos extremos de características muito diferentes das cheias,
mas que podem provocar prejuízos de maior dimensão que as cheias, em particular em países com
reduzidas infra-estruturas hidráulicas de armazenamento de água e de sistemas de irrigação, cuja
produção agrícola é maioritariamente de sequeiro. As secas atingem principalmente as regiões de
Angola com algum grau de escassez de água que, quando a precipitação normal se reduz, entram
com facilidade em situações críticas, com graves problemas na agricultura de sequeiro. Constitui
exemplo oi o caso da seca que se registou em 2008 na região Sul, atingindo as províncias de
Benguela, Huíla, Namibe, Cuanza-Sul, Cunene e Cuando Cubango, comprometendo as colheitas
agrícolas na sua totalidade ou quase. A província de Uíge teve também algumas culturas muito
afectadas.
Com a aprovação da lei de Águas de 2002 e com a criação do Instituto Nacional de Recursos
Hídricos, dá-se início ao processo de desenvolvimento institucional e normativo de Angola. No
entanto, estes dois primeiros marcos constituem apenas o arranque de um vasto caminho a
percorrer para criar condições em Angola para uma melhor gestão dos recursos hídricos.
Para além de uma vasta gama de documentos legislativos em falta para a gestão dos recursos
hídricos, que devem ser formulados e aprovados, os aspectos institucionais assumem particular
destaque na gestão dos recursos hídricos. Como se afirmou anteriormente, Angola deverá possuir
179
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Pouco fornecimento e disseminação de informação sobre o estado dos recursos naturais das
bacias.
180
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
De uma forma objectiva, e para além das questões já abordadas anteriormente, estas
considerações são apresentadas na seguinte matriz de análise SWOT.
POTENCIALIDADES FRAGILIDADES
• Mega-cluster “Água” - Angola reconhece que a água • Infra-estruturas de rega degradadas sem projectos de
é um recurso transversal que constitui um factor de reabilitação
produção essencial para o desenvolvimento de uma
economia • Reduzida capacidade de produção de energia
• Ausência de abastecimento de energia seguro e
permanente
• O longo período de guerra em que o país esteve
mergulhado dificultou o desenvolvimento de novos
perímetros irrigados não tendo permitido igualmente a
realização a adequada da operação e manutenção da
infra-estrutura de rega e drenagem existentes, o que levou
a:
• Falta de manutenção da infra-estrutura de uso comum
(diques, derivações, canais, drenos, estações de
bombagem);
• Não renovação de equipamentos obsoletos;
• Falta e/ou deficiências da organização da operação e
manutenção;
• Orçamentos deficientes para a conclusão de obras civis
e estruturas hidráulicas.
• • Ausência de regulamentação relativamente aos Conselhos
de Bacias
• Hidrográficas e ao Conselho Nacional da Água
181
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
AMEAÇAS OPORTUNIDADES
• Impactos negativos resultantes de práticas agrícolas • Ordenar o espaço de acordo com as aptidões culturais
intensivas e degradação do solo, alteração do demonstradas;
coberto vegetal, redução da biodiversidade,
impacto de uma eventual actividade industrial;
• Salinização de solos, poluição dos recursos hídricos, • Protecção dos recursos naturais (água e solo) e regulação das
considerando tanto caudais de escoamento boas práticas agrícolas;
superficial como recursos hídricos subterrâneos.
• Poluição atmosférica, em particular emissão de gases • Regulação dos investimentos a realizar no território da Bacia
com efeito de estufa (dióxido de carbono, vapor de Hidrográfica;
água, metano, etc.)
182
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
5.1 INTRODUÇÃO
183
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
184
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Ainda a referir a importância da delimitação de Áreas Protegidas Marinhas, ainda que não
seja da responsabilidade do Ministério do Urbanismo e Habitação a sua delimitação, todas
as actividades complementares previstas, nomeadamente as associadas ao turismo,
comercio e habitação, deverão ser devidamente planeadas e articulada, prevendo a
dinamização das costa adjacente.
185
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
186
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Fonte: Própria
187
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Desde os anos 90, que o Governo angolano tem promovido os sectores de pesca industrial
e artesanal com o intuito de contribuir para um desenvolvimento socioeconómico
nacional.
Ao longo da costa as condições climáticas vão variando de Norte para Sul, verificando-se
a Norte, zonas mais tropicais e húmidas, enquanto a Sul, encontram-se as zonas costeiras
mais áridas. Estas diferenças influenciam as características físicas do território, a
biodiversidade e os ecossistemas presentes, o que induz uma abordagem e planeamentos
estratégicos diferenciados.
Algumas das cidades angolanas com maior dimensão, como Benguela, Lobito, Sumbe ou
Namibe, incluindo também a capital Luanda, encontram-se no litoral, onde o crescimento
urbano se tem diferenciado últimos anos, face às cidades do interior, com as devidas
excepções. Adicionalmente, existem quase 200 comunidades ao longo da costa, onde a
actividade pesqueira é representativa, sendo no Sul na província no Namibe que se
localiza o maior centro pesqueiro de Angola, no município do Tômbwa. As intervenções e
usos a desenvolver nestas áreas devem ser sujeitas a um processo integrado, atendendo
às especificidades territoriais da costa, como referenciado no ponto anteriormente
descrito.
A zona costeira e marinha de Angola desenvolve-se por 1.650 Km, abrangendo sete
províncias, nomeadamente (Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Kwanza Sul, Benguela e
Namibe). Esta diversidade de condições climáticas e oceanográficas resulta na existência
188
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
189
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
190
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Lei nº 16, de 27 de
2005 Altera a Lei dos Recursos Biológicos Aquáticos.
Dezembro
Ordenamento Pesqueiro
Decreto Executivo nº Havendo necessidade de ordenar o mecanismo de formação
1998
47, de 28 de Agosto de contratos de fretamento para embarcações de pesca;
191
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Fonte: Própria
192
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Fonte: BCLME
A zona que se estende desde Lobito até à foz do rio Cunene é a mais produtiva das zonas
de pesca marítima de Angola, com abundância de carapaus, sardinhas, atum e um vasto
número de espécies demersais. A zona Norte de pesca estende-se de Luanda até à foz do
rio Congo e a zona central de Luanda a Benguela.
193
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Em 2011, a actividade da pesca marítima em Angola, teve como resultado uma produção
de 262.500 toneladas, compreendendo 101.491 toneladas de espécies pelágicas, como o
carapau e as sardinellas, e 103.549 toneladas de diversas espécies demersais. Já em 2012,
segundo comunicado pelo Ministério das Pescas, a actividade da pesca em Angola
apresentou uma produção de 354.000 toneladas, cinco vezes mais do que a quantidade
de pescado importado, que se situou nas 60.000 toneladas.
Em 2013 a produção pesqueira de Angola foi de 370.000 toneladas. Uma produção que
inclui a pesca industrial, semi-industrial e artesanal marítima e continental. Nos últimos três
194
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
anos, a produção tem sido bastante satisfatória, devido aos importantes investimentos que
o sector privada tem fomentado, principalmente nos segmentos de captura, congelação
e comercialização.
Constatou-se que existe grande variablilidade espacial e temporal nas capturas, estas
possuem carácter sazonal e o total capturado varia consideravelmente entre as
províncias, (bem como ao longo dos anos). De um modo geral, os melhores meses para a
pesca são de Maio/Junho a Setembro/Outubro, com algumas exceções como é o caso
de Tômbua (Namibe) e Landanda (Cabinda) que o pico de pesca ocorre de Setembro –
Março e Setembro-Novembro, respectivamente. Este facto se dá porque a distribuição de
muitas espécies depende das condições oceanográficas daquela zona, como da
195
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Labi Mussera Ambriz São Tiago Praia Sousa Cuio Cabo Negro
Luvassa Impanga Kinkankala Boa Vista Kikombo Gengo Praia Amélia
Funga Tombe Binge Hotanganga Sumbe Salina Chiome Saco Mar
Caio Kifuma Pambala Cacuaco Foz R. Longa Chamume Mucuio
Lombo-Lombo Kungo Catumbu Samba Praia Dengue Vitula Bentiaba
Baía das
Chinga Xangi Kinzau Barra Dande Ramiro Torre Tombo Baía Farta
pipas
Chapéu
Futila Mucula Sobe desce Benfica Sumbe sede Kasseque
Armado
Buço Mazi N´Zeto Sangano Barra Kuanza Karimba Macaca Tômbua Sul
Ponta
Malembo Cabo Ledo Mirador P. Amboim Senga Tômbua sed
Padrão
Porto
Cacongo Maradeira São Braz Casa Lisboa Cabaia
Pesqueiro
Bembica Kipai Kitoba Chicala Saco Lucira
Tchafi tungo Kivanda Barra Bengo Coata
Landana Kakongo Buraco Damba Maria
Chicaca Tomboco Capossoca Praia Bebé
Kinfinda
Sangu Simuli Lobito Velho
Muango
Techississa Kingombo Compao
Massabi Kimpanga
Kintaku
Lucumba
Missanga
196
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
No entanto, o número de pessoas envolvidas é muito maior, já foi estimado (Duarte et al,
2005) em cerca de 130.000 e 140.000, mas estes valores incluem quem trabalha com
compra e venda, processamento, distribuição e mercados de peixe. Num relatório
publicado pela União Europeia em 2006, estimou que cerca de 700.000 pessoas ganham a
vida através da pesca e atividades relacionadas.
Cada embarcação pesca cerca de 100 kg por dia, pelo que diariamente são capturadas
500 toneladas de pescado. Apenas cerca de 20% das embarcações artesanais são
motorizados e, portanto, estão limitados à zona costeira adjacente (para lá das 4 milhas
náuticas).
80.000
66.966
60.150
60.000
40.000
20.000
0
2007 2008 2009 2010 2011 2012
Anos
197
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Esta queda significativa, estimada em 40% neste curto período de tempo, pode ser pelas
seguintes possíveis causas:
198
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Presume-se que a pesca continental tenha níveis muito elevados de capturas mas é uma
actividade com pouca regulamentação e quase nenhuma monitorização e fiscalização.
A falta de controlo, e a consequente pesca desordenada, leva a sobreexploração dos
recursos podendo pôr em causa a sustentabilidade da pesca continental. Segundo o IPA,
este sector apresenta limitações porque é uma actividade recente quando comparada
199
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Gráfico 6: Capturas (mil kg) para a Pesca Continental, por província em 2010.
200
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
201
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Quadro 27: Descrição dos Centros de Apoio e Mini-centros de Apoio à Pesca Artesanal.
202
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
aquicultura em Angola. que indica que as províncias com maior potencial para esta
actividade são, Luanda, Bengo, Kwanza Sul e Benguela. Cabe ressaltar que o diagnóstico
não inclui as províncias de Cabinda, Zaire e Namibe pois as mesmas não foram visitadas
(informação a ser futuramente complementada de acordo com as intenções previstas) De
seguida apresentam-se as principais reflexões retiradas do mencionado diagnóstico é:
Província de Luanda
Província do Bengo
203
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Província de Benguela
Foram seleccionadas as áreas da Baía Farta, Baía da Caotinha, Baía dos Elefantes
pela sua configuração topográfica, protegidas à fortes ventos, por não
apresentarem indícios de poluição e água canalizada e luz eléctrica.
Até 2010 avaliar a possibilidade de se criarem recifes artificiais (onde, em que condições)
com o objectivo de recriar níveis mais elevados de produtividade natural e biodiversidade
e de desenvolver condições mais favoráveis à procriação, abrigo, alimento e crescimento
para os juvenis de espécies costeiras de interesse comercial.
204
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Apesar dos esforços que têm sido feitos para a sua revitalização, a situação não é ainda
estimulante, actualmente existem poucas infra-estruturas para a transformação dos
produtos piscatórios, especialmente salga e secagem de pescado.
205
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
206
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Farinha de Peixe
Até 1972, Angola foi o primeiro produtor mundial de farinha de peixe, estando hoje
paralisadas com poucas fábricas especializadas neste tipo de produto.
Em relação a conserva de peixe, a situação é muito mais delicada, uma vez que o país
conta apenas com cinco unidades industriais. Todas elas encontram-se em estado
obsoleto e não funcionam há sete anos. As fábricas estão localizadas nas províncias de
Benguela ( três unidades) e Namibe (duas unidades).
Salga e seca
O processamento de salga e seca é realizado pelas salgadeiras artesanais, pelo facto das
unidades modernas estarem inoperantes por dificuldades na aquisição de matéria-prima,
e outras podem ser consideradas causais.
Fábricas de gelo
Salinas
O Governo está a realizar diligências no sentido de encontrar soluções para, nos próximos
anos, os salineiros poderem ter acesso às instituições financeiras e solicitarem créditos
207
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Actualmente, as províncias produtoras de sal no país são Benguela, Bengo, Kwanza Sul,
Namibe e Luanda. De acordo com o Plano de Ordenamento de Pescas 2006/2013, o
Mnistério pretende estabelecer os critérios de qualidade de produção do sal, com
especial ênfase para a sua iodização (métodos e equipamentos a utilizar, níveis de iodo),
e os modelos que devem servir de orientação a monitorização regular e controlo de
qualidade.
Comercialização
208
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
O principal centro industrial é a província de Luanda. Porém, existem outras cidades com
um número significativo de indústrias, como, Lobito e Benguela. A indústria do petróleo é o
principal sector nas províncias de Cabinda e Zaire. A pesca é uma actividade importante
ao longo da costa, sendo que a infraestrutura viária ao longo da costa não é, de um
modo geral, adequada, com algumas excepções tais como as secções entre Sumbe e
Luanda e entre Namibe e Tômbwa.
209
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Habitação e Saneamento
Serviços de saúde
Verifica-se uma grande carência de serviços de saúde nas comunidades, e nos serviços
prestados nos centros de saúde primária. Em algumas localidades existem clínicas privadas
mas a maioria da população não tem recursos que permitam o seu acesso.
Energia
As fontes de energia dominantes ainda são: carvão, gás e lenha, sendo o último, fonte
dominante nas províncias do Norte tais como o Bengo e Zaire. O sistema de energia
eléctrica e de abastecimento de água estão disponível em poucas comunidades, e por
vezes funcionam com insuficiências ou não estão operacionais.
Educação
Água potável
210
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Transporte
Existem poucos transportes públicos e muitas vezes tem custos altos, impedindo o
desenvolvimento socioeconómico do local, como acesso a educação, saúde, serviços do
Governo, mercados, entre outros).
Aos aspectos referidos acresce referir a necessidade de reforçar as acções que estão em
curso com a implementação dos centros pesqueiros, sendo objecto do ordenamento
territorial:
No que se refere ao ordenamento territorial dos aglomerados com vocação para a Pesca
Industrial, importa reforçar, a necessidade desta actividade ser consagrada nos Planos
Provinciais de Ordenamento Territorial, norteador dos grandes desígnios de
desenvolvimento da província, de onde se destaca: Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda,
Kwanza Sul, Benguela e Namibe.
211
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
b) concluir o traçado das linhas de bases rectas para medir a largura do mar
territorial, tendo em conta o que dispõe o artigo 16.º da Convenção das Nações
Unidas sobre o Direito do Mar de 1982;
212
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
213
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Angola prevê estender o seu território até 350 milhas náuticas, conforme dita o artigo 76º
da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, que permite a extensão das
suas plataformas.
214
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
importante recursos marinhos vivos, incluindo os recursos pesqueiros, através das áreas de
proteção estrita.
• Lei n.º6A/04, de 8 Outubro - Lei dos Recursos Biológicos Aquáticos (Nova Lei das Pescas)
215
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Figura 32: Desafios para a gestão das zonas costeira e ambiente marinhos.
216
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
participativo, deve envolver os ministérios com relevância nas matérias, a referir: Ministério
do Urbanismo e Habitação, Ministério da Energia e Águas, Ministério do Turismo, entre
outros considerados relevantes para a área em questão.
• Reserva Natural do Ilhéu dos Pássaros - Província de Luanda - 1.7 Km² - valores
importantes: mangais, avifauna (Decreto Provincial n.º55/73 de 21 Dezembro 1973)
217
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
5.6 CONCLUSÃO
218
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
No que se refere ao Ordenamento Territorial das cidades com vocação para a Pesca
Industrial, importa reforçar, a necessidade desta actividade ser consagrada nos Planos
Provinciais de Ordenamento Territorial, norteador dos grandes desígnios de
desenvolvimento da Província, de onde se destaca: Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda,
Kwanza Sul, Benguela e Namibe.
A pesca continental pelas especificidades territoriais está presente nas províncias do Zaire,
seguido de Luanda, sendo que Namibe e Cabinda têm mais cooperativas com
microcrédito, e deve estar consagrada nos instrumentos de Ordenamento Territorial, com
estratégia semelhante ao referenciado para a pesca marítima.
219
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
dos 500 m, ou nos Planos Directores Municipais se situadas num faixa superior, devidamente
regulamentada e estruturada para a sua exploração.
220
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
6. CONSERVAÇÃO E BIODIVERSIDADE
6.1 INTRODUÇÃO
A temática da Conservação da Natureza ganhou grande importância nas últimas décadas com o
crescimento das preocupações ambientais e face ao agravamento da perda e redução da
biodiversidade verificado a nível nacional e internacional.
Ou seja, por um lado, a Conservação da Natureza, que assume um carácter preventivo, no qual se
impõe uma acção planificada das actividades humanas de forma a garantir o aproveitamento
duradouro dos recursos. Por outro lado, o Ordenamento do Território que constitui um mecanismo
para a protecção dos elementos do património natural, na medida em que promove “estratégias
que minimizam os conflitos entre a procura crescente de recursos naturais e a necessidade da sua
conservação” (DGOT, 1988).
Conclui-se, também, que existe uma necessidade cada vez maior de compatibilizar vários interesses
no processo de gestão dos recursos naturais e no processo de ocupação e transformação do solo
221
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
efectuado pelo Homem, defendendo uma abordagem integradora das diferentes políticas
sectoriais.
Apesar do enorme “capital natural” nacional, os recursos naturais são por definição finitos,
constituindo-se por isso como bens, com um determinado valor económico.
O facto destes constituírem ao mesmo tempo “reservas de vida” e serem fonte de desenvolvimento
económico, revelou a necessidade de se adoptarem medidas que promovam a compatibilização
da protecção da natureza com a utilização racional e sustentável dos recursos naturais, tendo em
vista um desenvolvimento equilibrado e sustentável, que só pode ser alcançado através da
convergência entre a manutenção dos ecossistemas e dos seus recursos e o progresso económico e
social das comunidades.
No que concerne ao território nacional, e de um modo geral, existe pouca informação actualizada
sobre a biodiversidade e o seu actual estado de conservação, considerando-se mesmo premente a
necessidade de proceder à sua inventariação para todas as regiões geográficas do país.
Segundo a Política Nacional de Florestas, Fauna Selvagem e Áreas de Conservação, instituída pela
Resolução n.º 1/10 de 14 de Janeiro, o papel das Áreas de Conservação da Natureza e
Biodiversidade, tal como referido, é o de:
222
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Por seu turno, como opção estratégica de uma política de Conservação da Natureza e
Biodiversidade deverá ser considerado o estabelecimento de uma Estrutura Nacional de Protecção
e Valorização Ambiental (estudada em capítulo posterior neste documento), definida pelas
seguintes componentes da área temática em análise:
▪ Florestas Autóctones.
Sendo assim, o presente capítulo visa tomar conhecimento do importante valor em termos de
“Conservação ambiental” do território nacional e da sua interligação com o ordenamento do
território. Para o efeito, é descrito um enquadramento legal desta temática, para de seguida ser
feita a sua caracterização e diagnóstico. É também apresentado um conjunto de Programas e
Estratégias que incluem a “Conservação da Natureza” nas suas preocupações. Por fim, são
elencadas “ Medidas para o ordenamento do território das áreas de conservação da natureza” de
modo a que este documento sirva de base ao lançamento desta disciplina na temática da
Conservação e que os instrumentos de Ordenamento do Território passem a ser uma realidade na
promoção de um Ambiente Sustentável.
Lei da Revisão Constitucional, Lei n.º 23/92, de 16 de Setembro, no seu articulado, faz várias
referências à gestão ambiental. No ponto 2 do Artigo 12º, pode ler-se, “O Estado promove a
protecção e conservação dos recursos naturais, supervisionando a sua exploração e uso para
benefício de todas as comunidades”, e no ponto 2 do Artigo 24º realça que “O Estado adopta as
medidas necessárias para a protecção do ambiente e das espécies de flora e fauna nacionais em
223
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
A LBA, Lei n.º 5/98, de 19 de Junho, define os conceitos e princípios básicos de protecção,
preservação e conservação do ambiente, promoção da qualidade de vida e do uso racional dos
recursos naturais. Nos pontos 1e 2 do Artigo 13º relativos à Protecção da Biodiversidade é referido:
“1. São proibidas todas as actividades que atentem contra a biodiversidade ou a conservação,
reprodução, qualidade e quantidade dos recursos com potencial uso ou valor, especialmente os
ameaçados de extinção.
2. O Governo deve assegurar que sejam tomadas medidas adequadas com vista à:
No Artigo 14º são estabelecidas as obrigações do Governo relativamente à gestão das áreas
protegidas e definido o seu âmbito:
“1. A fim de assegurar a protecção e preservação dos componentes ambientais, bem como a
manutenção e melhoria de ecossistemas de reconhecido valor ecológico e sócio económico, o
Governo deve estabelecer uma rede de áreas de protecção ambiental;
2. As áreas protegidas podem ter âmbito nacional, regional local ou ainda internacional, consoante
os interesses que procuram salvaguardar e podem abranger áreas terrestres, lacustres, fluviais,
marítimas e outras;
224
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
4. As medidas referidas no número anterior devem incluir a indicação das actividades proibidas ou
permitidas no interior das áreas protegidas e nos seus arredores, e assim como a indicação do papel
das comunidades locais na gestão dessas áreas.”
O referido diploma foi revogado pelo Decreto Presidencial n.º 232/11, de 23 de Agosto, e
remete a desafectação dos terrenos do Domínio Público compreendidos na orla costeira
para o domínio privado dos Governos Provinciais.
Quanto à biodiversidade aquática em Angola é tratada pela Lei dos Recursos Biológicos Aquáticos
(LRBA), Lei n.º6A/04 de 8 Outubro, elaborada quando os sectores de pescas e ambiente
constituíam um Ministério comum. A LRBA constitui um dos instrumentos jurídicos mais moderno e
inovador do país ao integrar princípios da LBA, da Convenção sobre a Diversidade Biológica, da
Convenção sobre o Direito do Mar e do Código de Conduta da FAO, para além do Protocolo da
SADC sobre as Pescas. Integra o princípio da precaução, o princípio do poluidor-pagador e o
225
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
A LRBA proíbe qualquer acção que possa contribuir para a degradação do meio aquático e define
medidas de regeneração das espécies em extinção ou ameaçadas de extinção de que se
destacam as seguintes: redução da poluição do meio marinho e aquático. Esta lei estabelece
também as bases para o reforço da monitorização, controlo e fiscalização das pescas, que apesar
dos esforços encetados, continuam a ocorrer a sobreexploração de pesca e o não cumprimento da
época de veda e das áreas de pesca. Para além disso, a poluição causada pela indústria
petrolífera e derrames e o impacte da erosão nos estuários e mangais constituem as maiores
ameaças à biodiversidade aquática, nomeadamente recursos marinhos e da zona costeira.
Para não tornar o enquadramento legal demasiado exaustivo, referimos apenas outros documentos
legais com importância para a Conservação da Natureza, nomeadamente, o Diploma Legislativo
n.º 22/72, de 22 de Fevereiro, que aprova o Regulamento dos Parques Nacionais; a Lei dos Recursos
Biológicos Aquáticos – Lei n.º 6-A/04, de 8 de Outubro; a Resolução n.º 21/03, de 27 de Maio, que
aprova os Estatutos da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos
Naturais (IUCN), e a Resolução n.º 42/06, de 26 de Julho, que estabelece a Estratégia e Plano de
Acção Nacionais para a Biodiversidade (que serão abordados posteriormente).
Para além da legislação referida, durante a década de 90, Angola ratificou importantes acordos
ambientais internacionais e tem realizado muitos progressos na promoção e implementação de
instrumentos de política ambiental e de conservação da natureza. De entre eles destacam-se a
Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (UNCCD) ratificado em 1997, a
Convenção das Nações Unidas sobre a Diversidade Biológica (CBD) em 1998, e a Convenção das
Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), em 2000. O Governo de Angola aderiu ao
Protocolo de Quioto da UNFCCC, em 2007, e em 2002, a Assembleia Nacional aprovou a
Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies de Fauna e Flora Altamente Ameaçadas
(CITES).
226
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Contudo, o Governo de Angola ainda não aprovou nem ratificou outras convenções, igualmente
importantes, como a Convenção sobre Terras Pantanosas de Importância Internacional e
especialmente os Habitats de Pássaros Aquáticos (Convenção de Ramsar).
O quadro legal nacional confere um grau de protecção que se pode considerar razoável à
protecção da biodiversidade, embora existam ainda algumas fragilidades em termos de
regulamentação e de legislação sectorial complementar. Como é referido na Estratégia e Plano de
Acção Nacionais para a Biodiversidade (2007-2012), apresentada pelo então, Ministério do
Urbanismo e Ambiente, a falta de uma política clara e estratégias sectoriais, a inexistência de
legislação complementar, a deficiente aplicação da legislação ambiental existente em Angola e a
não ratificação de alguns Acordos Multilaterais de Ambiente são alguns dos principais obstáculos à
conservação e uso sustentável da biodiversidade.
De seguida são analisadas cada uma destas áreas considerando as suas características no território
angolano.
227
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
criadas cinco coutadas públicas e uma privada, que, em conjunto, ocupam o equivalente a 7,51%
da superfície total do País.
De referir que apesar das várias diligências empreendidas junto das várias instituições, não
obtivemos a informação cartográfica necessária para produzir imagens de melhor qualidade,
nomeadamente a referente aos Biomas e às Áreas de Protecção Ambiental (Parques e Reservas
Naturais), servindo as imagens apenas como uma indicação das referidas áreas e sua distribuição
no território nacional.
228
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
229
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
230
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Algumas destas áreas vivem situações de avançada degradação que urge contrariar. São exemplo
disso, os Parques Nacionais da Kissama, Mupa, Cangandala, Iona, Bikuar e Cameia, que possuem
parte das suas áreas ocupadas de forma descontrolada, pela população, que explora os recursos
naturais aí existentes de forma insustentável, nomeadamente através da caça ilegal de espécies de
médio e grande porte e da realização de queimadas, com consequências muitas vezes irreversíveis
ao nível do equilíbrio ecológico.
Para contrariar este quadro, o Governo iniciou diversos programas dirigidos para a protecção do
Ambiente e dos recursos naturais e tem demonstrado interesse e empenho na constituição de novas
Áreas Protegidas no sentido de proteger importantes habitats, ecossistemas e espécies, que não se
encontrem ainda incluídos na actual Rede de Áreas Protegidas.
De acordo com documento do IUCN da década de 90, já nessa altura se considerava necessária a
delimitação de novas áreas para inclusão de habitats florestais e savanas no Norte, montanhas e
escarpas ocidentais e do Norte e para a conservação de espécies de plantas endémicas e aves, e
outros espécies raras que se encontram em vias de extinção.
Estes novos Parques Nacionais, detentores de uma enorme riqueza em termos de biodiversidade,
possuiem ainda a particularidade de estar integrados numa das mais vastas regiões transfronteiriças
a nível mundial.
231
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Deste modo, o Governo de Angola, através do Ministério do Ambiente, deu início ao cumprimento
dos compromissos assumidos a nível internacional, em relação ao aumento de áreas protegidas 7
Considera-se que, actualmente, o país necessita de uma gestão eficiente das áreas de protecção
ambiental já existentes e de planos integrados de gestão da biodiversidade.
Estas espécies que ocorrem em algumas das áreas de conservação existentes no país, de acordo
com o referido no documento supracitado, podem ser enquadradas em duas grandes unidades
zoo-geográficas, e uma zona de transição, nomeadamente:
232
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Este facto deve-se à existência de uma rede organizada de caçadores furtivos, que delapidam de
forma descontrolada as reservas de fauna, e ao longo período de instabilidade que a guerra
provocou no país, promovendo a deslocação das populações e o estabelecimento de
assentamentos humanos em áreas consideradas protegidas, originando graves consequências ao
nível da desflorestação e da realização de queimadas, para fins agrícolas, de caça e energéticos,
com consequências na perda de habitats e de biodiversidade e no risco de extinção de valiosas
espécies raras como é o caso da palanca negra gigante, (considerada símbolo nacional).
Assim, e entendendo o Bioma como uma divisão biogeográfica principal, definida, não só pela
composição genética, e origem das plantas e de espécies de animais, como também de factores
edáficos, climáticos e fisionómicos, pode-se afirmar que o território angolano possui a “maior
diversidade de biomas e eco-regiões de todo o continente africano". Biomas estes que vão desde o
bioma do deserto do sudoeste a savanas áridas do sul, vastas florestas de miombo do planalto
interior a florestas tropicais das Províncias de Cabinda, Zaire, Uíge e Lunda Norte. Florestas relictas de
Afromontane de considerável importância biogeográfica ocorrem em vales isolados de montanhas
altas nas províncias de Huambo, Cuanza Sul, Huíla e Benguela” (Programa de Apoio Estratégico
para o Ambiente (PAEA) 2012-2015).
De entre os vários estudos existentes sobre esta temática, assinalamos os Biomas identificados por
Huntley (1974) e White (1983), citados por Dean (2000), como se pode ver pela figura:
233
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
▪ Bioma Karoo-Namibe;
▪ Bioma Afromontane;
6.3.3 Geosítios
234
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
raridade nos permitem conhecer a história geológica do nosso planeta, nomeadamente através
das rochas, minerais, fósseis ou geoformas. Para além deste enorme valor científico, os geosítios
podem também representar um enorme potencial turístico e educativo, daí a reiterada importância
do seu uso sustentável para usofruto de toda a comunidade (Magalhães, 2013).
De acordo com a convenção de Ramsar (1971), as zonas húmidas são áreas de pântano, charco,
turfa ou água natural ou artificial, permanente ou temporária, água corrente ou estagnada, doce,
salgada ou salobra, incluindo áreas de água marítima com menos de 6 metros de profundidade na
maré baixa (MINUA, 2002).
Os mangais fazem parte deste tipo de ecossistemas e cobrem cerca de 1.250 km² do território
angolano. Estes ecossistemas são caracterizados por altos níveis de produção biológica, constituem
locais de reprodução de peixes e outras espécies, e funcionam como barreiras naturais contra a
erosão costeira. As manchas mais expressivas de mangais concentram-se nos estuários dos rios Zaire
e Cuanza, encontrando-se também diversas manchas mais reduzidas nos estuários que se localizam
ao longo na zona costeira até à região do Lobito. Destaca-se a particularidade dos mangais da
laguna do Mussulo, que se encontram inteiramente sobre acção da água do mar.
235
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Para além dos Ecossistemas terrestres e das zonas húmidas, Estratégia e Plano de Acção Nacionais
para a Biodiversidade, refere que o território angolano é um dos mais ricos em termos de
biodiversidade marinha, possuindo uma enorme variedade e riqueza de ecossistemas aquáticos (de
águas interiores, costeiros e marinhos), considerando-se a sua extensa linha de costa 1.650 Km) de
grande importância para os processos ecológicos e pela fauna e flora que alberga.
Desaguam na costa angolana pelo menos 26 rios perenes. Parte destes rios espraiam-se por vastas
bacias hidrográficas, contribuindo para a existência de extensas florestas ribeirinhas e de zonas
húmidas que lhes estão associadas.
236
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Os importantes estuários dos rios Congo, Dande, Cuanza e Cunene, constituem a base para a
ocorrência de uma grande multiplicidade de espécies animais e vegetais, e são também de
extrema importância para a sobrevivência da população. São exemplos de ecossistemas de
grande importância biológica, ecológica e ambiental, os mangais que ocorrem na costa, e que
fornecem abrigo para variadíssimas espécies de peixes e crustáceos, com importância económica
e turística para o país (NBSAP, 2007-2012).
No que se refere à REN, esta deve ser considerada uma estrutura biofísica que integra o conjunto de
áreas, que pelo seu elevado valor ecológico, ou pela exposição e susceptibilidade perante riscos
naturais, deverão ser objecto de protecção especial, constituindo-se como uma restrição de
utilidade pública (a definir em legislação própria) (Magalhães et al., 2013).
Praias;
Tômbolos;
Sapais;
237
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Zonas adjacentes;
Dos elementos constituintes da REN destacam-se pela sua importância e dimensão no contexto
angolano as “Áreas de protecção do litoral”.
A costa angola é bastante extensa, com cerca de 1.650 Km, estendendo-se desde a foz do rio Zaire
até à foz do rio Cunene, e ainda a parte Norte da província de Cabinda. Abrange sete províncias:
Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Kwanza-sul, Benguela e Namibe, o que permite concluir enorme
importância da zona costeira, em termos económicos, tanto ao nível provincial como ao nível
nacional.
238
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Reitera-se que no litoral localizam-se muitas das grandes cidades angolanas como Benguela, Lobito,
Sumbe, Namibe e a capital Luanda, onde o crescimento urbano se tem intensificado nos últimos
anos.
O território angolano concentra, ainda, dos mais importantes centros de biodiversidade marinha e
uma das áreas mais produtivas em recursos haliêuticos no mundo. A particularidade das correntes
marítimas existentes ao longo da costa originam uma zona de distinta biodiversidade entre a parte
Nnorte e Ssul da costa de Angola. Os habitats marinhos e costeiros são bastante diversificados, e
incluem zonas de oceano aberto, ilhas, baías, estuários, mangais, lagunas, praias de areia, praias
rochosas pouco profundas.
Importa, por isso, prevenir e legislar a acção antrópica nestas zonas costeiras, no sentido de
acautelar os efeitos negativos, ao nível do ambiente e dos recursos naturais.
Angola integra espaços agrícolas de grande potencial económico, pela elevada fertilidade dos
seus solos e disponibilidade de água, áreas agrícolas de grande valor paisagístico e exemplos de
adequada gestão dos espaços rurais.
Segundo o REGA (2006) o país detém um enorme potencial agrícola, que se encontra na sua
maioria por explorar. Estima-se que aproximadamente 45% da área total do território nacional possui
aptidão agrícola, sendo que apenas 10% dos solos angolanos possuem alto potencial
iminentemente agrícola (já referido no tema dos Recursos Agrícolas, mas novamente reiterado).
239
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Perante este contexto, a Reserva Agrícola Nacional (RAN), deverá ser definida pelo conjunto das
áreas que em termos agro-climáticos, geomorfológicos e pedológicos apresentam a maior aptidão
para a actividade agrícola e integrar as áreas de reserva agrícolas já estabelecidas a nível
municipal (local).
Deverá constituir-se como uma restrição de utilidade pública de âmbito nacional que estabelece
um conjunto de condicionamentos à utilização não agrícola destes solos.
O principal objectivo deste instrumento é a protecção do solo, tendo em conta que este constitui
um recurso fundamental na produção de bens alimentares, fibras e madeiras, e ainda, na
regulação do ciclo da água e do carbono, e na manutenção da biodiversidade (Magalhães et al.,
2013).
O DPH é constituído pelo conjunto de áreas que pela sua natureza são considerados de interesse
público, e que pela sua importância justificam o estabelecimento de um regime de caracter
especial de protecção. As áreas que integram o DPH são, o domínio público marítimo, o domínio
público lacustre e fluvial e o domínio público das restantes águas, e integra no domínio público “as
águas territoriais com os seus leitos e os fundos marinhos contíguos, bem como os lagos, lagoas e
cursos de água navegáveis e flutuáveis, com os respectivos leitos” (Magalhães et al., 2013).
A Lei de Terras, Lei n.º 9/04 de 9 de Novembro, no Artigo 27º estabelece o seguinte para Terrenos
reservados: “São havidos como terrenos reservados ou reservas terrenos excluídos do regime geral
de ocupação, uso ou fruição por pessoas singulares ou colectivas, em função da sua afectação,
total ou parcial, à realização de fins especiais que determinaram a sua constituição.”
No ponto 3 do Artigo 27º é referido que as reservas podem ser totais ou parciais. Nas reservas totais
(Artigo 27º, ponto 4) não é permitida qualquer forma de ocupação ou uso, salvo a que seja exigida
para a sua própria conservação ou gestão, tendo em vista a prossecução dos fins de interesse
público. A constituição de reservas totais visa a protecção do meio ambiente, defesa e seguranças
nacionais, preservação de monumentos ou de locais históricos e promoção do povoamento ou do
repovoamento.
Nas reservas parciais são permitidas todas as formas de ocupação ou uso que não colidam com os
fins previstos no respectivo diploma constitutivo. As reservas parciais compreendem, as seguintes
áreas: leitos das águas interiores, do mar territorial, a plataforma continental, a faixa da orla marítima
240
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
e do contorno de ilhéus, baías e estuários, medida da linha das máximas preia-mares, observando
uma faixa de protecção para o interior do território, a faixa confinante com as nascentes de água e
a faixa de terreno de protecção no contorno de barragens e albufeiras.
A figura seguinte, referente à Carta Fitogeográfica de Angola (IGCA, 1970), representa a enorme
diversidade de vegetação e zonas fito-geográficas existentes no país, cuja caracterização e análise
não seria possível num estudo como este.
241
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
De acordo com este elemento cartográfico, existem 32 tipos de vegetação natural, que podem ser
divididos em dois grandes grupos, considerando a sua composição e distribuição geográfica
(MINUA, 2006): a Floresta Densa Húmida – que reveste o relevo acidentado da aba atlântica, desde
Cabinda até ao rio Balombo, com grande expressão no Alto Maiombe (norte de Cabinda) e nos
Dembos (Províncias de Uíge, Bengo e Kwanza Norte) e o Mosaico composto por Savana Guineense
– característico da parte setentrional do país, ocupando grande parte da zona húmida do território
nacional.
Aproximadamente dois terços das florestas altas situam-se nas províncias de Cabinda, Zaire e Uíge,
registando-se nas províncias do Bengo, Kuanza Norte e Kuanza Sul a ocorrência de florestas
ombrófilas especialmente nos terrenos de altitude. Trata-se de um sector com enorme potencial,
242
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
que recomeça agora a ser explorado, havendo por isso a necessidade de definir estratégias de
protecção destes recursos naturais.
Dados dos anos 70 referem que cerca de 86% da área plantada era constituída por eucaliptos que
se distribuíam por plantações da Companhia de Celulose e Papel de Angola, o Caminho-de-Fferro
de Benguela e do Caminho-de-Ferro de Luanda, e se localizavam sobretudo na zona do Planalto
Central.
O PAEA, (2006) refere a falta de estudos detalhados e cartografia actualizada sobre a vegetação
actual para todo o território, resultando a existente, em informação conflituosa reportada sobre a
dimensão e tendências da flora e outra cobertura vegetal no país.
1. Florestas húmidas – a par das florestas de Maiombe e Dembos ocupam cerca de 15.000
Km2;
243
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
7. Pradaria edáfica - As pradarias edáficas das vastas planícies aluviais e zonas húmidas
sazonais de Angola abrangem uma área bastante considerável. Devido às suas
condições edáficas, elas são pouco usadas para agricultura e continuam
relativamente não transformadas. Ocupam cerca de 110.945 Km2 o que corresponde a
8,8% do território angolano;
Como é referido em Moreira (2006) entre as várias ameaças à flora e vegetação angolana,
destaca-se a destruição de habitats, pelas queimadas, através do uso de lenha como combustível e
material de construção, e o corte de algumas espécies, pelo seu elevado valor económico, como
as medicinais, ornamentais e madeireiras.
A rica base de recursos naturais, ou "capital natural", de Angola, que originam excelentes condições
para a conservação da natureza e biodiversidade, sofreu as consequências de reiteradas práticas
de má gestão, também agravadas pelos efeitos da guerra que assolou o país.
244
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Os resultados destes processos, aliados à falta de respostas efectivas que os contrariem, culminam
na perda de espécies e biodiversidade, erosão do solo, poluição da água, esgotamento de recursos
pesqueiros, diminuição da produtividade agrícola e consequente perda de resiliência do território
face às alterações climáticas, e como já referimos, perda de preciosos benefícios para a população
que deles depende.
São várias as causas destes processos de degradação ambiental, estando de um modo geral
enraizadas na pobreza e no uso da lenha e do carvão como fontes primárias de energia para a
população rural e urbana (PAEA, 2006).
Visto que as temáticas abordadas no presente capítulo são transversais a várias áreas, e no sentido
de não tornar muito exaustivo o texto, considera-se a caracterização e análise dos Recursos
Agrícolas e Florestais realizada no capítulo 1, válida também para este capítulo.
Assim, desta breve análise e diagnóstico, destacam-se os principais problemas em causa, mitigáveis
através da delimitação da Estrutura Nacional Protecção e Valorização Ambiental, enquanto
instrumento de ordenamento do território e que será analisada em capítulo posterior, constituindo
um contributo muito importante para a sua colmatação, são eles:
245
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
m) Cultura itinerante;
n) Queimadas;
o) Desflorestação;
De referir, ainda, que como mais de 90% do território angolano se situa fora das áreas de protecção
ambiental, entendem-se que a conservação da biodiversidade na generalidade do território,
dependerá da introdução de medidas apropriadas relativas ao uso sustentável das áreas e recursos
naturais fora das áreas de protecção ambiental.
246
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
6.9.1 Estratégia e Plano de Acção Nacionais para a Biodiversidade (NBSAP), 2007- 2012
Com a aprovação deste Plano o Governo de Angola compromete-se de forma efectiva a cumprir
as recomendações da Convenção sobre a Diversidade Biológica, que no seu artigo 1º refere “ Os
objectivos da Convenção sobre a Diversidade Biológica a serem atingidos de acordo com as suas
disposições relevantes, são a conservação da diversidade biológica, o uso sustentável das suas
componentes e a partilha justa e equitativa dos benefícios que advêm do uso dos recursos
genéticos, inclusivamente através do acesso adequado a esses recursos e da transferência
apropriada das tecnologias relevantes, tendo em conta todos os direitos sobre esses recursos e
tecnologias, bem como através de financiamentos apropriados e adequados”.
Neste Plano é reconhecido o que ainda há por fazer para tornar real e eficaz a conservação e o uso
sustentável da biodiversidade, sendo por isso, definidas prioridades para este sector.
247
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
A análise seguinte foca as Áreas Estratégicas C e E, uma vez que a Área Estratégica D já foi
detalhada no tema dos Recursos Agrícolas.
A Área Estratégia C - Uso Sustentável das Componentes da Biodiversidade, define como importantes
intervenções estratégicas para a conservação de componentes importantes da biodiversidade, a
organização de uma gestão efectiva nas áreas de protecção ambiental existentes e a criação de
novas áreas.
Para cada Área Estratégica são formulados objectivos específicos para atingir o Objectivo Global,
referido inicialmente.
248
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
O Plano de Acção apresenta uma lista detalhada das acções para implementação e para atingir
os objectivos específicos que são os seguintes:
▪ C.3.3. Estudar com detalhe e atenção a situação das comunidades que passaram a
viver no interior e nas zonas adjacentes das áreas de protecção ambiental,
formulando para cada um dos casos o tratamento mais adequado a dar
249
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
250
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Fica patente, que a Estratégia e Plano de Acção Nacionais para a Biodiversidade constitui,
inegavelmente, um documento de enorme importância para as questões ambientais e da
biodiversidade, e traça uma série de objectivos e acções a ser implementados com vista ao
desenvolvimento sustentável estabelecido como uma meta nacional, e que se coaduna
perfeitamente com os objectivos que precedem a definição de uma Estrutura Nacional de
Protecção e Valorização Ambiental (ENPVA).
Constam deste documento uma série de directrizes com repercussões no ordenamento do solo rural
e no sector agrícola e florestal, que estão directamente relacionados com as questões da
Conservação da Natureza e da Biodiversidade. Este documento será analisado detalhadamente no
sub-capítulo dos recursos agrícolas e florestais, dada a maior especificidade das temáticas
abordadas, no entanto, realçamos aqui alguns pontos comuns às 2 temáticas.
"Espaços ambientais a proteger: A gestão dos espaços de valia ambiental é uma componente
importante de qualquer estratégia de desenvolvimento e ordenamento territorial. Seja na
perspectiva da conservação, para transmitir às gerações futuras, seja na perspectiva de os
251
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Este programa apresenta as áreas estratégicas de apoio e parceria PNUD ao Governo de Angola,
especificamente no apoio ao Ministério do Ambiente e ao Programa Nacional de Gestão Ambiental
(PNGA) e iniciativas afins.
Este programa tem um maior enfoque nas questões ambientais mas aborda também a área da
biodiversidade e áreas de conservação. Define os seguintes resultados esperados, que são de
grande relevância para a efectivação de uma estrutura como a ENPVA, são eles:
252
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
O PAEA faz também referência a novos projectos a realizar nas áreas da Biodiversidade, Mudanças
Climáticas e Degradação dos Solos, e mais relacionados com a temática em estudo, são referidos
dois projectos de grande relevância:
O Programa traça ainda o diagnóstico da situação actual de conservação das áreas protegidas de
Angola (como muito precária) e aponta alguns desequilíbrios preocupantes em termos ecológicos,
nomeadamente, “o desequilíbrio da representação de biomas e ecossistemas na rede das áreas
protegidas de Angola também constitui motivo de preocupação. Embora as savanas áridas e
sistemas de deserto estejam bem representados, as planícies, a escarpa, e florestas de montane,
que em conjunto incluem uma grande parte da biodiversidade de Angola, não têm protecção
formal. A rara, endémica e criticamente ameaçada avifauna destas florestas precisa de protecção
urgente. A área total de florestas de Afromontane em Angola é actualmente inferior a 400 ha –
separada por mais de 2 000 Km dos tipos de florestas relacionadas mais parecidas em Camarões,
leste da República Democrática do Congo e a escarpa Sul-africana”.
O PAEA, no capítulo dedicado ao contexto institucional e quadro legal, faz referência à importante
legislação recentemente produzida para a área ambiental, ao Programa Nacional de Gestão
Ambiental (PNGA) e à Política de Florestas, Fauna selvagem e Áreas de Conservação Tterrestres,
considerando-os importantes instrumentos para a defesa e promoção da biodiversidade e de
grande importância para se alcançar as metas estabelecidas de defesa e sustentabilidade do meio
ambiente.
253
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Ao nível nacional este projecto irá apoiar a criação e operacionalização do orgão responsável
pelas áreas de conservação, no seio do recentemente aprovado pelo Instituto Nnacional de
Biodiversidade e Áreas de Conservação (INBAC), este projecto irá apoiar:
Ao nível local, o projecto procurará reabilitar uma única área protegida – O Parque Nacional de
Iona, o maior Parque Nacional de Angola.
Este Programa traduz o compromisso do Governo de Angola no cumprimento de uma das metas
nacionais que é a promoção do desenvolvimento sustentável e consequente desenvolvimento e
bem-estar humano. Este Programa apresenta um conjunto de medidas legislativas do poder
executivo que conduzem a vida nacional para uma política ambiental de acordo com os princípios
do desenvolvimento sustentável.
O PNGA é um Plano de longo prazo, com um horizonte temporal de dez anos a contar da data da
aprovação em 2010. E fornece uma listagem detalhada de acções prioritárias, cada uma com
objectivos, actividades, medidas de verificação e cronogramas específicos.
A primeira fase do PNGA será mais focada na recolha de informação e planeamento de projectos,
desenvolvendo parcerias intersectoriais e mobilizando financiamentos, tanto ao nível nacional como
internacional. A fase de implementação requererá delegação de responsabilidades aos níveis
provincial e local, contando com forte participação da sociedade civil. As parcerias incluirão o
sector privado e outras agências internacionais.
254
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
▪ Promover controlos ambientais nas actividades que usam os recursos naturais ou que
possam causar algum dano ao meio ambiente, desenvolvendo os requeridos
instrumentos legais, técnico e administrativos para a política e gestão ambiental;
255
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
▪ “Exploração da madeira;
▪ Exploração petrolífera;
▪ Mineração;
▪ Indústria;
▪ Caça furtiva;
Implementação da CITES
256
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Esta recente (2010) política nacional abarca todos os aspectos da conservação da natureza,
utilização sustentável das florestas e biodiversidade de Angola. É um instrumento jurídico de vital
importância para o alcance da meta do PAEA.
Colmata uma série de lacunas na legislação herdada do período colonial, e ainda em vigor, mas
sem qualquer implementação efectiva.
257
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
258
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
As Metas e Medidas de Implementação são categorizadas temporalmente em: Curto Prazo – até 3
anos; Médio Prazo – 3 a 5 anos; Longo Prazo – 5 a 10 anos.
MEDIDAS A INTEGRAR NO ÂMBITO DO ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO PARA A CONSERVAÇÃO DA NATUREZA A NÍVEL NACIONAL
259
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
MEDIDAS A INTEGRAR NO ÂMBITO DO ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO PARA A CONSERVAÇÃO DA NATUREZA A NÍVEL NACIONAL
260
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
261
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Morro do Moco;
• Desenvolver nichos turísticos e de
actividades terciárias.
262
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
pecuárias e silvícolas;
• Aposta na promoção e reabilitação do necessidades locais
património histórico-cultural; em lenha e criar
• Revitalização do Jardim Botânico e da biomassa lenhosa
imagem de cidade-jardim de N´Dalatando; para os
aglomerados mais
• Aposta na extensão rural e na formação das
próximos - (Planalto
comunidades locais;
de Camabatela);
• Reabilitação das fileiras do café e palmar e
introdução de novas culturas (ou
reintrodução de culturas abandonadas,
como girassol, soja, ananás e outras
fruteiras).
• Inventariação dos recursos e valores naturais • Reabilitação das fileiras do café e da
e paisagísticos; palmicultura;
• Realizar e divulgar estudos sobre os habitats • Elaborar Plano de Ordenamento da Orla
e ecossistemas presentes no território da Costeira.
Província, nomeadamente, a floresta
Afromontana;
• Valorizar as potencialidades turísticas:
Kwanza-Sul
263
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
à cidade de Saurimo;
• Criação de uma Reserva Natural, em
aprovação, na Comuna do Sumbe,
Município de Saurimo;
• Criação de novos polígonos florestais;
• Valorizar o potencial turístico e de
protecção das espécies existentes.
• Elaborar o Plano de Ordenamento e • Recuperar a fileira de algodão e
Gestão do Parque Natural de Cangandala; indústrias alimentares (arroz e óleo);
• Assegurar o funcionamento da Estação • •Explorar nichos específicos de
Agronómica; actividades turísticas;
Malange
264
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
6.11 SÍNTESE
265
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
266
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
7.1 INTRODUÇÃO
Tendo em conta a importância crescente que as questões relacionadas com o Ambiente e com os
valores de Sustentabilidade Ambiental e Paisagística, assumem actualmente, constituindo-se como
objectivos centrais na área do planeamento, torna-se fundamental a definição de uma Estrutura
Ecológica que funcione como suporte territorial de base, para o desenvolvimento sustentável das
actividades do território (PROTOVT, 2009).
A ENPVA deverá representar uma estrutura territorial que integre o modelo de desenvolvimento
preconizado para o território, e que seja considerada uma parte estruturante do mesmo. A sua
definição passa por uma atitude de análise e proposta integrada, uma vez que se trata de matéria
transversal a todas as funções e recursos territoriais (PROTOVT, 2009).
Deverá ser entendida como uma estrutura multifuncional que apresenta diferentes objectivos de
protecção de áreas para a conservação da natureza, preservação da biodiversidade e recursos
hídricos, recreio e lazer, articulação com a rede urbana, apoio ao turismo, entre outros.
267
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
▪ Valorização da propriedade;
268
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
A ENPVA, como tem carácter nacional deverá ser definida ao nível dos Planos Nacionais
como o PPOTN - Principais Opções de Ordenamento do Território Nacional, ou outros
Planos com a mesma abrangência territorial.
A sua definição ao nível das províncias deverá ser feita em sede de Plano Provincial de
Ordenamento do Território (PPOT), ou de Plano Inter-Provincial de Ordenamento do Território (PIPOT),
tomando aqui a designação de Estrutura Regional de Protecção e Valorização Ambiental (ERPVA).
Ao nível municipal toma a designação de Estrutura Ecológica Municipal (EEM), e é composta por
um conjunto de áreas que, pelas suas características biofísicas ou culturais, da sua continuidade
ecológica e do seu ordenamento, têm por função principal contribuir para o equilíbrio ecológico e
para a protecção, conservação e valorização ambiental e paisagística dos espaços rurais e
urbanos.
É identificada e delimitada nos Planos Directores Municipais, de modo a que haja a um instrumento
de Ordenamento do Território que permita a sua delimitação e consequente protecção, e se
promova um desenvolvimento sustentável das várias componentes do território.
De acordo com a Lei de Base do Ambiente, (Lei n.º 5/98, de 19 de Junho), a Biodiversidade - ou
diversidade biológica - é entendida como a variabilidade entre os organismos vivos de todas as
origens, incluindo os dos ecossistemas terrestres, marinhos, aquáticos, assim como os complexos
ecológicos dos quais fazem parte. Compreende a diversidade dentro das espécies, entre as
espécies e dos ecossistemas.
A Biodiversidade tem uma importância crucial para a espécie humana e em particular para as
comunidades locais, uma vez que aproximadamente 40% da economia mundial e 80% das
necessidades dos povos dependem dos recursos biológicos existentes e disponíveis.
269
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
A (ENPVA) é uma rede de base ecológica, que por definição promove e salvaguarda a
Biodiversidade. Pode ser definida para todo o território angolano, partindo do nível nacional, para o
regional, traduzindo uma (ERPVA), e para o municipal, onde assume a designação de (EEM).
A ENPVA “consiste no conjunto de áreas com valores naturais e sistemas fundamentais para a
protecção e valorização ambiental, tanto na óptica do suporte à vida natural como às actividades
humanas” (PROT-N, 2008). Tem como objectivo garantir em cada território a manutenção, a
funcionalidade e a sustentabilidade dos sistemas biofísicos (ciclos da água, do carbono, do azoto),
assegurando, assim, a qualidade e a diversidade das espécies, dos habitats, dos ecossistemas e das
paisagens.
A ENPVA deve contribuir para o estabelecimento de conexões funcionais e estruturais entre as áreas
consideradas nucleares do ponto de vista da conservação dos recursos, no sentido de contrariar e
prevenir os efeitos da fragmentação e artificialização dos sistemas ecológicos, garantido a
continuidade dos serviços providenciados pelos mesmos, nomeadamente: aprovisionamento (água,
alimento), produção (agrícola, pecuária, florestal, entre outras), regulação (clima, qualidade do ar),
culturais (recreio, educação), científicos (produção e divulgação desconhecimento) e suporte
(fotossíntese, formação do solo).
Nesse sentido, a ENPVA deve garantir a existência de uma rede de conectividade entre os
ecossistemas presentes. Esta rede de conectividade tem como objectivo principal contribuir para
uma maior resiliência dos habitats e das espécies, face a questões tão prementes, como as
previsíveis alterações climáticas, possibilitando as adaptações necessárias aos sistemas biológicos
para assegurarem as suas funções (Oliveira et al., 2012).
270
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Esta estrutura deverá, ainda, assegurar a perenidade de sistemas humanizados que ocorram no
espaço rural, e que se evidenciem na paisagem local e regional, na medida em que estes
constituem um bom exemplo de uma gestão coerente e compatível com a preservação do
património natural e cultural.
Subjacente à definição da ENPVA estão conceitos como os de Estrutura Ecológica. Esta Estrutura
deverá ser considerada como um recurso territorial, à semelhança dos recursos e valores naturais,
das áreas agrícolas e florestais, devendo ser considerada, delimitada e implementada nos vários
Instrumentos de Gestão Territorial, nomeadamente ao nível nacional, regional e municipal
(Magalhães et al., 2013).
Outros conceitos inerentes à definição da ENPVA são a Resiliência Ecológica e o de Serviços dos
Ecossistemas.
O conceito de Resiliência é definido como a capacidade de resposta dos sistemas naturais, aos
distúrbios e alterações que ocorrem, sem comprometerem o seu funcionamento e estrutura iniciais
(Ahern, 2011; Walker e Salt, 2006). A resiliência ecológica está, deste modo, ligada à adaptação e
redução da vulnerabilidade.
O mesmo autor (Ahern, 2011), argumenta que a Resiliência, com toda a sua complexidade, constitui
um poderoso desafio para o planeamento da sustentabilidade do território.
Turner et al (2008), define Serviços dos Ecossistemas como os aspectos dos ecossistemas que
providenciam benefícios para a população. Benefícios esses, com valor ecológico, socio-cultural e
económico (Constanza et al., 1997; de Groot et al., 2002), que podem traduzir-se em bens ou
serviços, com caracter público ou privado (exemplo de alimento, regulação da qualidade
ambiental, qualidade estética, entre outros ) e designados muitas vezes como “capital natural” (de
Groot, 2006).
De acordo com este autor, estes bens e serviços ecossistémicos, entendidos como fluxos de
benefícios para a sociedade, dependem directamente da capacidade da componente biofísica
da paisagem prestá-los com qualidade e da procura que os mesmos têm por parte da sociedade,
para suprir as suas necessidades, sendo por isso necessário estabelecer um equilíbrio entre estes dois
271
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
A ENPVA tem por base os elementos mais representativos das áreas de interesse para a
conservação da natureza e biodiversidade. Deverá ser constituída por Áreas Nucleares e Áreas de
Conectividade Ecológica/Corredores Ecológicos.
As Áreas Nucleares da ENPVA deverão integrar as áreas protegidas de âmbito nacional e outras
áreas classificadas, que no seu conjunto, asseguram um corredor de ligação funcional. Estas áreas
deverão comportar-se como um elemento estruturante fundamental do território, reunindo a esta
escala nacional áreas estratégicas e representativas de todo o sistema de protecção e valorização
ambiental (PROT-N, 2009).
As Áreas de Conectividade ou Corredores Ecológicos, são definidas por áreas que estabelecem a
conexão entre as várias áreas nucleares, e são constituídas pela rede hidrográfica de maior
expressão (principal), pelos habitats naturais e pelos habitats considerados de maior qualidade
(habitats cuja estabilidade no tempo oferece maior garantia de viabilidade e que traduzem
sistemas equilibrados de utilização do solo e de regulação dos ciclos da água e da matéria
orgânica). Deverão integrar as áreas de protecção do litoral e áreas de ligação entre áreas
nucleares.
Em suma, a ENPVA deverá constituir-se como uma estrutura que promova a continuidade entre
áreas de elevado valor ecológico, que contrarie os efeitos da fragmentação dos sistemas e garanta
a continuidade dos serviços providenciados pelos mesmos (Oliveira et al., 2002).
Assim, e tal como foi descrito no capítulo relativo à Conservação da Natureza e Biodiversidade,
consideram-se as seguintes áreas para integrar a ENPVA:
▪ ÁREAS NUCLEARES
272
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
▪ ÁREAS DE CONECTIVIDADE
A dimensão ambiental desta estrutura pressupõe que o território seja entendido como um sistema
integrado, em que se pretende proteger e recuperar as funções naturais dos ecossistemas,
promovendo um desenvolvimento que assenta na diversidade ecológica e que deverá traduzir-se
em benefícios sociais e económicos, tanto em contexto urbano como rural.
A ENPVA não tem neste momento nenhuma figura legal que a suporte, lacuna que poderá a vir ser
corrigida futuramente, no entanto e para já, o quadro legislativo nacional existente fornece um
enquadramento legal bastante consistente onde se antevê os pilares para a delimitação deste tipo
de Estrutura.
273
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
▪ Lei de Bases do Desenvolvimento Agrário, Lei n.º 15/05 de 7 de Dezembro, que prevê
a delimitação da RAN, que constitui uma das componentes da Estrutura de
Protecção e Valorização Ambiental, delimitada a todos os níveis territoriais,
nomeadamente ao nível nacional integra a ENPVA, ao nível provincial a ERPVA e à
escala do município, a (EEM);
274
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
▪ Áreas elevadas de solos com capacidade de se tornarem férteis com escassos inputs
para o sistema edáfico.
A criação de uma Rede de Protecção e Valorização Ambiental, visa contrariars aspectos menos
favoráveis associados a:
▪ Desmatamentos e queimadas;
Como foi referido anteriormente, a definição da ENPVA deverá servir de base à definição das
grandes linhas de política para a valorização e conservação dos recursos naturais e paisagísticos
(PROT-N, 2008).
275
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
A existência de uma estrutura como a ENPVA pressupõe um complexo quadro legal e meios de
monitorização e avaliação do território e da concretização das políticas definidas de modo a
prevenir e acautelar, problemas de ocupação indevida do solo que conduzem a problemas de
ordenamento do território, tais como:
276
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
A queima dos resíduos sólidos praticada em todas as províncias, não apenas pela população em
geral mas também por algumas pequenas empresas e até por grandes companhias, está
igualmente associada a emissões poluentes. O mau cheiro resultante da acumulação de resíduos
sólidos e líquidos em determinados locais, como bairros de natureza expontanea, também é factor
de deterioração da qualidade do ar.
As queimadas para a agricultura são outra prática comum,também responsável por emissões
atmosféricas. Em determinadas épocas do ano as queimadas ocorrem em muitas zonas do país e
quando são descontroladas são também associadas à desflorestação. Não houve ainda qualquer
estudo sobre o seu impacte.
Elevadas temperaturas;
277
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Estima-se que a qualidade do ar seja boa em grande parte do seu território. Todavia, existe a
necessidade de conhecer a realidade sobre as emissões atmosféricas, de avaliar o estado da
qualidade do ar e de realizar estudos do seu impacte na saúde pública, principalmente a nível
urbano e na vizinhança das explorações petrolíferas. Até porque, dada a expectativa de
desenvolvimento económico, industrial e urbano, estima-se que a vulnerabilidade para o
agravamento da qualidade do ar seja elevada, podendo vir a ser necessário tomar medidas.
8.2.1 Qualidade do Ar
278
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Em suma, atualmente não existe informação e dados disponíveis que permitam de facto conhecer
a realidade sobre o território em matéria de poluição atmosférica, de qualidade do ar e de emissão
de gases com efeito de estufa. É necessário realizar estudos e aprofundar os conhecimentos sobre
esta matéria, bem como desenvolver políticas, estratégias, planos e programas de ação e um
quadro legislativo específico.
Actualmente é possível identificar-se várias fontes de gases com efeito de estufa de origem
humana, sendo que muitas delas estão na base da satisfação das necessidades energéticas da
população. Estas necessidades básicas estão essencialmente ligadas a produção de energia fóssil e
de biomassa. A primeira é altamente insustentável pois introduz na atmosfera gases com efeito de
estufa e a segunda, apesar de ser renovável, contribui para a perda da diversidade biológica e
279
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
introduz igualmente gases com efeito de estufa na atmosfera, principalmente o dióxido de carbono
(CO2).
As outras actividades que podem ter localmente um impacte sobre a alteração dos principais
parâmetros do clima e contribuir para o aquecimento global do clima incluem os processos de
desflorestação, a queima do gás associado a produção de petróleo, os sistemas de transportes que
privilegiam o transporte individual ao colectivo, a produção de energia a partir de combustíveis
fósseis, determinadas práticas agrícolas e as queimadas incontroladas.
O impacte sobre o ambiente natural e sobre a saúde pública destas actividades é considerável,
não tendo sido ainda devidamente quantificado a nível nacional.
De acordo com os dados do United Nations Development Programme (UNDP) – Climate Change
Country Profiles (McSweeney et al., 2010) relativos às alterações climáticas, verifica-se para o
território nacional, no que respeita à temperatura:
O aumento registado tem sido mais acentuado no inverno, com 0,47ºC por década e, mais
lento no verão, com 0,22ºC por década;
As previsões do Global Climate Model (GCM) mencionadas na ficha de Angola do UNDP Climate
Change Country Profiles (McSweeny et al., 2010), indicam alterações futuras nos padrões climáticos
280
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
A temperatura média tenderá a aumentar entre 1,2ºC e 3,2ºC até 2060 e entre 1,7ºC a 5,1ºC
até 2090;
As projecções indicam que o ritmo de aumento da temperatura será mais rápido nas zonas
interiores de Angola e mais lento nas zonas costeiras;
As projecções indicam que no máximo 1-5 dias de chuvas pode aumentar em magnitude
em Dezembro – Janeiro - Fevereiro e Março – Abril - Maio.
281
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
O UNDP – Climate Change Country Profiles (McSweeney et al., 2010) menciona ainda que as zonas
costeiras de Angola podem ser vulneráveis à subida do nível médio do mar. Os modelos climáticos
projectam para estas zonas, para 2090, uma subida de:
0,13 a 0,43 m com o cenário SRES (Special Report on Emission Scenarios) B1 (rápido
crescimento económico, introdução de tecnologia amiga do ambiente e mais eficiente);
0,16 a 0,53 m com o cenário SRES A1B (rápido crescimento económico, rápida disseminação
de tecnologias novas e eficientes, uso equilibrado de energia usando todas as fontes);
0,18 a 0,56 m com o cenário SRES A2 (nações confiando na produção interna, aumento
contínuo da população, economia orientada regionalmente).
Estes resultados indicam que, mesmo considerando o pior cenário de subida do nível médio do mar,
verificar-se-á um aumento de 0,56 m ao longo de um período de 80 anos, o que se traduz em cerca
de 0,7 cm por ano ao longo de oito décadas.
Em traços globais, o fenómeno das alterações climáticas poderá assumir alguma relevância
fundamentalmente no que concerne ao aumento da temperatura media e a alteração dos
padrões de precipitação.
Outra preocupação consiste no impacte que, mesmo as alterações médias menores, podem ter na
frequência e intensidade de eventos extremos - cheia ou seca.
De especial preocupação é o facto das alterações climáticas serem mais severas para as
populações pobres. Tanto nas zonas rurais como urbanas, a maioria das comunidades vulneráveis
são mais dependentes dos bens e serviços dos ecossistemas, enquanto o rico urbano pode adaptar-
se às crises adquirindo bens e serviços importados, pelo que sofreriam os impactes das alterações
climáticas de forma mais severa. Também são mais vulneráveis a doenças, como a malária, que
282
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
propagam mais rapidamente em condições mais quentes, ou doenças de origem hídrica, tais como
a cólera, que se propaga durante os eventos de cheias.
De âmbito nacional não existe legislação específica que regulamente a Qualidade do Ar, à
excepção de alguns diplomas relacionados com as Alterações Climáticas.
Dado que o país ratificou a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas,
que tem como objectivo a estabilização das concentrações na atmosfera de gases com efeito de
estufa, a Convenção de Viena para a Protecção da Camada de Ozono e o Protocolo de Montreal
relativo às Substâncias que Empobrecem a Camada de Ozono, estes são os únicos instrumentos
jurídicos sobre esta matéria.
Angola integra os países Partes do Protocolo não incluídos no Anexo I da Convenção, os quais não
têm obrigações de limitação ou de redução, por se tratarem de países em desenvolvimento, nos
quais o custo de redução, tendo em conta o potencial de crescimento da economia, seria
impeditivo de políticas de crescimento económico. Para estes países, a implementação do
Protocolo de Quioto passa pela aplicação dos mecanismos flexíveis deste Protocolo (a
Implementação Conjunta, o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo e o Comércio Internacional de
Emissões), que servem para apoiar os países desenvolvidos no cumprimento dos seus compromissos
e metas, assim como, envolver os países em vias de desenvolvimento no alcance do
desenvolvimento sustentável e dos objectivos do Protocolo.
283
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Desde 15 de Junho de 2011 que se encontra em vigor o regulamento sobre as regras de produção,
importação, exportação e reexportação de substâncias, equipamentos e aparelhos possuidores de
substâncias destruidoras da camada de ozono, nomeadamente Decreto Presidencial n.º 153/11. A
República de Angola não é um país produtor de substâncias destruidoras da camada de ozono, por
conseguinte as suas preocupações são provenientes de importações. Atualmente, das nove
substâncias regulamentadas pelo Protocolo de Montreal, Angola só consome fluidos refrigerantes
pertencentes à família dos hidroclorofluorcarbonos (HCFCs), no sistema de refrigeração e ar
condicionado.
Está em curso o Programa Nacional de Eliminação Progressiva dos Hidroclorofluorcarbonos, que visa
a redução faseada destas substâncias e que tem como meta final a eliminação, até 2030, e uma
primeira fase de redução em 10% até 2015, no sentido de cumprir com o estipulado no calendário
de eliminação de gases destruidores da camada de ozono pelo Protocolo de Montreal.
A estratégia nacional de eliminação progressiva dos HCFCs foi elaborada com base no
levantamento e compilação de dados, relativos ao uso e consumo de fluidos refrigerantes,
pertencentes a esta família nos sectores de refrigeração e ar condicionado, em 7 províncias, a
referir: Benguela, Cabinda, Huambo, Huíla, Cuanza Sul, Luanda e Namibe que apresentam o sistema
de refrigeração mais organizado ao nível nacional.
Mais recentemente foi aprovado o Plano Estratégico das Novas Tecnologias Ambientais, através do
Decreto Presidencial n.º 88/13, de 14 de Junho. Este plano reconhece a necessidade de se
promover e implementar novas tecnologias ambientais em Angola e, concretamente para o sector
industrial, considerado o sector de atividade da economia com maior ónus na poluição verificada,
o objetivo de suportar a aplicação de tecnologias que mitiguem a poluição originada neste sector.
Tendo por foco a poluição atmosférica, considera a realização de relatórios orientados para a
implementação de um programa de qualidade do ar.
Dentro do quadro jurídico do ambiente refere-se também o decreto sobre a Avaliação de Impacte
Ambiental (Decreto n.º 51/04, de 23 Julho), uma vez que é um instrumento cujo objectivo é o de
aferir os efeitos ambientais que determinados projectos possam ter sobre o ambiente, onde se insere
284
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Em adição, refere-se igualmente o decreto sobre o Licenciamento Ambiental (Decreto n.º 59/07, de
13 Julho) em que da licença ambiental devem constar, entre outras coisas, os documentos de
referência sobre os melhores métodos e técnicas aplicáveis ao exercício da actividade licenciada,
as medidas necessárias ao cumprimento da protecção do ar e os valores limite de emissão para as
substâncias poluentes, susceptíveis de serem emitidas ao longo do exercício da actividade e, o
decreto sobre Auditorias Ambientais (Decreto n.º 1/10, de 13 Janeiro) em que as actividades
susceptíveis de provocarem danos ao ambiente, submetidas a avaliação de impacte ambiental,
são igualmente sujeitas à auditoria ambiental.
Para completar o quadro legislativo de preservação do ambiente e de uso sustentável dos recursos
de diversidade biológica, está em curso de elaboração/aprovação a Lei sobre os Crimes
Ambientais, a regulamentação sobre Auditorias Ambientais, assim como, a Lei sobre as Florestas,
Fauna Selvagem e Áreas de Conservação, que se vêem juntar há Lei de Bases do Ambiente (Lei n.º
5/98, de 19 Junho).
Considerando o carácter transversal das questões ambientais, menciona-se ainda outros diplomas
que estabelecem normas e princípios no sector produtivo e organizacional, contribuindo deste
modo para a protecção ambiental e, consequentemente, para a protecção da qualidade do ar: a
Lei de Terras, a Lei das Florestas, a Lei de Bases do Desenvolvimento Agrário, a Lei do Ordenamento
do Território e Urbanismo, a Lei das Actividades Petrolíferas e o respectivo Decreto sobre a Protecção
do Ambiente nas Actividades Petrolíferas.
285
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
POTENCIALIDADES FRAGILIDADES
286
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
287
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
288
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
AMEAÇAS OPORTUNIDADES
Âmbito Nacional Âmbito Nacional
▪ Défice de produção de energia face ▪ Melhoria ambiental e da saúde pública;
às necessidades de consumo ▪ Nova geração de líderes com
industrial e doméstico, sensibilidade e governação ambiental;
comprometendo objectivos de ▪ Formação de quadros nacionais,
desenvolvimento; criação de “know-how” e de emprego;
▪ Aumento das emissões de GEE pelos ▪ Envolvimento de entidades do sistema
sectores agrícola, industrial, científico e tecnológico;
energia/transportes, resíduos e águas ▪ Transferir habilidades de ONG´s para o
residuais; sector governamental;
▪ Aumento da poluição atmosférica ▪ Criar base de dados relativa às fontes
nos principais eixos urbanos devido emissoras e poluentes atmosféricos;
ao aumento do uso de transporte ▪ Criar uma rede de monitorização da
individual e, consequentemente, qualidade do ar nas principais cidades;
aumento do tráfego; ▪ Dispor e implementar políticas e
▪ Aumento da intensidade de legislação apropriada ao nível da
fenómenos climáticos adversos: qualidade do ar e eficiência energética;
precipitação torrencial, cheias, ▪ Dispor de imposições legais ao nível das
temperaturas elevadas, secas; emissões atmosféricas para instalação
▪ Degradação generalizada da de unidades industriais;
qualidade ambiental; ▪ Dispor e implantar políticas ao nível da
▪ Desequilíbrio nos sistemas físicos e gestão de resíduos e das águas
biológicos; residuais;
▪ Alterações na diversidade e ▪ Dispor e implantar políticas de
distribuição de habitats e espécies; preservação e gestão sustentável das
▪ Desflorestação e degradação dos zonas naturais e florestas;
solos; ▪ Desenvolver iniciativas de combate à
▪ Território mais susceptível ao desertificação e às alterações climáticas
fenómeno da desertificação; a nível nacional;
▪ Redução da capacidade de ▪ Estabelecer formas eficazes de cumprir
sequestro de carbono; os objectivos estabelecidos no Protocolo
▪ Maior risco de incêndios e de agentes de Quito relativos às emissões de GEE
bióticos nocivos (pragas, doenças) (licenças de emissão);
potenciados pelas alterações ▪ Implementar programas de gestão das
climáticas; florestas com vista a contribuir de forma
▪ Efeitos negativos no sector agrícola e efectiva para a atenuação dos efeitos
florestal; das alterações climáticas, por via do
▪ Efeitos negativos na saúde pública. aumento da mancha florestal nacional,
e da consequente redução das
emissões de CO2;
▪ Atribuir importância crescente à floresta
Âmbito Municipal no contexto das políticas nacionais
▪ Elevada pressão urbana e industrial; relacionadas com a diversificação das
289
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
290
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Após a realização da Análise SWOT o passo seguinte é o da definição das metas e desenho das
acções, ou seja, medidas concretas a implementar para garantir que as metas definidas sejam
alcançadas.
Atendendo a que o Governo lançou nas últimas décadas alguns documentos relacionados com o
Ambiente e as Alterações Climáticas, nos quais foram inumeradas metas e medidas a implementar,
optou-se por mencionar esses documentos, uma vez que, por um lado, muitas dessas
metas/medidas encontram-se ainda por implementar e, por outro, a realidade sobre estas matérias
permanece ou mesmo intensificou-se.
Assim, propõe-se que seja tido em conta o proposto nos seguintes documentos:
291
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Plano Estratégico das Novas Tecnologias Ambientais (2012-2017) - define as linhas de força
para o uso e implementação das novas tecnologias de protecção do ambiente junto dos
sectores de importância estratégica, tais como: urbanismo e construção, agricultura e
florestas, indústria, energia e águas, petróleos, transportes e geologia e minas.
8.7 TENDÊNCIAS
292
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
9. FICHAS DE INDICADORES
Para o presente capítulo desenvolveu-se fichas de indicadores que versão a seguintes temáticas:
Estrutura Rural
293
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
▪ Emissões atmosféricas
▪ Indústria pesada
▪ Precipitação
▪ Índice de qualidade do ar
▪ Queimadas agrícolas
▪ Temperatura
▪ vento
294
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
TEMA
Sub-Tema: Recursos Agrícolas
ESTRUTURA RURAL
Contexto Nacional, Provincial e Municipal
espacial de
Avaliação
Relevância Elevada
Gráfico de Evolução
Unidade
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
ANÁLISE SUMÁRIA:
295
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
TEMA
Sub-Tema: Recursos Agrícolas
ESTRUTURA RURAL
Contexto Nacional, Provincial e Municipal
espacial de
Avaliação
Relevância Elevada
Gráfico de Evolução
Unidade
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
ANÁLISE SUMÁRIA:
296
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
TEMA
Sub-Tema: Recursos Agrícolas
ESTRUTURA RURAL
Contexto Nacional, Provincial e Municipal
espacial de
Avaliação
Relevância Elevada
Gráfico de Evolução
Unidade
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
ANÁLISE SUMÁRIA:
297
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
TEMA
Sub-Tema: Recursos Agrícolas
ESTRUTURA RURAL
Contexto Nacional, Provincial e Municipal
espacial de
Avaliação
Relevância Elevada
Gráfico de Evolução
Unidade
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
ANÁLISE SUMÁRIA:
298
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
ESTRUTURA RURAL
Contexto Provincial e Municipal
espacial de
Avaliação
Relevância Elevada
Gráfico de Evolução
Unidade
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
ANÁLISE SUMÁRIA:
299
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
TEMA
Sub-Tema: Recursos Florestais
ESTRUTURA RURAL
Contexto Provincial
espacial de
Avaliação
Relevância Elevada
Gráfico de Evolução
Unidade
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
ANÁLISE SUMÁRIA:
300
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
TEMA
Sub-Tema: Recursos Florestais
ESTRUTURA RURAL
Contexto Nacional, Provincial e Municipal
espacial de
Avaliação
Relevância Elevada
Gráfico de Evolução
Unidade
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
ANÁLISE SUMÁRIA:
301
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
TEMA
Estrutura Nacional de Protecção e Valorização Ambiental
Sub-Tema:
(ENPVA)
AMBIENTE
Contexto
espacial de Provincial
Avaliação
Relevância Média
Fontes:
MINAMB, Planos Provinciais, Estudos, Universidades
Gráfico de Evolução
Unidade
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
ANÁLISE SUMÁRIA:
302
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
TEMA
Estrutura Nacional de Protecção e Valorização Ambiental
Sub-Tema:
(ENPVA)
AMBIENTE
Contexto
espacial de Provincial e Municipal
Avaliação
Relevância Elevada
Fontes:
MINAMB, Planos Provinciais e Planos Directores Municipais
Gráfico de Evolução
Unidade
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
ANÁLISE SUMÁRIA:
303
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
TEMA
Estrutura Nacional de Protecção e Valorização Ambiental
Sub-Tema:
(ENPVA)
AMBIENTE
Contexto
espacial de Provincial
Avaliação
Relevância Média
Fontes:
MINAMB, Planos Provinciais, Estudos, Universidades
Gráfico de Evolução
Unidade
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
ANÁLISE SUMÁRIA:
304
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
TEMA
Estrutura Nacional de Protecção e Valorização Ambiental
Sub-Tema:
(ENPVA)
AMBIENTE
Contexto
espacial de Provincial, Municipal
Avaliação
Relevância Elevada
Fontes:
MINAMB, Planos Provinciais e Planos Directores Municipais
Gráfico de Evolução
Unidade
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
ANÁLISE SUMÁRIA:
305
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
TEMA
Sub-Tema: Qualidade do Ar
AMBIENTE
A determinação das emissões das diversas fontes deve ser feita,
sempre que possível, com recurso a medições reais. Quando a
medição direta e exaustiva destas emissões não é exequível,
deve-se recorrer a inventários de emissão. Um inventário de
Metodologia: emissões é uma listagem das quantidades de poluentes lançadas
na atmosfera pelas principais fontes poluentes identificadas,
numa dada área e intervalo de tempo. Consoante a fonte em
causa, procede-se ou ao cálculo das emissões com base na
informação disponibilizada pelas fontes selecionadas ou à
Relevância Elevada
Gráfico de Evolução
Unidade
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
ANÁLISE SUMÁRIA:
306
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
TEMA
Sub-Tema: Qualidade do Ar
Contexto
AMBIENTE
espacial de Nacional, Provincial e Municipal
Avaliação:
Relevância: Elevada
Gráfico de Evolução
Unidade
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
ANÁLISE SUMÁRIA:
307
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
TEMA
Sub-Tema: Alterações Climáticas
Contexto
espacial de Nacional, Provincial e Municipal
Avaliação
O cálculo deste indicador, segundo o Protocolo de Montreal,
envolve o total da produção nacional de HCFCs, acrescido do
AMBIENTE
total importado e deduzido do total exportado e destruído.
Como Angola não produz HCFCs, o calculo deverá ser feito
através do somatório do total das importações menos o
Metodologia: somatório do total das exportações e das destruições de HCFCs.
O cálculo é feito considerando todas as substâncias em
toneladas de PDO, o que permite uma comparação entre os
países.
Consumo total HCFCs (ton. PDO) = total quantidade importada –
total quantidade exportada – quantidade total destruída
Relevância: Elevada
Gráfico de Evolução
Unidade
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
ANÁLISE SUMÁRIA:
308
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
TEMA
Sub-Tema: Qualidade do Ar
Contexto
AMBIENTE
espacial de Municipal
Avaliação
Relevância Elevada
Gráfico de Evolução
Unidade
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
ANÁLISE SUMÁRIA:
309
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
TEMA
Sub-Tema: Qualidade do Ar
Indicador: Precipitação
Contexto
espacial de Nacional, Provincial e Municipal
AMBIENTE
Avaliação
Relevância Moderada
Gráfico de Evolução
Unidade
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
ANÁLISE SUMÁRIA:
310
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
TEMA
Sub-Tema: Qualidade do Ar
Contexto
espacial de Nacional, Provincial e Municipal
AMBIENTE
Avaliação
Relevância Elevada
Gráfico de Evolução
Unidade
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
ANÁLISE SUMÁRIA:
311
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
TEMA
Sub-Tema: Qualidade do Ar
Contexto
espacial de Nacional, Provincial e Municipal
AMBIENTE
Avaliação
Relevância Elevada
Gráfico de Evolução
Unidade
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
ANÁLISE SUMÁRIA:
312
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
TEMA
Sub-Tema: Qualidade do Ar
Indicador: Temperatura
Contexto
AMBIENTE
espacial de Nacional, Provincial e Municipal
Avaliação
Relevância Moderada
Gráfico de Evolução
Unidade
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
ANÁLISE SUMÁRIA:
313
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
TEMA
Sub-Tema: Qualidade do Ar
Contexto
espacial de Nacional, Provincial e Municipal
AMBIENTE
Avaliação
Relevância Elevada
Gráfico de Evolução
Unidade
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
ANÁLISE SUMÁRIA:
314
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
TEMA
Sub-Tema: Qualidade do Ar
Indicador: Vento
Contexto
AMBIENTE
espacial de Nacional, Provincial e Municipal
Avaliação
Relevância Moderada
Gráfico de Evolução
Unidade
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
ANÁLISE SUMÁRIA:
315
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Ahern, J., (2002). Greenways as a strategic planning: theory and application. Dissertação de
Doutoramento, Wageningen, Wageningen University.
Alagador, D., Triviño, M., Orestes, J. Brás, R., Cabeza, m. Araújo, M.B. (2012). “Linking like with like:
optimising connectivity between environmentally-similar habitats”, Landscape Ecology, 27, pp 291-
301.
Alcântara-Ayala, I., (2002). Geomorphology, natural hazards, vulnerability and prevention of natural
disasters in developing countries. Time, 47, 107-124.
Benedict, M.A., McMahon, E.T., ( 2002). “Green Infraestructure; Smart Conservation for the 21st
Century”, Renewable Resources Journal, volume 20, n3, pp12-17.
Instituto Português da Qualidade – IPQ (2011). DNP Guia ISSO 73:2010, Gestão do Risco –
Vocabulário. Caparica. IPQ, 2011.
Canton, Lucien (2007). Emergency Management, Concepts and Strategies for Effective Programs.
New Jersey, EUA, Wiley.
Constanza, R., (2008). Ecosystem services: multiple classification systems are needed. Biological
Conservation 2008, 141: 350-352.
Costanza R., d’Arge R., de Groot R., Farber S., Grasso M., Hannon B., Limburg K., Naeem S., O’Neill
R.V., Paruelo J., Raskin R.G., Sutton P., van der Belt M., 1997. The value of the world’s ecosystem
services and natural capital. Nature, 387: 253-260.
De Groot, R.S., Wilson, M.A., Boumans, R.M.J., (2002). A typology for the classification, description and
valuation of ecosystem functions, goods and services. Ecological Economics, 41: 393-408.
316
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade,
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
Holling, C.S., (1973). "Resilience and stability of ecological systems". in: Annual Review of Ecology and
Systematics. Vol 4 :1-23.
Leibenath, M. (2011). “Exploring Substantives interfaces between Spatial Planning and Ecological
Networks in Germany”, Planning Pactice and Research. Vol 26, nº3, pp 257-270.
Oliveira, R., Tomé, R., Grave, L., Maurício, I., (2012). “O papel das Redes de Base Ecológica na
Coesão Territorial em Portugal”, e-GeO, Centro de Estudos de Geografia e Planeamento Regional,
Lisboa, (preprint).
Turner, R.K., Georgiuo, S., Fisher, B., (2008). Valuing Ecosystem Services: The case of multi-functional
wetlands. London. Cromwell Press, 2008.
Walker, B.H. and D, Salt., (2006). Resilience Thinking: Sustaining Ecosystems and People in a Changing
World. Island Press. Washington, D.C.. USA, 174p.
Zêzere, J.L., Pereira, A.R. e Morgado, P., (1999). Perigos Naturais e Tecnológicos no território de
Portugal Continental. Centro de Estudos Geográficos, Universidade de Lisboa, pp. 1-17.
IUCN, 2008. Guidelines for Applying Protected Area Management Categories. International Union for
Conservation of Nature and Natural Resources, Gland, Switzerland, 86p.
IPCC, 2007. Climate change 2007: synthesis report. In Core Writing Team, Pachauri R.K., Reisinger A.
(Eds). Contribution of Working Group I, II and III to the Fourth Assessment Report of the
Intergovernmental Panel on Climate Change, IPCC, Geneva, 104p.
UNEP, 2007. Global Environment Outlook – GEO4, environment for development. United Nations
Environmental Programme, Malta, 540p.
MAOTDR, 2007. Gestão Integrada da Zona Costeira, Bases para a Estratégia de Gestão Integrada da
Zona Costeira Nacional. Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e do
Desenvolvimento Regional, Lisboa, 110p.
Ramos Pereira A., 2008. Sistemas litorais: dinâmicas e ordenamento. Finisterra, XLIII (86): 5-29.
317
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Recursos agrícolas, florestais, geológicos e hídricos, mar e zonas costeiras, conservação e biodiversidade
Qualidade do Ar e Alterações Climáticas
http://www.portalangop.co.ao/angola/pt_pt/noticias/ambiente/2012/0/1/Aprovacao-proposta-
sobre-criacao-novos-parques-nacionais-marca-sector-ambiental
BENGUELA CURRENT COMMISSION (BCC) AND FOOD AND AGRICULTURAL ORGANISATION (FAO).
2011. Human dimensions of small-scale fisheries in the BCLME region: An overview. Environmental
Evaluation Unit, University of Cape Town. 113pp.
Food and Agricultural Organisation of the UN (FAO). 2007. Fishery Country Profile: The Republic of
Angola. Rome: FAO.
http://www.angolalng.com/projecto/default.htm
http://www.endiama.co.ao/
318