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A Perspectiva Intercultural No Ensino de Línguas
A Perspectiva Intercultural No Ensino de Línguas
MVDES, E,A pempediv iloullal n cultura e as relações interculturais como forma de inclusão e cooperação
dos participantes do processo de aprendizagem, ou seja, adotar a perspec-
ns u noppas uno elaaca tiva da cultura como meio de promover a integração c o respcito à diversi-
dade dos povos, à diferença, permitindo ao aprendiz cncontrar-se com a
" - l n o s . M.LO,
Clvaney, K.A. outra cultura sem deixar de ser ele mesmo.
No cntanto, ao nos referirmos à cultura ou ensino da lingua-cultura
Sva nep.) oneuisice Lplicnda alvo ou, ainda, à importância e necessidade da consideração da cultura
na
pedagogia de línguas, maternas ou estrangeiras, devemos esclarecer
mlteu ilhanes. Conpinas Poo qual a perspectiva que estamos considerando, ou seja, de que cultura
estamos falando? Ou culturas? Quais são os envolvidos nessa relaçao
o0, p. 119-139, lingua/cultura ou líinguas/culturas? A partir de que lado cstam0s olhando?
Essa preocupação é legitima à medida que, ao assumirmos uma postura
pedagógica culturalmente sensível aos sujeitos participantes do processo
de aprendizagem, devemos ter em conta que esta
da
deve ser
sempreemuma
cultura-alvo di-
relação dialética, construída em duas vias: lingua
LINGOiSTICA APLICADA: MÚLTIPLOS OLHARES MARIA LUISA ORTIZ ALVAREZ E KLEBER APARECIDO DA SLVA (ORGS.)
reção à lingua/cultura do aprendiz e da lingua/cultura do aprendiz em culturas culturas", "comunicação transcultural", "comunicação
ou entre
direção à lingua cultura-alvo. Por esse motivo, uma pedagogia de valori inter-racial", "comunicação internacional" ou "comunicação contracul
zação da cultura deve ter como base essa relação que mais do que
-
tural".
Oque Damen ressalta, no entanto, é a necessidade de se definir
cultural, ou além de cultural, é intercultural ou "entrecultural. de modo intercultural. Na sua opinião,
Kramsch (1993) chama a atenção para a profuso de termos
o que significa comunicar-se
é um
a
perspectiva teórica. Até mesmo dentro de um mesmo campo de investi- que predomina nesse tipo de encontro é o fracasso ou a dor, como res-
gação, como o ensino/aprendizagem de LE/L2, observamos a sua utili- salta Damen. A depender do contexto no qual se dá a interação, ou seja,
se as culturas gozam do mesmo prestígio social e político, se não estão
zação com diferentes acepções e objetivos. Na maioria dos casos, usar
o termo intercultural tem significado adotar aspectos ou informações em situação de dominador e dominado, se o encontro é movido pelo
da cultura da língua que está sendo ensinada como forma de promover a desejo de obter conhecimento e aprendizado mútuos, entre tantas outras
de culturais e não como modo de incentivar a inter- possibilidades, além dos conflitos, choques e negociações naturais, ou
"troca informações
entre mundos lingüístico-culturais diferentes. As vezes, a
melhor, acima de, podem estar presentes a cooperação mútua, a parti-
comunicação ha de conhecimentos, os sejos de comunhão e integração c, sobretu-
confusão aumenta quando, além desses termos, são utilizados outros como
transcultural, multicultural etc. do, o respeito pelo *outro', pcla diferença.
Para Damen (1987), a variedade de termos comumente utilizados Fennes e Hapgood (1997) destacam que, no campo do ensino/apren-
Teflete o caminho de formação do
campo que investiga a comunicação dizagem de línguas e, de uma maneira geral, em qualquer processo de
aprendizagem intercultural, oencontro entre dois indivíduos que perten
intercultural, o qual, a depender do foco de interesse do investigador,
entre dois grupos de diferentes cultu-
pode ser identificado por muitos nomes, como "comunicaç o atrav s de cem a grupos culturais distintos ou
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LINGUISTIA APLNADA. NMÜLTTrLOS OLHARES
MARIA LUISA ORTIZ ALVAREZ EKLEBER APARECIDO DA SuLvA (ORGS.)
ão de preconceitos culturais e do etnocentrismo. Nesse sentido, as situ- mundos diferentes. Não que o relativismo cultural, nos termos apontados
açies nas quais há o encontro de diferentes linguas e culturas e as ten- pelos autores, não tenha importância. O fato é que toda a discussão que
se desenvolve contemporaneamente sobre a cultura e sua relação
com
sões e os conflitos decorrentes desse encontro não devem terminar em
embates de poder ou gerar violència, mas podem ser resolvidos através as diferentes dimensões da vida humana já considera este um princípio
do dialogo, ou seja, do próprio desenvolvimento do básico como meio de se assegurar a convivência pacífica e harmoniosa
processo comunicati-
vo. Para iSSO, Os autores destacam alguns princípios e objetivos que de- entre os diferentes povos, embora os acontecimentos no mundo cons-
vem servT de gi2 para o desenvolvimento de uma tantemente nos mostrem o contrårio.
aprendizagem sob a Filho (2002, p.210), por exemplo, a dimen-
perspectiv2 interculnural. De acordo comcenário
Almeida
O são cultural, num de comunicativa,
aprendizagem rom- precisa
primeiro
principio refere-se ao relativismo cultural. Isto signi-
fica que não há hierarquia entre as diferentes culturas e, por isso, a per fronteiras, ou seja:
aprenduzagem intercultural deve incluir no seu processo a abertura para
..precisa atravessar o limite da própria cultura (e ai temos o sentido
aceitar as diferenças de pensamento e de comportamento dos indivi-
duos pertencentes a outras culturas. Como conseqüência dessa atitude transcultural) quando a consciência dela o permitir, e instalar-se no inter
esta a consi
culrural que implica a reciprocidade de viver (mesmo que temporariamen-
que os valores, normas, regras de
deração de comporta
iento etc. de uma cultura em particular no podem e não devem ser te) na esfera cultural do outro e simultaneamente ter o outro
tomados como par~metro para o julgamento ou avaliação de outra cul- confortayelmente na nossa esfera de culthura.
tura Ao contrário, esse principio implica desenvolvimento e cresci-
Desse modo, nos processos de ensino/aprendizagem de LE/L2
mento, poiS a valonzação de outras culturas também implica o melhor numa perspectiva intercultural, aprender lingua e cultura, ou apren-
conhecimento da nossa pröpria cultura, assim como o desenvolvimento
de estratégias de convivëncia e aprendizado em outros ambientes e der lingua como cultura, deve ser, mais do que tudo, um diálogodeentre
culturas. No entanto, o que tem sido consenso na lin-pedagogia
mundos culturais. O segundo principio destacado pelos autores é a
outros momentos, é o ensi
Esse pnncipio destaca guas estrangeiras, como já destacado em
reciprocidade que a aprendizagem intercultu-
ral não deve ser um processo em uma única via, ou no da cultura limitado à apresentação e transmissão de informações
seja, como o preti- sobre um determinado país e as pessoas que o habitam, suas atitudes,
x0 inier' sugere, um processo entre culturas, uma aprendizagem que
crenças e visões de mundo, como também
destaca Kramsch (1993).
atravessa limites fronteiras culturais. Estes dois princípios, desse
e
modo, inplicam que as culturas envolvidas no processo de aprendiza- A autora observa que o que em grande parte nós chamamos de cul-
tura é, na verdade, um construto social, e que normalmente isso tem
ge devem compatilhar outros principios importantes com0 depen- sido ignorado. Em função, no entanto, das discussões que têm
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intiSTIcA AFLICADA: MÜLTIrLOS OLHARES MARIA LUIsA ORTIZ ALVAREZ EKLEBER APARECIDO DA SILVA (ORGs.)
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LINGOiSTICa APLICADA: MÚLTIPLOS OLHARES MARIA LUISA ORTIz ALVAREZ E KLEBER APARECIDO DA SLVA (oRGs.)
lar, e também nos estudos sobre a comunicação e a linguagem humana, sobre outras culturas, como por vezes é a prática comum, mas experi-
de uma maneira geral. Essas iniciativas partem de diferentes perspecti- mentar e confrontar essa experiência com situações novas e desco-
vas, abordando, por vezes, questões específicas do processo de ensino/ nhecidas, como insegurança, medo e rejeição, assinm como, por outro
lado, segurança, confiança e simpatia, considerando não somente con-
aprendizagem, como a questão da interação em sala de aula, seleção e teúdos de nível cognitivo ou intelectual, mas também conteúdos emoci-
abordagem de conteúdos de caráter cultural, aprendizagem explícita x
implicita, a abordagem de aspectos estruturais x uso da lingua, entre onais relativos à, outra cultura. Para isso, é necessário, mais do que
de outras culturas" (FENNES;
outros aspectos. Num outro plano, também são abordadas questões mais tudo, "[...] aprender de e com pessoas
amplas como a construção de abordagens e métodos apropriados de HAPGOOD,1997, p.73).
Partindo dessas considerações, Fennes e Hapgood (1997) desta-
ensino, planejamento de cursos, materiais didáticos, formação de profes-
sores etc. cam quatro uestões que consideram básicas para o planejamento e de-
De modo geral, esses estudos contribuem para o fortalecimento de senvolvimento de um projeto de aprendizagem intercultural: por quê, oo
uma linha de investigação e ação, surgida dentro da área de ensino/ quë, quem e como. Essas questões devem ser respondidas em todos os
níveis de desenvolvimento do processo de aprendizagem, seja para a
aprendizagem de linguas estrangeiras e segundas linguas, a qual come- elaboração do planejamento geral ou para a elaboração de lições especí-
çou a tomar corpo a partir da década de 70 com os movimentos de ficas. Guiados, portanto, por essas questões, os autores destacam algu-
discussão voltados para o uso da lingua e para o desenvolvimento da mas ações que devem ser completadas durante o trabalho de planeja
competência comunicativa do falante, em detrimento da excessiva ênfa- mento: a) definir os objetivos do projeto/lição; b) desenvolver,
selecionar
se na forma e nas amostras de linguagem Sob essa
são dois
descontextualizadas. do
ou modificar métodos e ferramentas; c) estabelecer as etapas
de desen-
perspectiva, lingua e
a a
cultura fenômenos estruturantes volvimento do projeto/lição; d) descrever os recursos necessários para
o
elaboração do planejamento geral do projeto de aprendizagem, os funda- linguas, em si ambiente informal de pesquisa. De acordo
mesmo, como
mentos teórico-metodológicos que o orientam, ou seja, se propomos al- com essa perspectiva apontada por Holliday (1994), o professor seria o
guma mudança ou revisão de ações, conceitos e métodos preexistentes, elemento privilegiado para realizar esse tipo de pesquisa, pois tem nas
até mesmo a criação de abordagens altemativas de ensino, em que con- mãos a possibilidade de conhecer e tomar parte do que acontece, assim
sistem essas mudanças? como também tem nas mãos a ação de ensinar. E essa relação entre a
Buscando resolver esse tipo de problema que, mais do que teórico, pesquisa eo conhecimento do que acontece na sala de aula que fornece-
pressupõe uma filosofia de ação, muitos estudos têm sido desenvolvidos rá ao professor os elementos necessários para elaborar metodologias de
no sentido de propor mudançaseenfoques alternativos para o ensino/ ensino, planejamentos de cursos, materiais etc.
aprendizagem de LE eL2 numa perspectiva de inclusão da cultura e das Holliday (1994), desse modo, destaca que esse processo de apren-
relações interculturais nesse processo. dizagem, o está em constante mutação, envolve pesquisa-ação e
qual
Holliday (1994), por exemplo, discutindo o ensino de inglês como também etnografia. No primeiro caso, os professores fazem pesquisa-
da
LE e também L2, afima que uma metodologia de ensino apropriada ação quando freqüentemente investigam aspectos e acontecimentos
depende do conhecimento do que acontece entre pessoas em sala de sua sala de aula de uma-maneira sistemática e organizada, objetivando,
e solu-
aula. Esse tipo de conhecimento, portanto, está relacionado a situações na maioria das vezes, resolver problemas e encontrar estratégias
especificas de aprendizagem, pois diferentes contextos educacionais pres- ções para melhor desenvolver a sua prática pedagógica. Desse modo, o
supõem diferentes situações de aprendizagem. No entanto, como defen- importante, como ressalta Holliday, é a ação, e no "a pesquisa pela
de Holliday, é possivel serem estabelecidas algumas generalizações a pesquisa", isto é, que tipo de conhecimento sobre a sala de aula pode
respeito de alguns principios, como, por exemplo, o fato de que as cultu- contribuir para que o professor desenvolva metodologias apropriadas de
ras em contato em sala de aula são influenciadas por culturas de fora, ensino. Em acréscimo à pesquisa como modo de conhecimento para a
que há choques e conflitos entre as atitudes e predisposições de profes- ação, Holliday (1994) ressalta que é importante olhar para outros fatores
sores e alunos etc. Por outro lado, outras questões não podem ser gene- que atuam de maneira constante no ambiente da sala de aula, que são os
ralizadas, como, por exemplo, a respeito da natureza precisa da cultura aspectos sociais que influenciam os comportamentos de professorese
de uma sala de aula em particular ou sobre que tipo ou modo de influên alunos. Por causa dessas forças, a pesquisa-ação deve ser empreendida
cia outras culturas podem exercer sobre ela. a partir de uma abordagem etnográfica, de fundamento antropológico, a
Desse modo, Holliday (1994, p.161) defende a idéia de que "..]o qual tem como foco a cultura ou diferentes culturas em interação no
processo de conhecimento desse tipo de coisa não é uma questão ape contexto da sala de aula.
nas de teóricos e acadêmicos não é algo que professores possam obter
-
A questã0, no entanto, que Holliday destaca como mais relevante
através da literatura", mas que deve ser trabalhado e construído de acordo nesse processo de pesquisa que leva ao conhecimento da sala de aula éé
com as diferentes situações nas quais o processo de ensino/aprendiza- o fato de que ele está constante mutação, adaptação, renovação
em
nunca pode ser considerado de todo acabado. No processo de ensino,
-
gem tem lugar. Uma metodologia apropriada, na sua opinião, deve, por-
tanto, ser culturalmente sensível, e tem dois principais componentes: uma desse modo; o professor aprende sobre a classe, faz uso dessa aprendi-
metodologia de ensino e um processo de conhecimento sobre a de
sala zagem para modificar a sua prática, que por sua vez continua a ser ava-
liada pelo próprio processo de conhecimento, num fluxo constante ação
aula. Nesse sentido, o aprendizado sobre a sala de aula é que irá forne- - conhecimento - avaliação - reação. Como afirma Holliday (1994,
cer o conjunto de informações necessárias para que seja construída uma
metodologia de ensino apropriada. p.164): "O processo nunca termina e de fato deve ser um aspecto em
Partindo desse exposto, Holliday (1994) ressalta que no há pro- permanente andamento na própria metodologia de ensino". E destaca
deve ser tor
cesso de aprendizagem, de conhecimento sobre o que acontece na sala que uma metodologia de ensino, mais do que apropriada,
de aula se não houver pesquisa. Explica, no entanto, que a pesquisa a nando-se apropriada (becoming-appropriate metodology), cujos pré-
que se refere não é a pesquisa formal necessária para se elaborar uma requisitos são: a) deve facilitar ao professor refletir e aprender sobre a
tese de mestrado ou doutorado, por exemplo, mas a pesquisa num senti- dimensão social da sala de aula e incentivar o seu aprendizado contínuo;
do mais informal, a qual seja acessivel a todo tipo de atuante no processo b) deve incorporar a pesquisa-ação etnográfica, sempre em processo de
de ensino/aprendizagem; ou seja, deve-se considerar a sala de aula de desenvolvimento; c) deve estar pronta para pôr em prática o que foi
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Insert Daa
LINGCiSTICA APLICADA: MùLTIPLOS OLHARES
MARIA LUISA ORTIz ALVAREZ E KLEBER
aprendido APARECIDO DA SiLVa (ORGs.)
e
adaptada a diferentes contextos situacionais. Estes
para ser
passos revelariam, na visão de Holliday, o
almente que uma metodologia
potenci- Mas, como ela mesma observa, semelhante
apropriada deve conter
para estar apta a tornar-se realmente melhor definida "[...] não como um ação pedagógica pode ser
apropriada mapa de como ensinar linguas
As idéias
e,
conseqüentemente, culturalmente
sensível. trangeiras,
mas como um outro modo de ser um
es-
expostas por Holliday (1994) reforçam (1993, p.31). professor de linguas"
que devem estar presentes em alguns principios
qualquer planejamento ou abordagem Com objetivo de tornar esse desafio possível, Kramsch (1993)
o
pedagóg1ca que pretenda
incluir a cultura ou as
relações interculturais amplia o sentido de contexto analisando-o a partir de três diferentes
como instncia
privilegiada do processo de ensinar e aprender línguas, dimensões, as quais denomina de esfera de intersubjetividade,
pincipalmente a preocupação com a pesquisa e o conhecimento ra de intertextualidade e esfe
texto no qual se desenvolve o do con-
esta
esfera de interculturalidade. A primeira
processo, o qual inclui os diferentes grupos relacionada ao que acontece
de participantes, o ambiente quando duas ou mais pessoas intera-
fisico, os materiais utilizados, a influência de gem numa situação de comunicação face a face, o que inclui toda uma
fatores externos etc. Nesse
sentido, como em vários momentos ressalta rede complexa de situações
que envolvem além dos aspectos lingüísti-
o autor, o professor joga um papel fundamental, pois comumente é ele cos
propriamente ditos, negociação de significados, conflitos, estraté-
que tem a posiço privilegiada de olhar, conhecer, negociar e gias de interpretação e inferência etc. A segunda dimensão, a esfera
incentivar e orientar as sugerir, de intertextualidade, revela o
mudanças necessárias para que o processo de que acontece quando leitores e textos
aprendizagem, como um todo, funcione de modo harmõnico e produtivo, interagem, processo que, como destaca Kramsch (1993), embora dife-
sobretudo para os aprendizes. rente nos modos de
realização, apresenta os mesmos problemas de
Vale ressaltar, portanto,
que em um processo de aprendizagem de expressão, interpretação e negociação encontrados na comunicação
oral. E, por último, a autora destaca a
LEL2 de acordo com uma
perspectiva intercultural, o "olhar de den- esfera de interculturalidade, a
qual diz respeito ao processo de interação social entre falantes, leitores
tro", o conhecimento do que acontece em sala de aula entre professo-
etextos de diferentes culturas; aqui sendo visto como um
res e alunos, alunos, entre os alunos e os materiais etc. cons-
entre os
deve ser construído de modo dialógico, e não como uma
processo que
titui a principal fonte de respostas para que possamos construir simples troca
de informações culturais.
procedimentos, abordagens e materiais didáticos que aproximem os
A
partirda
discussão dessas
diferentes dimensões contextuais e
nossos aprendizes da
lingua que queremos ensinar. Não uma língua seus variados aspectos, incluindo a análise de casos e contextos especí
que se resume a regras e formas, mas uma lingua que é, além de ins-
trumento de comunicação, um passaporte para que o aluno possa viver ficos, sugerindo modos de ação e atividades adequados para cada um
socialmente em outros ambientes e contextos culturais além do seu desses Kramsch (1993,
contextos, p. 13)
critica
descreve caracteristicas do
as
próprio. Aqui, conforme ressalta Almeida Filho (1993; 2002), o sentido que denominauma pedagogia da linguagem, a qual valorizaa
dissensão, o diálogo eo discurso em mão dupla, isto é, uma pedagogia
de
lingua que queremos evidenciar é o de uma língua que, gradualmen- que . . mostra como os aprendizes podem usar o sistema para atender
te, se "desestrangeiriza" para permitir ao aluno experimentar situa- aos seus objetivos, para criar uma cultura de terceiro tipo na qual eles
ções de comunicação com a lingua-alvo que vão al m do simples con- podem expressar seus próprios significados sem serem hospedados pe-
tato corn esquemas disponíveis no sistema lingüístico. los significados de outros ou da comunidade de fala da língua-alvo'".
Essa idéia de língua como "algo mais" além de estrutura, de siste- Desse modo, Kramsch destaca sete principais aspectos que seriam re-
ma de formas disponíveis para a comunicação humana, é muito bem veladores de uma pedagogia critica da linguagem, os quais descreve-
construida no trabalho de Kramsch (1993; 1998), não só no que diz res- mos a seguir.
peito à relação intrinseca entre lingua/cultura, como já abordamos ante- A consciência do contexto global (awareness of global con-
riormente, mas,sobretudo, na consideração dessa simbiose para o ensi- text) seria o primeiro aspecto. Diz respeito ao contexto culturalNessemais
no/aprendizagem de linguas estrangeiras e segundas linguas. Tomando a envolve a interação entre pessoas através da lingua.
amplo que
Kramsch diferentes situações de contato, comu-
relação entre línguas-culturas como essencialmente dialógica, sentido, relaciona-se, portanto, a
nicação oral ou escrita, situações de participaçãoetc. não-participação,
e
(1993) ressalta que o principal desafio educacional reside justamente
interpretação Numa pedagogia
nisto, em ensinar a lingua "como contexto" dentro de uma pedagogia silêncio, negociação de significados,
atento diferentes con-
professor deve estar
aos
dialógica que, necessariamente, revele esse contexto de modo explicito. critica da linguagem, o
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LnGCiSTICA ArLICADA: MÜLTIrLOS OLHARES
MARIA LUISA ORTIZ ALVAREZ E KLEBER APARECIDO DA SLVA
(ORGs.)
textos de uso da
lingua, quais extrapolam o conhecimento restrito de
os
Relacionado ao principio anterior, dar um jeito com as palavras
aspectos formais, assim como deve incentivar o aluno a percebê-los cons- (making do with words), falar uma língua estrangeira, como observa
cientemente.
Kramsch, é fazer coisas com uma limitada quantidade de palavras, visto
O corhecimento local (local
knowledge) também é outro tipo de quea regra geral em sala de aula tem sido o uso de limitados atos de fala.
conhecimento necessáno. Nesse caso, é o conhecimento do que aconte-
ce quando
pessoas interagem atravs da lingua num determinado grupo No entanto, o sentido que Kramsch (1993, p.246) pretende denotar aqui é
o de que ".] ensinar língua é ensinar diferentes habilidades, imaginação e
ou sala de aula. Esse
tipo de conhecimento deve considerar as diferen- modos efetivos de apropriação dos diferentes níveis de significados dispo-
tes caracteristicas individuais, estilos
conversacionais, hábitos e padrões níveis". Nesse sentido, "[..] fazer coisas com palavras'" extrapola o senti-
culturais de interação dos individuos participantes do
processo de ensi- do comum de utilizar-se de variadas expressões de atos de fala,
imediato
no'aprendizagem. Como ressalta Kramsch (1993, p.245), não se trata de mas um sentido de usar a língua que comporta e engloba uma multiplicida-
um conhecimento que tenta
prever ou encontrar mehores modos de de de aspectos intra e extralingüísticos. Fazer coisas com palavras é tam-
fazer o aluno falar", mas compreender, do melhor modo bém viver a lingua em toda a sua amplitude e significação.
possível, "[...]
porque eles falam o que falam e porque pemanecem em silêncio". E Entre os principios destacados por Kramsch, talvez um dos mais
um principio que, como também ressaltou
Holliday (1994), deve ser um importantes como conduto para a ação do professor seja a autonomia e
dos pontos fundamentais de apoio para que o professor possa orientar a controle (autonomy and control). Ele revela o embate de forças entre
sua prática.
identificando
os procedimentos e atitudes mais adequados
para que o seu aluno aprenda o que é necessário aprender, e não o que
as necessidades, desejos, atitudes e objetivos particulares dos alunos que
estão aprendendo uma LE/L2 e as ações e responsabilidades dos pro-
foi planejadoou
predetermninado para que aprendesse. fessores na tentativa de prepará-los para assumirem um comportamento
A habilidade para ouvir (ability to listen) é um aspecto que, na lingüístico e sociocultural adequado. O que Kramsch ressalta é que o
de
opinião Kramsch, tem sido uma das tarefas mais importantes e mais desejável é que haja um equilibrio entre essas duas forças para que a
dificeis para professor de linguas. Isso porque, mais do que ensinar, o
o aprendizagem aconteça de modo efetivo. Para ela, o bom professor deve
professor deve estar pronto para ouvir, aqui no sentido de ter a habilida- promover tanto a submissão, a concordância, quanto a rebelião.
de para perceber mais do que as comunicações lingüísticas dos alunos, E, por ültimo, o princípio que Kramsch denomina de a grande "pu-
mas também o siléncio, os implícitos, as crenças, as dificuldades etc. xada (he long haul) representa a relação entre o que os professores
Também essa habilidade deve ser introspectiva, permitindo ao professor ensinam e o que os alunos aprendem, que, comno destaca a autora, é
refletir de maneira crítica sobre as suas próprias crenças, atitudes e sig- sempre uma relação indireta, que não pode ser determinada por quanti-
nificados que ele mesmo produz - condição essencial, na opinião de dade de tempo, ou medida em seus próprios termos, uma vez que é
Kramsch, para o desenvolvimento de qualquer professor de línguas. sempre incidental e inesperada. Isso também significa que nem tudo o
Falar sobre a língua (metatalk), outro princípio destacado por que o professor ensina, ou a quantidade do que ele ensina, transforma-se
Kramsch, procura subverter o sentido tradicional do que se compreende em aprendizado efetivo, em conhecimento em ação. Nessesentido, Kra-
como falar da lingua", isto é, falar sobre a lingua e sua estrutura. Nas msch (1993, p.247) afirma: "Mais do que perguntarao final do ano esco-
novas tendências de ensino de línguas, no entanto, aprender uma lingua lar 'o quê meus alunos lembram de tudo que eu ensinei a eles?", deve ser
significa ter algo mais para aprender além de suas formas; a ênfase que mais apropriado perguntar 'o quê terá mais valor ser lembrado dentre as
tem sido dada é em como se pode fazer coisas com as palavras. No muitas coisas que os meus alunos aprenderam?".
entanto, como destaca Kramsch, embora ha As reflexões e sugestões apresentadas por Kramsch (1993), tanto
pouco espaço hoje nas
diversidade e riqueza das informações e temas que aborda, quanto
salas de aula para se falar da lingua como estrutura, sobretudo nas abor- pela
pelo modo como discute a dimensão da cultura e sua relação com a
dagens comunicativas e com enfoque sociocultural, tampouco é sufici-
inguagem e sua releväncia para a pedagogia de linguas, tëm sido fonte
ente se ensinar lingua somente através do "fazer coisas com
palavras" de apoio e incentivo para que outros estudos e pesquisas tomem corpo,
O falar sobre a lingua", no sentido proposto por Kramsch (1993), seria
sobretudo fora do âmbito da lingua inglesa. Alguns aspectos ressaltados
observar, analisar, discutir sobre os diferentes contextos de uso da lin-
pela autora, ao longo do seu estudo, devem estar presentes em qualquer
guagem em sala de aula, isto é, falar sobre o que acontece quando se abordagem que pretenda ser intercultural, que considere lingua
a mais
produz significados através da lingua.
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MARIA LUISA ORTIZ ALVAREZ E KLEBER APARECIDO DA SiLva (oRGS.)
LINGOISTICA APLICADA: MoLTIPLOS OLHARES
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LINGÜISTICA ArLICADA: MULTIrLOs OLHARES
MARIA LUISA ORTIZ ALVAREZ E KLEBER APARECiDO DA SILVA (ORGS.)
de um estudo sistemático, é
tir
e os modos em
privilegiar a riqueza cultural das linguas dagem da cultura e sua importncia para a interação no
que essa carga cultural pode encontrar processo de
vés das relações de troca e contato cultural. tradução atra- comunicação em LE.
A partir das análises que
Abordando um dos aspectos mais importantes do desenvolveu, Viana (2003, p.324) consta-
zagem de linguas, a seleção e produção de materiais ensino/aprendi-
tou que a cultura
permeia, de modo fundador, as interações em LE, "[..]
balhos como o de Fontes (2002), didáticos, há tra- demonstrando quo fortemente o uso da lingua é culturalmente
orienta-
que destaca que a maioria dos mate- do,
riais disponíveis no mercado o
que faz com que o
significado seja
produzido interpretado sob e
para o ensino de
geral. deixa a desejar quando o tema em questoPLE/L2,
de um modo influência da formação sócio-histórica (ou identidade
locutores". A partir daí, o autor propõe a noção de cultural)
é a abordagem da dos inter-
cultura. Na sua opinião, a queixa mais comum "sotaque cultural"
na área e
que se uilizam desses materiais
daqueles que trabalham como modo de
explicar as maneiras como os traços culturais são
excessiva ênfase dada à granática, aos pode ser descrita como a
(re)velados" na interação, os quais, por serem bastante complexos e,
deixando de lado outros aspectos aspectos formais da língua, ao mesmo
tempo, freqüentes no processo de interação em LE, devem
importantes do processo de ensino/ fazer parte da competência comunicativa do
aprendizagem,entre os quais uma aprendiz/usuário da lingua.
culturais. Desse modo, sugerindo abordagem adequada de conteúdos
meios para que se
A abordagem dos aspectos culturais no processo de ensino/aprendiza-
um ensino mais possa construir gem de LE, na opinião de Viana (2003), contribuiria para dar maior visi-
comunicativo, que integre forma e uso, valorizando bilidade à dimensão cultural da
diferenças e contrastes entre diferentes culturas, numa interação, estimulando uma prática peda-
intercultural, Fontes (2002, p.l177) defende a necessidade da perspectiva gógica voltada para a conscientização de professores e aprendizes sobre
de novos materiais produção eles mesmos e sobre a "cultura/língua" que estão
didáticos, nos quais "[..] os temas culturais não Incluindo o que sugere Fontes (2002), Vianaaprendendo.
sejam apenas acessórios, 'enfeites' usados a título de (2003) e outros que
parte fundamental deles. Nesses materiais ilustração", mas aqui jámencionamos, a cultura, ao contrário do que tem sido a prática,
cultura teria um papel de destaque, assim comopropostos pela autora, a não é "mais um conteúdo" a ser
explorado nas abordagens, planeja-
as tarefas que mentos e materiais didáticos
vam a interação e a promo0 para o ensino de uma LE/L2, mas seu
participação ativa dos alunos. aspecto fundador. Talvez esse seja um dos principais
Outro trabalho recente e equívocos que
que traz importantes contribuições para nós devemos buscar reverter
as discussões sobre a
dimensão cultural do processo de ensino/apren- quando refletimos sobre o ensino de lin-
guas de acordo com uma perspectiva intercultural. Nesse
dizagem de linguas estrangeiras é o desenvolvido por Viana (2003). forme destaca Almeida Filho (2002, sentido, con-
O autor parte de algumas questões fundamentais que orientaram o p.210), "[...]o cultural não deveria
constituir, portanto, uma outra faceta do porte do
porta de entrada para que o aluno possa adquirir gramatical",
seu estudo e busca mas uma
discuti-las à luz de diferentes experiências de
interação com estrangeiros aprendizes de português, assim como de uma LE/L2, agir através dela e
a
capacidade de usar
também interpretar os usos e ações
fragmentos de entrevistas realizadas com esse público-alvo. Estabe- culturais de seus falantes.
lecendo como foco de pesquisa dimensão cultural
a
que permeia as Do tipo de competência à qual se refere Almeida Filho, e que nós
interações em situação de ensino/aprendizagem de LE, Viana (2003, temos buscado incentivar
p. 320) toma como de
o
aprendiz a desenvolver, a simples aborda-
partida, desse modo, os seguintes aspec-
ponto gem da lingua enquanto estrutura não pode dar como também
ressalta Viana (2003). Nem mesmo a inclusão daconta,
tos:
percepção
a) a de que há
dissonâncias na interação em LE que
não podem ser atribuídas a cultura em sala de
elementos lingüísticos, mas à dimensão aula, quando o que se entende por cultura é a
cultural; b) a percepção de que a dimensão cultural da/na introdução de retratos e
é "[] profunda e interação informações estanques sobre uma determinada realidade social, esvazi-
determinante da/na estruturação dos processos de ando-a em toda a sua riqueza e
comunicação interpessoal[...]"; c) a constatação de que a dimensão complexidade. A cultura vista desse
modo, ao contrário de promover a interculturalidade, a relação
cultural da comunicação e
interação em LE não tem recebido a devi- entre linguas-culturas diferentes, dialógica
da atenço nas reflexões sobre o promove o distanciamento, a realiza-
de LE, trazendo processo de ensino/aprendizagem ção de processos de aprendizagem em uma única via, tomando a
prejuízos para a conscientizaço de aprendizes/usu- língua
ários da LE sobre a sua
a ser
aprendida cada mais estrangeira.
vez
relevância; d) a convicção de que há a ne- Muitas são as vozes que defendem mudanças, isto é, a adoção de
cessidade de se incluir na área de
ensino/aprendizagem
de LE a abor- novas perspectivas, por parte de pesquisadores e professores, que orien-
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MARIA LUISA ORTIZ ALVAREZ E KLEBER APARECIDO DA SILVA (ORGS.)
LINGCISTICA APLICADA: MúLTIPLos OLHARES
Referências Bibliográficas
voltadas para o ensino/aprendizagem de linguas mais con-
-
tem as ações
undentemente, a defesa de uma postura que contemple uma pedagogia
voltada para o desenvolvimento da intercultural1dade. As descobertas sur ALMEIDA FILHO, J.C.P. Dimensões comunicativas no ensino de
oficio de ensinar e aprender com os alunos, de linguas. Campinas: Pontes Editores, 1993.
gem através da pråtica, do "Lingua além de cultura ou além de cultura,
assumimnos a postura de agentes da interculturalidade ao avaliammos a
nossa própria atuação como agenciadores de conhecimento. língua?Aspectos do ensino da interculturalidade". In: CUNHA, M.J.
No entanto, ser agente da interculturalidade não se reduz a elaborar & SANTos, P. (orgs.). Tópicos em portugus lingua estrangeira.
curiculos, planejamentos e materiais didáticos com conteúdos centrados Brasilia: EDUNB, 2002. p. 210-215.
nas caracteristicas culturais de um determinado pais, grupo de falantes ou DAMEN, L. Culture learning: the fifth dimension in the language
local geogråfico específicos; ou eleger aspectos ou temas relacionados à classroom. Massachusetts: Addison-Wesley Publishing, 1987. 405 p.
cuitura para este fim. Ser culturalmente sensível em prol da construção de FENNES, H.; OOD K. Intercultural learming in the classroom:
un diálogo intercultural, nesse sentido, é algo muito mais abrangente do crossing borders. Londres: Cassel, 1997, 312 p.
FONTES, S.M. "Um lugar para a cultura". In: CUNHA, M.J.; SANTOS,
que isso. Alguém pode ser culturalmente sensível, buscando agir de modo P. (orgs.). Tópicos em português lingua estrangeira. Brasilia, DF:
intercultural. produzindo planejamentos de cursos e materiais didáticos in-
terculurais, qualquer que seja o conteúdo da aprendizagem, seja em lingua EDUNB, 2002. p.175-183.
materna ou estrangeira. No caso especifico do ensino/aprendizagem de FRIAS, M.J.M. "Pedagogia intercultural e formação de professores de
uma LEL2, podemos eleger como conteúdos para as experiências de uso português, lingua estrangeira". In: Seminário Intemacional Português como
comunicativo da língua aspectos culturais da lingua-cultura que está sendo Língua Estrangeira, 9 a 12 de maio de 1991, Macau. Actas... Macau
aprendida, dos países ou grupos de falantes dessa lingua, história, arte, Fundação Macau: Instituto Português do Oriente, 1991. p. 443-450.
matemática, assim como o desenvolvimento de habilidades como fazer HOLLIDAY, A. Appropriate methodology and social context.
utensílios de palha, jogar capoeira ou cozinhar. Por ser um esforço integra- Cambridge: Cambridge University Press, 1994. 237 p.
do que envolve modos de sere de agir ao ensinar e aprender uma nova KRAMSCH, C. Context and culture in language teaching. Oxford:
lingua, não pode ser reduzido à simples eleição de conteúdos que assegu Oxford University Press, 1993. 293 p.
rem a sua feição cultural. (SANTOS, 2004). Language and culture. Oxford: Oxford University Press,
Uma abordagem de ensino que se pretende intercultural deve ser, 1998.
por natureza, dialógica. Desse modo, promover o diálogo de culturas ORTIZ, M.L. Expressões idiomáticas do português do Brasil e do
espanhol de Cuba: estudo contrastivo e implicações para o ensino
significa estarmos abertos para aceitar o outro e a experiência que ele de portugués como lingua estrangeira. 2000. Tese de Doutorado
raz para o encontro a partir do seu ponto de vista; é
permitir queas
nossas próprias experiências possam dialogar com as do outro de modo em Lingüistica Aplicada, Instituto de Estudos da Linguagem da
intersubjetivo; é colocarmo-nos junto ao outro quando interpretamos o Universidade
E.M.
Estadual de Campinas, Campinas, 2000.
mundo à nossa volta, o mundo que nos abriga; é, finalmente, recebermos SANTOS, Abordagem comunicativa intercultural: uma proposta
o outro tal como se recebêssemos um amigo como qual não temos para ensinar e aprender lingua no diálogo de culturas. Tese de
receio de partilhar as nossas dúvidas, incertezas, emoções, desejos, inse- Doutorado em Lingüística Aplicada do Programa de Pós-graduação
guranças. Somente a partir de uma postura que promova o verdadeiro em Lingüistica Aplicada da Universidade Estadual de Campinas
dialogo, a troca entre sujeitos-mundos diferentes, entre línguas-culturas UNICAMP/SP, São Paulo, 2004.
diferentes, é possível derrubar muitas barreiras que, por vezes, se inter- VIANA, N. Sotaque cultural: uma proposta para compreensão de
poem nos processos de ensinar e aprender linguas. traços culturais (re)velados na interação em lingua estrangeira.
Através de um movimento incessante de reflexão-ação é que po- Tese de Doutorado em Estudos Lingüisticos -
Faculdade de Letras
deremos reavivar a nossa prática, incorporando o sentido da lingua que da Universidade de
Federal Minas Gerais, Belo Horizonte, 2003.
ensinamos como dimensão complexa do humano, a qual extrapola o cir- VILELA, M. "Tradução da multiculturalidade e ensino de uma lingua
culo do sistema de formase regras, para assentar-se naquilo estrangeira". In: Seminário Intemacional Português como LinguaEstrangcira,
fechado
que nos faz humanos: ser e estar socialmente no mundo. 21 a 24 de maio de 1997, Macau. Actas...Macau, 1997. p. 559 -573.
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