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Branca de Neve tal qual passaste quando te

(Autor: Guilherme de levaram,


Almeida) no ataúde de vidro, os sete
anões.
Eu te guardo no fundo da
memória, E encontrei a Saudade: ia
como guardo, num livro, alva e leve
aquela flor na urna do passado que,
que marca a tua delicada afinal,
história, é como o teu caixão,
Branca de Neve, meu Branca de Neve:
primeiro amor. é um ataúde todo de
cristal.
Amei-te... E amei-te,
figurinha aluada, E parecia morta: mas
porque nunca exististe e vivia.
porque sei Corado do meu beijo que a
que o sonho é tudo — e roçou,
tudo mais é nada... despertei-a do sono em
E és o primeiro sonho que que dormia,
sonhei. como o Príncipe Azul te
despertou.
Hoje ainda beijo, comovido
e tonto, Sinto-me agora mais
a velha mão que um dia criança ainda
me mostrou do que naqueles tempos
aquela estampa do teu em que li
lindo conto, a tua história mentirosa e
princesinha encantada de linda;
Perrault! pois quase chego a
acreditar em ti.
Que fui eu afinal? — Um
pobre louco É que o meu caso
que andou, na vida, (estranha extravagância!)
procurando em vão é a tua história sem tirar
sua Branca de Neve que nem pôr...
era um pouco E esta velhice é uma
do sonho e um pouco de segunda infância,
recordação... Branca de Neve, meu
primeiro amor.
Procurei-a. Meus olhos
esperaram
vê-la passar com flores e
galões,

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