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00305669
Resumo:
O objetivo desse trabalho é fazer uma comparação entre a ciência hermética
de Paracelso, contrastada a proposta do novo modelo de ciência proposto por
Francis Bacon em seu Novum Organum. Tendo como referência o projeto de
edificação de uma ciência de Francis Bacon e uma necessidade de
explicação dos efeitos através da experimentação química, e buscando
encontrar em ambas as ciências pontos comuns no entendimento da
natureza, tendo como culminação o princípio motor das formas nomeado
espirito em ambos sistemas.
Entre todas as substancias do mundo existem três cujos corpos sempre vemos reunidos em
cada um dos seres. Estas três substancias – enxofre, mercúrio e sal – ao se unirem
(componuntur), compõe os corpos, aos quais nada poderá ser acrescentado, exceto o sopro
de vida e o que com ele se relacione. (PARACELSO 1983, pg.165)
De fato, cada um dos três princípios explicaria como vimos às propriedades presentes nos
corpos. O enxofre traria estrutura e combustibilidade aos corpos, o mercúrio daria elasticidade
e fluidez, e o sal, por fim, seria o responsável pela cor, solidez e pela imutabilidade da matéria.
Pela relação constituinte entre o macro/ microcosmos, o pensador suíço defendia que a tríade
estava presente tanto no universo, como no corpo humano. (ZATERKA 2012, pg.14)
É preciso que conheçam isto: o movimento dos espíritos dos astros corporais vai desde a
origem ou princípio dos membros até a extremidade de tais membros, voltando logo a sua
origem, como um reflexo de onde ela partiu. Eis aqui um exemplo: o coração envia o seu
espírito (diffundit) para todo o corpo, exatamente como faz o Sol sobre a Terra e os outros
astros. Tal espírito (do coração) serve para o sustento do corpo, mas não para o dos outros
sete membros. (PARACELSO CDA 1983, pq. 110)
Sendo esse o seu objetivo ultimo no tratado que funcionaria como um manual
para as novas ciências, o Novum Organum, que situa o homem no exercício
da função de interprete da natureza por meio da química como forma de
analisar e manipular os processos internos. A metodologia ali proposta se dá
por meio de certas etapas: primeiro ocorre uma catalogação dos fenômenos
naturais em suas diferentes ocorrências particulares, apresentadas como
tabulações, em âmbitos diferentes como por exemplo no calor, são
analisadas as numerosas ocorrências onde se observa a ocorrência de tal
fenômeno, como os vulcões, o sol, etc. Em seguida são separadas em suas
características extrínsecas de modo a isolar o fenômeno, ou seja, os seus
efeitos, o calor ocorrendo com ausência de luz, como acontece com a agua
fervendo, ou apresentando positivamente essas qualidades nas chamas. Isso
apenas para exemplificar o compendio colossal que será necessário para o
início desse novo modelo de ciência.
Só há e só pode haver duas vias para investigação e para a descoberta da verdade. Umas que
consiste no saltar-se das sensações e das coisas particulares aos axiomas mais gerais e, a
seguir, descobrirem-se os axiomas intermediários a partir desses princípios e de sua
inamovível verdade. Esta é a que hora se segue. A outra, que recolhe os axiomas dos dados
dos sentidos e particulares, ascendendo continua e gradualmente até alcançar, em último
lugar, os princípios de máxima generalidade. Este é o verdadeiro caminho, porem ainda não
instaurado. (Bacon NO, XIX pg.16)
É preciso ter em mente que o objetivo dessa dissecação das evidencias que
nos são apresentado em um primeiro momento apenas a sensações e em
seguida delimitado pelo ambiente do experimento, é de revelar os processos
internos que se encontram ocultos de outro modo as impressões dos sentidos
normalmente, assim com o auxílio dos instrumentos e da indução, a razão
tem as condições para inferir axiomas ou leis mais gerais no funcionamento
desses processos e nas relações dos fenômenos entre si, a partir daí se pode
extrair dos processos os seus esquematismos, suas particularidades e as
instancias que desempenham na constituição de fenômenos compostos, a
interação de suas naturezas dadas a certas condições e influencias, de modo
a entender esses processos e manipular corretamente os mesmos, essas
operações podem ser separadas em experimentos lucíferos e frutíferos, e
diferenciadas pelo caráter de seus resultados: os lucíferos lançando
entendimento aos padrões de interação que ocorrem nos fenômenos
formando novos axiomas que possibilitam novas aplicações dentro do avanço
dos experimentos, e os frutíferos são os que na sua própria descoberta se
encerra contribuições no âmbito prático e pontual para a melhora da
qualidade de vida de modo expressamente concreto.
3-O Espirito
Mas o que conhece as formas abarca a unidade da natureza nas suas mais decimeis matérias
e, em vista disso, pode descobrir e provocar o que até agora não se produziu, nem pelas
vicissitudes naturais, nem pela atividade experimental, nem pelo próprio acaso e nem sequer
chegou a ser cogitado pela mente humana. Assim é que da descoberta das formas resultam a
verdade na investigação e a liberdade na operação. (Bacon NO Livro II, III pg.111)
Bibliografia.
Humanitas, p. 94–140.