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RELATÓRIO DO

REOTN

ESTADO DE
ORDENAMENTO
Maio 2013

DO TERRITÓRIO
NACIONAL

VOLUME VII
RISCOS E VULNERABILIDADES À OCUPAÇÃO DO
SOLO

1.ª Versão
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME VII - Riscos e vulnerabilidades à ocupação do solo
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME VII - Riscos e vulnerabilidades à ocupação do solo

ÍNDICE GERAL

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 1
1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS ......................................................................................................................... 1
1.2 CARACTERIZAÇÃO DO RISCO.................................................................................................................. 3
1.3 ENQUADRAMENTO LEGISLATIVO ............................................................................................................. 5
2. RISCOS NATURAIS ........................................................................................................................................ 2
2.1 INUNDAÇÕES E CHEIAS .............................................................................................................................. 2
2.2 SECAS ............................................................................................................................................................ 3
2.3 RAVINAMENTOS........................................................................................................................................... 4
2.4 DESABAMENTOS .......................................................................................................................................... 5
2.5 EROSÃO E DESERTIFICAÇÃO ..................................................................................................................... 5
2.6 SISMOS........................................................................................................................................................... 7
3. RISCOS AMBIENTAIS .................................................................................................................................... 8
3.1 INCÊNDIOS ................................................................................................................................................... 8
3.2 CONTAMINAÇÃO DE AQUÍFEROS ........................................................................................................... 8
3.3 CONTAMINAÇÃO DO AR .......................................................................................................................... 9
3.4 CONTAMINAÇÃO DOS SOLOS ................................................................................................................. 11
4. RISCOS TECNOLÓGICOS............................................................................................................................. 12
4.1 ACIDENTES INDUSTRIAIS .............................................................................................................................. 12
4.2 ACIDENTES COM TRANSPORTE DE MATERIAIS PERIGOSOS ................................................................. 12
4.3 EXPLORAÇÃO MINEIRA .............................................................................................................................. 12
5. ANÁLISE PROVINCIAL .................................................................................................................................. 15
5.1 PROVÍNCIA DO BENGO ............................................................................................................................. 15
5.2 PROVÍNCIA DE BENGUELA ......................................................................................................................... 15
5.3 PROVÍNCIA DO BIÉ ...................................................................................................................................... 23
5.4 PROVÍNCIA DE CABINDA ........................................................................................................................... 24
5.5 PROVÍNCIA DO CUNENE............................................................................................................................ 24
5.6 PROVÍNCIA DO HUAMBO .......................................................................................................................... 25
5.7 PROVÍNCIA DE HUÍLA.................................................................................................................................. 25
5.8 PROVÍNCIA DE CUANDO CUBANGO ...................................................................................................... 26
5.9 PROVÍNCIA DO KWANZA NORTE.............................................................................................................. 26
5.10 PROVÍNCIA DO KWANZA SUL ................................................................................................................. 26
5.11 PROVÍNCIA DE LUNDA NORTE ................................................................................................................ 27
5.12 PROVÍNCIA DE LUNDA SUL ...................................................................................................................... 27
5.13 PROVÍNCIA DE LUANDA .......................................................................................................................... 28
5.14 PROVÍNCIA DE MALANGE ....................................................................................................................... 28
5.15 PROVÍNCIA DO MOXICO ........................................................................................................................ 29
5.16 PROVÍNCIA DO NAMIBE........................................................................................................................... 30
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5.17 PROVÍNCIA DO UIGE ................................................................................................................................ 31


6. ANÁLISE SWOT .............................................................................................................................................. 32
6.1 POLITICA AMBIENTAL .................................................................................................................................. 32
6.1.1 FORÇAS ....................................................................................................................................... 32
6.1.2 FRAQUEZAS ................................................................................................................................. 33
6.1.3 MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO AMBIENTAL EM ÁREAS CHAVE .. 34
6.2 LEGISLAÇÃO ................................................................................................................................................ 35
6.2.1 FORÇAS ....................................................................................................................................... 35
6.2.2 FRAQUEZAS ................................................................................................................................. 35
7. METODOLOGIA PARA A PRODUÇÃO DE CARTOGRAFIA DE SUSCEPTIBILIDADE ................................... 36
7.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS ......................................................................................................................... 36
7.2 RISCOS NATURAIS ........................................................................................................................................ 37
7.2.1 INUNDAÇÕES E CHEIAS ............................................................................................................ 37
7.2.2 SECAS .......................................................................................................................................... 37
7.2.3 MOVIMENTOS DE VERTENTE E RAVINAS ................................................................................ 38
7.2.4 EROSÃO E CONTAMINAÇÃO DOS SOLOS ........................................................................... 39
7.3 RISCOS AMBIENTAIS .................................................................................................................................... 40
7.3.1 INCÊNDIOS .................................................................................................................................. 40
7.3.2 CONTAMINAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS ..................................................................... 42
7.3.2.1 RECURSOS HÍDRICOS SUBTERRÂNEOS ............................................................................ 42
7.3.2.2 RECURSOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS ................................................................................ 44
7.4 RISCOS TECNOLÓGICOS ........................................................................................................................... 45
7.4.1 ACIDENTES INDUSTRIAIS ............................................................................................................ 45
7.4.2 ACIDENTES VIÁRIOS E FERROVIÁRIOS .................................................................................... 46
7.4.3 ACIDENTES POR TRANSPORTE DE MERCADORIAS PERIGOSAS ......................................... 46
7.4.4 ACIDENTES EM INSTALAÇÕES DE COMBUSTÍVEIS ................................................................ 47
8. DOCUMENTOS ESTRATÉGICOS ................................................................................................................... 48
8.1 ÂMBITO NACIONAL .................................................................................................................................... 48
8.1.1 ANGOLA 2025. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO A LONGO PRAZO PARA ANGOLA 48
8.1.2 PERFIL AMBIENTAL DE ANGOLA .............................................................................................. 50
8.1.3 PROGRAMA DE APOIO ESTRATÉGICO PARA O AMBIENTE ................................................ 53
8.1.4 ESTRATÉGIA NACIONAL DE IMPLEMENTAÇÃO DA CONVENÇÃO QUADRO DAS NAÇÕES
UNIDAS SOBRE AS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS E O PROTOCOLO DE KYOTO ........................... 55
8.1.5 AVALIAÇÃO RÁPIDA DOS RECURSOS HÍDRICOS E USO DA ÁGUA EM ANGOLA ......... 56
8.1.6 PROGRAMA NACIONAL ESTRATÉGICO IMEDIATO PARA A ÁGUA .................................. 56
8.1.7 PLANO DIRECTOR DO TURISMO DE ANGOLA ...................................................................... 58
8.1.8 PROGRAMA DO EXECUTIVO 2012-2017 PARA O SECTOR DE PETRÓLEO, GÁS E
BIOCOMBUSTÍVEIS ............................................................................................................................... 58
8.2 ÂMBITO PROVINCIAL .................................................................................................................................. 58

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8.2.1 PROVÍNCIA DO KWANZA SUL .................................................................................................. 58


8.2.2 PROVÍNCIA DO CUNENE .......................................................................................................... 62
8.2.3 PROVÍNCIA DO BENGO E DE LUANDA .................................................................................. 65
8.2.4 PROVÍNCIA DO HUAMBO ........................................................................................................ 65
9. FICHAS DE INDICADORES ........................................................................................................................... 67

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1:Quadro Geral de Principais Riscos no Território Angolano ................................................................. 4


Quadro 2:Registo de Incêndios na Província de Kwanza Sul ............................................................................... 61
Quadro 3:Percentagem de ocorrência das classes de fragilidade a eventos de inundações. Província do
Cunene ................................................................................................................................................................. 63

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1:Percentagem da população vivendo em áreas potenciais de risco................................................. 59


Figura 2: Percentagem da população vivendo em áreas potenciais de risco. Distância de cada município
da meta para 2022. ............................................................................................................................................ 60
Figura 3: Vulnerabilidade ao processo de erosão na Província do Cunene .................................................... 64
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1. INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

Constituem objetivos fundamentais da Proteção Civil prevenir os riscos coletivos e a ocorrência de


acidentes graves ou de catástrofes deles resultantes, atenuar os riscos coletivos e limitar os seus
efeitos, socorrer e assistir as pessoas e outros seres vivos em perigo, proteger bens e valores culturais,
ambientais e de elevado interesse público, apoiar a reposição da normalidade da vida das pessoas
em áreas afetadas por acidentes grave ou catástrofes.

A Lei do Ordenamento do Território e do Urbanismo (disposta pela Lei n.º 3/04, de 25 de Junho) tem
como fim acautelar a proteção da população, através de uma ocupação, utilização e
transformação do solo que tenham em conta a segurança de pessoas, prevenindo os efeitos
decorrentes de catástrofes naturais ou da ação humana. Os Instrumentos de Gestão Territorial
devem estabelecer os comportamentos suscetíveis de imposição aos utilizadores do solo, tendo em
conta os riscos para o interesse público relativo à Proteção Civil, designadamente nos domínios da
construção de infraestruturas da realização de medidas de ordenamento e da sujeição a
programas de fiscalização.

Assim, o Ordenamento do Território e a Proteção Civil são domínios que, embora diferentes, possuem
vários pontos de confluência os quais devem ser potenciados, de modo a permitir, em última
instância, uma diminuição das vulnerabilidades às quais a sociedade está sujeita, através de um
aumento do nível de organização espacial que vise um desenvolvimento social.

O aumento da magnitude e frequência dos processos de instabilidade não podem ser dissociados
das formas de ocupação e uso antrópico, pelo que a Proteção Civil e o Planeamento e
Ordenamento do Território devem, em permanência, estar perfeitamente interligados para
contribuir com medidas corretivas estruturais, de modo a minimizar os danos económico-sociais. É
necessária uma atuação a montante que, no quadro do Ordenamento do Território, poderá passar
pela adequada localização das populações e das atividades económicas. Ou seja, a identificação
e conhecimento detalhado dos riscos são primordiais para a adoção de medidas adequadas de
eliminação ou mitigação dos mesmos.

A análise de riscos desempenha um papel crucial por proporcionar condições de conhecimento


concreto, de proximidade e de participação dos cidadãos nos processos de planeamento e de
ordenamento capazes de prevenir e mitigar os efeitos adversos dos perigos existentes, possibilitando,
entre outros aspetos, a prossecução do direito dos cidadãos à informação sobre os riscos a que

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estão sujeitos em certas áreas do território e sobre as medidas adotadas e a adotar com vista a
prevenir ou a minimizar os efeitos de acidentes graves ou catástrofes.

Pretende-se neste documento proceder à identificação dos principais riscos a que se encontra
sujeito o território Angolano. Sempre que possível, a análise será elabora ao nível de detalhe
provincial.

O conhecimento adquirido deverá conduzir a uma mitigação de riscos na medida em que, entre
outros, permite:

 Orientar opções de ordenamento, evitando-se a ocupação de áreas territoriais de maior


suscetibilidade aos perigos localmente relevantes;

 Orientar as decisões de gestão territorial, melhorando as condições de desempenho dos


principais equipamentos de utilização coletiva e infraestruturas territoriais e urbanas que são
vitais e estratégicos em caso de emergência;

 Preconizar a identificação dos graus de suscetibilidade para determinados perigos que


afetam o território, permitindo acionar os mecanismos preventivos de gestão e ordenamento
a montante da ocorrência de eventos extremos.

Em consonância com o disposto, em Novembro de 2003, o Governo aprovou a Lei de Bases de


Proteção Civil (Lei 28/03) a qual encerra os seguintes objetivos:

(i) Prevenir a ocorrência de riscos coletivos resultantes de acidentes graves, de


calamidades naturais ou tecnológicas;

(ii) Atenuar os riscos coletivos resultantes de possíveis desastres;

(iii) Socorrer e assistir as pessoas atingidas ou em perigo eminente para a prevenção e


resposta aos desastres naturais e tecnológicos.

Esta Lei inclui a definição da Política de Proteção Civil e atribui ao Governo a responsabilidade do
seu desenvolvimento.

Os serviços de protecção civil encontram-se em fase de estruturação e foram já identificadas as


áreas mais criticas do território nacional o levantamento das capacidades institucionais em cada
ministério e estão a promover campanhas de sensibilização. Este serviço também integra o corpo de
bombeiros, que se debate com falta de meios. Está em curso o estabelecimento de um sistema de

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alerta prévio. O processo tem estado a ser financiado pelo OGE e pelo PNUD e neste momento as
principais prioridades do sector são: meios técnicos, comunicação, infra-estrutura (nomeadamente
para o sistema de alerta prévio).

1.2 CARACTERIZAÇÃO DO RISCO

O processo de caracterização do risco tem como objetivo aumentar o conhecimento dos fatores
de risco que afetam o território, identificando a sua localização, gravidade dos danos potenciais e
probabilidade de ocorrência.

Assim, o processo inicia-se com a definição da situação de referência e com a identificação dos
riscos com potencial para causar danos em pessoas, bens ou ambiente. Concluída a identificação,
efetua-se a sua análise e definiu-se as medidas de prevenção e proteção a implementar.

Para uma melhor perceção, tratamento e análise dos riscos é fundamental ter a plena noção dos
conceitos subjacentes. Neste contexto, reportam-se as seguintes definições:

Risco – pode ser definido como a probabilidade de ocorrência de um perigo/ameaça e respetiva


estimativa das suas consequências ou impacto negativo sobre pessoas, bens ou ambiente, diretas e
indiretas, sendo obtido através:

Risco = Perigosidade x Consequência

Sendo um efeito, o risco é um desvio relativo ao esperado, que pode ser negativo ou positivo, e que
depende do grau de incerteza, ou seja, da deficiência da informação necessária para
compreender e conhecer um determinado evento, as suas consequências ou probabilidade.

Um risco deriva de um perigo (propriedade intrínseca de uma substância perigosa ou de uma


situação física suscetível de provocar danos e perdas). São dois conceitos diferentes, embora, tenda
a persistir alguma confusão entre eles, pois, em linguagem popular, é possível ouvir dizer, por
exemplo, que alguém “não mediu o perigo”. Porém, na verdade, o perigo não se mede, o risco sim.

Um perigo, por si só, pode não representar um risco para uma comunidade ou organização. O risco
resulta da vulnerabilidade da comunidade ou organização ao dano potencial com origem na
exposição à manifestação do perigo (ocorrência). Resulta, ainda, da probabilidade que essa
manifestação tem em se instalar.

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Verifica-se, assim, a existência de dois elementos essenciais quando se pretende avaliar qual o grau
de risco que um dado perigo representa para um território suscetível a esse mesmo perigo:

 A probabilidade (frequência) da manifestação da ocorrência ou perigosidade;

 A consequência (dano potencial) como resultado dessa manifestação, influenciada pela


capacidade da ocorrência na produção de danos, em função da sua magnitude, grau,
velocidade, etc., ou seja, da sua severidade.

A panóplia de riscos a que um território pode estar sujeito é imensamente diversificada, pelo que,
por uma lógica de contextualização, serão indicados os principais riscos padronizados quanto à sua
índole (origem/tipo).

Assim, quanto à índole, ou seja, à origem do fenómeno que lhe é subjacente, os riscos podem ser
padronizados da seguinte forma e considerando os respetivos exemplos:

Quadro 1:Quadro Geral de Principais Riscos no Território Angolano


Riscos Naturais Resultam do funcionamento dos sistemas naturais

Inundações e cheias
Ravinamentos
Desabamentos
Erosão e Deseetificação
Sismos
Induzidos pelo Homem e resultam da combinação
Riscos Ambientais da ação humana com o funcionamento dos
sistemas naturais
Incêndios (Urbanos e florestais)
Contaminação dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos (cursos de
água e aquíferos)
Contaminação do ar
Contaminação dos solos (resíduos urbanos e industriais)
Resultam de acidentes decorrentes da atividade
Riscos Tecnológicos
humana
Acidentes industriais
Acidentes no transporte de substâncias perigosas
Exploração de inertes
Contaminação por minas e engenhos explosivos não detonados
(condições de segurança das populações e impedimento para a
concretização de projetos de exploração, gestão e preservação de
recursos naturais)

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1.3 ENQUADRAMENTO LEGISLATIVO

A um nível mais geral, existe publicada legislação sobre a protecção civil, como é o caso da Lei n.º
28/03, de 28 de Março, Lei de Protecção Civil, e do Decreto Presidencial n.º 101/11, de 23 de Maio,
que aprova o Regulamento da Comissão Nacional de Protecção Civil.

Em termos de riscos, refere-se o Decreto Presidencial n.º 205/10, de 21 de Setembro, que aprova o
Plano Nacional de Preparação, Contingência, Resposta e Recuperação de Calamidades e de
Desastres Naturais, e o Decreto Presidencial n.º 103/11, de 23 de Maio, que aprova o Plano
Estratégico de Gestão do Risco de Desastres.

O Plano Estratégico de Gestão do Risco de Desastres descreve as áreas vulneráveis e riscos de


desastre no País, nomeadamente ao nível das ameaças hidrometeorológicas e climáticas, das
ameaças geológicas e geotécnicas (actividade sísmica, ravinas e desabamentos), das ameaças
tecnológicas e antrópicas (acidentes de aviação e marítimos, incêndios de grandes proporções,
grandes aglomerados populacionais, VIH/sida, e Cyber-Risco).

Este Plano estabelece ainda a relação entre o impacto dos desastres no aumento da pobreza e na
problemática ambiental, define os objectivos e estratégia, e as áreas de acção. Em particular, as
áreas de acção centram-se na:

i) Coordenação, promoção da gestão do risco e adaptação às mudanças/alterações


climáticas;

ii) Contribuição com a redução da pobreza;

iii) Desenvolvimento institucional do sistema.

Ao nível das substâncias regulamentares que empobrecem a camada do ozono, o Despacho


Presidencial n.º 153/11, de 15 de Junho, aprova o Regulamento que estabelece as regras sobre a
produção, exportação, reexportação e importação de substâncias, equipamentos e aparelhos
possuidores de substâncias que empobrecem a camada de ozono.

Para as radiações ionizantes, foi recentemente publicado o Decreto Presidencial n.º 12/12, de 25 de
Janeiro, que aprova o Regulamento sobre Radioprotecção o qual tem como objectivo a protecção
das pessoas contra a exposição das radiações ionizantes.

Existem ainda vários regulamentos relacionados com a actividade específica ou relacionada com
operações petrolíferas.

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Ao nível do Transporte de Mercadorias, existem alguns diplomas relacionados com o transporte


específico de produtos petrolíferos e de gases combustíveis. A um nível mais geral, foi publicado
recentemente o Decreto Presidencial n.º 195/12, de 29 de Agosto, que aprova o Regulamento de
Transporte Rodoviário de Mercadorias Perigosas, e refira-se também os Decretos Presidenciais n.º
136/10, de 13 de Julho e n.º 153/10, de 26 de Julho, que aprovam respectivamente o Regulamento
sobre a Prevenção de Derrames no Transporte Rodoviário de Mercadorias e o Regulamento de
Transporte Rodoviário de Mercadorias sob Temperatura Controlada.

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2. RISCOS NATURAIS

2.1 INUNDAÇÕES E CHEIAS

As cheias são fenómenos naturais extremos e temporários, provocados por precipitações elevadas
ao longo de um curto período ou por precipitações repentinas e de elevada intensidade. Este
excesso de precipitação faz aumentar o caudal dos cursos de água, originando extravazamento do
leito normal e a inundação das margens e áreas circunvizinhas.

A ocupação das zonas naturais de inundação dos cursos de água por construções e outros
obstáculos à circulação dos caudais em cheia, incrementam os níveis de água e as áreas de
inundação, provocando elevados prejuízos materiais e muitas das vezes a perda de vidas humanas.

Para além de cheias mais prolongadas, podem também ocorrer inundações repentinas, como
consequência de precipitações intensas de curta duração em áreas muito impermeabilizadas
devido a grande desenvolvimento urbano, como foi o caso registado na cidade de Luanda no dia
26 de Abril de 1963, que destruiu grande parte da baixa da cidade e que pode voltar a acontecer
se não foram criadas as condições para o seu controle e mitigação.

Registos históricos (dados de 2002 a 2007) apontam também para a ocorrência de várias
inundações em algumas regiões do país, resultantes de fortes quedas pluviométricas que originaram
o aumento de caudais e o transbordo dos rios em diversas regiões, concretamente nas Províncias do
Bengo, Luanda, Bié, Benguela, Namibe, Huíla, Cuanza Norte, Cuanza Sul, Cuando Cubango, Zaire,
Cunene e Moxico, tendo causado mortes, o desalojamento de famílias, assim como casas
destruídas e milhares de hectares de terras cultivadas destruídas.

Recentemente, segundo informação do Serviço Nacional de Protecção Civil e Bombeiros, em cinco


meses do ano 2011 registaram-se cheias em 16 zonas do território nacional, originando 116 mortos e
83 feridos e provocando prejuízos na ordem de 350 milhões de dólares americanos.

Na província do Cunene, mil famílias perderam as suas casas no mês de Fevereiro de 2011. Na
Comuna de Dombe Grande, em Benguela, 36 mil famílias foram desalojadas pelas cheias.

No mesmo período nos municípios de Bibala, Tombwa, Kamakuio e Virei, na Província do Namibe,
foram registadas chuvas intensas que provocaram 29 mortos e o desaparecimento de 23 pessoas.

Os vales dos rios Bero, Macala e Giraúl são outros casos na Província de Namibe da ocorrência de
graves prejuízos para os agricultores provocados pelas cheias.

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Em Luanda, nos bairros de Sambizanga e Cacuaco registaram-se 111 mortos devido a chuvadas de
grande intensidade, que provocaram desabamentos de terra. Durante este período várias pontes e
estradas foram destruídas, afectando a circulação de pessoas e bens e implicando a necessidade
de elevados investimentos para a sua reposição.

De acordo com os dados relativos ao período de 2002 a 2004, ocorreram inundações em algumas
regiões, nomeadamente nos rios Cuanza, Dande, Onzo e Úcua (Bengo), Coporolo (Benguela), Bero,
Giraúl e Curoca (Namibe), Menongue, Kuelei, Kuatili, Caiundo, Úrica, Kuangar, Katuitui, Savati
(Cuando-Cubango), Caála, Katchiungo, Tchicala, Tcholohanga (Huambo) e Vilande, Canje, Júlio,
Kaluanda, Cassanje, Kwanza e Kuquema (Bié) e ainda nas províncias de Huíla e Cuanza Norte,
tendo causado mortos, famílias desalojadas, casas destruídas e milhares de hectares de terras
destruídos.

Estes casos são exemplos de situações graves de cheias e inundações que afectaram o País e que
devem ser controladas e mitigadas.

No sentido de minimizar a ocorrência destes fenómenos, está em curso (fora do âmbito do Plano
Nacional da Água) a realização de planos de gestão e mitigação de cheias e a elaboração de
sistema de previsão de caudais de cheia para a Província de Benguela (rios Coporolo, Cavaco e
Catumbela), para o Alto-Zambeze e para a província do Namibe, onde são identificadas as áreas
de risco de cheia e a preconização de medidas de mitigação.

No âmbito do Plano Nacional da Água, os problemas das cheias e inundações são considerados de
modo aprofundado e medidas de mitigação do risco serão propostas tendo em vista uma visão
global das cheias e inundações no País.

2.2 SECAS

As secas são fenómenos naturais extremos e temporários com propriedades bem características e
distintas dos restantes tipos de catástrofes e em particular das cheias. De um modo geral, uma seca
é entendida como uma condição física transitória caracterizada pela escassez de água, associada
a períodos mais ou menos longos de redução extrema da precipitação, com impactos significativos
nos ecossistemas e nas actividades socioeconómicas, em particular no sector agrícola e na
pecuária.

As secas distinguem-se das cheias por se desencadearem de uma forma quase imperceptível, a sua
progressão ocorre lentamente, podendo arrastar-se por um longo período de tempo e atingir

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Riscos

extensões superficiais grandes proporções. A recuperação para atingir um estado normal é também
muito lenta.

Embora este tipo de desastre natural não coloque em perigo, de modo claro e directo, a vida
humana, o facto é que ele acarreta elevados impactos socioeconómicos, nomeadamente na
agricultura de sequeiro e na irrigação, na agro-pecuária, no abastecimento público, na indústria, e
ainda na produção de energia, afectando a produtividade dos aproveitamentos hidroeléctricos.

Considerando a abundância de água em determinadas regiões, em relação às respectivas


necessidades, existem outras com algum grau de escassez de água que, quando a precipitação
normal se reduz, entram com facilidade numa situação crítica, com graves problemas para
satisfazer as necessidades de água, em particular na agricultura de sequeiro. Foi o caso da seca
que se registou em 2008 na região Sul, atingindo as províncias de Benguela, Huíla, Namibe, Kwanza-
Sul, Cunene e Cuando Cubango, comprometendo as colheitas agrícolas na sua totalidade ou
quase. A província do Uíge teve também algumas culturas muito afectadas.

Em 2006 registou-se igualmente seca na região Sul, embora com menor gravidade do que a seca
de 2008. No ano de 2012, a província de Namibe esteve igualmente afectada por uma situação de
seca, com graves prejuízos para os agricultores, obrigando alguns deles a migrar para as cidades.

De facto, em municípios como Camucuio, Bibala, Virei, Tómbua e Namibe, o quadro é preocupante
devido à escassez de chuva, o que implica a falta de água e pastos. Estima-se que mais de 250 mil
pessoas são, sistematicamente afectadas pela seca, com tendência do número aumentar nos
próximos anos.

No âmbito do Plano Nacional de Água, o fenómeno da seca em Angola será profundamente


estudado, procurando caracterizar as secas históricas registadas, através de indicadores
usualmente utilizados, como são o SPI (Índice de precipitação normal) e o PSDI (Índice de
severidade da seca de Palmer) entre outros. Dentro das possibilidades, será caracterizada a seca
meteorológica, a seca agrícola e a seca hidrológica e definidas medidas gerais de mitigação das
secas no País.

2.3 RAVINAMENTOS

Os ravinamentos estão directamente relacionados com os fenómenos de erosão do solo,


principalmente a erosão localizada em linhas de água ou em zonas declivosas, provocando o
ravinamento do solo e o aumento lateral e em profundidade da geometria dos leitos dos rios.

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Estas ravinas ocorrem normalmente em áreas urbanas, devido ao desmatamento e à perda do


coberto vegetal, afectando as infraestruturas ribeirinhas existentes, obrigando por isso a uma maior
urgência na sua resolução.

No território nacional estão identificadas várias áreas com graves problemas de ravinas,
nomeadamente nas províncias de Cabinda, Zaire, Uíge, Huambo, Luanda, Malanje e maior
incidência nas províncias da Lunda Norte, Lunda Sul e Moxico. Foram já desenvolvidas algumas
acções de contenção; contudo, só vai ser possível acabar com as ravinas a partir do momento em
que hajam trabalhos de grande profundidade e alcance nos sistemas de drenagem pluvial das
cidades.

2.4 DESABAMENTOS

De acordo com registos históricos, a ocorrência de desabamentos de habitações, consequência de


enxurradas, foi verificada nas Províncias de Benguela, Zaire, Luanda, Cuanza Norte, Cuanza Sul,
Cunene, Malange, Lunda-Norte, Lunda-Sul, Uíge, Bengo e Cuando Cubango.

2.5 EROSÃO E DESERTIFICAÇÃO

A erosão e a desertificação estão directamente relacionados com a seca, pois um período longo
de seca numa região é factor impulsionador para gerar fenómenos de erosão e aumentar a
desertificação para novas áreas. Estes fenómenos estão directamente relacionados com as
condições de pobreza e o nível de vida da população.

A erosão é um fenómeno que tem por consequência a perda de solo, afectando a sua qualidade e
proporcionando condições para a propagação da desertificação em regiões áridas e semi-áridas.

No que se refere à desertificação, a comunidade internacional reconheceu a sua importância


como problema socioeconómico e ambiental no mundo.

Em 1977, a Conferência das Nações Unidas sobre a desertificação aprovou um Plano de Acção de
Combate à Desertificação. Apesar destes e outros esforços, a Conferência das Nações Unidas para
o Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, em 1992, concluiu que a degradação
da terra em terras áridas e semi-áridas tinha aumentado.

Como resultado dessa conclusão, a Conferência apoiou uma abordagem nova e integrada do
problema que culminou com a aprovação da Convenção do Combate à Desertificação, em 17 de

5
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Riscos

Julho de 1994, em Paris. Este dia foi também adoptado pela Assembleia Geral das Nações Unidas
como o Dia Internacional de Combate à Seca e à Desertificação.

No território nacional, o planalto central é uma das áreas mais densamente povoadas e onde,
devido a alta precipitação média anual, a agricultura de sequeiro é mais desenvolvida. Por
conseguinte, estas áreas estão também dentre aquelas com a mais intensiva devastação florestal. A
erosão hídrica causada pelas chuvas nestas áreas leva a perda da camada superficial do solo que
reduz o seu valor agrícola e contribui para o aumento da carga de sedimento e
concomitantemente reduz a qualidade da água nos rios. O planalto central é a região onde muitos
rios têm sua nascente e os problemas de sedimentos causam efeitos em diversos grandes rios.

Em áreas situadas a oeste das áreas montanhosas centrais, próximas da costa, o aumento da
actividade agrícola também causa a deterioração da cobertura de vegetação e aumenta a
erosão. Durante a guerra, muitas pessoas deslocaram-se para as áreas costeiras e a cobertura
vegetal natural nestas áreas foi também reduzida através do cultivo de culturas diversas, utilizando-
se frequentemente técnicas de “corte e queima”. A erosão dos solos nestas áreas também contribui
para o aumento das cargas de sedimentos nos rios. Em adição, a redução da cobertura vegetal
traz como consequência maior susceptibilidade às inundações.

Em termos Naturais mais de 50% do território está sujeito a processos constantes ou periódicos de
erosão provocados pelas chuvas, pelos ventos e outros factores climáticos. As Províncias do
Namibe (e em particular a cidade do Tombwa) e Cunene, bem como a Baía Farta na província de
Benguela apresentam uma evolução da Desertificação, paralelamente ao risco real de
desestabilização das dunas do Kalahari.

No entanto, a degradação dos solos em Angola não se faz sentir de forma acentuada: 8% do país
apresenta degradação muito severa, 5% severa, 10% moderada, 16% leve e 60% não apresenta
qualquer degradação. A FAO identifica como principais causas para a degradação dos solos
em Angola a erosão devida à desflorestação e a actividade agrícola em geral.

Verifica-se igualmente algumas áreas das Províncias Lunda-Norte, Lunda-Sul, Moxico, Bié e Huambo,
um fenómeno de acentuada erosão hídrica dos solos que provoca o surgimento de grandes ravinas
ou fendas, cuja causa pode ser associada a vários factores, nomeadamente: Exploração mineira;
Desmatamento e queimadas; Práticas inadequadas da agricultura tradicional; Escavação de fossos
para produção de adobes para construções, deficiência dos sistemas de colecta e drenagem de
águas pluviais.

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME VII - Riscos e vulnerabilidades à ocupação do solo

Desta forma, apontam-se como principais causas de origem dos fenómenos de erosão, o
desmatamento, a pastagem excessiva, as actividades agrícolas, a exploração excessiva da
cobertura vegetal para uso doméstico, e actividades industriais.

Neste contexto, o Plano Nacional de Água irá aprofundar as questões da erosão e da


desertificação em Angola, com a elaboração de um diagnóstico aprofundado da situação actual
e a definição de medidas gerais de mitigação, considerando que estamos a elaborar o Plano do
País e que estudos detalhados terão de ser elaborados posteriormente.

2.6 SISMOS

Angola está situada numa zona classificada como tectónicamente calma. Não existem dados
actuais de actividade sísmica em Angola, no entanto por estudos antigos sabe-se que as regiões de
Angola de maior actividade sísmica são a de Lubango - Chibemba - Oncocua - Iona e a de Ganda
- Massano de Amorim. Outras regiões de menor intensidade são Caconda-Quilengues-Lola (norte da
Huila) e a de Logonjo-Cambandua-Cachingues (Bié).

Nos últimos anos, foi sentida actividade sísmica na província da Huíla e na Província do Bié que, de
acordo com os inquéritos efectuados na altura, estiveram entre os graus III-IV na escala de Mercalli e
com magnitude entre 4-5 na escala de Ritcher.

Até â década de 60, existiram três estações sismográficas; em Luanda, Dundo e Lubango, que se
mantiveram desactivadas durante o período de guerra.

Actualmente, existem já estudos no sentido de retomar a actividade de controlo das ocorrências de


fenómenos sísmicos que tenham lugar no território nacional.

Recentemente considerou-se a hipótese de existir actividade vulcânica na zona montanhosa do


município do Quipungo, 150 quilómetros a leste do Lubango, província da Huíla. No entanto, até à
data nada foi constatado.

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Riscos

3. RISCOS AMBIENTAIS

3.1 INCÊNDIOS

De acordo com os registos históricos, são de destacar os seguintes incêndios de grandes


proporções:

 Refinaria da Petrangol em 1979

 Armazéns do Porte de Luanda em 1989

 Paiol de armamento em Luanda em 1997

 Fábrica de rádios e televisores de Luanda em 1993

 Armazém do Ministério da Assistência e Reinserção Social em 1997

 Armazém da Arosfram em 1999

 Destruição de 150 tambores de combustíveis, Viana, em 2004

 Armazéns da ex-Textang II em 2006

 Armazéns de víveres, Cidade do Kuito em 2007

 Armazéns do Grupo Arosfram em 2007

 Aeroporto Internacional em 2009

Não existem dados que permitam a caracterização dos incêndios florestais de grandes proporções
ocorridos no território nacional.

3.2 CONTAMINAÇÃO DE AQUÍFEROS

Um dos problemas principais relacionados com os recursos hídricos é o assoreamento dos rios e
represas em consequência da erosão dos solos que tem impactos fortes no abastecimento de água
potável e nos recursos biológicos aquáticos.

A qualidade da água não tem sido monitorizada. O MINEA procedeu à distribuição às províncias de
kits de dados hidrográficos incluindo relativos à qualidade e está a preparar uma base de dados
para o seu seguimento. No âmbito de programas de gestão de bacias internacionais estão a

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME VII - Riscos e vulnerabilidades à ocupação do solo

proceder-se à recuperação/construção de estações hidrométricas para ligação à SADC. A nível de


qualidade da água Angola segue as normas da OMS, no entanto a regulamentação de normas de
qualidade não foi ainda aprovada. De facto, a ausência de uma gestão adequada dos resíduos
sólidos e líquidos, que carece de uma política e legislação próprias, provoca a poluição da água
em torno das cidades e explorações mineiras.

A intrusão salina nos rios é outro problema ambiental que se verifica com incidência variada entre
20 e 40 km da foz nos rios do sul e do centro, e tem provocado uma acentuada redução de
algumas espécies da flora e fauna.

Em termos globais e procurando sistematizar as principais ameaças identificadas relativamente à


contaminação dos recursos hídricos (superficiais e subterrâneos), referem-se as seguintes:

 Intrusão salina nos rios com incidência variável entre 20 e 40 km da foz dos rios do sul e
centro do território nacional;

 Intrusão salina em aquíferos costeiros (pouco profundos), devido à alteração dos caudais;

 Contaminação e eutrofização das águas superficiais, devido ao uso de agro-químicos que,


embora seja muito reduzido, apresenta risco real de contaminação das águas superficiais e
subterrâneas;

 Poluição, por descarga de águas residuais industriais;

 Poluição por descarga águas residuais urbanas (apenas Luanda, Huambo, Lobito, Benguela
e Namibe são servidas por redes de águas residuais que apenas fornecem cobertura parcial;
só o Lobito e Benguela possuem sistemas de tratamento e Luanda um emissário submarino);

 Poluição das águas devido à queima de extensas áreas do Planalto Central que inclui a
cobertura herbácea do fundo dos vales;

 Disposição indiscriminada de resíduos sólidos;

 Contaminação bacteriológica das fontes de abastecimento doméstico, através de poços


rasos, por falta de protecção sanitária.

3.3 CONTAMINAÇÃO DO AR

Não existe em Angola uma rede de monitorização de qualidade do ar apesar da rede de estações
meteorológicas do Instituto de Meteorologia estar baseada em aeroportos. As empresas petrolíferas

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Riscos

medem as suas emissões atmosféricas, que entregam ao MINPET. No entanto estes dados não têm
sido tratados.

Estima-se que as emissões atmosféricas predominantes no país sejam sobretudo as provenientes da


combustão de combustíveis fósseis. Os transportes rodoviários, as tochas de exploração petrolífera e
os geradores eléctricos são responsáveis pela maior parte das emissões de CO (monóxido de
carbono), COVNM (compostos orgânicos voláteis não metânicos) e chumbo.

As plataformas de exploração petrolífera emitem gases com efeito de estufa e hidrocarbonetos


aromáticos policíclicos, concretamente nos diversos pontos de queima, que podem chegar a ser
vários em cada bloco. No final de 2005 existiam cerca de 60 plataformas num total de 34 blocos
identificados, espalhados ao longo da costa angolana.

O crescimento de áreas urbanas não planificadas e o desenvolvimento anárquico de vários


sectores da indústria são factores que têm contribuído para o aumento dos níveis de poluição do ar.
Com efeito, nas cidades, o tráfego intenso e as poeiras devidas ao mau estado ou inexistência de
pavimento e passeios, parecem ser as principais causas de poluição atmosférica. A estes podem
juntar-se as emissões atmosféricas da indústria, como as indústrias de cimento em Luanda.

A queima dos resíduos sólidos praticada em todas as províncias de Angola, não apenas pelos
populares mas também por algumas pequenas empresas e até por grandes companhias, está
igualmente associada a emissões poluentes. Disto são exemplos as lixeiras do Golf 2 e da Camama,
em Luanda. O mau cheiro resultante da acumulação de resíduos sólidos e líquidos em determinados
locais, como bairros pobres, também é factor de deterioração da qualidade do ar.

As queimadas são uma prática comum em Angola, também responsável por emissões atmosféricas.
Em determinadas épocas do ano as queimadas (para agricultura) ocorrem em muitas zonas do
país. Não houve ainda qualquer estudo sobre o seu impacte.

Não existe legislação específica sobre qualidade do ar. Dado que o país ratificou a Convenção de
Alterações Climáticas e a Convenção de Viena para a Protecção da Camada de Ozono e ao
Protocolo de Montreal, esta é a única legislação em vigor no país nesta matéria. Está em curso o
programa de redução faseada de substâncias que prejudicam a camada de ozono mas, por outro
lado o país prepara todavia o Plano de Acção Nacional de Adaptação (NAPA) ao Protocolo de
Quioto.

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME VII - Riscos e vulnerabilidades à ocupação do solo

Dada a expectativa de intensificação da actividade de exploração petrolífera, bem como da


indústria, pode concluir-se que a vulnerabilidade para o agravamento da situação é elevada, a
menos que sejam tomadas medidas.

Não foram até à data realizados estudos sobre o impacte da qualidade do ar na saúde a nível
urbano e nas vizinhanças de exploração de petróleo. Por outro lado sabe-se que a utilização de
carvão contribui para a prevalência de infecções pulmonares nos agregados familiares, mas estes
dados não foram ainda quantificados.

Em resumo a qualidade do ar é em boa na maior parte do território. Existe a necessidade de


proceder a estudos nas cidades e na vizinhança de explorações petrolíferas. Angola também não
tem ainda legislação sobre qualidade do ar.

3.4 CONTAMINAÇÃO DOS SOLOS

A contaminação por resíduos sólidos urbanos, com incidência em todas as cidades, causada por
irregularidade de recolha de resíduos domésticos e em locais públicos e, consequentemente, a
deposição céu aberto e em locais inadequados, tem causado a poluição do solo. Em menor grau
verificam-se alguns casos de lixiviação, salinização e laterização de solos em algumas zonas onde a
exploração agrícola baseada na irrigação tem conhecido um incremento considerável ano após
ano.

As minas pessoais constituem um efectivo impedimento à concretização de projectos de utilização,


gestão e preservação dos recursos naturais. Após um longo período de conflito armado, o país é
ainda hoje contaminado por minas e engenhos explosivos não detonados. Na maioria dos casos
não há registo das operações de montagem dos engenhos nem se conhecem com precisão os
mapas dos locais onde estes foram colocados. Cerca de 35% do território pode estar contaminado,
podendo existir entre 6 a 7 milhões de minas anti-pessoais instaladas, ou seja, aproximadamente
uma mina por cada duas pessoas. O CNIDA indica ainda existirem mais de 4 589 campos de minas
com mais de 142 tipos de engenhos explosivos, constituindo uma verdadeira ameaça a vida
humana. Existem actualmente 21 organizações de desminagem em Angola, das quais 6 são
internacionais e 15 nacionais. Outras 10 organizações trabalham na aérea de assistência técnica
as vítimas de acção de minas. As actividades em 2005 desminaram uma área de 0,03% do total da
área minada.

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Riscos

4. RISCOS TECNOLÓGICOS

4.1 ACIDENTES INDUSTRIAIS

Não existem dados que permitam caracterizar o número de acidentes industriais verificados em
território nacional.

4.2 ACIDENTES COM TRANSPORTE DE MATERIAIS PERIGOSOS

Não existem dados que permitam caracterizar o número de acidentes com transporte de materiais
perigosos verificados em território nacional.

4.3 EXPLORAÇÃO MINEIRA

As áreas mais afectadas pela exploração mineira à superfície são as províncias diamantíferas das
Lunda Norte e Lunda Sul, onde se verificam desvios de cursos dos rios e contaminação com produtos
químicos de limpeza de rocha.

Com efeito, para permitir os trabalhos de prospecção, especialmente no caso das minas a céu
aberto, são realizadas grandes obras de engenharia mineira (que se mantêm durante o período de
exploração) que implicam frequentemente os desvios dos rios e a deslocação da população. O
impacto do desvio dos rios afecta negativamente a actividade agrícola a jusante, pelo
rebaixamento do nível freático.

Durante a exploração, a bombagem de água mineralizada para fora da mina e a sua descarga em
águas superficiais resulta numa significativa poluição hídrica, dado que, no processo de tratamento
dos minerais, são utilizados vários produtos tóxicos, como, por exemplo, o mercúrio.

Para agravar a situação, o garimpo (em que estão envolvidos cerca de 200.000 trabalhadores) é
praticado sem nenhuma medida de controlo ambiental, com as consequências acima indicadas.

Está prevista a expansão da indústria mineira para outras províncias como o Bié e Malange onde a
prática do garimpo é já uma realidade.

O impacte da exploração de petróleo faz-se sentir com maior intensidade nas províncias de
Cabinda e Zaire, diminuindo a qualidade de vida das populações. As actividades de prospecção,
pesquisa, exploração e transporte de petróleo, embora desenvolvidas com recurso a processos
tecnológicos bastante avançados, não deixam de ser poluentes, quer nas operações rotineiras,

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME VII - Riscos e vulnerabilidades à ocupação do solo

quer devido a acidentes. Em 2002, um grave acidente de derrame num oleoduto, causou a
poluição de mais de vinte e cinco quilómetros de praias e costas, na Província de Cabinda.

Os derrames no mar provocam a contaminação das águas e a degradação dos recursos marinhos
por acumulação de substâncias tóxicas nos organismos, No caso das explorações em terra os solos
são contaminados. A queima do gás tem contribuído significativamente para o aumento da
poluição atmosférica e, no caso das explorações em terra, este processo tem sido apontado como
obstaculizador das práticas agrícolas locais. Outros impactes advêm da geração de resíduos
perigosos, como no campo do Malongo e do abandono de plataformas obsoletas no mar.

Existem ainda indícios de uma relação causa-efeito entre a exploração off-shore de petróleo e a
degradação avançada e a mortalidade dos mangais, a mortalidade de um grande número de
tartarugas marinhas e a diminuição do recurso pesqueiro verificadas nas províncias de Cabinda e
Zaire. Igualmente deverá ser objecto de estudo a relação entre a diminuição da produção agrícola
e a mortalidade dos coqueiros e a exploração de petróleo na costa.

Todas as operadoras têm actualmente capacidade de resposta a derrame de 1º nível


(correspondente a menos de 100 barris). Para derrames mais fortes estabeleceram um protocolo de
cooperação. No entanto, está ainda por implementar um sistema eficaz de alerta e resposta. A
resposta a derrames maiores continua a demorar no mínimo 48 horas a implementar.

Está prevista uma intensificação da actividade petrolífera onde já existe, bem como o início de
novas explorações onshore na província de Benguela.

As empresas petrolíferas têm adoptado planos de gestão ambiental, para responder às obrigações
introduzidas por leis e regulamentos mas sobretudo a pressões do mercado internacional. No
entanto, como a capacidade de monitorização e fiscalização em Angola é ainda débil, sobretudo
as plataformas de exploração mais antigas, com mais de 20 anos, causam por vezes maior poluição
sem que sejam punidas.

As empresas preparam um plano de contingência (ainda não aprovado) para a exploração e


refinarias, que terá pólos nas provinciais do Norte e em Luanda, Lobito e Namibe e a SONANGOL e
MINPET pretendem constituir uma base de resposta.

Actualmente a Chevron prepara-se para financiar a construção de um laboratório de analise de


água do mar, para as províncias de Zaire e Cabinda. Realiza-se também com financiamento da
NORAD uma campanha oceanográfica de levantamento das condições físicas, químicas e

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Riscos

biológicas do mar de Angola e nomeadamente ao largo do Zaire, estuário do rio Zaire e Cabinda.
Espera-se que venha a ser possível a monitorização mais constante.

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME VII - Riscos e vulnerabilidades à ocupação do solo

5. ANÁLISE PROVINCIAL

A presente análise foi efectuada de acordo com os dados bibliográficos disponibilizados para as
províncias bem como das informações obtidas nas dinâmicas de grupo efectuadas.

5.1 PROVÍNCIA DO BENGO

Na província do Bengo, e em resultado das dinâmicas de grupo efectuadas, há a salientar a


preocupação existente com os níveis de poluição, principalmente em meio urbano, causada pelas
poeiras provenientes das explorações de inertes existentes (principalmente na cidade do Caxito), e
onde, na maioria das situações, não são cumpridas as regras de exploração. De facto, estas
explorações localizam-se ao longo da via principal e próximo dos núcleos urbanos, o que gera
muitas poeiras dentro da cidade do Caxito e danos das vias pelo fluxo acentuado de pesados na
via principal intra-urbana.

São ainda relevantes os perigos que poderão resultar devido à ausência de tratamento de resíduos
e das águas resíduais a qual se reflecte em contaminações dos solos e da água, estas últimas
também resultantes da existência na província de locais com esgotos sem tratamento e
encaminhamento adequado.

A ausência de valas de drenagem e a construção junto a linhas de água são também o motivo da
frequência de inundações nesta província.

O mau estado de conservação das vias de comunicação secundários e terciárias assume-se ainda
como o principal incrementador de acidentes rodoviários e de transporte de mercadorias.

Em termos de poluição do ar, na província do Bengo não existem indústrias poluentes que causem
problemas agravantes de poluição.

5.2 PROVÍNCIA DE BENGUELA

Ao nível das dinâmicas de grupo efectuadas nesta província, foi possível identificar, como potencial
factor de risco, a ausência de infraestruturas básicas, como a distribuição e tratamento de água, o
tratamento de resíduos e a ausência de saneamento, factores estes susceptíveis de provocar a
contaminação dos solos e dos recursos hídricos (superficiais e subterrâneos).

Também as questões relacionadas com os riscos de inundações, erosão do solo e ravinamentos se


assumem como preocupantes neste território.

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Riscos

A caracterização dos riscos na província é ainda considerada no âmbito dos Planos Directores
Municipais (PDM) já elaborados (os que se encontram disponíveis à data) onde, para alguns
municípios, se verifica já a existência de cartografia de risco.

De facto, e desagregando esta informação por municípios da província, é possível verificar as


seguintes considerações:

 PDM do Município do Bocoio

São definidos como objectivos estratégicos específicos, entre outros, a identificação e


prevenção dos riscos de acidentes ambientais; e a correção das situações existentes de
degradação ambiental; através da identificação dos principais riscos ambientais e
delimitação das áreas de maior risco.

 PDM do Município do Balombo

Procede à caracterização do risco ambiental e ao reconhecimento de situações de


degradação ambiental, dando particular enfase às questões relacionadas com o
escoamento das águas pluviais, os riscos de erosão e de cheia.

Este documento de planeamento apresenta a carta de risco do município em termos áreas


com risco de cheias e risco de erosão eólica e hídrica.

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME VII - Riscos e vulnerabilidades à ocupação do solo

 PDM do Município da Catumbela

São avaliadas as situações de risco no município com origem nos fenómenos de cheias,
principalmente nos terrenos adjacentes ao rio Catumbela.

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Riscos

 PDM do Município do Cubal

Este documento procede à definição de riscos no âmbito dos seu objectivos específicos,
nomeadamente, entre outras, através das seguintes considerações:

Água – prevenir riscos de aluviões e inundações das partes vulneráveis ou perigosas; Censo
das áreas sujeitas a inundações ou a instabilidade dos terrenos;

Solo e território - Elaborar estudos geológicos para evitar assentamentos em zonas de risco;
Censo das áreas sujeitas a inundações ou a instabilidade dos terrenos;

Risco e perigo - Evitar que as novas áreas industriais e infra-estruturas tragam poluição
atmosférica e acústica para as novas áreas urbanas; Evitar o planeamento das novas áreas
habitacionais em áreas sujeitas a inundações. Se não for evitável precisará utilizar técnicas
de controlo das águas para proteger as áreas em zonas de risco; Identificar as áreas com
solos instáveis.

Recolha diferenciada e eliminação dos resíduos sólidos urbanos, dos resíduos especiais e dos
resíduos agrícolas - realização de ilhas ecológicas urbanas para a recolha diferenciada dos
resíduos sólidos urbanos; realização de ilhas ecológicas urbanas para a formação de
composto; actividades a visarem a reciclagem dos resíduos sólidos urbanos, dos resíduos
industriais e dos resíduos agrícolas, com a finalidade de produzir outros produtos derivados.

 PDM do Município da Ganda

O desenho do plano é orientado para implementar os graus de tutela da qualidade dos


solos que evitem excessivas impermeabilizações do solo, a implementar a cobertura vegetal
dos solos urbanos e a combater o fenómeno da erosão do solo por causa dos efeitos das
intensas faltas de saneamento basco e recolha e tratamento de lixo.

 PDM do Município do Lobito

Este documento procede à caracterização das áreas de prevenção de riscos naturais,


considerando como relevantes para este município, o perigo de cheias, proporcionadas
quer por inundação marítima quer fluvial, e o perigo de erosão hídrica do solo (escoamento
superficial) com consequente movimento de massas nas vertentes.

Zonas Ameaçadas por cheias - Esta situação é especialmente importante no município do


Lobito não só pela natureza do solo e do subsolo, mas também pela presença de declives
acentuados que propiciam a ocorrência de maiores velocidades de escoamento das linhas

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME VII - Riscos e vulnerabilidades à ocupação do solo

de água e, consequentemente originam maiores caudais. A diminuta informação disponível,


no que se refere ao levantamento altimétrico e a informação histórica de cheias, conduziu
neste documento a uma análise com recurso a múltiplas referências de forma a demarcar o
maior número de áreas susceptíveis a este risco natural.

Áreas com risco de erosão – As áreas com risco de erosão correspondem a áreas que, pelo
declive ou pela natureza do solo ou subsolo, estão sujeitas a perda de solo por acção do
escoamento superficial. Os designados movimentos de massa consistem no transporte de
rocha ou solo por acção do escoamento da água sobre as vertentes, sendo geralmente
desencadeados pela precipitação. A proteção destas áreas é assim essencial com a
preservação do recurso solo, a conservação e circulação natural da água, bem como a
segurança de pessoas e bens.

Escarpas e faixas de protecção - As escarpas correspondem a zonas de desnível abrupto do


terreno, geralmente coincidentes com vertentes rochosas. A sua proteção é essencial na
estabilidade biofísica do território e na proteção de bens e pessoas.

 PDM do Município da Baia Farta

Procede este documento à caracterização dos principais riscos tecnológicos do município,


contemplando a seguinte análise:

Incêndios – Existem periodicamente queimadas não controladas, principalmente na época


seca (meses de Agosto e Setembro). As autoridades têm feito um esforço para a
sensibilização da população e em 2011 registaram-se menos ocorrências. Calahanga é uma
das comunas onde o problema dos incêndios florestais ocorre com alguma frequência,
originado pelas actividades agro-silvo-pastoris (limpeza de terrenos agrícolas, renovo de
pasto). Estas ocorrências resultam da propagação de incêndios com origem na queima de
resíduos e nas actividades agro-silvo-pastoris (para limpeza dos terrenos e renovação de
pasto).

Propõe este documento o registo sistemático das ocorrências, facilitando a adopção, por
parte das autoridades competentes, de medidas de fiscalização, sensibilização ou outras,
com vista à redução deste fenómeno.

Cheias e inundações – Este fenómeno resulta de precipitações abundantes, que no


município em causa ocorrem na época das chuvas (entre Novembro e Abril, sendo mais
curta – de Novembro a Março - na faixa sudoeste do Município). Devido às características

19
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Riscos

das linhas de água que atravessam o Município de Baía Farta, com especial destaque para
o Rio Coporolo, este território tem sido afectado ciclicamente por cheias e inundações na
época das chuvas. Os registos apontam frequentes inundações nas áreas habitadas de
Dombe Grande. De facto, nas últimas décadas, as populações ribeirinhas enfrentaram
inundações periódicas que provocaram mortes de pessoas e animais domésticos, além da
destruição de casas e extensas áreas agrícolas. Um dos principais problemas que afectam
os rios, principalmente os que passam por grandes cidades, é o assoreamento. Neste
processo ocorre a acumulação de resíduos, entulho e outros detritos no fundo dos rios, o que
faz com que estes passem a suportar cada vez menos água, provocando enchentes em
épocas de fortes chuvas.

Erosão dos solos - Os fenómenos erosivos consistem na separação e transporte de partículas


minerais e orgânicas do solo por acção do escoamento da água sobre as vertentes. O facto
do coberto vegetal ser pouco denso e as chuvas se concentrarem num período de tempo
limitado, contribui para a ampliação deste fenómeno. No Município de Baía Farta, este
fenómeno ocorre principalmente nas áreas montanhosas do interior do município, onde os
declives elevados se associam a formações de origem granítica, originando canhões fluviais
de encostas abruptas. De igual modo, nas áreas de transição entre os diferentes patamares
hipsométricos assinalam-se áreas onde a susceptibilidade do solo à erosão é uma realidade,
face aos declives existentes e tipo de formações geológicas de origem.

Desertificação – Os climas áridos como o existente em Baía Farta, quando associados a


factores humanos podem induzir fenómenos de desertificação, como o que actualmente se
verifica nesta região de Angola. A desertificação pode ser definida, de uma forma simples,
como o fenómeno que corresponde à transformação de uma área num deserto. Segundo a
Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação, a desertificação é "a
degradação da terra nas regiões áridas, semiáridas e subhúmidas secas, resultante de vários
factores, entre eles as variações climáticas e as actividades humanas". Neste Município, a
lenha tem constituído ao longo dos tempos um dos principais combustíveis utilizados pelas
populações. Ora a desflorestação progressiva, sem proceder ao repovoamento, quer para
obtenção de lenha quer para a obtenção artesanal de carvão levou ao desaparecimento
de grandes quantidades de árvores numa região já por si pouco densa em termos florestais.
Se a isto associarmos as queimadas com vista à renovação de pasto, conclui-se que a
pressão humana sobre estes frágeis ecossistemas tem agravado o problema. De facto, nas
comunas de Dombe Grande e em Kalahanga há muita produção de carvão vegetal, por
métodos artesanais. Assim, torna-se imperativo implementar medidas de reflorestação, bem

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME VII - Riscos e vulnerabilidades à ocupação do solo

como medidas de educação ambiental com vários níveis de sensibilização para as


populações locais.

Recuo e instabilidade das arribas - Este fenómeno refere-se ao movimento de descida de


uma massa de rocha ou solo coerente numa arriba litoral. A instabilidade das arribas é
apontada como potencial risco na região das falésias litorais da Baía Azul, Município de Baía
Farta. São ainda referidas outras áreas nas mesmas condições ao longo da costa sul deste
Município, desde a enseada do Cuio até ao limite com o Namibe. O centro de gravidade
do material afectado progride para jusante e para o exterior da arriba. Este tipo de
movimento inclui desabamentos (quedas), tombamentos (balançamentos) e deslizamentos
(escorregamentos) planares e rotacionais. Os movimentos são predominantemente
desencadeados por precipitações intensas e/ou prolongadas, sismos, temporais no mar e
acções antrópicas. Considera este documento a importância que a identificação destas
áreas de risco seja ponderada no ordenamento do uso dos solos de modo a precaver
acidentes com prejuízos humanos e materiais.

Este documento alerta ainda para as questões relacionadas com a prevenção e extinção
de incêndios e de calamidades naturais.

 PDM do Município de Benguela

Procede este documento à caracterização dos principais riscos tecnológicos do município,


contemplando a seguinte análise:

Incêndios – De acordo com as informações recolhidas, há periodicamente queimadas não


controladas, principalmente na época seca (meses de Agosto e Setembro). As autoridades
têm feito um esforço para a sensibilização da população e têm se registado menos
ocorrências. Estas ocorrências resultam da propagação de incêndios com origem na
queima de resíduos e nas atividades agro-silvo-pastoris (para limpeza dos terrenos e
renovação de pasto). Apesar da recorrência deste problema, não há registos (cartográficos
e outros) que permitam espacializar as áreas de maior incidência. Deverá promover-se o
registo sistemático das ocorrências, facilitando a adopção, por parte das autoridades
competentes, de medidas de fiscalização, sensibilização ou outras, com vista à redução
deste fenómeno.

Erosão dos Solos – Os fenómenos erosivos consistem na separação e transporte de partículas


minerais e orgânicas do solo por acção do escoamento da água sobre as vertentes. O facto
do coberto vegetal ser pouco denso e as chuvas se concentrarem num período de tempo

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Riscos

limitado, contribui para a ampliação deste fenómeno. No Município de Benguela, este


fenómeno ocorre principalmente nas áreas montanhosas do interior do município, onde os
declives elevados se associam a formações de origem granítica, originando canhões fluviais
de encostas abruptas. De igual modo, na área de transição da cidade de Benguela (áreas
aplanadas) para o patamar de formações mais antigas (do cretácico) assinalam-se áreas
onde a susceptibilidade do solo à erosão é uma realidade, face aos declives existentes e
tipo de formações geológicas de origem.

Inundações - Este fenómeno resulta de precipitações abundantes, que no município em


causa ocorrem na época das chuvas (entre Novembro e Abril, sendo mais curta na faixa
noroeste do Município), fazendo aumentar de forma expressiva o caudal dos principais rios,
destacando-se o Rio Cavaco, provocando cheias e inundações das áreas habitadas. Como
condição agravante deste fenómeno natural, aponta-se o assoreamento das linhas de
água principais devido à acumulação de resíduos com origem antrópica ou e sedimentos
arrastados pelas águas.

Galgamentos costeiros - No município de Benguela há notícia deste tipo de fenómenos,


denominados “calemas”, com relatos recentes, que ocorrem previsivelmente no Verão. Este
fenómeno consiste na inundação da faixa terrestre adjacente à linha da costa decorrente
de tempestades marinha e marés vivas.

As áreas de inundação e galgamento costeiro correspondem às zonas:

• De inundação pelas águas do mar durante temporais;

• Atingidas pelo espraio das ondas de tempestade;

• Galgamento de elementos morfológicos naturais e estruturas existentes na orla costeira.

Estes fenómenos afectam praias, dunas costeiras, arribas, barreiras detríticas (restingas,
barreiras soldadas e ilhas-barreira), tômbolos, sapais, faixa terrestre de proteção costeira,
águas de transição e respectivos leitos e faixas de protecção, bem assim como estruturas e
infraestruturas existentes na orla costeira.

As notícias mais recentes indicam a ocorrência deste fenómeno em Fevereiro de 2010,


tendo afectado de forma acentuada o Município de Benguela, nomeadamente a Praia
Morena, onde cinco horas de marés vivas galgaram as estruturas da marginal, destruindo
algumas casas de pescadores e depositando grandes quantidades de areia nas vias
afectadas. Habitualmente, este fenómeno causa prejuízos vários desde inundações de

22
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME VII - Riscos e vulnerabilidades à ocupação do solo

estradas, destruição de infraestruturas, casas e postes de energia eléctrica, árvores, havendo


notícias até de perdas humanas, destacando-se as cidades de Luanda, Lobito, Benguela e
Namibe como as mais afectadas. Dado o carácter cíclico destes fenómenos, importa
proceder ao seu registo sistemático de modo a obter dados históricos que permitam
delimitar de forma segura as áreas de risco e desincentivar de forma preventiva a sua
ocupação ou adoptar medidas minimizadoras.

Recuo e Instabilidade das Arribas – Este fenómeno refere-se ao movimento de descida de


uma massa de rocha ou solo coerente numa arriba litoral. Neste município, regista-se este
tipo de ocorrência no seu extremo noroeste, onde se destacam as falésias adjacentes ao
Morro do Sombreiro até ao limite com a Caotinha. O centro de gravidade do material
afretado progride para jusante e para o exterior da arriba. Este tipo de movimento inclui
desabamentos (quedas), tombamentos (balançamentos) e deslizamentos
(escorregamentos) planares e rotacionais. Os movimentos são predominantemente
desencadeados por precipitações intensas e/ou prolongadas, sismos, temporais no mar e
acções antrópicas.

Este documento alerta ainda para a necessidade de se estabelecer medidas de


minimização dos riscos, nomeadamente estabilidade das vertentes, medidas de protecção
contra incêndios, entre outros.

5.3 PROVÍNCIA DO BIÉ

Na província do Bié, as principais questões relacionadas com a identificação dos riscos relacionam-
se com a exploração desregrada de inertes, a qual é responsável por situações de contaminação
do solo e da água (rios e nascentes).

Refere-se ainda o deficiente saneamento, em todos os municípios da província, do qual poderão


resultantes situações de contaminação dos solos e dos recursos hídricos (superficiais e subterrâneos).

Esta província é ainda caracterizada pela existência de inúmeras ravinas, sendo que, na sede já
existem acções que permitem a sua atenuação. A nível Central, existem também um projeto de
estancamento de ravinas nas zonas urbanas e seus arredores.

O mau estado das vias de comunicação, para além de dificultarem a circulação de pessoas e
bens, poderá ainda ser responsável pelo número de acidentes de viação e de transporte de
mercadorias.

23
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Riscos

A construção desordenada e desestruturação urbana que impera no território poderá ser


causadora de inúmeros problemas de insalubridade, por ausência de planeamento e, em situações
de emergência (por exemplo, incêndios urbanos), dificultar o acesso aos serviços de socorro, com
as consequentes perdas (humanas e materiais) que daí poderão advir.

5.4 PROVÍNCIA DE CABINDA

Os principais riscos identificados na província de Cabinda relacionam-se com a poluição dos


aquíferos e com a poluição de águas e solos decorrentes de um sistema de recolha de resíduos
sólidos pouco eficaz.

Salientam-se também os riscos associados aos ravinamentos, principalmente nas localidades de


Chiazi, Malongo, Malembo, Muba e Tenda, para os quais a província ainda não desenvolver
quaisquer medidas ambientais para o retardamento ou descontinuidade da progressão das
mesmas.

Também a falta de uma gestão urbanística devidamente planeada e a necessidade da população


se fixar nos centros urbanos desencadeou num desordenamento e com isso a construção em zonas
de risco (falta de condições de loteamento e falta de pessoas qualificadas para o efeito).

A Província já procedeu à identificação das potenciais zonas de risco.

5.5 PROVÍNCIA DO CUNENE

Na província do Cunene, os principais riscos encontram-se associados os fenómenos de inundações


e períodos, sazonais, de seca.

De facto, devido à escassez das chuvas, no período 2012/2013 em toda a extensão do seu território,
o povo, juntamente com o seu gado, enfrentou muitas dificuldades que ameaçaram as suas vidas.
Por ter chovido muito pouco na Província, na maior parte das lavras, o massango, a massanbala,
milho e o feijão macunde (principais produtos agrícolas da região), secaram antes do seu
amadurecimento e, de igual modo, o capim para o gado não se desenvolveu.

No ano de 2013, foram afectados pela seca, em toda a Província, cerca de 542.979 pessoas e
1.167.497 cabeças de gado bovino.

Perante situações com as descritas, o Governo provincial pretende implementar medidas no


quinquénio 2014-2017 que garantam a mitigação desses fenómenos, mediante o desenho de
medidas de se garantir o abastecimento alimentar e água às populações. As medidas de

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME VII - Riscos e vulnerabilidades à ocupação do solo

sustentação, para o sector da agricultura, assentam na criação de bases de relançamento da


produção agrícola, mediante a potenciação dos agricultores locais, processo de comercialização,
e diversificação das culturas.

Desta forma, prevêem-se medidas, entre outras, que incluem o estabelecimento na Província, de
um sistema de informação e alerta rápido para as calamidades naturais no sentido de favorecer a
agricultura e segurança alimentar.

5.6 PROVÍNCIA DO HUAMBO

Na Província de Huambo, os principais riscos relacionam-se com a progressão das inúmeras ravinas
que existente por toda o território, associadas aos processos de erosão e desabamento que se têm
verificado ao longo dos tempos.

É ainda de referir a frequente prática de queimadas na agricultura as quais, para além do


empobrecimento dos solos, contribuem também para a contaminação dos solos e dos recursos
hídricos e, naturalmente, com o aumento do potencial risco de incêndio florestal.

A exploração de inertes é também frequente na província, operando-se sem autorizações prévias e


sem obedecer a regras de exploração.

A capital da provincial do Huambo é candidata a cidade Ecológica, mas encontram-se ainda por
resolver problemas como a desflorestação, a ausência de sistemas de saneamento, o tratamento
de lixo, a poluição sonora e ambiental.

Verificam-se ainda zonas urbanas construídas em zonas verdes e em zonas de risco e nas áreas de
protecção das linhas de água, originando frequentemente problemas de inundações e cheias.

5.7 PROVÍNCIA DE HUÍLA

A exploração de inertes é frequente na província. De facto, verificam-se actualmente no território a


existência de 13 pedreiras, sendo que apenas 8 se encontram operacionais. A província é ainda
pautada pela existência de unidades de britagem (11 unidades, das quais 4 encontram-se
paralisadas) e areeiros e material cerâmico (7 unidades). Estas actividades induzem o incremento de
partículas na atmosférica, diminuindo assim os índices de qualidade do ar nas suas imediações.
Associados a estas actividades estão também os riscos de poluição dos solos e das águas.

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Riscos

Verifica-se também a existência de ravinas, as quais estão já a ser alvo de projectos de criação de
zonas verdes por forma a impedir o seu progresso.

5.8 PROVÍNCIA DE CUANDO CUBANGO

No âmbito das dinâmicas de grupo realizadas, identificaram-se como riscos principais, a extensa
área ainda por desminar (Cuando Cubango é a província mais minada do país). Não foi possível
obter informações acerca das intenções provinciais e governamentais para a desminagem deste
território.

Outro dos problemas da província relaciona-se com a insuficiente/ausente rede de drenagem, a


qual tem provocado cheias nas povoações das margens dos rios. Em muitos locais afectados pelas
cheias o desassoreamento seria a via mais prática para a prevenção do problema.

Existe recolha de lixo feita pelo governo em parcerias com empresas particulares mas não abrange
a periferia, de construções desordenadas. Faltam aterros sanitários que possam servir a província.

No município do Kuito, as ravinas encontram-se em estado de progressão.

5.9 PROVÍNCIA DO KWANZA NORTE

As principais questões relacionadas com a análise do risco, e abordadas nas dinâmicas de grupo
relacionam-se com a existência de queimadas constantes, as quais desencadeiam problemas de
qualidade do ar e de contaminação de solos e água. Igualmente, o facto de não existir uma rede
de saneamento e de recolha de resíduos sólidos (nem aterro sanitário), agrava esta situação,
originando graves problemas ambientais e de sustentabilidade.

O mau estado das vias de acesso secundárias e terciárias, e ainda da rede viária entre sedes de
município e comunas poderá originar acidentes de viação com perdas humanas e de bens.

A província do Kwanza Norte é ainda caracterizada por inúmeras explorações de inertes (algumas
delas actualmente paralisadas), as quais poderão ser responsáveis pela degradação da qualidade
do ar (por emissão de partículas) e potencial efeitos de contaminação dos solos e dos recursos
hídricos.

5.10 PROVÍNCIA DO KWANZA SUL

A nível provincial as principais situações de risco relacionam-se com a ausência de saneamento,


nomeadamente a nível de problemas com o escoamento das águas pluviais e o seu escoamento;

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME VII - Riscos e vulnerabilidades à ocupação do solo

com a acumulação de lixo nas águas não escoadas e com a inexistência de tratamento e gestão
dos resíduos sólidos.

Face a este, encontram-se já perspetivados projectos de saneamento básico das principais cidades
(Sumbe, porto Amboim e Amboim) bem como outros projectos de menor envergadura nas restantes
cidades e vilas e ainda a obrigatoriedade de serem alocadas verbas nos orçamentos anuais das
unidades orçamentais para atender exclusivamente estes problemas.

Refere-se ainda a existência frequente de queimadas com a potencial contaminação de solos e


água e riscos de incêndios. Esta prática, aliada à exploração irracional dos solos que se tem
praticado nesta província têm originado a erosão e empobrecimento dos solos presentes.

Em termos urbanísticos, assiste-se na província à construção desordenada sobre valas de drenagem,


em zonas de risco (declives, ravinas) e abaixo do nível médio do mar, o que aumenta a incidência
de riscos de inundações e cheias.

5.11 PROVÍNCIA DE LUNDA NORTE

Verifica-se na província a a contaminação das linhas de água (por exemplo: rios Chitaka e Cuango)
decorrente da actividade de exploração mineira. Esta actividade originou ainda o desvio dos rios
com as consequências que daí poderão advir para as populações.

A deposição dos resíduos são maioritariamente num depósito a céu aberto a caminho de Saurimo.
Este local de acumulação de resíduos sem tratamento encontra-se próximo de uma zona de
nascentes de vários rios da província, aumentando o risco de contaminação dos recursos hídricos e
dos solos.

A província têm também problemas a nível da progressão das ravinas aqui presentes.

5.12 PROVÍNCIA DE LUNDA SUL

Um dos problemas prioritários identificados para a província relaciona-se com o surgimento e


agravamento das ravinas existentes. De facto, a cidade de Saurimo tem ravinas ao seu redor,
existindo cerca de 17/18 ravinas.

Em muitos casos, observam-se habitações e equipamentos nestes locais. Actualmente, existe já uma
proposta de Projeto de Contenção e Estancamento de ravinas, de âmbito provincial e central.
Desta forma, e no âmbito do Programa de Desenvolvimento para o período de 2013, da

27
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Riscos

responsabilidade da Direcção Provincial do ordenamento do Território, Urbanismo e Ambiente,


procedeu-se ao estancamento das ravinas existentes em Saurimo (8 ravinas), Cacolo (4 ravinas),
Muconda (4 ravinas) e Dala (4 ravinas).

Para além deste, e identificado nas dinâmicas de grupo realizadas, propõe-se como medidas a
implementar neste âmbito, a proibição de construções anárquicas (crescimento desordenado) em
áreas de risco, a reflorestamento com espécies nativas e preservação do coberto vegetal e a
construção e manutenção de micro e macro drenagens urbanas para águas pluviais.

A província prevê ainda a construção de um aterro sanitário e de um centro de tratamento de


resíduos, a localizar em Saurimo. Não foi possível confirmar o estado deste projecto.

5.13 PROVÍNCIA DE LUANDA

A província de Luanda caracteriza-se por um sub-dimensionamento das principais redes de


infraestruturas, quer nos esgotos e drenagem de águas pluviais, quer no abastecimento de água e
energia, quer da recolha e gestão de resíduos sólidos.

Estas questões originam, naturalmente, situações de risco, relacionadas com a insalubridade a que
a população está exposta e, no caso da água, a ausência de valas de drenagem, a construção
em linhas de água, entre outros, originam inundações e cheias frequentes. A cidade de Luanda é
um exemplo disso onde, após as fortes chuvadas, as principais ruas ficam inundadas sendo
difícil/impossível de nelas transitar.

O projecto cidade limpa está a permitir uma redução substancial dos resíduos sólidos. As empresas
de recolhas são pagas por área limpa e não por tonelada de lixo recolhida. Os lixos inorgânicos das
casas poderá ser vendido, e com isso a redução da deposição destes em locais impróprios.

Relativamente às vias de acesso na província, a maioria encontra-se em mau estado de


conservação e em aparente abandono.

5.14 PROVÍNCIA DE MALANGE

A cidade de Malange é caracterizada por uma ocupação urbana anárquica. De facto, esta é uma
das características marcantes na sede de província. Mais de metade da área urbana da cidade é
musseque.

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME VII - Riscos e vulnerabilidades à ocupação do solo

Existem muitos rios por toda a província os quais constituem a principal fonte de abastecimento.
Uma vez que o número de habitantes é reduzido, os problemas de águas contaminadas não são
muito relevantes.

As queimadas e produção descontrolada de carvão vegetal, é um problema ambiental de graves


impactos. No entanto, é o meio de subsistência de muitas populações no meio rural.

Malange, Marimba, Massangue, são os municípios onde há existem mais problemas com
ravinamentos. No caso de Malange, e devido à ausência de escoamento das águas pluviais, é
frequente existirem cortes de estradas devido aos ravinamentos.

Verifica-se também na província uma elevada taxa de acidentes por inadaptação do meio: por um
lado pessoas do meio rural que apenas usam os veículos sem qualquer aprendizagem ou licença
e/ou pessoas que deixam o meio rural e que na cidade facilmente arranjam emprego em moto táxi
ou táxis, e por outro lado, as estradas encontram-se em mau estado, dificultando a circulação de
pessoas e bens. As vias secundárias e terciárias da província encontram-se também muito
degradadas.

5.15 PROVÍNCIA DO MOXICO

No âmbito das dinâmicas de grupo efectuadas na província, identificaram-se como problemas


prioritários no âmbito da prevenção de riscos, a erosão acelerada dos solos, a ocupação
desordenada dos terrenos e a rede viária insuficiente e em mau estado de conservação (vias
secundárias e terciárias).

A erosão acelerada dos solos relaciona-se com a ocupação incorrecta do solo, principalmente nas
linhas de água, a qual origina processos de ravinamento, principalmente nas zonas habitadas, e
potenciada pelas chuvas intensas que se fazem sentir neste território.

No âmbito deste, foram já definidas as principais acções a desenvolver no sentido de diminuir as


ravinas na província, nomeadamente através de:

 Elaboração de projectos de contenção

 Execução dos projectos de contenção

 Construção de redes de drenagem de águas fluviais

 Arborização

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Riscos

 Proibição de construção em linhas de águas

Refere-se ainda a existência de uma rede viária terciária em mau estado de conservação, a qual
origina grande dificuldade de circulação de pessoas e bens.

5.16 PROVÍNCIA DO NAMIBE

Os principais problemas a nível provincial relacionam-se com a deficiente sistemas de saneamento


básico, no que diz respeito à rede de esgotos, aterros e tratamento de resíduos. De facto, a rede de
escoamento das águas residuais encontra-se em mau estado ou já não suporta a carga devido ao
aumento da população (a cidade foi projectada para um número de habitantes muito inferior ao
actual).Nas áreas recentemente projectadas, a rede é inexistente.

A única ETAR existente deixou de funcionar em 2002 com a grande cheia que ocorreu na época. A
cidade possui uma cota muito baixa e a situação agrava-se com a falta/pouca gestão de resíduos
sólidos.

Falta de incineradoras para gestão dos resíduos hospitalares que são depositados em lugares
comuns com outros tipos de resíduos. Não existem aterros sanitários devidamente concebidos. O lixo
é colocado em locais ao céu aberto sem qualquer tratamento. No entanto, existem já um Plano
Provincial de Gestão dos Resíduos Sólidos.

Todas estas questões contribuem para o risco de contaminação do solo e dos recursos hídricos
(superficiais e subterrâneos) e para a degradação da qualidade do ar das principais áreas urbanas.

De facto, e de acordo com os dados obtidos da Direcção Provincial do Urbanismo, Construção e


Ambiente das província, os principais problemas com a qualidade do ar relacionam-se com:

 Veículos em circulação

 Resíduos sólidos urbanos

 Queimadas frequentes

 Estradas deficientes e não asfaltadas

 Tempo prolongado sem chuvas e

 Terrenos sem vegetação

Existem nesta província registos históricos de cheias e de períodos de seca prolongada.

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME VII - Riscos e vulnerabilidades à ocupação do solo

5.17 PROVÍNCIA DO UIGE

Os principais problemas identificados a nível provincial relacionam-se com a rede viária primária,
secundária e terciária em mau estado de conservação e a construção de habitações em zonas de
risco, como o relevo acidentado.

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Riscos

6. ANÁLISE SWOT

6.1 POLITICA AMBIENTAL

6.1.1 Forças

O Governo pretende realizar um desenvolvimento sustentável, pelo que se tem assistido a um


aumento da importância relativa do ambiente nos diversos sectores.

Os resultados da existência de uma Comissão Técnica Multisectorial de Ambiente (CTMA), composta


por Directores Nacionais de todos os ministérios são visíveis. A CTMA conseguiu pela sua persistência
que fossem criados departamentos de ambiente no MINPET, MINGM, Min da Industria e MINE e está
em curso a criação destes departamentos noutros ministérios. Nos últimos anos a legislação de bases
publicada por diversos ministérios tem incluído considerações ambientais.

Estão em curso vários projectos estruturantes para o ambiente como a revisão do Plano Nacional de
Gestão Ambiental (fundos do PNUD), a elaboração da Estratégia e Plano de Acção Nacionais para
a Biodiversidade (fundos GEF, PNUD e NORAD) e o Relatório do Estado do Ambiente e Plano de
Investimento Ambiental (fundos do BAD). Estes projectos facilitam a definição de linhas de acção,
prioridades e uma carteira de projectos para a implementação.

Por outro lado está a preparar-se para integrar a Comissão de Florestas da Africa Central
(COMIFAC) - terá ainda que assinar o Acordo de Brazaville. As autoridades estão interessadas em
aderir ao programa da UE - ECOFAC que promove a conservação das florestas da Bacia do Congo,
que poderá abranger Cabinda, Zaire e Lundas. Para além disso há interesse expresso em progredir
com o desenvolvimento das zonas de conservação transfronteiriça, nomeadamente para o Iona-
Skeleton Coast com a Namíbia, para o estabelecimento da área de conservação do Maiombe
(Cabinda) com o Congo Democrático e a integração da Reserva do Luiana (Kuando Kubango) na
área de conservação do Okavango com o Botswana, o Zimbabué, a Zâmbia.

Nos últimos anos tem havido evolução no que concerne à materialização dos planos e acordos
assumidos internacionalmente. Foi iniciada a implementação de Convenções ratificadas como a
CCD, CDB e relativa à camada de Ozono. O País tornou-se membro da União Internacional para a
Conservação da Natureza (UICN) e da Associação de Educadores Ambientais da Africa Austral.

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME VII - Riscos e vulnerabilidades à ocupação do solo

Outras iniciativas no campo da elaboração de políticas, regulamentação da lei de bases do


ambiente, entrosamento intersectorial governamental e com a sociedade civil têm merecido
alguma atenção, muito embora seja notória a fraca capacidade de implementação.

A abertura do Governo à parceria estratégica com a comunidade internacional, os esforços que


têm sido efectuados por diversos órgãos da administração, mostram um novo rumo para as
questões ambientais e minimização de riscos.

6.1.2 Fraquezas

Verifica-se a inexistência de um sistema de informação ambiental, com uma rede de pontos focais
nos diversos ministérios, que pudesse servir de base à tomada de decisões e à monitorização e
controlo ambiental. Os dados científicos, os resultados de estudos e levantamentos continuam
dispersos, outros continuam expatriados e existe uma grande carência de dados actuais. Existem
algumas bases de dados em ministérios separados como MINEA, existem informações não
sistematizadas no MINPET, mas não existe cultura de intercâmbio de dados.

Desta forma, verifica-se uma divisão pouco clara entre as atribuições de diversos ministérios
relativamente à gestão de componentes ambientais, nomeadamente o caso do MINADER com o
qual se verifica uma comunhão de competências no que diz respeito à gestão de florestas, mas em
menor grau também com outros ministérios como MINEA e MINPET.

Numa fase em que o país passa por uma reestruturação e existem inúmeras prioridades
concorrentes o Orçamento Geral do Estado tem-se revelado insuficiente para fazer face aos
projectos ambientais. Assim, a maioria dos projectos levados a cabo na área do ambiente são
financiados quer por fundos e agencias multilaterais (GEF, PNUD, PNUA, FAO, BAD, SADC), quer
agencias bilaterais (NORAD), ONG (IUCN) ou empresas privadas (nomeadamente petrolíferas), com
participação do OGE. Em alguns casos esta comparticipação tem sido mais elevada do que
inicialmente previsto e existem projectos, como o da educação ambiental, levado a cabo
exclusivamente com fundos do Estado.

Por outro lado, verifica-se que em alguns aspectos o peso politico do ambiente ante outros órgãos
políticos é fraco. Isto é sobretudo notório a nível de depósito dos instrumentos de ratificação de
acordos multilaterais de ambiente.

À excepção das empresas petrolíferas que financiam algumas acções ou estudos pontuais, as
parcerias publico-privado em matéria de ambiente não estão desenvolvidas no país. O mercado do
ambiente, a nível de consultoria, tecnologia, serviços não foi ainda desenvolvido.

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Riscos

6.1.3 Monitorização e Avaliação do Desempenho Ambiental em Áreas Chave

Como acima referido não existe presentemente qualquer sistema de informação ambiental, nem
estão criadas quaisquer condições para a interacção dos diferentes ministérios e institutos no que diz
respeito a partilha de informação. No entanto existe vontade de progredir neste sentido, como se
pode ver pelas recomendações de alguns documentos estratégicos.

O cadastro nacional de terras está actualmente a ser elaborado. A FAO publicou em 2006 CDs com
mapas de utilização da área rural, no entanto os dados carecem de actualização no terreno,
dadas as grandes modificações na distribuição de assentamentos humanos que se verificou após o
estabelecimento da Paz. Não existem levantamentos actuais do uso dos solos em núcleos urbanos e
peri-urbanos. Não existe ainda sistema nacional de informação geográfica e a cartografia nacional
nomeadamente quanto a cidades, vilas e povoações e a mapas temáticos carece de
actualização.

Relativamente aos indicadores da Água, o MINEA está a distribuir kits de analise às províncias e está
a formar uma base de dados de abastecimento de água e saneamento, que incluirá a qualidade
da água.

A nível da qualidade do ar, a rede meteorológica está a funcionar, no entanto dados de


compilação não estão facilmente acessíveis, como tem sido experimentado por equipas de
diferentes estudos. As empresas petrolíferas monitorizam as emissões atmosféricas, mas estas não
têm sido requeridas pelo MINUA e o MINPET não teve ainda capacidade de sistematizar a
informação.

Não existem quaisquer estudos e/ou campanhas de medição relativos a resíduos. Quanto a níveis
de ruído, a situação é semelhante, não existe regulamentação nem informação.

Existe informação relativa a indicadores contida em vários relatórios que têm sido elaborados, para
o governo, para ONGs ou para agências multilaterais. No entanto a informação encontra-se
dispersa e, em alguns casos, mesmo expatriada.

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VOLUME VII - Riscos e vulnerabilidades à ocupação do solo

6.2 LEGISLAÇÃO

6.2.1 Forças

A Constituição de Angola e a Lei de Bases do Ambiente incluem princípios modernos de gestão


ambiental e de desenvolvimento sustentável. Existe hoje um acervo considerável de legislação em
matéria de ambiente e de prevenção de riscos e estas considerações estão igualmente a ser
integradas em legislação de outros sectores.

O Decreto-lei de avaliação de impacte ambiental criou a exigência de integrar as preocupações


ambientais noutros sectores de actividade e estão existem já outros diplomas e instrumentos jurídicos
que complementam o quadro regulamentar. Estes são os casos do licenciamento ambiental,
fiscalização ambiental, crimes ambientais, protecção civil, resíduos, entre ouros.

Verificam-se igualmente progressos a nível do acesso do público à informação e à justiça em


matéria de ambiente e à possibilidade de intervenção e participação nos processos de gestão
ambiental, nomeadamente através das associações de defesa do ambiente cuja lei específica,
aprovada em 2005, deu um impulso significativo ao seu desenvolvimento.

6.2.2 Fraquezas

Observa-se ainda um deficit de legislação a nível de resíduos (embora tenham já sido elaborados
ante-projectos legislativos), qualidade do ar, químicos e ruído. Até à publicação dos instrumentos
jurídicos mencionados acima, existe igualmente um vazio significativo quanto a instrumentos de
gestão ambiental.

Em sectores como a indústria mineira, os transportes, ou o turismo, as considerações ambientais não


estão ainda patentes na legislação.

Verifica-se uma carência generalizada de regulamentação da legislação, nos diversos sectores e é


muito fraca a capacidade institucional de implementação da legislação de ambiente. A falta de
informação ambiental sistematizada faz com que o legislador não tenha um conhecimento
profundo sobre o estado do ambiente e com que as entidades responsáveis pela implementação
da legislação não tenham conhecimento suficiente sobre as disposições que têm de implementar.

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Riscos

7. METODOLOGIA PARA A PRODUÇÃO DE CARTOGRAFIA DE


SUSCEPTIBILIDADE

7.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

As cartas de susceptibilidade representam a incidência espacial dos perigos, identificam e


classificam as áreas com propensão para serem afectadas por um determinado perigo, em tempo
indeterminado. De facto, a avaliação da susceptibilidade de uma área a determinado perigo
efetua-se através dos factores de predisposição para a ocorrência dos processos ou acções
perigosos, de forma quantitativa resultando na aplicação de uma escala qualitativa.

Assim, para a elaboração da cartografia de susceptibilidade deverão ser definidas variáveis


cartográficas (VC) para cada tipologia de risco identificada. Cada variável definida pode ser
caracterizada por diversos parâmetros aos quais foi atribuído um determinado valor. O resultado da
análise permite obter o Indicie de Susceptibilidade para cada risco identificado.

A classificação do Indicie de Susceptibilidade será expressa na cartografia numa escala qualitativa


com quatro classes: Susceptibilidade Elevada, Susceptibilidade Moderada; Susceptibilidade Baixa;
Susceptibilidade Nula ou Não Aplicável.

Na Figura seguinte apresenta-se o esquema da classificação do índice de Susceptibilidade.

Figura 1: Classificação da Susceptibilidade

Susceptibilidade Elevada

Susceptibilidade Moderada

Susceptibilidade Baixa

Susceptibilidade Nula ou Não Aplicável

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VOLUME VII - Riscos e vulnerabilidades à ocupação do solo

7.2 RISCOS NATURAIS

7.2.1 Inundações e Cheias

O risco de inundação num determinado lugar corresponde ao número expectável de perdas de


vidas, de ocorrência de feridos, de danos e perda de equipamentos coletivos e individuais, bem
como da ruptura da actividade económica. O risco de inundação depende da perigosidade de
ocorrência de cheias e inundações e da vulnerabilidade dos grupos humanos numa determinada
área ou região.

Os instrumentos de planeamento relevantes no quadro do ordenamento de determinado território,


estabelecem uma estrutura espacial para o município e província, a classificação dos solos e os
índices urbanísticos, tendo em conta os objectivos de desenvolvimento, a distribuição racional das
actividades económicas, as carências habitacionais, os equipamentos, as redes de transportes e de
comunicações e as infraestruturas, procurando ainda compatibilizar a protecção e valorização das
áreas agrícolas e florestais e do património natural e edificado.

Desta forma, para a elaboração da cartografia deverão ser representadas as zonas ameaçadas de
cheias, obtidas através da análise das condicionantes biofísicas, bem como, todas as zonas sujeitas
à influência dos cursos de água e zonas sujeitas a inundações, estas últimas, quer por relato de
registos históricos, quer pelas análises efetuadas nos levantamentos de campos.

Ou seja, no âmbito da cartografia de susceptibilidade a inundações e cheias, a sua delimitação


deverá ser apoiada por uma análise rigorosa da situação existente, nomeadamente, através da
elaboração de modelos hidrológicos e hidráulicos passíveis de cálculo das áreas inundáveis com
período de retorno de pelo menos 100 anos. A cartografia deverá ainda ser elaborada de acordo
com a análise do histórico de ocorrências, dados cartográficos, critérios topográficos, geológicos,
geomorfológicos e hidrológicos, a par de um exaustivo trabalho de campo.

7.2.2 Secas

A Seca é um fenómeno de origem natural que comporta elevados riscos para as sociedades
humanas. Estas têm dado crescente atenção ao tema, sobretudo tendo em conta o actual
contexto de notoriedade quer da evolução climática, quer da gestão do recurso água. São de
facto indissociáveis os problemas que as sociedades modernas têm enfrentado ao nível das
recentes alterações verificadas nos padrões climáticos regionais, das questões com que se

37
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Riscos

debatem ao nível da crescente procura de água, e da crescente complexidade e vulnerabilidade


dos sistemas que a gerem e disponibilizam à população e suas actividades.

No primeiro caso, há que ter em conta que o clima é um sistema dinâmico em permanente
evolução. Quaisquer alterações neste sistema devem ser analisadas na perspectiva duma
determinada escala temporal e duma outra espacial, das quais dependem a própria natureza e
dimensão dos resultados.

As secas têm riscos para a qualidade de vida das pessoas, para a saúde pública e para as
actividades económicas, empresariais ou produtivas não empresariais. O risco associado a qualquer
fenómeno natural resulta do produto da magnitude ou intensidade da ameaça potencial pela
vulnerabilidade das pessoas, bens, origens de água e infra-estruturas sob ameaça.

No caso da seca a ameaça tem como principais factores a ausência de precipitação e a


ocorrência de temperaturas elevadas por períodos longos. Obviamente que sobre estas variáveis
não se pode intervir ao nível de um país. Onde é possível intervir é sobre a vulnerabilidade dos
sistemas de armazenamento e distribuição de água, designadamente albufeiras e aquíferos, dos
usos e dos desperdícios, prevenindo e mitigando os efeitos da seca com medidas.

7.2.3 Movimentos de Vertente e Ravinas

Os movimentos de vertente são movimentos de descida, numa vertente, de uma massa de rocha,
solo ou detritos (Cruden, 1991), para fora de materiais sob a influência da gravidade (Varnes, 1978)
ou acompanhados de forças sísmicas, vulcânicas ou pressão de gases mas em que o material sólido
representa> 70% do peso (Ayala- Carcedo, 2002).

Esta indução poderá ser provocada por 2 factores: factores condicionantes - declive, geologia,
atitude dos materiais, grau de fracturação, o clima, o relevo, cobertura vegetal e a utilização e os
fatores desencadeantes - chuva e inundações (com o aumento da água na vertente), o trabalho
de sapa (ação antrópica, dinâmica fluvial), as vibrações, sismos e as sobrecargas da vertente.

Estas movimentações podem revestir diferentes tipos consoante as características dos declives, da
vegetação, da coesão dos materiais rochosos, a existência de água, mas também das
características dos fenómenos climáticos ou outros fenómenos equivalentes (Rebelo, 2003).

Para a elaboração da cartografia de susceptibilidade deverão ser consideráveis variáveis como a


erodibilidade dos solos, os declives do terreno, as exposições e os usos do solo.

38
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME VII - Riscos e vulnerabilidades à ocupação do solo

7.2.4 Erosão e Contaminação dos Solos

São diversos os processos químicos e físicos, muitos deles provocados e, ou acelerados pela ação do
Homem, causadores de degradação do solo, tornando-o susceptível a fenómenos de erosão. A
erosão é um dos factores que mais contribui para a desertificação - processo de degradação
ambiental que se pode considerar praticamente irreversível e que se encontra caracterizado em
Angola.

A degradação dos solos pode ser devida a quatro processos distintos: erosão hídrica, erosão eólica,
deterioração física e deterioração química:

 Erosão hídrica – relacionada com as características climáticas da região e que condicionam


os sistemas tradicionais de agricultura, bem como as áreas sujeitas a sobrepastoreio, onde a
degradação da vegetação e a compactação do solo constituem fatores decisivos ao seu
desencadeamento.

 Erosão eólica - O vento é ainda outro fator meteorológico que pode ocasionar erosão dos
solos.

 Deterioração física - A agricultura intensiva pode também provocar degradação física do


solo. A exposição do solo à chuva, o calcamento da lavoura e o tráfego da maquinaria
pesada, a impermeabilização e o encharcamento do solo, a alteração do perfil do terreno,
são algumas das principais causas da degradação física dos terrenos. A estas causas de
degradação junta-se a ocorrência de incêndios e o abandono de áreas agrícolas.

 Deterioração química - A perda de nutrientes e de matéria orgânica, a salinização, a


alcalinização (sodificação), a poluição e a acidificação, cujas principais razões são a
utilização incorreta de técnicas agrícolas e a desflorestação.

São diversas as actividades económicas responsáveis por situações mais ou menos graves de
contaminação do solo, salientando-se as indústrias, a extracção mineira, o armazenamento de
substâncias perigosas e combustíveis, e actividade agrícola. A utilização de água de má qualidade
para rega conduz também à degradação dos solos e, consequentemente, dos lençóis freáticos.

Para a quantificação da susceptibilidade do território deverão ser definidos parâmetros de


classificação para as fontes com potencial impacte de contaminação e parâmetros de descrição
do meio envolvente, modelo biofísico, que permitiram, através da atribuição de pontuação de
acordo com critérios de protecção ambiental, avaliar os diferentes graus de susceptibilidade do

39
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Riscos

território. Nesta análise deverá ser sempre considerada a fonte de contaminação, o recpetor
sensível e o trajecto desde a fonte ao receptor.

A inventariação das fontes com potencial índice de contaminação foi realizada com base na
cartografia de uso e ocupação do solo e com base em levantamentos de campo. A avaliação da
susceptibilidade da degradação e contaminação dos solos deverá ter em consideração as
características e funções do solo, o tipo e a concentração das substâncias, preparações,
organismos e microrganismos perigosos, os seus riscos e as possibilidades de dispersão.

7.3 RISCOS AMBIENTAIS

7.3.1 Incêndios

Os incêndios podem ter origem urbana ou florestal.

Um incêndio urbano consiste na combustão sem controlo no tempo e no espaço dos materiais
combustíveis existentes em edifícios, incluindo-se aqueles que constituem os elementos de
construção e revestimento.

As fontes mais comuns de ignição de incêndios podem ser agrupadas da seguinte forma: fontes de
origem eléctrica (trovoadas, sobrecarga ou curto-circuito, aparelhos eléctricos defeituosos, entre
outros), fontes de origem química (reacções de substâncias auto-oxidantes, reacção química
exotérmica), fontes de origem mecânica (sobreaquecimento devido a fricção mecânica, chispas
geradas por ferramentas), fontes de origem térmica (radiação solar, materiais ou equipamentos que
apresentem chama nua, associadas ao acto de fumar, instalações ou equipamentos produtores de
calor).

As causas dos incêndios relacionam-se geralmente com descuidos, desconhecimentos ou com


origem criminosa.

Os incêndios urbanos possuem consequências ao nível de vítimas (mortos e feridos), prejuízos


materiais, danos ambientais e danos de natureza social. Dependendo do tecido urbano onde
ocorrem, os incêndios urbanos frequentemente têm a capacidade de propagação a outros
edifícios contíguos ao local de origem. Este efeito é especialmente notório em núcleos urbanos mais
antigos, onde as características dos edifícios e as deficientes condições de acesso e circulação ao
local de deflagração do incêndio acarretam maiores dificuldades de extinção do incêndio.

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME VII - Riscos e vulnerabilidades à ocupação do solo

Desta forma, constituem condicionantes a má acessibilidade dos meios de socorro, o risco


agravado de propagação do incêndio pelas coberturas e paredes exteriores face às características
construtivas e à morfologia urbana, o insuficiente abastecimento de água nas redes e a eventual
deficiente prontidão do socorro.

Para a elaboração da cartografia de suscpetibilidade de risco de incêndio urbano deverão


considerar-se as seguintes informações:

 Dados de caracterização das Províncias e seus Municípios do ponto de vista da malha


urbana, tipo e idade das construções/edifícios;

 Sistemas de segurança existentes;

 Carta de Ocupação;

 Elementos mais vulneráveis (centros urbanos, equipamentos de saúde, escolas, edifícios de


dimensão elevada, etc., que recebem um grande número de pessoas);

 Pontos perigosos (industrias, oleodutos, postos de abastecimento, etc.);

 Registos Históricos

Em relação aos incêndios florestais, as questões de ordenamento passa acima de tudo pelo
ordenamento florestal em coassociação com o ordenamento agrícola e urbano. A espacialização
da floresta, agricultura e espaço urbano num sistema coeso e organizado, leva a uma minimização
dos efeitos do homem sobre o meio ambiente e sobre os riscos que dai advêm.

A cartografia de risco de incêndio florestal é compreendida por dois mapas distintos,


nomeadamente, o Mapa de Perigosidade de Incêndio Florestal e o Mapa de Risco de Incêndio
Florestal.

O Mapa de Perigosidade de Incêndio Florestal apresenta, através da combinação da


probabilidade e da susceptibilidade, o potencial de um território para a ocorrência do fenómeno.
Este mapa é particularmente indicado para acções de prevenção. Em termos práticos a
probabilidade, ou seja, a verosimilhança de ocorrência de um fenómeno num determinado local
em determinadas condições, expressa a percentagem média anual de ocorrência de um incêndio
num determinado local.

Em relação ao Mapa de Risco de Incêndio Florestal, este combina as componentes do mapa de


perigosidade com as componentes do dano potencial (vulnerabilidade e valor) para que seja

41
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Riscos

possível indicar qual o potencial de perda face ao fenómeno. O Mapa de Risco de Incêndio
Florestal é particularmente indicado para acções de prevenção quando lido em conjunto com o
Mapa de Perigosidade de Incêndio Florestal, e para planeamento de acções de supressão.

De facto, esta cartografia é uma ferramenta com grande utilidade para a prevenção e gestão dos
incêndios florestais, uma vez que define as áreas onde se reúnem os factores mais propícios para a
ignição e desenvolvimento de um fogo.

Para a elaboração da carta de susceptibilidade a incêndios florestais deverão ser consideradas as


seguintes fontes de informação:

 Dados de caracterização da província e seus municípios do ponto de vista da extensão das


manchas florestais;

 Espécies Florestais que ocorrem;

 Densidade da ocupação florestal;

 Caracterização climática;

 Proximidade a áreas urbanas redes viárias e pontos perigosos (industrias, oleodutos, postos
de abastecimento, etc.);

 Historial de ocorrências.

7.3.2 Contaminação dos Recursos Hídricos

7.3.2.1 Recursos Hídricos Subterrâneos

A contaminação dos recursos hídricos subterrâneos está directamente relacionada com a


permeabilidade e capacidade dos aquíferos e sua vulnerabilidade à poluição. Um aquífero é uma
formação ou corpo geológico que contém água e a pode ceder em quantidades
economicamente aproveitáveis. Um sistema aquífero é um domínio espacial de uma ou várias
formações geológicas, limitado em superfície e em profundidade, que define um ou vários
aquíferos, relacionados ou não entre si, e que constitui uma unidade prática para a exploração de
águas subterrâneas.

Apesar do poder filtrante e das características autodepuradoras dos sistemas aquíferos, as águas
subterrâneas, uma vez contaminadas, podem gerar processos praticamente irreversíveis, pelo que a
sua descontaminação torna-se muito difícil.

42
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME VII - Riscos e vulnerabilidades à ocupação do solo

A forma e a densidade da rede de drenagem refletem de certa maneira tanto a permeabilidade


do solo como as áreas de recarga de aquíferos. No geral pode afirmar-se que a uma maior
densidade de drenagem corresponde uma menor permeabilidade, logo menor risco de
contaminação das águas subterrâneas. No entanto, em áreas de recarga de aquíferos e em áreas
em que o nível freático se encontra relativamente mais à superfície, aí, o risco de contaminação
será muito elevado. Os aquíferos porosos, nomeadamente nos locais onde o substrato é constituído
por as areias devido à sua porosidade permitem uma grande captação de água.

Também dentro das características topográficas será interessante ter o conhecimento do declive do
terreno, pois quando ele é forte o escoamento será também maior o que levará a uma diminuição
da infiltração, transportando os contaminantes para longe dessas áreas declivosas. Em áreas planas
ocorrerá o inverso. A contaminação tem assim uma proporção inversa à percentagem da
inclinação.

Logo, se solos porosos apresentam uma contaminação elevada, devido à forte infiltração, os solos
compactos argilosos tem um risco de contaminação baixo.

Também as áreas cársicas possuem uma elevada vulnerabilidade quanto à contaminação das
reservas de água subterrâneas, essa contaminação poderá ser temporalmente curta no local
contaminante. No entanto, o seu efeito irá evidenciar-se posteriormente em locais adjacentes às
regiões cársicas, pois estes sistemas comportam-se como autênticos reservatórios de água que
alimentam as nascentes em seu redor.

Pode-se assim concluir que a contaminação potencial das águas subterrâneas cresce com a
permeabilidade e a altura do nível freático, e decresce com a inclinação e a profundidade da
rocha mãe. Se a estes fatores se juntar uma rede de drenagem pouco densa e focos emissores de
produtos contaminantes, então estão reunidas as condições para que as águas subterrâneas sejam
fortemente poluídas.

A contaminação das águas subterrâneas, incluindo aquíferos e camada freática por norma
dependem de fatores, como foi abordado anteriormente, que estão associados à geologia - fator
determinante quanto ao risco de contaminação e à profundidade da rocha mãe - suas
características determinam por um lado a altura do nível freático e por outro a possibilidade de
circulação de água que vai adquirindo elementos resultantes do contacto com os materiais por
onde circula.

Entre as potenciais ameaças de poluição à água subterrânea encontram-se ainda: a deposição de


resíduos industriais sólidos e líquidos ou de produtos dissolvidos e arrastados por águas de infiltração

43
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Riscos

em terrenos permeáveis; a deposição de dejetos animais resultantes de atividades agropecuárias; a


construção incorreta de fossas sépticas; a utilização de herbicidas e fungicidas; e a sobre-
exploração dos aquíferos em zonas sensíveis. No entanto, destaca-se a poluição produzida por
nitratos de origem agrícola, quase sempre associada à agricultura intensiva e ao uso excessivo de
fertilizantes.

A metodologia correntemente utilizada para a elaboração da cartografia de susceptibilidade de


contaminação dos recursos hídricos subterrâneos baseia-se no método de DRASTIC, o qual é
amplamente utilizado para determinar a vulnerabilidade à poluição de águas subterrâneas.

A vulnerabilidade à poluição das águas subterrâneas é definida como a sensibilidade da qualidade


das águas subterrâneas a uma carga poluente, função apenas das características intrínsecas do
aquífero. O risco de poluição dos recursos hídricos subterrâneos depende, não só da vulnerabilidade
dos aquíferos, mas também da existência de cargas poluentes significativas que possam influenciar
as águas subterrâneas. Este risco é causado, não apenas pelas características intrínsecas do
aquífero, mas também pela existência de actividades poluentes, como sejam as actividades
industriais, as actividades urbanas, os tratamentos de efluentes, as práticas agrícolas, entre outros.

7.3.2.2 Recursos Hídricos Superficiais

A contaminação das águas superficiais pode ter várias origens e ser causada por diversos tipos de
poluentes: nutrientes provenientes de fontes tópicas e difusas, metais pesados e outras substâncias
perigosas, micro-poluentes orgânicos, radioatividade e salinização.

Em termos de águas superficiais, o escoamento poder ser de base (base flow) e direto (direct flow).
Por esta razão, a vulnerabilidade dos recursos hídricos superficiais não pode ser tratada da mesma
forma que a vulnerabilidade dos recursos hídricos subterrâneos. De facto, o escoamento de base é
proveniente da descarga das águas subterrâneas nos meios hídricos superficiais. Esta água ter-se-á
infiltrado na bacia hidrográfica a montante da secção em análise e percolado através de um meio
subterrâneo que por si só é mais ou menos vulnerável à poluição, o que condiciona a protecção
dos recursos hídricos superficiais em termos de poluição difusa. Por outro lado, o escoamento direto
não flui à superfície por um meio homogéneo até atingir os corpos de água superficiais. As águas
superficiais são normalmente mais vulneráveis que as subterrâneas. Na verdade, um evento de
poluição nas margens de um corpo de água ou à sua superfície tem implicações imediatas na
qualidade da água superficial. No entanto, pode existir alguma atenuação da poluição para as
áreas da bacia com escoamento superficial mais baixo ou mais distante das potenciais captações
e, assim, menos vulneráveis à poluição por maior diluição dos poluentes. As áreas com maior

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME VII - Riscos e vulnerabilidades à ocupação do solo

capacidade de infiltração do solo (zonas planas, coberto vegetal que favorece a infiltração) serão
menos vulneráveis no que refere às águas superficiais.

Para a elaboração da carta de riscos e análise de sensibilidade deverá proceder-se à


caraterização do grau de probabilidade de introdução de microrganismos, substâncias químicas
e/ou resíduos no meio aquático em quantidade suficiente para desequilibrar as suas propriedades e
torna-lo prejudicial à saúde e à preservação ecológica do sistema.

A avaliação da susceptibilidade de contaminação dos recursos hídricos superficiais baseia-se assim


na análise dos seguintes dados: (i) identificação dos elementos susceptíveis de serem contaminados
(rios e cursos de água); (ii) identificação das instalações e actividades susceptíveis de causar
contaminação dos recursos hídricos superficiais (fontes de potencial contaminação); (iii)
caracterização dos parâmetros que influenciam o sentido e velocidade de deslocamento dos
elementos contaminantes através do escoamento superficial (declives e permeabilidade dos solos).

7.4 RISCOS TECNOLÓGICOS

7.4.1 Acidentes Industriais

De uma forma geral e atendendo ao tipo de empresas implantadas nos parques e noutros locais, é
possível definir com principais perigosidades:

 Incêndio - com emissão de nuvens de fumo que podem provocar sufocação e intoxicações;

 Explosão - com propagação de uma onda de choque violenta para o exterior da zona
fabril, na qual as ondas de radiação térmica e de sobrepressão são causadoras de danos na
população e no património edificado, podendo atingir distâncias relativamente grandes;

 Fuga de gás - suscetíveis de serem, consoante as concentrações, tóxicas, explosivas ou


corrosivas. A sua propagação é função da direção e da velocidade do vento e quando se
verifica a libertação de gases tóxicos é a população que apresenta maior vulnerabilidade
numa extensão geralmente bastante maior, e o património edificado não será praticamente
afetado;

 Derrames de substâncias perigosas - será principalmente afetado o ambiente,


nomeadamente os recursos hídricos e o solo.

45
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Riscos

Para a elaboração da carta de riscos e análise de sensibilidade deverão ser utilizados os seguintes
elementos relativos à situação de referência:

 Dados de caracterização da província e seus municípios de vista da tipologia das indústrias


existentes, tipo de substâncias produzidas/armazenadas;

 Rede viária e ferroviária, suas características, estado da rede viária e ferroviária, pontos
negros;

 Rede hidrográfica;

 Carta de ocupação do solo (habitações e agricultura) e zonas ambientalmente sensíveis;

 Historial de ocorrências de acidentes.

7.4.2 Acidentes viários e ferroviários

Um acidente é uma ocorrência na via pública ou que nela tenha origem envolvendo pelo menos
um veículo em movimento, do conhecimentos das entidades fiscalizadoras e da qual resultem
vítimas e/ou danos materiais.

Em geral, as principais causas dos acidentes rodoviários são causados por excesso de velocidade,
despistes e falhas mecânicas ou ainda más condições atmosféricas, manobras perigosas e distração
por parte dos condutores e peões.

A cartografia de susceptibilidade de risco de acidentes rodoviários e ferroviários deverá ter em


consideração a localização dos “pontos negros”, os quais resultam de uma análise local aos registos
de acidentes ocorridos.

A maioria dos acidentes está relacionada com sinalização deficitária, iluminação insuficiente e
negligência (embriaguez, excesso de velocidade). De facto, a maioria da rede viária do território
apresenta-se em mau estado de conservação, com ausência de sistemas de drenagem e limpeza o
que, em conjugação com o tráfego intenso, aumenta a probabilidade de ocorrência de acidentes
graves.

7.4.3 Acidentes por transporte de mercadorias perigosas

São mercadorias perigosas quaisquer matérias, objectos, soluções ou misturas de matérias cujo
transporte é proibido ou objecto de imposição de certas condições. Incluem-se neste as operações
de carga e descarga, as transferências de um modelo de transporte para outro e as paragens

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME VII - Riscos e vulnerabilidades à ocupação do solo

exigidas pelas condições de transporte, realizadas nas vias do domínio público, bem como em
quaisquer outras vias abertas ao trânsito público, com vista à diminuição da perigosidade associada
a este transporte.

Em termos de vulnerabilidade esta resulta essencialmente da suscetibilidade de explosão, perda de


contenção da mercadoria, contacto da mercadoria tóxica com o ser humano, associação da
mercadoria inflamável com uma fonte de ignição ou mudança de estado físico da mercadoria
com mudança das suas propriedades, e é potenciado por vários fatores nomeadamente: a
localização das empresas produtoras e de destino, empresas de armazenagem e comercialização
de produtos, aos trajectos utilizados, a intensidade de tráfego, a frequência de circulação dos
veículos; as quantidades transportadas e o perigo inerente aos próprios produtos.

7.4.4 Acidentes em Instalações de Combustíveis

Os riscos que assumem maior expressão, associados a acidentes em instalações combustíveis são:

 Risco de incêndio e explosão - volatilidade dos combustíveis, limites de inflamabilidade,


fontes de ignição;

 Riscos associados ao manuseamento - risco de ingestão, risco de inalação, risco de


contacto com a pele, risco cancerígeno;

 Riscos ambientais - derrame, absorção pelo solo, depósito em lençóis de água, migração
através de infraestruturas.

Para a elaboração da cartografia de susceptibilidade, devem ser consideradas neste ponto as


áreas relativas a gasolineiras/bombas de combustível e depósitos de grande concentração de
combustível propriedade de empresas/ indústrias, e analisados os registos históricos de acidentes.

Os acidentes nestes locais assumem especial relevância quando as instalações se encontram


próximas de elementos expostos, uma vez que em caso de explosão a área envolvente à
instalação, nomeadamente o edificado corre risco de colapso e incêndio.

Para além dos danos materiais, um acidente grave envolvendo instalações de combustíveis,
poderia ser fatal para o ser humano, mais propriamente para possíveis trabalhadores, uma vez que
a maior parte dos depósitos de combustíveis se encontram associados a grandes empresas, com
grande número de trabalhadores.

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Riscos

8. DOCUMENTOS ESTRATÉGICOS

8.1 ÂMBITO NACIONAL

As questões relativas aos riscos começam já a ser consideradas nos principais documentos
orientadores, quer de âmbito nacional, quer provincial.

8.1.1 Angola 2025. Estratégia de Desenvolvimento a Longo Prazo para Angola

No âmbito da Estratégia de Desenvolvimento a Longo Prazo para Angola (2005), elaborada em 2007
pelo Ministério do Planeamento, são notórias as referências à análise e avaliação de riscos, nos
principais domínios do planeamento e ordenamentos território do país.

De facto, são objectivos específicos desta Estratégica, de entre outros, “Assegurar que a utilização
dos recursos hídricos nacionais se processa de forma adequada, garantindo um desenvolvimento
económico e social sustentado e a preservação do ambiente. Garantir o bem-estar da população
e a melhoria da saúde pública, através do acesso do cidadão e entidades colectivas a serviços de
qualidade de abastecimento de água potável”.

Estes objectivos deverão ser atingidos através da adopção de objectivos específicos que
consideram:

 Implementar até 2015, o modelo de gestão integrada dos recursos hídricos em, pelo menos,
metade das bacias hidrográficas;

 Garantir o abastecimento de água potável a, pelo menos, 80% da população Angolana,


sendo que até 2015 deve ser reduzida para metade a percentagem da população sem
acesso a água potável;

 Garantir o equilíbrio permanente entre a oferta e a procura de água;

 Promover a utilização racional da água, combatendo a poluição e a degradação dos


cursos de água;

 Enquadrar e regulamentar a utilização de água para fins agrícolas, pecuários, industriais e


hidroeléctricos;

 Garantir o adequado saneamento das águas residuais e regular o lançamento de afluentes;

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME VII - Riscos e vulnerabilidades à ocupação do solo

 Assegurar a participação crescente do sector privado na prestação de serviços ligados às


múltiplas utilizações da água;

 Reorganizar e estruturar as empresas públicas do sector, em particular a Empresa Pública de


Águas de Luanda – EPAL;

 Participar na partilha de águas de bacias hidrográficas internacionais, garantidos que


estejam os interesses nacionais.

De acordo com este, “a caracterização da política de recursos hídricos exigirá a execução de um


complexo conjunto de orientações e medidas de política, tais como (ver “Estratégia de
Desenvolvimento do Sector de Águas” – Ministério da Energia e Águas e “Lei de Águas”)”.

As questões relativas à Indústria são também abordadas, através da definição do objectivo global
de “Promover o desenvolvimento da indústria transformadora nacional, de acordo com os princípios
subjacentes ao objectivo do desenvolvimento sustentável, contribuindo para a satisfação das
necessidades básicas da população e o desenvolvimento equilibrado e equitativo do território, bem
como para uma inserção competitiva de Angola no mercado mundial e regional”.

A Estratégia passa também pela proposta de reabilitação, no curto prazo, de troços viários
fundamentais e inter-prvinciais, do desenvolvimento de pólos industriais e zonas económicas
especiais, onde se promova a melhoria da qualidade e redução da poluição e a reabilitação das
infraestruturas.

Sugere esta Estratégia, a identificação de vulnerabilidades e a elaboração da respectiva carta de


riscos sectorial, de forma a antever prováveis impactes no território. Pretende-se também a
definição de medidas que evitem ou mitiguem os efeitos das intervenções no território.

Desta forma, define este documento como áreas de intervenção prioritária:

 Gestão Integrada das zonas costeiras – onde se pretende a identificação das áreas de
maior vulnerabilidade ou que, independentemente disso, sejam locais de grande riqueza
biológica e/ou de ocorrência de espécies mais raras no património natural nacional, São
premissas deste documento a elaboração da respectiva carta de riscos (ambiental e
biológica).

 Qualidade e Sustentabilidade do Meio Marinho – através do estudo e avaliação da


incidência de factores de perturbação nas interacções entre ambiente, exploração
pesqueira/aquícola e outras actividades humanas e monitorizar a qualidade ambiental. São

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Riscos

premissas da Estratégia, identificar vulnerabilidades e traçar a respectiva carta de riscos e


antever impactos prováveis de uma alteração climática nas zonas costeiras e contribuir
para a definição de medidas que evitem ou mitiguem os seus efeitos

Também nesta Estratégia, a expansão do Turismo deverá ser processada de “gradual e sustentável,
de forma a “minimizar riscos e impactos negativos e sempre em observância dos princípios
constantes dos planos de desenvolvimento de cada região considerada”.

8.1.2 Perfil Ambiental de Angola

O Perfil Ambiental de Angola, documento de enquadramento geral do território angolano,


identifica, na sua análise, os principais aspectos associados às pressões ambientais e análise de
riscos que podem ocorrer no país.

No que diz respeito às pressões impostas pela exploração mineira, identifica este documento refere
que, as áreas mais afectadas pela exploração mineira à superfície são as províncias diamantíferas
das Lunda Norte e Lunda Sul, onde se verificam desvios de cursos dos rios e contaminação com
produtos químicos de limpeza de rocha.

Com efeito, para permitir os trabalhos de prospecção, especialmente no caso das minas a céu
aberto, são realizadas grandes obras de engenharia mineira (que se mantêm durante o período de
exploração) que implicam frequentemente os desvios dos rios e a deslocação da população. O
impacto do desvio dos rios afecta negativamente a actividade agrícola a jusante, pelo
rebaixamento do nível freático.

Durante a exploração, a bombagem de água mineralizada para fora da mina e a sua descarga em
águas superficiais resulta numa significativa poluição hídrica, dado que, no processo de tratamento
dos minerais, são utilizados vários produtos tóxicos, como, por exemplo, o mercúrio.

Para agravar a situação, o garimpo (em que estão envolvidos cerca de 200.000 angolanos e
estrangeiros) é praticado sem nenhuma medida de controlo ambiental, com as consequências
acima indicadas.

Está prevista a expansão da indústria mineira para outras províncias como o Bié e Malange onde a
prática do garimpo é já uma realidade.

O impacte da exploração de petróleo faz-se sentir com maior intensidade nas províncias de
Cabinda e Zaire, diminuindo a qualidade de vida das populações. As actividades de prospecção,
pesquisa, exploração e transporte de petróleo, embora desenvolvidas com recurso a processos

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME VII - Riscos e vulnerabilidades à ocupação do solo

tecnológicos bastante avançados, não deixam de ser poluentes, quer nas operações rotineiras,
quer devido a acidentes. Em 2002, um grave acidente de derrame num oleoduto, causou a
poluição de mais de vinte e cinco quilómetros de praias e costas, na Província de Cabinda.

Os derrames no mar provocam a contaminação das águas e a degradação dos recursos marinhos
por acumulação de substâncias tóxicas nos organismos, No caso das explorações em terra os solos
são contaminados. A queima do gás tem contribuído significativamente para o aumento da
poluição atmosférica e, no caso das explorações em terra, este processo tem sido apontado como
obstaculizador das práticas agrícolas locais. Outros impactes advêm da geração de resíduos
perigosos, como no campo do Malongo e do abandono de plataformas obsoletas no mar.

Existem ainda indícios de uma relação causa-efeito entre a exploração off-shore de petróleo e a
degradação avançada e a mortalidade dos mangais, a mortalidade de um grande número de
tartarugas marinhas e a diminuição do recurso pesqueiro verificadas nas províncias de Cabinda e
Zaire. Igualmente deverá ser objecto de estudo a relação entre a diminuição da produção agrícola
e a mortalidade dos coqueiros e a exploração de petróleo na costa.

Todas as operadoras têm actualmente capacidade de resposta a derrame de 1º nível


(correspondente a menos de 100 barris). Para derrames mais fortes estabeleceram um protocolo de
cooperação. No entanto, está ainda por implementar um sistema eficaz de alerta e resposta. A
resposta a derrames maiores continua a demorar no mínimo 48 horas a implementar.

No que diz respeito aos solos, mais de 50% do território esta sujeito a processos constantes ou
periódicos de erosão provocados pelas chuvas, pelos ventos e outros factores climáticos. As
Províncias do Namibe (e em particular a cidade do Tombwa) e Cunene, bem como a Baía Farta na
província de Benguela apresentam uma evolução da Desertificação, paralelamente ao risco real
de desestabilização das dunas do Kalahari.

Verifica-se igualmente algumas áreas das Províncias Lunda-Norte, Lunda-Sul, Moxico, Bié e Huambo,
um fenómeno de acentuada erosão hídrica dos solos que provoca o surgimento de grandes ravinas
ou fendas, cuja causa pode ser associada a vários factores, nomeadamente: Exploração mineira;
Desmatamento e queimadas; Práticas inadequadas da agricultura tradicional; Escavação de fossos
para produção de adobes para construções, deficiência dos sistemas de colecta e drenagem de
águas pluviais.

Também a contaminação por resíduos sólidos urbanos, com incidência em todas as cidades,
causada por irregularidade de recolha de resíduos domésticos e em locais públicos e,
consequentemente, a deposição céu aberto e em locais inadequados, tem causado a poluição do

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Riscos

solo. Em menor grau verificam-se alguns casos de lixiviação, salinização e laterização de solos em
algumas zonas onde a exploração agrícola baseada na irrigação tem conhecido um incremento
considerável ano após ano.

As minas pessoais constituem um efectivo impedimento à concretização de projectos de utilização,


gestão e preservação dos recursos naturais. Após um longo período de conflito armado, Angola é
ainda hoje um país fortemente contaminado por minas e engenhos explosivos não detonados. Na
maioria dos casos não há registo das operações de montagem dos engenhos nem se conhecem
com precisão os mapas dos locais onde estes foram colocados. Cerca de 35% do território pode
estar contaminado, podendo existir entre 6 a 7 milhões de minas anti-pessoais instaladas, ou seja,
aproximadamente uma mina por cada duas pessoas.

Neste documento são ainda consideradas as questões relacionadas com a degradação da


qualidade do ar, referindo-se que, não existe em Angola uma rede de monitorização de qualidade
do ar apesar da rede de estações meteorológicas do Instituto de Meteorologia estar baseada em
aeroportos. Estima-se que as emissões atmosféricas predominantes no país sejam sobretudo as
provenientes da combustão de combustíveis fósseis. Os transportes rodoviários, as tochas de
exploração petrolífera e os geradores eléctricos são responsáveis pela maior parte das emissões
de CO (monóxido de carbono), COVNM (compostos orgânicos voláteis não metânicos) e chumbo.

São ainda identificadas as principais tendências e constrangimentos no que diz respeito aos sistemas
de abastecimento e drenagem de águas resíduos e pluviais.

No sector dos transportes destacam-se as pressões causadas pelo tráfego nas cidades, pelo parque
automóvel antigo e altamente poluente. Presume-se que poluição do ar em várias cidades (por
exemplo Luanda e Benguela) causada pelos transportes será já considerável. No entanto não existe
informação disponível Outro foco de poluição é o Porto de Luanda, que afecta principalmente as
condições físicas da baía e das suas águas, na qual se observam alguns pontos de assoreamento,
para além dos derrames ocasionais de óleo combustível tanto pelos navios que nele aportam como
pela operação dos terminais de petróleo e seus derivados. As restantes instalações portuárias ao
longo da costa, embora de menor porte, começam a apresentar problemas similares de poluição
ambiental. Os efeitos adversos da operação de estradas e do aeroporto de Luanda são difusos e,
portanto, mais difíceis de identificar. No entanto, alguns pontos em que se desenvolvem processos
acelerados de erosão já foram identificados.

Dada a escassez da indústria, os impactes do sector são ainda localizados. Na Província de Luanda,
por exemplo, a indústria de cimento e lousalite (Cimangola e Cimianto) são responsáveis por

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME VII - Riscos e vulnerabilidades à ocupação do solo

descargas de partículas para a atmosfera que podem originar problemas respiratórios, Os efluentes
destas indústrias, contendo concentrações significativas de partículas e de outras substâncias
poluidoras, são despejados nas águas da baía de Luanda sem o devido tratamento.

A Refinaria da Sonangol, bem como algumas instalações de processamento de petróleo e seus


derivados, situadas em Cabinda e Luanda, para além dos riscos de acidentes de poluição, são
fontes permanentes de poluição do ar e da água, inclusive por substâncias tóxicas e cancerígenas.
Junto às cidades do Namibe e Tômbwa, a indústria de transformação de pescado causa
incómodos à população e impactos no ambiente e requer medidas de controle para o tratamento
de seus efluentes líquidos, ricos em carga orgânica, redução dos odores, e o destino adequado dos
resíduos sólidos remanescentes da sua operação.

No entanto, algumas actividades modernizaram determinados processos produtivos, o que se


traduziu num melhor desempenho ambiental como resultado da sensibilização promovida pelo
MINUA, da opinião pública internacional no caso das empresas estrangeiras, e dos requisitos das
instituições financeiras.

Este documento procede ainda à análise das tendências e as perspetivas de evolução para cada
um dos problemas identificados.

8.1.3 Programa de Apoio Estratégico para o Ambiente

O documento, elaborado em 2012 pelo Governo de Angola, procede à identificação das principais
causas de mudanças verificadas no país. De facto, a rica base dos recursos naturais sofreu das
deficientes práticas de gestão desde a era colonial, exacerbada pelos efeitos da guerra. As causas
primárias dos actuais processos da degradação ambiental são diversas, mas estão enraizadas na
pobreza e no uso da lenha e do carvão como fontes primárias de energia para as populações rurais
e urbanas. As causas chave de mudança na sustentabilidade dos principais ecossistemas de Angola
e dos bens e serviços que fornecem são resumidas neste documento.

Os resultados destes processos, e a falta de respostas efectivas a elas, incluem a perda de espécies,
erosão do solo, poluição da água, esgotamento de existências de pescas, diminuição na
produtividade agrícola e a perda de resiliência às alterações climáticas, e subsequentes perdas de
benefícios para as populações que delas dependem.

As principais preocupações reflectidas neste documento apresentam-se de seguida:

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Riscos

Práticas agrícolas e degradação dos solos

As práticas agrícolas tradicionais dominam o sector agrícola, com aproximadamente 85% das
populações rurais a viver apenas da agricultura de subsistência. A agricultura comercial cobre
menos do 1% do país, principalmente no planalto central, fértil e abastado em água. A maioria das
culturas alimentares – milho, café, açúcar, amendoim, feijões, etc – baixou para 10% dos seus níveis
de produção pré-independência, mas a produção de mandioca aumentou e continua a ser o
alimento base.

As práticas de cultivo insustentáveis são responsáveis pela séria degradação dos solos no país. A
cultura itinerante devido à má fertilidade do solo, má qualidade das sementes, inadequados
serviços de extensão e falta de acesso a finanças, constitui parte do ciclo vicioso do
empobrecimento rural, tanto do bem-estar humano como dos recursos naturais.

Não obstante o abuso dos fertilizantes químicos no sector agrícola ser uma das actividades mais
poluidoras dos solos e da água, ainda não há preocupação a este respeito.

Também a prática de queimadas para limpar a terra para agricultura, melhorar o forragem para o
gado e produzir carvão, torna Angola o país com maior frequência de fogo incontrolável no
mundo. As persistentes queimadas de savanas, matagais e florestas resultaram em graves níveis de
perda da biodiversidade, principalmente das florestas de Afromontane do planalto central.

Práticas de mineração

O impacto das minas de diamante aluviais nas redes hidrográficas, e as plataformas petrolíferas no
mar e na terra, levou à degradação ambiental, com uma clara necessidade para enquadramento
e aplicação das avaliações de impacto ambiental e monitorização dos danos ambientais na
indústria extractiva. Muitos afluentes da rede hidrográfica do Congo que flui através de concessões
de mineração de diamantes na Lunda Norte, foram totalmente destruídos por mineração aluvial
desregulada – seja através do desvio do curso do rio ou da mineração a céu aberto de extensivas
áreas de planície aluvial, libertando água tratada com elevadas cargas de sílice e sedimentos
directamente de volta ao curso do rio. As restantes florestas-galerias prístinas e zonas húmidas na
Lunda Norte precisam de protecção urgente contra similares impactos de mineração.

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME VII - Riscos e vulnerabilidades à ocupação do solo

Processos de alterações climáticas

Existe actualmente forte evidência científica para apoiar o ponto de vista que afirma que a
actividade humana, particularmente a combustão de combustíveis fósseis e a alteração acelerada
do uso da terra, está a causar taxas jamais vistas de alterações climáticas devido ao rápido
aumento de gases de “estufa” atmosféricos. O rápido crescimento económico nacional, liderado
pelo sector petrolífero, as elevadas emissões fugitivas da indústria petrolífera, e elevadas taxas da
desflorestação para a produção de lenha, carvão vegetal e a limpeza de solos para fins agrícolas
pode fazer com que aumentem as emissões de gás de estufa nos próximos anos. Estão a ser
implementadas medidas de políticas para reduzir os impactos do sector petrolífero, mas a redução
da desflorestação e da produção de carvão ainda constituem preocupações.

Inundações e Cheias

As cheias reiteradas das captações de Cuvelai/Cunene, a deslocação de milhares de pessoas,


indicam o tipo de tendência esperada. Caso os períodos húmidos sejam seguidos de período de
seca, as bacias hidrográficas do Zambezi, que abastecem 32 milhões de pessoas em sete estados
tanto em água como em energia hidroeléctrica, poderiam sofrer um impacto negativo. De igual
modo, qualquer redução na produção da água dos rios Cubango e Cuito terá impactos profundos
nas comunidades de Cuando Cubango, e no ecossistema do Okavango – de importância crítica
para os dois estados vizinhos.

No seguimento dos problemas identificados, o documento procede à identificação dos objectivos e


definição de indicadores de monitorização.

8.1.4 Estratégia Nacional de Implementação da Convenção Quadro das Nações


Unidas sobre as Alterações Climáticas e o Protocolo de Kyoto

Em termos de análise de risco de contaminação do ar e alterações climáticas, a Estratégia Nacional


de Implementação da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas e o
Protocolo de Kyoto, da responsabilidade do Ministério do Urbanismo e Ambiente (2007), procede à
caracterização das várias fontes de gases e actividades com efeito de estufa, com origem humana.

O impacto sobre o ambiente natural e sobre a saúde pública dessas actividades é considerável, no
entanto esse impacte ainda não foi devidamente quantificado. Esta actividade de quantificação
dos gases de efeito estufa consta das acções desta Estratégia, a qual inclui a realização de um
inventário nacional de emissões e a elaboração de um programa nacional para as alterações
climáticas.

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Riscos

8.1.5 Avaliação Rápida dos Recursos Hídricos e Uso da Água em Angola

De acordo com a Avaliação Rápida dos Recursos Hídricos e Uso da Água em Angola, elaborado no
âmbito do Projecto de Gestão do Sector Nacional das Águas, Actividade C, de Março de 2005
(Direcção Nacional das Águas, Ministério da Energia e Águas), as questões relativas aos riscos de
inundações e cheias, secas, contaminação dos solos e das águas foi já abordado, tendo o
documento efetuado referência a recomendações a considerar em futuras avaliações no âmbito
nacional e provincial.

Desta forma, no sentido de auxiliar na superação de alguns constrangimentos identificados neste


documento, são elencadas as seguintes recomendações:

 Disseminação dos Resultados da Avaliação Rápida dos Recursos Hídricos e do Uso da Água

 Manutenção Desenvolvimento da Avaliação dos Recursos Hídricos e Uso da Água

 Reabilitação e aumento da rede hidrológica do país

 Monitorização do transporte de sedimentos nas bacias hidrográficas

8.1.6 Programa Nacional Estratégico Imediato para a Água

No âmbito do Programa Nacional Estratégico Imediato para a Água (PNEIA), são já abordadas as
questões de risco associadas aos recursos hídricos. De facto, considera este documento que, no que
se refere às situações de risco que podem ocorrer no meio hídrico, sobressaem os fenómenos de
cheias e inundações, de secas e, de um modo mais abrangente, os fenómenos de erosão e
desertificação.

Estas situações de risco são dependentes, por um lado, das características geográficas, geológicas
e climáticas do País e, por outro, da urbanização do mesmo, do desenvolvimento das actividades
socioeconómicas e da exploração dos recursos naturais que podem gerar acidentes graves,
catástrofes ou calamidades, susceptíveis de originar perdas de vidas humanas, prejuízos
socioeconómicos e alterações significativas no ambiente e no património cultural.

Considera este Programa como indispensável, quer a nível do Governo, quer de entidades e
organismos com responsabilidades no domínio da protecção civil e dos cidadãos em geral,
desenvolvam acções com eficácia e oportunidade para atenuar os riscos e limitar os seus impactos
quando ocorram, e adicionalmente socorrer e assistir as pessoas em perigo.

56
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME VII - Riscos e vulnerabilidades à ocupação do solo

Apesar de não especificar medidas concretas no âmbito da mitigação dos riscos associados às
cheias e inundações, de secas e aos fenómenos de erosão e desertificação, o PNEIA assenta os seus
objectivos em 4 eixos fundamentais os quais, indirectamente, pretendem prevenir e mitigar os efeitos
provocados por estes fenómenos, nomeadamente:

1. “Estabelecimento de um Programa de Investimentos Infra-estruturais de carácter nacional,


apoiando o desenvolvimento do “cluster da água”, adequadamente sustentado sob o
ponto de vista técnico, social, ambiental e político;

2. Reforço da investigação e desenvolvimento relacionados com as diversas vertentes da


utilização da água, procurando a adequação do desenvolvimento técnico e científico à
realidade de Angola e assegurando a formação de técnicos dos organismos centrais e
provinciais através da ligação a instituições de ensino e centros de investigação de
reconhecida credibilidade;

3. Fortalecimento e Modernização do Quadro Institucional, Legal e Regulatório relativo à


questão da Água;

4. Criação de mecanismos económico-financeiros de apoio ao investimento público, privado


e resultantes de modelos assentes em parceria público-privado (PPP).”

A programação do PNEIA tem um horizonte de planeamento de 2013 a 2017 e, de acordo com o


Plano de Acção do Sector de Energia e Águas, está especialmente focalizado para:

 Identificação e quantificação das utilizações da Água (Abastecimento urbano e rural,


industrial, irrigação, energia hidroeléctrica, usos ambientais e outros);

 Caracterização dos recursos hídricos (superficiais e subterrâneos), em quantidade e


qualidade a nível nacional e por região/bacia hidrográfica e implementação de uma rede
Hidrométrica nacional;

 Realização do balanço hídrico das disponibilidades e utilizações da água;

 Identificação e caracterização, espacial e temporalmente, dos principais problemas, como


são as cheias, secas, erosão, etc., bem como dos conflitos actuais e potenciais de utilização
da água.

57
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Riscos

8.1.7 Plano Director do Turismo de Angola

No âmbito do Plano Director do Turismo de Angola, Ministério da Hotelaria e Turismo, de Abril de


2013, é identificado como medida de sustentabilidade ambiental, a delimitação das zonas com
índices elevados de erosão, no sentido da preservação das paisagens naturais do país. Também as
questões de qualidade da água são aqui abordadas, promovendo-se uma melhor gestão do
recurso e a diminuição das actividades e meios de contaminação das águas superficiais e
subterrâneas.

8.1.8 Programa do Executivo 2012-2017 para o Sector de Petróleo, Gás e


Biocombustíveis

As questões da mitigação dos riscos e melhoria da qualidade do ambiente são também


consideradas no Programa do Executivo 2012-2017 para o Sector de Petróleo, Gás e
Biocombustíveis, o qual define como objectivos para o período considerado, os seguintes:

 Alcançar a “descarga zero” nas operações petrolíferas – minimizando a potencial


contaminação dos solos e da água

 Implementar e operar o Comando Nacional de Incidentes para Derrames de Petróleo e de


outras Emergências

 Participar na elaboração do Plano Nacional de Contingência Contra Derrames de Petróleo


em Terra

 Cooperar na elaboração de um Plano de Monitorização Ambiental da Costa Angolana

 Acompanhamento Ambiental dos principais projectos do sector

8.2 ÂMBITO PROVINCIAL

8.2.1 Província do Kwanza Sul

A temática dos riscos é abordada no Plano de Desenvolvimento Socioeconómico da Província do


Kwanza Sul, elaborado pelo Governo da Província do Kwanza Sul. Neste documento, que se afirma
com o objectivo de ser um plano estratégico de longo prazo, alinhado com a Estratégia de
Desenvolvimento a Longo Prazo “Angola 2025” e os Indicadores de Desenvolvimento Territorial
propostos pelo Ministério do Planeamento, os riscos são considerados nas metas definidas para 2022,
nos indicadores definidos para a “Percentagem da população vivendo em áreas potenciais de

58
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME VII - Riscos e vulnerabilidades à ocupação do solo

risco”, considerando nesta a percentagem de população nacional residente em áreas sujeitas a um


risco significativo de morte ou de danos causados p

or perigos proeminentes: ciclones, secas, inundações, terremotos, vulcões, deslizamentos de terra.

Na figura seguinte apresenta-se a percentagem da população que vive em potenciais áreas de


risco, de acordo com os dados obtidos no âmbito do presente Plano.

Figura 2:Percentagem da população vivendo em áreas potenciais de risco

Este indicador irá contribuir para uma melhor compreensão do nível de vulnerabilidade de um
determinado país, incentivando assim a longo prazo, programas de redução de risco sustentável
para prevenir catástrofes, que são uma grande ameaça ao desenvolvimento nacional uma vez que
é capaz de calcular a percentagem da população vivendo em áreas de risco de catástrofe.

Proporciona assim uma estimativa útil da vulnerabilidade nacional de ciclones, secas, inundações,
terremotos, erupções vulcânicas e deslizamentos de terra, que reúne a quase totalidade das perdas
humanas e econômicas devido a catástrofes causadas por desastres naturais.

Há um grau elevado de reconhecida interdependência entre desenvolvimento sustentável e da


vulnerabilidade a desastres naturais. Vulnerabilidade alta significa maior exposição a catástrofes
naturais, na ausência de medidas de redução de desastres. Desastres causados pela
vulnerabilidade a desastres naturais têm um forte impacto negativo no processo de
desenvolvimento, tanto em países industrializados como em desenvolvimento. Portanto, o grau de
vulnerabilidade a um determinado perigo natural proporciona uma medida-chave do bem-estar

59
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Riscos

social e do desenvolvimento de um determinado país, bem como uma indicação do risco


(probabilidade) de catástrofes naturais.

A meta definida para este indicador é de uma redução em 7% do indicador actual da Província
para 2022.

Tendo em consideração a percentagem da população que vive em áreas potenciais de risco, a


figura a seguir, mostra a distância, em percentual, quanto cada município se encontra em atingir a
meta em 2022.

Figura 3: Percentagem da população vivendo em áreas potenciais de risco. Distância de cada


município da meta para 2022.

Define este documento, no âmbito dos riscos identificados como principais fraquezas a nível
provincial:

 Vias de acesso deterioradas

 Desertificação acentuada

 Erosão dos solos

 Poluição das águas

 Falta de plano diretor provincial (documento orientador)

As ameaças relacionam-se, maioritariamente, com:

 Poluição ambiental

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME VII - Riscos e vulnerabilidades à ocupação do solo

 Queimadas anárquicas

 Exploração anárquica de recursos naturais

 Construção de habitações em áreas de risco

Análises em termos de taxas de cobertura de infraestruturas (eléctrica, águas, esgotos e resíduos)


são também abordadas neste Plano, com a definição de metas para 2002, e cujos melhoramentos
terão implicações ao nível da diminuição dos riscos de inundações e cheias, contaminação do solos
e da água e do melhoramento da qualidade do ar da Província. Apenas são consideradas acções
no âmbito dos riscos naturais.

Já no Programa Geral do Governo da Província, de 2013, são abordadas as questões relativas aos
incêndios urbanos, com referência para os registos de ocorrências dos Serviços de Protecção Civil e
Bombeiros, durante o ano de 2012, os quais verificaram, 211 incêndios (+38), comparativamente ao
anterior, todos de pequena proporção, sendo 102 (+31) causados por negligência, 41 (+8) por fogo
posto, 36 (-22) por curto-circuito e 32 (+22) por fuga de gás, tendo como consequências 10 (+2)
mortos, 5 (-7) feridos e danos materiais calculados em cerca de Kz: 45.797.011.00 (-Kz: 97.162.460.00),
caracterizados por Município no mapa que se segue:

Quadro 2: Registo de Incêndios na Província de Kwanza Sul

MUNICIPIO 2011 2012 Diferença

SUMBE 89 108 +18


AMBOIM 21 28 +7
PORTO AMBOIM 26 24 -2
CELA 5 6 +1
LIBOLO 5 8 +3
KIBALA 5 8 +3
SELES 2 13 +11
CONDA 9 4 -5
KILENDA 3 5 +2
EBO 1 4 +3
KASSONGUE 3 3 =
MUSSENDE 4 - -4
TOTAL 173 211 +38

Os sectores afectados foram as residências com cerca de 163 ocorrências, 20 em meios de


transportes, terrenos com 14 ocorrências, estabelecimentos comerciais com 13 e 1 em
estabelecimento público.

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Riscos

Os serviços de bombeiros intervieram também em 639 acidentes de viação, tendo prestado socorro
a 920 (+409) feridos, destes 432 em estado grave e 488 ligeiros, evacuados para os distintos centros
hospitalares. De igual modo desencarcerou 73 vítimas mortais em acidentes de viação e 39 resgates
de outros por afogamentos nas praias, rios, cacimbas e lagoas nos Municípios do Sumbe com 14,
Porto-Amboím com 9, Conda com 5, Amboím com 5, Libolo com 4 e Ebo com 2.

As questões dos riscos são igualmente abordadas no Plano de Desenvolvimento Provincial –


Programa de Acção, 2013, elaborado pelo Governo Provincial do Kwanza Sul, no âmbito do
Programa 7 – Protecção e Valorização dos Recursos Naturais, nomeadamente, através da
minimização de situações de risco e de impactos ambientais, sociais e económicos, cuja meta é
2017. Para a sua concretização, propõe este Plano que se obtenha a informação de base que
permita identificar as áreas a sujeitar a planos de gestão prioritários e a definição de normas
preventivas para as áreas de risco. Estas acções encontram-se previstas até 2016.

8.2.2 PROVÍNCIA DO CUNENE

No âmbito do Zonamento Ecológico e Económico da Província do Kunene, elaborado em 2008,


procede-se à identificação do risco de cheias e inundações nas sub-bacias hidrográficas da
Província do Cunene.

Refere este documento que, as classes de fragilidade a inundações predominantes na Província


vão de baixa a média fragilidade. As demais categorias ocorrem em menor quantidade. De forma
geral as Sub-Bacias hidrográficas localizadas a oeste da província estão mais suscetíveis a eventos
de enchente. O oeste é dominado pelas Sub Bacias que se enquadram nas categorias de média e
média-alta fragilidade. Do centro ao leste e nordeste da Província dominam as sub-bacias que
apresentam baixa, e média-baixa fragilidade a enchentes. Casos de alta fragilidade ocorrem em
pequenas manchas localizadas nos extremos, nordeste e leste da província e de maneira mais
expressiva na Sub-bacia do Rio Cunene-cafá.

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME VII - Riscos e vulnerabilidades à ocupação do solo

Quadro 3: Percentagem de ocorrência das classes de fragilidade a


eventos de inundações. Província do Cunene
Classes de % de ocorrência na
Fragilidade Província
Alta 1
Média-Alta 5
Média 20
Média-Baixa 54
Baixa 19

Desta forma, a maior parte da província (54%) pode ser considerada de médio-baixo risco a
enchente. Essa classe ocorre nas grandes Sub-bacias do leste da província, a saber, Cuvelai-Mui e
Cuvelai-Tchimpolo. A média fragilidade é a segunda classe dominante (20%) atingindo
principalmente o conjunto de Sub-bacias do oeste. A baixa fragilidade ocupa 19% da província sua
maior concentração esta na Sub-bacia do rio Cunene-Cuando a leste da província. Essa classe
também ocorre de forma expressiva na Sub-bacia do Rio Cuculuvali-Tchiuá. Média-alta e alta
fragilidade, juntas, somam 6% da província e dominam a Sub-bacia do Rio Cunene-Pembe (média-
alta fragilidade) e Rio Cunene-Cafa (alta fragilidade).

São ainda abordados neste documento, as questões relacionadas com a vulnerabilidade do


território aos fenómenos de erosão.

Na figura seguinte apresenta-se vulnerabilidade ao processo de erosão na Província do Cunene.

63
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Riscos

Figura 4: Vulnerabilidade ao processo de erosão na Província do Cunene

A grande maioria da Província do cunene não apresenta vulnerabilidade a processos de erosão


(91%), essa característica de estabilidade atribui-se a pouca declividade da província. Apesar da
baixa a declividade, solos compostos por Barros apresentam movimentação de massa tornando
estes terrenos instáveis.

Média vulnerabilidade a erosão ocorre em 7% da Província em dois pontos; um no extremo nordeste


na Sub Bacia Hidrográfica do rio Cubango-Calenga e outro de maiores proporções no oeste da
Província. Coincidindo com as Sub Bacias Hidrográficas dos Rios: Cunene-Ondambo, Cunene-
Muolo, Cunene-Combacata e Cunene-Mundjolo. Nessas Sub Bacias as características de declive
são mais acentuadas.

Pequenas manchas de alta vulnerabilidade a erosão estão espalhadas a oeste e nordeste da


Província ocupando apenas 2% da mesma.

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME VII - Riscos e vulnerabilidades à ocupação do solo

8.2.3 PROVÍNCIA DO BENGO E DE LUANDA

Identificados no âmbito dos riscos ambientais, o Plano Integrado da Expansão Urbana e Infa-
estrutural de Lunada/Bengo – Etapa 1, elaborado em 2008, pelo Ministério do Urbanismo e Mei
Ambiente, procede à identificação das situações de risco mais preocupantes nestas províncias,
como sendo o risco de inundações, a erosão e degradação da costa, a poluição da costa
(originada pelos deficientes sistemas de drenagem de águas residuais e pluviais e construção de
habitações e indústria na linha de costa) e as minas terrestres. De facto, estima-se que estas últimas
incluam áreas a 4km de distância das comunidades de Kwata, Cassequel e da antiga unidade
militar de Fortim, apesar de não se saber a sua localização exacta.

8.2.4 PROVÍNCIA DO HUAMBO

No âmbito do Plano Estratégico de Ambiente da Província do Huambo, elaborado pelo Governo


Provincial do Huambo em 2013, procede-se já ao enquadramento legislativo relativo a substâncias
perigosas e gestão de riscos, denotando uma preocupação crescente com esta problemática.

De facto, ao longo deste documento é frequente a referência à problemática da gestão do risco,


quer no que diz respeito às actividades industriais (prevenção dos riscos resultantes da laboração
dos estabelecimentos industriais, a salvaguarda da saúde pública e dos trabalhadores, a segurança
de pessoas e bens, a higiene e segurança dos locais de trabalho, o ambiente e a qualidade dos
bens industriais nacionais), à gestão de resíduos (com o desenvolvimento do plano de gestão de
resíduos pelas entidades envolvidas na deposição e eliminação de resíduos)

Este documento refere ainda, como principais riscos, a ocorrência de inundações em algumas
regiões da província do Huambo (Caála, Cachiungo, Chicala-Choloanga) das quais resultam, com
alguma frequência, mortos, famílias desalojadas, casas e terras destruídas.

Também os fenómenos de erosão se assumem como uma factor de risco de elevada relevância na
província, identificando algumas zonas da cidade do Huambo com risco elevado de erosão e
ravinamento devido a:

 Elevados declives

 Precipitação intensa

 Impermeabilização crescente do solo

 Retirada do coberto vegetal

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Riscos

 Desflorestação

 Retirada de areias dos leitos das linhas de água ou em zonas declivosas

Relativamente à qualidade da água (superficial e subterrânea), não existem estudos nem


levantamentos de possíveis origens de poluição. No entanto, presume-se que em determinados
locais se possam assistir a problemas de contaminação, originados potencialmente por:

 Gestão inadequada de resíduos sólidos

 Gestão inadequada de efluentes líquidos

 Ligações clandestinas à rede pluvial: águas residuais domésticas, óleos provenientes de


oficinas, entre outros

 Aparecimento de novas unidades industriais sem tratamento de efluentes

 Escoamento de nutrientes (utilização de fertilizantes) e de solos (desflorestação/queimadas)


para as linhas de água

Os principais problemas e carências ao nível da gestão de resíduos urbanos e das infraestruturas de


drenagem de águas têm provocado um agravamento dos problemas de contaminação dos
recursos solos e águas e a proliferação de doenças e emanação de odores.

O documento procede ainda à identificação dos principais problemas ambientais na província, no


âmbito do ordenamento do território, dos resíduos sólidos, da aptidão e erosão dos solos, dos
recursos hídricos, da qualidade do ar e alterações climáticas, entre outras.

Este Plano procede ainda à identificação das acções, indicadores, responsáveis e horizonte
temporal de implementação, considerando o horizonte temporal 2013-2023.

66
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME VII - Riscos e vulnerabilidades à ocupação do solo

9. FICHAS DE INDICADORES

A criação de um Sistema Nacional de Indicadores e Dados Base sobre o Ordenamento do Território


e o Desenvolvimento Urbano tem como objectivo constituir uma ferramenta de suporte para a
monitorização e a avaliação estratégica da implementação das políticas públicas de ordenamento
do território e desenvolvimento urbano e, complementarmente, para as principais políticas públicas
sectoriais com maior impacte na organização e transformação do território e das cidades

O conjunto de indicadores inferidos e seguidamente apresentados, constituem o primeiro esforço na


criação de uma base de dados nacional que permita a monitorização do trabalho desenvolvido
até ao presente, não pretende assumir-se como um Sistema Nacional, mas antes reforçar a
necessidade da sua criação, constituindo um primeiro esforço nesse sentido.

Para o presente capítulo desenvolveu-se fichas de indicadores que versão a seguintes temáticas:

 Riscos Naturais

 Riscos Ambientais e Tecnológicos

67
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Riscos

TEMA
Sub-Tema: Riscos Ambientais e Tecnológicos

Indicador: Parques de Armazenagem de produtos

Descrição Avaliação do n.º de parques de armazenagem de produtos,


Sumária: distinguidos entre produtos inertes e produtos
perigosos/tóxicos

AMBIENTE
Contexto Nacional, Provincial e Municipal
espacial de
Avaliação

Metodologia:

Relevância Elevada

INE. MINEA. Bombeiros, Proteção Civil, Governos Provinciais e


Fontes:
Municípios. Sonangol

DADOS ESTATÍSTICOS E REPRESENTAÇÃO GRÁFICA

Gráfico de Evolução
Unidade
n.º

2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013

ANÁLISE SUMÁRIA:

68
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME VII - Riscos e vulnerabilidades à ocupação do solo

TEMA
Sub-Tema: Riscos Ambientais e Tecnológicos

Indicador: Inundações e Cheias

Descrição Avaliação do risco de inundações e cheias com o objetivo de


Sumária: construir cartas de vulnerabilidade que permitam definir
cenários tipificados e dotar de um instrumento de gestão
operacional capaz de responder prontamente a eventuais
acidentes graves ou catástrofes, que daí possam decorrer.

AMBIENTE
Contexto Nacional, Provincial e Municipal
espacial de
Avaliação

Análise a eventos históricos referentes a intervenções por


Metodologia: inundação ou cheias. municípios, população residente e
edificado.

Relevância Elevada

INE. MINEA. Bombeiros, Proteção Civil, Governos Provinciais e


Fontes:
Municípios. Dados Meteorológicos.

DADOS ESTATÍSTICOS E REPRESENTAÇÃO GRÁFICA

Gráfico de Evolução
Unidade

2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013

ANÁLISE SUMÁRIA:

69
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Riscos

TEMA
Sub-Tema: Riscos Ambientais e Tecnológicos

Indicador: N.º de Unidades de Polícia de Segurança Pública

Descrição
Sumária:

AMBIENTE
Contexto Nacional, Provincial e Municipal
espacial de
Avaliação

Metodologia:

Relevância Elevada

Fontes:

DADOS ESTATÍSTICOS E REPRESENTAÇÃO GRÁFICA

Gráfico de Evolução
Unidade
n.º

2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013

ANÁLISE SUMÁRIA:

70
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME VII - Riscos e vulnerabilidades à ocupação do solo

TEMA
Sub-Tema: Riscos Ambientais e Tecnológicos

Indicador: N.º de Unidades de Bombeiros

Descrição
Sumária:

AMBIENTE
Contexto Nacional, Provincial e Municipal
espacial de
Avaliação

Metodologia:

Relevância Elevada

Fontes:

DADOS ESTATÍSTICOS E REPRESENTAÇÃO GRÁFICA

Gráfico de Evolução
Unidade
n.º

2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013

ANÁLISE SUMÁRIA:

71
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Riscos

TEMA
Sub-Tema: Riscos Ambientais e Tecnológicos

Indicador: Vias de comunicação e infraestruturas

Descrição Avalia o n.º de acidentes graves de colapso de túneis, pontes e


Sumária: outras infraestruturas, ruptura de barragens, acidentes em
condutas de transporte de substâncias perigosas, acidentes em
infraestruturas fixas de transporte de substâncias perigosas,

AMBIENTE
Contexto Nacional, Provincial e Municipal
espacial de
Avaliação

Metodologia: Os acidentes são afetados ao município segundo o local do


acidente.

Relevância Elevada

Fontes:

DADOS ESTATÍSTICOS E REPRESENTAÇÃO GRÁFICA

Gráfico de Evolução
Unidade
n.º/%

2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013

ANÁLISE SUMÁRIA:

72
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME VII - Riscos e vulnerabilidades à ocupação do solo

TEMA
Sub-Tema: Riscos Ambientais e Tecnológicos

Indicador: N.º de Acidentes de viação com vítimas

Descrição
Sumária:

AMBIENTE
Contexto Nacional, Provincial e Municipal
espacial de
Avaliação

Os acidentes são afetados ao município segundo o local do


acidente. Permite analisar se as condições de segurança viária
Metodologia: têm melhorado, nomedamente com medidas de acalmia de
tráfego.

Relevância Elevada

Fontes:

DADOS ESTATÍSTICOS E REPRESENTAÇÃO GRÁFICA

Gráfico de Evolução
Unidade
n.º

2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013

ANÁLISE SUMÁRIA:

73
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Riscos

TEMA
Sub-Tema: Riscos Ambientais e Tecnológicos

Indicador: Acidentes em Áreas Urbanas

Descrição Avalia o n.º de acidentes graves de acidentes relacionados com


Sumária: incêndios em edifícios e colapso de estruturas

AMBIENTE
Contexto Nacional, Provincial e Municipal
espacial de
Avaliação

Metodologia: Os acidentes são afetados ao município segundo o local do


acidente.

Relevância Elevada

Fontes:

DADOS ESTATÍSTICOS E REPRESENTAÇÃO GRÁFICA

Gráfico de Evolução
Unidade
n.º/%

2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013

ANÁLISE SUMÁRIA:

74
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME VII - Riscos e vulnerabilidades à ocupação do solo

TEMA
Sub-Tema: Riscos Ambientais e Tecnológicos

Indicador: Inundações e Cheias

Descrição Avaliação do risco de inundações e cheias com o objetivo de


Sumária: construir cartas de vulnerabilidade que permitam definir
cenários tipificados e dotar de um instrumento de gestão
operacional capaz de responder prontamente a eventuais
acidentes graves ou catástrofes, que daí possam decorrer.

AMBIENTE
Contexto Nacional, Provincial e Municipal
espacial de
Avaliação

Análise a eventos históricos referentes a intervenções por


Metodologia: inundação ou cheias. municípios, população residente e
edificado.

Relevância Elevada

INE. MINEA. Bombeiros, Proteção Civil, Governos Provinciais e


Fontes:
Municípios. Dados Meteorológicos.

DADOS ESTATÍSTICOS E REPRESENTAÇÃO GRÁFICA

Gráfico de Evolução
Unidade

2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013

ANÁLISE SUMÁRIA:

75
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Riscos

TEMA
Sub-Tema: Riscos Ambientais e Tecnológicos

Indicador: Bens Afectados por Acidentes Industriais Graves

Descrição Avaliação dos bens afetados em termos de Terrenos,


Sumária: Populações, Culturas, Indústrias e Património.

AMBIENTE
Contexto Nacional, Provincial e Municipal
espacial de
Avaliação

Metodologia:

Relevância Elevada

INE. MINEA. Bombeiros, Proteção Civil, Governos Provinciais e


Fontes:
Municípios.

DADOS ESTATÍSTICOS E REPRESENTAÇÃO GRÁFICA

Gráfico de Evolução
Unidade
%

2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013

ANÁLISE SUMÁRIA:

76
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME VII - Riscos e vulnerabilidades à ocupação do solo

TEMA
Sub-Tema: Riscos Ambientais e Tecnológicos

Indicador: Acidentes por minas e engenhos explosivos não detonados

Descrição Avalia o n.º de acidentes graves relacionados com minas e


Sumária: engenhos explosivos não detonados.

AMBIENTE
Contexto Nacional, Provincial e Municipal
espacial de
Avaliação

Metodologia: Os acidentes são afetados ao município segundo o local do


acidente.

Relevância Elevada

Fontes:

DADOS ESTATÍSTICOS E REPRESENTAÇÃO GRÁFICA

Gráfico de Evolução
Unidade
n.º/%

2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013

ANÁLISE SUMÁRIA:

77
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Riscos

TEMA
Sub-Tema: Riscos Ambientais e Tecnológicos

Indicador: Acidentes relacionados com Transportes

Descrição Avalia o n.º de acidentes graves de tráfego: rodoviário,


Sumária: ferroviário, marítimo e aéreo, acidentes no transporte de
mercadorias perigosas

AMBIENTE
Contexto Nacional, Provincial e Municipal
espacial de
Avaliação

Metodologia: Os acidentes são afetados ao município segundo o local do


acidente.

Relevância Elevada

Fontes:

DADOS ESTATÍSTICOS E REPRESENTAÇÃO GRÁFICA

Gráfico de Evolução
Unidade
n.º/%

2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013

ANÁLISE SUMÁRIA:

78
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME VII - Riscos e vulnerabilidades à ocupação do solo

TEMA
Sub-Tema: Riscos Ambientais e Tecnológicos

Indicador: Acidentes relacionados com Atividade Industrial

Descrição Avalia o n.º de acidentes graves em parques industriais,


Sumária: acidentes em industrias pirotécnicas e de explosivos, acidentes
em instalações de combustíveis

AMBIENTE
Contexto Nacional, Provincial e Municipal
espacial de
Avaliação

Metodologia: Os acidentes são afetados ao município segundo o local do


acidente.

Relevância Elevada

Fontes:

DADOS ESTATÍSTICOS E REPRESENTAÇÃO GRÁFICA

Gráfico de Evolução
Unidade
n.º/%

2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013

ANÁLISE SUMÁRIA:

79
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Riscos

TEMA
Sub-Tema: Riscos Naturais

Indicador: Risco sísmico

Descrição Avaliação do risco de ocorrência de sismos com o objetivo de


Sumária: construir cartas de vulnerabilidade que permitam definir
cenários tipificados e dotar de um instrumento de gestão
operacional capaz de responder prontamente a eventuais
acidentes graves ou catástrofes, que daí possam decorrer.

AMBIENTE
Contexto Nacional, Provincial e Municipal
espacial de
Avaliação

Análise de eventos históricos referentes a ocorrência de sismos.


Metodologia: Governos Provínciais. Municípios.

Relevância Elevada

INE. MINEA. Bombeiros, Proteção Civil, Governos Provinciais e


Fontes:
Municípios.

DADOS ESTATÍSTICOS E REPRESENTAÇÃO GRÁFICA

Gráfico de Evolução
Unidade

2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013

ANÁLISE SUMÁRIA:

80
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME VII - Riscos e vulnerabilidades à ocupação do solo

TEMA
Sub-Tema: Riscos Naturais

Percentagem de população que habita zonas inundáveis por


Indicador:
cheias dos cursos de água adjacentes (%)

Descrição Avaliação da percentagem de população que vive em áreas


Sumária: inundáveis que apresentam riscos de inundação e cheias nos
sentido de prevenir e mitigar os riscos que daí advêm

AMBIENTE
Contexto Nacional, Provincial e Municipal
espacial de
Avaliação

Análise a eventos históricos referentes a intervenções por


Metodologia: inundação ou cheias. municípios, população residente e
edificado.

Relevância Elevada

INE. MINEA. Bombeiros, Proteção Civil, Governos Provinciais e


Fontes:
Municípios. Dados Meteorológicos.

DADOS ESTATÍSTICOS E REPRESENTAÇÃO GRÁFICA

Gráfico de Evolução
Unidade

2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013

ANÁLISE SUMÁRIA:

81
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Riscos

Sub-Tema: Riscos Naturais

Indicador: Área florestal percorrida por incêndios nos últimos 10 anos

Descrição Avaliação das áreas florestais percorridas por incêndio e que


Sumária: apresentam restrições à ocupação do solo a nível municipal

Contexto Provincial e Municipal

AMBIENTE
espacial de
Avaliação

Análise das áreas florestais ardidas e que correspondem a áreas


Metodologia: que apresentam restrições de ocupação do solo

Relevância Elevada

Fontes: INE. MINEA. Bombeiros, Proteção Civil, Governos Provinciais e


Municípios.

DADOS ESTATÍSTICOS E REPRESENTAÇÃO GRÁFICA

Gráfico de Evolução
Unidade

2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013

ANÁLISE SUMÁRIA:

82
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME VII - Riscos e vulnerabilidades à ocupação do solo

TEMA
Sub-Tema: Riscos Naturais

Áreas correspondentes a zonas de risco que impliquem


Indicador:
restrições severas à ocupação do solo

Descrição Avaliação das áreas classificadas como sujeitas a riscos naturais


Sumária: que impliquem restrições severas à ocupação do solo

Contexto Provincial e Municipal

AMBIENTE
espacial de
Avaliação

Análise das áreas do território que se constituem como áreas de


Metodologia: risco ou de maior sensibilidade à ocorrência de riscos naturais.

Relevância Elevada

Fontes: INE. MINEA. Bombeiros, Proteção Civil, Planos Provinciais,


Governos Provinciais e Municípios.

DADOS ESTATÍSTICOS E REPRESENTAÇÃO GRÁFICA

Gráfico de Evolução
Unidade

2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013

ANÁLISE SUMÁRIA:

83
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
Riscos

TEMA
Sub-Tema: Riscos Naturais

Indicador: Nº Cartas de Risco e Susceptibilidade

Descrição Avaliação do número Cartas de Risco existentes com o objetivo


Sumária: de definir cenários tipificados e dotar o território de um
instrumento de gestão operacional.

AMBIENTE
Contexto Nacional, Provincial e Municipal
espacial de
Avaliação

Análise de Planos Directores Municipais


Metodologia:

Relevância Elevada

MINEA. Bombeiros, Proteção Civil, Governos Provinciais e


Fontes:
Municípios.

DADOS ESTATÍSTICOS E REPRESENTAÇÃO GRÁFICA

Gráfico de Evolução
Unidade

2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013

ANÁLISE SUMÁRIA:

84
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME VII - Riscos e vulnerabilidades à ocupação do solo

TEMA
Sub-Tema: Riscos Naturais

Indicador: Inundações e Cheias

Descrição Avaliação do risco de inundações e cheias com o objetivo de


Sumária: construir cartas de vulnerabilidade que permitam definir
cenários tipificados e dotar de um instrumento de gestão
operacional capaz de responder prontamente a eventuais
acidentes graves ou catástrofes, que daí possam decorrer.

AMBIENTE
Contexto Nacional, Provincial e Municipal
espacial de
Avaliação

Análise a eventos históricos referentes a intervenções por


Metodologia: inundação ou cheias. municípios, população residente e
edificado.

Relevância Elevada

INE. MINEA. Bombeiros, Proteção Civil, Governos Provinciais e


Fontes:
Municípios. Dados Meteorológicos.

DADOS ESTATÍSTICOS E REPRESENTAÇÃO GRÁFICA

Gráfico de Evolução
Unidade

2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013

ANÁLISE SUMÁRIA:

85

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