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O EVANGELHO DO REINO

O que significa a expressão “Evangelho do reino”? Tememos que alguns a estejam


compreendendo mal e usando de forma errada. Já vimos gente usando-a até mesmo
como se fosse um rótulo nosso. “Vocês são o pessoal do evangelho do reino”; ou pior:
“quando eu vim para o evangelho do reino” ou ainda: “você está na visão do reino?”.
Esta expressão não é um rótulo, nem é a denominação de um grupo de pessoas, nem
tampouco designa um “pacote de visão”. Ela é uma expressão que aparece inúmeras
vezes no novo testamento:

“Ora, depois que João foi entregue, veio Jesus para a Galiléia pregando o evangelho de
Deus 15 e dizendo: O tempo está cumprido, e é chegado o reino de Deus. Arrependei-
vos, e crede no evangelho.” Mc 1:14,15

“Logo depois disso, andava Jesus de cidade em cidade, e de aldeia em aldeia, pregando
e anunciando o evangelho do reino de Deus; e iam com ele os doze,” Lc 8:1

“Mas, quando creram em Filipe, que lhes pregava acerca do reino de Deus e do nome de
Jesus, batizavam-se homens e mulheres.” At 8:12

“Paulo, entrando na sinagoga, falou ousadamente por espaço de três meses, discutindo e
persuadindo acerca do reino de Deus.” At 19:8

Ela define o ponto central do evangelho pregado por Jesus e pelos apóstolos: O governo
de Deus sobre a vida de cada homem. Ela proclama o fim do reinado do homem sobre
sua própria vida. A perdição eterna do homem é fruto de sua rebelião, por disso, ele não
poderá ser salvo sem que abandone esta rebelião. A salvação é, portanto, uma decisão
de colocar-se debaixo da autoridade de Jesus, submetendo-se às condições impostas por
Ele. Diante disso, é importante entender a origem e significado da palavra "decisão",
que se formou a partir do verbo latino caedere (cortar). "decisão", significa "cortar
fora". Quanto à vida espiritual, decidir é, romper com a rebelião, romper com o governo
sobre a própria vida. Ninguém é salvo por fazer uma oração pedindo que Jesus entre em
seu coração, não há base bíblica para isso. Também não é suficiente apenas crer em
Jesus. É necessário arrependimento e renúncia.

“Naqueles dias apareceu João, o Batista, pregando no deserto da Judéia, 2 dizendo:


Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus. 3 Porque este é o anunciado pelo
profeta Isaías, que diz: Voz do que clama no deserto; Preparai o caminho do Senhor,
endireitai as suas veredas. 5 Então iam ter com ele os de Jerusalém, de toda a Judéia, e
de toda a circunvizinhança do Jordão, 6 e eram por ele batizados no rio Jordão,
confessando os seus pecados. 7 Mas, vendo ele muitos dos fariseus e dos saduceus que
vinham ao seu batismo, disse-lhes: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira
vindoura? 8 Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento, 9 e não queirais dizer
dentro de vós mesmos: Temos por pai a Abraão; porque eu vos digo que mesmo destas
pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão. 10 E já está posto o machado á raiz das
árvores; toda árvore, pois que não produz bom fruto, é cortada e lançada no fogo. 11 Eu,
na verdade, vos batizo em água, na base do arrependimento; mas aquele que vem após
mim é mais poderoso do que eu, que nem sou digno de levar-lhe as alparcas; ele vos
batizará no Espírito Santo, e em fogo. 12 A sua pá ele tem na mão, e limpará bem a sua
eira; recolherá o seu trigo ao celeiro, mas queimará a palha em fogo inextinguível.” Mt
3:1-12

“E chamando a si a multidão com os discípulos, disse-lhes: Se alguém quer vir após


mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me. 35 Pois quem quiser salvar a sua
vida, perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim e do evangelho, salvá-la-
á.” Mc 8:34,35

“Se alguém vier a mim, e não aborrecer a pai e mãe, a mulher e filhos, a irmãos e irmãs,
e ainda também ã própria vida, não pode ser meu discípulo. 33 Assim, pois, todo aquele
dentre vós que não renuncia a tudo quanto possui, não pode ser meu discípulo.” Lc
14:26,33

Porque Jesus e os apóstolos pregaram o arrependimento e a renúncia? Porque sem estes


dois elementos o ego do homem não sai do trono de seu coração, sem arrependimento e
renúncia Jesus não pode estabelecer o reino de Deus no coração do homem. O
arrependimento e a renúncia expressam de forma prática que alguém creu em Jesus.
Esta expressão vai marcar a ênfase do evangelho que Jesus quer que preguemos em
contraste com a teologia moderna onde a ênfase está no bem estar do homem. A ênfase
da pregação evangélica sempre foi na salvação eterna do homem e isto tornou o
evangelho centralizado no homem e não em Cristo e no seu reino.

Lamentavelmente, nos últimos anos a igreja inclinou-se para um humanismo maior


ainda, pois deixou a pregação da salvação eterna (que pelo menos tinha um cunho
espiritual) e passou a pregar um humanismo pleno, ressaltando apenas as bênçãos
terrenas. Estas bênçãos certamente fazem parte do evangelho e devem acompanhá-lo,
mas lamentavelmente elas tornaram-se um fim em si mesmas, tomaram o lugar do
evangelho de Jesus, tornando-se o próprio evangelho da igreja moderna.

O importante a salientar aqui, é que este evangelho do reino deve ser anunciado com
toda clareza para que possa se cumprir o propósito de Deus. Como poderão crescer em
direção à imagem de Jesus, crentes que estão centralizados em si mesmos e em suas
necessidades terrenas? O entendimento do evangelho do reino e do propósito eterno
devem andar juntos. Se Cristo não está centralizado na vida de um discípulo, que
evangelho ele irá pregar? Que tipo de discípulos ele irá multiplicar? Na verdade é mais
do que isto. Sem um claro evangelho do reino não haverá discípulos. Lembremo-nos da
explicação dada por Jesus a respeito da parábola do semeador: “A todo o que ouve a
palavra do reino e não a entende, vem o Maligno e arrebata o que lhe foi semeado no
coração; este é o que foi semeado ã beira do caminho. 20 E o que foi semeado nos
lugares pedregosos, este é o que ouve a palavra, e logo a recebe com alegria; 21 mas
não tem raiz em si mesmo, antes é de pouca duração; e sobrevindo a angústia e a
perseguição por causa da palavra, logo se escandaliza. 22 E o que foi semeado entre os
espinhos, este é o que ouve a palavra; mas os cuidados deste mundo e a sedução das
riquezas sufocam a palavra, e ela fica infrutífera. 23 Mas o que foi semeado em boa
terra, este é o que ouve a palavra, e a entende; e dá fruto, e um produz cem, outro
sessenta, e outro trinta.” O que era a semente? A semente era a palavra do reino. Fica
claro, diante disso, que a falta de compreensão da palavra do reino comprometeu todos
os frutos. Quem já tentou edificar discípulos por meio de um relacionamento de
discipulado, sem que estes, tivessem um claro entendimento do evangelho do reino,
sabe muito bem da dificuldade desta tarefa.

Parte do problema está relacionado à teologia tradicional sobre a salvação. Devido ao


ensino católico que destacava a necessidade das obras para se receber a salvação, a
igreja evangélica se contrapôs a esse ensino enfatizando que a salvação é somente pela
fé sem a necessidade de obras. Mas isto não é verdade?

A salvação não é apenas por meio da fé? Ocorre que estes teólogos, pretendendo basear-
se em alguns ensinamentos de Paulo, ignoraram outras partes das escrituras que
mostram claramente como a fé e a obediência (obras) devem andar juntas, e como estão
intimamente associadas com a salvação. Portanto, qualquer pessoa que professe fé em
Jesus, precisa saber que essa fé deve ser acompanhada por obediência e se não for
assim, ela não tem valor aos olhos de Deus. Se alguém afirma que crê, mas for
desobediente, Deus o define como incrédulo. A fé é muito mais que uma concordância
mental a respeito de toda verdade revelada em Cristo. “A fé baseada na razão é um tipo
de fé, é certo, mas não é do caráter da fé bíblica. Ela é resultado de uma lei comum da
mente” (A.W. Tozer). A fé bíblica não está nos domínios da mente, mas da vontade. O
capitulo 2 da carta de Tiago nos mostra claramente a relação da fé com as obras:

“Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras?
Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo? 15 Se um irmão ou uma irmã estiverem carecidos
de roupa e necessitados do alimento cotidiano, 16 e qualquer dentre vós lhes disser: Ide
em paz, aquecei-vos e fartai-vos, sem, contudo, lhes dar o necessário para o corpo, qual
é o proveito disso? 17 Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta. 18
Mas alguém dirá: Tu tens fé, e eu tenho obras; mostra-me essa tua fé sem as obras, e eu,
com as obras, te mostrarei a minha fé. 19 Crês, tu, que Deus é um só? Fazes bem. Até
os demônios crêem e tremem. 20 Queres, pois, ficar certo, ó homem insensato, de que a
fé sem as obras é inoperante? 21 Não foi por obras que Abraão, o nosso pai, foi
justificado, quando ofereceu sobre o altar o próprio filho, Isaque? 22 Vês como a fé
operava juntamente com as suas obras; com efeito, foi pelas obras que a fé se
consumou, 23 e se cumpriu a Escritura, a qual diz: Ora, Abraão creu em Deus, e isso lhe
foi imputado para justiça; e: Foi chamado amigo de Deus. 24 Verificais que uma pessoa
é justificada por obras e não por fé somente. 25 De igual modo, não foi também
justificada por obras a meretriz Raabe, quando acolheu os emissários e os fez partir por
outro caminho? 26 Porque, assim como o corpo sem espírito é morto, assim também a
fé sem obras é morta.” Tg 2:14-26

A pregação de Tiago é contrária à de Paulo? Haveria contradição nas escrituras? Temos


certeza que não. Tanto Paulo como Tiago sabiam perfeitamente que a fé e a obediência
(obras), andam juntas. Como os judeus não entendiam a importância da fé, e
perturbavam as igrejas, Paulo via a necessidade de enfatizar que a única forma de ter
uma vida de obediência era por meio da fé em Jesus. E Tiago, por causa de alguns que
entendiam mal os ensinamentos de Paulo e se tornavam levianos, via a necessidade de
enfatizar que se a fé em Jesus fosse verdadeira, ela produziria transformação, obediência
e boas obras. É necessário observar que os escritos de Paulo estão repletos de
afirmações semelhantes às de Tiago:
“Porque não ousarei discorrer sobre coisa alguma, senão sobre aquelas que Cristo fez
por meu intermédio, para conduzir os gentios à obediência, por palavra e por obras.”
Rm 15:18

“No tocante a Deus, professam conhecê-lo; entretanto, o negam por suas obras; é por
isso que são abomináveis, desobedientes e reprovados para toda boa obra.” Tito 1:16

“Já em carta vos escrevi que não vos associásseis com os impuros; 10 refiro-me, com
isto, não propriamente aos impuros deste mundo, ou aos avarentos, ou roubadores, ou
idólatras; pois, neste caso, teríeis de sair do mundo. 11 Mas, agora, vos escrevo que não
vos associeis com alguém que, dizendo-se irmão, for impuro, ou avarento, ou idólatra,
ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com esse tal, nem ainda comais.” 1Co 5:9-11

“Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia, 20


idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções,
21 invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu
vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais
coisas praticam.” Gl 5:19-21

Semelhantemente Tiago enfatizava a fé: “Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando;
pois o que duvida é semelhante à onda do mar, impelida e agitada pelo vento. 7 Não
suponha esse homem que alcançará do Senhor alguma coisa; 8 homem de ânimo dobre,
inconstante em todos os seus caminhos.” Tg 1:6-8

A teologia moderna (séc XIX e XX) perdeu o verdadeiro sentido de fé e da graça. A graça se tornou barata (porque
esta teologia não admite condições para a salvação e eliminou as condições colocadas por Jesus), e a fé tornou-se
uma mera concordância mental acrescida de um novo vocabulário, agora religioso. Se a pessoa, além disso se batizar
e se tornar um membro assíduo das atividades da igreja, será considerada um fiel seguidor de Cristo. Este é um sério
candidato a uma vida de hipocrisia e a uma lamentável surpresa final. A Perdição eterna.

“Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que
está nos céus. 22 Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em
teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? 23 Então, lhes direi
explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade.” Mt 7:21-23

“Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor.” Hb 12:14

Mas Deus sempre mantém os seus profetas. Vejamos algumas afirmações de A. W. Tozer extraídas de seu livro
“Homem: Habitação de Deus” “A fé é confiança em Deus e em seu Filho Jesus Cristo; é a resposta da alma ao Ser
divino revelado nas escrituras; e mesmo esta resposta é impossível sem a ação interna do Espírito Santo. A fé é o dom
de Deus à alma penitente, e nada tem a ver com os sentidos ou com os dados fornecidos por eles. A fé é um milagre; é
a capacidade que Deus dá ao homem para confiar em Seu Filho, e aquilo que não resulte em ação conforme a vontade
de Deus não é fé, mas é algo diferente. A fé e a moralidade são os dois lados da mesma moeda. De fato, a essência
da fé é moral. Qualquer fé professa em Cristo como Salvador pessoal, que não ponha a vida do crente sob plena
obediência a Cristo como Senhor é inadequada e só poderá trair sua vítima no final”.
Somente a pregação do evangelho do reino produz uma correta junção entre fé e obediência, porque ao proclamar as
virtudes de Cristo, admoestamos aos corações para crerem nele, e ao anunciar as condições do reino instamos para
que se entreguem a uma vida de obediência a ele. Se, pois, alguém nos acusar de que nossa mensagem é equivocada
por que não pregamos a salvação somente pela fé e pela graça, depois de mostrar todos os textos e argumentos
acima, podemos dizer também que nós cremos que a salvação vem apenas pela fé, mas a fé plena, dada pelo Espírito
santo, que produz uma confiança tal que o homem se entrega totalmente e sem reservas ao Senhor Jesus. Menos do
que isto é ilusão e engano e no lugar de glória haverá perdição eterna.

A outra parte do problema provém de uma teologia mais moderna e muito mais
prejudicial. Os teólogos aos quais nos referimos no item anterior, na sua maioria foram
homens sérios, santos e devotados a Deus, cuja intenção era a de “batalhar pela fé que
foi dada aos santos”. Cremos que lhes faltou revelação e entendimento, mas muitos
deles foram homens que amaram profundamente a Deus e à igreja. Hoje, entretanto,
enfrentamos um problema muito maior do que a teologia que defende o “somente pela
fé”. Hoje enfrentamos uma corrente de humanismo sem precedente na história da igreja.

Que é o humanismo? É uma filosofia que tem como ponto central de seu ensino o homem e sua felicidade. Como
filosofia, surgiu no século XV, mas já faz parte do caráter do homem a muito mais tempo. O Pai do humanismo é o
diabo. Foi ele quem plantou essa mensagem no coração de nossos pais lá no Éden, e desde então ela faz parte da
natureza da raça humana. Não é necessário ensinar isto aos homens para que vivam desta forma. Já está no sangue,
na carne, é herdado de pai para filho, desde Adão.

Porque então dissemos que é uma teologia moderna? Por que em toda a história da igreja nunca se pregou outra
mensagem que não fosse o governo de Cristo sobre a vida dos homens. Ele é o Senhor sobre toda a criação. Ele é o
começo, o meio e o fim. “Porque dele, por meio dele e para ele e para ele são todos as coisas.” Rm 11:36 “Ele é antes
de todas as coisas. Nele, tudo subsiste. 18 Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre
os mortos, para em todas as coisas ter a primazia, 19 porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude” Cl
1:17-19 Assim viveu a igreja enquanto se manteve fiel aos ensinos de Cristo. Quando ela se desviou, mergulhando
num período de trevas que durou mil anos, Deus usou homens como: Martinho Lutero, John Wycliffe, John Hus,
Jerônimo Savonarola. Estes homens cooperaram com Deus para trazer a igreja de volta às verdades aprendidas. Eles
ficaram conhecidos como os reformadores. Sua pregação tinha como base a pureza do evangelho, a soberania e
autoridade de Cristo, o reino de Deus e a santidade de vida.

Diante disso, podemos concluir que o humanismo é a mensagem deste século, pois tanto no princípio com Jesus e os
apóstolos, como a partir da idade média por meio dos reformadores, o evangelho do reino foi mensagem da igreja. Mas
hoje, o que vemos? Por causa do evangelho que está sendo pregado pela igreja, muitos agora dizem que são crentes.
A igreja invadiu a mídia, artistas e jogadores de futebol proclamam sua fé. Mas o evangelho que está produzindo estas
“conversões” não é o evangelho do reino, é o outro evangelho, é o evangelho maldito do qual Paulo advertiu aos
Gálatas. Essa nova geração de “convertidos” não tem como fundamento o Cristo e seu Senhorio. São como a parábola
que Jesus contou: “A semente que caiu sobre a pedra são os que, ouvindo a palavra, a recebem com alegria; estes
não têm raiz, crêem apenas por algum tempo e, na hora da provação, se desviam. 14 A que caiu entre espinhos são os
que ouviram e, no decorrer dos dias, foram sufocados com os cuidados, riquezas e deleites da vida; os seus frutos não
chegam a amadurecer.” Lc 8:13,14

São frutos da mensagem que compromete Deus com a felicidade do homem. Agora, não somente o homem foi criado
para ser feliz, mas Deus existe em função disto. Deus está comprometido com o homem e sua felicidade. Basta pô-lo à
prova. Ele vive em função de sua felicidade terrena. Venha a ele e terás prosperidade, o melhor carro, a melhor casa, a
saúde perfeita”. Alguns ainda acrescentam: “É claro que tens que ser fiel nos teus dízimos e ofertas, na verdade, esta é
a chave para conquistar as bênçãos de Deus”. É verdade, que no meio de tanto engano, existem homens sinceros,
que apenas estão sendo fiéis ao que aprenderam. São homens com motivações corretas que necessitam de uma
revelação maior a respeito das escrituras.

Mas neste caso, diante de todo o contexto do que estamos falando e da situação atual do ensino que tem sido dado à
igreja, não se trata de homens santos, que estão sinceramente equivocados quanto a verdade das escrituras. A
verdade é que estamos vivendo o que foi predito pelo apóstolo Pedro: “Assim como, no meio do povo, surgiram falsos
profetas, assim também haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão, dissimuladamente, heresias
destruidoras, até ao ponto de renegarem o Soberano Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina
destruição. 2 E muitos seguirão as suas práticas libertinas, e, por causa deles, será infamado o caminho da verdade; 3
também, movidos por avareza, farão comércio de vós, com palavras fictícias; para eles o juízo lavrado há longo tempo
não tarda, e a sua destruição não dorme.” 2Pe 2:1-3

É o erro de Balão de que falou Judas. Pregam o que o povo quer ouvir, como nos advertiu Paulo: “Pois haverá tempo
em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como
que sentindo coceira nos ouvidos; 4 e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas.” 2 Tm 4:3,4

Alguém já disse que o falso profeta é aquele fala o que o povo quer ouvir. A trinta anos atrás era difícil, proclamar-se
cristão. Era motivo de chacota. Hoje é bonito, está na moda. Todos querem dizer que Jesus salva. Qual é a origem
dessa mudança? A igreja orou muito e invadiu o mundo com uma mensagem de consagração e santidade? Não.
Infelizmente o que ocorre é que a igreja adaptou-se ao mundo passando a usar a sua linguagem. O humanismo está
sendo pregado dos púlpitos e essa pregação está atraindo multidões porque a mensagem lhe cai bem. A igreja tirou a
cruz de sua pregação para torná-la menos hostil e mais atraente. Esses, que agora estão se “convertendo” com essa
nova pregação, estavam perdidos fora da igreja, e agora estão perdidos “dentro” da igreja.

E qual é o resultado deste evangelho? Não há lugar para corrigir a vida de ninguém, não há lugar para a santidade.
Falar em santidade é extremismo e radicalidade. Os jovens? O padrão de relacionamento visando o casamento em
nada difere daquele praticado no mundo. O que impera são as paixões da mocidade. As mulheres? Submissão e ser
ajudadora do marido são coisas do passado. Casais que se divorciaram de seus cônjuges, casaram-se novamente e
estão vivendo em adultério com outra pessoa? Qual é o problema? Todos tem o direito de ser felizes. Deus é amor e
jamais daria alguma ordem que interferisse na felicidade de seus filhos. Mais uma vez podemos citar Tozer: “Não
busquemos ser felizes, busquemos ser santos. Teremos muito tempo para ser felizes no céu”. Esta gente é o fruto do
outro evangelho. Nunca foram libertados do seu humanismo. Pelo contrário: Receberam um Deus humanista, que lhes
deu um evangelho humanista por meio de pregadores humanistas.

“Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de
Cristo para outro evangelho, 7 o qual não é outro, senão que há alguns que vos
perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo. 8 Mas, ainda que nós ou mesmo
um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado,
seja anátema. 9 Assim, como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega
evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema.” Gl 1:6-9

“Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs
sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não
segundo Cristo; 18 Ninguém vos domine a seu bel-prazer com pretexto de humildade e
culto dos anjos, envolvendo-se em coisas que não viu; estando debalde inchado na sua
carnal compreensão, 19 E não ligado à cabeça, da qual todo o corpo, provido e
organizado pelas juntas e ligaduras, vai crescendo em aumento de Deus.
20 Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos
carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como: 21 Não toques,
não proves, não manuseies? 22 As quais coisas todas perecem pelo uso, segundo os
preceitos e doutrinas dos homens.” Cl 2:8, 18-22

Devemos ensinar nossos discípulos, não apenas anunciando a verdade, mas também
contrastando a verdade com o engano que é tão forte em nossos dias. Como fazia Paulo.
Hoje, infelizmente não tem sido fácil fazer o mesmo. Não queremos transmitir a
imagem de que somos donos da verdade e muito menos ofender aos demais. Pois bem.
Que continuemos assim. Não somos os donos da igreja, não é nossa tarefa corrigir o
rumo que ela toma. Mas uma coisa devemos fazer: Esclarecer melhor os nossos
discípulos. Em relação a eles não podemos ser comedidos no falar. O humanismo
evangélico invade suas casas por meio da televisão, do rádio, dos livros, dos amigos
evangélicos. Nós nos calamos, e por isso muitos se confundem e são até mesmo
arrastados. Façamos como Paulo. Ele não estava preocupado com ética. Homens que
vinham de Jerusalém pregando judaísmo e circuncisão, transitavam com facilidade
diante dos apóstolos João, Tiago e Pedro, mas Paulo os chamava de cães. Ele nunca foi
a Jerusalém para dizer aos irmãos que deviam calar a estes homens, mas quando estes
queriam influenciar as igrejas na Galácia e em outras partes, Paulo não hesitava em
desmascarar-lhes as heresias. Façamos nós a mesma coisa com nossos discípulos.

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