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CCJ – 2022.1 – Contratos Empresariais – 13.05.

2022 – Giovani Magalhães


Damaris Livia Pinheiro Damasceno – 1711929

QUESTÕES

1. Érico celebrou contrato com a sociedade empresária Wagner & Cia. Ltda., com a
obrigação de promover, à conta desta e mediante retribuição, a mediação para a venda
de artigos de cozinha, em zona determinada (Estado da Bahia), podendo representar o
proponente na conclusão dos contratos. Após dois anos de vigência do contrato, o
agente assumiu o encargo de mediação para a venda dos mesmos produtos à conta de
outros proponentes, também no estado da Bahia. Sem ter recebido qualquer
comunicação sobre esse fato e sabendo que Érico estava a serviço de um dos seus
maiores concorrentes, a sociedade empresária dispensou o agente por justa causa,
alegando infração contratual e prejuízos pela diminuição comprovada do faturamento
na mesma zona geográfica. Tomando ciência da extinção unilateral do contrato, Érico
procura um advogado relatando que, antes da dispensa pelo proponente, ele
intermediou com êxito várias propostas que resultaram em vendas para a Wagner &
Cia. Ltda. Apresentou os documentos comprobatórios das referidas transações,
correspondentes aos quatro últimos meses da vigência do contrato, informando que não
recebeu nenhuma comissão por elas e indagando se tem direito a algum crédito em
relação ao proponente.
Com base nas informações contidas no enunciado, responda aos seguintes itens.
A) A despedida do agente pelo proponente pode ser considerada por justa causa, sendo
portanto legítima? Justifique. (2,0 pontos)

Sim. Conforme o artigo 711 do Código Civil Brasileiro: “Salvo ajuste, o proponente não
pode constituir, ao mesmo tempo, mais de um agente, na mesma zona, com idêntica
incumbência; nem pode o agente assumir o encargo de nela tratar de negócios do
mesmo gênero, à conta de outros proponentes”. Portanto, ao atuar na mesma zona do
proponente com outros proponentes concorrentes em negócios do mesmo gênero,
assim violando o artigo supracitado, e desse modo, mosntrando que a despedida do
agente pelo proponente poderá, então, ser considerada legítima.

B) Diante da narrativa apresentada por Érico ao advogado, qual a orientação a ser dada
a ele? (1,0 ponto)

Dado o exposto, far-se-á necessária a aplicação do artigo 717 do Código Civil que assim
aduz: “Art. 717. Ainda que dispensado por justa causa, terá o agente direito a ser
remunerado pelos serviços úteis prestados ao proponente, sem embargo de haver este
perdas e danos pelos prejuízos sofridos.”. Desse modo, mesmo diante da dispensa por
justa causa, Érico tem direito de ser remunerado pelos serviços úteis prestados ao
preponente.
Posto que conforme apresentado, os documentos comprobatórios da transação
evidenciam que a houve mediação útil ao proponente e que as comissões originadas
destas não fora adimplidas. Assim, em caso, de não pagamento de modo amigável e
extra judicial, Érico possui a faculdade de exigir os valores concernentes à remuneração
em juízo.

2. Brinquedos Candeias Ltda. (consignante) entregou 750 brinquedos à sociedade


Campo Formoso Armarinho e Butique Ltda. (consignatária) para que esta os vendesse
em Seabra/BA e pagasse àquela o preço ajustado, podendo a consignatária, ao final de
seis meses, restituir-lhe os bens consignados.
Durante a vigência do contrato, a totalidade dos brinquedos pereceu em razão de
enchente que atingiu o estabelecimento da consignatária, sendo impossível sua
restituição à consignante. Sem embargo, durante o prazo da consignação e antes da
notícia de seu perecimento, a consignante alienou a terceiro os mesmos brinquedos.
Sobre o caso apresentado, responda aos itens a seguir.
A) Diante da causa apontada para o perecimento dos brinquedos, fica a consignatária
exonerada da obrigação de pagar o preço dos brinquedos à consignante? (2,0 pontos)

Não. O contrato em questão consiste num contrato de caráter estimatório, também


conhecido como contrato de venda consignada. Ou seja, conforme artigo 534 do CC
trata-se de um contrato cujo o consignante entrega bens móveis ao consignatário, que
fica autorizado a vendê-los, pagando àquele o preço ajustado, salvo se preferir, no
prazo estabelecido, restituir-lhe a coisa consignada.

No caso apresentado, cabe a aplicação do art. 535 do Código Civil que afirma que “O
consignatário não se exonera da obrigação de pagar o preço, se a restituição da coisa,
em sua integridade, se tornar impossível, ainda que por fato a ele não imputável”.
Cabendo assim, o pagamento.

B) Na hipótese do enunciado, a consignação dos brinquedos impediria sua


alienação pela consignante? (1,0 ponto)

Sim. Conforme o artigo 537, CC: “O consignante não pode dispor da coisa antes de lhe
ser restituída ou de lhe ser comunicada a restituição.”. Assim, a consignante não pode
dispor dos brinquedos antes que estes lhe sejam devolvidos ou que comunique a
restituição por parte da consignatária.

3. Alvorada do Norte Logística Ltda. celebrou contrato de corretagem com o Sr.


Barbosa Ferraz para fins de futura aquisição de um imóvel, no qual será instalada uma
das unidades produtivas empresariais. O contrato foi celebrado por escrito e contém
cláusula de exclusividade. Em que pesem os esforços do corretor, o negócio mediado
por ele não se aperfeiçoou em razão da desistência do vendedor, sem que esse fato seja
imputável à desídia ou inércia do corretor.
A partir do caso apresentado, responda aos itens a seguir.
A) Na situação apresentada, o corretor fará jus à comissão? (2,0 pontos)

Não. Trata-se de um contrato de aquisição de imóvel, assim, deverá ser aplicado o artigo
725 do CC: “A remuneração é devida ao corretor uma vez que tenha conseguido o
resultado previsto no contrato de mediação, ou ainda que este não se efetive em virtude
de arrependimento das partes”. Portanto, em caso de não obtenção do resultado visaado
pelo contrato, causado pela desistência do vendendor, o corretor não poderá fazer jus à
comissão.

B) Caso o negócio tivesse sido iniciado e concluído pela sociedade empresária


diretamente com o vendedor, sem a mediação do corretor, faria este jus à comissão?
(2,0 pontos)

Sim, ao falar de corretagem com exclusividade deve ser suscitado o artigo 726 do Código
Civil que assim afirma que o corretor teria direito à remuneração integral, ainda que o
negócio tivesse sido realizado sem a sua mediação.
 

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