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Generation Dead 02 - Kiss of Life

Capítulo 10

Tak olhava como George se arrastava para o nicho do mausoléu,


seguindo o Popeye pelo cemitério como um cão treinado. George ia com os
braços estendidos diante dele, com os dedos sujos e longas unhas pretas. Ele
levava uma caixa de folhas de papel com seu retrato.

O vento deslizou através do sorriso de Tak enquanto ele arrancava um


bom pedaço de fita de isolamento e colava outra folha em uma lápide. Ele deu
um passo para trás para ver a criação de Popeye.

"Nós amamos você", dizia o cartaz em uma imagem borrada de George


tinha tomado na Casa Assombrada. A cabeça de George estava inclinada, com
a jaqueta de veludo rasgada peara revelar uma camisa em farrapos através do
qual se podia ver as costelas. O flash da câmera deu um brilho maníaco nos
olhos, e os lábios pareciam sorrir. Apontando para a câmera com o dedo
mindinho obviamente quebrado em um ângulo impossível, e alguns ossos dos
nódulos eram visíveis sob a pele pronta para escorregar das mãos. As
palavras "PARA O EXÉRCITO DOS ESTADOS UNIDOS” estava escrito com a
mesma cor vermelho, branco e azul debaixo da foto.

E no final de tudo, em letras maiúsculas, mas menores, se lia:

"PATROCINADOS PELO EXÉRCITO DOS ESTADOS ZUMBIS DA AMÉRICA”.

A Tak parecia que o folheto era genial. Além de encher o cemitério de


cartazes,
Tayshawn e outros zumbis reais — que não tinha interesse em unir-se a
sociedade dos corações vivos — estavam pendurando mais cópias nas
funerárias e um na escola Oakvale.
Generation Dead 02 - Kiss of Life

Quando terminaram Popeye e Tak se reuniram debaixo de um anjo de pedra


para esperar George alcança-los.

— Ele... ficam... cópias? Perguntou Tak.

— Temos um quarto de caixa, mais ou menos. — Respondeu


Popeye, assentindo. —
Sabes que há... um posto de recrutamento de verdade... a uns três
quilômetros?

— Vamos... a ele. — Disse Tak. Popeye fazia menos pausas ao falar


quando estava realizando algumas das suas obras de arte.

— Temos algumas horas... antes de acordar os bebedores de ar.

Popeye chamou o George, que estava vasculhando uma pilha de folhas


que havia se
acumulado na entrada de um mausoléu. George levantou a cabeça ao
ouvir seu nome e
aproximou-se deles arrastando os pés.

— O que tem... lá? — Perguntou Tak.

George tinha uma caixa de cartazes de baixo do braço e segurando


alguma coisa na outra mão. Então tropeçou em uma
lápide baixa, caindo na face da terra coberta de geada, a caixa é aberta no
chão e parte dos papéis voava pelo cemitério. Popeye sacudiu a cabeça.

— Não temos... toda a noite. — Disse ele. Tak e ele foram recuperar
todos os cartazes que puderam enquanto George se colocava pouco a pouco
em pé. Quando se levantou, viram que levava um esquilo morto pelo rabo.
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— Lindo. — Popeye disse, sorrindo. — Você acabou de... catar,


George? Ou já estava morto? — Viram que George levava o esquilo a sua
irregular boca e o mordia.

— Por que... faz isto? — Popeye perguntou. George estava mastigando o


animal,
a pele e osso incluindo, enquanto ele colocava cara de avidez, como se
temesse que Tak e Popeye a roubassem.

— Ele acha que... é o que deve fazer. — Disse Tak.

— A morte tem que haver... frito o cérebro. —


Respondeu Popeye, George o olhava com o esquilo bem preso entre os
dentes. — Essa é a foto que deveríamos... ter usado nos cartazes.

— Quem... sabe? Talvez... George... está fazendo aquilo que é


suposto... que tem fazer.

O mencionado olhou para ele, e Tak pareceu ver uma breve


centelha de emoção em seu
rosto cinza e argiloso enquanto mastigava, ainda que
seguramente imaginasse. George
era o zumbi menos expressivo que eu tinha conhecido. Era quase como se não
interessava tentar-se parecer mais com o garoto do Fator Biótico Tradicional
que era antes de morrer. Tak não sabia se andava com os braços estendidos
porque tinha que fazer ou porque queria fazer. Ninguém sabia de onde havia
saído ou como tinha encontrado a Casa Assombrada. Simplesmente apareceu
um dia na varanda e começou a bater na porta. Tayshawn tinha o chamado
de George, e com esse nome ele ficou.

Os sons que fazia George ao mastigar o roedor não eram nada


agradáveis. Tak o
observou comendo e se perguntou se o seu parceiro seria capaz de falar se
tentasse.
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— Muito boas... maneiras. — Disse Popeye, falando na frente do garoto


como se fosse
demasiado estúpidos para compreender. Tak guardou os seus comentários e
esperou
George terminar de comer. Suspeitava que não fosse tão estúpido
como Popeye acreditava; podia obedecer quase todas as instruções e estava
muito disposto a permitir que qualquer outro zumbi o tratasse
como um criado, especialmente Tak.

George deu outra mordida no animal e jogou seu corpo quebrado nas
lápides. Veio
surpreendentemente longe. Então ele passou a manga do paletó
manchado pela boca torta e caminhou na direção deles.

— Você já comeu o bastante, George? — Popeye perguntou.

— Sente o cheiro? — Disse em seguida Tak.

— Eu acho que... cheiro. Creio que consegui ter de volta o sentido do


olfato.

— Sinto o cheiro.

— Cheira a... morto.

— Seja o que seja não é Z. — Respondeu Tak, e a Popeye pareceu muito


engraçado. —
George volte para... casa. Está a ponto de sair... o sol. Volte para casa e...
espera por nós.

O viram avançar entre os túmulos antigos no caminho para a floresta.


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— Eu posso ser... um artista, — Disse Popeye, admirado. — mas aquele


cara... é pura
arte.

***

Phoebe acordou de mau humor, notava que emitia uma nuvem


escura de negatividade
que saía pelos poros como um vapor espesso invisível.

Seu terrier, Gargoyle, olhou para o pé da cama, se virou, saltou ao chão e


saiu correndo antes que névoa o envolvesse. Não ficava energia para
discutir com a Sra. Garrity, quando a mulher disse que Adam
estava "Muito Doente" para ir à escola. "Os mortos não se põem doentes, Sra.
Garrity” tinha que ter dito, mas então deveria ter perguntado
se poderia falar com Adam. Em vez de fazê-lo, suspirou e caminhou até o fim
da sua rua para pegar o ônibus, colocando o gorro até as orelhas para
proteger-se do frio que parecia vir do seu interior.

O ônibus chegou sete minutos atrasado. O primeiro que ouviu foi à risada
aguda e felina da Colette. Como não estava de humor, sentou-se na parte
dianteira, ao lado de um
novato com óculos. Obviamente, o menino estava apavorado. Phoebe se
conhecida o suficiente para saber que muitos dos garotos mais jovens a
olhavam com medo.

Margi dizia que a olhavam mal por causa das roupas góticas e pele
perfeita, enquanto
Phoebe tendia a pensar que tinha mais a ver com a sua presença no
assassinato de
Adam, com isso ou ser a causa do assassinato. Olhou para o garoto, que se
agarrava à sua mochila e olhava para frente.

A chamavam de a Noiva de Frankenstein, era seguro.


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— Phoebe, Phoebe! — Ela ouviu Margi chamar do fundo do ônibus.


Phoebe não fez caso. Assegurou-se de ser a primeira a descer, saindo para o
corredor do
ônibus enquanto o garoto do lado ficou encolhido no seu assento.

— Onde está Adam? — Perguntou a Sra. Rodriguez ao iniciar a aula de


álgebra, e Phoebe tendo possuído o poder de petrificação, o havia usado sem
pensar. Resmungou que não sabia. — Tommy tão pouco está. —
Acrescentou a Sra. Rodrigues. — Você sabe onde ele está? — Phoebe teve
de engolir a primeira resposta que lhe ocorreu, que era perguntar a
Sra. Rodriguez se ela achava que ela era a mãe de todo o necrotério.

— Não é próprio de Tommy perder um dia de aula. — Segui dizendo a


professora. A
garota encolheu os ombros e foi para seu lugar, onde ela olhou para TC Stavis
muito concentrado em evitar olhá-la.

— Sou a Górgona[red]*[/red]. — Pensou, olhando para ele com os olhos


semicerrados. — O meu olhar é mortal.

[red]* - As três irmãs Górgonas - Medusa, Esteno e Euríale - eram filhas das
antigas divindades marinhas.[/red]

TC inclinou-se sobre o seu livro de álgebra e pareceu encolher.

Mais tarde, na sala de jantar, Phoebe teve um almoço medíocre, leite,


cenouras,
macarrão quente e queijo e uma maçã podre, com uma área tão grande
quanto o
A cratera Tycho. Margi entrou e se deixou cair ao lado dela com tanta apatia
que lançou parte do leite da Phoebe e lhe manchou a blusa.
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— Olá, olá. — Disse Margi, enquanto Colette e Karen se sentavam na


frente delas. —
Nossa garota voltou a usar preto.

— Eu estava de preto. — Respondeu Phoebe, franzindo a testa. —


Agora eu estou de preto e branco. –
Acrescentou, esfregando a frente da camisa com um guardanapo.

— Deixe-me ajudar. — Disse Margi, pegando um guardanapo e


apertando contra o
peito. Phoebe lhe afastou a mão e o som fez rir as meninas mortas. — Corta a
onda
do jiu jitsu, eu só queria ajudar. — Reclamou Margi, esboçando um sorriso
irônico.

— Sim, obrigado pela "ajuda”.

— Continua pensando sobre o julgamento, não?

— Não.

— A Adam foi o pote [red]*[/red]hein?

[red] * - Dizemos que alguém está indo ao pote, quando esta distraída, diz
estúpido / fazer coisas loucas, ou você se esquecer de algo. Servi para todas as
três situações, que são diferentes, mas igualmente válidas para usar a
expressão espanhola hoje.[/red]

— Não! — Phoebe exclamou, erguendo a voz acima do burburinho da


sala de jantar. — Não, não foi o pote. Quem te disse isso?

— Bem... — Respondeu Margi, observando Karen e Colette, que não a


ajudaram. Karen
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tirou a tampa de um recipiente com os morangos fatiados. — Me disse Norma,


que ouviu de Gary creio que falou com Morgan Harris, que deve ter começado
a partir de TC.

— TC. — Repetiu Phoebe. Um elo necessário na cadeia dos idiotas.

Margi sabia que foi incluída na cadeia, assim que passou por alto o
comentário.

— Como foi de verdade?

— Às vezes eu não sei por que eu falo com você.

— Por que transbordo sabedoria e sei escutar? —


Disse Margi, ficando vesga.

Phoebe se virou para olhá-la e viu que, para completar a sua magistral
representação
idiotismo congênito, tinha tirado a língua e havia deixada pendurada. As
garotas
mortas aguardaram em silêncio, como se notaram a tormenta que estava se
formando dentro de Phoebe. Então ocorreu algo estranho: ao olhar a palhaçada
de Margi, Phoebe notou que a nuvem escura se dissipava.

— Ai, — Margi, disse rindo. — Vê? Por isso sai comigo.

— Provavelmente.

— Venha, Pheebes. — Insistiu Margi, inclinando-se para frente até que


Phoebe notou o cabelo espetado na bochecha. — Fale conosco, deixe
sair. Somos suas colegas.
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— Eu sei. — Disse ela. Karen e Colette suspirariam de alívio se


pudessem. — Sei que vocês são.

As perguntas chegaram a toda velocidade, caindo umas sobre as outras


como um poema de verso livre.

— Que disse?

— Esta bem?

— O que disse Pete?

— Foi muito mal?

Phoebe levantou a mão.

— De verdade disseram que Adam pirou?

— Algo parecido com isso. — Diz Margi.

— Eu não ouvi nada. — Disse Karen, levantando a taça de morangos


para Colette
tentar cheira-los. — Ninguém fala comigo. Supus... que havia ido mal porque
tinha cara de querer... matar todo mundo.

Phoebe suspirou e fez rodar a maça podre sobre a mesa.

— Não pirou. O advogado Martinsburg fez um milhão de


perguntas e estava sendo o mais
condescendente possível. Adam tentou com todas as suas forças, mas não
podia falar.

— Tia, pobre Adam. — Disse Margi.


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— Me senti terrível por ele. — Disse Phoebe.

Karen parecia querer dizer algo, porem decidiu meter um morango em


sua boca.

— Então, o que fez? — Margi perguntou.

— Ele tentou responder a uma pergunta. E ele fez, mas sua resposta não
era... inteligível. Isso sim, disse muito forte.

— Eu ainda... faço isso, algumas vezes. — Disse Colette.

— De verdade? Eu pensei que você estava tentando cantar. — Zombou


Margi.

— Cale a boca. — Respondeu Colette, dando-lhe um olhar assassino.

— Isso não importa. — Disse Karen.

— O que você quer dizer? —Phoebe perguntou, espantada.

— Bem, Phoebe, — Ela disse. — e claro que importa para o Adam, e


para você. Isto não teria importância o como... eloquente... Adam foi ao
pódio. Esse cara, não ia castigá-lo todos os modos.

— Ele foi posto a serviço da comunidade. — Disse Phoebe. — E tem que


ir a um psicólogo.

— Grande coisa. — Disse Karen, selecionando outra fatia de morango. —


Psicólogo, e nem sequer deixaram falar com Tommy. Não lhe resultou... fácil ir,
você sabe.
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— Eu também teria gostado de vê-lo ter uma pena mais dura. —


Respondeu Phoebe, depois de olhar para ver se ela estava sendo acusada de
alguma coisa. Os estranhos olhos de Karen parecia sincero.

— Uma surra ou algo pior. — Propôs Margi.

— Alguns estariam de acordo contigo, — Disse Karen. — salvo que não


lhe diriam... piada. — Ela sorriu e lambeu o suco de morango de seus lábios.

— Você está bem? — Phoebe perguntou, enquanto a observava cavar as


unhas um uma laranja.

— Bem, curiosa à pergunta, né? — Karen respondeu arrancado à casca


da fruta com uma torção violenta do pulso. — Considerando as circunstâncias.

— Você está chateada com alguma coisa. Ou é algo que eu disse?


Talvez o julgamento?

Karen a olhou durante um momento, teria jurado ver uma


luz acobreada na reluzente
retina de seus olhos. A garota morta levou a laranja ao seu rosto e inspirou
com força.
Estava sendo ainda mais estranha do que o habitual, tinha vindo para a aula de
jeans e um grosso moletom da faculdade com um logotipo pintado, ao invés
de suas longas saias e vestidos. As saias curtas e vestidos curtos,
roupas que deixavam em descoberto boa parte de sua pele gelo branca,
inclusive com o tempo mais frio. A luz se apagou de seus olhos.

— Sinto muito, Phoebe, eu tenho um dia ruim, não? Por que você
acha que é? Não faz falta os hormônios, açúcar no sangue e todas essas coisas
químicas para essas trocas de humor?

— Será que... formaldeído. — Disse Colette.


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A risada de Margi se ouviu em toda a cafeteria.

Karen voltou-se para Colette e partiu a laranja pela metade para


partilhar com ela.

— Como me alegro que... progrida. — Ela comentou. Colette recusou a


laranja e como nem Margi e Phoebe queriam um pedaço, deixou-o no
guardanapo diante dela.

— Falando de progresso, eu estava pensando que poderíamos fazer


algo legal para
Adam tentar animá-lo. — Disse Phoebe. — Uma festa? Na Casa Assombrada?

— Que ótima ideia! — Exclamou Karen. — De verdade, Phoebe, eu acho


que dar uma... festa para o Adam é genial. Estar rodeado de pessoas que o
querem... tem que ser
bom.

— Eu também... creio que... é bom. — Disse Colette. — Eu desejava...


que alguém... tivesse feito... por mim.

— Tinha que voltar ao tema, mais uma vez. — Disse Margi, revirando os
olhos como ela, pegou as fatias de laranja. — Não vai me deixar em paz?

— Eu... nunca... estarei... em... paz. — Respondeu Colette, olhando,


enquanto um sorriso
nervoso jogava na comissura dos seus lábios.

Margi se pôs a rir outra vez. O sorriso de Colette era muito diferente
da Karen, que resultava mais realista. O da outra menina soava
como um alegre soluço feliz
como o som que alguém faria se ele começasse a rir com a boca cheia de leite.
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— Ei, vocês viram... o jornal... esta manhã? — Colette perguntou, sem


deixar de sorrir.

Margi riu baixinho, nem Karen nem Phoebe tinha visto.

—Os... caras... prepararam... outra


piada. Sua ideia de... vingança, suponho. Você trouxe?

Ela perguntou a Margi, que estava remexendo a bolsa dela.

— De verdade? — Perguntou Karen com demasiada inocência.

— Sim, é... super divertido.

Margi tirou um recorte de jornal amassado e deixou sobre a


mesa. George as olhava
a partir da foto.

— É genial! Melhor que a pichação da escola, vamos. — Disse Phoebe,


rindo.

— Tak e Popeye podem ser muito inteligentes. — Comentou Karen.

Phoebe conseguiu penetrar na expressão enigmática de sua amiga e


estava a ponto de dizê-lo quando Margi fez uma pergunta:

— É o Tak o garoto com o sorriso eterno? E quem é o Popeye?

— Os conhecera na festa... de Adam. — Disse Karen.

— Ugh, — Disse Colette. — tem... que... vir? Eu gosto dela... piadas,


mas...
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— Não quer conhecer os artistas? — Karen perguntou. — Além disso, eu


não posso...
proibi-los de ir. É a sua casa.

— Eu... sei, eu... eu sei. É que eles são... desagradáveis... às vezes. Sobre
tudo com os... tradicionais.

— Eles são bastante ousados. — Disse Margi. — Desde meu tradicional


ponto de vista.

— Eu só espero que eles não vão... muito longe. — Acrescentou Colette.

—Ao menos vão... a alguma parte. —Respondeu Karen, agitando as


mãos. — De todo modo provavelmente Tak não queira ir para a festa.

— Isso seria perfeito. — Pensou Phoebe, ainda que ela não dissesse em
voz alta.

— E se decorarmos a casa assombrada? Mais ou menos como você fez


para depois do
baile.

— Ok, Phoebe isso é ótimo. — Disse Karen.

— Vou convidar Thorny. — Disse Phoebe.

— E o resto do time de futebol Americano? — Margi perguntou. — O


que todos os antigos colegas?

Phoebe pensou em alguns dos "antigos colegas" de Adam: o psicótico


Martinsburg e violento estúpido Stavis.
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— Não sei... Eu não acho que lhes interessa ir. Talvez Thorny tenha
alguma ideia.

— Podemos dizer que é um... velório. — disse Colette. — Eu realmente...


desejaria... ter tido... um.

— Aqui vamos nós de novo. Passe-o.

— Eu também decidi ignorar você, Margi. — Disse Phoebe. — Que te


parece, Karen? Sábado é cedo demais?

— Sábado está bem. Temos todo o tempo do mundo.

— Falando de tempo, — Disse Phoebe, olhando Karen com a cara


nervosa. — você tem que me fazer um favor.

Não queria alongar as desculpas, mas do que o necessário, Se não


houvesse atrasado tanto, talvez o numero zinho do corredor não houvesse
ocorrido. Karen tinha razão, pelo menos devia uma explicação para Tommy.

Ainda assim, quase se surpreendeu quando Karen disse que,


efetivamente, Tommy se reuniria com ela depois das aulas. Havia se portado
tão mal com ele que devia ter compreendido que não quisesse voltar a falar
com ela nunca mais, e eu sabia que,
independentemente de como saísse tudo, não queria que isso acontecesse.

— Oi, Tommy. — Cumprimentou-a.

Usava calças cáqui e uma camisa branca e azul com as mangas


arregaçadas, parecia
um dos modelos do catálogo de roupas de L. L. Bean, ainda que muito
pálido. Ela
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levava um grosso casaco preto com um capuz forrado por dentro de pele falsa.
Tommy nunca tinha frio.

Sabia que ele a estava observando desde que ele deixou o instituto, que
a havia seguido com seus transparentes olhos azul-acinzentados, olhos
que eram da cor
o céu da manhã, antes de começar um dia perfeito.

— Olá — Tommy respondeu, e sentou ao seu lado, ainda que notasse o


gelado metal das grades através da saia. — Obrigado por vir. E obrigado por ir
a julgamento.

— Me alegro... de ter ido... ainda que não me... deixaram...falar. —


Sorriu, embora com
tristeza, como se ele já soubesse o que sua amiga ia dizer. — Se... senti
melhor? — Ela o olhou entre serrando com os olhos, perguntando-se se a
conversa iria para esses caminhos. — O outro... dia você foi... para a
enfermaria. Disseram-me... que te enviaram... para casa.

— Ah. Ah, sim, eu me sinto muito melhor. Suponho que eu comi muitos
doces no Dia das Bruxas.

Então, ele sabia que a conversa iria para esse curso somente se ela
quisesse. Ele era muito paciente e controlado para ser conduzido pelas
emoções que sentisse o que quer que fosse.

Seus olhos — os olhos que tinha um estranho efeito hipnótico sobre ela
— eram limpos. Phoebe desviou o olhar.

— Eu queria pedir desculpas. — Ela disse, era como se tivesse


que engolir a saliva a cada três palavras. — Não tinha o direito de dizer o
que eu disse, não era certo, e eu sinto muito.
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— Mas... tinha razão. Se eu pudesse ter... me movido... Adam seguiria...


vivo.

As lagrimas que Phoebe havia tentando conter começou a escapar. Adam


seguiria vivo, mas talvez Tommy houvesse morrido definitivamente. Ou
talvez ela... não havia forma de
saber. O que passou, passou e não poderia ser desfeita.

— Eu teria dado... qualquer coisa... por ter podido mover-me.

— Você não podia fazer nada. Sinto muito ter te culpado. De verdade,
Tommy.

— Assim os dois o... sentimos. — Respondeu Tommy, consentindo e


levantando os olhos ao
ouvir que o ônibus se afasta. Faltava pouco para que o que ficava de equipe
futebol Oakvale saísse ao campo para treinar.

Phoebe abraçou os joelhos e escondeu o rosto para ele não ver. Queria
levantar-se para abraçá-lo, e que sabia que o fazia com sinceridade, mas temia
dar uma ideia equivocada.
Também dava medo de tocá-la por que temia de descobrir que essa "Ideia
Equivocada" estava correta.

Tommy foi o primeiro a falar, sua voz rouca.

— Eu... obcecado... Phoebe.

— Desculpe. Desculpe, desculpe, desculpe.

— Não... desculpe. Fique comigo. Me dá... outra... oportunidade.

Ela soluçou e se afastou quando ele tentou tocar em seu braço.


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— Eu não posso Tommy. Estou com... Adam precisa de mim.

Tommy ficou em silêncio, embora ela parecesse sentir o peso de seu


olhar sobre o pescoço. Secou os olhos com a manga.

— Ele morreu por mim, Tommy.

— Você o ama? — Ele perguntou, depois de um tempo.

Phoebe olhou para as árvores além do campo. Não estava segura de qual
era a resposta para a pergunta, ainda não. Sentia algo por Adam que
não sentia por ninguém mais? Eram esses sentimentos amor ou uma profunda
lastima envolvida na culpa,
sentia por seu sacrifício? Era difícil saber a verdade,
especialmente no estado de Adam.

Estava apaixonada por Adam? Seu coração dizia que sim, nos escassos
momentos em que seu cérebro estava calado, ainda que não pudesse dizer em
voz alta para Tommy, não.

— Me... necessita Tommy. Agora mesmo não tenho... não tenho


tempo para mais ninguém.

Levantou-se e olhou para ele sentado em mangas de camisa, apesar do


frio, tão implacável quanto à morte. Se eu soubesse, se soubesse de coração
que Tommy queria a ela, a Phoebe, e não a qualquer garota viva e bem
disposta, talvez as coisas tivessem sido
diferentes.

— Mas não sabia.

— Se acabou Tommy.
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Virou-se e começou a descer os degraus de aço.

— Phoebe. — Ele disse, e ela parou. — Isto... é... o que senti... quando...
te apontou ... com a pistola.

Parte dela queria pedir desculpas outra vez, enquanto a outra


parte queria gritar.
Queria gritar: — Bom, não era isso que você queria? Sentir? Isso é sentir.

No entanto, uma terceira parte, a parte que manteve escondida, a fez


queres render-se a outros sentimentos, sair correndo para ele, e abraçá-lo dar
o beijo que ele acreditava que lhe devolveria a vida.

Mas não fiz.

Ele se afastou.

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