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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS


COMPONENTE CURRICULAR: EXA 283 - HISTÓRIA E
EPISTEMOLOGIA DA CIÊNCIA E DA QUÍMICA
DOCENTE: FRANCIELLEN COSTA
DISCENTES: SARA LÍDIA DOS S. ARAÚJO E THALITA
VALESCA S. F. OLIVEIRA

RESUMO DO LIVRO:
“ PERCURSOS DE HISTÓRIA DA QUÍMICA”

Feira de Santana, BA
O livro "Percursos de História da Química", escrito por Ana Maria Alfonso-
Goldfarb, Márcia H. M. Ferraz, Maria Helena Roxo Beltran e Paulo Alves Portos é
dividido em quatro capítulos, onde nos dois primeiros traz aspectos sobre o
pensamento alquímico na Antiguidade e as idéias alquímicas sobre a matéria no
século XVI e XVII, e nos últimos, a importância da “química flogística” do século
XVIII e os impactos das ideias de Lavoisier.
O primeiro capítulo do livro apresenta concepções que serviram como base
para o pensamento alquímico. Os autores iniciam abordando que a definição atual
da Química não expressa a ideia do trabalho em laboratório. No entanto, os
pensadores da Antiguidade tentavam explicar a composição da matéria e suas
relações com o universo, dessa forma. As “artes” podem ser consideradas como
um dos saberes mais antigos sobre a transformação de materiais. As artes da
metalurgica e da mineração fundamentaram a geração de metais, sendo este
considerado um dos fundamentos da alquimia, isto é, a convicção na possibilidade
de transformar metais comuns em ouro.
Mais adiante é falado sobre a crença de que a matéria era composta por
quatro elementos básicos - terra, ar, fogo e água - onde cada elemento tinha uma
qualidade diferente, que poderia ser controlada e utilizada para produzir mudanças.
Ainda nesse aspecto, é apresentada a concepção de Aristóteles, para o qual a
matéria seria um abstrato amorfo, que acrescentado de qualidades imateriais, daria
origem aos elementos. Essas qualidades seriam: quente, úmido, frio e seco. O fogo
seria “quente e seco” e o ar “quente e úmido”, por exemplo. Entretanto, em cada um
desses elementos prevalecia uma qualidade, que podia ser vista em outro elemento.
Assim, era possível transformar um elemento no outro, o que explicaria a
diversidade de materiais encontrados na natureza. Foi com base nessas
concepções que se fundamenta filosoficamente a ideia alquimia de transmutação de
metais.
Além disso, o capítulo traz as contribuições dos árabes, que também
desenvolveram teorias para explicar a origem, composição e transformação da
matéria. A teoria enxofre-mercúrio, admitia que os materiais seriam originados por
meio da fecundação do mercúrio através do enxofre, num processo de fermentação,
e seriam gerados outros metais e minerais. Dentre os alquimistas árabes, tem
destaque Razes (nome latino), que enfatiza uma sequência de procedimentos
práticos como fundamento da alquimia. A primeira operação é a purificação do
material de partida, seguida da fusão, dissolução e por fim, solidificação. Se bem
sucedido o processo, o “elixir” seria o produto final.
Essa ideia gerou influência por parte da religião na alquimia, já que muitos
alquimistas acreditavam que suas práticas estavam relacionadas com a busca pela
verdade divina. Alguns, inclusive, acreditavam que a alquimia poderia ajudá-los a
encontrar o elixir da vida, que lhes permitiria viver para sempre. Eles também
defendiam a existência de uma quinta essência, chamada de éter ou quintessência,
que seria responsável por manter o universo em equilíbrio.
Avançando-se, o capítulo seguinte apresenta as ideias contrárias que
surgiram mediante esses pensamentos. Se opondo às ideias de Aristóteles, ganha
destaque Paracelso, que buscava uma verdadeira interpretação cristã da Natureza.
A criação da Natureza era vista por ele como um processo alquímico de separação,
assim, o mundo seria interpretado como sendo operado por um processo “químico”,
e a “química” seria a chave para o conhecimento da Natureza. O homem deveria
estudar a natureza por meio da observação direta dos fenômenos ou através do
trabalho em laboratório. Essa linha de pensamento recebeu o nome de iatroquimica.
E nessa visão, a Alquimia consistia na separação entre o que é puro e o que é
impuro.
Paracelso fundou a teoria tria prima, ou os três princípios, que constituiriam
toda a matéria. Isto é, ele modificou as antigas idéias dos alquimistas árabes sobre
a composição dos metais (teoria enxofre-mercúrio), adicionando um terceiro
princípio, o sal. Todavia, coube aos seus seguidores, os chamados "filósofos
químicos", difundir suas ideias. Dentre eles, os autores destacam o médico belga
J.B.Van Helmont, a quem deve-se a criação do conceito de gás. Van Helmont
observou que determinados procedimentos, eram capazes de produzir “corpos
aeriformes” a partir de corpos “fixos”. Assim, para designar as substâncias
aeriformes produzidas a partir de corpos constituídos de água elementar
transformada por fermento, nomeou-se como gás.
Surgem também no século XVII as idéias mecanicistas, que se baseiam na
concepção de que o universo fosse uma grande máquina, e que seus componentes
deveriam ser estudados de forma separada. Robert Boyle, filosofo mecanicista,
admitia que a matéria fosse constituída de partículas. Boyle realizou vários
experimentos sobre o ar atmosférico. Essa nova forma de estudar a natureza
considerava que os experimentos eram a base para elaboração e verificação das
ideias explicativas.

O capítulo 3 apresenta: A Química rumo a Modernidade – A teoria do


Flogístico, alcançou tanto sucesso em sua época que é comum denominar-se o
período que vai do final do século XVII à época de Lavoisier (final do século XVIII)
de período da química flogística. Isso aconteceu porque grande parte das
pessoas que desenvolviam atividades que hoje seriam enquadradas na área da
química utilizavam as ideias iniciadas por George Ernst Stahl (1659/60-1734) para
explicar o que acontecia em seus laboratórios. A teoria estava baseada na
existência de um princípio que seria componente da matéria, denominado
flogístico. Por suas qualidades de inflamabilidade, esse princípio seria
responsável pelos fenômenos que envolvem a queima dos materiais e se
encontrava sempre associado com outros princípios elementares.
Stahl considerava que o organismo vivo deveria ser visto como um todo e
não estudado detalhadamente em suas partes, como era feito na anatomia, por
exemplo. Considerava também que as tentativas de explicar as atividades
corporais utilizando as ideias da química poderiam prejudicar a medicina. Assim,
o papel da química, em sua relação com a medicina, deveria restringir-se à
preparação de medicamentos, uma vez que não poderia explicar as funções
vitais.
Ao falar das três terras de Becher e seus seguidores, a primeira terra ou
terra vítrea fundia no fogo produzindo "vidro", e era o princípio elementar mais
importante de todos os metais, minerais, rochas e gemas. Ela dava "corpo" e
"substância" aos materiais. Vista como mãe e fonte das outras duas terras, era
também a mais nobre de todas.
A segunda terra ou terra gordurosa era o segundo princípio dos minerais.
Sua presença permitia que os metais e as rochas passassem para o estado
líquido quando submetidos ao aquecimento. A segunda terra conferia ainda
consistência, cor e sabor aos corpos compostos, e era encontrada nos sebos,
gorduras e banhas dos animais (daí o nome de terra gordurosa), nos óleos e
gomas vegetais, no enxofre e no betume. A segunda terra recebeu atenção
especial de Stahl, que passou a referir-se a ela mais comumente como
"flogístico", por ser o princípio que conferiria a propriedade de combustibilidade
aos materiais de que faria parte, e que seria liberado durante os processos de
queima.
A terra fluida, a terceira terra de Becher, tinha como uma das principais
qualidades a volatilidade, como aquela apresentada pelo mercúrio. Sua presença
tornava os corpos maleáveis e extensíveis; sendo por isso considerada a
essência metálica.
Stahl discutiu a forma como os princípios ingredientes se combinariam para
formar os corpos. Ele estabeleceu uma hierarquia entre as partículas, dizendo
que um corpo era misto. Embora essas definições tivessem como objetivo
estabelecer uma diferenciação entre os princípios elementares, os mistos, os
corpos compostos e os agregados, o trabalho de laboratório estava sempre a
oferecer exemplos que contrariavam as afirmações que se pretendiam claras.
Isso contribuía para que a discussão sobre as menores partículas que
compunham a matéria se mantivesse durante todo o século XVIII.
Vê-se aqui mais um passo no sentido de encontrar equivalência entre
processos aparentemente distintos, como são os fenômenos de queima e a
respiração animal. O novo "ar" foi denominado por Black como "ar fixo" (hoje
chamado gás carbónico). Essa denominação relaciona os estudos de Black
diretamente aos ensinamentos de Hales, que aceitava o ar como componente dos
corpos e para quem o ar podia ser o cimento das partículas componentes da
matéria
Capítulo 4
Antoine-Laurent Lavoisier (1743-1794) começou a se interessar pela química.
Nessa área ele desempenhou um papel muito importante, sendo considerado
durante os dois últimos séculos como o fundador da Química Moderna, ao fazer o
que se passou a chamar de "Revolução Química". O motor dessa revolução teria
sido a "derrubada" da teoria do logistico e sua "substituição" pela teoria do oxigênio.
O próprio Lavoisier colaborou para que tais ideias se propagassem em sua época e
depois de sua morte. A discussão de como ele realizou seu trabalho, e quanto deve
ser creditado à sua autoria individual, pode contribuir para o esclarecimento do
papel de Lavoisier na história da quimica. Uma possível maneira de dar início a essa
discussão é abordar a formação em química que teve Lavoisier.
Lavoisier inventa um “ar eminentemente respirável”. Nesse mesmo ano de
1774, Lavoisier encontrou em Paris o pneumaticista britânico Priestley. Durante
algumas conversas, Priestley contou-lhe que havia descoberto um "ar puro" (sem
flogístico) a partir do aquecimento do precipitado vermelho de mercúrio. Lavoisier
não disse nada, mas deve ter pensado que, de fato, nem sempre era o "ar fixo" de
Black que fazia parte dos materiais.
Para finalizar, são apresentados os impactos que as ideias de Lavoisier
tiveram para as definições de conceitos apresentados pela química atualmente. A
nova maneira de pensar a composição e transformações da matéria apresentadas
por ele, trouxe a ideia de conservação da matéria, considerada como princípio da
química. Além disso, foi graças a suas ideias, que John Dalton (1766-1844)
quantificou as massas envolvidas na transformação e conduziu a teoria atômica de
que cada elemento químico possui uma quantidade de massa.
Johannes Wolfgang Dobereiner (1780-1849), por sua vez, agrupou os
elementos em três grupos, as chamadas tríades, levando em consideração as
propriedades químicas semelhantes desses elementos e a correlação entre as
massas atômicas. John Newlands (1837-1898) então, observou posteriormente que
ordenando os elementos químicos em número crescente de massa atômica,
obtinha-se uma regularidade das propriedades que se repetiam de sete em sete
elementos, que permeou a “Lei Periódica” proposta por Mendeleiev (1834-1907),
onde os elementos passaram a ser ordenados por suas propriedades físicas e
químicas e assim foi possível prever onde novos elementos se encaixam, tendo
como resultado a criação da tabela periódica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALFONSO-GOLDFARB, A. M.; FERRAZ, M. H. M.; BELTRAN, M. H. R.;


PORTOS, P. A. Percursos de História da Química. São Paulo: Editora Livraria da
Física, 2016.

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