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25/03/2020 TJERJ - consulta - Descrição

Processo nº: 0138261-73.2019.8.19.0001

Tipo do Movimento: Decisão

Descrição: Em que pese os argumentos apresentados pela defesa, entendo que o pleito liberatório, com a substituição
da medida excepcional, não merece ser acolhido. Com efeito, a necessidade da segregação cautelar do réu,
assim como dos demais denunciados, foi reavaliada, em data recente (06/02/2020), pelo juiz em exercício
neste juízo que, decidiu pela manutenção da medida excepcional, eis que presente todos os seus requisitos,
conforme decisão que colaciono abaixo: ´Tratam-se de novos requerimentos de revogação da prisão
preventiva, formulado pelas defesas técnicas dos réus PAULO CESAR DIAS LOBÃO, GABRIEL ASSIS
OLIVEIRA DO NASCIMENTO, GABRIEL HENRIQUE LANDIM RIBEIRO e LUAN MOREIRA COSTA, às fls.
265. O Ministério Público opinou pelo indeferimento do pedido às fls. 265. Assiste razão ao parquet em sua
promoção que acolho como razão de decidir. Com efeito, em que pese a alegação defensiva, corroborada
pela juntada das FACs de fls. 282/293, de que os réus são primários e possuidores de bons antecedentes,
entendo que a imputação presente discorre sobre crimes graves, quais sejam os tipificados nos artigos 171 e
288, parágrafo único, ambos do Código Penal e, artigo 16, parágrafo único, inciso IV, da Lei 10.826/03, tudo
em concurso material, o que, por ora, não tende a recomendar a viabilidade de qualquer contracautela,
persistindo, bem ao diverso, a custódia restritiva como necessária, premente e inexpugnável. Ademais,
existem nos autos indícios suficientes de autoria e materialidade do delito em questão, em razão da
investigação policial, pelos depoimentos já prestados em sede policial (fls. 07/13), bem como pelo auto de
apreensão de fls. 14. Importante para a instrução criminal a manutenção da prisão dos acusados, pois a
liberdade dos mesmos poderia prejudicar a busca da verdade real. Há indícios de autoria que recai sobre a
pessoa do acusado sendo desinfluente, por ora, seus eventuais atributos pessoais (´As condições pessoais
favoráveis do agente, como primariedade e bons antecedentes, não são garantidoras de eventual direito
subjetivo à liberdade provisória´ (TJERJ, Rel. Des. Nilza Bitar, 4ª Ccrim, ApCrim 6761/05, julg. em 27.12.05;
cf. tb. (STF, Rel. Min. Moreira Alves, RTJ 121/601; cf. tb. HC 79857-PR, Rel. Min. Celso de Mello; RTJ
99/651, 133/280, 138/216, 142/855, 148/878, 142/855, 142/878, 148/429; RT 649/275, 662/347; STJ, 5ª T.,
Rel. Min. Flaquer Scartezzini, RHC 1908-0; EJSTJ 05/269). Destaco ainda, em que pese os esforços
defensivos, entendo que razão não lhe assiste. Com efeito, desde a prolação da decisão que decretou a
segregação cautelar do réu, inexistiu qualquer alteração no quadro fático descrito nos autos a justificar a
alteração da combatida decisão. Vê-se, portanto, que todos os elementos necessários para a adoção da
medida de exceção, outrora avaliados, permanecem hígidos. A conta de tais argumentos e valendo-me,
igualmente, daqueles já externados na decisão que decretou a prisão preventiva dos réus, para tanto,
adotando-se a técnica da fundamentação ´per relationem´, amplamente encampada por este E. TJERJ (HC
nº 0018729-16.2016.8.19.0000 - 3ª CAMARA CRIMINAL, HC nº 0008167-45.2016.8.19.0000 - 5ª CAMARA
CRIMINAL), bem como pelos Tribunais Superiores (AgRg no AREsp 529.569/PR - STJ e MS 33558/15 AgR -
STF), mantenho a decisão combatida e INDEFIRO A REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA dos
acusados. Findando-se a instrução criminal, estando os autos em fase de alegações finais, não vislumbro,
no caso dos presentes autos, qualquer hipótese de excesso de prazo. Razão pela qual INDEFIRO os
pedidos subsidiários defensivos de relaxamento das prisões dos acusados. Dê-se vista ao MP. Intimem-se
as partes para apresentarem suas alegações finais. Após, retornem conclusos para sentença.´ Deste modo,
entendo que os requisitos para manutenção da segregação cautelar do réu ainda se mostram presentes, já
que inexistente qualquer outro motivo no quadro dos autos, que não a justificativa sobre o risco de
contaminação por COVID-19, que justifique a alteração da decisão combatida. Ademais, as medidas
cautelares alternativas à prisão, previstas no artigo 319, incisos I a IX do Código de Processo Penal se
mostram inadequadas e insuficientes para o caso, tendo em vista a gravidade da conduta praticada,
inclusive com a utilização de arma de fogo, artefato de extremo potencial ofensivo, não sendo, portanto, a
prisão desproprocional à gravidade do crime, nos termos do artigo 282, inciso I e II do Código de Processo
Penal a contrario sensu. Outrossim, sem prejuízo dos argumentos já destacados acima, entendo que melhor
sorte, também, não resta a alegação defensiva quanto ao risco de contaminação do réu pelo COVID-19,
caso permaneça segregado, pois, ao contrario do mencionado, inexiste qualquer dado concreto sobre a
disseminação do vírus nas unidades prisionais do Estado. O risco hipotético é geral, e não só para
população carcerária. Tanto assim, que medidas restritivas vêm sendo tomadas em todo o Estado do Rio de
Janeiro para mitigação da disseminação do vírus COVID-19, inclusive no âmbito carcerário, conforme se
observa nos próprios decretos que destacou em sua peça defensiva. Deste modo, entendo ser prematura a
modificação da decisão combatida pela defesa sob tal argumento, notadamente quando já se tenha
constatado a necessidade da custódia cautelar réu. A conta de tais fundamentos, INDEFIRO o pleito
defensivo e MANTENHO A SEGREGAÇÃO CAUTELAR do acusado LUAN MOREIRA COSTA. No mais,
cumpra-se a decisão retro. P.I.

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