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vinte e Zinco 

é o título do livro que Mia Couto escreveu a convite de uma


editora no âmbito das comemorações do 25º aniversário da Revolução de
Abril de 1974. É escrito em forma de diário: os 11 capítulos são datados
de 19 a 30 de abril, e cada dia é iniciado com a citação de um dos
personagens. Para além de retratar o ambiente psicológico de um período
de convulsões políticas, trata-se de um romance que aborda vários
aspetos da condição feminina durante o Estado Novo, tanto entre as
mulheres de origem portuguesa como africanas.

O título Vinte e Zinco é uma ironia ao Vinte e Cinco de Abril de 1974, que
marca o fim da ditadura salazarista em Portugal, facto que provoca o fim
da guerra colonial em Moçambique em 1975.

A história passa-se numa pequena cidade do Moçambique colonial e


mostra a vida dos naturais, colonizados, e dos colonizadores. O
desenvolvimento da trama revela duas formas de viver o 25 de Abril de
1974 e mostra a forma como colonizadores e colonizados viveram as
consequências daquele evento histórico.

Em Vinte e Zinco, há uma componente histórica e há também uma


componente fictícia, na medida em que os personagens africanos têm
características especiais e misteriosas: existe uma adivinhadora,
Jessumina, por exemplo. O romance, começa com a fala dela, cujo
discurso assume a alinha orientadora da história e nos leva a perceber o
trocadilho presente no nome desta obra:

No início do livro:

"Vinte e cinco é para vocês que vivem nos

bairros de cimento.
Para nós, negros pobres que vivemos na madeira
e zinco, o nosso dia ainda está por vir"
Jessumina assume que houve o "25" dos portugueses, a conquista da
liberdade, o início de uma nova etapa com a conquista da liberdade. No
entanto, para os africanos, que vivem nas suas casas com teto de zinco,
houve um "vinte e zinco" – os africanos adiaram a festa para o aguardado
e sofrido dia da independência.

No dia 26 de abril, o dia imediato após a revolução, constata-se que, para


haver evolução e mudança efetiva, o povo precisa de se instruir e figurar
na história com a sua versão e ter o mesmo peso que a dos seus
adversários.

Página 79 – “Até que o leão aprenda a escrever, o caçador será o único


herói.”

Pág. 109 – excerto sinalizado (cego Andaré)

30 de Abril, último dia do diário, é dia da libertação dos prisioneiros


políticos. Há nos africanos um amargo sabor a vitória.

Pág 111- “Nossa tristeza é a seguinte: ganhamos sem chegarmos a ser


vencedores.” (mecânico Marcelino)

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