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Biodiesel
O biodiesel é feito para ser usado em motores diesel padrão e, portanto, distinto dos óleos
vegetais e resíduos usado para motores a combustível diesel convertidos e substitui total ou
parcialmente o óleo diesel de petróleo em motores ciclo diesel automotivos (de caminhões,
tratores, camionetas, automóveis, etc) ou estacionários (geradores de eletricidade, calor,
etc). Pode ser usado puro ou misturado ao diesel em diversas proporções. O biodiesel pode
ser usado sozinho ou misturado com o petrodiesel (combustível diesel derivado de petróleo).
•
Misturas
Vantagens x desvantagens
As vantagens do biodiesel
• Não se sabe ao certo como o mercado irá assimilar a grande quantidade de glicerina
obtida como subproduto da produção do biodiesel (entre 5 e 10% do produto bruto).
A queima parcial da glicerina gera acroleína, produto suspeito de ser cancerígeno.
• No Brasil e na Ásia, lavouras de soja e dendê, cujos óleos são fontes potencialmente
importantes de biodiesel, estão invadindo florestas tropicais que são importantes
bolsões de biodiversidade. Muitas espécies poderão deixar de existir em
consequência do avanço das áreas agrícolas, entre as espécies, podemos citar o
orangotango ou o rinoceronte-de-sumatra. Embora no Brasil, muitas lavouras não
serem ainda utilizadas para a produção de biodiesel, essa preocupação deve ser
considerada. Tais efeitos nocivos poderão ser combatidos pela efetivação do
zoneamento agro-ecológico proposto pelo Governo Federal.[4]
• A produção intensiva da matéria-prima de origem vegetal leva a um esgotamento
das capacidades do solo, o que pode ocasionar a destruição da fauna e flora,
aumentando portanto o risco de erradicação de espécies e o possível aparecimento
de novos parasitas, como o parasita causador da Malária.
• O balanço de CO2 do biodiesel não é neutro, mesmo sendo inúmeras vezes menos
emissor de CO2 que o diesel de petróleo, se for levado em conta a energia necessária
à sua produção, mesmo que as plantas busquem o carbono à atmosfera: é preciso
ter em conta a energia necessária para a produção de adubos, para a locomoção das
máquinas agrícolas, para a irrigação, para o armazenamento e transporte dos
produtos.
• Cogita-se a que poderá haver uma subida nos preços dos alimentos, ocasionada pelo
aumento da demanda de matéria-prima para a produção de biodiesel. Como
exemplo, pode-se citar alguns fatos ocorridos em Portugal, no início de Julho de 2007,
quando o milho era vendido a 200 euros por tonelada (152 em Julho de 2006), a
cevada a 187 (contra 127), o trigo a 202 (137 em Julho de 2006) e o bagaço de soja a
234 (contra 178). O uso de algas como fonte de matéria-prima para a produção do
biodiesel poderia poupar as terras férteis e a água doce destinadas à produção de
alimentos.[5]
Aplicações
O biodiesel pode ser usado na forma pura (B100) ou pode ser misturado ao diesel de petróleo
em qualquer concentração, na maioria das bombas de injecção de motores diesel. Novos
extremos de alta pressão (29.000 psi) de motores ferroviários comuns tem limites estritos de
fábrica a B5 ou B20, dependendo do fabricante. Biodiesel tem propriedades solventes
diferentes do petrodiesel, e irá degradar juntas e mangueiras de borracha natural em
veículos (principalmente os veículos fabricados antes de 1992), embora estes tendam a
desgastar-se, naturalmente, e provavelmente já terem sido substituídos com o elastômero
FKM, que é não reativo para biodiesel. Biodiesel tem sido conhecido para quebrar os
depósitos de resíduos nas linhas de combustível, onde tem sido utilizada petrodiesel.[6] Como
resultado, filtros de combustível pode ficar entupidos com partículas se uma rápida transição
para o biodiesel puro é feita. Portanto, é recomendável mudar os filtros de combustível em
motores e geradores de calor logo após a primeira mudança para uma mistura do biodiesel.[7]
Distribuição
Desde a promulgação Ato da Política de Energia de 2005, o uso do biodiesel tem aumentado
nos Estados Unidos.[10] Na Europa, o Obrigação de Combustível Renovável de Transporte
obriga os fornecedores a incluir 5% de combustíveis renováveis em todos os combustíveis
para transportes vendidos na UE até 2010. Para combustível diesel rodoviário, isso significa
efetivamente 5% de biodiesel.
Em 2005, a Chrysler (então parte da DaimlerChrysler) lançou o Jeep Liberty CRD a diesel para
o mercado americano, com misturas de 5% de biodiesel, indicando pelo menos parcial
aceitação do biodiesel como um aditivo aceitável para combustível diesel.[11] Em 2007, a
DaimlerChrysler indicou a intenção de aumentar a cobertura da garantia de qualidade para
misturas de biodiesel a 20% se a qualidade de biocombustíveis nos Estados Unidos puder ser
padronizada.[12]
A partir de 2004, a cidade de Halifax, Nova Escócia decidiu actualizar o seu sistema de
ônibus para permitir que a frota de ônibus da cidade fosse ser movida inteiramente por um
biodiesel baseado em óleo de peixe. Isso fez com a cidade considerar algumas questões
mecânicas iniciais, mas depois de vários anos de aperfeiçoamentos, a frota inteira tivesse
sido convertida com sucesso.[13][14]
Em 2007, a McDonalds do Reino Unido anunciou que iria começar a produzir biodiesel a
partir do óleo residual de frituras, subproduto dos seus restaurantes. Este combustível seria
usado para abastecer sua frota.[15]
Uso ferroviário
A companhia Train Operating Company Virgin Trains britânica alegou ter o primeiro
funcionamento de trem do mundo a biodiesel, que foi convertido para rodar com 80%
petrodiesel e apenas 20% de biodiesel, e afirma-se que vai economizar 14% em emissões
diretas.[16]
Da mesma forma, a linha ferroviária curta estatal em Eastern Washington executou um teste
de uma mistura de biodiesel a 25%/petrodiesel a 75% durante o verão de 2008, com
aquisição de combustível a partir de um produtor de biodiesel situado ao longo da ferrovia.[18]
O trem será movido por biodiesel produzido, em parte, de canola cultivada em regiões
agrícolas através do qual a linha circula.
Uso aeronáutico
Um vôo de teste foi realizado por um avião a jato tcheco completamente movido por
biodiesel.[20] Outros vôos recentes tem utilizado biocombustíveis, incluindo biodiesel
modificado como combustível com características específicas para jato, com vistas a também
neste setor dispor-se de combustíveis renováveis.
Biodiesel pode também ser usado como combustível em caldeiras de aquecimento doméstico
(calefação) e comercial, uma mistura de óleo para aquecimento e biocombustível que é
padronizada e tributados de forma ligeiramente diferente do combustível para motores diesel
utilizado para o transporte. Às vezes, é conhecido como "bioheat", sendo que este nome é
uma marca registada da National Biodiesel Board (NBB) e o National Oilheat Research
Alliance (NORA) nos E.U.A. e e Columbia Fuels, no Canadá. Biodiesel para aquecimento está
disponível em várias misturas, até 20% de biocombustível é considerado aceitável para uso
nas fornalhas existentes, sem modificações.
Antigos queimadores podem conter componentes de borracha que seriam afetados pelas
propriedades solventes do biodiesel, mas caso contrário podem queimar biodiesel sem
qualquer conversão necessária. Cuidados devem ser tomados em primeiro lugar, no entanto,
dado que resinas residuais deixados por petrodiesel serão liberadas e podem obstruir as
tubulações de combustível e a substituição do filtro de filtragem rápida é necessária. Outra
abordagem é começar a utilizar biodiesel em mistura, e diminuindo a proporção de petróleo
ao longo do tempo pode permitir que as resinas saiam de forma mais gradual e com menos
probabilidade de causar entupimento. Graças às suas fortes propriedades solventes, no
entanto, o queimador é limpo e geralmente se torna mais eficiente. Pesquisas técnicas
descrevem testes em laboratório e campo projetos com biodiesel puro e misturas de
biodiesel como combustível para aquecimento de caldeiras de óleo. Durante a Biodiesel Expo
2006, no Reino Unido, Andrew J. Robertson apresentou sua pesquisa sobre biodiesel como
óleo de aquecimento em artigo técnico e sugeriu que o biodiesel B20 pode reduzir as
emissões de CO2casa do Reino Unido em 1,5 milhão de toneladas por ano.[21]
Uma lei aprovada em Massachusetts pelo governador Deval Patrick exige que todos os
aquecimentos domésticos a diesel nesse estado passem a ser abastecidos com
biocombustíveis de 2% até 01 de julho de 2010, e 5% de biocombustíveis até 2013.[22]
Antecedentes históricos
É freqüentemente relatado que o Diesel projetou seu motor para funcionar com óleo de
amendoim, mas este não é o caso. Diesel afirmou em seus artigos publicados, "na Exposição
de Paris em 1900 (Exposition Universelle) que foi mostrado pela Companhia Otto um
pequeno motor diesel, que, a pedido do governo francês funcionou com óleo de amendoim
arachide, e trabalhou de forma tão suave que somente poucas pessoas tinham conhecimento
disto. O motor foi construído para uso de óleo mineral, e foi posteriormente, operado com
óleo vegetal, sem qualquer alteração a ser feita. O governo francês, no momento com o
pensamento de testar a aplicabilidade para a produção de energia do arachide, ou castanha-
da-terra, que cresce em quantidades consideráveis em então colônias africanas, e podia ser
facilmente cultivado lá." Diesel mais tarde, realizou testes relacionados e parecia favorável à
idéia.[24] Em 1912 Diesel disse em discurso que "o uso de óleos vegetais para combustíveis de
motores pode parecer insignificante hoje, mas tais óleos podem tornar-se produtos, no
decorrer do tempo, tão importantes como o petróleo e o alcatrão de hulha na atualidade."
Ao longo da década de 1990, plantas foram abertas em muitos países europeus, incluindo a
República Tcheca, Alemanha e Suécia. A França lançou a produção local de biodiesel
(conhecido como diéster) de óleo de semente de colza, que é misturado no combustível
diesel regular ao nível de 5%, e para o óleo diesel utilizado por algumas frotas cativas (por
exemplo, transporte público) a um nível de 30%. A Renault, a Peugeot e outros fabricantes
possuem motores de caminhões certificados para uso com até esse nível parcial de biodiesel;
estão em andamento experimentos com biodiesel de 50%. Durante o mesmo período, os
países em outras partes do mundo também viram a produção local de biodiesel crescer: em
1998, o Austrian Biofuels Institute identificou 21 países com projetos comerciais de biodiesel.
Biodiesel a 100% já está disponível em muitas estações de serviço normal em toda a Europa.
Em setembro de 2005, Minnesota tornou-se o primeiro estado EUA a decidir que todo o óleo
diesel vendido no estado deveria conter parcialmente biodiesel, exigindo um teor de, pelo
menos, 2%.[29]
Propriedades
Biodiesel tem propriedades lubrificantes melhores e muito mais alto número de cetano que
os atuais combustíveis diesel de mais baixo teor de enxofre. Além do biodiesel reduzir o
desgaste do sistema de combustível,[31] e em níveis baixos em sistemas de alta pressão
aumenta a vida útil do equipamento de injeção de combustível que depende do combustível
para a sua lubrificação. Dependendo do motor, isso pode incluir a bombas de injeção de alta
pressão, bomba injetoras (também chamado injetores de unidade) e injetores de
combustível.
O poder calorífico do biodiesel é de cerca de 37,27 MJ/L.[32] Esta é 9% inferior ao óleo diesel
derivado de petróleo classificado como Número 2. Variações na densidade de energia do
biodiesel são mais dependentes da matéria-prima utilizada no processo de produção. Ainda
sim estas variações são menores do que o petrodiesel.[33] Foi alegado que biodiesel permite
melhor lubrificação e uma combustão mais completa, aumentando assim a produção de
energia do motor e atua compensando a maior densidade de energia de petrodiesel.[34]
Biodiesel é um líquido que varia de cor - entre dourado e castanho escuro - dependendo da
matéria-prima de produção. É imiscível com água, tem um alto ponto de ebulição e baixa
pressão de vapor. *O ponto de inflamação de biodiesel (> 130 °C,> 266 °F)[35] é
significativamente mais alto que o do diesel de petróleo (64 °C, 147 °F) ou gasolina (-45 °C,
-52 °F). Biodiesel tem uma densidade de ~0,88 g/cm³, menor do que a da água.
Gelificação
Outra abordagem para facilitar o uso de biodiesel em condições de clima frio é por empregar
um segundo tanque de combustível para biodiesel, além do tanque de combustível padrão
para óleo diesel. O segundo tanque de combustível pode ser isolado e uma serpentina de
aquecimento usando o arrefecimento do motor que é realizado através do tanque. Os
tanques de combustível podem ser comutados quando o combustível está suficientemente
quente. Um método similar pode ser usado para operar os veículos a diesel utilizando
diretamente óleo vegetal.
Biodiesel pode conter pequenas mas problemáticas quantidades de água. Embora não seja
miscível com água, sendo hidrofóbico, é, como o etanol, higroscópico (absorve água da
umidade atmosférico).[48][49] Uma das razões pelas quais o biodiesel pode absorver a água é a
persistência de mono e diglicerídeos que sobraram de uma reação incompleta na sua
produção. Estas moléculas podem agir como um emulsificante, permitindo que a água se
misture com o biodiesel. [50][51] Além disso, pode haver água que é residual ao processamento
ou resultante de condensação no tanque de armazenamento. A presença de água é um
problema porque:
• Água reduz o calor de combustão do combustível como um todo. Isto significa mais
fumaça, partida mais difícil, menos potência.
• Água provoca corrosão dos componentes vitais do sistema de combustível: bombas
de combustível, bombas injetoras, linhas de combustível, etc.
• Água e micróbios causam falha nos elemento filtrantes de papel no sistema (por
apodrecimento), que por sua vez, resulta na falha prematura da bomba de
combustível devido à ingestão de partículas grandes.
• Água congela formando formar cristais de gelo perto de 0 °C (32 °F). Estes cristais
fornecem locais para nucleação e aceleraram a gelificação do combustível residual.
• A água acelera o crescimento de colônias de microorganismos, os quais podem
entupir um sistema de combustível. Usuários de biodiesel que têm tanques de
combustível aquecido, portanto, enfrentam problemas com micróbios o ano inteiro.
• Adicionalmente, a água pode causar corrosão nos pistões de um motor diesel.
Anteriormente, a quantidade de água contaminando o biodiesel era sido difícil de avaliar por
amostragem, uma vez que água e óleo separam-se. No entanto, é agora possível medir o
teor de água com de sensores de água em óleo. A determinação do teor de água em
biodiesel é realizada entre outros métodos possíveis principalmente por titulação Karl Fischer
segundo a norma EN ISO 12 937.[52][53] A titulação Karl Fischer é predominantemente o
método escolhido quando vestígios de água livre, emulsionada ou dissolvida tem que ser
determinados com precisão em um tempo razoável. É baseada na reação estequiométrica de
água com iodo e dióxido de enxofre na presença de um álcool de cadeia curta e uma base
orgânica (uma amina). Entre os vários métodos para a determinação da água incluem-se: a
perda por secagem, a reação com hidreto de cálcio, espectroscopia de infravermelho por
transformada de Fourier (FTIR), espectroscopia Raman e de medidas dielétricas.[54] O método
centrígugo é o descrito pela ASTM D 1796, de 1997, e presta-se também para a
determinação de sedimentos.[55]
Disponibilidade e preços
Em 2007, nos Estados Unidos, a média de preços no varejo ("na bomba"), incluindo os
impostos sobre os combustíveis federais e estaduais, de B2/B5 foram inferiores ao diesel de
petróleo em cerca de 12 centavos, e misturas B20 foram as mesmas que o petrodiesel.[60] No
entanto, como parte de uma mudança dramática nos preços do óleo diesel em relação ao
ano anterior, até julho de 2009, o US DOE estava reportando os custos médios de B20 15
centavos de dólar mais alto por galão do que o diesel de petróleo (US$ 2,69/gal contra US$
2,54/gal).[61] B99 e B100 geralmente custam mais do petrodiesel, exceto quando os governos
locais fornecem uma subvenção.
Produção
O uso de etanol
Um mito foi criado quanto à utilização de etanol no processo de transesterição, dizendo que
seu uso como reagente não é adequado ao processo; neste ponto vale ressaltar que o
emprego do álcool etílico na produção de biodiesel depende do tipo de tecnologia utilizada;
para evitar reações de saponificação, deve-se utilizar o álcool anidro (grau de pureza maior
que 99%).
Composição química
Normalmente, este glicerol bruto tem sido purificado, tipicamente através de destilação a
vácuo. Isto é bastante intensivo energeticamente. O glicerol refinado (acima de 98% de
pureza) pode então ser utilizado diretamente, ou convertido em outros produtos. Os
seguintes anúncios foram feitos em 2007: uma joint venture da Ashland Inc. e Cargill
anunciou planos para fazer propilenoglicol na Europa a partir de glicerol[65] e a Dow Chemical
anunciou planos semelhantes para a América do Norte.[66] A Dow também planeja construir
uma fábrica na China pera produzir epicloridrina de glicerol.[67] Epicloridrina é uma matéria-
prima para resinas epóxi.
Níveis de produção
Desta forma, tanto os ésteres alquílicos de ácidos graxos saturados (láurico, palmítico,
esteárico) como os de poli-insaturados (linoléico, linolênico) possuem alguns inconvenientes.
De uma forma geral, um biodiesel com predominância de ácidos graxos combinados mono-
insaturados (oléico, ricinoléico) são os que apresentam os melhores resultados.
Uma variedade de óleos podem ser usados para produzir biodiesel. Estes incluem:
• Óleo como matéria-prima virgem; óleo de soja e colza são os mais comumente
usados, o óleo de soja sozinho é responsável por cerca de noventa por cento de
todos os estoques de combustível os E.U.A. Também pode ser obtido a partir de
carraspique ou agrião-do-campo e jatropha e outras culturas tais como mostarda,
linho, girassol[74], óleo de palma, coco, cânhamo[75][76][77] (Ver Lista de óleos vegetais
para mais informações);
• Óleo vegetal residual (em inglês waste vegetable oil, WVO);
• Gorduras animais incluindo sebo, banha de porco, graxa amarela, gordura de frango,
[78]
e os subprodutos da produção de ácidos graxos ômega-3 a partir de óleo de peixe.
• Algas, que podem ser cultivadas utilizando-se resíduos, tais como esgotos[79] e sem
substituição de terras atualmente utilizadas para a produção de alimentos.
• Óleo de plantas halófitas tal como a Salicornia bigelovii, que podem ser cultivadas
usando água salgada nas zonas costeiras onde as culturas convencionais não pode
ser cultivadas, com rendimento igual ao rendimento de grãos de soja e outras
oleaginosas cultivadas com irrigação de água doce.[80]
As gorduras animais são um subproduto da produção de carne. Apesar de não ser eficiente
para a criação de animais (ou captura de peixes) apenas pela sua gordura, como subproduto
agrega valor à indústria de produção animal (suínos, bovinos, aves). No entanto, produzir
biodiesel com gordura animal que teria sido descartada poderia substituir uma pequena
percentagem de uso de diesel de petróleo. Hoje, instalações multi-matéria-prima de biodiesel
estão produzindo biodiesel de alta qualidade incluindo gordura animal com capacidade de
até 105 milhões de galões por ano (aproximadamente 397 milhões de litros pr ano).[81]
Atualmente, uma usina de 5 milhões de dólares está sendo construída nos E.U.A., com a
intenção de produzir 11,4 milhões de litros (3.000.000 litros) de biodiesel a partir de alguns
dos 1 bilhão de quilogramas estimados (2,2 bilhões de libras) de gordura de galinha[82]
produzidos anualmente na unidade local de produção aves de Tyson.[78] Da mesma forma,
algumas fábricas de biodiesel em pequena escala usam óleo de peixe residuais como
matéria-prima.[83][84] Um projeto financiado pela UE (ENERFISH) sugere que, em uma planta
vietnamita para produzir biodiesel a partir de bagres (basa, também conhecido como
pangasius), com uma produção de 13 toneladas/dia de biodiesel que pode ser produzido a
partir de 81 toneladas de resíduos de peixe (por sua vez, resultantes de 130 toneladas de
peixe). Este projeto utiliza o biodiesel para abastecer uma unidade de cogeração (geração
combinada de calor e força, em inglêscombined heat and power, CHP) na planta de
processamento de pescado, principalmente para a alimentação da planta de peixe
congelado..[85]
A produção mundial atual de óleo vegetal e gordura animal não é suficiente para substituir o
uso de combustíveis fósseis líquidos. Além disso, existem fatores limitantes para a vasta
quantidade de plantio e as consequentes fertilização, uso de pesticida, e conversão de uso
da terra que seriam necessários para produzir o óleo vegetal adicional. O combustível diesel
estimado para transporte e óleo para aquecimento doméstico utilizado nos Estados Unidos é
de cerca de 160 milhões de toneladas (350 bilhões de libras) de acordo com o Energy
Information Administration (Administração de Informação em Energia) do Departamento de
Energia dos EUA (DOE).[86] Nos Estados Unidos, a produção estimada de óleo vegetal para
todos os usos é de cerca de 11 milhões de toneladas (24 bilhões de libras) e a produção
estimada de gordura animal é de 5,3 milhões de toneladas (12 bilhões de libras).[87]
Se a área de terra arável de todos os E.U.A. (470 milhões de hectares, ou 1,9 milhão de
quilômetros quadrados) fosse dedicada à produção de biodiesel de soja, este proveria apenas
as 160 milhões de toneladas necessários (assumindo uma visão otimista de 98 galões
estadunidenses/acre de biodiesel). Esta área de terra, em princípio, poderia ser reduzida
significativamente com algas, se os obstáculos puderem ser superados. O DOE estima que se
o combustível de algas substituisse todo o combustível de petróleo nos Estados Unidos,
seriam necessário 15 mil milhas quadradas (38.849 quilômetros quadrados), que é alguns
milhares de quilômetros quadrados maior do que o estado de Maryland, ou 1,3 Bélgicas,[88][89]
supondo-se um rendimento de 140 toneladas/hectare (15 mil galões estadunidenses/acre).
Tendo em conta um rendimento mais realista de 36 toneladas/hectare (3.834 galões
estadunidenses/acre) a área necessária é de cerca de 152 mil km quadrados, ou
aproximadamente igual à do estado da Geórgia ou a Inglaterra e País de Gales somados. As
vantagens das algas é que podem ser cultivadas em terras não aráveis, como desertos ou
em ambientes marinhos, e os rendimentos em potencial equivalente ao petróleo são muito
superiores aos das plantas.
Fontes alternativas de óleos e gorduras
O biodiesel pode ser produzido a partir de qualquer fonte de ácidos graxos, porém nem todas
as fontes de ácidos graxos viabilizam atualmente o processo a nível industrial. Os resíduos
graxos também aparecem como matéria-prima para a produção do biodiesel. Nesse sentido,
podem ser citados os óleos de frituras, as borras de refinação, a matéria graxa dos esgotos,
óleos ou gorduras vegetais ou animais fora de especificação, ácidos graxos, etc. Algas
também são uma possível fonte alternativa de óleos.[90]
O rendimento de combustível de algas não foram ainda determinados com exatidão, mas
DOE tem relatado como sendo a produção de algas 30 vezes mais rentável em energia por
hectare do que as culturas da terra como a soja.[92] Rendimentos de 36 toneladas/hectare são
considerados práticas por Ami Ben-Amotz, do Instituto de Oceanografia de Haifa, que possui
agricultura de algas em escala comercial há mais de 20 anos.[93]
Segundo um estudo realizado pelos Drs. Van Dyne e Raymer para o Tennessee Valley
Authority, uma fazenda média nos E.U.A. consome combustível a uma taxa de 82 litros por
hectare (8,75 gal EUA/hectare) de terra para produzir uma cultura. Todavia, as culturas
médias de produção de óleo de colza, a uma taxa média de 1.029 L/ha (110 gal EUA/acre), e
os campos de colza com elevado rendimento produzem cerca de 1.356 L/ha (145 gal
EUA/acre). A razão entre entrada e saída nesses casos é de aproximadamente 1:12,5 e
1:16,5. A fotossíntese é conhecida por ter um taxa de eficiência de cerca de 3-6% da
radiação solar total[97] e se toda a massa de uma cultura é utilizada para produção de
energia, a eficiência global da cadeia é actualmente cerca de 1%.[98] Embora isso possa ser
comparado desfavoravelmente a células solares combinadas com um trem de acionamento
elétrico, o biodiesel é menos oneroso para implantar (células solares custam
aproximadamente US$ 1.000 por metro quadrado) e transportes (veículos elétricos requerem
baterias que atualmente têm um muito menor densidade de energia que combustíveis
líquidos).
No entanto, estas estatísticas por si só não são suficientes para demonstrar se essa alteração
faz sentido econômico. Outros fatores devem ser levados em consideração, tais como: o
equivalente de combustível da energia necessária para o processamento, a produção de
combustível a partir de óleo cru, o retorno para o cultivo de alimentos, se o biodiesel terá
efeito sobre os preços dos alimentos e do custo relativo do biodiesel versus petrodiesel.
O debate sobre o balanço energético de biodiesel está em curso. A transição total para os
biocombustíveis poderá exigir intervalos imensos de terra, se as culturas alimentares
tradicionais são utilizadas (embora culturas não alimentares possam ser utilizadas). O
problema seria especialmente grave para os países com grandes economias, dadas as
escalas de consumo de energia com a produção econômica.[99]
Se forem usadas somente plantas alimentares tradicionais, a maioria das nações não têm
terras agrícolas suficientes para produzir biocombustíveis para os seus veículos. Nações com
economias menores (consumo de energia, portanto, menor) e mais terra arável podem estar
em situação melhor, apesar de muitas regiões não poderem se dar ao luxo de desviar a terra
da produção de alimentos.
Nas regiões tropicais, como a Malásia e a Indonésia, óleo de palma está obtido a partir do
plantio de palmeiras (Arecaceae) em um ritmo rápido para suprir a crescente demanda de
biodiesel na Europa e outros mercados. Estimou-se na Alemanha que o biodiesel de óleo de
palma tem menos de um terço dos custos de produção de biodiesel de colza.[101] Deve-se ter
em conta sempre que a fonte direta do conteúdo energético do biodiesel é a energia solar
captada pelas plantas durante a fotossíntese, e isto conduz a um possível balanço energético
positivo de biodiesel.[102][103][104][105]
Quando a palha foi queimada como combustível e oleaginosas foram utilizadas como
fertilizante, o rendimento/custo para a produção de biodiesel foi ainda melhor (3,71).
Em outras palavras, para cada unidade de energia utilizada para produzir biodiesel, a
produção foi de 3,71 unidades (diferença de 2,71 unidades seria de energia solar).
Segurança energética
Impactos ambientais
De acordo com a análise Renewable Fuel Standards Program Regulatory Impact Analysis
(Análise de Impacto e Programa Regulatório de Padrões para Combustível Renovável), da
Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA, Environmental Protection Agency),
apresentada em fevereiro de 2010, o biodiesel de óleo de soja apresenta resultados, em
média, de uma redução de 57% das emissões de gases com efeito de estufa em comparação
com o diesel fóssil e biodiesel produzido a partir de resultados de resíduos de gordura uma
redução de 86%. Ver o capítulo 2.6 do relatório da EPA para informações mais detalhadas.[110]
Em alguns países pobres, o aumento do preço do óleo vegetal está causando problemas.[111]
[112]
Alguns propõem que o combustível só pode ser feito a partir de óleos vegetais não-
comestíveis, como camelina, jatropha ou malva da praia[113] que podem prosperar em terras
agrícolas marginais, onde muitas árvores e plantas não crescem, ou produzirian apenas
baixos rendimentos.
Outros argumentam que o problema é mais fundamental. Os agricultores podem passar de
produção de culturas alimentares para a produção de plantas para biocombustíveis para
ganhar mais dinheiro, mesmo se a novas culturas não forem comestíveis.[114][115] A lei da
oferta e da procura prevê que se os agricultores estão produzindo menos alimentos os
preços dos alimentos vão subir. Pode demorar algum tempo, como os agricultores podem
tomar algum tempo para mudar as coisas que eles estão cultivando, mas a demanda
crescente de biocombustíveis de primeira geração é provável que resulte em aumentos de
preços para muitos tipos de alimentos. Alguns têm apontado que há agricultores pobres e os
países pobres que estão fazendo mais dinheiro por causa do aumento do preço do óleo
vegetal.[116]
Biodiesel a partir de algas marinhas não necessariamente deslocará áreas de terras secas
usadas atualmente para a produção de alimentos e novos empregos na aquacultura
empregos poderiam ser criados.
Pesquisa atual
O NFESC, com a Biodiesel Industries, Inc, baseada em Santa Barbara, está trabalhando para
desenvolver tecnologias para o biodiesel para a marinha e forças armadas dos EUA, um dos
maiores usuários de combustível diesel do mundo.[120]
Biodiesel de algas
De 1978 a 1996, o National Renewable Energy Laboratory dos EUA experimentaram o uso de
algas como fonte de biodiesel no Aquatic Species Program (Programa de Espécies Aquáticas).
[106]
Um artigo publicado por Michael Briggs, no Grupo de Biodiesel da Universidade de New
Hampshire, ofereceu estimativas realistas para a substituição de todos os combustíveis
veiculares por biodiesel, utilizando algas que tem um teor de óleo natural superior a 50%, o
que Briggs sugeriu poderem ser cultivadas em tanques de algas nas plantas de tratamento
de águas residuais.[89] Esta alga rica em óleo pode ser extraída do sistema e transformada em
biodiesel, com o restante após secagem sofrendo reprocessamento para criar etanol.
A produção de algas para obter-se óleo para biodiesel ainda não foi realizado em escala
comercial, mas estudos de viabilidade foram realizados para chegar à estimativa de
rendimento acima. Além de seu elevado rendimento projetado, alquacultura - ao contrário
cultura baseada em biocombustíveis - não implica numa diminuição na produção de
alimentos, uma vez que não exige nem terra arável nem massas de água doce. Muitas
empresas estão buscando algas biorreatores para vários fins, incluindo a expansão da
produção de biodiesel a nível comercial.[122][123]
Fungos
A recente descoberta de uma variante do fungo Gliocladium roseum aponta para a produção
dos chamados micodiesel a partir da celulose. Este organismo foi recentemente descoberto
nas florestas tropicais do norte da Patagônia e tem a capacidade única de transformar a
celulose em hidrocarbonetos de comprimento médio tipicamente encontrados no
combustível diesel.[125]
O Programa Biodiesel é um projeto do governo brasileiro que tem como missão, promover a
curto prazo, a fusão dos recursos renováveis (combustível vegetal) com os esgotáveis
(petróleo), subentendendo-se que somente as refinarias autorizadas pela Agência Nacional
do Petróleo (ANP) do Brasil poderão proceder a mistura dos esgotáveis com os renováveis e a
consequente comercialização através de conveniados.
Projeto piloto
Cidades como Curitiba, capital do Estado do Paraná, Brasil, possuem frota de ônibus para
transporte coletivo movida a biodiesel. Esta ação reduziu substancialmente a poluição
ambiental, aumentando, portanto, a qualidade do ar e, por consequência, a qualidade de
vida num universo populacional de três milhões de habitantes. A partir de agosto de 2009,
ônibus especialmente adaptados para usar biodiesel B100 entrarão em circulação na capital
paranaense.
Outros projetos
O Rio de Janeiro também possui parte de sua frota automotiva coletiva movida pelo
Biodiesel. Acredita-se que até 2010 mais de 500 cidades estarão com o biodiesel em suas
bombas.
A Vale usou o biodiesel B20 em suas locomotivas em 2007, a partir de um acordo pontual
realizado entre a empresa e a Petrobras. Antecipando-se à regulamentação (que prevê o uso
do B5 em 2013 e do B20 em 2020), a Vale usará em 2014 o B20 para alimentar toda a frota
de 216 locomotivas do Sistema Norte, bem como máquinas e equipamentos de grande porte
das minas de Carajás. Estima-se que a produção anual de óleo seja de 500 mil toneladas.
Este volume de biodiesel corresponde à redução de cerca de 12 milhões de toneladas de CO2
equivalente na atmosfera durante a duração do projeto, em relação às emissões do diesel
comum, desconsideradas as emissões relativas à cadeia produtiva do biodiesel. Esse
quantitativo corresponde à emissão de mais de 200 mil carros circulando no mesmo período.
Em 2002, a demanda total de diesel no Brasil foi de 39,2 milhões de metros cúbicos, dos
quais 76% foram consumidos em transportes. O país importou 16,3% dessa demanda, o
equivalente a US$ 1,2 bilhão. Como exemplo, a utilização de biodiesel a 5% no país,
demandaria, portanto, um total de dois milhões de metros cúbicos de biodiesel.