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Ilustração: Revista Novo Ambiente/Marco Jacobsen
54 SÉRIE
9 Editorial
10 No Meio
Saúde
alimentação 24 18 Carros
H de Híbrido, H de Honda
Flexitarianismo
22 Infopágina
100 lugares para lembrar
28 11 Atitudes
Atitudes em Verde e Amarelo
34 11 Atitudes - Ongs
Do meu lixo cuido Eu
40 11 Atitudes - Administração
Boa gestão nelas!
44 Amazônia
Muralha Verde
52 Rio
11 Atitudes
30
Além da animação
nestlé 74 Artigo
Gustavo Fruet
Nutrindo Valores
80 Manejo Faber-Castell
Traçando uma meta
82 Especial EUA
O gigante do Norte
88 Tecnologia
90 Artigo
Código de Mineração
94 Velho Ambiente
96 Da Redação
Economia
IBGC 76
Governar a si mesmo
Fotos: Revista Novo Ambiente/Alex Hekavei
Rio Tietê: sua despoluição é uma questão de honra para São Paulo.
fsc
CNPJ/MF.: 12.011.957/0001-12
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Tel/Fax: (41) 3044-0202 - atendimento@revistanovoambiente.com.br
Impressão: Posigraf Tiragem :30 mil exemplares
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A tiragem desta edição de 30 mil exemplares
é comprovada pela BDO Auditores Independentes.
Ano 01 - Edição 12 - Maio/2011
Distribuição dirigida e a assinantes
Editorial
Editorial
Central de Jornalismo
Virada Sustentável em São Paulo
A primeira edição da Virada Sustentável será realizada nos dias 4
e 5 de junho, com atrações espalhadas em diversas regiões e par-
ques da cidade de São Paulo, envolvendo cinema, teatro, exposi-
ções, workshops, oficinas e shows de música cuja temática está
ligada à sustentabilidade (meio ambiente, biodiversidade, direitos
humanos, mudanças climáticas, mobilidade urbana, lixo, qualida-
de de vida). A Virada Sustentável contará com ações das principais
organizações que trabalham com o assunto no país, como WWF,
Greenpeace, SOS Mata Atlântica, Instituto Akatu, Rede Nossa São
Paulo, Instituto Saúde e Sustentabilidade, Slow Food, Carta da Ter-
ra, entre outras. Realizada em parceira com o poder público, par-
ceiros estratégicos e empresas patrocinadoras, a Virada Sustentá-
vel conta até agora com o apoio das Secretarias Municipal e Esta-
dual do Meio Ambiente (SVMA e SMA), que também promoverão
ações educativas nessas datas.
NOMEIO
Energia limpa em Goiás
O Governador de Goiás, Marconi Perillo, inaugu-
Foto: Divulgação
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Maio/2011 10
Dia do Silêncio
Dia 7 de maio é considerado o Dia do Silêncio. A causando estresse, insônia, irritabilidade, perda de
poluição sonora é a causa de grande parte dos audição, de memória e de rendimento profissional
processos por infrações ambientais nas prefei- e escolar. Os principais causadores de incômodos
turas do Brasil (no Rio de Janeiro, corresponde a sonoros apontados são os bares, os templos reli-
quase 70% das queixas). A Organização Mundial giosos, sistemas de transporte e indústrias. Apesar
de Saúde (OMS) aponta que a partir de 50 deci- disso, menos de 2% das cidades brasileiras pos-
béis os sons começam a ser nocivos aos humanos, suem legislação restritiva e fiscalização apropriada.
Foto: Divulgação
de reaproveitamento de água da chuva, redução de uso
de gás, água e luz, destinação adequada dos resíduos de
produção, além da preocupação constante com o uso ra-
cional dos recursos naturais e matérias-primas.
Dez ministros
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Maio/2011 12
NOMEIO
Bicicletas na Lei
Muito se fala em bicicleta como modal limpo e ce, entre outros assuntos, a destinação de 5% das
saudável de transporte, uma solução inteligente vias urbanas para a construção de ciclovias e ciclo-
que não polui, não ocupa espaço e custa pouco. faixas, em modelo funcional, integradas aos outros
Pouco se faz efetivamente a respeito. Diante de sistemas, como os ônibus, por exemplo.
obras de urbanismo que devem brotar instantane- A proposta para a Lei da Bicicleta está em votação
amente para a Copa de 2014 – visto o andamento desde o ano passado e promete atingir um objetivo
lento das obras –, quando tanto se fala em utiliza- inédito: a aprovação de uma lei por meio de uma
ção de espaços funcionais (e não apenas de lazer) iniciativa popular que utiliza a internet. A Lei Orgâ-
para o tráfego de bicicletas, é necessário refletir nica de Curitiba prevê a iniciativa popular de pro-
sobre a integração definitiva deste sistema às ci- jetos de lei de interesses específicos, e essas leis
dades. E dada a inação do meio político, ao menos terão validade se forem de vontade expressa de ao
para um projeto de grande escala, um grupo de ci- menos 5% do eleitorado, o que, no caso de Curitiba,
clistas curitibanos resolveu fazer a lei, ou melhor, representa 65 mil votos.
fazer valer o artigo primeiro da Constituição Bra- A iniciativa pode ser acessada no endereço <www.
sileira de 1988: todo poder emana do povo e pode votolivre.org>. Para participar, é necessário dar o nú-
ser exercido diretamente. mero do título de eleitor e morar em Curitiba. Existem
O Projeto de Lei Complementar de Iniciativa Popu- outras ações em andamento; consulte em sua cidade,
lar que trata da chamada Lei da Bicicleta estabele- ou você mesmo pode tomar a iniciativa.
Foto: Revista Novo Ambiente/Oberti Pimentel
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Maio/2011 14
Foto: Revista Novo Ambiente/Leonilson Gomes
Marcos Kassab,
do Departamento de Planejamento e Expansão do Metrô
Foto: Revista Novo Ambiente/Leonilson Gomes
H de híbrido,
H de Honda
Representada com grande peso no segmento de motocicletas de baixa e média
cilindradas, a Honda do Brasil guinou de acordo com as estratégias de expansão
da marca e passou a investir em nosso mercado automobilístico. Conhecido há
tempos nos Estados Unidos, ela trouxe para cá o Civic, inicialmente um sedã
comportado, com uma ou outra versão um pouco mais “apimentada”. Porém,
a sobriedade definitivamente deu lugar a um perfil tecnológico. O Civic Híbrido,
que poderá chegar por aqui, traz inovações além de seu hibridismo.
Foto: Divulgação
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Maio/2011 18
A decisão da Honda de tornar o Civic o seu
representante da nova geração de carros que
E
combinam duas naturezas de propulsão é, na
le chegou como quem não queria nada, verdade, cercada de pragmatismo. O Civic é
herdou a aura de confiabilidade de pro- um projeto e bem resolvido (há décadas). Um
dutos com os quais tinha pouco a ver, a produto que atende diferentes perfis de com-
não ser o fato de ter rodas e motor a combustão, pradores e que possui excelente comporta-
e, pelas bordas, foi se aninhar no coração de um mento dinâmico, boa mecânica e dirigibilidade.
pessoal que “adora carros”. O H da logo presente
nos capôs dos automóveis Honda também é uma
lembrança que desperta um sentimento nos-
tálgico nos brasileiros – o ídolo Ayrton Senna foi
O que vem sob o capô?
campeão com um desses símbolos desenhado no
nariz de seu McLaren Honda. Memórias à parte, a A “fórmula” não é novidade e terá o mes-
marca do sol nascente é mais conhecida por pen- mo raciocínio aplicado em outro produto de su-
sar no futuro. E justamente por enxergá-lo bem cesso no Brasil, o Fit: trata-se de um propulsor
é que ela optou, assim como demais fabricantes, de 1.500 cilindradas acoplado a um motor elé-
por adotar uma solução imediata para atender trico. O conjunto entrega até 110 cavalos e, de
consumidores que, além de economizar combus- acordo com a Honda, é 12% mais eficiente do
tível, querem respirar melhor. que a geração atual, que já é bastante econô-
mica, haja vista que, segundo testes da revista
Quatro Rodas, a publicação com maior autori-
dade em automóveis no país, o Civic EXS Flex
faz pouco mais de 7 km com um litro na cidade
e percorre cerca de 10 km na estrada rodan-
do com o álcool, que notoriamente apresenta
maior consumo. Ainda não ficou claro se have-
rá uma versão flex do híbrido para o Brasil (ele
roda com gasolina lá fora), mas o fato é que,
para compensar esta “falha”, ele apresenta
outros atributos Hi-Tech, como um sistema de
gerenciamento integrado dos motores. Há tam-
bém o “Econ Button”, que faz o carro operar em
“modo econômico”, sendo monitorado pelo
“Eco Assist”, que é o dislay no painel que faz a
diagnose do desempenho em tempo real.
Roupa nova?
Não, obrigado.
À primeira vista, os mais distraídos podem
não reparar na grade nova nem em outras sutis
alterações na estética do modelo. O novo hí-
brido difere pouca coisa do visual apresentado
pelo New Civic, que vemos por aí. Um “lifting”
nos para-choques foi suficiente para diferenciá-
-lo sem mexer ainda mais nos custos. Precisar,
não precisava, pois o apelo estético do modelo
sempre foi unanimidade entre seus motoristas
e admiradores.
Nunavut
Canadá
A população indígena, e milenar, de
26 mil indivíduos da etnia inuit que vive
no norte do Canadá está ameaçada, jun-
tamente com as focas, morsas e ursos
polares que vivem no círculo polar ártico.
Enquanto a temperatura sobe e o gelo de-
saparece, a relação entre os inuit e os ani-
mais – predador e caça – também deixará
de existir. Os animais, que dependem do
gelo para viver, comer e procriar, são fonte
de alimento dos inuit há milhares de anos.
Com o aquecimento, sua cultura fica ame-
açada, assim como o meio ambiente.
Floresta Amazônica
Brasil
Representa mais da metade das flo-
restas tropicais que restam no planeta.
Nos últimos 30 anos, mais de 600 mil km2
foram derrubados. Se continuar neste rit-
mo, segundo a CO+Life, em 2050 mais de
30% da floresta terá desaparecido.
Lago Balaton Sibéria
Hungria Rússia
Os romanos foram os primeiros a produzir vinho na Hun-
gria há 2 mil anos. Os vinhedos nas encostas próximas ao lago Não bastasse o passado difícil na história da Sibéria,
Balaton, também conhecido como “mar húngaro”, recebiam agora seu futuro também pode se mostrar um novo dra-
mais luz solar graças ao reflexo das águas do grande lago, com ma. Na era Stalin, milhões de pessoas foram deportadas
mais de 600 km² de águas quentes e rasas. Sua profundidade para a inóspita e fria região como prisioneiras exiladas
média é de apenas 3 m, mas, com a queda nos níveis de chuva (desde criminosos, inimigos do Estado contrários ao an-
e o excesso de turistas dos últimos anos, o lago tem encolhido. tigo regime, até nacionalidades inteiras). Estima-se que,
Seu nome, que significa “lago lamacento”, pode se tornar uma entre os anos 1929 e 1953, pelo menos 14 milhões de
realidade pouco atrativa. A lama está dando lugar à água. pessoas foram enviadas para os gulags, os antigos cam-
pos de trabalhos forçados onde se exploravam minérios,
gás e petróleo. Os gulags originaram as grandes cidades
industriais de hoje, e os 36 milhões de habitantes da re-
gião agora podem ter de enfrentar problemas catastrófi-
cos advindos do degelo da crosta permanente. As ferro-
vias, estradas, edificações, gasodutos e as cidades são to-
dos construídos sobre o gelo permanente. Algumas cons-
truções já apresentam instabilidade devido ao problema.
Perth
Austrália
As peculiaridades da cidade austra-
liana são ao mesmo tempo interessan-
tes e preocupantes. Além de ser a me-
trópole mais isolada do mundo (a cida-
de grande mais próxima fica a 2 mil km
de distância) e estar em uma região de
clima desértico entre os mais secos do
mundo, Perth sempre precisou utilizar
a água subterrânea para abastecer seu
1,7 milhão de habitantes. Sua sede está
secando um aquífero de 40 mil anos de
existência. Reservatórios foram constru-
ídos na superfície para reter água das
chuvas, mas as mudanças climáticas se
encarregaram de diminuir as precipita-
ções na região. Agora – desde 2007, na
verdade –, a metrópole partiu para a
dessalinização da água do mar (já que
sua planta urbana fica no litoral); no en-
tanto, esta solução provê somente 17%
das necessidades hídricas da cidade.
Baía Mahajamba
Madagascar
A ilha de Madagascar é o lar de espécies únicas de plan-
tas e animais que não existem em nenhum outro lugar do
planeta. A quarta maior ilha do mundo possui mais de 3.300
km² de mangues onde vivem inúmeras espécies de molus-
cos, crustáceos, tartarugas e peixes tropicais. Estes seres
servem de alimento a outras espécies raras de aves. Mudan-
ças no nível dos oceanos significariam sério risco ao delica-
do equilíbrio salino desta área de mangue.
SAÚDE ALIMENTAÇÃO
Vegetarianismo flex
Os benefícios do vegetarianismo, tanto para os animais quanto para nosso
próprio organismo, atraem cada vez mais pessoas para esse estilo de vida.
Mas, em um país com uma cultura que não dispensa o churrasquinho, isso
pode ser um grande desafio para muitos dos que se aventuram a cortar de
vez a carne de suas dietas. Por isso, muitos deles optam pelo flexitarianismo,
um modo de diminuir consideravelmente o consumo de carne sem sentir-se
culpado por comer um hambúrguer de vez em quando.
O
Brasil é um dos maio- zantes da atitude: para aqueles que Monday”, tem como um dos seus
res produtores de gado se dispuseram a reduzir a carne de mais famosos colaboradores o ex-
bovino do mundo. E, seu regime alimentar, mas não a -Beatle Paul McCartney. A cam-
mais do que apenas uma estatísti- cortá-la completamente, foi criado panha, que angaria cada vez mais
ca, a ampla quantidade de carne se o termo flexitarianismo. O neologis- adeptos, demonstra que a diminui-
tornou parte não apenas da nossa mo, criado a partir das palavras “fle- ção do consumo de carne não pre-
cultura, como da de muitos países xível” e “vegetarianismo”, foi popu- cisa ser um sacrifício e que, com o
do mundo. O churrasco no final de larizado pela especialista em dietas tempo, pode se tornar até mesmo
semana, o pastel de carne, o ham- Dawn Jackson Blatner, em seu livro um hábito.
búrguer. Eis que, entre os humanos The Flexitarian Diet ou A Dieta Fle- Apesar de tudo, é conveniente
com uma dieta basicamente carní- xitariana. A autora afirma que o fle- lembrar que esse comportamen-
vora, se torna cada vez mais comum xitarianismo é diferente de um sim- to não é considerado de fato
um comportamento: o vegetarianis- ples onivorismo ou de um consumo vegetarianismo, pois o pró-
mo. Aos ouvidos daqueles que não moderado de carne, portanto mere- prio termo inclui riscar as
abrem mão do bifinho, parecia um cia receber um desígnio próprio. carnes da dieta. A melhor
absurdo. Mas, em nome da saúde, Para ser considerada flexitaria- definição se aproximaria
do respeito aos animais ou simples- na, é necessário que a pessoa dê de uma transição entre
mente gosto próprio, cada vez mais prioridade à alimentação vegeta- o consumo exacerbado
pessoas aderiam a essa dieta. riana. As condições e restrições par- de carne e a restrição
Para uma população cujo há- tem da iniciativa particular. Podem total do vegetarianis-
bito de comer carne já se enraizou incluir alimentação exclusivamente mo. Para aqueles que
na cultura, no entanto, abrir mão vegetariana apenas em determina- querem seguir o vege-
de vez da carne pode ser um gran- dos dias da semana, ou permitir-se tarianismo por qual-
de desafio. Influi no planejamento o consumo de carne apenas fora quer motivo, não deixa
financeiro e pode causar restrições de casa. Vários padrões podem ser de ser um começo. Ou
durante reuniões sociais. Além dis- criados, dependendo da disposição simplesmente uma dieta
so, substituir as proteínas que a car- e da vontade pessoal. A Sociedade alternativa, sem a obrigação
ne oferece exige um controle rígido Vegetariana Brasileira lançou no de cortar a carne em definiti-
sobre a dieta. Assim, um comporta- Brasil a campanha “Segunda-Feira vo. De qualquer maneira, é pre-
mento derivado do vegetarianismo sem Carne”. A iniciativa, conhecida ciso tomar a iniciativa. Que tal nesta
atraiu a atenção de muitos simpati- mundialmente como “Meat Free segunda-feira?
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Maio/2011 24
Fotos: Revista Novo Ambiente/Leonardo Pepi
25 Maio/2011
Desenvolvimento com equilíbrio
Alimentação diferenciada
Vegetariano: Crudívoro:
definição generalizada para aquele que não come consome apenas alimentos crus.
carne (vermelha ou branca) nem os seus subprodu-
tos (bacon, salsicha, mortadela, etc.). Frugívoro ou Frutívaro:
aquele que só permite frutas em sua alimentação.
Ovo-lacto-vegetariano:
subdivisão do vegetarianismo em que o indivíduo Freegano:
não come nem carne nem seus subprodutos, mas adaptação ainda mais radical dos veganos, os
sua dieta inclui ovos, leite e laticínios. freeganos comem apenas o que encontram
no lixo. Eles desenvolveram técnicas para não
Lacto-vegetariano: tornar o seu hábito algo ainda mais perigoso
subdivisão ainda mais restrita do vegetarianismo, à saúde, e não são exatamente vegetarianos,
não admite o consumo de carne nem de ovos. De uma vez que podem consumir carne, desde que
origem animal, apenas leite e seus derivados. tenha sido jogada fora. O objetivo deles é evitar
dar dinheiro àqueles que exploram os animais.
Vegano:
nessa versão mais restrita do vegetarianismo,
não é permitido o consumo de nenhum produto
de origem animal. Além de carnes, peixes, aves
e laticínios, também são proibidos os ovos, mel,
gelatina, etc. Mais um estilo de vida que uma
simples dieta, no veganismo também se evita o
uso de lã, couro, seda e até mesmo itens menos
óbvios, como cosméticos e produtos de limpeza
que possuam em seus componentes qualquer
composto de origem animal.
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Maio/2011 26
ATITUDES CONCEITO
11 atitudes
em verde e amarelo
U
m dos fundamentos da linha editorial
da Revista Novo Ambiente é o jor-
nalismo útil, aquele que participa de
forma integrada com a sociedade, buscando seu
aprimoramento evolutivo. Esta série de repor-
tagens tem um objetivo relativamente simples,
mas importante: mostrar boas atitudes. Exemplos
produtivos, inspiradores, que possam melhorar,
em maior ou menor escala, toda a vida do plane-
ta. Compartilhar esta informação é parte deste
processo capaz de tornar mais harmônica a vida
em nossas comunidades, cidades, estados.
O que os governos estão criando, pensan-
do e executando para melhorar a vida dos cida-
dãos? Como fazem? Com quais recursos? Como
as organizações não governamentais (ONGs)
estão trabalhando no país? O que fazem? Como
contribuem de forma determinante para o futu-
ro do Brasil? E é na iniciativa privada que a sus-
tentabilidade se torna um profícuo negócio, in-
teligente e lucrativo.
Até o final do ano, serão 11 exemplos de
boas atitudes em cada uma dessas três áreas
– Governo, Empresas e ONGs. Adotando o 11
como número simbólico, devido ao ano decisi-
vo em que nos encontramos, esperamos tra-
zer, ao todo, 33 sugestões para um Brasil. Uma
contribuição para um segmento de informações
cada vez mais detalhado. Apontar é certificar de
maneira simples a existência de tais ações, uma
forma de dar visibilidade a estes temas e enga-
jar pessoas na tomada de decisões e na busca de
soluções, no caso da Sociedade Civil; comunicar
boas práticas corporativas aos consumidores, no
caso do Setor Privado; e fortalecer a cidadania e
a transparência do Setor Público.
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Maio/2011 28
Foto: Dreamstime
ONGs
Várias Movimento SOS Florestas
Akatu Conscientização do consumidor
SOS Mata Atlântica Proteção da Mata Atlântica
Do meu lixo cuido EU Compostagem
Empresas
TAM Biocombustível a partir de pinhão
Vale Fertilizantes Redução de 80% na emissão de gases
AmBev Movimento Cyan
Nestlé Criando valor compartilhado
Nutrindo
valores
Ela é de origem Suíça, mas faz parte da vida das famílias de todo o planeta.
Completando 90 anos da instalação de sua primeira fábrica no Brasil, a Nestlé
entendeu como poucas a interdependência entre as empresas e a sociedade.
Transferindo para a sociedade conhecimento nutricional, acadêmico e
científico, criando e apoiando projetos sociais e ambientais, a marca ganha
cada vez mais respeito da população e, com isso, consumidores mais assíduos.
É
difícil imaginar que em um passado “Uma empresa não pode sobre-
não muito distante muitas famílias viver em uma sociedade falida, e nem
perderam seus filhos por desnutri- sociedade alguma pode prosperar sem
ção em países da Europa hoje tão ricos, como uma forte economia”, aponta
a Suíça. As sucessivas guerras do século XIX, a Ivan Zurita, Diretor-Presidente
instabilidade econômica e política abalaram da Nestlé Brasil, na introdução
o sistema social e esgotaram as reservas dos do Relatório Criação de Valor
europeus. A falta de alimentos levou à fome e Compartilhado Nestlé Brasil.
à desnutrição. A mortalidade infantil era uma Sim, o foco de se ter uma co-
realidade presente entre muitas famílias, mas nexão entre a vantagem com-
um casal, cujo filho não podia se alimentar do petitiva dos seus produtos e
leite materno e tinha como certa a morte, teve a responsabilidade de uma
a sorte de ter como amigo um homem chama- empresa perante a sociedade
do Henri Nestlé. Ele desenvolveu um compos- que a mantém veio lá do velho
to alimentício para ajudar esta criança e a sal- Henri, que cedo vislumbrou
vou. Sua farinha à base de leite de vaca, muito que a sustentabilidade só se
eficiente contra a desnutrição, dali em diante dá por meio de um ciclo vir-
salvaria outros milhares de crianças mundo tuoso. Em 1874, ele vendeu
afora. Assim nascia a Farinha Láctea, logo de- sua empresa para uma socie-
pois exportada para outros países da Europa, dade suíça por um milhão de
América e Oceania. A Nestlé lançou outros francos. Mudou-se para Glion
produtos que ganharam mais do que o gosto e se dedicou ao ramo de hote-
no paladar dos consumidores, ganharia credi- laria e turismo, mas não per-
bilidade por sua preocupação com a nutrição. deu sua predileção por ajudar
Foi Henri quem estendeu o significado da pala- a sociedade que o ajudou, e
vra “nutrir” e gravou na essência de sua marca passou até seus últimos dias
de alimentos um conceito que ela traz consigo desenvolvendo importantes
até hoje: o Valor Compartilhado. trabalhos sociais.
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Maio/2011 30
O legado de Henri Nestlé
A saída de cena de seu fundador não im-
plicou na perda da essência da marca. Pelo
contrário, as décadas seguintes deram vazão às
preocupações sociais e mesmo ambientais já
embutidas no ainda não intitulado conceito de
sustentabilidade. Em 2011, a Nestlé comemo-
ra 90 anos de atividades no Brasil, e, em terras
nacionais, sempre mostrou preocupação com
a interdependência entre a empresa e a socie-
dade na qual se inseriu, apoiando o Programa
Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e par-
ticipando ativamente do Codex Alimentarius,
organismo da Organização Mundial da Saúde
(OMS) e da Organização das Nações Unidas
para a Agricultura e Alimentação (FAO), na luta
contra a desnutrição mundial.
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Maio/2011 32
Desenvolvimento com equilíbrio
33 Maio/2011
ATITUDES ONGs
Do meu lixo
cuido EU
A partir da consciência e responsabilidade sobre seu próprio lixo orgânico, pessoas
unem as comunidades para colocar em prática ações de sucesso que passaram
a servir de exemplo para universidades, empresas e outras comunidades. O
movimento “Do meu Lixo Cuido Eu” remete a uma criativa e eficiente cadeia de
produção de alimentos, aliada a práticas de vida “desapegadas” do estresse da vida
cotidiana, como o almoço diário coletivo, que alimenta o corpo e o espírito. Quem
diria que tudo isso poderia ser conseguido por meio do lixo? Esta é a atitude em
verde e amarelo de iniciativa da sociedade desta edição.
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Maio/2011 34
“Q
Animais convivem em ambiente extremamente limpos e sem odores. Eles não são para o abate, e sim para produzir adubo.
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Maio/2011 36
Cláudio Oliver faz questão de ressaltar que
nunca houve uma ideia inicial. Segundo ele,
em nenhum momento eles sentaram e co-
meçaram a planejar um local que se chamaria
Casa da Videira, onde seriam criadas cabras
e plantadas leguminosas. O projeto foi se de-
senvolvendo sozinho, a partir de pequenas
iniciativas. Ele próprio, quando ainda vivia em
um apartamento e dispunha apenas de uma
diminuta sacada, construiu seu aparelho de
compostagem e começou a dar destinação ao
lixo provindo de sua cozinha. Este, aliás, é um
dos primeiros pontos que Cláudio sugere para
uma pessoa que queira diminuir seu consumo
de lixo: começar a comer em casa. Isso e trocar
as sacolas plásticas pelas de papel.
Preparar as refeições dentro de sua pró-
pria cozinha, com a maior frequência possível,
ajuda o indivíduo a ter outra relação com os
restos de alimentos. Cláudio acrescenta que
muitas pessoas não aderem a grande parte
das iniciativas porque não gostam de arcar
com problemas, mas que é dos problemas
que surge a busca por novas soluções. E o mo-
vimento “Do meu Lixo Cuido Eu” foi crescen-
do desse mesmo modo, em um jogo de erros
e acertos, apenas com boa vontade, um bom
projeto e disposição de mudar o ambiente ao
seu redor. Um exemplo que traz grandes bene-
fícios ao mundo e que deveria ser seguido.
Na Quinta, prioriza-se o convívio harmônico entre homem e natureza. Mais que isso, é um lugar pragmático, uma vez que,
se o lixo orgânico de sua vizinhança não tiver destinação correta, o próprio morador sofre as consequências disso.
COMO COMEÇAR?
Em todos os modelos, o princípio é o mesmo.
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Maio/2011 38
atitudes ADMINISTRAÇÃO
D
entro do maior parque estadual do estado de To- O Brasil possui 1.278.190 km2 de unidades de
cantins, o capim dourado brota sob o sol de 30 conservação (UCs), o quarto país em extensão de áre-
graus médios do cerrado. Ele só existe no Jalapão, as de proteção. Mas isso não significa que elas estão
onde as mãos das descendentes de escravos que ali vivem realmente protegidas, pois o Brasil apresenta graves
colhem o capim e confeccionam espetaculares peças de arte- problemas de gestão, principalmente por ter um baixís-
sanato dourado. Veados-campeiros, tamanduás-bandeiras, simo orçamento por hectare e poucos funcionários, se-
antas, lobos-guarás, macacos, onças vivem entre a vegetação gundo um estudo realizado pelo próprio Ministério do
rasteira do cerrado e as matas fechadas no entorno das fas- Meio Ambiente (MMA) em parceria com o Programa
cinantes formações rochosas. Rios transparentes cruzam as das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
dunas deste deserto à brasileira, seco, mas não muito. Belo Muitas UCs encontram-se em estado de abandono,
e hipnótico. Tudo isso é muito bonito, mas vale pouco sem a pois não basta delimitar a terra sem um sistema efi-
capacidade de administrar essas riquezas naturais e culturais. ciente de gerenciamento e fiscalização da área.
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Maio/2011 42
pesquisas geradas na Unidade, entre outras. Além
disso, o sistema colabora para o trabalho de fisca-
lização da área, uma vez que apresenta as rotas de
fiscalização e também os pontos de risco para quei-
madas e pressões externas. E ainda possibilita saber
quais são os programas sociais e ambientais existen-
tes ao redor da UC. Entre as Unidades que já fazem
parte do sistema, estão os Parques Estaduais do Jala-
pão, do Cantão e do Lajeado.
A parceria entre o governo do Tocantins e a ONG
ambientalista TNC tem proporcionado ao estado des-
taque no que se refere à proteção e gestão de Unida-
des de Conservação de Proteção Integral. O acordo
foi firmado em fevereiro de 2008 pelo Governador
Marcelo Miranda e o Diretor de Programa de Conser-
vação das Savanas Centrais da América do Sul, João
Campari. Ao longo de um ano de parceria, a ONG,
com o apoio do Naturatins e da Secretaria de Recur-
SOBRE A TNC
A TNC é uma organização não conservação para a Mata Atlânti-
governamental que desenvolve ca e Savanas Centrais, estabelece
projetos de conservação em mais parcerias com os diversos setores
de 35 países. Atuando no Brasil da sociedade a fim de proteger e
desde 1988, a organização tem a restaurar áreas prioritárias den-
missão de proteger plantas, ani- tro desses biomas. Atualmente,
mais e ecossistemas naturais, pro- a TCN e seus mais de um milhão
tegendo os recursos necessários de membros ajudaram a proteger
a sua sobrevivência. Desenvolve 130 milhões de hectares em todo
Para mais informações, acesse iniciativas como o programa de o mundo.
<www.nature.org/brasil>.
Muralha verde
Com a explosão agropecuária do Centro-Oeste exercendo uma forte pressão
para o desmatamento do sul do Amazonas, governo federal e o governo do
estado lançam o programa Desmatamento Ilegal Zero, com foco nos sete
municípios que compõem uma espécie de barreira final entre o agronegócio
e o coração da Floresta Amazônica. Um trabalho de precisão estratégica tem
sido aplicado para converter conflitos em sinergia entre setores produtivos e
órgãos ambientais.
Vista aérea da floresta ao sul do estado do Amazonas. Uma área ainda bastante
preservada, mas que está ameaçada pelo avanço do desmatamento.
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Maio/2011 44
“H
oje, eu considero Apuí a capi-
tal brasileira do meio ambien-
Foto do presidente do
IBAMA, da secretária do SDS
e do presidente do Ipaam no
aeroporto
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Maio/2011 46
Desenvolvimento com equilíbrio
47 Maio/2011
Se por um lado os agricultores foram quase que
obrigados a desmatar para garantir o direito sobre
Educar para não desmatar
suas terras, por outro lado o exercício de órgãos am-
bientais como o Ibama, cuja missão é evitar crimes Outro foco da SDS é a educação ambiental com o
contra a natureza, também não foi nada fácil, e com programa “Educar para não Desmatar e Queimar”, que
as multas por desmatamento o clima tornou-se cada será realizado em parceria com o Instituto de Desenvol-
vez mais tenso, a ponto de, no ano passado, cogitar- vimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado
-se a intervenção da Guarda Nacional para garantir a do Amazonas (Idam), vinculado à Secretaria de Estado
segurança dos agentes do Ibama, cautelosos diante da da Produção Rural (Sepror); o Sistema Nacional de Pre-
revolta dos agricultores. venção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo),
Diante de manobras inteligentes, principalmente coordenado pelo Ibama; a Federação da Agricultura do
da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável do Es- Amazonas (Faea); o Serviço Nacional de Aprendizagem
tado do Amazonas (SDS), a situação tomou um rumo Rural (Senar); e prefeituras. O programa é direcionado
quase inesperado: a união de esforços para a regula- a produtores rurais e técnicos extensionistas e tem por
rização e contenção do desmatamento, a qual se deu objetivo discutir estratégias para prevenção e controle
na forma de um compromisso, o Cadastro Ambiental do desmatamento e queimadas.
Rural (CAR), que será emitido pelo Ipaam (Instituto de Também vai ocorrer uma interação com produ-
Proteção Ambiental do Estado do Amazonas). “Hoje tores rurais por meio de vídeos-aulas para discutir es-
anunciamos a abertura de um posto do Ipaam aqui tratégias de prevenção e controle do desmatamento e
em Apuí, para nos fazermos mais presentes, onde os queimadas, por meio do programa “Canal Aberto com
agricultores poderão encontrar todas as informações o Produtor”, direcionado a um público de 280 pesso-
sobre o CAR”, informou Ademir Stroski, Presidente do as. Serão formadas, ainda, as “Brigadas em Ação”, com
Ipaam, que deixou esclarecido que “este documento é o objetivo de apoiar a estruturação das brigadas mu-
apenas para a regularização das questões ambientais, nicipais de incêndio no combate ao fogo, prevendo o
e não fundiárias”. treinamento e formação de 210 brigadistas.
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Maio/2011 48
Assentamento agrário do rio Juma
Com 689 mil hectares, o Assentamento Juma pelo governo, pois projetou sobre o mapa áreas
tem capacidade para 7.500 famílias e, segundo o improdutivas, e muitas famílias se viram em si-
Incra, hoje lá vivem mais de 5 mil famílias. Gran- tuação difícil ao tomar posse de suas terras, ten-
de parte destas pessoas foram para lá na década do que posteriormente abandoná-las ou apelar
de 1970, por ocasião da construção da rodovia para o desmatamento para subsistir. Enquanto
Transamazônica, uma das estratégias do gover- cerca de 97% das áreas totais do município estão
no militar para ocupar a região Norte do país. O conservadas, 31% das áreas de assentamento já
assentamento, no entanto, que acabou por dar foram desmatadas, origem da preocupação dos
origem ao município de Apuí, foi mal elaborado órgãos ambientais.
Pressionado pelo avanço da fronteira agrícola, o sul do Amazonas já sofre com o desmatamento.
A chapa tá
esquentando
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e o Met Office Hadley
apresentam relatório que mostra que a Amazônia está se tornando
rapidamente mais seca e mais quente e que existe a possibilidade de
que ela praticamente desapareça em menos de um século se medidas
não forem tomadas para conter o desmatamento.
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Maio/2011 50
Fotos: Revista Novo Ambiente/Oberti Pimentel
Em 2010, o rio Negro, que banha Manaus, atingiu seu nível mais baixo nos últimos
100 anos. No ano anterior, havia atingido sua maior alta neste período.
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Maio/2011 52
A fibra de matamatá é muito resistente e flexível, pode O cupuaçu possui gosto forte e único, apreciado em sucos
ser usada para amarrar qualquer coisa com segurança. e sorvetes. É uma rica fonte de proteína, cálcio e fósforo.
Sargento Cruz torce a palha de pariri de tal forma que suas folhas As sementes do urucum produzem um pigmento natural ató-
tornam-se propícias para a confecção de utensílios e abrigos na selva. xico que pode ser utilizado assim que sua casca é aberta.
Águas
passadas a limpo
Atenta ao fenômeno da urbanização no Brasil e no mundo, a Revista Novo Ambiente
abre a série de reportagens intitulada Vida Urbana com uma visão sobre a água e seus
desafios. Estudos recentes publicados pelo governo federal apontam a possibilidade
de escassez de água em centenas de municípios brasileiros na próxima década caso
não ocorram investimentos importantes e imediatos para garantir o abastecimento.
Ouvimos gestores públicos de dois estados brasileiros – São Paulo e Rio de Janeiro –
que têm papel-chave nas soluções possíveis contra uma seca generalizada no futuro
próximo, já que abrigam nada menos que 30% da população nacional. O pioneirismo de
um e o dinamismo de outro são exemplos de gestão dos recursos hídricos e, como um
rio, podem desaguar boas notícias para as gerações futuras.
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Maio/2011 54
,
O volume total
de água na Terra é de
cerca de 1.400 milhões
de km3. O volume de
recursos de água doce é
de cerca de 35 milhões
de km3, ou cerca de 2,5
% do volume total.
,
Da água potavél existente no
planeta muito pouco esta acessivel
e desse pouco a maior parte é utiliza-
Fonte: UNWater Statistics da de forma irracional.
SÉRIE
Principais rios e bacias
do Brasil
Bacia Tocantins-Araguaia
Bacia Amazônica Palco de paisagens paradisíacas, abriga a
A mais extensa do mundo, passa por sete ameaçada e “famosa” Ilha do Bananal, também
estados brasileiros – Acre, Amazonas, Ama- chamada de a “maior ilha fluvial do mundo”.
pá, Rondônia, Roraima, Pará e Mato Grosso Com biodiversidade única e responsável por
–, e quase 65% de sua extensão total fica embelezar o “deserto brasileiro” do Jalapão, faz
no Brasil. Também está presente em outros suas águas presentes em cinco estados (Goiás,
6 países – Colômbia, Peru, Bolívia, Equador, Tocantins, Pará, Mato Grosso, Maranhão) .
Guiana e Venezuela. São quase 7 mil km de
extensão da nascente no Peru até a foz no
Oceano Atlântico, e sua largura média (dis-
Bacia do Paraná
tância entre margens) é de 5 km.
Tem posição estratégica no território na-
cional, ocupa 32% da população brasileira e
está presente (divisas) nos estados do Paraná,
Bacias do Nordeste Santa Catarina, São Paulo, Mato Grosso do Sul,
Na região dos estados do Maranhão e Minas Gerais, Goiás, e Distrito Federal. Recebe
Piauí, abrange também uma parte do Pará, o nome do rio que é seu principal formador, o
e integra uma área com 233 municípios. Nos rio Paraná. Sua importância se destaca ainda
demais estados da região (Ceará, Rio Grande pelo número expressivo de usinas hidrelétricas
do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas), instaladas na região: 176, dentre elas, Itaipu,
a dimensão reduzida dos rios acarreta baixa Furnas, Porto Primavera e Marimbondo.
disponibilidade hídrica em relação à deman-
da local, formada por muitos municípios e
significativo parque industrial. Bacias do Atlântico Leste
Desde estados nordestinos (Bahia, Ser-
gipe), até o Sudeste, região mais populosa do
Bacia do São Francisco país. Por isso, a região hidrográfica possui gran-
O “Velho Xico” é conhecido também de importância no cenário econômico nacio-
por seu papel de integração nacional, tem nal. Por ser a mais populosa e industrializada,
mais de 2.700 km de extensão e função im- a região tem uma grande demanda de água
portante no transporte hidroviário, fazendo (10% do total nacional), sendo 41% para a área
ligação entre a região Sudeste (a partir de urbana e 15% para a área industrial.
Minas Gerais) e o Nordeste (Bahia, Sergipe,
Alagoas, Pernambuco) e ainda abriga 33 usi-
nas hidrelétricas em operação.
Bacia do paraguai
Sua bacia integra a grande Bacia do Prata
Bacia do Sul ao juntar com as regiões hidrográficas do Para-
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do ná e Paraguai. Com 2.200 km de extensão, o rio
Sul integram a região da bacia que vai até Uruguai nasce da junção dos rios Pelotas, Peixe
o extremo sul do país, no Arroio Chuí. Nela e Peperi-Guaçu. Além de ter grande potencial
predominam rios de pequeno porte que es- hidrelétrico, também atende a agroindústria.
coam para o mar. Os de maior porte encon-
tram-se no Rio Grande do Sul.
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Maio/2011 56
Fonte: Plano Nacional de Recursos Hídricos
Fotos: Revista Novo Ambiente/Alex Hekavei
Faltará água no
Brasil em 2025?
O Brasil precisará investir R$ 22 bilhões nos próximos anos para evitar
que mais da metade de seus municípios tenham problemas com o déficit
no abastecimento de água. O diagnóstico é da Agência Nacional de Águas
(ANA), que, com o perdão do trocadilho sobre o desperdício, jogou um
balde de água fria nos setores mais otimistas, responsáveis pela visão de
que o Brasil não precisa se preocupar com a oferta de água, dado o seu
potencial hídrico.
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Maio/2011 58
O Atlas Brasil, divulgado pela Agência, acen- Belo Horizonte, Porto Alegre e o Distrito Federal,
deu a luz de alerta ao revelar que mais de 55% as quais representam 71% da população urbana
dos 5.565 municípios brasileiros podem enfrentar do país, ou seja, 125 milhões de pessoas, já consi-
falta de água até 2015. Isso quer dizer que 3.059 derando o aumento demográfico registrado pelo
municípios precisam de investimentos prioritários IBGE. Por isso é que, dos R$ 22,12 bilhões previs-
no setor, sobretudo em obras nos mananciais e tos pelo Atlas Brasil como necessários até 2025 no
nos sistemas de produção. Caso essas obras não setor de abastecimento, 75% se referem às grandes
sejam concluídas até o ano de 2015, o déficit no regiões metropolitanas e de adensamento popula-
fornecimento de água será inevitável a partir de cional, sobretudo nos sistemas integrados da região
2025. O maior problema se concentra em grandes Nordeste e no Sudeste. Os 25% restantes estão para
cidades, como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, municípios de até 50 mil habitantes.
Foto: Revista Novo Ambiente/Oberti Pimentel
Rios da Amazônia, como o Negro, tem sofrido grandes secas na última década.
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Investimentos
Serão necessários investimentos na ordem
de R$ 70 bilhões até o ano de 2025 para obras
de água e esgoto, sobretudo nas regiões Norte
e Nordeste. Na Amazônia, por exemplo, região
que concentra 81% do potencial hídrico do
país, menos de 14% da população urbana da
região tem acesso a um bom sistema de abas-
tecimento. A região requer investimentos de
R$ 1,9 bilhão.
No Nordeste, o percentual da população
sem um abastecimento satisfatório de água
sobe para 18%, situação que se agrava porque
a região também concentra os maiores proble-
mas com disponibilidade de mananciais, por
conta da escassez de chuvas.
Amazonas e Pará necessitam, segundo o
levantamento da Agência Nacional de Águas,
de R$ 1,5 bilhão de investimentos no setor, o
que representa 77% dos investimentos do Nor-
te, destinados a 167 centros urbanos. Belém
e Manaus ficariam com R$ 756,7 milhões, ou
seja, 39% do montante para toda a região. Já
Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e Pernambu-
co somariam 51% dos investimentos em obras
concentradas em 730 cidades.
Com 399 municípios e uma população de
8,9 milhões de habitantes, o Paraná, conforme
descreve o levantamento, está inserido, em
sua maior parte, na Região Hidrográfica do Pa-
raná. Os municípios que são abastecidos exclu-
sivamente por mananciais superficiais repre-
sentam 22% e estão concentrados nas porções
leste e sul do estado.
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Maio/2011 62
do sistema de produção da Estação de inauguração das obras em São Paulo. décadas em que o estado cresceu
Tratamento de Água (ETA) Taiaçupeba E no Rio de Janeiro, um amplo sem cobertura de saneamento bási-
(primeira Parceria Público-Privada da programa da Secretaria de Estado do co, que é fundamental para a saúde
Sabesp, a chamada PPP Alto Tietê, fir- Ambiente (SEA), o Pacto pelo Sanea- das pessoas”, disse Cabral à época do
mada em 2009 com a Galvão Engenha- mento, tem a meta de dobrar a coleta lançamento do pacto.
ria S.A. e a Companhia Águas do Brasil, e o tratamento de esgoto em todo o Um ponto é claro como o líquido
por meio de uma sociedade para fins estado (de 30% para 60%) em um pra- da vida: é preciso trabalhar, e rápido,
específicos que criou a Cabspat – um zo de quatro anos. O Governador Sér- para garantir água para as gerações
investimento de R$ 300 milhões), mais gio Cabral lançou o programa no início de um futuro muito próximo. Para
cinco novas adutoras e três novas esta- de 2011, e os investimentos totais po- se ter uma ideia geral dos desafios a
ções elevatórias de água. dem chegar a R$ 5 bilhões. serem enfrentados e das ações em
“Essa inauguração é muito impor- “Estamos resgatando uma dívida andamento para resolvê-los, nossas
tante. Vai dar uma grande tranquilida- histórica das autoridades com a po- equipes entrevistaram gestores públi-
de para não ter falta de água no perío- pulação do Rio de Janeiro. Estamos cos no Rio de Janeiro e em São Paulo
do da seca nos bairros mais distantes, fazendo o mesmo na Baixada e em responsáveis pelos projetos e pro-
nas regiões mais altas das cidades da São Gonçalo. Recuperar os investi- gramas que podem mudar o cenário
Região Metropolitana de São Paulo”, mentos em saneamento. Estamos atual e garantir a “água de beber” do
disse Alckmin durante o evento de em busca do tempo perdido. Foram amanhã.
Represa Billings, que abastece grande parte da população da Região Metropolitana de São Paulo.
Fotos: Revista Novo Ambiente/Alex Hekavei
O
engenheiro civil demonstra seguran- sentido de garantir a disponibilidade dos recursos
ça e vai direto ao ponto logo no iní- hídricos para as próximas gerações”, disse Giriboni
cio da conversa: “Hoje, no estado de ao comentar a questão levantada pelo Atlas Brasil,
São Paulo, nós temos algumas bacias que apre- da Agência Nacional de Águas (ANA).
sentam já uma redução em sua disponibilidade, “Nós temos que fazer a gestão do uso da
estão com um nível de produção menor do que água, e algumas ações importantes precisam
o mínimo recomendável. Algumas produzem bem ser feitas. No planejamento, para aumentar essa
menos, o que é um problema, principalmente disponibilidade, sobretudo quando falamos da
na questão da Bacia do Alto Tietê”, alerta Edson macrometrópole (região da Grande São Paulo),
Giriboni, Secretário estadual de Saneamento e que representa 70% da população do estado”,
Recursos Hídricos, sobre um dos principais desa- acrescenta.
fios de sua gestão, mas reforça também que São No reúso, por exemplo, um novo programa in-
Paulo é “pioneiro” no assunto e que “possui uma centiva o tratamento de esgoto para gerar água a
grande agenda ambiental”. ser utilizada para fins industriais, como já aconte-
Pelas palavras do Secretário e pela quantida- ce, segundo o Secretário, no Polo Petroquímico de
de de informações disponíveis, não faltam proje- Capuava, na região do ABC Paulista.
tos e programas de governo. São programas de Outro programa que figura entre os maiores
recuperação de mananciais, córregos, rios, reser- de saneamento do Brasil, o Projeto Tietê, acaba
vatórios, coleta e tratamento de esgoto, reutili- de entrar em sua terceira fase (veja box) e repre-
zação de água para fins industriais, atendimento senta um dos principais desafios não só para o
a pequenos municípios e combate a enchentes, estado de São Paulo como para todo o Brasil, já
apenas para citar alguns. que é um rio que passa por uma metrópole que
“Tanto no Brasil como no estado de São Pau- “é de todos”. Sua despoluição já se tornou uma
lo, vejo que é preciso tomar todas as medidas no questão de honra.
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Maio/2011 66
O rio Tietê tem uma característica diferente em relação
a outros rios, que normalmente nascem no interior e desá-
guam no oceano Atlântico: suas águas fazem o caminho con-
Projeto Tietê trário, correm para o interior do estado, após nascer na Serra
do Mar, próximo ao município de Salesópolis.
Parceiros:
Cetesb
Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE)
SOS Mata Atlântica
Limpa na origem
A água que abastece milhões de habitantes das concentrações urbanas muitas
vezes viaja centenas de quilômetros por grandes rios ou pequenos córregos até
matar nossa sede. Manter sua qualidade na origem é comprovadamente mais
barato do que ter de despoluir antes de abastecer as residências, a indústria e a
agricultura, além de ser um gesto de respeito à natureza. Os municípios têm seu
papel nesta lógica, e sua participação é necessária. Os programas Limpa Rio (RJ)
e Água Limpa (SP) andam de mãos dadas com as cidades para alcançar a meta da
despoluição universal dos recursos hídricos.
O estado quer proteger milhares de nascentes de água potável, como esta no interior de São Paulo, em Bonsucesso do Itararé.
Enquanto a universalização do saneamento no O programa apresentou resultados que levaram
Brasil não for conquistada, os recursos hídricos se- o atual Governador, Sérgio Cabral, a solicitar sua am-
guirão sofrendo as consequências desta deficiência pliação. Ao trabalhar em parceria com as prefeituras,
estrutural. Os números já foram colocados; os pra- uma nova realidade surge na gestão das águas. “Atu-
zos, estipulados; as necessidades, apontadas. amos junto às prefeituras para as contrapartidas am-
Sanear significa “tornar higiênico, remediar, tor- bientais, fazendo com que elas passem a encampar
nar habitável, sanar”, segundo os dicionários. A re- reflorestamentos e fiscalizem a mancha urbana que
levância do saneamento para a qualidade de vida e por vezes invade as áreas lindeiras ao rio, se necessá-
o meio ambiente extrapola suas faces perceptíveis. rio fazendo reassentamentos. Inclusive, esta é uma
Impactos intangíveis, e positivos, como na saúde questão tão fundamental que, em determinados ca-
pública, são notórios. Para cada US$ 1 investido em sos, estamos condicionando a continuidade do pro-
saneamento, mais de US$ 4 são economizados na grama na área à apresentação, por parte delas, des-
saúde pública, e a afirmação vem da Organização das tes resultados”, acrescenta Marilene Ramos.
Nações Unidas (ONU) e do Instituto Trata Brasil, que
já desenvolveram diversas pesquisas e estudos que
corroboram a informação.
Além da saúde, o meio ambiente igualmente é
beneficiado ao poder seguir com seus cursos de água
e mananciais limpos, respeitados. Entretanto, esta Água Limpa | SP
não é, ainda, uma realidade. Muitos municípios bra-
sileiros contam com rede coletora de esgotos, mas
não possuem sistemas de tratamento, o que significa No estado vizinho e mais populoso do Brasil,
que o esgoto é despejado bruto na água que os cir- outro programa foi desenvolvido, também pelo go-
cunda, atravessa ou simplesmente contempla. É uma verno estadual, para enfrentar o problema na fon-
agressão grave à natureza e um comprometimento te, ou melhor, nos municípios com até 50 mil habi-
da qualidade da água para abastecimento futuro. tantes. O Água Limpa tem como objetivo principal
implantar sistemas de tratamento de esgotos em
municípios pequenos que não são atendidos pela
Companhia de Saneamento Básico do Estado de
São Paulo, a Sabesp.
Fundamental sob vários aspectos que tangem à questão ambiental no Rio de Janeiro, o Instituto
Estadual do Ambiente tem uma nova presidente. Elegante, assertiva, diligente e simpática, Marilene
Ramos conversou com uma das equipes da Revista Novo Ambiente, demonstrando parte do profundo
conhecimento de uma das maiores autoridades do país quando o assunto são os recursos hídricos, sua
preservação e seu uso eficiente.
Conhecemos seu comprometimento com as ques- lecemos uma parceria com o FunBio, que é o Fundo
tões ambientais, em especial às relativas à água, Brasileiro para a Biodiversidade, o que por si só já dá
aos recursos hídricos. Agora à frente do Inea, o que uma ideia da agenda intensa que teremos pela fren-
podemos esperar da sua gestão? te nas questões afetas à biodiversidade e sua prote-
Entre os principais desafios está o de gerir o nosso ção. Por outro lado, o Estado está experimentando
grande patrimônio ambiental, que ao mesmo tempo um momento de desenvolvimento econômico muito
é um ativo econômico. Temos um conjunto de par- grande, o que se reflete em um esforço de licencia-
ques estaduais maravilhosos, de unidades de con- mento e fiscalização ambiental. Em relação a estes
servação, que vem crescendo, pulou de 120 mil hec- procedimentos, evoluímos muito. Outra atribuição
tares no início de 2007 para quase 200 mil hectares que particularmente julgo muito importante é a re-
em 2011, considerando somente as unidades de con- cuperação ambiental. Estou assumindo o Inea com
servação integral. Para auxiliar na execução de todas uma carteira de projetos com recursos já assegura-
as ações, criamos o “Fundo Mata Atlântica”, estabe- dos, que somam mais de R$ 600 milhões.
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Maio/2011 70
Já que você falou em recuperação de passivos, o Ainda falando sobre os recursos hídricos, o maior projeto
Inea tem um programa interessante, o “Limpa Rio”, que vocês tem em termos de investimentos hoje é o do
que executa dragagens e obras de limpeza de cor- Iguaçu. Quais são as premissas dele?
pos hídricos, não? O Projeto Iguaçu é o mais abrangente projeto que temos em
É um programa que nós criamos em 2007. Trata- andamento, pois ele trata da recuperação da bacia hidro-
-se de um programa inovador, cujos objetivos, res- gráfica da Baixada Fluminense. É uma área extremamente
peitando a dinâmica hidrológica, são permitir me- ocupada, com mais de 3 milhões de habitantes e que vinha
lhores condições de drenagem e a viabilização da sofrendo constantemente com inundações, perdas de bens
subsistência do ecossistema aquático. É uma de- materiais, prejuízos à saúde da população e até mesmo, em
manda enorme. Por isso, atuamos junto às prefei- alguns casos, perda de vidas. Foi contemplado na primeira
turas para as contrapartidas ambientais, de forma fase do PAC 1, quando o governo federal repassou R$ 270
parceira, fazendo com que elas passem a encam- milhões para que executássemos dragagens, a desocupação
par reflorestamentos e fiscalizem a mancha urba- das margens, a recuperação das nascentes e a construção
na que por vezes invade as áreas lindeiras ao rio, de habitações para fazer o reassentamento. Até o momento,
se necessário fazendo reassentamentos. foram retirados mais de 4 milhões de metros cúbicos de lixo,
lama e detritos diversos e reassentadas mais de 2 mil famílias.
Até por uma questão de riscos a estas populações... Procedemos à limpeza dessas áreas e, para garantir que elas
Sem dúvida, mas também pela questão ambien- não fossem reocupadas, criamos uma série de equipamentos
tal, de termos o corpo hídrico mais equilibrado. públicos, tais como ruas marginais, ciclovias, parques, praças.
Limpa Rio: de 2008 até agora, mais de 5,1 Toneladas de Lixo foram retiradas.
Um plano urbanístico, pode-se dizer? Além de ser uma garantia de abrangência na fisca-
Exatamente, que inclusive resultou na valorização lização dos próprios serviços...
dos imóveis da região. Foi considerado na época, pelo Perfeitamente. E há uma característica, por
Ministério das Cidades, como o melhor projeto do exemplo, de que o pagamento somente cabe
PAC nas áreas de saneamento e urbanismo. quando o usuário capta água diretamente do rio
ou que lança nele efluentes para diluição, mes-
Há um trabalho seu, uma tese, intitulada “O impacto da mo que tratados. Quem paga é o setor industrial
cobrança pelo uso da água no comportamento do usuá- e as concessionárias de saneamento. Quando
rio.” Esta é uma questão que está também associada ao isso era feito sem nenhum tipo de taxação, a
saneamento. Neste contexto, existe o chamado “Pacto quantidade de água captada era indiferente, o
do Saneamento”, você poderia detalhar melhor? que sem dúvida resultava em desperdício. A co-
Bem, a “cobrança pelo uso da água” é um instrumento brança é valiosa também sob o viés da educação
que o estado do Rio de Janeiro está usando de forma ambiental. A cobrança se conecta ao Pacto pelo
bastante intensa e avançada em relação aos demais Saneamento a partir do momento em que hou-
estados do país e ao próprio governo federal. Nós con- ve a constatação de que a situação sanitária do
seguimos, por meio de leis e decretos, aumentar a ar- Rio de Janeiro é incompatível com sua situação
recadação de R$ 3 milhões para R$ 40 milhões ao ano. econômica. O Rio é a segunda maior economia
Estes recursos são aplicados pelo Inea junto aos comi- do Brasil, e tem que conviver com esgoto sem
tês das bacias hidrográficas, fazendo uma verdadeira tratamento e lixões, como se estivesse na Idade
gestão participativa da águas, atendendo plenamente Média. Logo, o Pacto pelo Saneamento foi uma
ao que preconiza a lei federal de recursos hídricos. A declaração que o governo do estado na figura
cobrança pelo uso da água é um dispositivo inovador, é do Governador Sérgio Cabral e toda sua equipe,
um instrumento econômico de gestão ambiental. fez de romper com esta situação.
O departamento responsável por boa parte da “engenharia hídrica” capaz de manter o estado de São
Paulo em lugar de destaque quando o assunto é gestão dos recursos hídricos também é responsável
pelas outorgas de uso da água dentro das diretrizes da Política Estadual de Recursos Hídricos. Seu
Superintendente, Alceu Segamarchi Junior, recebeu uma equipe da Revista Novo Ambiente para uma
entrevista exclusiva, demonstrando otimismo para o futuro dos recursos hídricos em terras paulistas.
Quais são as metas do programa Água Limpa? o Banco Interamericano de Desenvolvimento, o finan-
São pouco mais de 200 municípios, e já traba- ciamento da primeira parte do Parque Várzeas do Tie-
lhamos em 70, e a meta é atender todos até 2014. tê. São US$ 200 milhões para criar um parque linear
Como boa parte dos nossos municípios capta água de 75 km. Sua primeira fase tem duração prevista de
diretamente dos rios para abastecimento, eles têm cinco anos. Seu primeiro núcleo, de um total de 33, já
que tratá-la, e o custo de tratamento com uma água está pronto, no Parque Ecológico do Tietê, que é o início
mais limpa é menor. Só traz benefícios. Inclusive, do Parque Várzeas do Tietê. E só na primeira fase serão
neste projeto embutimos uma sala para ser um espa- realocadas mais de 5 mil famílias que moram nas várze-
ço de Educação Ambiental com crianças da cidade, é as, que são áreas de inundação. O projeto é justamente
muito bacana e dá muito certo. para preservar as várzeas e as nascentes. É um projeto
E os projetos? muito grande e inclui o controle da qualidade da água,
Estou assumindo o Inea com uma carteira de pois é do Tietê que saem várias captações e o controle
projetos com recursos já assegurados, que somam das enchentes, pois uma várzea limpa e desimpedida
mais de R$ 600 milhões. Estamos falando de toda serve de reserva de chuvas. É um projeto para 11 anos.
a parte de recuperação de bacias hidrográficas, de E o plano 300%?
controle de inundações, de esgotamento sanitá- Como disse o Governador Geraldo Alckmin, esta
rio, de descontaminação de áreas e remediação de é a meta: 100% de tratamento de água, 100% de co-
lixões. Enfim, é uma vasta gama de obras voltada à leta de esgoto e 100% de tratamento de esgoto. E es-
recuperação de passivos ambientais. tamos muito próximos de conseguir. Não é fácil, pois
Outro programa de grande porte é o Parque Vár- depende muito do poder público municipal. Mas in-
zeas do Tietê. Como andam os trabalhos? clusive preparamos um plano para orientar os traba-
Foi aprovada faz poucos dias no plenário do Se- lhos posteriores das prefeituras, e vamos conseguir
nado a nossa autorização para assinar o contrato com alcançar os 300%.
Foto: Divulgação
Transporte coletivo:
romper o círculo com
sustentabilidade
O reajuste aplicado à tarifa do transporte cole- por ano só em deslocamento. O assunto ainda repercu-
tivo de Curitiba/PR de R$2,20 para R$2,50 expõe no- te de forma limitada, como se a questão do transporte
vamente os dilemas do transporte público no Brasil: a só dissesse respeito à parcela da população que depen-
redução no número de passagens pagas, excluídas as de de ônibus, fiel ao transporte, muitas vezes, por falta
isenções, acarreta novos problemas para o sistema, de alternativa. É um problema de todos, na medida em
evidenciando uma questão que ocupa espaço central que o transporte urbano é elemento estruturante da
entre as preocupações dos administradores das gran- vida econômica e social das cidades e afeta as condições
des cidades, que é o modo como tornar o transporte de mobilidade.
coletivo atraente para um maior número de pessoas. É A renda da população brasileira não cresceu na
um problema que envolve temas cada vez mais urgen- mesma proporção dos reajustes aplicados às tarifas
tes na agenda mundial, como a sustentabilidade, a mo- de transporte coletivo urbano. O transporte passou a
bilidade urbana e a emissão de substâncias poluentes. consumir fatias cada vez maiores do orçamento fami-
Muitas cidades brasileiras estão presas a um círculo liar – mais de 30% – e deixou de ser atrativo para quem
vicioso: não conseguem atrair mais passageiros para o tem outros meios de deslocamento. Dados do Instituto
transporte coletivo porque as passagens são caras, e não de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostram que
podem conter os aumentos das tarifas porque a perda de mais de 55 milhões de pessoas no país não têm renda
passageiros ameaça a equação econômico-financeira do suficiente para arcar com o custo da tarifa de ônibus. A
sistema. O resultado desse círculo é danoso: de um lado, queda na demanda e o aumento nos tempos de viagem
há cada vez mais brasileiros deslocando-se a pé por ab- elevam os custos das operadoras de transporte, alimen-
soluta incapacidade de pagar a passagem de ônibus, e tando outro círculo, este ruinoso: custo maior, tarifa
com isso o transporte, fundamental para a inclusão social, mais alta, demanda menor. Naturalmente, essa é uma
assume papel excludente; de outro lado, aumenta o nú- questão que envolve múltiplos aspectos além do custo
mero de pessoas que utilizam automóveis, contribuindo do transporte. Há barreiras culturais, problemas geren-
para a formação de engarrafamentos, com todos os cus- ciais e limitações na infraestrutura urbana que precisam
tos decorrentes (econômicos, ambientais, relativos à qua- ser enfrentados. Mas dificilmente medidas de outra na-
lidade de vida). tureza serão suficientes se não forem encontradas for-
A Rede Globo divulgou estudo que mostra que o mas de tornar o transporte coletivo mais barato.
usuário de ônibus em São Paulo gasta quase um mês Apresentei na Câmara dos Deputados, na legislatu-
ra passada, uma série de projetos prevendo mudanças urbano como forma de reduzir o volume de carros nas
na tributação de insumos utilizados no transporte co- ruas centrais. Modelos bem-sucedidos em determinados
letivo, reduzindo a alíquota de ISS e ICMS e a isenção países nem sempre se aplicam a outros. É preciso anali-
de PIS/Cofins nos itens que compõem os insumos do sar, além de aspectos técnicos, o custo-benefício de cada
transporte e a redução da Cide sobre o diesel. Um es- solução.
tudo da Associação Nacional das Empresas de Trans- Um exemplo: depois de arquivar, por falta de fi-
portes Urbanos (NTU) indica que entre 1998 e 2008 nanciamento, o projeto do metrô elevado que correria
o peso do diesel na composição das tarifas saltou de sobre o trecho urbano da antiga BR-116, a prefeitura
10,3% para 25%. Portanto, uma redução na carga tri- de Curitiba partiu para a busca de um novo modelo de
butária incidente sobre esse insumo certamente teria transporte que pretende implantar nas canaletas do
impacto significativo sobre as tarifas. A expectativa é eixo Norte-Sul. Qualquer investimento dessa propor-
que dos debates resulte solução favorável à desonera- ção exige clareza, como a dimensão origem/destino
ção do transporte, associada a mecanismos que asse- dos usuários. Fundamento, pois afeta a capacidade de
gurem sua repercussão sobre as tarifas, estabelecendo endividamento do município e representa necessidade
condicionantes para a concessão dos benefícios, como de subsídio para a tarifa. É preciso mobilizar a socieda-
transparência nos contratos de concessão, garantia de de para o debate. Numa realidade urbana cada vez mais
qualidade na prestação de serviços, uso de tecnologias complexa, é urgente que os sistemas públicos de trans-
com menor potencial poluidor. Em qualquer caso, a re- porte sejam tratados como prioridade, o que exige ação
dução das alíquotas só pode ser aplicada para as em- conjunta entre todos os níveis de governo.
presas que firmarem compromisso de ajustamento de O governo federal – que se distanciou do problema
conduta, visando assegurar a repercussão, nas tarifas, do transporte urbano a partir de 1988, quando a Consti-
da diminuição da carga tributária. tuição Federal outorgou aos municípios a competência da
Grandes cidades brasileiras vivem séria crise de gestão do setor – deve assumir postura de apoio efetivo
mobilidade, com problemas como congestionamentos, às prefeituras. O tema enquadra-se em qualquer priori-
altos índices de acidentes de trânsito e degradação das dade, ao lado do assustador sentimento de insegurança,
condições ambientais. Estes índices tendem a agravar da qualidade da saúde e sob a ótica do desenvolvimento
com os dados do Censo 2010/IBGE: 84,5% da popula- sustentável, que deixa de ser sinônimo de crescimento de
ção mora em áreas urbanas, concentradas nas maiores alguns setores para se transformar em proposta de aper-
metrópoles. O poder público precisa renovar-se. Supe- feiçoamento contínuo de múltiplos fatores que influen-
rar-se. Capacidade de encontrar soluções viáveis. Ana- ciam o bem-estar social. Atender às necessidades sem
lisar a eficiência do transporte público, que tem proble- comprometer o futuro.
mas estruturais, avaliando a equação custo-qualidade Com o conceito de sustentabilidade estratégica e go-
do serviço. vernança. O conforto urbano com suas novas emergên-
Em muitas capitais, os números relacionados à ope- cias. As cidades estão sempre em transformação e, ao
ração desses sistemas são guardados em verdadeiras analisar características de cidades sustentáveis, destaca-
“caixas-pretas”. Abri-las é fundamental. Também é ur- -se que, além da qualidade da água e do ar, política de
gente pensar em novos modais, capazes de aumentar a energia, base de conhecimentos e inovação da cidade,
eficiência do transporte coletivo, tornando-o atraente e há a importância da análise do trajeto casa-trabalho com
garantindo que seja acessível a quem mais precisa para boa conectividade e o potencial de congestionamento do
estancar o processo de agravamento desses problemas. transporte de massa. É uma discussão que parece avan-
Evitar que cheguemos, um dia, ao ponto de adotar solu- çar para o bem não apenas de quem vive nas grandes ci-
ções drásticas – como fez Londres ao instituir o pedágio dades, mas também do meio ambiente e do país.
ECONOMIA IBGC
Governar a si mesmo
Para ser genuinamente sustentável, uma empresa precisa investir em boas práticas
de gestão. Hoje, a governança corporativa compõe a base de sustentação para
negócios mais lucrativos, eficientes e justos com a sociedade e o meio ambiente.
Uma entidade, o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa – IBGC, atua há
mais de 15 anos pela difusão das boas práticas de governança no Brasil e na América
Latina e reúne algumas das principais ideias deste conceito em um guia.
Q
ue para ser sustentável uma empresa os acionistas (proprietários) e executivos pode ganhar
precisa “respirar” o conceito que se ba- o equilíbrio fundamental para que a sustentabilidade
seia no tripé dinheiro-pessoas-meio am- faça parte do cotidiano do negócio, seja ele qual for.
biente, muitos já sabem. No entanto, na hora de pôr A governança corporativa é mais que uma boa intera-
em prática as ações capazes de fazer a empresa sair ção entre interesses, é também uma importante fer-
da teoria e entrar na prática e assim ser mais lucrati- ramenta de gestão de riscos. Gerir riscos e adiantar-se
va, respeitada e benéfica para o planeta é que as coi- ao futuro é, de certa forma, garantir que a reputação
sas se complicam. da empresa agregue valor a partir da percepção positi-
Entre os desafios que surgem na caminhada rumo va de seus negócios perante a sociedade.
à sustentabilidade empresarial, um pode ser especial- Hoje não faltam exemplos de empresas que viram
mente complicado: a relação entre o proprietário da seus lucros despencar para prejuízos abissais, princi-
empresa e o executivo contratado para gerir o dia a dia palmente por terem sua reputação abalada, como no
da companhia. É nesta relação que entra a governança caso da British Petroleum (BP) após o derramamen-
corporativa, termo que ganhou força a partir dos anos to de mais de 700 milhões de litros de óleo no Golfo
1990 no mundo empresarial e nos ambientes de negó- do México; ou da operadora das usinas nucleares de
cios. Basicamente, é por meio dela que a relação entre Fukushima, no Japão, a Tepco (Tokyo Electric Power
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Ilustração: Revista Novo Ambiente/Marco Jacobsen
77 Maio/2011
Desenvolvimento com equilíbrio
Fotos: Divulagação/IBGC
A governança corporativa permite
às empresas refletirem sobre o seu
próprio negócio.
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Maio/2011 78
internacional pioneira na concepção de modelos de
relatórios, sobretudo de sustentabilidade, hoje am-
plamente divulgados periodicamente pelas compa-
nhias de diferentes ramos de negócios.
“A governança corporativa permite às empresas re-
fletirem sobre o seu próprio negócio”, acrescenta Lessa,
“e a partir disso podem escolher indicadores presentes
no modelo GRI, que são de governança, sociais e am-
bientais, e implementar ferramentas de gestão para
relatar estas informações, ao mercado e à sociedade”.
Toda empresa tem governança, que pode ser
melhor ou pior, nas palavras do especialista. “Quan-
do falamos de governança, estamos falando de
boas práticas”, comenta o representante do IBGC.
Mais que adotar as boas práticas, a governança é
um processo em constante evolução para um mer-
cado igualmente em transformação. Em essência,
ela demonstra a capacidade de gestão interna e
externa do negócio e pode servir de exemplo até
mesmo para o setor público. Afinal, o ativista polí-
tico e pacifista Gandhi já alertava: “Aquele que não
é capaz de governar a si mesmo não será capaz de
governar os outros.”
Traçando
uma meta
O lápis era como um cinzel nas mãos daqueles que
queriam começar a esculpir seu conhecimento. Mas, mesmo
envolvida nessa sublime inocência, a indústria dos lápis também
podia acompanhar uma exploração predatória de madeira. De
alguns anos para cá, as fábricas focaram sua preocupação em
regulamentar sua produção para reduzir os danos ambientais.
Entre essas, a famosa Faber-Castell, que com cinco ou seis retas fez
seu castelo sobre o mercado mundial de lápis.
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Maio/2011 80
U
ma criança fazendo desenhos sobre um o objetivo for de fato levar o dano ambiental a esca-
papel, cercada por suas dezenas de lápis las cada vez menores, apenas o reflorestamento não
coloridos. A imagem parece tão singe- garantiria isso. Seria necessário, para a sustentabili-
la que é difícil ver qualquer tipo de mal na situação dade da produção, o manejo florestal que garantis-
toda. Mas as crianças cresceram, e aquela ferramen- se que o ecossistema não tivesse sua biodiversidade
ta tão útil de sua infância hoje representa algo dife- afetada pelas áreas inicialmente desmatadas.
rente. Representa números. E a criança inocente que No ano de 2011, o Ano Internacional das Flores-
via uma mudança significativa em transformar uma tas, a alemã Faber-Castell anuncia ao mundo a rea-
folha branca em um desenho agora quer ver as coi- lização de um grande objetivo ecológico: de toda a
sas saírem do papel. madeira utilizada nas fábricas, 95% são provenien-
Quando um pinheiro (Pinus caribea) está com tes de meios sustentáveis e certificados pela maior
cerca de 15 anos, ele é cortado e começa sua me- autoridade internacional no assunto, a FSC (Forest
tamorfose. A árvore é transformada em tiras muito Stewardship Council, ou Conselho de Manejo Flores-
finas, misturada a corantes e a compostos que a tor- tal). No Brasil, a empresa adquiriu terras que já ha-
nem mais macia, e, ao final do processo, um pinheiro viam sido desgastadas pela criação de gado para que
se transformará em uma quantidade que pode variar se fizesse a plantação. Seus produtos teriam passado
O Gigante do Norte
Nossa paixão pelo Brasil nunca foi segredo para o leitor, que é nosso principal
cúmplice nos milhares de quilômetros que nossas equipes de reportagem percorrem
pelo território nacional. Não há um só estado em que não estivemos neste último
ano, quase mil cidades brasileiras, mostrando todos os nossos biomas, nossas áreas
produtivas, a indústria, os transportes e a tecnologia nacional. E, agora, a Revista
Novo Ambiente traz para você um passeio pelos EUA, uma referência mundial, que
com ou sem crises continua criando soluções como nenhuma outra nação.
U Detroit
ma visão pragmática do país do prag-
matismo. Bom em negociações finan-
ceiras, é também pioneiro em solu-
Chegamos aos EUA via Detroit, a célebre ci-
ções ambientais, embora não seja lá o melhor
dade dos automóveis, onde Henry Ford criou a
exemplo disso enquanto Estado, tanto que não
linha de montagem e onde se concentra a indús-
quis assinar o Protocolo de Kyoto para não afetar
tria automotiva americana, e proclamada em
sua economia e não quis assumir compromissos
1929 pela revista Outlook como “a cidade mais
com causas como o aquecimento global. Curio-
moderna do mundo, a cidade do amanhã”. Os
samente, foi a partir de imagens da Nasa que os
sinais da decadência das últimas décadas são
próprios americanos fizeram os primeiros alertas
avassaladores, mas também há mostras de que
sobre o efeito estufa. E é de lá que o mundo mais
a cidade se recupera aos poucos. Desde 1950,
espera atitudes e inovações e uma nova postura
quando chegou a 1,8 milhão de habitantes, De-
do gigante norte-americano que traga mais equi-
troit já vinha perdendo população. A crise da in-
líbrio ao planeta.
dústria automobilística americana acentuou esse
declínio por conta da concorrência dos veículos
importados, especialmente os japoneses. Indús-
trias importantes como General Motors, Ford e
Números da nação mais Chrysler viram suas vendas despencar, exigindo
novas demissões de trabalhadores. Entre 2000
poderosa do planeta e 2010, a cidade perdeu 234 mil moradores,
chegando a 737 mil habitantes no ano passado.
Hoje, é possível comprar uma boa casa em De-
Os EUA se tornaram, no século XX, a maior
troit por US$ 20 mil ou US$ 30 mil. Nos bairros
potência econômica, militar e cultural do pla-
mais afastados, há milhares delas abandonadas.
neta. Os números são impressionantes: seu PIB
Mas a cidade começa a reviver. Desde meados
em 2011 equivale a um quinto do PIB mundial
de 2010, a indústria automobilística contabiliza
e é estimado em US$ 14,4 trilhões, três vezes
uma crescente recuperação. As chamadas três
maior que o da China, que está na segunda po-
grandes – GM, Ford e Chrysler – estão desenvol-
sição. Em 2008, o PIB dos EUA era apenas 5%
vendo veículos menores e mais competitivos. Os
menor do que o PIB combinado da União Eu-
chamados “carros verdes” – elétricos e híbridos –
ropeia. A Bolsa de Valores de Nova Iorque é a
começam a sair das fábricas. Também os carrões,
maior do mundo em volume de dólares. O país
apreciados pelo norte-americanos, ganharam mo-
é o maior importador e o terceiro maior expor-
tores mais eficientes e bicombustíveis, com con-
tador mundial. Maior produtor do mundo de
sumo consideravelmente menor. Para corroborar
energia elétrica e nuclear, assim como de gás
essa nova realidade, a Ford desbancou a japonesa
natural liquefeito, fosfatos e sal. É o segundo
Toyota no mercado americano no ano passado,
maior produtor de chumbo, cobre, enxofre,
voltando a assumir o segundo posto em vendas.
ouro e prata, bem como o terceiro maior pro-
dutor de petróleo, sendo também o seu maior
importador. Os EUA são responsáveis por 23%
do gás natural, 21% do petróleo e 21% do car-
vão produzido anualmente no planeta.
Apesar de ser a maior potência agropecuária Chicago, cidade design
do mundo, sua agricultura representa menos de
1% do PIB. O país é o maior produtor mundial de Próxima etapa, Chicago. Edificada a partir das
milho, soja, amendoim, trigo e algodão, além de margens do imenso lago Michigan, a cidade foi
grande produtor de frutas, como laranja, limão, praticamente destruída por um incêndio em 1871,
maçã, morango e uva. A frota americana de au- que deixou 300 mortos, 90 mil desabrigados e um
tomóveis em circulação é de 214 milhões de ve- prejuízo de US$ 200 milhões. Para sua reconstru-
ículos. São 75 carros para cada 100 habitantes ção, atraiu renomados arquitetos, definiu um so-
– frota três vezes e meia maior que a brasileira, fisticado plano urbanístico e implantou uma cida-
que é de 64 milhões de veículos. de nova, com engenharia e arquitetura reconheci-
Nova Iorque
Nova Iorque, cidade global
Chegamos à mais universal e cosmopolita das
cidades do mundo, Nova Iorque. Localizada na cos-
ta atlântica do nordeste dos EUA, a cidade tem cin-
co distritos: Bronx, Brooklyn, Queens, Staten Island
e a ilha de Manhattan. A cidade é chamada de New
York City (NYC) ou Cidade de Nova Iorque, para dife-
renciar do estado de Nova Iorque, do qual faz parte.
Sua população é de 8,3 milhões de pessoas e é a
cidade mais densamente povoada dos EUA. A região
metropolitana possui 19 milhões de pessoas, e a Gran-
de Nova Iorque possui mais de 22 milhões de pessoas.
A cidade é conhecida pela diversidade de seus
habitantes. Trinta e seis porcento de sua população
nasceu fora dos EUA e cerca de 170 idiomas são fa-
lados na cidade. Isto pode ser observado facilmente
tomando-se um táxi, que invariavelmente é pilotado
por um imigrante de Bangladesh, Paquistão, Índia,
Haiti, Egito ou de países da extinta União Soviética.
Considerada por anos muito violenta, a NYC
investiu no aparato policial e reduziu os índices de
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Maio/2011 84
criminalidade com várias ações e, principalmente, O mais famoso parque da cidade é o Central
com o programa Tolerância Zero, implantado na ad- Park, localizado no centro de Manhattan. Ele é com-
ministração do Prefeito Rudolph Giuliani, em que posto de mais de cem parques menores, que no total
mesmo delitos menores passaram a ser punidos possuem 4 km de comprimento e 800 m de largura.
nos termos da lei. O litoral de Nova Iorque possui 924 km de extensão,
Diferente de todas as cidades americanas, onde com 22,4 km de praias.
praticamente não se veem pessoas andando pelas Considerada uma cidade global e centro de ne-
ruas, em Nova Iorque o movimento é intenso, espe- gócios internacionais, em razão da influência que
cialmente de turistas, incluindo os próprios norte- exerce sobre o comércio mundial, finanças, cultura,
-americanos. Sua principal atração é Times Square, moda e entretenimento, a cidade abriga a sede da
chamada de “A Encruzilhada do Mundo”, um centro Organização das Nações Unidas (ONU). Wall Street,
repleto de luzes da zona dos teatros da Broadway, onde se situa a Bolsa de Valores de Nova Iorque, é
um dos mais movimentados cruzamentos de pedes- o mais importante centro financeiro global desde a
tres do mundo, importante polo de entretenimento. Segunda Guerra Mundial.
Perfil
Um homem-link em Nova Iorque
Não há medo de errar na afirmação de que o
Foto: Revista Novo Ambiente
Obelisco em Washington
Tecnologia
• Voo limpo
Fotos: Divulgação
Apresentado na segunda edição da Revista Novo Ambiente, o avião
Solar Impulse, movido totalmente a energia solar, fez recentemente
seu primeiro voo internacional. No dia 13 de maio, viajando a uma
velocidade média de 50 km/h, a aeronave partiu do aeroporto de
Payerne, na Suíça, e aterrissou na cidade de Bruxelas, na Bélgica, de-
pois de quase 13 horas de voo. “Este avião, o primeiro a funcionar
sem combustíveis fósseis nem emitir CO2, simboliza os grandes esfor-
ços que a indústria aeronáutica está fazendo para desenvolver novas
tecnologias para economia de energia e uso de fontes renováveis”,
disse o CEO da Companhia de Aeroportos de Bruxelas, Arnaud Feist.
O aeroporto faz parte do programa europeu de Crédito de Carbono
de Aeroportos, que tem como objetivo final neutralizar a emissão de
gases de efeito estufa.
• Revisão no óleo
Está em fase final de desenvolvimento o Lubricheck, um analisa-
dor portátil para óleo automotivo. O pequeno aparelho funciona
como um laboratório de mão, determinando se o óleo precisa re-
almente ser trocado na quilometragem indicada, evitando o des-
perdício, e ainda pode apontar problemas no motor. Utilizando-se
de duas variáveis de informação – permissividade, ou seja, a habi-
lidade de o material polarizar-se em resposta a um campo elétri-
co, e impedância (resistência) da molécula de óleo sob teste para
resquícios de carbono e metais –, o dispositivo pode determinar a
acidez, quantidade de metais e carbonos presentes no óleo, bem
como a presença de líquidos estranhos (exceto combustível), de
acordo com o fabricante. Essas informações podem ser cataloga-
das e ajudam o mecânico na hora da assistência. O preço estima-
do de lançamento é de US$ 30.
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Maio/2011 88
• Fazendas de vento voadoras
Uma denominação esdrúxula há poucos anos hoje é quase realidade.
Um projeto da Nasa financiado pelo governo norte-americano estuda a
possibilidade de se capturar energia eólica a partir de grandes altitudes,
já que o vento nas alturas é consideravelmente mais previsível e muito
mais forte do que próximo ao solo, o que representaria uma geração 8
a 27 vezes maior de energia. Um dos principais empecilhos do projeto
seria a necessidade de uma área de isolamento aéreo de aproximada-
mente 4 km, atrapalhando rotas aéreas. Para resolver este problema,
Mark Moore, engenheiro aeroespacial da Nasa e participante do pro-
jeto, sugere a montagem das fazendas em alto-mar. “Há pouca ou qua-
se nenhuma demanda de espaço aéreo em águas a 20 km da costa”,
complementa. Um dos protótipos de equipamento a ser usado em uma
destas fazendas é italiano e consiste em dois balões a 2.600 pés de alti-
tude movendo-se de maneira antagônica (um para cima e outro para
baixo), a fim de girar uma turbina e gerar energia elétrica.
• Nanoeletrotecnologia
Uma das principais desvantagens dos carros elétricos é o tempo de
recarga da bateria – por volta de 4 horas são necessárias para obter
a carga máxima. Uma possível solução para este problema foi alcan-
çada na Universidade de Illinois, nos EUA. O professor de Engenharia
e Estudo de Materiais Paul Braun e sua equipe desenvolveram uma
bateria que tem sua estrutura interna moldada tal qual uma fina pe-
lícula em nível nanométrico de metal em 3-D. Essa técnica permite
que a bateria funcione como um capacitor, armazenando e liberan-
do energia de 10 a 100 vezes mais rápido que modelos convencio-
nais, mas funcionando normalmente em aparelhos que necessitem
de pouca energia. Todos os processos de montagem do dispositivo já
são usados em escala industrial, permitindo sua produção em mas-
sa. O grupo mostrou que o modelo pode ser usado tanto para bate-
rias de lítio como de níquel. “Se um dia desenvolverem uma química
melhor para baterias, o conceito ainda se aplica”, disse Braun.
NOVO CÓDIGO
BRASILEIRO DE MINERAÇÃO:
O QUE MUDA E O QUE MELHORA
Após sofrer com os efeitos de um regulamento tuições estatais e procedimentos relacionados à ex-
publicado há mais de 43 anos, o setor minerário ploração mineral no Brasil.
brasileiro enfim dá mostras de novos ares e, ao Em linhas gerais, o Departamento Nacional de
que tudo indica, o envelhecido Código de Minera- Produção Mineral será extinto e substituído por
ção brasileiro (Decreto-Lei n.o 227, de 28 de feve- dois órgãos com poderes específicos e comple-
reiro de 1967, regulamentado pelo Decreto presi- mentares: a Agência Reguladora de Mineração e o
dencial n.o 62.934, de 2 de julho de 1968) deve ce- Conselho Nacional de Política Mineral.
der lugar em breve a uma nova Lei que disciplinará À Agência Reguladora de Mineração, caberia a
a mineração no país. tarefa de promover a regulação e a fiscalização da
O Ministério de Minas e Energia (MME) se atividade de mineração no país. Sua criação teria
propôs a atualizar as regras da atividade com a co- como objetivo trazer maior eficiência à regulação
laboração de representantes do setor e da socie- do setor, que passaria a contar com os poderes de
dade civil e, apesar de o projeto ainda não ter sido uma entidade nos moldes das agências reguladoras,
divulgado, a expectativa é que o setor enfrente a exemplo de outros setores da economia nacional¹.
duas relevantes mudanças: (i) a desburocratização O Conselho Nacional de Política Mineral, por sua
dos trâmites para a viabilização da produção e (ii) vez, concentraria a competência de desenvolver e
a imposição de obrigações ambientais às compa- propor diretrizes e ações ao setor. Além disso, esse
nhias mineradoras. órgão teria como principal atividade a capacidade
O projeto do MME, segundo informações do se- de, com base no trabalho de especialistas na área,
tor, deverá trazer reorganização profunda das insti- sugerir ao Presidente da República políticas públicas
aplicáveis ao setor minerário no Brasil.
Leonardo A. F. Palhares e Caio
Iadocico de Faria Lima são,
respectivamente, sócio e advogado
do Almeida Advogados
Fotos: Divulgação
A criação dos órgãos acima citados conso-
lidará novos planos de pagamento pelo direito
de exploração da mineração e, com isso, ha-
verá captação de recursos superior à atual, de
modo a equilibrar a distribuição dos lucros en-
tre os participantes deste mercado.
Ademais, considerando que à data de pu-
blicação do atual Código de Mineração (1967)
ainda não havia discussões relevantes acer-
ca da proteção ambiental, o novo projeto em
discussão deve enfim suprir tal lacuna e prever
importantes medidas para minimizar os impac-
tos da atividade minerária no meio ambiente.
Neste sentido, o projeto do governo deverá
regular a necessidade e licenciamento ambien-
tal por parte das companhias que exploram a
produção de minérios, além de ter como ob-
jeto a estruturação de mecanismos de apoio
à sustentabilidade da mineração em todas as
suas etapas. Este é um dos pontos mais aguar-
dados do projeto.
(www.almeidalaw.com.br).
VELHO
AMBIENTE
Ruas de lixo Desde 2007, segundo fontes de notícias da Europa, a bela,
e hoje suja, cidade de Nápoles na Itália sofre com acúmulo
de lixo em sua área urbana. O primeiro-ministro italiano,
Silvio Berlusconi, disse em novembro de 2010 que o pro-
blema seria resolvido, mas neste mês de maio foi o contrá-
rio o que se viu noticiado no mundo todo: mais de 6 mil to-
neladas de lixo acumularam nas ruas da cidade litorânea,
banhada pelo Mar Tirreno. Enquanto a população deve
se perguntar se seus hábitos de consumo podem mudar
o cenário negativo causado por tanto lixo – produzido por
ela mesma, o setor público teve de convocar o exército
para recolher o entulho.
O jornal italiano La Reppublica, em uma matéria intitula-
da “Prisioneiros do lixo”, relata “montanhas de lixo com
5 metros de altura” e aprofunda o acontecimento com
detalhes e relatos de pessoas que vivem sob o fedor e a
ameaça de doenças da insalubridade generalizada. Uma
das causas do problema é a falta de aterros sanitários, e
a falta de locais para abriga-los, principalmente porque os
Fotos: Dreamstime
municípios da região não os querem em seus territórios.
Com a chegada do verão europeu, época de visita de tu-
ristas, a vergonha deve ganhar novas feições, com o vento
“soprando sacos de plástico flutuando nas ondas” como
Fotos: Divulgação
Vazamento de cloro
O rompimento de uma tubulação feriu cinco trabalhado-
res na Unidade Industrial de Cloro Soda da Braskem, em
Maceió, que já havia detectado o vazamento de cloro na
fábrica. Até o fechamento desta edição, dois funcionários
estavam internados em estado grave.
Segundo a Brasken, 12 pessoas que moram na região da
fábrica apresentaram sintomas de intoxicação por cloro e
receberam atendimento médico, mas passam bem. Mas
o Hospital Geral do estado (HGE) informou que mais de
130 pessoas apresentaram problemas. O Ministério Pú-
blico Federal em Alagoas instaurou inquérito para veri-
ficar as causas e determinar se mais moradores correm
risco com o vazamento.
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Maio/2011 94
Ficou barato
A caçadora de onças e organizadora de safá-
ris, Beatriz Rondon, que possui uma fazenda
em terras consideradas Reservas do Patri-
mônio Particular, recebeu como punição
duas multas do IBAMA que totalizam R$ 220
mil. Atacar o bolso de quem é tão mesqui-
nho aponto de matar animais fabulosos por
alguns dólares, é um bom caminho, mas nin-
guém ainda foi indiciado criminalmente por
uma suposta falta de provas. A fazendeira
organizava safáris para estrangeiros, regis-
trados em vídeo, nos quais aparecem execu-
tando duas onças. Apenas o guia é procura-
do, desde o ano passado por animais amea-
çados de extinção, a sangue frio, enquanto a
fazendeira Beatriz Rondon, também aparece
nos vídeos ordenando a matança. Na casa
dela foram encontradas 16 galhadas de cer-
vos e outras partes de corpos ou peles de
animais silvestres caçados em sua “área de
proteção ambiental”. A apreensão foi um
Fotos: LaismBrazil
Aí, parou!
Carlos Minc anunciou, em maio, o embargo das obras de
uma unidade da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA).
O secretário de meio ambiente do Estado do Rio de Janeiro,
disse que as obras só serão reiniciadas em Santa Cruz quan-
do a CSA resolver problemas de poluição do ar. A empresa
é suspeita de desencadear a chuva de prata, registrada em
2010 na Zona Oeste do Rio de Janeiro, e vem registrando
diversas irregularidades nos últimos anos. “Ela vai ter que
paralisar sua produção. Eles estão cometendo vários erros e
agora a gente resolveu dar uma engrossada forte. Se, em um
mês, não começar a obra pra resolver o problema mais gra-
ve, que é esse posto de emergência, que joga a tal nuvem de
prata, com ferro e carbono para cima da casa das pessoas, aí Carlos Minc, Secretário de Meio Ambiente do Estado do Rio de Janeiro.
parou!”, alertou Minc, segundo a Agência Brasil.
Muitas
felicidades
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Maio/2011 96
E sta 12.a edição mensal completa o primei- entre a riqueza econômica das grandes cidades,