Você está na página 1de 1

Para poder compreender um mito, a meu ver, é necessário ter um ponto de vista

histórico a partir de duas perspectivas, por assim dizer, uma perspectiva exterior e
uma perspectiva interior. A perspectiva exterior diz respeito à necessidade de
compreender a forma histórica em que aparecem os arquétipos, o fundo histórico ao
qual está relacionado o mito [...]. O aspecto interior se refere aos problemas
essenciais do tempo, com os quais essa época específica se envolveu
conscientemente, ou nos quais a mesma época estava inconscientemente
envolvida.

[...]Os arquétipos residem em seu domínio, além do tempo e do espaço. Isto constrói
a ponte do entendimento entre os homens de todas as eras, e torna possível
perceber que nós mesmos, com nossos problemas essenciais, estamos ligados
inseparavelmente à continuidade dos problemas eternos da humanidade, como os
mesmos são visualizados nos mitos. Mas a forma em que aparecem os mitos, a sua
roupagem, por assim dizer, depende das condições históricas: os símbolos em que
aparecem se alteram. No ser humano, essas mudanças correspondem ao
desenvolvimento da consciência humana. Assim, os mitos, a meu ver, representam
não apenas os eventos arquetípicos perenes, mas certo nível do desenvolvimento
da consciência humana. [...]
Os mitos são "assunto da alma", assim como os sonhos, e requerem interpretação
simbólica e uma tradução.
Ao descobrir motivos mitológicos que emergem dos sonhos do homem moderno,
Jung reconheceu que os mitos, da mesma forma que os sonhos, são manifestações
do inconsciente. Tornou-se evidente, na prática, que apresentar paralelismos
mitológicos como uma amplificação de sonhos arquetípicos não só aprofunda o
entendimento desses últimos, mas também leva a um entendimento psicológico
mais profundo do mito.

— O Significado Arquetípico de Gilgamesh: Rivkah Scharf Kluger

Ilustração: Rececca Yanovskaya

Você também pode gostar