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O que devemos pensar de todas essas coincidências?

De onde vieram esses temas


imemoriais, cujo local de origem ninguém sabe?
Devemos juntar nossa voz à daqueles que escrevem sobre uma grande Filosofia
Perene que, desde um tempo inconcebível pela mente, tem sido a sabedoria
eternamente verdadeira da raça humana, revelada por alguma alta potestade?
Como teria vindo esse conhecimento, com todos os seus símbolos, parar nas mãos
dos sioux? Ou devemos, em vez disso, procurar resposta em alguma teoria
psicológica, como muitas dos mais lustres etnólogos do século XIX — Bastian, por
exemplo, Tylor e Frazer —, que atribuíram essa analogia entre culturas “ao efeito”,
como disse Frazer, “de causas semelhantes, que atuaram de igual maneira sobre a
constituição semelhante da mente humana em diferentes regiões e sob diferentes
céus”?? Isto é, surgem essas imagens, como coisa natural, na psique? Podemos
supor, e mesmo espetar, que elas apareçam espontaneamente em sonhos, em
visões, em figurações mitológicas, em qualquer local da Terra, em todo lugar onde o
homem construiu seu lar?
Ou, ao contrário, temos que dizer que, uma vez que as ordens mitológicas — tais
como as ordens arquitetônicas — servem a funções específicas, historicamente
condicionadas, nos casos em que se puder demonstrar que quaisquer duas delas
são homólogas temos que supor também que são historicamente relacionadas? Isto
é, podemos supor que os gregos e os Sioux receberam uma parte, ou partes, de
suas heranças mitológicas de uma fonte comum?
Ou, finalmente, devemos simplesmente ignorar toda essa questão de temas
compartilhados (sejam eles religiosa, psicológica ou historicamente explicados),
como sendo indigna da especulação do cientista, uma vez que-como sustenta agora
um bom número de importantes antropólogos de camp — os mitos e rituais são
funções de ordens sociais locais, e, daí, sem sentido fora do contexto e,
consequentemente, não devem ser abstraídos e comparados através de linhas
culturais? Comparações desse tipo, muito apreciadas por diletantes e amadores,
não são, seguindo essa opinião, nem importantes nem de interesse para a
inteligência científica corretamente educada.
Mas aprofundemo-nos mais, com olho imparcial, e tentemos julgar por nós mesmos.

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