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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO

CENTRO MULTIDISCIPLINAR PAU DOS FERROS


BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL

JOEFFERSON ABRÃO PEREIRA SILVA

ANÁLISE ESTRUTURAL EM ELEMENTOS FINITOS DE ESCADAS


AUTOPORTANTES

PAU DOS FERROS


2017
JOEFFERSON ABRÃO PEREIRA SILVA

ANÁLISE ESTRUTURAL EM ELEMENTOS FINITOS DE ESCADAS


AUTOPORTANTES

Monografia apresentada a Universidade


Federal Rural do Semi-Árido como requisito
para obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Me. Rogério de Jesus Santos.

Co-orientador: Prof. Me. Matheus Fernandes


de Araújo Silva

PAU DOS FERROS


2017
JOEFFERSON ABRAO PEREIRA SILVA

ANÁLISE ESTRUTURAL EM ELEMENTOS FINITOS DE ESCADAS


AUTOPORTANTES

Monografia apresentada a Universidade


Federal Rural do Semi-Árido como requisito
paru obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Civil.

APRovADoev:fult ( O t@:7

BANCA EXAMINADORA

Prof. Me. Rogério de Jesus Santos - UFERSA


Presidente

Prof. Me. Matheus Ferúandes de Araújo Silva - UFESA


Membro Examinador

Prof. Me. Irovegildo Douglas Pereira de Souza - UFCG


Membro Examinador

4
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sejam devidamente citados e mencionados os seus créditos bibliográficos.

S586a Silva, Joefferson Abrão Pereira .


Análise Estrutural em Elementos Finitos de
Escadas Autoportantes / Joefferson Abrão Pereira
Silva. - 2017.
46 f. : il.

Orientador: Me. Rogério de Jesus Santos.


Coorientador: Me. Matheus Fernandes de Araújo
Silva.
Monografia (graduação) - Universidade Federal
Rural do Semi-árido, Curso de Engenharia Civil,
2017.

1. Escadas autoportantes. 2. Estudo


comparativo. 3. Análise estrutural. I. Santos,
Me. Rogério de Jesus , orient. II. Silva, Me.
Matheus Fernandes de Araújo, co-orient. III.
Título.

O serviço de Geração Automática de Ficha Catalográfica para Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC´s) foi desenvolvido pelo Instituto
de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (USP) e gentilmente cedido para o Sistema de Bibliotecas
da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (SISBI-UFERSA), sendo customizado pela Superintendência de Tecnologia da Informação
e Comunicação (SUTIC) sob orientação dos bibliotecários da instituição para ser adaptado às necessidades dos alunos dos Cursos de
Graduação e Programas de Pós-Graduação da Universidade.
Aos meus pais, Josué e Edilza.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus por todas as suas bênçãos sobre a minha vida e por todas as
oportunidades concedidas. Sem a graça Dele, com certeza eu não teria chegado até aqui.
À minha família que sempre foi o meu sustento e em todos os momentos esteve me
dando suporte, saibam que as orações de vocês valeram a pena. Muito obrigado por me
mostrar a partir das atitudes de vocês que a garra e a dedicação são a base para uma vida
plena.
À minha namorada Sara Leticia, por ser tão companheira, conselheira e amiga mesmo
a distância. Você foi meu ponto de equilíbrio em momentos precisos, muito obrigado por
tudo.
Aos meus orientadores e amigos Me. Matheus Fernandes e Me. Rogério Santos pelas
orientações e maravilhosas correções que foram determinantes para a realização deste
trabalho. Muito obrigado pelas tardes perdidas em prol deste trabalho, vocês merecem muito
mais, que Deus continue abençoando vocês.
Em especial à Públio Leal, fazendo jus ao seu sobrenome, você foi um verdadeiro
companheiro de caminhada nessa grande jornada. Irmão, lealdade e companheirismo não se
encontram em todos os lugares, muito obrigado por tudo!
A meu pequeno grupo Jovens Cristãos Universitários (JCU) e a Juventude da Igreja
Batista qual eu compartilhei muitos momentos importantes. Obrigado pelas orações e por
todo companheirismo galera, amo vocês.
Aos meus companheiros João Carlos e Lucas Nogueira, por todos os momentos de
estudo, rizadas e raivas que passamos juntos nesse segundo ciclo. Esse trio foi massa.
De igual modo a todos os meus companheiros de curso e a todos que contribuíram
nesse meu trajeto dentro da universidade.
RESUMO

As escadas são elementos estruturais indispensáveis em uma edificação que compreenda mais
de um pavimento, negociando diferenças de alturas com o menor esforço possível, estética e
segurança. Estas estruturas são projetadas e classificadas nos mais variados tipos, formas e
dimensões, dependendo do espaço disponível, do tráfego de pessoas e dos aspectos
arquitetônicos. Entre os vários modelos têm-se as escadas autoportantes. São estruturas que
compõem o grupo de escadas especiais, as quais não se comportam de forma convencional,
mas necessitam de um tratamento especializado de analise. Desta forma, este trabalho
objetivou o desenvolvimento de um modelo analítico simples para a análise estrutural de
escadas autoportantes sem apoio no patamar. A análise do modelo tridimensional foi realizada
com a utilização do Método dos Elementos Finitos, extraindo parâmetros para o
desenvolvimento do modelo analítico. Em seguida, foi realizada a análise do modelo plano
literal, a partir dos princípios dos trabalhos virtuais e descrito a equação que descreve o
deslocamento da estrutura em seu ponto mais crítico. Concluindo assim, que o modelo
tridimensional da escada autoportante sem apoio no patamar pode ser descrito por um modelo
plano simples corrigido.

PALAVRAS-CHAVE: Escadas autoportantes. Estudo comparativo. Análise estrutural.


ABSTRACT

Stairs are indispensable structural elements in buildings that includes more than one floor, it
gives the possibility to exchange from the different heights of slabs with the least possible
effort, preserving the aesthetics and safety. These structures are designed and classified
between the most varied types, shapes and dimensions, depending on the space available,
traffic of people and the architectural aspects. Among these various models, the self-
supporting stairs do not present support on its landing level, this structure classifies into the
group of special stairs, as they do not behave as conventional models, they need a specialized
treatment of analysis. In this manner, this work aimed at the development of a simple
analytical model for the structural analysis of self - supporting ladders. The analysis of the
three-dimensional model was performed using the Finite Element Method, extracting
parameters for the development of the analytical model. Then, it was executed an
investigation of the literal model through use of Virtual Works Principle as well as it was
determined an equation that describes the displacement of the structure at its most critical
point. Therefore, it was made possible to conclude that is the three-dimensional model of the
self-supporting ladder with no level support can be described by a corrected simple plan
model.

KEY WORDS: Self-supporting stairs. Comparative study. Structural analysis.


LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1: Componentes de uma escada ................................................................................. 19


Figura 3.2: Sistema estrutural de Fuchssteiner ......................................................................... 21
Figura 3.3: Sistema estrutural de Cusens e kuang, e Guerrin. .................................................. 22
Figura 3.4: Discretização do contínuo em elemento finito. ...................................................... 24
Figura 3.5: Corte Longitudinal da escada................................................................................. 27
Figura 3.6 - Consideração do peso do parapeito. ..................................................................... 29
Figura 4.1. Geometria da estrutura utilizada na análise. .......................................................... 30
Figura 4.2 Modelo em planta da escada autoportante .............................................................. 30
Figura 4.3 - Discretização da malha para o patamar do modelo. ............................................. 31
Figura 4.4: Malha 4 – Discretização 6x4 .................................................................................. 33
Figura 4.5: Detalhe das reações no apoio extremo da estrutura ............................................... 33
Figura 4.6: Convenção de momentos fletores nas direções locais do elemento finito de casca
.................................................................................................................................................. 34
Figura 4.7: Descrição da atuação dos momentos fletores no plano.......................................... 35
Figura 4.8: Momentos fletores M22 [kN*m/m] ........................................................................ 35
Figura 4.9: Deslocamento da estrutura ..................................................................................... 36
Figura 4.10: Modelagem plana da escada autoportante ........................................................... 37
Figura 4.11: Momento fletor e reações de apoio ...................................................................... 37
Figura 4.12: Deslocamentos da estrutura plana ........................................................................ 38
Figura 4.13: Indicação do grau de liberdade da estrutura ........................................................ 39
Figura 5.1: Modelo literal da escada autoportante ................................................................... 40
Figura 5.2: Diagrama de momento fletor do modelo real ........................................................ 41
Figura 5.3: Diagrama de momento fletor do modelo virtual .................................................... 41
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 4.1:Deslocamento em relação amalha discretizada. .................................................... 32


LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1: Bibliografia sobre análises de escadas................................................................... 21


Tabela 4.1: Parâmetro de convergência da malha .................................................................... 32
Tabela 4.2: Reações verticais no apoio extremo ...................................................................... 34
Tabela 4.3: Comparativo entre modelos ................................................................................... 38
Tabela 4.4 Comparativo de deslocamentos .............................................................................. 39
Tabela 5.1 Valores de entrada para cálculo do deslocamento .................................................. 42
LISTA DE EQUAÇÕES

Equação 3.1 .............................................................................................................................. 26


Equação 3.2 .............................................................................................................................. 27
Equação 3.3 .............................................................................................................................. 27
Equação 3.4 .............................................................................................................................. 27
Equação 3.5 .............................................................................................................................. 28
Equação 4.1 .............................................................................................................................. 31
Equação 5.1 .............................................................................................................................. 40
Equação 5.2 .............................................................................................................................. 40
Equação 5.3 .............................................................................................................................. 41
Equação 5.4 .............................................................................................................................. 41
Equação 5.5 .............................................................................................................................. 42
Equação 5.6 .............................................................................................................................. 42
Equação 5.7 .............................................................................................................................. 43
Equação 5.8 .............................................................................................................................. 43
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 15

2 OBJETIVOS....................................................................................................................... 17

2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ....................................................................................... 17

3 REVISÃO TEÓRICA........................................................................................................ 18

3.1 ESCADAS .................................................................................................................... 18


3.1.1 Elementos constituintes das escadas .................................................................. 18

3.2 CLASSIFICAÇÃO DAS ESCADAS ........................................................................... 19

3.3 MODELOS ESTRUTURAIS ....................................................................................... 20

3.4 METODO DOS ELEMETOS FINITOS ...................................................................... 22


3.4.1 Breve histórico ..................................................................................................... 22
3.4.2 Conceito ................................................................................................................ 23

3.5 SAP2000 ....................................................................................................................... 24


3.5.1 O elemento Shell .................................................................................................. 25

3.6 CARGAS ATUANTES E SOLICITAÇÕES ............................................................... 26


3.6.1 Peso próprio da laje ............................................................................................. 27
3.6.2 Peso do revestimento ........................................................................................... 28
3.6.3 Parapeitos ............................................................................................................. 28

4 MODELAGEM NUMÉRICA DE ESCADA AUTOPORTANTE ................................ 30

4.1 MODELO TRIDIMENSIONAL .................................................................................. 30


4.1.1 Discretização da malha........................................................................................ 31
4.1.2 Reações de apoio .................................................................................................. 33
4.1.3 Momento fletores ................................................................................................. 34
4.1.4 Deslocamentos ...................................................................................................... 36

4.2 MODELO PLANO ....................................................................................................... 36

4.3 MODELO PLANO X MEF .......................................................................................... 38


4.4 REPRESENTAÇÃO BIDIMENSIONAL DO MODELO ESTRUTURAL DA
ESCADA .............................................................................................................................. 40
4.4.1 Dedução para o cálculo dos esforços .................................................................. 40
4.4.2 Princípio dos Trabalhos Virtuais (PTV) ........................................................... 41
4.4.3 Valores reais ......................................................................................................... 42
4.4.4 Critério de análise ............................................................................................ 43

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 45

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 46
1 INTRODUÇÃO

As escadas são elementos estruturais indispensáveis em uma edificação que


compreenda mais de um pavimento. Estas servem para unir degraus sucessivos, vencendo
diferentes níveis da edificação e permitindo a conexão entre si, negociando as diferenças de
alturas com o menor esforço possível, estética e segurança.
Não é de hoje que surgem vários formatos e modelos de escadas, as ideias fluem desde
séculos atrás onde a grande tendência da arquitetura era explorar os mais variados tipos
conforme o desejo de cada cliente. Antigamente, acreditava-se que as escadas eram usadas
como um recurso humano para poder vencer grandes alturas e se proteger dos perigos mortais
ao qual estavam expostos os homens. Ao passar do tempo, as escadas se tornaram não apenas
um elemento de ligação entre pavimentos, mas uma exemplificação das diferentes tendências
arquitetônicas e do poder de cada época.
As estruturas são projetadas nos mais variados tipos, formas e dimensões, dependendo
do espaço disponível, do tráfego de pessoas e dos aspectos arquitetônicos. Suas dimensões
podem variar, partindo de larguras mínimas com 70 cm para escadas de serviço, até as
escadas de emergência que necessitam ser calculadas segundo a NBR 9077/2001.
Normalmente as escadas são apoiadas em vigas, paredes de alvenaria e paredes de
concreto. Podendo ser classificadas dependendo da forma estrutural e localização dos apoios.
Entre as classificações têm-se as escadas especiais, que são modelos com comportamento
estrutural não convencional, as quais surpreendem do ponto de vista arquitetônico e estrutural
(GRAVE, 2013).
Deste grupo, vale destacar as escadas autoportantes sem apoio no patamar, onde
Knijinik (1977) trata como um elemento plástico valioso na definição de volumes. Tal
característica se da por não necessitarem de estruturas auxiliares para sua sustentação.
No entanto, a análise deste modelo demanda tempo e um tratamento especializado, se
definindo como uma estrutura complexa. Assim, poucas são as soluções teóricas para este tipo
de estrutura, e grande parte das análises já publicadas sobre o assunto é realizada no modelo
tridimensional, através do Método dos Elementos Finitos.
Cada modelo estrutural é escolhido e analisado a partir de simplificações e
considerações de cada autor. Tais considerações são expostas de forma simplificada, tornando

15
a compreensão do problema mais difícil, o que é necessário para engenheiro responsável pela
análise.
Para tanto, existem dois grandes problemas iniciais que dificultam a análise, são eles:
a escassez bibliografia sobre o tema proposto e a inexistência de uma solução exata para a
este tipo de estrutura.
Desta forma, visando contribuir para a simplificação da análise estrutural, este
trabalho tem como intuito inicial de contribuir com a literatura existente sobre a temática com
o desenvolvimento de um modelo analítico simples e plano. Este modelo, a partir de um
critério denominado tem o objetivo de descrever o deslocamento do modelo tridimensional
analisado pelo Método dos Elementos Finitos analisado no software SAP2000.

16
2 OBJETIVOS

O objetivo geral deste trabalho refere-se ao desenvolvimento de um modelo analítico


simples para análise estrutural de escadas autoportantes.

2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Apresentar modelos analíticos existentes na literatura sobre escadas autoportantes;


 Obter um critério para análise estrutural simples de escadas autoportantes;
 Apresentar diretrizes para o processo de análise estrutural plano de uma escada que
satisfaçam o modelo real tridimensional de forma analítica.
 Verificar os resultados obtidos em cada análise.

17
3 REVISÃO TEÓRICA

3.1 ESCADAS

As escadas são elementos constituídos pela formação de vários degraus, e tem por
finalidade fazer a conexão entre um nível e outro superior de uma edificação. Segundo Amant
e Ahmad (2001), são estruturas essenciais para todos os edifícios residenciais e comerciais
com mais de um pavimento.
Vasconcelos (2010) retrata que as escadas sempre estiveram presentes em templos
religiosos e em castelos de períodos medievais. No primeiro caso com teor simbólico
representando uma caminhada em direção à divindade, já nos castelos, as escadas permitiam
vantagem estratégica em caso de guerras.
Seja na antiguidade ou nos dias atuais, as escadas sempre tiveram a função de
expressar o poderio e soberania da arquitetura contemporânea, concedendo aos arquitetos e
projetistas a liberdade de expressar suas técnicas e ideias mais arrojadas. Desta forma, vários
modelos de projetos surgiram e surgem, integrando eficiência, conforto, elegância, segurança
e economia.
Para Quevedo (2011), a etapa inicial do projeto de uma escada é o seu projeto
arquitetônico, onde determina seu tipo, geometria, elementos e sua disposição dentro da
edificação, encontrando-se de acordo com as normas e códigos aplicados a localidade de
execução do projeto.
Como bem expressa Gelain (2016), “definir corretamente a geometria de uma escada é
fundamental para que a mesma seja funcional, segura e esteja dentro dos padrões técnicos”.
Desta forma, na esfera nacional, existem normas as quais os projetistas devem estar atentos,
são elas:
 NBR 9077:2001 – Saída de emergência de edifícios.
 NBR 9050:2015 - Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e
equipamentos urbanos.

3.1.1 Elementos constituintes das escadas

As escadas são constituídas por alguns elementos, definidos como: degrau - Conjunto
dos dois elementos, o piso (horizontal) e o espelho (vertical); lance – “sucessão ininterrupta

18
de degraus entre patamares sucessivos”; guarda-corpo – barreira protetora vertical que
delimita das faces laterais da escada; patamar ou patamar de descanso – parte horizontal
entre dois lances (ABNT NBR 9077, 2001). Como pode ser visto na Figura 3.1.

Figura 3.1: Componentes de uma escada

Fonte: QUEVEDO (2011)

Dada à diversificação das ideias dos projetistas, têm-se vários modelos de escadas.
Tendo em vista essa grande diversidade de formas, apoios, utilizações, para que seja possível
o dimensionamento estrutural é necessária a escolha conveniente do modelo estrutural.

3.2 CLASSIFICAÇÃO DAS ESCADAS

De maneira geral, as escadas são classificadas conforme a sua geometria, não


esquecendo as relações existentes entre a forma, inclinação, número de voltas, entre outras
características. Cardoso (2013) expõe exemplos dessas classificações, são elas:

Escadas armadas transversalmente Escadas com degraus em balanço


Escadas armadas longitudinalmente Escadas com viga curva helicoidal
Escadas armadas em cruz Escadas com laje em balanço
Escadas com ou sem patamar Escadas especiais

Dentre o grupo das escadas especiais tem-se o foco deste trabalho, as escadas
autoportantes. Estas não necessitam de apoio no patamar intermediário, sendo apenas
engastado no início e fim de cada pavimento. Knijnik (1977) expressa que o fato de não
necessitarem de estruturas auxiliares para sua sustentação. Assim, estas características fazem

19
com que este tipo de escada se apresente como solução ideal, tanto em termos de
funcionalidade como sob o ponto de vista estético.
Porém, estas não são estruturas simples, devendo-se utilizar um modelo estrutural que
seja mais adequado ao comportamento depois de aplicadas as cargas atuantes (GRAVE,2013).
A configuração de uma estrutura autoportante se caracteriza como uma estrutura hiperestática,
que não pode ter seus esforços determinados apenas pelas equações de equilíbrio,
necessitando assim de um estudo mais minucioso sobre o tema (Martha, 2010).
Logo, para que a análise obtenha resultados satisfatórios, necessita-se escolher um
modelo estrutural mais adequado para o estudo. Vale lembrar que a consideração das
condições de contorno e rigidezes relativas dos elementos fazem uma grande diferença nos
esforços internos.

3.3 MODELOS ESTRUTURAIS

Segundo Oliveira (2008) a escolha do modelo estrutural que represente o real é uma
das tarefas mais importantes da análise estrutural, sendo interpretada como bastante complexa
dependendo do tipo escolhido. Por vezes, essa denominação de modelo próximo do “real” é
impossível de ser caracterizada, devido à complexidade do comportamento estrutural.
Martha (2010) descreve que na concepção do modelo estrutural é realizada uma série
de hipóteses simplificadoras, na tentativa de idealizar a estrutura real. Estas podem ser
divididas em:
 Hipótese sobre a geometria;
 Hipótese sobre as condições de suporte;
 Hipótese sobre o comportamento dos materiais;
 Hipóteses sobre as condições de solicitações que agem sobre a estrutura.

A partir destas hipóteses vários estudos já foram realizados sobre o assunto de análise
estrutural de escadas, Vasconcelos (2010) expõe um resumo dos trabalhos já publicados, e de
maneira resumida serão mostrados na Tabela 3.1.

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Tabela 3.1: Bibliografia sobre análises de escadas
Autor Linha de pesquisa
Apresentou um cálculo aproximado
Prundon (1956)
considerando cada patamar separadamente
Elaborou um modelo para estudo de escadas
Fuchssteiner (1964)
retas e helicoidais
Modelo estrutural de laje espacial (esforços de
Lienberg (1960)
torção desprezíveis)
Análise comparativa entre a modelagem como
Siev (1962)
treliça espacial e o modelo de placas
Smith (1980)
Ahmed et al.(1996) Estudo de escadas autoportantes por meio de
Alghamdi (1998) elementos finitos
Ahmed (2001)
Analisaram vários modelos de trabalhos
Bangash e Bangash (1998)
desenvolvidos sobre escadas e rampas
Fonte: Autor (2017)

Para o estudo de escadas autoportantes, Knijnik (1977) relata que não existe uma
solução ou método exato para análise deste tipo de escada, sendo necessária a utilização de
soluções aproximadas. No entanto, entre os autores citados anteriormente, Fuchssteiner
(1964) se destaca com a simplificação da escada autoportante a um pórtico espacial com duas
barras inclinadas, unidas por uma barra curva, mostrado na Figura 3.2: Sistema estrutural de
Fuchssteiner

Figura 3.2: Sistema estrutural de Fuchssteiner

Fonte: adaptado Knijik (1977).


21
Já em 1966, Cusens e Kuang propuseram uma variação do modelo de Fuchssteiner,
substituindo a barra curva por uma barra reta coincidente com a interseção entre os lances e o
patamar,Figura 3.3a. Mais tarde em 1971, Guerrin sugere um modelo ainda mais simplificado,
onde os lances são considerados articulados junto ao patamar e suficientemente rígido para
que não haja deformação no sistema, Figura 3.3.

Figura 3.3: Sistema estrutural de Cusens e kuang, e Guerrin.

Fonte: adaptado Knijik (1977).

3.4 METODO DOS ELEMETOS FINITOS

3.4.1 Breve histórico

Os estudos que deram origem ao Método dos Elementos Finitos (MEF) se iniciaram
em meados dos séculos XVIII e XIX. A autoria para elaboração do método foi dada a Walter
Ritz (1878-1909), onde o foco das pesquisas era voltado para a solução de problemas da
mecânica dos sólidos deformáveis (CAMPOS, 2006). Os princípios e fundamentos
matemáticos deste método já eram conhecidos, no entanto, as ferramentas de cálculo da época
inviabilizavam a utilização.
Em 1943, o matemático Richard Courant (1888 – 1972) propôs atualizações para o
método de Ritz. Esta atualização aumentou consideravelmente as possibilidades do método,
pois introduzia funções lineares especiais definidas sobre regiões triangulares. Courant
afirmava que a utilização de varias funções, válidas em um domínio, para descrever um
elemento era mais precisa do que apenas uma.
A partir de então os estudos sobre análise estrutural utilizando a técnicas matriciais se
desenvolveram em todo o mundo. Em 1956 uma equipe da empresa Boeing, propôs com base
na utilização do método já consolidado de análise matricial, que se modelassem painéis de

22
aeronaves a partir de pequenos triângulos. O comportamento destes triângulos descreveria
matematicamente o comportamento global da peça em análise.
Diante disso e com a reunião de todos os conceitos da mecânica, matemática, análise
numérica e computação, o termo elemento finito foi mencionado pela primeira vez em 1960
em um trabalho científico. O artigo teve como título “The finite elemento method in plane
stress analysis”, com autoria de Clough Jr. Desde esse ano em diante o Método dos Elementos
Finitos (MEF), foi estudado de forma exponencial.

3.4.2 Conceito

Dada à riqueza e complexidade do mundo físico, não há como se entender e dominar a


natureza. Assim, muitos tipos de problemas encontrados na física, matemática, engenharias e
qualquer outra ciência, são apresentados matematicamente na forma de equações diferenciais
ordinárias e parciais.
A resolução destas equações pelos métodos analíticos em sua grande maioria é
impraticável, dada à complexidade. No entanto, o Método dos Elementos Finitos retorna a
partir de diferentes métodos numéricos uma aproximação da solução destes problemas com
valores de fronteira, oferecendo respostas mais detalhadas a partir de uma análise mais precisa
do problema.
A ideia do método consiste em dividir o domínio do problema em subdomínios de
dimensões finitas que correspondam ao domínio original. Segundo Campos (2006), o método
tem algumas características intrínsecas, descritas a seguir.
A primeira é que o domínio é subdividido em células, chamados elementos, os quais
formam uma malha. O método não resolve o problema original, mas sim o que lhe é
associado a partir da subdivisão do elemento. Este tratamento é chamado de discretização do
domínio, que consiste em representa-lo, ainda que de forma aproximada, com um número
finito de elementos, conforme apresentado na Figura 3.4.

23
Figura 3.4: Discretização do contínuo em elemento finito.

Fonte: Autor (2017).

A segunda característica é que a solução do problema discreto tem que pertencer a um


espaço de funções, e este é constituído pelos valores da função variando pelos pontos nodais
do elemento. E a terceira é a maneira como a discretização é obtida, como são construídas a
partir das contribuições de cada nível do elemento, os quais no final são reunidos.
Logo, os problemas no Método dos Elementos Finitos são solucionados a partir do
Método de Rayleigh-Ritz, que se baseia em assumir para a função que representa a deformada
da estrutura uma expressão conhecida. Dependendo do modelo a qual a estrutura se deforma,
as expressões utilizadas são polinômios ou até funções trigonométricas, bem conhecidas como
funções de forma (ASSAN, 1996).
No caso discutido neste trabalho, a deformada do patamar da escada se caracteriza
como uma função polinomial do primeiro grau (uma reta). Onde a partir de dois pontos,
podem ser encontrados os coeficientes da função, que são chamados de parâmetros de
deslocamentos.
Segundo Assan (1996) o modelo polinomial aproximado que descreva a deformada
deve ser bem escolhido, pois deverá satisfazer as condições geométricas da estrutura. O que
interfere diretamente nos resultados analíticos descritos no Método dos Elementos Finitos.

3.5 SAP2000

Para a realização da análise foi utilizado o software SAP2000 v.15. O programa é um


sinônimo internacional na área de analise de estruturas por método dos elementos finitos,
trazendo consigo mais de 60 anos de experiência do professor Dr. Edward Wilson, primeiro
desenvolvedor do SAP2000.

24
O software utiliza o MEF para fazer análise estrutural dinâmica, linear e não linear, de
estruturas em geral, tais como: edifícios, pontes, torres, sistemas de dutos, peças mecânicas,
entre outros. Segundo a própria empresa desenvolvedora, os resultados produzidos pelo
software foram comparados com resultados calculados a mão, resultados publicados e
resultados obtidos por outros softwares.
Para a verificação o SAP2000 utiliza um arquivo Excel especialmente preparado, com
sub-rotinas que executam as analises e processam os resultados comparando com valores de
verificação publicados. Há também a verificação com lotes integrados no próprio software,
que não necessitam de abrir a planilha do Excel para execução, o que torna a segunda forma
de verificação mais rápida.
Dentre as ferramentas utilizadas pelo SAP2000 existem um elemento muito
importantes que será utilizado na análise deste trabalho, o elemento shell descrito na seção a
seguir.

3.5.1 O elemento Shell

O elemento de Shell é uma ferramenta do software SAP2000, que tem como intuito
modelar estruturas planas ou tridimensionais com o com o comportamento característico de
placas, casca ou membrana. Assim, este elemento é montado a partir de 3 ou 4 nós que
combinam separadamente os comportamentos de membrana e de flexão das placas.
As estruturas que podem ser modeladas com este elemento incluem:
 Cascas tridimensionais, como reservatórios e cúpulas.
 Estruturas de placas, tais como lajes de piso.
 Estrutura de membrana.

Uma das grandes características do elemento Shell é que cada elemento tem seu
próprio sistema de coordenadas, para a definição das propriedades do material, direções de
carga e também interpretação dos resultados. Portanto, devem ser observadas as
características dos elementos formados para uma correta análise da estrutura.
Por fim, este elemento é de grande importância para o profissional que deseja trabalhar
com estruturas não convencionais, mas que dependem de um amplo conhecimento estrutural,
onde possam compreender os caminhamentos das tensões e avaliar se a estrutura esta se
comportando como esperada (SAP2000, 2011).

25
3.6 CARGAS ATUANTES E SOLICITAÇÕES

A NBR 6118/2014 assegura que “na analise estrutural deve ser considerada a
influência de todas as ações que possam produzir efeitos significativos para a segurança da
estrutura em exame”. Desta forma, a mesma norma também classifica os carregamentos
considerando o efeito das suas ações, como descrito a seguir:
A NBR 6118/2014 classifica os tipos de carregamentos considerados:
 Permanentes: Ações permanentes são as que ocorrem com valores
praticamente constantes durante toda a vida da construção ou as que aumentam no tempo,
tendendo a um valor-limite constante.
 Variáveis: são constituídas pelas cargas acidentais previstas para o uso da
construção, pela ação do vento e da água, variação de temperatura da estrutura, etc.
 Excepcionais: são ações cujos efeitos não podem ser controlados.

Dadas às definições, podem-se particularizar estes conceitos ao problema em questão,


as escadas. Estas apresentam as ações permanentes: peso próprio da laje, dos degraus, do
peitoril, do revestimento e/ou reboco, e dos lances da escada; e variáveis: carga acidental
prevista na NBR 6120.
Para os carregamentos variáveis em escadas NBR 6120 indica que o carregamento
variável é de 3kN/m² para escadas com acesso ao público e de 2,5 kN/m² para escadas sem
acesso ao publico carregamento.
Como a indicação é de apenas um carregamento variável, pode-se fazer a
simplificação do calculo das cargas como a soma de cargas permanentes e cargas variáveis
atuantes na escada, conforme a Equação 3.1.

Equação 3.1

Onde:
= soma de todas as cargas atuantes na escada (kN/m²);
= soma das cargas permanentes (kN/m²);
= soma das cargas variáveis (kN/m²).

26
3.6.1 Peso próprio da laje

A escada pode ser dividida em dois trechos específicos: trecho inclinado (onde se
concentram os degraus) e trecho reto (o patamar), conforme indicado na Figura 3.5.

Figura 3.5: Corte Longitudinal da escada

(adaptado de ARAÚJO, 2010).

Baseado na Figura 3.5, as Equação 3.2,Equação 3.3eEquação 3.4fornecem o peso


próprio do lance em função da projeção horizontal.

( ) Equação 3.2

Equação 3.3

Equação 3.4
( )

Onde:
= ângulo de inclinação do trecho inclinado do lance;
= largura do piso do degrau (m);
= altura do espelho do degrau em metros (m)
= carga permanente devido ao peso próprio do patamar (kN/m²)
= carga permanente devido ao peso próprio do trecho inclinado (kN/m²)
= peso específico do concreto armado (kN/m³)
= espessura do patamar (m)
27
= espessura do trecho inclinado (m)
= peso específico do concreto simples ou do enchimento do degrau (kN/m³)

Analisando a equação, pode-se perceber a necessidade de um valor inicial para a


espessura do patamar e a espessura do trecho inclinado, o que caracteriza uma solução
iterativa. Logo, se o valor inicial não atender as condições mínimas de segurança, ele deve ser
recalculado.

3.6.2 Peso do revestimento

O peso do revestimento depende diretamente do tipo de material utilizado e


especificado em projeto. Assim para se obter o valor por área de projeção horizontal das
cargas na escada, basta multiplicar o peso específico pela espessura.
Para se obter o valor do peso específico dos materiais, na falta de uma determinação
experimental destes, deve-se consultar a NBR 6120:1980, onde tal especifica os pesos
específicos aparente dos materiais. Quando não, Araujo (2010) indica adotar um valor
estimado de 1kN/m².

3.6.3 Parapeitos

Segundo Araújo (2010), quando a escada não se apoia em vigas laterais, ou é uma
escada em balanço, o parapeito se apoia na própria escada e deve ser considerado no
somatório das cargas atuantes na estrutura. Desta forma, o peso para 1 metro de parapeito de
alvenaria é dado por:

kN/m Equação 3.5

Sendo:
= peso específico da alvenaria;
= altura do parapeito;
= espessura da parede.

28
Figura 3.6 - Consideração do peso do parapeito.

Fonte: ARAUJO (2010).

Para o parapeito e balcões, segundo a NBR 6120, devem ser consideradas as cargas
atuantes de 0,8 kN/m no sentido vertical e na altura do corrimão, como também a carga
horizontal de 2 kN/m.

29
4 MODELAGEM NUMÉRICA DE ESCADA
AUTOPORTANTE

4.1 MODELO TRIDIMENSIONAL

O modelo utilizado para a modelagem numérica da escada autoportante segue na


Figura 4.1 com dimensões representadas na estrutura.

Figura 4.1. Geometria da estrutura utilizada na análise.

Fonte: Autor (2017).

Figura 4.2 Modelo em planta da escada autoportante

Fonte: Autor (2017).

Com a utilização do Método dos Elementos Finitos (MEF) foi realizada uma
simulação tridimensional a partir do software SAP 2000 v.15. O elemento finito utilizado para
modelagem da escada foi o tipo shell(casca), representando o plano médio das lajes e
patamar.
A primeira simplificação adotada é que a escada está simplesmente apoiada na viga
superior e inferior, não transferindo torção para estas. Caso, contrário, a escada ficaria mais

30
rígida e as vigas deveriam ser dimensionadas à torção. Para a segunda simplificação da
análise, temos que a parcela por deformação axial da escada foi desprezada, diminuindo os
deslocamentos.
Logo, a estrutura foi modelada no software SAP2000 para ser obtenção dos dados
primários. A carga aplicada na estrutura foi classificada como:

: Carga do patamar : Carga do lance

A carga utilizada para análise no patamar foi o somatório das ações descritas no
referencial teórico. No entanto, para a carga utilizada no lance, foi necessária uma
correção, dada a aplicação da carga na projeção inclinada do lance pelo software. Tal correção
foi realizada a partir da equação a seguir.

Equação 4.1

Onde:
= Somatório das ações no lance
= Projeção do lance na horizontal
= Comprimento do lance

4.1.1 Discretização da malha

A fim de validar de forma numérica os resultados obtidos do SAP2000, foi feita uma
análise de convergência de malha. Para melhor visualização das malhas processadas, apenas o
trecho do patamar é apresentado na Figura 4.3.

Figura 4.3 - Discretização da malha para o patamar do modelo.

Fonte: Autor (2017).


31
Assim, as cargas foram aplicadas em cada malha especificada, sendo possível obter o
valor de deslocamento para cada uma. Como pode ser observado no Gráfico 4.1.

Gráfico 4.1:Deslocamento em relação amalha discretizada.

MALHA
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
0
DESLOCAMENTO (mm)

1
2
3
4
5
6
7

Fonte: Autor (2017).

A partir da malha 4 (divisões 6x4) foi observado uma constância no valor do


deslocamento, variando menos de 1% em relação as malhas posteriores, como pode ser
observado na Tabela 4.1, o que implica que esta é a malha de convergência para tal
carregamento.

Tabela 4.1: Parâmetro de convergência da malha


T Divisões Nós Deslocamento (mm) ∆%
1 1X1 10 5,8168 0
2 2x2 27 3,5156 39,56%
3 3x2 38 3,106 11,65%
4 6x4 123 2,9096 6,32%
5 9x6 256 2,8816 0,96%
6 12X8 437 2,874 0,26%
7 15X10 666 2,8713 0,09%
8 18X12 943 2,8702 0,04%
9 21X14 1268 2,8698 0,01%
10 24X16 1641 2,8696 0,01%
11 27X18 2062 2,8696 0,00%
Fonte: Autor (2017).

Desta forma, a malha de numero 4 foi utilizada como parâmetro para as demais
análises. A estrutura discretizada utilizada está representada na Figura 4.4a seguir.

32
Figura 4.4: Malha 4 – Discretização 6x4

Fonte: Autor (2017)

4.1.2 Reações de apoio

Na estrutura em questão foram utilizados apoios do segundo gênero em todos os nós


que representavam os extremos do lance inferior e superior, com impedimentos de
movimentação na vertical e na horizontal, não impedindo a rotação da estrutura.
Com os elementos da estrutura definidos foi possível chegar aos valores para as
reações verticais nos apoios. Dada simetria da peça, as reações nos apoios no patamar
superior são iguais às reações nos apoios no patamar inferior. O detalhe da peça pode ser visto
na Figura 4.5 a seguir.

Figura 4.5: Detalhe das reações no apoio extremo da estrutura

Fonte: Autor (2017)

33
Tabela 4.2: Reações verticais no apoio extremo
Ponto Reação (kN)

1 -5,28

2 -2,75

3 15,13

4 33,21

5 23,73

Total 64,04

Fonte: Autor (2017)

4.1.3 Momento fletores

Cada elemento do tipo casca (Shell) possui um sistema de coordenadas local, onde as
cargas são orientadas. Os eixos do sistema local são chamados de 1, 2 e 3 pelo software. O
eixo 3 sempre está normal ao elemento, já os dois outros eixos, estão no plano do elemento; o
qual pode ser especificado pelo usuário. A orientação dos eixos é ilustrada na Figura 4.6.

Figura 4.6: Convenção de momentos fletores nas direções locais do elemento finito de casca

Fonte: Autor (2017)

Logo, para se obter os momentos fletores no elemento é necessário o entendimento


destes eixos e suas orientações. Isso será percebido na análise dos esforços nos elementos em
capítulos posteriores. Assim, o programa utilizado, SAP2000, oferece os momentos M11, M22e
M12, e tais momentos se dão a partir dos eixos locais definidos e explicados anteriormente.
O momento M22flexiona o elemento segundo a direção local 1, com seta dupla na
direção do eixo 2.Já o momento M11flexiona o elemento segundo a direção local 2 com seta

34
dupla na direção do eixo 1. O momento M12 atua no sentido normal aos outros momentos,
torcendo o elemento. Para uma melhor observação de tais esforços, a Figura 4.7 retrata os
conceitos descritos em um elemento plano.

Figura 4.7: Descrição da atuação dos momentos fletores no plano

Fonte: SAP2000 (2011).

Apresentado o conceito sobre a orientação dos momentos, na Figura 4.7: Descrição da


atuação dos momentos fletores no plano é possível observar o resultado em forma de
envoltória dos momentos fletores M22 na estrutura. Dado que este é o esforço de maior
significância para a análise, pois atua com o propósito de rotacionar o patamar em relação aos
lances.
Como a análise simplificada será feita considerando apenas os carregamentos no plano
xz e momentos fletores na direção y (vetor em seta dupla), o momento fletor M22 torna-se a
variável de maior interesse para as análises desse trabalho.

Figura 4.8: Momentos fletores M22 [kN*m/m]

Fonte: Autor (2017)

35
Assim, é possível perceber que a concentração dos maiores momentos fletores se dá na
região ligação entre as bordas do patamar com o lance, e o valor máximo desse momento se
encontra no ponto de ligação entre os três elementos da escada.
Pode-se verificar também que na borda em balaço do patamar os momentos fletores
são praticamente nulos, o que já era esperado pela falta de a rotação neste ponto.

4.1.4 Deslocamentos

Diante do carregamento a qual a estrutura foi submetida pode-se verificar o


deslocamento no ponto possivelmente mais desfavorável da estrutura, o qual é verificado na
Figura 4.9.

Figura 4.9: Deslocamento da estrutura

Fonte: Autor (2017)

O deslocamento resultante na malha em análise foi da ordem de milímetros, obtendo


valor de 2,9096 mm.

4.2 MODELO PLANO

Dada a análise pelo método dos elementos finitos, foi realizada a formulação da
mesma estrutura utilizando o software FTOOL. Nesta etapa foi idealizado o modelo que
descrevesse a estrutura tridimensional, para que os resultados da análise pudessem ser
comparados com o MEF.
A estrutura foi calculada semelhante ao método anterior, com os apoios, parâmetros
geométricos e especificações do material iguais. Assim, pode-se chegar ao sistema estático
mostrado na Figura 4.10.
36
Figura 4.10: Modelagem plana da escada autoportante

Fonte: Autor (2017)

Por se tratar de uma estrutura plana, fez-se necessária a aplicação da carga


multiplicada pela largura de cada elemento que compõe a escada: a carga no lance
multiplicado pela largura do lance e a carga multiplicada pela extensão do patamar.
Desta forma foi possível obter os valores das reações nos apoios, momento fletor e o
deslocamento da estrutura no ponto mais crítico. Tais resultados estão dispostos na Figura
4.11.

Figura 4.11: Momento fletor e reações de apoio

Fonte: Autor (2017)

Para o patamar, elemento em balanço, tem-se um diagrama característico de uma viga


engastada com um carregamento distribuído aplicado, como indicado por SOUZA (1994). O
autor ressalta que a analise da escada no modelo plano pode ser realizada utilizando os
elementos separados (lance + patamar). Inicialmente, calcula-se a parte em balanço da escada
como uma viga engastada. Com os valores de momento fletor e força cortante encontrados na
seção de “engaste” do patamar no lance, calcula-se o lance aplicando as reações anteriormente
encontradas como ações pontuais.

37
Portanto, com a aplicação dos carregamentos chegou-se à representação da estrutura
deformada e consequentemente os valores de deformação em coordenadas específicas. O
modelo deformado da estrutura pode ser observado na Figura 4.12.

Figura 4.12: Deslocamentos da estrutura plana

Fonte: Autor (2017)

Com a simetria da estrutura, tem-se o mesmo deslocamento no lance inferior e no


lance superior. No entanto, este valor não será utilizado no analise entre os modelos. Já o
valor do deslocamento no ponto mais crítico do patamar será o ponto de comparação entre
os métodos. Chegando ao valor de 1,81 mm no ponto mais desfavorável da estrutura.

4.3 MODELO PLANO X MEF

Diante dos resultados obtidos nos dois modelos, tridimensional e bidimensional, foi
possível realizar uma analise comparativa entre os dados nos pontos mais críticos. Como pode
ser observado na Tabela 4.3.

Tabela 4.3: Comparativo entre modelos


Modelo tridimensional Modelo bidimensional ( )
Reação vertical 64,04 kN 64,01 kN 0,05
Momento fletor 35,9 kN/m 36,0 kN/m 0,3
Deslocamento 2,91 mm 1,81 mm 37,8
Fonte: Autor (2017)

38
Figura 4.13: Indicação do grau de liberdade
da estrutura
O deslocamento apresentado na Tabela 4.3: Comparativo
entre modelos para o modelo tridimensional, é relativo ao
grau de liberdade 1 indicado na Figura 4.13.
Em uma análise posterior, comparou-se o grau de
liberdade 2 indicado na mesma figura.

Ao rotacionar, o patamar gera torção em cada um dos lances. Assim, o giro por torção
do lance nas extremidades, região de ligação com o patamar, é muito maior, contribuindo
mais para o deslocamento nas extremidades de borda do patamar. Tornando o ponto do grau
de liberdade 2 o mais desfavorável.

Tabela 4.4 Comparativo de deslocamentos


Modelo tridimensional Modelo bidimensional ( )
3,26 mm 1,81 mm 44,45
Fonte: Autor (2017)

39
4.4 REPRESENTAÇÃO BIDIMENSIONAL DO MODELO ESTRUTURAL DA
ESCADA
Nesta seção, serão realizadas as deduções, a partir da aplicação dos Princípios dos
Trabalhos Virtuais (PTV), para o cálculo dos esforços e para obtenção dos deslocamentos de
maneira analítica na escada autoportante no modelo plano. Como também a dedução de um
critério para correlação do modelo plano com o modelo tridimensional.

4.4.1 Dedução para o cálculo dos esforços

Para a dedução do cálculo de esforços devem ser utilizadas as cargas e as dimensões


da estrutura de forma literal, como visto na figura a seguir.

Figura 4.14: Modelo literal da escada autoportante

Fonte: Autor (2017)

Dada à simetria do elemento é possível obter os resultados das reações conforme as


Equação 4.2 e Equação 4.3.

∑ Equação 4.2

( ⁄ )
∑ Equação 4.3

40
4.4.2 Princípio dos Trabalhos Virtuais (PTV)

Para a dedução da equação que descreve o deslocamento do patamar utilizou-se o


princípio dos trabalhos virtuais. Dessa maneira, foi aplicado o método da carga unitária na
estrutura idealizada no plano. Assim, foram obtidos os diagramas de momento fletor da
estrutura real, com cargas literais, e da estrutura virtual com a aplicação da carga unitária.

Figura 4.15: Diagrama de momento fletor do modelo real

Fonte: Autor (2017)

Onde o momento de engastamento é dado por:

Equação 4.4

Figura 4.16: Diagrama de momento fletor do modelo virtual

Fonte: Autor (2017)

A partir dos digramas, pode-se então calcular o deslocamento com a Equação 4.5.

∫ ̅̅̅ Equação 4.5


41
Sendo:
= Deslocamento do patamar
̅ = Diagrama de momento fletor da estrutura virtual
= Diagrama de momento fletor da estrutura real.

Com a resolução da integral pode-se chegar à equação Equação 4.6. Tal equação rege
o deslocamento da estrutura na extremidade.

( )
Equação 4.6
( )

Tal que:
= Inércia do patamar
= Inércia do lance
= Carga atuante no patamar
= Carga atuante no lance
= Projeção horizontal do lance
= Dimensão horizontal do patamar
= Módulo de elasticidade do concreto
= Ângulo relativo à inclinação do lance

4.4.3 Valores reais


Deduzida a equação do modelo plano, pode-se assim calcular o valor do deslocamento
a partir dos valores encontrados do modelo em questão, os quais são:

Tabela 4.5 Valores de entrada para cálculo do deslocamento


240 cm cm³
150 cm cm³
⁄ 25000 Mpa
⁄ 32,005º
Fonte: Autor (2017)

Equação 4.7
O valor do deslocamento calculado pela modelagem numérica diferencia-se em apenas
1,63% do resultado obtido no software Ftool. Dado que o programa utilizada o PTV para seus

42
resolver seus resultados, sendo assim é possível utilizar o resultado analítico para representar
o modelo plano do Ftool.

4.4.4 Critério de análise


Para critérios de projeto estrutural, segundo as análises efetuadas, pode-se utilizar os
resultados obtidos na equação deduzida do deslocamento para representar os resultados do
modelo tridimensional. No entanto, é necessário que tal equação seja corrigida por um fator
ponderador, .
Este fator é definido pela razão entre o deslocamento obtido na analise tridimensional
e o deslocamento a partir da aplicação do PTV, denotado na Equação 4.8.

Equação 4.8

O ponto apropriado do modelo tridimensional para calcular o deslocamento utilizado


no fator é o ponto mais desfavorável. Como já mencionado anteriormente, este ponto se
situa na borda extrema do patamar.
Tal critério de tem o objetivo de correlacionar a equação do modelo tridimensional
com o modelo analítico simples. Assim, para se analisar a estrutura tridimensional no modelo
numérico plano, pode-se utilizar a Equação 4.9.

( )
( ) Equação 4.9
( )

Tal que:
= Inércia do patamar
= Inércia do lance
= Carga atuante no patamar
= Carga atuante no lance
= Projeção horizontal do lance
= Dimensão horizontal do patamar
= Módulo de elasticidade do concreto
= Ângulo relativo à inclinação do lance

43
Esta equação esta diretamente relacionada com as dimensões da estrutura. Dado que,
alterando as dimensões da estrutura, pode-se chegar a valores de deslocamentos mínimos e
melhor eficiência da estrutura estudada.

44
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tendo em vista que as escadas autoportantes são elementos estruturais bastante


complexos, este trabalho visou enriquecer a literatura atual com a dedução de um modelo
simples e plano que descreve o deslocamento da estrutura tridimensional da escada
autoportante sem apoio no patamar.
Com o auxilio dos softwares SAP2000 e Ftool, foi possível satisfazer tal objetivo
proposto, analisando a estrutura no modelo tridimensional extraindo parâmetros para o
modelo bidimensional, e seguindo taus parâmetros para o modelo analítico. Toda a análise
resultou em uma equação corrigida por um fator . Este fator aplicado na equação do
deslocamento tem o intuito de correlacionar o deslocamento entre os modelos tridimensional
e bidimensional, desconsiderando os efeitos axiais da escada e a torção nos apoios, como
especificado no inicio da análise.
A equação, apesar de ser uma simplificação de um modelo bem complexo, representa
o deslocamento do modelo tridimensional analisado pelo Método dos Elementos Finitos de
forma satisfatória. Assim, como a equação é função dependente de várias variáveis
relacionadas às dimensões da escada autoportante é necessário que seja analisada até onde
esse fator pode ser aplicado, um intervalo de dimensões.
Desta forma, sugere-se a trabalhos futuros uma rebuscada análise da equação deduzida
e do fator de correlação , alterando os valores destas variais. Haja vista a o parâmetro ser
uma simplificação de um modelo bastante complexo. Devendo ser analisadas também as
dimensões ótimas que resultem em um deslocamento mínimo da estrutura, trazendo maior
segurança para o engenheiro projetista.

45
REFERÊNCIAS

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_____. NBR 9077:saída de emergência em edifícios. Rio de janeiro, 2001.
_____. NBR 9050: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos,
2015.

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concreto em função das condições de apoio. Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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Grande do Sul. Porto Alegre. 2011.

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VASCONCELOS, A. H. R. Análise comparativa de métodos de cálculos de rampas


helicoidais autoportantes. Dissertação. Universidade de Brasília. Brasília. 2010.

47

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