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Compartimentação geoambiental no complexo de Campo Maior, PI: uma área de

tensão ecológica
Geoenvironmental Compartment in Campo Maior Complex, PI: an ecologic
tension area
Compartimentation Geoambiental dans le complexe du Campo Maior, PI : une aire
de tension écologique
Compartimentación geoambiental en el complejo de Campo Mayor, PI: un área de tensión
ecológica

José Sidiney Barros*


Antônio Alberto Jorge Farias Castro**
Recebido em 5/8/2005; revisado e aprovado em 24/2/2006; aceito em 26/5/2006.

Resumo: A região pesquisada, localizada numa área de tensão ecológica, foi submetida a estudos de
compartimentação geoambiental de suas unidades, segundo pressupostos da teoria geossistêmica. A vegetação, em
manchas ou capões, configura tipos fisionômicos com contatos abruptos ou gradacionais, instalados em solos
submetidos a processos de lateritização e ferralitização. Foram analisadas relações entre solo, vegetação, estrutura,
florística e diversidade em oito parcelas de 20m x 50m, registrando-se 4 434 indivíduos arbustivo-arbóreos.
Palavras-chave: Ecótono; lateritização; microrrelevos.
Abstract: The researched region, located in ecological tension area, was subjected to geo-environmental
compartmentalization of its units, according to presupposed geo-systemic theories. The vegetation, in “cerrado
island around termite hills”, configures physiognomic types with abrupt or gradual contacts, installing themselves in
soils subjected to lateritization and ironization processes. The relations between soil, vegetation, structure, floristic
and diversity were analysed in 8 parcels (20m x 50m, each).
Key words: Ecotone; lateritization; micro-relieves.
Résumé: La région étudiée, qui se trouve dans une région de tension écologique, a été soumise à des études de
compartimentation de géo-environnement de ses unités, selon la théorie géo-systémique. La végétation, en touffes ou
« capões », configurent des types de paysages avec des contacts brusques ou graduels, installés sur des sols soumis
à des procédés de latérisation et de ferrilisation. Il a été analysé les relations entre sol, végétation, structure, flore et
diversité en 8 parcelles de 20m x 50m, où il a été enregistré 4.434 arbustes et arbres.
Mots-clé: Écotone; latérisation; micro-reliefs.
Resumen: La región pesquisada, localizada en un área de tensión ecológica, fue sometida a estudios de
compartimentación geoambiental de sus unidades, según hipótesis de la teoría geosistémica. La vegetación, en
manchas o capas, configura tipos fisonómicos con contactos abruptos o graduales, instalados en suelos sometidos a
procesos de ferraliticar y lateritización. Fueron analizadas relaciones entre suelo, vegetación, estructura, florística y
diversidad en 8 parcelas de 20m x 50m, registrándose 4.434 individuos arbustivo arbóreos.
Palabras claves: Ecótono; lateritización; micro relieves.

1 Introdução dade e vulnerabilidade relacionadas com a


declividade dos terrenos, tipologia e estru-
A instalação de um processo de com- tura dos solos, condições edafoclimáticas, ao
partimentação caracteriza-se pela redução número e freqüência das espécies dominan-
na área original e delimitação de manchas tes, ao caráter antrópico ou como resultado
remanescentes isoladas com diminuição na da interação de eventos naturais (ROSS,
biodiversidade (FRAGMENTAÇÃO DE 1992; GUERRA et al., 2003). Nas baixadas,
ECOSSISTEMAS, 2003). A discussão funda- destaca-se, ademais, a importância de dois
menta-se numa perspectiva sistêmica, segun- fatores estratégicos para a conservação e rea-
do pressupostos teóricos de Sotchava (1962) bilitação da paisagem: a água e o solo.
e Bertrand (1968), evidenciando caracterís- O relevo de chapada em formato de
ticas diretamente responsáveis pela fragili- mesas (IBGE, 1996), em superfícies que osci-

* BIOTEN. Parte da dissertação de Mestrado do primeiro Autor. PRODEMA/TROPEN/UFPI. Rua Adalberto Correia
Lima, 1672 – Planalto Ininga. CEP: 64049-680 Teresina – Piauí. (jsidneybarros@terra.com.br).
** Departamento de Biologia/TROPEN/UFPI. Av. Da Universidade 1310 – Ininga CEP: 64049-550 – Teresina –
Piauí. (aajfcastro@uol.com.br).

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lam entre 100m a 420m de altitude tem, na cerrado-caatinga presentes na parte central
área, cotas inferiores relacionadas a feições da bacia do Parnaíba, distribuindo-se por
de interflúvios tabulares. O clima da região, toda uma região denominada de Depressão
segundo a classificação de Köppen, enqua- de Campo Maior (CPRM, 2000; VELLOSO
dra-se no tropical subúmido (C1WA’4a’), com et al., 2001), esquematizada na figura 1.
temperaturas entre o máximo de 35ºC e o Fundamentada na discussão de aspec-
mínimo de 23ºC nos meses secos. A precipita- tos relativos à instalação de processos de
ção reveste-se de características contrastan- compartimentação geoambiental, ao con-
tes no tempo e no espaço, atingindo valores templar o estudo geológico, geomorfológico,
anuais de 1.400mm, extremamente elevados pedológico e fitossociológico, estes dois últi-
quando se compara com dados de áreas afins mos numa tentativa de inter-relação em áreas
com vegetação caducifólia de transição ou com consideradas frágeis, esta pesquisa tem por
características vegetacionais semelhantes. objeto de estudo as rochas das formações
Essas variações climáticas refletem-se nas di- Longá e Poti e unidades limítrofes, represen-
ferentes associações vegetais, com contribui- tantes últimas de um dos mais importantes
ção da litologia e do relevo. Como feição pre- ciclos tectono-sedimentares da Bacia do
dominante destaca-se um complexo Parnaíba, e a distribuição da vegetação em
vegetacional, relacionado a zonas de contato área de ecótono.

Figura 1 - Localização da Área de Pesquisa.

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2 Material e métodos ta qualitativo e/ou quantitativo. As litologias


aflorantes estão representadas por arenitos,
Para a estratificação das unidades geo- siltitos e folhelhos cinza-escuros das formações
ambientais utilizou-se o método geopedo- Longá e Poti, em camadas sub-horizontais.
morfológico, estratificando e identificando as A unidade caracterizada por feições, no ge-
características ecogeográficas (rocha-mãe, ral, de caráter erosivo, ocorre na área na for-
solo, relevo, vegetação) e os respectivos pro- ma de superfícies estruturais pediplanadas e
blemas geoambientais (TRICART e vales pedimentados, com mergulho suave das
KEEWITDEJONGE, 1992). As áreas amos- camadas para norte-noroeste (IBGE, 1996),
tradas e pesquisadas foram localizadas em de relevo condicionado às formações geológi-
sítios ou subambientes com maior homoge- cas e efeitos do intemperismo local como res-
neidade geológica e ambiente pedológico de posta à ação de forças endógenas e exógenas.
deposição, nos quais foram instaladas qua- O regime de água nos solos é um fator con-
tro (4) parcelas segundo o método seletivo, dicionante da distribuição das fisionomias da
com dimensões de 20m x 50m (0,1 ha cada). paisagem e depende da localização topográfi-
Os sítios amostrados, 32 ao todo, foram ca do sítio na sub-bacia hidrográfica e da pro-
georreferenciados com levantamento dos in- fundidade desses solos. Formações mais aber-
divíduos arbustivo-arbóreos vivos, incluindo tas instalam-se em áreas mais elevadas com
as lianas, com diâmetro de caule ao nível do drenagem boa em solos rasos; outras fisiono-
solo (DNS) ≥ 3cm e identificadas, in loco, pelo mias com solos mais profundos ocupam áreas
nome vulgar e posteriormente comparados mais baixas. A importância do nível freático,
com listas dos herbários ou enviados para e da variação da sua profundidade com as
especialistas. As amostras de solo por parce- características físicas do substrato, para o de-
la foram analisadas e classificadas, numa ten- sencadeamento de processos de formação de
tativa de possíveis inter-relações com as dife- solos, é apontada por autores como Beard
rentes fisionomias vegetacionais. Registrou- (1953), Ratter (1992) e Sarmiento (1971) como
se, ademais, o número de indivíduos, ou a sua um dos fatores a exercer um controle efetivo
densidade, e de espécies, ou sua riqueza. na variação florística das savanas (cerrados)
tropicais. Castro et al., (1998) posiciona a
2.1 Situação geológica maioria dos cerrados do Piauí como savana
hiper-sazonal de Sarmiento (1971), tendo por
A Bacia do Parnaíba, ou Província Se-
base dados relativos à variação sazonal do
dimentar do Meio-Norte, corresponde à Pro-
nível piezométrico, ao longo dos anos, em
víncia homônima, com exposição a Norte-No-
áreas similares à do Complexo Vegetacional
roeste de unidades pré-silúricas e definida por
de Campo Maior.
Almeida (1972), ao referir-se a uma área de
aproximadamente 600.000km2, distribuindo-
se pelas regiões nordeste, norte e centro-oeste 3 Geomorfologia local e a compartimen-
do Brasil ou porção oriental da Plataforma tação geoambiental
Sul-Americana. A área pesquisada, de apro-
ximadamente 1.600 km2, é entendida como O estudo da compartimentação geo-
de tensão ecológica (IBGE, 1996), por corres- ambiental voltou-se para a caracterização
ponder a faixas de transição edafoclimáticas dos elementos interdependentes e indissociá-
de dimensões consideráveis, entre dois domí- veis do meio natural, embasado nas relações
nios distintos, submetida a condições pedoló- estabelecidas entre os processos de morfo-
gicas diferentes no interior de determinado gênese e pedogênese e as ações antrópicas.
domínio geobotânico; como um ecótono, por A compartimentação topográfica possibili-
configurar áreas onde ocorrem misturas de tou a individualização de um relevo de li-
vegetações de domínios adjacentes e diferen- nhas suaves, onde sobressaem as formas
tes, ou como um encrave e, neste caso, devi- subtabulares das cuestas piauienses, plainos
do a formação de manchas de vegetação per- horizontais das chapadas, tabuleiros e coli-
tencente a uma classe diferente da dominante nas maranhenses, até às planícies litorâneas
(RADAMBRASIL, 1978), com elementos flo- (IBGE, 1993). A couraça laterítica é mapeada
rísticos que lhes são próprios do ponto de vis- em toda a área de capeamento das superfí-

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cies aplainadas e remanescentes, assumin- significativa e bruscamente, entre argilas, ar-


do feições de colúvio como resposta a pro- gilas siltosas e/ou arenosas, siltes, siltes are-
cessos de desintegração, de modo mais fre- nosos e areias, com impregnações locais de
qüente nas vertentes das colinas. seixos de calcário, sílica e arenitos, enquadran-
do-se, mais diretamente, nas classes dos
4 Solo e vegetação Neossolos Litólicos, Argissolos e Plintossolos.

A gênese dos solos relaciona-se às ca- 5 Discussão


racterísticas climáticas, vegetação, litologias
e o tempo. A composição, estrutura e distri- A metodologia utilizada permitiu a
buição das comunidades vegetais têm uma individualização de três (3) geoambientes e
relação estreita com o respectivo geoambien- oito (8) subambientes, assim distribuídos:
te, neste caso as comunidades instaladas em GEOAMBIENTE 1. Alagável e/ou inun-
áreas ecotonais poderiam representar os dável em áreas deprimidas, de armazenamen-
mais importantes indicadores das mudan- to temporário ou permanente de água, e áreas
ças. Para autores como Eiten (1972) as brejosas de relevo plano e solos hidromórficos
savanas brasileiras (cerrados) enquadram-se de baixa altitude enquadrados nas classes de
nestas condições, e responsabiliza o subs- Neossolos Litólicos, Neossolos Flúvicos, Neos-
trato rochoso, as diferentes altitudes, profun- solos Quatzarênicos e Gleissolos, predominan-
didades, drenagem e fertilidade dos solos temente. A este geoambiente estão relaciona-
como fatores delimitantes e possibilitadores dos os quatro (4) subambientes seguintes:
da presença desta fisionomia local. SUBAMBIENTE 1 - Ambiente das depressões
Os cerrados do Nordeste do Brasil es- arenosas, com Copernicia prunifera, microrrele-
tão dispostos e implantados em grandes pla- vo e sem Curatella americana. São campos
nícies de baixas altitudes e condições climáti- inundáveis com capões e fisionomia por dois
cas variáveis (NIMER, 1972; CASTRO et al., estratos, o herbáceo e o arbustivo-arbóreo, o
1998). O Complexo Vegetacional de Campo primeiro posicionando-se no entorno dos ca-
Maior, por apresentar características própri- pões e o último essencialmente no seu inte-
as e particulares, configura-se como uma área rior. O nível freático é do tipo superficial, o
das mais importantes para estudos voltados que condiciona a presença de solos encharca-
para caracterização da vegetação e sua rela- dos ou hidromórficos. Estas áreas apresentam
ção com o substrato rochoso. Trata-se de uma um reduzido número de espécies e uma bai-
região bastante diferenciada e com variações xa diversidade florística (FARIAS, 2004). Os
laterais associadas à sua condição ecotonal e solos são mal drenados sob um forte poder
à forte sazonalidade climática, responsável de lixiviação e ausência de concreções ferru-
por marcadas flutuações periódicas no len- ginosas e da canga ou couraça laterítica. No
çol freático. Esse Complexo está inserido entorno dos capões nota-se a presença cons-
numa área cuja fronteira é marcada por uma tante e predominante de uma cobertura her-
barreira climática, encontrando-se, assim, bácea. A florística está representada por 29
dentro da chamada região do “polígono das espécies, com destaque para a Copernicia
secas”, e pelas cotas altimétricas, estas de va- prunifera (Mill.) H.E.Moore., Ocotea
lores situados entre 400-500m de altitude. brachybotrya Mez., Astrocaryum vulgare Mart.,
A diversidade litológica da área, possi- Luetzelburgia auriculata Ducke e Hymenaea
bilita o enquadramento dos aluviões em dois maranhensis Y.T.Lee & Langenh (Tabela 1).
tipos característicos: os aluviões modernos e As famílias mais representativas neste subam-
coluviões, estes últimos correspondendo ao biente são: Arecaceae, Lauraceae, Fabaceae,
material que aparece no sopé das vertentes Rubiaceae e Combretaceae. SUBAMBIENTE
transportados por efeito da gravidade e de 2 - Áreas planas, arenosas, ausência de Coper-
difícil separação do material residual ou nicia prunifera e com microrrelevos e Curatella
aluvial; e os aluviões antigos, representando americana, em capões com entorno brejoso e
terraços fluviais e sem aporte sedimentar atu- vegetação herbácea densa. Instalado sobre um
al. Variações locais dos teores das frações substrato arenoso, os capões têm entornos
granulométricas contribuem para que as brejosos predominantemente herbáceos, com
litologias predominantes variem, textural, forte cobertura de serapilheira. Os capões na

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forma de microrrelevos posicionam-se cerca 19 espécies pertencentes a 15 famílias (Tabe-


de 0,20m a 1,0m acima do nível topográfico la 1). Apesar de não apresentar nenhuma
local. Os blocos de concreções lateríticas ou família exclusiva, o número de espécies ex-
ferruginosas expõem-se aleatoriamente, sem clusivas (7) é significativo em relação aos de-
a presença de concentrações de seixos de síli- mais subambientes, com destaque para
ca. A Curatella americana restringe-se ao entor- Combretum lanceolatum Pohl., Copernicia
no dos capões, associadas a cupinzeiros de prunifera (Mill.) H.E.Moore., Mouriri
forte presença na área onde ocorrem tanto surinamensis Aubl., Helicteres heptandra
no entorno como nos núcleos dos microrrele- L.B.Sm., Chomelia obtusa Cham. & Schltdt.,
vos. Os solos são profundos (média de 1,70m) Celastrus maytenus Willd.. Tocoyena sellowiana
com alternância de horizontes arenosos, (Cham. & Schltdt) K.Schum., Triplaris
sílticos e argilosos. A florística está represen- surinamensis Cham., e Cereus jamacaru DC. As
tada por 31 espécies representadas mais di- famílias Combretaceae, Arecaceae, Melasto-
retamente por Combretum leprosum Mart., mataceae, Rubiaceae, Sterculiaceae, Celastra-
Byrsonima crassifolia (L.) Kunth., Qualea ceae, Poligalaceae, Cactaceae e Bignoniaceae
parviflora Mart., Curatella americana L., são as mais representativas.
Bauhinia pulchella Benth., Luetzelburgia GEOAMBIENTE 2. Ambiente de tran-
auriculata Ducke., Celastrus maytenus Willd., sição, ou SUBAMBIENTE 5, situando-se en-
Croton lundianus Muell.Arg., e Ocotea tre as áreas de ocorrência dos Geoambientes
brachybotrya Mez., distribuídas pelas famíli- 1 e 3, com forte presença de concreções ferru-
as Combretaceae, Fabaceae, Malpighiaceae, ginosas e canga laterítica, distribuindo-se, de
Caesalpiniaceae, Vochysiaceae, Dilleniaceae, modo predominante, pelas classes dos Neos-
Celastraceae, Euphorbiaceae, Lauraceae e solos Litólicos e Plintossolos Pétricos Concre-
Mimosaceae (Tabela 1). SUBAMBIENTE 3 - cionários. O solo apresenta uma camada su-
Arenoso de encosta e sem microrrelevo rela- perficial de textura arenosa seguida de cama-
cionado a zonas de encosta, sem microrrele- das profundas de uma mistura de areia e can-
vos mas com capões nucleados por formiguei- ga laterítica. Localmente as concreções ferru-
ros. Os solos são profundos, úmidos, com hori- ginosas afloram na forma de um conglome-
zontes de boa espessura. Os capões ou man- rado com seixos ou concreções de sílica de
chas apresentam as maiores dimensões da até 20 cm de diâmetro, cimentados por mate-
área de pesquisa, com presença, nas peque- rial hematítico. Nas áreas onde o teor em areia
nas áreas de entorno ou intermédias, de uma é significativo, desenvolve-se uma vegetação
vegetação herbácea. Do levantamento florís- de mata com muito cipó, sobre áreas de
tico constam 43 espécies (Tabela 1), como microrrelevos nucleados por formigueiros e
Ocotea brachybotrya Mez., Parkia platycephalla onde a crosta laterítica posiciona-se de modo
Benth., Byrsonima correifolia A.Juss., mais profundo. A umidade do solo possibilita
Anacardium occidentale L., Astrocaryum vulgare a presença de uma vegetação bem desenvol-
Mart., Copaifera coriacea Mart., Curatella ameri- vida com indivíduos que chegam a uma altu-
cana L., Hymenaea maranhensis Y.T.Lee & ra de 15m, significativa para a área, em
Langenh., Byrsonima crassifolia (L.) Kunth., capões ou manchas que atingem, também
Celastrus maytenus Willd., distribuídas por 23 aqui, as maiores dimensões. Foram levanta-
famílias, com Lauraceae, Leguminosae, Mal- dos 624 indivíduos representando 41 espéci-
pighiaceae, Caesalpiniaceae, Anacardiaceae, es (Tabela 1), como Combretum leprosum
Myrtaceae, Arecaceae, Fabaceae, Dillenia- Mart., Combretum duarteanum Cambess.,
ceae, Celastraceae e Sapindaceae sendo as Luetzelburgia auriculata Ducke., Croton cam-
mais representativas. SUBAMBIENTE 4 - Ar- pestris L., Bauhinia pulchella Benth., Tabebuia
giloso com Copernicia prunifera, sem microrre- serratifolia (Vahl.) Nich., Mimosa caesalpiniifolia
levos e restrito a áreas inundáveis próximas a Benth., Pilosocereus gounellei (F.A. Weber)
pequenos leitos d’água. Os solos são profun- Byles & Rowley., Hymenaeae courbaril L., e
dos, com rocha-mãe a uma profundidade em Astrocaryum vulgare Mart., distribuídas por
torno de 2,50m, presença de gretas de con- 25 famílias significativamente representadas
tração (mud crack) e uma coloração que se por Combretaceae, Fabaceae, Caesalpinia-
alterna entre o cinza-claro e escuro. Foram ceae, Euphorbiaceae, Cactaceae, Mimosa-
levantados 260 indivíduos, distribuídos por ceae, Arecaceae, Sterculiaceae e Dilleniaceae.

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GEOAMBIENTE 3. Ambiente Seco, bem lenhosa está ausente. A couraça laterítica, com
drenado, intemperismo incipiente, caracteri- nódulos predominantemente hematíticos, so-
zando-se por freqüente exposição do substra- brepõe-se a uma camada continua de areia
to rochoso (arenitos Longá e Poti), onde predo- média e cascalho assumindo, este, uma pre-
minam solos da classe dos Neossolos Litólicos sença mais significativa com o aumento da pro-
em áreas com as maiores altitudes (130m a fundidade, até atingir-se a crosta laterítica, em
200m) e uma boa drenagem. Os solos analisa- torno de 30cm a 50cm da superfície. Os capões
dos apresentam baixas concentrações de nutri- acham-se nucleados por formigueiro, sobressa-
entes disponíveis, caracteristicamente ácidos indo na topografia na forma de microrrelevos,
e marcadamente distróficos, observando-se situando-se a 1m ou 1,20m acima do nível to-
um certo predomínio e maior ocorrência das pográfico local. Os capões ocorrem com uma
classes dos Neossolos, Gleissolos e Plintossolos. densa cobertura vegetal com levantamento de
A esse geoambiente estão relacionados os três 810 indivíduos distribuídos por 54 espécies (Ta-
(3) subambientes seguintes: SUBAMBIENTE bela 1) como a Curatella americana L., Qualea
6 - Ambiente seco com presença das concre- parviflora Mart., Combretum leprosum Mart.,
ções ferruginosas e blocos de sílica na forma Arrabidaea brachypoda (DC.)., Senna acuruensis
de um conglomerado. A vegetação é do tipo (Benth.) H.S.Irwin & Barneby., Combretum
arbórea com alturas variando de 0,80m a duarteanum Cambess., Cereus jamacaru DC.,
18,0m, sem estrato herbáceo, não associada a Arrabidaea cf. dispar Bureau ex K.Schum.,
cursos d’água e com uma presença significati- Guettarda virbunoides Cham. et Schltdt., e
va e caracterizante de cipós. O substrato cons- Salvertia convallariaeodora A.St.-Hill., perten-
titui-se de concreções lateríticas, de profundi- centes a 25 famílias onde uma é exclusiva e as
dade não superior aos 50cm, com baixo intem- mais representativas, por ordem decrescente
perismo e exposição localizada de camadas ou de importância são: Dilleniaceae, Vochysia-
lajes do arenito silicificado ou quartzítico, bas- ceae, Combretaceae, Bignoniaceae, Fabaceae,
tante fraturado, da Formação Longá. A vege- Caesalpiniaceae, Cactaceae, Rubiaceae, Apo-
tação apresenta-se com uma forma exuberan- cynaceae e Malpighiaceae. SUBAMBIENTE 8
te, com fisionomia de mata seca. A estas áreas - Ambiente instalado diretamente sobre o subs-
está relacionada uma boa disponibilidade de trato rochoso, representado pelas lajes dos are-
nutrientes, com valores mais elevados para cá- nitos Longá e Poti. Este subambiente tem como
tions trocáveis de Ca2+, Mg2+, K+, Na+ e H+ e característica particular a sua posição na topo-
baixos teores em Al3+. Todas estas característi- grafia, por corresponder às maiores cotas alti-
cas contribuem para que este subambiente métricas da área, situando-se a altitudes com
apresente o maior número de espécies por uni- valores iguais ou superiores aos 170m. O solo
dade mapeada (56), das quais destacam-se As- é raso, localmente inexistente, distrófico, de bai-
pidosperma subincanum Mart., Helicteres heptan- xo intemperismo, de fase pedregosa e seco. Em
dra L.B.Sm., Hymenaea courbaril L., Tabebuia im- contraste com os demais subambientes, a cros-
petiginosa (Mart. ex DC.) Standl., Combretum ta laterítica acha-se completamente ausente.
leprosum Mart., Qualea parviflora Mart., Arrabi- Dos levantamentos florísticos em parcelas des-
daea brachypoda (DC.) Bureau., Amburana cea- te subambiente constam 257 indivíduos distri-
rensis (Allemão) A.C.Sm., Guettarda virbunoi- buídos por 36 espécies (Tabela 1), como Qualea
des Cham. et Schltdt., e Combretum duarteanum parviflora Mart., Salvertia convallariaeodora
Cambess. Das 25 famílias presentes na área A.St.-Hill., Combretum duarteanum Cambess.,
(Tabela 1), as mais importantes em ordem de- Senna acuruensis (Benth) H.S.Irwin & Barneby.,
crescente de percentual, são: Apocynaceae, Combretum leprosum Mart., Curatella america-
Bignoniaceae, Caesalpiniaceae, Sterculiaceae, na L., Qualea grandeflora Mart., Byrsonima
Vochysiaceae, Fabaceae, Rubiaceae, Euphor- correifolia (L.) Kunth., Copernicia prunifera (Mill.)
biaceae e Sapindaceae. SUBAMBIENTE 7 - H.E.Moore., e Luetzelburgia auriculata Ducke,
Ambiente seco colinoso, com forte presença pertencentes a 21 famílias. Dessas, as mais sig-
de uma couraça, canga laterítica ou cascalhei- nificativamente presentes são: Vochysiaceae,
ra ferruginosa, sob a influência de pequenas Combretaceae, Caesalpiniaceae, Fabaceae,
linhas d’água. Nestes sítios, e de modo esporá- Dilleniaceae, Malpighiaceae, Myrtaceae,
dico, a crosta ferruginosa ou laterita pode apre- Arecaceae, Bignoniaceae e Celastraceae.
sentar-se exposta em trechos onde a vegetação

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Tabela 1 - Lista de famílias e espécies, com nomes vulgares, levantadas na área de pesquisa,
por geoambientes (G) e respectivos subambientes (S).

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Conclusão observação destes fatos fortalece a hipótese de


que estas florestas de folhagem caduca têm o
O Complexo Vegetacional de Campo seu desenvolvimento limitado e condicionado
Maior caracteriza-se por geoambientes di- mais diretamente pela escassez de nutrientes
versificados, com áreas sujeitas a inundações do solo e não pela falta de água. Comparando
periódicas, em zona de transição ecológica os diferentes tipos de ambientes para solo e ve-
caracterizada por uma forte instabilidade. getação evidencia-se uma heterogeneidade
Mudanças significativas na estrutura e arran- espacial da biota, de variabilidade considerá-
jo das espécies vegetais assumem, em decor- vel, especialmente para fisionomias de matas
rência, aspectos fisionômicos de campos, cer- e cerradões. Áreas nas quais o nível freático
rados, caatingas e matas sem, no entanto, ocorre mais próximo da superfície são suscep-
enquadrarem-se de modo completo e carac- tíveis a processos de alagamento e/ou
terístico em nenhuma destas fisionomias. A encharcamento, sem a individualização dos
localização em área de tensão ecológica ou microrrelevos. Em áreas sujeitas a inundações
ecotonal talvez justifique esta estrutura e e restritas às zonas deprimidas, os capões, de
arranjo das espécies, o que estaria de acor- origem edáfica, assumem forma de
do com as diferenças significativas encon- microrrelevos que sobressaem na topografia do
tradas na composição florística dos vários terreno e aos quais se associam formigueiros e
tipos fisionômicos mapeados em diferentes cupinzeiros. As principais causas relacionadas
geoambientes delimitados na área. à configuração geoambiental da área devem-
A geologia da área contribui, de forma se à heterogeneidade de solos, com vegetação
significativa, para a pobreza em nutrientes dos restrita; à topografia local, com áreas eleva-
solos e a conseqüente limitação dos mesmos das, de encostas, alagadas e de brejos; e aos
para uso agrícola. A característica sempre ver- processos hidrológicos, responsáveis pela in-
de das espécies lenhosas é mantida a custa da dividualização de áreas temporária e perma-
água armazenada em profundidade, geral- nentemente alagadas. Uma das conseqüênci-
mente superior a 2m, capturada a partir de as mais direta do exposto é a diversidade de
raízes profundas, típicas desta vegetação. A habitats como resposta a uma heterogeneida-

INTERAÇÕES
Revista Internacional de Desenvolvimento Local. Vol. 8, N. 13, Set. 2006.
Compartimentação geoambiental no complexo de Campo Maior, PI: 129
uma área de tensão ecológica

de de ambientes, resultando comunidades gem em períodos de dessecação, evoluem, ao


também heterogêneas. A presença sempre fre- endurecer em profundidade, para nódulos
qüente e de modo característico de grandes ferruginosos de até 250cm. Pode-se advogar
extensões de blocos concrecionários lateríticos uma estreita relação entre a presença das
ferruginosos e de plintita, e petroplintita, a concreções endurecidas e a faixa de oscilação
cujos processos de formação estão associados dos dois níveis freáticos: à faixa de oscilação
variações no nível freático, podem ser utiliza- relacionam-se processos de concrecionamento
dos como suporte para a classificação da mai- ou lateritização; àquela correspondente ao ní-
oria dos cerrados do Piauí como savana hiper- vel de saturação permanente, os fenômenos
sazonal, tendo por base dados relativos à va- de mosqueamento ou ferralitização. A fraca
riação sazonal do nível piezométrico, ao lon- presença de uma vegetação florestal por toda
go dos anos, em áreas similares. a área, a despeito de uma forte presença de
A variação espacial dos geoambientes uma vegetação do tipo savana, pode estar di-
está na dependência do tipo e profundida- retamente relacionada à instalação de cama-
de do solo, disponibilidade hídrica, topogra- das impermeáveis a água, como as crostas
fia, relevo, altitude e presença e profundi- lateríticas de forte presença na área de pes-
dade das camadas de crosta laterítica e da quisa, onde ocorrem a diferentes níveis de pro-
canga laterítica. Em ambientes de tão estrei- fundidade, desde um nível superficial ou
ta e freqüente variação lateral de solo e de aflorante até cerca de 2,20m. A sua presença,
ambiente geológico há, no entanto, algumas principalmente à superfície, serve de barreira
espécies vegetais com uma amplitude geo- à instalação de uma vegetação florestal pró-
gráfica significativa, de presença freqüente pria da zona, ao modificar o equilíbrio hídrico
nos mais diferentes ambientes tendo, em co- do solo, conferindo às fisionomias uma origem
mum, o fato de serem consideradas espécies edáfica e não climática. Fato curioso observa-
do cerrado em comparação com levantamen- do é que quando a crosta está posicionada à
tos em diferentes áreas de diferentes superfície, a vegetação é bastante rarefeita com
fisionomias. Quanto à distribuição observou- grandes espaços ocupados por gramíneas,
se que valores elevados para a densidade exceto quando se verifica, também, a presen-
ocorrem em ambientes bem drenados, com ça de formigueiros. Estes são locais de boa dre-
relevo suavemente ondulado a plano e de nagem e onde sempre se desenvolve uma boa
altitude superior a 140m, onde predominam cobertura vegetal. Quando a camada de re-
os Neossolos Litólicos. tenção ou de crosta laterítica está posicionada
A heterogeneidade florística dos cerra- a uma profundidade suficiente para permitir
dos do Nordeste brasileiro (cerrados do Piauí o acúmulo de água nas camadas de solos
e Maranhão) fica bem caracterizada no Com- sobrejacentes, arejadas e úmidas, uma vege-
plexo de Campo Maior diante da grande di- tação com fisionomia de floresta encontra con-
versidade fisionômica, como resultado dos di- dições adequadas para se instalar. Outra va-
ferentes arranjos e estruturas locais assumidas riante local da paisagem é observada quando
pela flora local. As “ilhas de capões de cerra- a crosta laterítica está posicionada a certa pro-
do” podem indicar ou representar indícios da fundidade e de modo uniforme, ficando a ve-
sua evolução vegetacional. Há apenas um au- getação restrita, neste caso, às pequenas ele-
mento na densidade como resposta ao processo vações ou microrrelevos. As situações descri-
de competição e às diferentes pressões de sele- tas anteriormente permitem que se defenda a
ção peculiares a estes ambientes. O teor em hipótese de que a presença da crosta laterítica
matéria orgânica é, no geral, baixo e prati- e sua localização, aliada à profundidade e con-
camente fornecido como produto da recicla- dições hídricas do solo, bem como à baixa dis-
gem da serapilheira, muito importante em áre- ponibilidade de nutrientes, representam os
as influenciadas por um clima sazonal, com principais fatores que mais diretamente
longos períodos de seca, contribuindo para que condicionam a distribuição, alternância ou
a decomposição do húmus ocorra de modo instalação das diferentes fisionomias vegetais
bastante lento. O que uniformiza os solos, é a identificadas na área pesquisada. Como os
presença de concreções ferruginosas segundo nutrientes encontram-se disponíveis apenas na
horizontes plínticos mosqueados, vermelhos e porção superior do solo, a vegetação pode aí
amarelos, quando úmidos, e que, após seca- permanecer e crescer por muito tempo. Nas

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130 José Sidiney Barros; Antônio Alberto Jorge Farias Castro

áreas onde as camadas de solos, de textura BEARD, John Stanley. The savanna vegetation of northern
arenosa, são profundas é freqüente observar- tropical America. Ecological monographs, v.23, 1953.
se o domínio de dois tipos de vegetação: às BERTRAND, Georges. Paisagem e Geografia Física Global:
áreas arenosas com rápida infiltração da água esboço metodológico. Cadernos de Ciências da Terra (13),
São Paulo, IG/USP, 1971.
corresponde uma fisionomia de savana com
CASTRO, Antônio Alberto Jorge Farias; MARTINS,
vegetação esparsa de gramíneas e herbáceas;
Fernando Roberto; FERNANDES, Afrânio. The woody
àquelas onde a presença de crostas lateríticas, flora of cerrado vegetation in the state of Piauí, northeastern
superficiais ou em profundidades, impedem Brazil. Edinburgh Journal of Botany, Edinburg, v.55, n.3,
a infiltração da água desenvolve-se uma ve- p. 455-72, 1998.
getação densa de bosques ou mata seca. Ou- CPRM. Programa de Levantamentos Geológicos Básicos do
tra situação de ocorrência na área e de carac- Brasil. Carta Hidrogeológica. Folha SB 23XB – Caxias.
terística importante prende-se à presença, em 2000.
alguns sítios, de uma cobertura contínua de EITEN, George. The cerrado vegetation of Brazil. Botanical
review. 33(2) 201-341.1972.
canga ou couraça laterítica que também serve
de controle ou barreira à instalação e distri- FARIAS, Ruth Raquel Soares; CASTRO, Antônio
Alberto Jorge Farias. Fitossociologia de trechos da vegetação
buição da vegetação. A sua distribuição à su- do Complexo de Campo Maior, Campo Maior, PI, Brasil. In:
perfície impede o desenvolvimento de uma co- Acta bot. bras. 18(4): 951-965. 2004
bertura herbácea permitindo, no entanto, o de- GUERRA, Antonio José Teixeira; CUNHA, Sandra
senvolvimento de árvores isoladas ou distan- Baptista da. Geomorfologia e meio ambiente/Antônio José
ciadas significativamente umas das outras. O Teixeira e Sandra Baptista da Cunha (Org.). 4. ed. – Rio
suprimento de água, neste caso, faz-se atra- de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.
vés da sua captura em profundidade. O fato IBGE. Fundação Instituto Brasileiro de Geografia. Mapa
observado de que a Curatella americana ocorre de unidades de relevo do Brasil. Esc. 1:5.000.000. 1993.
nestas áreas de forma sempre verde, mesmo IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
durante o período de estiagem, é mais um Macrozoneamento Geoambiental da Bacia Hidrográfica do
Parnaíba. Rio de Janeiro: IBGE, 1996. 111p. (Série Estudos
dado importante no qual se baseia a hipótese e Pesquisas em Geociências, 4).
de que a água encontra-se armazenada em
NIMER, Edmon. Clima. In: IBGE. Geografia do Brasil; v.2,
profundidade. A captura de água nestas áre- p. 151-187, Rio de Janeiro, 1990.
as, bem como naquelas em que a vegetação se
RADAMBRASIL. Ministério das Minas e Energia. Projeto
instala diretamente sobre o arenito aflorante, RADAM, 1978.
faz-se a partir de um sistema de raízes que RAMBALDI, Denise Marçal; OLIVEIRA, Daniela
podem atingir cerca de 10m de comprimento, América Suárez de. Fragmentação de ecossistemas: causas,
eventual e localmente podendo atingir cifras efeitos sobre a biodiversidade e recomendações de
maiores, como observado na Serra do Bugarim, políticas públicas./ Denise Marçal Rambaldi, Daniela
ao aproveitarem as fendas existentes para atin- América Suárez de Oliveira (Orgs.). Brasília: MMA/
SBF, 2003.
girem níveis profundos com boa disponibili-
RATTER, James Alexander; DARGIE, T. C. D. An analysis
dade de água. Portanto, as diferenças
of the floristic composition of 26 cerrado areas in Brazil.
florísticas têm sua variabilidade relacionada a Edinburgh Journal of Botany. v.49, p. 235-250, 1992.
características muito particulares e localizadas, ROSS, Jurandyr. L. Sanches. O registro cartográfico dos
dentre as quais podem ser citadas a variabili- fatos geomorfológicos e a questão da taxonomia do relevo.
dade espacial, presença da água, sendo que Revista do Departamento de Geografia, 6 FFLCH-USP, São
nas áreas deprimidas também é importante o Paulo, 17-29p. 1992.
tempo de inundação, profundidade da lâmi- SARMIENTO, Guillermo; MONASTERIO, Maximina.
na d’água, presença/ausência de afloramento Ecologia de las sabanas de America Tropical. Analisis
macroecológica de los llanos de Calabozo, Venezuela.
rochoso, posicionamento na topografia, pro- Cuadernos Geográficos nº 4. 126p. 1971.
fundidade e pobreza/riqueza de nutrientes do
SOTCHAVA, Victor Borissovitch. O Estudo dos Geossis-
solo, e presença e profundidade da crosta e temas. In: Métodos em Questão nº 16, São Paulo, IG/USP,
canga ou couraça laterítica. 1977.
TRICART, Jean; KIEWITDEJONGE, Conrad. Ecogeography
Referências and rural management. Harlowl: Longman Scientific, 1992.
ALMEIDA, Fernando Flávio Marques. Diferenciação VELLOSO, Agnes. L.; SAMPAIO, EVERARDO, V. S. B.;
tectônica da plataforma brasileira. In: CONGRESSO PAREYN, Frans. G. C. Ecorregiões: propostas para o bioma
BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 23., Salvador, 1969. Anais. caatinga; resultados do seminário de planejamento
Salvador, SBG. P.29-46. ecorregional da caatinga. Recife, TNC/APNE, 75p. 2001.

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Revista Internacional de Desenvolvimento Local. Vol. 8, N. 13, Set. 2006.

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