Afinal, do que é que estamos falando...

Eu poderia aqui gastar o precioso tempo do caro leitor trazendo fatos históricos em uma
detalhada e insinuosa linha do tempo da magia em seu contexto mais esotérico e o seu
papel nas diversas culturas, mas apenas essa introdução por mais que necessária já esgota
as concepções atuais apresentadas até o momento pelos maiores estudiosos no assunto,
sem nunca chegar a explicar realmente se é possível ou não a magia existir como uma
realidade no mundo.
A cortina comercial do século vinte e um e o advento do globalismo esmagaram qualquer
estopim que as novas atrocidades de nossa era levantassem a possibilidade de uma
introspecção espontânea da sociedade ocidental,e para este humilde estudante, um preço
ainda mais salgado está sendo pago em função do renascimento da magia que vivemos
atualmente, de carona na efervescia interpessoal que as redes sociais causam no
inconsciente vem uma objetificação simplória das capacidades da magia, mesmo
escrevendo essas palavras tranquilas sinto nesse momento a solidez de pedra da realidade
mágica, e mesmo assim a magia foi reduzida a uma mera ferramenta, um aparato de
funcionamento conceitual-instrumental-metafísico, focando apenas em seus efeitos
perde-se a magnitude do evento das causas como é natural do olhar banal que o homem
dirige a natureza em sua atuação que formata a interface de manipulação de seus recursos
no mundo.
Enxergar a magia como um instrumento inanimado, é se ver como uma engrenagem em um
mecanismo escravagista e alienante, é algemar-se na superficialidade da produtos
perecíveis e perder de vista a potencialidade evidente do que por si mesma pode ser a fonte
da transformação do ser humano.
Um ato mágico acima de tudo é um manifesto pela liberdade, é um passo onde ninguém
jamais esteve pois não está escrito em lugar algum, mas ainda assim vivemos todo dia uma
vida extraordinária pronta para ser desvelada. Somos aquilo que fazemos e ao
percebermos a magia perdemos a certeza do que somos e temos uma nova oportunidade
de descobrir esse tornar-se sempre, soltamos as cordas da cumplicidade disfarçada de
medo para abrirmos os olhos como asas ao novo voo da consciência, do qual a morte vira
uma sombra amiga e a vida a menina dos olhos, para a surpresa geral dos seres da criação
o homem possui um coração insensível e uma necessidade vital de sondá-lo, esse ato é a
verdadeira magia em seu curso.