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¥ MINHA ARVORE GENEALOGICA (Modesta contribuigae a0 estudo da genealogia cearense) MOZART SORIANO ADERALDO Sou filho de pai cearense, de familia radicada nos sertées de Mom- aga, e de mae maranhense, cujo tronco paterno se prende & fundagao de Mossoré, no Rio Grande do Norte, e cujo ramo materno se biparte entre maranhenses, de Brejo, ¢ catarinenses, de Laguna. : Parece-me que vale a pena investigar cssas origens, Sc outro mérito ‘nao tivesse tal esforgo, serviria ao menos como ajuda ao Dr. Raimundo ‘Girdo, a quem o Instituto do Ceara comgteu a gigantesca tarefa de escrever ‘a genealogia das familias cearenses, Si%o, assim, 0 método e a numeracao adotados no quadro por ele largamente distribuido, reformando eu, porisso, © processo que ja havia seguido em trabalho anterior. Convém jrisar que, se falo de mim e dos meus, é porque o3 factos, que vou contar poderfo servir ao pesquisador futuro como elementos de reconstituigio do ambiente socio-econdmico de varias épocas. Todavia, advirta-se que muitos enganos e deficiéncias ho de conter trabalhos desta natureza, e seria absurdo exigir o contrario, A quem quisesse corri- gi-los ou supri-las, ficaria eu sinceramente grato, pois somente assim seria possivel, de futuro, divalgar outra ediggo aumentada e menos im- perfeita, Qualquer correspondéncia nesse sentido deve ser a mim ende- regada (Rua Mons. Bruno, 542, Aldeota, Fortaleza). Acresce que dentro de pouco tempo, em Novembro de 1951, feste- jar-se-4 0 centen&rio do Municipio de Mombaga, terra de muitos de meus ascendentes, Este trabalho sera uma pequenina contribuigéo As comemoragSes que naturalmente” serio realizadas. Afim de esclarecer aqueles que esto pouco afeitos a estes estudos de genealogia, dou aqui uma prévia explicagdo acerca dos nimeros adop- tados no quadre organizado pelo Dr, Raimundo Girio: Ns. 2e 3— pais Ns. 4a 7 — avis Ns. 8a 15 — bisavés Ns. 16 a 31 — trisayés . Ns. 32a 63 — tetravés , Ns. 64 a 127 — pentavés * Aqui termina. o referido quadro, Como, porém, consegui, em trés ramos de minha. drvore de familia, aleangar mais duis, ou trés geracéiés — justamente 08 pais ¢ a ‘avé materna de minha pentavS Mauricia Pereira 62 REVISTA DO INSTITUTO DO-CEARA da Silva, que est no quadro sob os ns. 69 ¢ 99, ¢ os pais, os avés ma- ternos e a bisavé de minha pentavé Francisea Gertrudes da Conceicdo, que esté no quadro sob o n. 73, — adoptarei a numeragio suplementar seguinte: 69 A, 69 B, 69 B b; 89 A, 89 B, 89 B b; 73 A, 73 B, 73 Ba, 73 Bb, 73B 62. Usarei, igualmente, numeracdo suplementar em letras e niimeros para os descendentes de colaterais. Feitos estes esclarecimentos, salientado que nao farei trabalho lite- rario mas histérico, comecemos a tarefa. 1 -— MOZART SORIANO ADERALDO. Nasci a 22 de Abril de 1917, 4 1 hora da madrugada, na cidade de Brejo. Meus pais — Fran- cisco Anténio Aderaldo e Elisa Soriano Aderaldo — escoleram como padrinho de meu baptismo o Dr. Pedro Laurentino de Aratijo Chaves, remanescente da lendaria familia Aratijo Feitosa, dos Inhamuns, e cujo irmao José Laurindo casara com tma prima de meu pai, irm4 do Pe. Lino Aderaldo. O Dr. Laurentino era, aquela época, advogado no Ceara, depois foi desembargador ¢ Interyentor Federal em Mato Grosso e hoje se acha aposentado no Rio de Janeiro, Nao podendo comparecer pes- soalmente 4 cerimonia, mandou procuragio, A madrinha foi minha tie Ernestina Soriano Caldas, irma de minha mie, tendo o acto litigico se realizado na matriz do Brejo a 23 de Setembro de 1918, data ax versdria do oficiante, Pe. Francisco Lino Aderaldo, vig4rio da freguesia primo-irmio de imeu pai. No ano de 1921 vim para o Ceara. Fiz o curso primario no Colégio Cearense, de 1924 a 1928. Em 1929 matriculei-me no Colégio Estadual, 4 época Liceu do Ceard, localizado na Praca dos Voluntarios, onde hoje se ergue o edificio da Policia. O ano de 1933 viu-me concluir o curso secundario, razio por que a 21 de Ja- neiro de 1934, com muita esperanga, ilusées ¢ a diminuta mesada de Cr$ 300,00 mensais — dos quais pagava a pensio (Cr$ 160,00 por més) ce fazia as demais despesas —, segui para o Rio, desejando formar-me em medicina, talvez influenciado pelo facto de meus dois irm&os mais velhos ja serem, 4 época, estudantes de medicina, Cheguei a iniciar as providéncias nesse sentido, Contudo, vencen a tendéncia natural ¢ em 1936 matriculei-me na Faculdade de Direito do Estado do Rio de Janeiro, onde cursei o 1°, 0 2° ¢ 0 3° anos. Como primeiro-anista fui eleito representante de meus colegas no-Diretério Académico e pronunciei uma palestra —- “A confusio ortografica em face da lei” — depois reunida com seis ontras,de companheiros de estudo, enfeixadas em volume — “Palestras Académicas” — saido a lume em 1937 e prefaciado por Clovis Bevilaqua. Segundo-anista, fundei com outros, ¢ fui seu primeiro pre- sidente, a “Liga dos Estados”, sociedade académica com tantas cadeiras quantas 2s unidades da federacto brasileira, cabendo-me a de represen- tante do Ceara, No Rio tive oportunidade de, no Instituto Catélico de Estudos Suiperiores, fazer o ctrso de Literatura, Brasileira com Tristéo de Athayde, de Filosofia com Frei Sebastifio Tauzin, O. P., e de Socio- REVISTA DO. INSTITUTO DO°CEARA 63 RAE RS Jogia com o Prof. Rego Monteiro. Ainda no Rio fui reporter d’ “O Pais”, ressurgido, ‘Transferi-me para a Faculdade de Direito do Cearé em 1939, obrigado pelo motivo de ter minha mie adoecido, Ainda como quarto-anista de direito fui nomeado, pelo Interventor Menezes Pimentel, Prefeito Municipal de Senador Pompeu, onde meu tio Pe. Lino era vi- girio havia muitos anos, cargo que ocupei até Novembro do mesmo ano. Deixei-o por nao me haver entendido com o todo-poderoso Departamento Administrative. Em 1940, tendo Luis Sucupira como paraninfo, di- plomei-me bacharel em ciéncias-juridicas e'sociais, no dia 21 de Dezembro. Em Julho do mesmo ano, sendo eu presidente do Directorio Académico, fui representar 0 corpo discente da Faculdade no Congresso de Estu- dantes realizado no Rio, acompanhado de meus distititos colegas Inacio Moacir Catunda Martins, Moacir Madeira Campos e Zacarias Gurgel de Cunha. Ainda em 1940, ao lado de: José Denizard, Luiz Barros e outros, escrevi artigos para a “Colina dos, Novos”, de “O Nordeste”, =1ja historia foi depois eserita por Luiz Barros e publicada n’ “A Acio”, de Crato. No segundo semestre de 1941 passei a redactoriar 0 matutino “O Estado”, érgio do governo, que tinha como diregtor o Dr. José Mar- tins Rodrigues, redactor-chefe o sr, Alfeu Faria ‘de’ Aboim e redactores ‘0s Drs, Hugo Victor Guimaraes ¢ Silva © Walter de Si Cavalcante, De 14 sai em Novembro de 1942 porque me matriculei no N. P.O. R. (depois C. P. 0. R.) de Fortaleza, cujos exercicios no permitiam tra- Dalhos noturnos, Em Outubro de 1941 fui nomeado suplente de presi- dente da Junta de Conciliagéo e Julgamento (Justica do Trabalho), tendo oportunidade de substituir o Dr. Juarez Bastos, seu titular, diversas vezes, 14 me conservando até 1945, quando pedi exoneragio por dois motivos: — aborrecimentos com a secretaria da Junta e a injustica de ver nomeado sucessor do Dr. Juarez, promovido ao Tribunal Regional do Trabalho, tm elemento: até ent&o estranho 4 justica do trabalho, muito embora meu @migo particular. Em 1943 fui admitido como estatis- tico-auxiliar no Departamento Estadual de Estatistica, com os’ vencimentos mensais de Cr$ 500,00 ou 600,00, no me recordo bem. No Depar- tamento de Estatistica fiquei até Junho de 1944, quando fui transferido para o cargo de téenico de administragio do recém-criado Departamento do Servicga Piblico, hoje Departamento do Servigo de Pessoal, com os vencimentos mensais de Cr$ 1.000,00. Em Agosto de.1945 fui nomeado Director da Imprensa Oficial, em substituigéo ao sr.Alfeu Faria de Aboim, que permanecen fiel ao sr. Olavo Oliveira, rompido com o go- verno, Nao demorei mais de 34 dias, tantas foram as injungdes politicas em torno do cargo. Voltei para o D. S. P., onde vinha substituindo 0 Dr, José Waldo Ribeiro Ramos, director da Divisio de Organizacao e Orcamento, acometide de traigoeita moléstia, Meus. vencimentos como téenico de administragio do ‘D. S. P, sofreram sucessivas ¢ rapidas alte- yacbes, durante a Interventoria Beni Carvalho (1945-1946). Nessa época 64 REVISTA DO INSTITUTO DO CEARA estava cu liceneiado por seis méses, em tratamento de satide, acometido de uma tramite, manifestada no comicio do brigadeito Eduardo Gomes, aos 11 de Novembso de 1945, na Praca Férnandes Vieira, Passei quatro meses em Cajazeiras, perto de Messejana, na vila Santo Anténio, de propriedade da madrasta do Dr. Lincoln Mouro Matos, aleio ao que se passava na cidade e escrevendo 0 esbogo do meu estudo sobre “Revo- Inco, Reaccio e Cristianismo”. - Ao reassumir 0 cargo, depois dos aumentos repetidos, vencia mensalmente mais de dois mil cruzeiros, Ainda em 1944- — Agosto — conclut o curso do C. P. O. R., oportunidade para mim felicissima, pois nessa época conheci aqucla que viria a ser minha esposa. Irma de um colega meu, viera ser madrinkia de formatura dele. Quanto 4 minha madrinha, foi a primogénita de meu irmao Aluisio, Ligia, minha afilhada de batismo. De Dezembro de 1944 a Fevereiro de 1945 fiz o estagio, como aspirante, no 23° B. C., dois meses no quartel novo e um més no velho edificio contiguo 4 Fortaleza, que deu nome 4 cidade, 'Terminado-o, fui convocado para a F. E. B., nfio sendo incor- porado pelo feliz término da guerra. Em Outubro de 1946, ua Inter- ventoria de Luis Sueupira, fui nomeado Consultor Juridico da Secretaria de Agricultura ¢ Obras Publicas, cargo que ainda exergo, apesar de trans- formado em Assistente Juridico. Ainda em 1946, no I" Congresso Cea- rense de Escritores, apresentei e defend! a tese —- “A posigéo do escritor na reconstrugio do mundo”, depois publicada nos anais (“Afirmagio”) € tirada em separata. Em 1948 divulguei na revista “Cla” meu “Esboco de Histéria da Literatura Brasileira”, também tirado em separata. Antes, em 1947, fizera eu uma viagem ao sul do pais, a fim de assistir aos congressos de escritores e de Agio Catélica, a se realizarem em Belo Horizonte em comemoracio ao cinquentendrio da cidade. O Secretario de Agricultura, Dr. Pompeu Sobrinho, aproveitando 0 ensejo, cometeu-me a tarefa de estudar 0 sistema de colonizagéo posto em pratica pelo governo mineiro, de que resultou o met trabalho “ColonizagZo das ‘Terras Devo- lutas do Cear&”, publicado na “Revista do Instituto do Ceara” de 1948, saida a lume no ano seguinte, ¢ tirado em separata. Infelizmente no sti ao congresso de escritores, dado 0 seu adiamento e em ‘vista de JA me achar ausente de Foxtaleza h4 mais de més. Com a promulgacio da Constituigdo Estadual de 1947 e a encampagio, pelo Estado, da Fa- culdade de Ciéncias Econémicas, fai nomeado professor de Estrutura das Organizagbes Econémicas do aludido estabelecimento de ensino. Em 1948 escrevi 0 rodapé literario do “Correio do Ceara”. Em 1949 ca- sei-me na igreja de N. S. dos Navegantes, perante 0 vigario Pe, Francisco Hélio Campos, aos 28 de Abril, com Ana Sales Cartaxo, apelidada Nanza, filha do farmaceutico Cristiano Cartaxo Rolim, residente em Cajazeiras, Paraiba, membro das familias Rolim, fundadora da cidade, e Cartaxo, radicada no Cariri, e de Isabel Sales de Brito, cearense, de Varzea Alegre, Minha muther é assim, prima do afamado tribuno REVISTA DO INSTITUTO DO CEARA 65 “Moésia Rolim, ligado 4 histéria da. Revolugio de 1930 no Cearé. Foram padrinhos do casamento religioso 0 Deputado Parsifal Barroso, o Dr. Lincoln Mourao Matos e os sts. Floréncio Coelho Holanda ¢ José Dantas Braga. O contsato civil, realizado no Cartério Jereissati perante o Juiz Hermes Paraiba, teve como testemushas 0 Deputado Renato de Almeida Braga, o Dr. Antonio. Martins Filho, o jornalista Joao Jacques Ferreira Lopes e 0 sr. Reginaldo Rocha. De nosso casamento j4 nasceu um filho: — Melania, que velo 4 luz As 8,25 da noite do dia 1* de Marco de 1950, na Maternidade Sta. Catarina Labouré, anexa 4 Santa Casa de Misericérdia, sob os cuidados médicos do Dr.. Periguari de Medeiros, e se batison a 28 de Abril de.1950 na mesma igreja em que seus pais se casaram, sendo padrinhos meu sogro e minha mie ¢ oficiante o vit gario-cooperador Fe, Pio Pinho. ‘Ainda em 1949 publiquei, em parceria com José Stenio Lopes, os “Apoemas”, livrinho de versos modernos, com ‘ilustracdes de Barbosa Leite, que provocou comentarios contraditérios, Em 1950. fui escolhido Director do Departamento’ de Actividades Culturais da Asociacdo Cearense de Imprensa e, por. proposta dos consécios José Waldo Ribeiro Ramos, Dolor Barreira e Fran Martins, fui eleito sécio efectivo do Instituto do Ceara, cadeira n. 25, honra insigne para tao minguado intelectual, Fai recepcionado a 27 de Outubro, falando em nome do Instituto o Dr. José Waldo. Ainda neste ano fui désignado pelo Ministro do ‘Trabalho para ensinar no curso mantido pelo fundo sindical, sendo meus colegas de magistério os ilustrados Drs. Ubirajara Indio do Ceara e Lauro Maciel Severiano, Minha vida, em sintese, tem sido uma sequéncia de aspiragées, dificilmente conseguidas algumas, outras ndo aleangadas, Nao obstante, quantas “pedras” a registrar no curto caminho! Malgrado jamais haver deliberadamente feito mal a quem quer que fosse, tenho merecido a inveja de quantos porfiam em enxergar apenas as minhas pequeninas vitérias, sem atentar para as lutas sustentadas. E quantos désses a se dizerem amigos e a receberem, de mim e dos meus, favores e gentilezas! Sao meus irmaos: A — Dr. TARCISO SORIANO ADERALDO. Nasceu em Brejo, a 4 de Setembro de 1912, 4s 3 horas da madrugada. Foi baptizado na matriz.de Brejo no dia 23 do mesmo més e ano. Foram seus padrinhos o Pe, Francisco Lino Aderaldo, também oficiante da ceriménia, e Indcia Soriano, tia materna do baptizando. Fez 0 curso primario no Colégio Cearense e 0 secundério no Liceu do Ceara. Cursou medicina no Rio de Janeiro, de 1930 a 1935, quando se diplomou. A 23 de Setembro de 1940 casou-se com Maristela Costa, filha de Inacio Costa, gerente do Banco do Comércio, e de Ester Costa. Sua esposa foi nomeada pro- fevsora ptiblica na proficua Interventoria Carneiro de Mendonga, que go- vernott o Ceara logo depois da Revolugio de 1930. - Realizou-se ‘a ceri- monia religiosa do casamento de meu irm&o Tarciso na matriz de N. S.° 66 REVISTA DO INSTITUTO DO CEARA do Carmo, em Fortaleza, sendo oficiante o Pe. Lino Aderaldo, Do con- sdreio nasceram, até hoje, cinco fithos, todos fortalezenses: a) — MANUEL SORIANO NETO (Sorianinho), nascido a 30 de Junho de 1941, b) — LINO COSTA ADERALDO, nascido a 6 de Agosto de 1942. ¢) -- FRANCISCO DE ASSIS COSTA ADERAL,DO, nascido a 2 de Junho de 1945. . d) — INES COSTA ADERALDO, nascida a 25 de Marco de 1948, ims HELENA COSTA ADERALDO, nascida a 10 de Novembro de 1950, - B — Dr, ALUISIO SORIANO ADERALDO. —Nasceu em Brejo, a Il de Dezembro de 1914, as 3 horas da madrugada. _Batizou-se na matriz do Brejo no dia 23 de Setembro de 1916, sendo oficiante o Pe. Lino Aderaldo padrinhos 0 Capitio Ernesto Honério Aderaldo de Aquino, avé paterno, e Da. Roberta Francisca Coelho Soriano, avo ma- terna do baptizando, Fez 0 curso primirio no Colgio Cearense ¢ se- enndirio no Liceu do Ceara. Cursou medicina no Rio de Janeiro, de 1931 a 1936, quando se diplomou. A 30 de Outubro de 1938 casou-se com a inteligente professora Francisca Noeme Costa, filha de Manuel Vieira Costa ¢ Da. Noeme Ferreira Costa, ele irmio do antigo politico fortalezense Joao, José Vieira da Costa, residente em Messejana. Uma irma de minha cunhada Noeme, Da, Zilda, grande educadora, que fundou e foi primeira directora da “Cidade da Crianca”, casou-se com o eminente politico cearense Dr, José Martins Rodrigues, homem probo e trabalhador, por isso mesmo incompreendido, descendente dos Lemos de Almeida, de Mombaga, a que me referirei mais adiante. Outros irmios dela se sali- entaram nas profiss6es que. escolheram, tais como o advogado Alvaro Costa, agudissima inteligéncia, e os bancdrios Francisco Ferreira Costa e Manuel Ferreira Costa, figuras de relevo entre os membros de sua classe. A ceriménia religiosa do casamento de meu irmfio Aluisio rea- lizou-se na matriz de N. S. do Carmo, em Fortaleza, sendo oficiante o Pe, Lino Aderaldo. Do consérefo nasceram, até a presente data, os seguintes filhos, todos fortalezenses: a) — IIGIA MARIA SORIANO ADERALDO, nascida a 6 de Jutho de 1939, minha afilhada de baptismo. b) — NOEME ELISA SORIANO ADERALDO, nascida aos 7 de Maio de 1940. ¢) — ALUISIO SORIANO ADERALDO JONTOR, nascido aos 20 de Outubro de 1941, d) — CLAUDIA MARIA SORIANO’ ADERALDO, nascida aos 29 de Dezembro de 1942. e) — ROBERDO GUIDO SORIANO ADERALDO, nascido aos 15 de Agosto de 1944. REVISTA DO INSTITUTO DO CEARA ST f) — JOSE’ MARTINS SORIANO ADERALDO, nascido aos 26 de Junho de 1947. . g) — LUCIA MARIA SORIANO ADERALDO, nascida aos 23 de Maio de 1950. 2— FRANCISCO ANTONIO ADERALDO (Set Chico). Nasceu ‘meu pai aos 4 de Setembro de 1884 em Maria Pereira (hoje Mombaga). Filho de Ernesto Honério Aderatdo de Aquino e de Francisca Gongalves ‘Torres, primeira esposa de meu avo. Estudou as letras primarias em Mombaga ¢, a convite de seu primio-irmio Pe. Lino Aderaldo, nomeado vigario de Brejo, deslocou-se para essa cidade a fim de dedicar-se ao comércio. LA conheceu minha mie, com quem casou aos 23 de Setembro de 1910. Apés o casamento fez uma viagem ao ‘Ceara a fim de apre- Sentar a esposa aos parentes, tendo se demorado entre eles, na cidade de Mombaca e nas terras da familia — Flores e Barra Nova —, pouco tempo, voltando ao Maranhao. Para o Ceard meu pai veio definitiva- mente depois de o Pe. Lino haver sido escardinado da diocese de Sao Luiz para a de Fortaleza, Partimos do Brejo a 3 de Fevereiro de 1921, chegando capital cearense no dia 23 do mesmo més e ano. Lembro-me ainda da viagem, em carro de boi, que fizemos — meus pais, seus trés filhos e minha tia Sugu (Indcia) — do Brejo para a Repartigdo, pequeno porto 4 beira do rio Parnaiba, sob umia violentissima chuva, como sio 2s do Maranhao. Tinha eu, entio, quatro anos incompletos, mas a cena se gravou forte na minha meméria. | Em Fortaleza meu pai deixou © género coméreio, no sémente porque Ihe faltou o capital necessario para enfrentar a concorréncia de uma grande cidade, como porque uma das caracteristicas de sua personalidade era a quase indiferenga para com ‘os bens materiais. Nao fora o tino e a energia de minha mae, e seus trés filhos talvez nao se diplomassem. — Legou-nos, todavia, um impressio~ nante exemplo de bondade. Em Fortaleza — dizia eu — meu pai deixou © comércio ¢ foi ser funcionario piblico, primeiro da antiga Inspetoria Federal de Obras Contra as Sécas, depois da Estrada de Ferro de Batu- rité e, finalmente, do Departamento de Terras ¢ Colonizagao. Contou-me minha mie que, em um desses cargos, tendo meu pai solicitado aumento de vencimentos a seu chefe de servigo, recebeu, com a resposta negativa, 0 oferecimento de emprego para um de seus filhos, como “menino de re- cados” da residéncia do chefe, que hoje, sem relacionar os factos, nio sabe que os dois médicos e o bacharel em direito com quem mantém re- JagGes sio aqueles garotos que ele quis empregar em sua cozinha. O temperamento de meu pai, simplério, sem ambigées, descansado, antorizava 9 julgamento de nao passar de mau funciondrio. Por isso recebeu de sub-chefes, que depois vieram solicitar favores de seus filhos, maus-tratos e humilhagSes, que aceitava com aparente indiferenga, Assim findou seus dias, serena e plicidamente, apés dois meses de moléstia, 4s 11 horas de 19 de Novembro de 1944, em Fortaleza, na casa n. $34 da Rua da As- 68 REVISTA DO INSTITUTO DO CEARA sungio, Assistit 20 passamento, aléin da familia, o Dr. Mario dos Martins Coelho, que sabendo do estado de met pai, resolvera visitar-me naquela manh&. © set temperamento jamais me permitiu maiores in- vestigaces acerca de seus parentes, eu que sempre fui interessado por assuntos genealégicos.. Transerevo aqui, portanto, o potco que pude colher em outras fontes a esse respeito. Meu avd casou-se duas vezes, a primeira com minha avo e a segunda com Benedita de Carvalho, vulgo Dita, filha de Palmério Anténio de Carvalho Visgueito, professor pri~ mario de Mombaga, e de Clara Teixeira de Carvalho. Do primeira casamento nasceram varios filhos, além de met pai A — JOSE? HONGORIO, ha muitos anos residente no Amazonas ou Acre, Consorciou-se por Ii, Nao sei se deixa descendéncia, B — MANUEL (Nenéco, 0 mais mogo). Emigrou na seca do 1932 para Inhuporanga (ex-Campos Belos), no Municipio de Canindé, ¢ hoje se acha em Flores, Mombaca. Casado ditas vezes, do primeiro matri- ménio deixando varios filhos, entre os quais cito: a) — ALCIDES, activo comerciante em Inhuporanga, falecido ainda mogo. b) — ERNESTO, sargento da Policia Estadual. c) — ANTONIO, actualmente na Marinha, depois de cursar em parte o Seminario Serafico de Messejana. C — MIGUEL. Foi para o Pard, 14 casou e morreu, deixando fi- Thos, dois dos quais passaram a set criados por meu avd e, com a morte déste, seguiram com a avé torta para o Rio, onde se acham. Um deles ~ ERNESTO — participou da F. E. B., na segimda guerra mundial. D — DOMINGAS, conhecida por Dondom. Casou-se com Joao Alves Pereira, filho de Anténio Alves Pereira e Damiana Alves das Virgens, descendentes de Rafael Soares Pereira, um dos primeiros po- voaderes de Mombaga, Minha tia Dondom deixou dois filhos: — Expe- dito Aderaldo Pereira e otttro, enjo nome nao sei, E — ERNESTINA, Faleceu solteira. Do segundo casamento meu avé deixou apenas uma filha: F — CLARICE. Casada, mora no Rio com seu esposo, Moisés Pais de Andrade, sobrinho do Pe, Pedro Leio Pais de Andrade, que paroguiot. Mombaga cerea de 40 anos, e sta mie, para onde foram depois da morte de meu avd. 3 — ELISA SORIANO ADERALDO (Zazinha)., Nasceu minha mae no dia 13 de Janeiro de 1886, em Brejo, pelas 3,30 horas da tarde. Bilha de Manuel Soriano Guilherme de Melo, natural de Mossoré, ¢ de Roberta Francisca Coelho Soriano, nascida em Brejo. Baptizou-se na matriz de sua cidade natal, em Julho de 1886, sendo oficiante o Pe. An- tonio Lira Pessoa de Maria, vigdrio da ireguesia e natural de Massapé, Ceara, e padrinho o Tenente da Guarda Nacional Josino Elisio de Amo- rim Caldas (tio Juca), primo, de minha me pelo lado Caldas ¢ casado REVISTA DO INSTITUTO DO CEARA 69 com minha tia materna Maria Abelarda de Soriano Caldas (tia Bild), ‘que foi a madrinha. Seu pai, meu avd materno, faleceu quando minha mie tinha apenas sete meses. Cacula e 6rfi, minha av afroxou a disci- plina, motivo por que minha mie discrepava dos irmfos no tocante 4 instrugéo, que estes posstiiam em grau mais elevado, nfo descurando no- ges de francés, 0 que era alguma coisa para uma cidade do interior maranhense Aquela época. Casou-se com meu pai aos 23 de Setembro de 1910, como ja foi dito atras. Da viagem que ela fizera, depois do casamento, 4 terra de set marido, em sua companhia, me falava com muita. saudade, especialmente do lugar Flores, onde se demorou, ¢ de um tio de meu pai, Miguel Placido Aderaldo de Aquino, a quem muito se afeicoara. Minha me faleceu em Fortaleza, no dia 13 de Novembro de 1950, na casa n. 1.525 (somando-se os algarismos obtemos o resultado 13...) da Rua Jo%o Cordeiro, para onde se mudara havia menos de trés meses. Sua morte assim ocorreu: estava minha mae com sade até a madrugada do dia 10, ocasifo em que, sem ser de seu conhecimento, nascia o seu 13° neto — Helena, filha do Tarciso. Mandou chamar-me na casa vi- zinha (n. 1.517), de minha residéncia, e 14 chegando encontrei-a com as miios e os bragos frios, sentada na rede, dizendo que sentia dor no peito. Sai, correndo, para chamar o Aluisio, duas ruas adiante (Antonio Be- werra), e este, vendo a gravidade do estado dela, imediatamente foi cha- mar o Tarciso em sta residéncia, 4 rua da Asstngio, nZo o encontrando porque desde as primeiras horas da madrugada se achava na Casa de Satide Sao Raimundo, onde sua mulher havia pouco descangara. Da ma- ternidade foram ainbos — Aluisio e Tarciso — atras de um especialista em moléstias do coragéo, trazendo o Dr. Heli Vieira, Diagnosticada a angina, ficou minha me em completo repouso e apresentando melhoras, tanto que no dia 14 iria receber alta,-quando 4 tardinha do dia 13 mandou chamar-me em minha residéncia e disse que nao estava se sentindo tio bem quanto antes, motive por que, sendo hora da visita médica, combined que diviamos isto ao clinico, tdo logo chegasse. Voltando 4 minha resi- déncia para jantar, mal entro na sala de visitas recebo novo chamado de minha mae, em caracter urgente. E? obvio que vou correndo. , che- gando 14, deparando-se-me o quadro horrivel de minha mie inconciente, respirando com dificuldade, nem entro no quarto ¢ preparo, sem ferver © aparetho, uma injecgie de coramina, que aplico nos misculos de seu braco inerte. Tudo baldado! Dera-se um colapso cardiaco. Dizer o que fiz nesses vinte a trinta minutos em que minha mae agonizava seria impossivel, tio aturdido fiquei. O golpe para mim era grande demais. Sei que minutos depois — talvez segundos — chega minha mulher, a se- guir meu irmao Aluisio, minha cunhada Noeme e meu irmao Tarciso, Felizmente o Aluisio lembrou-se de chamar um sacerdote, tendo o Pe. Paulino Vieiledent, jesuita da Casa de Cristo Rei, administrado a extre- mea-ungao, quando minha mae ainda agonizava. E assim, abruptamete, 70 REVISTA DO INSTITUTO DO CEARA em polices minutos, anulava-se a vida de u’a mie extremosa, dedicada enérgica. Sim, enérgica, pois a despeito de nao ter recebido uma edu- cago além da primaria, possttia agudissima inteligéncia a servico de fortissima personalidade. Conhecé-la era admird-la e... respeit-la. Nos iltimos anos de vida, cansada e doente, ainda assim infundia res- peito pela forca moral, a despeito de Ihe ter fugido a do corpo. Trés pessoas, apenas, quebravam essa rigidez, e o faziam pelo coragio: seus netos Ligia, primogénita do Aluisio, Sorianinho, primogénito do Tarciso, ¢ Melania, minha primogénita. Ao tracar as linhas desta drvore gena- légica, que por natureza deve ser friamente apresentada, peco vénia para desabafar o coraga’o e falar derramadamente daquela que mais influéncia exercet em minha vida. Pago, assim, palidamente embora, uma velha divida e uma secreta promessa — escrever sdbre a vida de minha mie, ela que muitas vezes sugeriu ditar-me tais linhas, Se outra oportunidade se me néo apresentar em vida, para ampliar ésta parte do presente tra- batho, que ao menos a satclade, 0 carinho e a veneragio com que escrevi este trecho de minha arvore genealégica sirvam de consolo, a ela, que © desejou, e a mim, que iniciei a paradoxalmente acre-doce tarefa. Suave e forte, amou os filhos como nenhuma outra mae, mas como nenhuma outra — estou certo — soube castigi-los quando preciso, dirigi-los, ori- enta-los, despertar-Ihes o gosto pelo estudo, Interessante a pedagogia de minha mie! Para os filhos destinava o que havia de melhor, pri- vando-se'do supérfltto ¢ até do essencial, como acontecet na seca de 1932, em que, para nao tirar dois filhos do estudo na Faculdade de Medicina do Rio e no demorar na remessa dos Cr$ 600,00 mensais, resolver que se passasse a comer feijio com arroz e farinha, os que estivamos em Fortaleza, e cortow outros gastos, como a sessfio cinematogrifica semanal no “Moderno” ou “Majestic”, que ela adorava. Mas no tolerava me- nino com dinheiro. Quando meu tio Pe. Lino, em suas raras viagens 4 Fortaleza, nos agradava com pratas de Cr$ 2,00, ela as devolvia e justificava a indelicadeza dizendo que “menino nfo presta com dinheiro”, Assim, seria natural que nos preferisse alunos de colégios de rigida dis- plina e héspedes, no Rio, de parentes nossos. Tal, entretanto, ndo acon- tecia. Fez os filhos cursarem o primario no Colégio Cearense, dos ir- mios maristas, “para aprenderem a estudar”, dizia. Mas o secundario queria-nos no Lice, colégio oficial e leigo, de péssima fama quanto ao comportamento dos alunos. Explicava a atitude dizendo que 14 mos- trariamos se davamos “para a sela” ou se “para a cangalha”. Na ca- pital federal, soltou-nos, rapazinhos imberbes (fui para o Rio com 17 anos incompletos, 0 mesmo acontecendo mais ou menos com meus dois irmos), em pensées de estudantes, afastando a hipétese de nos hospe- darmos em casas de parentes. E dAva-nos atttoridade suficiente para escolhermos as pensdes, sem exigir de nossa parte quaisquer explicacdes, Pedagogia. perigosa ¢ arriscads, sem dhivida. Mas a forca moral que REVISTA DO INSTITUTO DO CEARA 71 possuia e a discreta mas segura vigilancia que exercia sobre nés nos desencorajava das atitudes condenaveis e, mais do que isto, nos infundia © desejo de vencer na vida, de “querer ser gente”, na sua expressio simpléria, Somente assim se explica que trés filhos de um pobre fun- ciondrio publico, bonacheirao e descansado, se tenham diplomado e conse- guido ser alguma coisa. KE’ bem verdade que, sobre termos, pelo lado Paterno, aguele sangue dos desbravadores do sertio de Mombaca, paci- ficos mas persistentes, por outro lado minha mae herdou nao sémente exemplos que dignificam como, ainda, algum cabedal, representado em casa e gado. ‘Tudo isto, porém, se foi gastando com a nossa mudanga do Maranhao para o Ceara e com a necessidade de ir completando os pe- quenos ordenados de meu pai. Uma casa grande — “o sobradinho”, como se chamava — situado na praga da matriz do Brejo, comi cinco portas de frente e nove de oitio, minha mae yendeu 4 pardquia, pelos idos de 1925 a 1930, por Cr$ 3.000,00! Em seu lugar ergue-se hoje, segundo informagSes que obtive, um moderno “bungalow”, simbolo da mentalidade que desestima as obras do passado. E assim, vendendo a casa, vendendo esterlinas que trouxe, fazendo economia e com a ajuda de meu tio Pe. Lino — que, desprendidamente; auxiliou a educar muitos sobrinhos, parentes e até meninos pobres, como Genésio Falcio Camara, posto no Seminario de Sio Luis 4 sua custa e que, depois, chegou a ser fiscal do Banco do Brasil no norte do pais — minha mie viu concretizado 9 seu grande sonho, qual o de diplomar os trés filhos. Plano ousado e quase inconcehivel, se no levarmos em conta a heranga ancestral daqueles brasileiros que eiveram os dias angustiosos da tinica revolugio “po- polar” até hoje deflegrada no Brasil — a Balaiada. Resquicios havia, em minha mae, daquela mentalidade nativa e altiva, que fazia desestimar © que Ihe no pertencia e superestimar o que era set. Para ela, nada mais excelente do que sta casa, alugada, pobre e singela embora. Simples residéncia de “matutos” emigrados para Fortaleza, mesmo assim contendo objectos que deixavam transparecer a olhos preserutadores 0 antiga es- plendor dos ancestrais. Lembro-me bem'da “bacia de arame” de metro e meio de diametro, de dois “fotomobiles” de longa azul e mangas de vidro, de um espetho de cristal bordado a fogo, de um relégio de pén- dulo com dois anjinhos e olrtros adornos de metal prateado, de panelas de ferro, nZo fatando nas joias, nos trancelins, crucifixos, tesouras, pul- seiras e€ colares do chamado ouro velho. Parte desses objectos de arte seus filhos ainda hoje carinhosamerite conservam, Grande parte, en- tretanto, foi vendido por minha mie nas suas aperturas financeiras. Mas de todos os tesouros que ela nos legou, nenhttm mais precioso do que o exemplo, manifesto em sua forga moral, em sua vontade inquebrantavel, em sua vida de sacrificio, Deus Ihe dé a paz, pois bem a merece quem tarito hutou, anonima, porém. bravamente. Minha mie teve os seguintes inmos, todos naseidos no Bre} 72 REVISTA DO INSTITUTO DO CEARA A — ARTUR SORIANO, Nasceu no dia 20 de Agosto de 1864, Adoecendo em 25 de Setembro, foi baptizado na residéncia de seus pais pelo sr. Luis Mariano Pereira de Sousa no dia 27 do mesmo més, € fa- Jeceu no dia segninte, Foi sepultado na saeristia da matriz do Brejo, ao lado diteito da porta, no dia 29. © sacerdote que assistiu 20 en- terramento foi o vigrio de Buriti, Indcio Pinto d’Almeida Cta., que veio ac Brejo fazer o enterro de Antonio Pereita Jémior, falecido no mesmo dia em que morreu Artur. B — MARIA ABELARDA SORIANO CALDAS (tia Bild). Nas- ceu em 16 de Setembro de 1865. Foi baptizada domingo de Pascoa, 1 de Abril de 1866, 4s 11 horas, na matriz do Brejo, pelo vigario, Pe. Marcolino d’Assungio e Oliveira, Seus padrinhos foram o Coronel Antonio José Martins e Da. Maria Caldas Ferreira Coelho, avé materna da baptizanda. Casourse mo dia 2 de Dezembro de 1882 com Josino Elisio de Amorim Caldas (tio Juca), set: primo pelo lado materno. Te faleceu.a 19 de Fevereiro de 1916, no Brejo, e ela a 30 de Marco de 1946, em Parnaiba, Piaui. Conheci a boa velhinha quando, em 1930, seu filho Inacio Soriano ,Caldas, funciondrio graduado do Banco do Brasil, serviu na agéncia de Fortaleza, Era a encarnacdo da paciéncia. Tia Bila teve os seguintes filhos, todos nascidos no Bre} a) — JENER SORIANO,CALDAS (Senhorzinho). Nasceu a 27 Agosto de 1883. Nao se caso. Faleceu em Santos, Sio Paulo, para onde transferira residéncia desde rapazinho e era funcionario da Alfandega, por volta de 1945, Comheci-o, quando da viagem que fez ao Norte pouco antes de morrer, a fim de visitar a mae ancid, residente em Parnaiba. A seu respeito vale a pena contar um pequeno episédio. Proclamada a Reptblica, meu primo Senhorzinho, com seis anos de idade, influenciado pela propaganda republicana, gritou um “Viva” 4 nova forma de governo deante de sua e minha bisavé Dindinha. Esta, fiel A tradicgo que recebera do marido, oficial que servin as ordens de Caxias, reagiu 4s idéias novas do bisueto com uma violentissima surra. b) — LEONIDAS SORIANO CALDAS (Nini). Nasceu a 14 de Junho de 1885, Casou-s¢ a 21 de Setembro de 1911 com Delith da Sil- veira, Faleceu na capital maranhense no ano de 1948. Deixou muitos filhos, dos quais registo: Tacito da Silveira Caldas, desembargador em Sio Luis, casado; Lister Segundo da Silveira Caldas, deputado estadual no Maranbdo, casado; Leénidas- Soriano Caldas Filho, aluno da Es- cola Preparatéria de Fortaleza, solteiro. c) — MANUEL SORIANO CALDAS (Manduca). Nasceu a 14 de Maio de 1887. Casou-se com Inocéncia Guedes. Faleceu antes de 1930 em ‘Teresina, Piawi. Deixou-alguns filhos, residentes naquela capital, terra de sua mie, e cujos nomes nfo retive, apesar de haver conhecido dois deles, 4 rapazes, em rapido passeio que fizeram, por volta de 1943, a Fortaleza, REVISTA DO INSTITUTO DO CEARA 73 d) — FORTUNATA CALDAS MARTINS (Natu). Nasceu a 2 de Julho de 1890. Casou-se a 31 de Dezembro de 1910 com Raimundo Martins (Dico), Faleceu de parto (10° ou 11° filho, se nZo me engano) a 2 de Fevereiro de 1930, em Flores, povoagio maranhense situada em frente de Teresina. Deixou muitos filhos, dos quais registro: Hebe, casada-em Sdo Luis; Ivone, casada em Sao Luis; Dalva e Vanda, cuja situagio ignore, Em 1930 conheci, morando com seu tio materno Inacio Soriano Caldas, Hebe ¢ Ivone. Vanda ficou com a sogra do poeta Martins d’Alvarez, irma do Dico, em Fortaleza, A separacio dos irmios foi consequéncia da morte da mie. e) — AMELIA CALDAS IBIAPINA (Liquinha). Nasceu a 1 de Janeiro de 1893. Casou-se com Anténio Ibiapina Filho (Tonieo). Ainda vive em Séo Luis, Minha mae sempre que se referia 4 minha prima Liquinha, apresentava-a°como o protétipo do sofrimento, ‘Teve muitos filhos, entre os quais um, José, que, menino ainda, morreu esma- gado em um desabamento na capital maranhense, facto largamente co- mentada pela imprensa dali. Uma sua filha, Suzete, hoje casada em Sao Luis, conheci-a em Fortaleza, por volta de 1944 e 1945, como fun- cioniria do SEN'TA e da CAETA, #) — INACIO SORIANO.CALDAS (Inacinho), Nasceu a 8 de Maio de 1895, Foi para o Seminario! de Sado Luis 4s custas de meu tio Pe. Lino. Ali fez os estudos que o capacitaram a exercer com brilho fungdes de relevo no Banco do Brasil ¢ no Banco da Borracha, do qual era presidente, em Belém, quando, em 1945, faleceu de forma desastrada, juntamente com a esposa, em consequéncia da explosio de uma lancha em que passeavam, Casou-se com u’a moca da Parnaiba, de nome Aura, a 11 de Setembro de 1920. Deixou os seguintes filhos: José Maria, nascido em 1921; Maria José; Maria de Jesus; e outra, cujo nome ndo sei, embora conheca o apelido que the foi posto pelo pai — Caldinhas. g) —- BENEDTO SORIANO CALDAS (Bid). Nasceu a 24 de Julho de 1897, Faleceu no Brejo, inupto, a 10 de Setembro de 1923, “fraco do peito” . . h) — LUIS SORIANO CALDAS (Luizinho). Nasceu a 20 de Junho de 1901, Casou-se ‘com u'a moga da Parnatba, chamada Dalila, nossa parenta, segundo informagio de minha mae, Nao sei se tem descendéncia. Reside em Belém, funcionério do Banco da Borracha, i) — SORIANO CALDAS. Nasceu a 14 de Janeiro de 1903 e faleceu no Brejo a 19 de Junho de 1904. * j) — ROBERTA CALDAS PIRES (Iaidzinha). Naseeu a 3 de Outubro de 1905. Casou-se com Sitvio Pires, de abastada familia par- naibana. Teve ‘os seguintes filhos: Maria Jos¢ (Zezé); Maria do So- corro; ¢ Alfredo (Alfredinho), solteiro, funcionario do Banco do Brasil em Natal, Rio Grande do Norte. Minha prima Iaidzinha vive em Parnaiba. 14 REVISTA DO INSTITUTO DO CEARA C — INACIA SORIANO (Sugu). Nasceu Titia (como a cha- mamos) no dia 18 de Janeiro de'1867. Foi baptisada domingo de Pas- coa, 21 de Abril de mesmo ano, as 10 horas da manha, em casa de uma senhora amiga, da. Constancia, pelo Pe. Domingos Inicio de Carvalho. Seus padrinhos foram o Capitio Simao Fernandes de Oliveira Rebougas ¢ sta mulher, da, Inacinha, No convolou muipcias. Com a morte de minha av6 materna, Titia passou a morar com minha mie, ajudando-a nos servigos de casa, até que, velha e cansada, deitou-se e assim ainda hoje vive, em companhia de meu irm&o Tarciso, seu afilhado, apds a morte de minha mae. D — MARIA PALMIRA SORIANO DE MELO (Nenen). Nascew no dia.12 de Novembro de 1868. Foi baptisada domingo de PAscoa, 28 de Marco de 1869, 4s 11 horas, na matriz do Brejo, pelo Pe. Joaquim Raimundo da Silva. Foram seus padrinhos o Capitio Valério de Sousa Caldas e sua mulher, da. Caetana. Casou-se no dia 27 de Novembro. de 1886, com Anisio Ferreira de, Melo, seu primo pelo Jado de meu avd materno. Embarcou para o Amazonas, com seu marido e fithos, a 6 de Maio de 1899. Seu esposo faleceu em Manaus a 2 de Novembro de 1918. Minha tia Palmira ainda vive, residindo naquela Capital. Teve 08 seguintes filhos, todos nascidos no Brejo. com excepgio dos dois tl timos, nascidos na capital amazonense: a) — CRISTOVAO SORIANO DE MELO (Tovico). Nasceu em 1888. Casou-se com Jurite Muller, de cujo conséreio nasceram varios fithos, lembrando-me bem da primogénita do casal, Maria das Gragas (Gracinha), falecida aos 10 anos, mais ou menos, e de um menino, hoje de 10 a 12 anos, que recebeu o nome de Soriano Muller Soriano de Melo. lids essa atitude nfo é singular: — tia Bild assim o fez, como ja vimos. Meu primo Cristovao faleceu neste ano de 1950, no Rio de Janeiro, depois de uma vida cheig de lutas, algumas vitorias jas derrotas. “b) — OCTAVIANO SORIANO DE MELO (Otinho). Nasceu a 24 de Dezembro de 1889. Casou-se a 21 de Fevereiro de 1918 com Estér Taumaturgo, nascendo do consércio alguns filhos, dos quais conheci Orange, estudante no Rio concomitantemente comigo, Meu primo Octa- viuno, que era juiz de direito no Amazonas e distinto tupindlogo, falecen a 1 de Julho de 1947, apés o regresso de uma viagem ao sul do pais, feita no navio do Lloyd Brasileiro comandailo por seu irmio Aristébulo, oportunidade que se me ofereceu para conhecé-lo, quando de sua passagemt por Fortaleza, c) — ARISTOBULO SORIANO DE MELO (Tuli). Nasceu a 4 de Fevereiro de 1891. E’ hoje comandante do “Campos Sales”, navio do Lloyd Brasileiro, como 0 fora do “Siqueira Campos”, quando o mesmo encalhou ‘nas praias cearenses, por volta de 1944, durante o bloqueio da guerra, Espirito forte, abragou de corpo e alma o integralismo, pelo REVISTA DO INSTITUTO DO CEARA ues qual se sactifica e do qual era Chefe da Provincia do Mar. Atalmente € membro destacado. do Partido de Representagio Popular, Vé-se, dai, ‘que tem muito valor pessoal e dow testemunho de seu arraigado patri tismo. Casourse com distinta dama da sociedade carioca — Celeste que tem uma sobrinha casada com um filho do conhecido homem de ne- gécios Joie Daudt d’Oliveira. 4) — ANISIO SORIANO DE MELO (Anisinho). Nasceu a 29 dle Setembro de 1892 ¢ faleceu seis meses depois. ¢) — ALETA SORIANO DE MELO (Letinha), Nasceu a 4 de Outubro de 1893. Casou-se no Amazonas e desse casamento tem filhos. ‘Mora, se nfo estou enganado, com minha tia Palmira, em Manaus. i) — PEDRO SORIANO DE MELO (Pedrinho). Nasceu a 26 de Setembro de 1895. Vive hoje no sul do pais, pelas imediagdes de Petrépolis. E’ casado ¢ tem muitos filhos. g) — ROBERTA SORIANO DE MELO. Nascou a 24 de No- vembro de 1897." Morreu, h) — ELIDE SORIANO DE MELO (Lizinha). Nasceu a I de Maio de 1901. Casou-se no Amazonas com o Dr. Carvalhinho, hoje desem- bargedor. Conheci a ambos em 1944, quando vieram ao Ceara e se demoracam algum tempo no hotél de da. Chana, em Maranguape. Deixam descendéncia. : i) — ELBA SORTANO DE MELO. Nasce a 11 de Maio de 1 ‘Mora com a m&e-em Manaus, Nao casou. E —-ARTUR SORIANO (Senhor). . Nasceu no Brejo a 28 de Dezembro de 1870. Foi batisado no dia 23 de Junho de 1872, na matriz do Brejo, pelo Pe. Joaquim Raimundo da Silva. Seus padrinhos. foram © Tenente-coronel Raimundo José de Lima e da. Francilina Ferreira. Mar- tins, indo por sua procuradora da. Maria Carolina de Atadjo Lima, Em- barcou para Teresina no dia 13'de Julho de 1884, a fim de cursar o Colégio N. S. das Dores. Foi para Sfio Lufs a 16 de Abril de 1895 ¢ de 18 segui para o Amazonas, em Abril de 1897. Casou-se no Amazonas com Julia Alves de Oliveira. Falecet a 1 de Novembro de 1908, Sua mulher morreu a 20 de Agosto de 1909. Deixott quatro filhos: a) — FRANCISCO DE OLIVEIRA SORIANO (Oliveira), Nas- eu a 21 de Novembro de 1900. Casou-se no Rio de Janeiro, onde hoje reside, com Guilhermina Vieira. Trabalha em um Instituto de Previ- déncia, parece-me que o IPASE. b) — NELSON SORIANO. Nasceu a i de Fevereiro de 1903. Foi para o semimirio de Sao Lats, 4s custas de meu tio Pe. Lino, a 14 de Fevereiro de 1916. Deixou 0 Semimirio em 1920. Acompanhou meus pais quando se transferiram para o Ceard, onde tirou os. preparatérios, no Liceu. Segtia para o sul e 14 ingressou no Banco do Brasil. Quando servia na agencia de Teéfilo Oténi, Minas Gerais, casou-se, a 6 de Feve- reiro de 1932, com Elzira, de quem teve alguns filhos. Trabalha hd “do Brejo, pelo Pe. Antonio Lira Pessoa de Maria, 76 REVISTA DO INSTITUTO DO CEARA thititos anos na agéncia de Salvador, Baia. E’ meu padrinho de crisma. c) ~- HERCILIO SORIANO. Nasceu a 31 de Julho de 1905, Morreu em Manaus a 26 de Janeiro de 1912, 4s 2 horas da tarde, de “febre”, como se diz, apés quatro dias de moléstia. -Enterrou-se vestido de Menino-Deus, todo de cetimt branco com uma ¢ruz cumprida, prateada, enyiezada, no peito, e uma coroa prateada na cabeca. O caixio estava coberto de veludo branco. 4) — MANUEL SORIANO, Nascett a 14 de Outubro de 1907 e morreu a 31 do mesmo més. ~ F — ERNESTINA SORIANO CALDAS (Sinha). Nasceu_ no dia 27 de Fevereiro de 1874. Foi baptizada no “sobradinho”, as 10 horas da manhi do dia 28 de Fevereiro de 1875, pelo Pe. Joaquim Rai- mundo da Silva. Seus padrinhos foram o Dr. Basiliano Marques Vieira e da. Vitéria Antonio Gongalves Roiz, indo como procuradora sta filha, da, Torquata Goncalves Roiz. Casou-se a 21 de Novembro de 1906 com Abelardo de Amorim Caldas, seu primo pelo ramo Caldas e ja seu concunhado, irmio que éra de Josino Elisio de Amorim Caldas (tio Juca), casado com sta irma Maria Abelarda (tid Bild), Nao teve filhos, Alguns anos depois da morte de seu esposo, que ficara cego, morrett tia Ernestina, que era minha madrinha de baptismo e portadora de um espfrito alegre, no dia 25 de Junho de 1949, em. sua terra natal. G — JENER SORIANO. Nasceu no dia 16 de Novembro de 1880. Foi baptizado a 24 de Abril de 1881 pelo vigitio Pe. Joao Francisco Martins, Foram seus padrinhos 0 Dr. José Joaquim Tavares Belfort ¢ sua mulher, da, Albertina de Morais Sarmento Belfort, indo como seus procuradores 0 capitio Simo Fernandes de Oliveira Rebotcas e Maria Abelarda de Soriano Caldas, irmi do baptizando, Morreu pelas 5,30 heras da manha do dia 6 de Julho de 1881. Foi sepultado no dia seguinte, na capelinha de Sao Joao, mandada construir por meu avé, Manuel So- riano Guilherme de Melo. H — JGLIA SORIANO SOMBRA. Nascett no dia 17 de Setembro de 1882, Foi baptizada no dia 1 de Novembro do mesmo ano, na matriz Seus padrinhos foram o sr. Jofio Baptista Teixeira e da, Amétia Fernandes Bacelar. Casou-se no dia 8 de Novembro de 1899 cont Cunegundes Guilherme de Sombra, de Parnatba, Faleceu, de parto, minha tia Jilia no dia 8 de Novembro de 1900 (no 1° aniversdrio de casamento), em Parnaiba. 4 — ERNESTO HONORIO ADERALDO DE AQUINO. Nascew meu av6 em Mombaca, entio Maria Pereira. Filho de Francisco Aderaldo de Aquino (Padrinho Chiquinho) e Antonina Ferreira Marques Brasil. Desconhego a data de seu nascimento. Casou-se duas vezes, a primeira com Francisca Goncalves Torres, minha avé, da qual naseeram varios filhos. Meu avé acompanhow seu irmfo, o Coronel da Guarda Nacional José Aderaldo de Aquino, na politica local e foi, duas vezes, colector es- REVISTA DO INSTITUTO DO CEARA 7 tadual em sua terra, a primeira de 1912 a 1914, no Govérno Franco Ra- belo, sendo exonerado apés 0 triunfo da Sedicao de Joazeiro, e a segunda de 1920 a 1930, demitindo-d a politica de campanario do Goverto Pro- yisério estadual, “aclamado” logo apés a vitoria da Revolngio de1930, La- mento haver meu avé falecido antes de minha diplomacgo ; do vontrario, rei- ‘vindicaria sua reintegrac&o ¢ cobraria a indenizacao correspondente, que em boa hora viria amparar sta velhice pobre e honesta. Além do cargo de eolector, meu avé exerceu, em mais de um quatriénio, as iungdes de ve- reador. Apés a proclamagao da Repiblica, para cada municipio foi no- meado um Conselho de Intendéncia, composto de cinco membros — Inten- dentes, chamados —, em substituigio 4s Camaras Municipais dissolvidas (Decreto de 4-1-1890). Meu avé foi uin dos cinco escolhidos para Mom- aga, exercendo as fungées at8 a instalacio da Camara eleita, apés a promulgagéo da primeira Constituigéo Estadual. Em viagem que fiz a Mombaca, revi as trés casas que, de meu conhecimento, pertenceram a meu avd, numa das quais, situada em uma esquina de pequena praca ‘da cidade, hoje denominada Augusto Lopes Benevides, nascen meu pai, se- gundo informagdo que me forneceram, A segunda delas esti situada na praga da matriz, no'lado correspondente aos fundos da igreja, conser vando 0 mesmo estilo de entfo. A diltima habitada por meu avd, casa de tijolo e telha, com grande terreno (no minimo, ao que pude calcular, uns 400 metros de frente por 800 de fundo), minha avé torta ao mudar-se para o Rio vende por Cr$ 700,00! © actual proprietirio, doze ou trese anos depois, nfo a revende por menos de 30 a 40 contos. Algumas pessoas de Mombaca lembram-se, com saudade, segundo dizem, das no- venas do més de Marco, em honra de Sao José, que meu avé promovia todos os anos em sua residéncia, em cumprimento de uma promessa que fez quando esteve ‘gravemente doente, ainda mogo. A essas_novenas compareciam as familias amigas, e meu avd as realizou até o altimo ano de vida. Meu avd teve os seguintes irmios: A — JOSE ADERALDO DE AQUINO. Nasceu em Mombaga a 7 de Julho de 1857. Cason-se com uma sobrinha de minha bisavé Do- mingas Goncalves Honorato e neta de meu trisavé Capitio da Guarda Nacional Anténio Honorato da Silva Limociro, de nome Ana Joagutina Honorato Aderaldo e Silva, naseida aos 20 de Agosto de 1859 ¢ falecida a 18 de Setembro de 1919, José Aderaldo de Aquino foi tabelifo publico, de 1881 até sta morte, ¢ politico influente em Mombaga. Ainda hoje se diz que poucos homens existiram na regiio que se Ihe aproximassem em energia e carater. Em 1914, com a Sedigio de Joazeiro, sofreu gran- des humilhagdes, 0 que abalott profundamente sua satide. Cinco casas era ‘Mombaca nfo exibiram, na época, a bandeira vermelha caracteristica da revolugdo: a de José Aderaldo, a de meu avé e as de mais trés mem- bros da familia. Faleceu potcos anos depois, a 3 de Abril de 1920, data que colli, como as demais citadas neste capitulo, nas lousas do timulo 78 REVISTA DO INSTITUTO DO CEARA que a piedade filial do Pe. Lino Aderaldo mandou construir no Cemitério de Mombaga. Neste mesmo timulo, alias, esti sepultado meu avd, ‘sem qualquer indicag&o, porém. © Coronel José Aderaldo possuin muitos ens, todos distribuidos, apés sua morte, entre os varios filhos. Ao Pe. Lino Aderaldo coube, entre outros, o sitio “Iracema”, quase dentro da cidade, com 6ptima vista a descortinar. Essa propriedade foi vendida pelo Pe. Lino a seu cunhado Joao Castelo por Cr$ 10.000,00, por volta de 1925. Este passou-a a seu filho Dr. Newton Aderaldo Castelo que, por sta vez, a revendeu, cerca de cinco anos passados, ao Coronel Francisco Martins, actual chefe do Partido Social Democratico em Mom- ‘baga e casado com uma itm’ de Jo%o Castelo, pela quantia de Cr$ 30.000,00. Chico Martins nao a passard a outras méos, segundo diz, por menos de Cr$ 100.000,00. © Coronel José Aderaldo deixou muitos filhos, todos nascidos em Mombaca: a) — PE. FRANCISCO LINO ADERALDO DE AQUINO. Nas- cet a 23 de Setembro de 1882. Ordenou-se em Sao Luis a 25 de Marco de 1905, Foi vigario do Brejo, de 1906 a 1920, Escardinou-se para a arquidiocese de Fortaleza, vigariando Senador Pompeu, proximo 4 sua terra natal, de 1921 a 1941, quando faleceu a 18 de Julho, na capital do Estado. Poucas almas tao ardentes e, paradoxalmente, tao bondosas tenho conhecido. Tudo o que adquiriu no seu longo ministério distribuiu sem medidas entre os parentes, amigos e necessitados. Tanto que morrett pobre, sem nada, Educou sobrinhos, auxiliou parentes, ajudou amigos. Se nfo fora politico militante — destacou-se como chefe local da L. E. C., em 1935 — poucos vigdrios poderiam ombrear-se com ele na estima de seus paroguianos. De temperamento sui generis, sabia como ninguém alegrar-se ¢ zangar-se; mas, como ninguém, tinha a capacidade de per- doar, esquecer, dispensar. Quando doente, velho e pobre, nada Ihe fal- tou, dado o sentimento de gratidio dos que foram por ele beneficiados. b) — ETELVINA ADERALDO CHAVES. Casada com José Laurindo de Aratijo Chaves, iriio de meu padrinho de baptismo, Dr. Pedro Laurentino de Aratijo Chaves. Do casamento nasceram os s¢- guintes filhos: b1— CLEONICE ADERALDO CHAVES. Baptizada no dia em que o Pe, Lino cantou a primeira missa em Mombaca. No mesmo dia, alias, o Pe, Lino casou sua irma Antonina. Cleonice casou-se com Tertu- liano Vieira da Silva e $4, primo de Tertuliano Vieira e SA, 0 Terto da Farmacia Pasteur. Desse consércio nasceram filhos. Reside em Campo Grande, Mato Grosso. b 2— ADELIDE ADERALDO CHAVES. Inupta. Mora com os pais no Rio de Janeiro. b 3 — DR. DAGMAR ADERALDO CHAVES. Médico concei- tuado, residente no Rio. La se casou. REVISTA DO INSTITUTO DO CEARA 7” b 4 — Z6ZIMO ADERALDO CHAVES. Comerciante em Campo Grande, Mato Grosso. Casado. b 5 — ALVARO ADERALDO CHAVES, - Estudinte de medicina. Casado. : b 6 — EUCLIDES ADERALDO CHAVES. Funcionério do Banco do Brasil em Mato Grosso. Casado. ¢ — ANTONINA ADERALDO CASTELO. Casou-se com Jodo Fernandes Castelo no dia em que seu irméo Pe, Lino cantou a primeira missa em Mombaga. Patecia fisica e moralmente com sua mie. Alias, dos irmos, apenas Antonina ¢ o Pe. Lino pareciam fisicamente com a mée, creatura bondosissima, dizem. Deixou muitos filhos: ¢ 1 — PLACIDO ADERALDO CASTELO. Advogado. Politico, tendo sido eleito deputado estadual pela L. E. C. em 1935 ¢ escolhido lider da maioria, Secretario da Fazenda do Governo Meneses Pimentel e primeiro presidente do L. P. E, C.. Casou-se com uma parenta de minha mie, Netinha Freire, cuja familia se liga aos Guilherme de Melo, de Mossoré. ‘Tem muitos filhos, todos inuptos. c 2 — NEWTON ADERALDO CASTELO. Engenheiro civil e de minas pela escola de Ouro Preto. Apés alguns anos no Ceara, re- solvet voltar para Minas, Sio Lourengo. Casot-se com uma mineira, criatura amAvel e simpatica, chamada Maria Martins. ¢ 3— FRANCISCO GENTIL ADERALDO CASTELO. Funcio- nario do Departamento de Economia Agricola, Casado. c4— MARIA ADERALDO CASTELO, — Professora, j4 foi direc- tora do Grupo Escolar de Mombaca. - Hoje reside em Fortaleza, casada com tm comerciante, Expedito Gomes, de cujo conséreio j4 nasceram filhos. c § — MARIA GRAZIELA ADERALDO CASTELO. Professora. Casada com o bacharel Rdmilson Santos Aires, promotor em Mombaga, de cujo consércio nasceram alguns filhos. ¢ 6 — ANA ADERALDO CASTELO (Nanoca). Professora. Casada com o comerciante Francisco Lopes, residente em Mombaga, Tem um filhinho. c 7 — JOSE ADERALDO CASTELO. Assistente da cadeira de Literatura Brasileira na Faculdade de Filosofia de Sio Paulo. Rapaz es- tudioso e inteligente, pisblicou dtimos trabalhos sobre a personalidade de Aratipe Junior e 0 Simbolismo no Brasil. Casado com uma patlista, sem filhos. d) — CUSTODIA ADERALDO ANDRADE. Casada com Rai- mundo Rocha de Andrade, More de parto, do primeiro filho. ©) ~ ADELAIDE ADERALDO DE AQUINO. Morreu inupta, em 1944, na Fortaleza, mas ‘sens restos mortais foram depois trasladados para o timulo da familia em Mombaca. f) — JOSE ADERALDO FILHO, Comerciante em Mombaca; 80 REVISTA DO INSTITUTO DO CEARA quando adquiriu desastrada moléstia que 0 privou do convivic da familia durante prolongados anos, hospitalizado em Fortaleza, Casou-se com Ma- riquinha Benevides, de cujo casamento nasceu uma filhinha, Miriam, hoje casada em Uruburetama, ja sendo mie. g) — CRISTINA ADERALDO BENEVIDES. Agente dos Correios e Telégraios em Mombaga, em substituigfio a seu segundo marido. » Ca- sot-se com Washington Pereira de Alencar, nascendo alguns filhos que faleceram criangas, e, apos, com Francisco Pereira de Si e Benevides, que também faleceu, deixando do matriménio trés filhos: g 1 — WAGNER ADERALDO BENEVIDES. Casado, havendo um filhinho, residente em Fortaleza. g 2— WANDA ADERALDO BENEVIDES. Projessora. g 3 — WALDO ADERALDO BENEVIDES. Estudante. B — MIGUEL PLACIDO ADERALDO DE AQUINO (Padrinho Miguel), Casado com Isabel Torres, parenta de minha avd paterna, Francisca Gongalves Torres. Do casamento nasceram os seguintes filhos: a) CONSTANTINO, que foi para o Pard, b) ANTONIA. ¢) AMBLIA. Casou-se com Manuel Joaquim ‘Teixeira, parente do José Francisco Alves ‘Ieixeira, influente politico do sul do Estado. d) BELA. e) FRANCISCA. Casada com Jofio Anténio Goncalves, parente de minha av6 paterna, Francisca Gongalves Torres. Do consércio nas- ceram os seguintes filhos: el — ANTONIO ADERALDO GONCALVES. Funciondrio da Inspetoria de Produgio Animal, em Fortaleza, Casado com Antonia Gongalves de Oliveira. Nasceram-lhe os seguintes filhos: — Francisca Aderaldo Goncalves, apelidada Albanisa, Maria Aderaldo Gongalves, Te- resinha Aderaldo Goncalves e Ana Aderaldo Gongalves, apelidada Donana. «2 — TADEU ADERALDO GONCALVES. Casado-com Rai- munda Ferreira. Deixa os seguintes filhos: — Deusinha e Anténio. ¢ 3 — MIGUEL ADERALDO GONCALVES. Casado, sem filhos. e 4 — ANA.ADERALDO GONCALVES. Casada com José An- tonio Fortaleza, falecido, Ela também j faleceu, deixando uma filha de nome Perpétua, e 5 — ISABEL ADERALDO GONGALVES. e 6 — EUFRASIO ADERALDO GONCALVES. C—FRANCISCA, Casada com Demétrio Ferreira Matques Brasil, seu parente, como o nome indica. Esta minha tia-avé, deixou varios filhos, entre os quais cito: a) JOS& BRASIL, MARQUES DE AQUINO, residente em Mom- cel. bac ca. b) ANTONIO MARQUES DE AQUINO. REVISTA DO INSTITUTO. DO CEARA 81 5 — FRANCISCA GONCALVES TORRES. Filha de Francisco Torres e Domingas Goncalves Honorato, esta, por sua vez, filha do Ca- pitio Honorato e irma de José Honorato, pai de Ana Joaquina Hono- rato Aderaldo e Silva, Assim, a mae do Pe. Lino Aderaldo era prima legitima de minha avé; ambas casaram com dois irmios — o Coronel José Aderaldo e meu avé Ernesto —, que descendiam também do pai do Capitéo Honorato, Manvel Pereira da Silva, sendo assim todos parentes préximos entre si, razéo por que meu pai e o Pe. Lino se consideravam irmaos e nao primos apenas. 6 — MANUEL SORIANO GUILHERME DE MELO (1oi6). Nas- cet em Mossoré a 15 de Setembro de 1820. Filho de Simio Guilherme de Melo ¢ Inacia Maria de Melo ou Inacia Maria da Paixdo. Transferiu sua residéncia para o Brejo em 1845, com 25 anos de idade, portanto. Nao ha explicagio para essa emigracio, pois seus parentes eram pes- ‘soas influentes na cidade de Mossoré. No livro de Vingt-Un Rosado — “Mossor6”, Irmdos Pongetti Editores, Rio de Janeiro, 1940 — sio cons- tantes as citacdes referentes aos Guilherme de Melo. Elevada 4 cate- goria de vila, termo e municipio por lei provincial de 1852, foram feitas as primeiras eleigdes em Mossord ¢ escolhidos os vereadores e juiz de paz para o quatriénio 1852-1856, Entre os vereadores estava o Ten.-cel. Miguel Arcanjo Guilherme de Melo, parente de meu avé. Simfo Bal- bino Guilherme de Melo, irmao de meu av6, foi escolhido suplente de ve- reador (obra citada, pags. 31 e 32). No quatriénio 1857-1860, foi meu tio-avé Simo Balbino escolhido presidente da Camara, ficando com a vice-presidéncia o Ten.-cel. Miguel Arcanjo. Entre os suplentes de ve- readores apareceu mais um membro da familia —- Geraldo Joaquim Gui- Therme de Melo, irm&o de Miguel Arcanjo (0. c., pig. 35). Para o qua- triénio 1861-1864 Miguel Arcanjo foi eleito presidente da Camara, su- plentes de vereadores Sim&o Balbino ¢ outro membro da familia — Ma- nuel Justiniano Guilherme de Melo (0. ¢., pag. 38). No quatriénio se- guinte (1865-1868) © ‘Ten-cel. Miguel Arcanjo continuou como presi- dente da Camara (0. c, pag. 41). Para o quatriénio 1869-1872 um novo membro da familia — Miguel de Medeiros Guilherme de Melo — foi eleito suplente de vereador (0. c., pig. 44). No quatriénio 1873-1876 2 Ten.-cel, Miguel Arcanjo voltou a ser presidente da Camara (0. ¢., pag. 46). Nas eleigdes para o biénio 1881-1882 outro membro da fa- milia — Miguel Tertuliano Guilherme de Melo — foi escolhido suplente de vereador (0. ¢., pig. 54). No referido livro de Vingt-Un Rosado, 4 pag. 121, sio relacionados os mossordenses titulados e, entre os padres, citado Francisco Longino Guilherme de Melo, irmio de meu avé. Era costume da época, seguido por meu bisavé, Simo Guitherme de Melo, dar dois nomes préprios aos filhos, o segundo geralmente escolhido em homenagem ao santo do dia do nascimento. Esses segundos nomes foram formando novas familias — os Sorianos; of Reis, ete. Pelo que pide { 82 REVISTA DO INSTITUTO DO CEARA encontrar, no aludido livro de Vingt-Un: Rosado (pig. 206), meu tio-avé Siméo Balbino Guilherme de Melo tinha como genro (ou sogro; no con- segui apurar em vista da linguagem imprecisa do documento). Floréacio de Medeiros Cortéz, O mesmo se diga de Joao Lopes de Oliveira Melo, filho (ou pai) de Miguel Arcanjo (0. c., pag. 207). Os Melos abundam na historia de Mossoré com posigées privilegiadas. Assim, no se ex- plica, repito, a emigracio de meu avé. Algum motivo intimo, sentimental ? ‘A verdade que meu avd, pouco tempo depois de sua chegada a0 Brejo, foi nomeado professor piiblico (cadeira de professor piiblico de primeiras letras de 2° grau, na linguagem para mim transmitida por minha tia Sugu), exercendo o magistério até 26 de Agosto de 1886, data de seu passamento. Sepultou-se no dia seguinte, na capela de Sio Jo%o, por ele construida. Foratm seus alunos, guardando dele carinhosa gratidao, © Marechal Pires Ferreira e o Dr, Aurélio de Lavor, aquele senador da Reptblica e éste politico de evidéncia no Ceara. Meu avo era filiado ao partido liberal no tempo da Monarquia, cujas ideias jamais abandonou: Era Tenente-coronel-ajudante da Guarda Nacional do distrito do Brejo: Casou-se com minha avé, Roberta Francisca Coelho Soriano, aos 19 de Dezembro de 1862, de cujo consércio teve nove filhos, minha mie inclu- sive. Meu av6 deixou, com sua morte, um monte-pio para minha avé, do qual estraio aqui copia fiel: “Monte-Pio Geral de Economia —~ dos ~~ (armas do império) — Servidores do Estado — Estabelecido pelo Decreto de 10 de Janeiro de 1835. ~- Titulo de Pensdo n° 2.200, 2a. série — A Directoria do Monte-Pio resolveu conceder 4 Senhora — D. Roberta Francisca Coelho Soriano — viuva do contribuinte Coronel Manoel So- iano Guilherme — de Mello, — a pensao annual de tresentos ¢ trinta e tres mil trezentos e trinta e trinta e tres reis (333$333) — a contar de 27 de Agosto de 1886, — que lhe ser paga mensalmente na Thesouraria do Monte-Pio nesta Cérte, ou trimen — salmente na Thesouraria de Fa- zenda de qualquer Provincia do Imperio, onde estabelega a — sua resi- dencia. — E para seu Titulo se expedio o presente, que deverd ser ins- crito no respectivo livre. -~ Rio de Janeiro, 14 de Julho de 1887, — © Presidente, Visconde de Paranagua. —- O Secretario, Joaqm Antunes de Figueiredo Jr, — (Verso) Sdo registrado af 85 do L® respective de n’ § — Thesouraria de Fazenda do Maranhdo, 13 de agosto de 1887 — © escript? — Alfredo Ganard” (?). Titulos semelhantes foram expe- didos aos sete filhos vivos —- Maria Abelarda Soriano Caldas, Maria Pal- mira Soriano, Inacio Soriano, Artur Soriano, Ernestina Soriano, Julia Soriano e Elisa Soriano (minha mée, cujo titulo recebeu o n° 2.207, 2a. série, e foi registrado na Tesouraria de Fazenda do MaranhZo 4s folhas 92 do livro n. 5), diferentes porém as qiantias da pens%o anual, que para os filhos ficou fixada em 47$619, somando as sete pensdes o total cor- respondente 4 de minha avé ~- 333$333. Meu avé tinha os seguintes irmgos, de meu conhecimento:

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