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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

CURSO DE BIBLIOTECONOMIA E GESTÃO DE UNIDADES DE


INFORMAÇÃO
Comunicação Científica

ARQUIVOS ABERTOS
(OPEN ACHIVES) e Acesso Livre

Maria José Veloso da Costa Santos


Cássia Costa Rocha Daniel de Deus

Out. 2019
A Comunicação Científica
For Free (Gratuita)
For All (Para Todos)
Forever (Para sempre)
“Os movimentos de Open Archives Iniciative
(OAI) e Open Acess (OA) trouxeram
reformulações e implicações profundas no
processo de Comunicação Científica de toda e
qualquer área do conhecimento.”

(FERREIRA, 2007, p. 167)


Texto Base

FERREIRA, Sueli Mara S. P. Fontes de Informação em


tempos de acesso livre/aberto. In: GIANNASI-KAIMEN,
Maria Júlia; CARELLI, Ana Esmeralda. Recursos
informacionais para compartilhamento da
informação: redesenhando acesso, disponibilidade e
uso. Rio de Janeiro: E-papers, 2007. p. 141-173.
Periódicos Científicos Impressos
Fase inicial
-editados por sociedades científicas e instituições
de ensino e pesquisa.

A partir de meados do século XX


-começaram a atrair editoras com fins lucrativos.

Canais preferenciais Comunidade Científica

–indexados e avaliados (peer review) - certificação


do conhecimento científico;
-confirmar a autoria da descoberta científica.
Quais são os fatores que contribuíram para
crise dos periódicos científicos impressos?
Crise dos periódicos científicos impressos

A crise dos periódicos impressos ocorreu em 1980:

“ O gatilho da crise foi a impossibilidade de as


bibliotecas universitárias e de pesquisa americanas
continuarem a manter suas coleções de periódicos e a
corresponder a uma crescente demanda de seus
usuários.”

(MUELLER, 2006, p. 31)


Fatores da crise
• Custos altos de aquisição e manutenção das
coleções;

• Rigidez do formato impresso;

• Demora na publicação do artigo;

• Dificuldade de acesso aos artigos;

• Instrumentos de identificação e busca insuficientes;


Crise dos periódicos científicos impressos

Altos custos das assinaturas de publicações periódicas

• preços de assinaturas cobrados pelos editores –


superiores a média da inflação;
• orçamentos cada vez mais escassos para as bibliotecas;
• direitos autorais dos artigos publicados são cedidos de
forma gratuita para os editores do periódico em troca da
segurança contra a pirataria e, para lhes dar prestígio
junto às agências de fomento e às instituições.
Crise dos periódicos científicos impressos
Fonte: KURAMOTO, 2008

PONTIAC
Pontiac G8 G8

Preço igual nos Estados Unidos - US $17,000.00

Período de 1986 a 2006 - índice de preços ao consumidor nos


EUA cresceu 78%, enquanto que os gastos com publicações
cresceram 321% no mesmo período.
Crise dos periódicos científicos impressos
Desejo dos autores:

-Encurtar o ciclo da comunicação científica;

publicação imediata revisão rápida


Fonte: MRCONDES, SAYÃO

-Visibilidade de sua produção - alcance mais amplo e


apud LAWRENCE

instantâneo;

-citações a artigos impressos em média 2.74


-citações a artigos online em média 7.03

Aumento de 157%
Crise dos periódicos científicos impressos
Mudança no sistema tradicional de comunicação científica.

-Acesso a produção científica internacional;

-Visibilidade internacional da produção científica


nacional.

Internet

-comunicação global e instantânea


-novas formas de sociabilidade
-acesso imediato às fontes de informação
-maior visibilidade
-novas formas de cooperação
-facilidade de publicação
Crise dos periódicos científicos impressos
Mudanças no sistema de informação causados pela
internet e OAI
-Documento em papel
Documento eletrônico

-Bases de dados referenciais


Bases de dados com texto completo

-Sistemas isolados
Interoperabilidade

-Editores cientificos – copyright


Publicação direto na rede
Crise dos periódicos científicos impressos
Desejo dos autores:
-acesso livre a seus trabalhos - incluindo texto
completo
-direitos autorais - não transferir aos editores
-revisão por pares - novos padrões
-ligação com a comunidade científica
-auto-gestão
 Década de 1990
-publicações científicas eletrônicas.

- mudança no sistema tradicional de comunicação


científica.
Crise dos periódicos científicos impressos
Era pós-web – informação é facilmente disseminada de
forma rápida e barata – OAI/Arquivos Abertos.

-crescimento vertiginoso de títulos de periódicos


eletrônicos.

-necessidade de construção de softwares abertos.

-incentivo ao gerenciamento da publicação pelo próprio


pesquisador (auto-arquivamento);
-possibilidade do pesquisador ser acessado por
diversos provedores de serviços nacionais e
internacionais.
Arquivos Abertos
Definição

Sistemas de informação que armazenam, preservam,


divulgam e dão acesso à produção intelectual de
comunidades científicas.

Facilidades:
-submissão/publicação/descrição de documentos
digitais pelo próprio autor;
-armazenamento/preservação digital;
-recuperação
Arquivos Abertos
Cronologia
-1991: agosto - Paul Ginsparg - físico do Laboratório de Los
Alamos - Novo México - Estados Unidos

- reunir em um único arquivo pre-prints de sua


comunidade para discussão

ArXiv (http://arxiv.org)

- artigos não-revisados nas áreas de física,


matemática, ciência da computação.
Arquivos Abertos
Cronologia
-1991: agosto - Paul Ginsparg - físico do Laboratório de Los
Alamos - Novo México - Estados Unidos

- reunir em um único arquivo pre-prints de sua


comunidade para discussão

ArXiv (http://arxiv.org)

- artigos não-revisados nas áreas de física,


matemática, ciência da computação.
Arquivos Abertos
Cronologia

-1995 : National Science Foundation – US$ 1 milhão

-consolidar a ideia e expandir para outras áreas

Matemática e Astronomia

-1996 : 70.000 transações por dia


Arquivos Abertos
Cronologia

-1999 : Convenção de Santa Fé (Novo México)

-Participantes: organizações que gerenciavam


provedores de dados e de serviços de eprint;

-Objetivo: promover a implantação e disseminação


da filosofia dos arquivos abertos

-Resultado : Iniciativa dos Arquivos Abertos


(Open Archives Initiative)

Interoperabilidade entre repositórios


Arquivos Abertos

- Open Archives Protocol for Metadata Harvesting


(OAI-PMH)

- Coleta Automática de metadados


http://blog.scielo.org/blog/2013/10/21/evolucao-do-
acesso-aberto-breve-historico/#.U3EFAfldWT9
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=82227
Comunicação científica e o acesso aberto
• O movimento teve início na década de 90, com o objetivo de
promover o acesso livre e gratuito à literatura científica,
respeitando direitos autorais através de autorizações de uso.
(Creative Commons).

• O termo acesso aberto é definido como acesso a literatura que


é digital, online, livre de custos, e livre de restrições
desnecessárias de copyright.
(COSTA , 2008)

• Define como contribuições em acesso livre: resultados de


pesquisas científicas originais, dados não processados,
metadados, gráficos, multimídias e fontes originais.
(FERREIRA, 2007)

-
Acesso livre (OA)
Surgiu a partir das seguintes premissas:

 O custo oneroso das assinaturas das revistas científicas;

 Universidades e institutos de pesquisa, que financiavam


as pesquisas publicadas tinham que pagar pelo seu
acesso;

 Conhecimento científico é um bem público, logo, deve


estar disponível a todos gratuitamente.

(MUELLER,2006, p. 32)
Acesso Aberto/Livre: origem do termo
O termo "open access" foi formulado pela primeira vez na
declaração pública em fevereiro de 2002 "Iniciativa de Acesso
Aberto de Budapeste" (Budapest Open Access Initiative), com a
proposta:

• Adesão ao processo de auto-arquivamento proposto pelo OAI;

• Produção de um novo modelo de periódico de acesso


livre/aberto. Ex: DOAJ

Outras declarações: Declaração de Bethesda sobre a publicação em


Acesso Aberto, em junho de 2003
Declaração de Berlim sobre o Acesso Livre ao Conhecimento nas
Ciências e Humanidades, em outubro de 2003.
OBS: Acrescentam que os utilizadores devem poder copiar, usar, distribuir,
transmitir e exibir publicamente um trabalho em Acesso Aberto, assim como
criar e distribuir trabalhos derivados, em qualquer formato digital e para
qualquer propósito, fazendo a devida atribuição de autoria.
-
Canais de comunicação de acesso aberto

Os canais mais importantes de acesso aberto são:

 Periódicos científicos eletrônicos avaliados pelos


pares;
 Repositórios para assuntos específicos (e-prints)
 Repositórios institucionais de universidades;
 Páginas, Blogs e sites pessoais de autores que
fazem o auto-arquivamento da sua produção
científica.

(MUELLER, 2006 apud BJORK, 2005)


Periódicos Científicos – Acesso livre
Os autores podem utilizar duas vias para possibilitar o
acesso livre as suas publicações:

 Via dourada: Revistas científicas eletrônicas de acesso


livre, com acesso público garantido pelos editores

 Via verde: periódicos comerciais com regras de direitos


autorais compartilhados , ou seja, os autores podem
depositar cópia de seus trabalhos em repositórios
públicos de acesso livre.
Diretory of Open Acess Journal
(DOAJ)
• Diretório multidisciplinar de revistas eletrônicas de
acesso livre, mantido pela Lund University Libraries
na Suécia. Permite o acesso gratuito a revistas
científicas e acadêmicas.
https://www.doaj.org/
Scielo
• Projeto desenvolvido pela Bireme (Centro Latino
Americano e do Caribe de Informações em Ciências
da Saúde) em parceria com a FAPESP (Fundação de
Amparo a Pesquisa do Estado de São Paul0) iniciou
suas atividades regulares em 1998. A partir de 2000
obteve o apoio do CNPQ (Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico).

• Tem como objetivo a implementação de uma


biblioteca virtual capaz de fornecer acesso completo
a vários títulos e a textos completos de artigos.
(MUELLER, 2000, p. 86)
Scielo
É um modelo para a publicação eletrônica cooperativa de
periódicos científicos na Internet. Especialmente
desenvolvido para responder às necessidades da
comunicação científica nos países em desenvolvimento e
particularmente na América Latina e Caribe, o modelo
proporciona uma solução eficiente para assegurar a
visibilidade e o acesso universal a sua literatura científica.
(SCIELO)
Comunicação científica e os
repositórios

• A criação dos repositórios está vinculada ao movimento


do open acess, os mesmos funcionam como uma coleção
de informações digitais de acesso gratuito.

• Os periódicos científicos eletrônicos de acesso aberto e


os repositórios ampliam a disseminação da pesquisa de
modo exponencial, maximizando seu impacto, sua
visibilidade e seu progresso
(COSTA, 2008)
Tipos de repositórios

Os repositórios podem ser classificados como “repositórios


institucionais” ou “temáticos”, esses termos de
diferenciação são adotados para caracterizar os repositórios
digitais que reúnem respectivamente a produção científica
de uma instituição e de uma área.

(WEITZEL, 2006, p. 59)


Exemplos de repositórios

• http://rabci.org/rabci/

• http://repositorio.bce.unb.br/

• http://repositorio.cfb.org.br/
Vídeo
• http://www.youtube.com/watch?v=71AJ34sNW7k&
feature=related (Acesso aberto)
REPOSITÓRIOS - TIPOS

Os repositórios são classificados como periódicos


eletrônicos, bibliotecas digitais e repositórios
institucionais, classificação que se refere ao tipo de
documento que armazenam.
(SILVA, TOMAEL, 2008, p. 128)
Repositórios – Natureza das Informações
Primários: armazenam fontes primárias de informação (ex.
livros, relatórios, normas e etc.)
Ex: Arquivística.net

Agregadores: reúnem metadados de vários repositórios ou


reúnem documentos em outros repositórios.
Ex: BDTD – IBICT : agregador nacional
Networked Digital Library od Thesis and Dissertation
(NDLTD) – Virginia Tech University: agregador
internacional - Catálogo mundial de Teses e Dissertações
http://eprints.rclis.org/
Portal Brasileiro de Publicações
Científicas em acesso aberto
• O Portal Brasileiro de Publicações Científicas (OASIS)
em acesso aberto permite, por meio de uma única
interface, a pesquisa simultânea em repositórios digitais,
teses e dissertações e periódicos científicos eletrônicos de
acesso aberto;

• OASIS foi lançado em agosto de 2006 pelo IBICT, com o


apoio da Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP;

• Agrega conteúdo do SCIELO, BDTD, Bibliotecas Digitais


de Teses e Dissertações Repositório Científico de Acesso
Aberto de Portugal – RCAAPR e Repositório Científico
de Acesso Aberto de Portugal - RCAAP
http://oasisbr.ibict.br/vufind/
Repositórios Brasileiros
No Registry of Open Acess Repositories (ROAR)
http://roar.eprints.org, atualmente possuí 174 registros de
repositórios nacionais, do total de 4867.

Sendo 96 repositórios institucionais, entre eles, o que


apresenta maior quantidade de documentos é o
Repositório Institucional da Universidade de Santa
Catarina (UFSC) – 81.960
Ciência Aberta
Ciência aberta é hoje um termo guarda-chuva, que
Felipe, Carla, Aula Acesso Aberto. 2020

engloba diferentes significados, tipos de práticas e


iniciativas, bem como envolve distintas perspectivas,
pressupostos e implicações. Aí estão incluídas desde a
disponibilização gratuita dos resultados da pesquisa
(acesso aberto), até a valorização e a participação direta
de não cientistas e não especialistas no fazer ciência,
tais como “leigos” e “amadores” (ciência cidadã).

(Albagli; Clinio;Raychtock, 2014)


Ciência Aberta
A definição utilizada pela Open Knowledge é bastante
Felipe, Carla, Aula Acesso Aberto. 2020

abrangente: “ciência aberta significa muitas coisas, mas


principalmente que o conhecimento científico deve ser
livre para as pessoas usarem, reutilizarem e distribuírem
sem restrições legais, tecnológicas ou sociais.”

(Albagli; Clinio;Raychtock, 2014)


Acesso aberto a
publicações Dados científicos
científicas (Open abertos (scientific
Access) open data)
Educação aberta Ciência cidadã
e recursos (Citizen
educacionais
Cadernos de Science)
abertos pesquisa
abertos (Open
Notebook
Science)
Dados científicos abertos
(scientific open data)
No campo científico, trata-se da publicização de dados
primários de uma pesquisa, considerada uma ação
fundamental para sua reprodutibilidade e reutilização
em pesquisas derivadas ou não, além de permitir o amplo
escrutínio -- o que pode contribuir para expor
inconsistências, baixa qualidade, plágio ou fraude.
Science as open
enterprise
Em 2012, a Royal Society lançou o documento “Science
as open enterprise”5, um guia para a ciência aberta no
qual destaca seis áreas-chave de ação:

 cientistas precisam ser mais abertos entre eles


mesmos e com o público e a mídia;
 deve ser atribuído maior reconhecimento ao valor
do levantamento, análise e comunicação de dados;
 padrões comuns para compartilhamento de
informações são requeridos para torná-las mais
amplamente utilizáveis;
Science as open enterprise
 publicar dados de modo reutilizável para apoiar
descobertas deve ser mandatório;
 mais especialistas em gerenciar e apoiar o uso de
dados digitais são necessários;
 novas ferramentas de software precisam ser
desenvolvidas para analisar a crescente
quantidade de dados sendo levantados.
Referências
ALBAGLI, Sarita; CLINIO, Anne; RAYCHTOCK, Sabryna. Ciência Aberta: correntes
interpretativas e tipos de ação. Liinc em Revista, Rio de Janeiro, v.10, n.2, p. 434-450,
nov. 2014

COSTA, Sely. Abordagens, estratégias e ferramentas para o acesso aberto via periódicos e
repositórios institucionais em instituições acadêmicas brasileiras. Liinc Revista, v. 4, n. 2,
p. 218-232, set. 2008. Disponível em: <http://www.ibict.br/liinc>. Acesso em: 15 fev.
2012.

KURAMOTO, Helio. Esquema do Ciclo da Comunicação Científica Pós-AO. Blog do


Kuramoto. Disponível em: <http://kuramoto.blog.br/2011/04/21/esquema-do-ciclo-da-
comunicacao-cientifica-pos-oa/>. Acesso em : 15 fev. 2012.

MUELLER, Suzana Pinheiro Machado. O periódico científico. In:CAMPELLO, Bernadete


Santos; CENDÓN, Beatriz Valadares; KREMER, Jeannete Marguerite. Fontes de
informação para pesquisadores e profissionais .Belo Horizonte: UFMG, 2003. p. 73-96.

SILVA, Terezinha Elisabeth da ; TOMAEL, Maria Inês. Repositórios institucionais e o


modelo open. In. __. Fontes de informação na internet. Londrina: Eduel, 2008.

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