Em seu apogeu, no final dos anos 1980, a Cidade das Sombras, como era
conhecida, tinha construções de 40 metros de altura - e abrigava em seus 27 mil metros
quadrados (o equivalente a pouco mais que dois campos de futebol) cerca de 50 mil habitantes: quase duas pessoas por metro quadrado. Diferentemente da maioria das grandes favelas que costumam surgir de cortiços, sob viadutos, ou em áreas descampadas, a Cidade das Sombras cresceu como um tumor no centro de Seattle. Como a "favela vertical" era uma terra sem lei, facções criminosas conhecidas como Tríades promoviam negócios ilícitos, controlando o narcotráfico, bares, redes de prostituição e casas de jogos de azar ali instaladas. Era o lugar para ir se você quisesse evitar ter contato com a justiça. Destas tríades, 14K e TRI0 são as únicas duas que continuam operativas até hoje, tendo absorvido seus rivais menores - ou eliminado-os. Apesar de o crime organizado ter diminuído na década de 1990, após uma série de incursões policiais que resultaram no enfraquecimento das Tríades e em mais de 2.500 prisões, as autoridades concluíram que não era bonito manter uma favela dentro de Seattle. De 1990 a 2011, as moradias, então, se esvaziaram lentamente. Em Janeiro de 1993, a eletricidade foi interrompida, suas quitinetes, barracos e vielas abandonadas se apagaram em silêncio. Ainda assim, uma comunidade autônoma de pessoas muito pobres, viciados, trabalhadores, mendigos, prostitutas e criminosos, resistiu à ação da polícia por mais de trinta anos. Formou-se, desta forma, com a ajuda das Tríades, um mundo à parte, onde todos aqueles que eram excluídos do universo capitalista, derrotados por motivos diversos, conseguiam sobreviver das migalhas da sociedade. Quando o primeiro cadáver infectado levantou-se, porém, tudo transformou-se para essas pobres almas…
“[...] pois eu sempre quis ser tocado pelos mortos, eu sempre quis que eles me assombrassem. Eu tenho até mesmo a esperança de que eles se levantem e me habitem e eles literalmente nos habitam atr