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Matemática Financeira

E COMERCIAL

Organizadora:
Rute Henrique da Silva Ferreira
Matemática Financeira
E COMERCIAL

R ute H enrique da S ilva F erreir a


(O rg .)
UNIVERSIDADE LA SALLE PRODUÇÃO DE CONTEÚDO
Reitor Coordenador de Produção
Prof. Dr. Paulo Fossatti - Fsc Prof. Dr. Jonas Rodrigues Saraiva

Vice-Reitor, Pró-Reitor de Pós-grad., Equipe de Produção de Conteúdo


Pesq. e Extensão e Pró-Reitor de Graduação Alexandre Briczinski de Almeida Guilherme P. Rovadoschi
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Arthur Menezes de Jesus João Henrique Mattos dos Santos
Pró-Reitor de Administração Bruno Giordani Faccio Jorge Fabiano Mendez
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Érika Konrath Toldo Patrícia Menna Barreto
Fabio Adriano Teixeira dos Santos Sidnei Menezes Martins
Gabriel Esteves de Castro Tiago Konrath Araujo

Projeto Gráfico, Editoração, Revisão e Produção


Equipe de Produção de Conteúdo Universidade La Salle - Canoas, RS
1ª Edição
Atualizada em:
Agosto de 2021

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

M425 Matemática financeira e comercial / Rute Henrique da Silva Ferreira (org.). – Canoas,
RS : Universidade La Salle, 2021.
156 p. : il. ; 30 cm. – (Gestão e negócios)

Bibliografia.

1. Matemática. 2. Matemática financeira. 3. Matemática comercial. 4. Finanças.


5. Porcentagem. 6. Juros. 7. Desconto. 8. Renda. 9. Amortização. 10. Aplicações
financeiras. I. Ferreira, Rute Henrique da Silva. II. Série.

CDU: 51+336

Bibliotecário responsável: Samarone Guedes Silveira - CRB 10/1418

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APRESENTAÇÃO
Prezado estudante,
A equipe da EaD La Salle sente-se honrada em entregar a você este material didático. Ele
foi produzido com muito cuidado para que cada Unidade de estudos possa contribuir com seu
aprendizado da maneira mais adequada possível à modalidade que você escolheu para estudar: a
modalidade a distância. Temos certeza de que o conteúdo apresentado será uma excelente base
para o seu conhecimento e para sua formação. Por isso, indicamos que, conforme as orientações de
seus professores e tutores, você reserve tempo semanalmente para realizar a leitura detalhada dos
textos deste livro, buscando sempre realizar as atividades com esmero a fim de alcançar o melhor
resultado possível em seus estudos. Destacamos também a importância de questionar, de participar
de todas as atividades propostas no ambiente virtual e de buscar, para além de todo o conteúdo aqui
disponibilizado, o conhecimento relacionado a esta disciplina que está disponível por meio de outras
bibliografias e por meio da navegação online.
Desejamos a você um excelente módulo e um produtivo ano letivo. Bons estudos!
Matemática Financeira
e Comercial
APRESENTANDO A ORGANIZADORA

Rute Henrique da Silva Ferreira


Possui graduação em Licenciatura em Matemática pela Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (1995), mestrado em Educação Matemática pela Universidade
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1999) e doutorado em Sensoriamento Remoto
pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2014). Durante o mestrado trabalhou
com ensino e aprendizagem de Álgebra Linear, enfatizando as aplicações da disciplina
na área de Ciência da Computação, especificamente no processamento de imagens.
Seu trabalho de doutorado foi na área de reconhecimento de padrões, onde pesquisou
o problema da detecção de mudanças em imagens multitemporais de sensoriamento
remoto empregando Support Vector Machines (SVM). Atualmente é professora adjunta
em regime integral na Universidade La Salle, atuando nas disciplinas de Matemática
voltadas às áreas de Inovação e Tecnologia e de Gestão e Negócios, além de atuar no
Programa de Pós-Graduação em Memória Social e Bens Culturais. Tem experiência
em matemática, com ênfase em Educação Matemática e aplicações da matemática
no Sensoriamento Remoto, atuando principalmente nos seguintes temas: educação
matemática no ensino superior, educação a distância, etnomatemática, memória social,
geoprocesssamento, processamento de imagens e reconhecimento de padrões.
Apresentação da
Disciplina

Olá! Seja bem-vindo à disciplina de Matemática Financeira e Comercial! Nela,


abordaremos conceitos que estão relacionados ao valor do dinheiro no tempo e que
poderão ser úteis tanto em sua vida diária quanto na resolução de problemas que
surgirão ao longo do seu curso.

Trata-se de uma disciplina que irá incentivá-lo a compreender e a utilizar a


Matemática como elemento de interpretação de situações práticas e intervenção no
mundo atual. Ao longo das unidades, também buscaremos sistematizar as informações
que são relevantes para a compreensão de um problema e utilizar o conhecimento
científico e tecnológico na resolução de problemas aplicados ao contexto de finanças.

Para ajudá-lo a compreender a importância da disciplina, imagine que


você gerencia uma concessionária de veículos. Nesse caso, você precisará saber
qual a porcentagem de lucro que deseja obter a fim de decidir quais as opções de
financiamento que poderá oferecer aos clientes. Ou seja, nesse contexto, você terá que
lidar com porcentagem, juros, amortização, rendas e descontos, que serão conceitos
abordados na disciplina.

A disciplina está estruturada em quatro Unidades, que descreveremos brevemente


nos parágrafos a seguir.

Na primeira Unidade, abordaremos os conceitos que dão suporte à matemática


financeira: porcentagem, juros e descontos simples.

Na segunda, estudaremos juros e descontos compostos, relacionando-os com


problemas aplicados.

Na terceira, trabalharemos com rendas, aliando as expressões matemáticas ao


uso da calculadora.

Finalmente, a quarta Unidade será dedicada ao estudo dos sistemas de amortização


e às aplicações financeiras utilizadas na atualidade no mercado financeiro.

Bons estudos!
Sumário
UNIDADE 1
Porcentagem, Juro e Desconto Simples...................................................................................................................11
Objetivo Geral ...........................................................................................................................................................11
Objetivos Específicos ...............................................................................................................................................11
Questões Contextuais................................................................................................................................................11
1.1 Conceitos Iniciais.................................................................................................................................................. 12
1.1.1 Porcentagem (Taxa Centesimal) e Taxa Unitária.......................................................................................................13
1.1.2 Capital ou Valor Presente........................................................................................................................................17
1.1.3 Prazo......................................................................................................................................................................17
1.1.4 Juros e Taxa de Juros............................................................................................................................................. 17
1.1.5 Montante ou Valor Futuro........................................................................................................................................ 18
1.1.6 Fluxo de Caixa........................................................................................................................................................ 19
1.1.7 Regimes de Capitalização.......................................................................................................................................20
1.2 Juros Simples....................................................................................................................................................... 21
1.2.1 Taxas......................................................................................................................................................................24
1.2.2 Juros Comerciais e Juros Exatos............................................................................................................................ 29
1.2.3 Tempo Exato e Tempo Aproximado.......................................................................................................................... 29
1.3 Desconto Simples................................................................................................................................................. 30
1.3.1 Desconto Racional Simples (por Dentro): DR Simples...............................................................................................30
1.3.2 Desconto Comercial Simples (por Fora): DC Simples.......................................................................................... 32
1.3.3 Relação entre a Taxa de Juros e a Taxa de Desconto...............................................................................................34
1.4 Juros pela Regra dos Bancos............................................................................................................................... 38
1.5 Praticando............................................................................................................................................................. 39
Síntese da Unidade....................................................................................................................................................42
Bibliografia................................................................................................................................................................43
UNIDADE 2
Juro e Desconto Composto.......................................................................................................................................45
Objetivo Geral ...........................................................................................................................................................45
Objetivos Específicos ...............................................................................................................................................45
Questões Contextuais...............................................................................................................................................45
2.1 Juro Composto...................................................................................................................................................... 46
2.1.1 Definição................................................................................................................................................................ 46
2.1.2 Montante e Total de Juros....................................................................................................................................... 49
2.1.3 Valor Atual (Capital Inicial).......................................................................................................................................54
2.1.4 Taxa de Juros......................................................................................................................................................... 56
2.1.5 Prazo......................................................................................................................................................................58
2.1.6 Taxas Equivalentes................................................................................................................................................. 61
2.1.7 Taxas Nominal e Efetiva..........................................................................................................................................64
2.2 Desconto Composto.............................................................................................................................................. 68
2.2.1 Definição................................................................................................................................................................ 68
2.2.2 Desconto Racional Composto (por Dentro): DR Composto................................................................................... 68
2.2.3 Desconto Comercial Composto (por Fora): DC Composto.................................................................................... 70
2.2.4 Relação entre a Taxa de Juros e a Taxa de Desconto no DC Composto..................................................................... 72
2.3 Praticando............................................................................................................................................................. 75
Síntese da Unidade....................................................................................................................................................79
Bibliografia................................................................................................................................................................80

UNIDADE 3
Rendas.......................................................................................................................................................................81
Objetivo Geral ...........................................................................................................................................................81
Objetivos Específicos ...............................................................................................................................................81
Questões Contextuais................................................................................................................................................81
3.1 Rendas................................................................................................................................................................... 82
3.1.1 Rendas Imediatas...................................................................................................................................................85
3.1.1.1 Cálculo do Valor Futuro (Montante)................................................................................................................ 86
3.1.1.2 Cálculo do Valor Atual................................................................................................................................... 91
3.1.1.3 Cálculo do Valor da Prestação....................................................................................................................... 95
3.1.1.4 Cálculo do Número de Prestações (ou Pagamentos)....................................................................................... 97
3.1.2 Rendas Antecipadas.............................................................................................................................................101
3.1.2.1 Cálculo do Valor Futuro (Montante).............................................................................................................. 102
3.1.2.2 Cálculo do Valor Atual................................................................................................................................. 104
3.1.2.3 Cálculo do Valor da Prestação..................................................................................................................... 106
3.1.2.4 Cálculo do Número de Prestações............................................................................................................... 108
3.1.3 Rendas Diferidas..................................................................................................................................................110
3.1.3.1 Cálculo do Montante.................................................................................................................................. 110
3.1.3.2 Cálculo do Valor Atual................................................................................................................................. 112
3.1.3.3 Cálculo do Valor da Prestação..................................................................................................................... 114
3.2 Praticando........................................................................................................................................................... 117
Síntese da Unidade..................................................................................................................................................121
Bibliografia..............................................................................................................................................................122
UNIDADE 4
Amortização e Aplicações Financeiras...................................................................................................................123
Objetivo Geral .........................................................................................................................................................123
Objetivos Específicos .............................................................................................................................................123
Questões Contextuais..............................................................................................................................................123
4.1 Amortização........................................................................................................................................................ 124
4.1.1 Pagamento no Final (Sistema do Montante)...........................................................................................................125
4.1.2 Prestações Iguais (Sistema Price ).........................................................................................................................127
4.1.3 Sistema de Amortizações Constantes (SAC)..........................................................................................................130
4.1.4 Sistema de Amortizações Mistas (SAM).................................................................................................................133
4.1.5 Uso do Excel.........................................................................................................................................................136
4.2 Inflação................................................................................................................................................................ 143
4.2.1 Atualização Monetária...........................................................................................................................................145
4.2.2 Desvalorização da Moeda..................................................................................................................................... 148
4.2.3 Taxa Aparente e Taxa Real.................................................................................................................................... 150
4.3 Aplicações Financeiras e Inflação..................................................................................................................... 152
4.4 Praticando........................................................................................................................................................... 154
Síntese da Unidade..................................................................................................................................................158
Bibliografia..............................................................................................................................................................159
unidade

1
V.1 | 2021

Porcentagem, Juro e
Desconto Simples
Prezado estudante,
Estamos começando uma unidade desta disciplina. Os textos que a compõem foram
organizados com cuidado e atenção, para que você tenha contato com um conteúdo
completo e atualizado tanto quanto possível. Leia com dedicação, realize as atividades e
tire suas dúvidas com os tutores. Dessa forma, você, com certeza, alcançará os objetivos
propostos para essa disciplina.

Objetivo Geral
Introduzir os conceitos matemáticos que dão suporte à matemática financeira.

Objetivos Específicos
• Converter taxa centesimal em taxa unitária;
• Definir fluxo de caixa e regimes de capitalização;
• Conceituar juro e desconto simples;
• Diferenciar taxa nominal e efetiva no regime de juros simples;
• Aplicar os conceitos abordados na Unidade em problemas práticos.

Questões Contextuais
• O que são as taxas centesimais e unitárias?
• Quais são os conceitos de juro e desconto simples?
• O que é um fluxo de caixa?
12 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

1.1 Conceitos Iniciais


A Matemática Financeira está presente em nossas vidas desde muito cedo, em
noções como taxa centesimal, unitária, nominal, efetiva e, até mesmo, empréstimo bancário.
Imagine que João teve alguma noção de matemática financeira quando estava do ensino
médio. Ele lembra que seu professor mencionou a diferença entre taxa centesimal e taxa
unitária, mas ele sempre ficou em dúvida sobre a definição de cada uma delas e, geralmente,
se confunde na resolução de problemas.

Quando ingressou na disciplina de Matemática Financeira e Comercial, um de


seus primeiros questionamentos ao professor foi: quando eu devo usar a taxa centesimal
e quando uso a unitária?

Por exemplo, ele foi comprar um tênis que custa R$ 150,00 e o vendedor lhe
disse que teria 10% de desconto se pagasse à vista. Ao usar a calculadora HP 12C, ele
ficou na dúvida se deveria digitar 10 ou 0.1 no lugar da taxa.

Ao longo desta Unidade, você terá condições de responder a pergunta de João.

REFLETINDO

Ao realizarmos um empréstimo no banco, sempre são informadas no contrato


duas taxas: a nominal e a efetiva. Você sabe a diferença entre elas? No decorrer
desta Unidade, vamos definir cada uma delas e ressaltar essa diferença.

Neste primeiro subitem, iremos apresentar conceitos que serão fundamentais


para o entendimento da Matemática Financeira. Durante o desenvolvimento da Unidade,
procuraremos relacionar as fórmulas utilizadas com o procedimento equivalente na
calculadora HP 12C. Dessa forma, você exercitará a resolução de problemas utilizando
a calculadora HP 12C, o que facilita muito o dia a dia do profissional que lida com
finanças, mas também aprenderá a manipular as fórmulas de forma analítica, para
compreender a lógica e os conceitos relacionados aos cálculos financeiros.
Porcentagem, Juro e Desconto Simples | UNIDADE 1 13

Figura 1.1 – Calculadora HP 12C.

Fonte: Wikimedia Commons (2021).

Nos subitens a seguir, abordaremos alguns dos conceitos básicos utilizados na


Matemática Financeira como, por exemplo, taxa centesimal, taxa unitária, aumentos e
descontos sucessivos, e algumas definições utilizadas em cálculos financeiros.

1.1.1 Porcentagem (Taxa Centesimal) e Taxa Unitária


r
Em matemática, a notação r% (r por cento) é usada para representar a fração
100
(fração centesimal). Na matemática financeira, chamamos de i a taxa unitária
correspondente à taxa percentual dada. Por exemplo, a taxa percentual r = 15%
15
corresponde à taxa unitária i  15%   0,15 . Na calculadora HP 12C, em geral,
100
vamos inserir a taxa centesimal, mas, se optarmos pelas fórmulas, então nós utilizaremos
a taxa unitária.

DESTAQUE

Resumindo: a taxa percentual r% é a fração centesimal e a taxa unitária é


obtida quando dividimos r por 100.
14 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

Em alguns problemas aplicados, precisamos calcular uma porcentagem de um


total. Para isso, basta multiplicarmos a fração centesimal correspondente pelo total,
como mostrado no Exemplo 1.1.

Exemplo 1.1. Calcule 15% de 75.

15 1.125
Encontrar 15% de 75 significa calcular · 75 = = 11,25 . Se você
100 100
utilizar a taxa unitária, então terá 0,15 · 75 = 11,25.

Na calculadora HP 12C, utilizamos os passos a seguir:

75 ENTER 15 %

Em outros problemas, estaremos interessados em calcular qual a porcentagem


que certa quantidade representa de um total. Nesses casos, utilizaremos regra de três
simples, considerando o total correspondendo a 100%. O Exemplo 1.2 mostra uma
situação prática em que utilizamos o conceito de porcentagem.

Exemplo 1.2. Uma prestação do apartamento de José é de R$ 1.800,00 e representa


30% de seu salário bruto na data em que ele contratou o financiamento. Qual era o valor do
salário bruto de José na data em que ele contratou o financiamento?

Vamos resolver utilizando uma regra de três, considerando o salário de


José igual a 100%:

x 100
= → x · 30 = 100 · 1.800 → 30x = 180.000 → x = 6.000
1.800 30

Ou seja, na época da contratação do financiamento,


o salário bruto de José era R$ 6.000,00.

A ideia de porcentagem também é útil no cálculo de aumentos e descontos, como


veremos nos itens A e B a seguir.

A. Aumentos e reajustes

Para resolvermos problemas de porcentagem envolvendo aumentos ou reajustes,


nós multiplicamos o valor inicial por 1 + i, como mostrado no Exemplo 1.3.
Porcentagem, Juro e Desconto Simples | UNIDADE 1 15

Exemplo 1.3. O aluguel do apartamento de Maria é de R$ 1.200,00. Se houver


um reajuste de 15% sobre esse valor, qual será o novo aluguel?

Observe que o problema fornece:

Valor inicial = 1.200

15
r = 15% = → i = 0,15
100

Utilizando a fórmula de aumentos sucessivos, temos:

Valor reajustado = 1.200 (1 + 0,15) = 1.200 (1,15) = R$ 1.380,00

Na calculadora HP 12C, utilizamos os passos a seguir:

1200 ENTER 15 % +

Observe que tanto pela fórmula quanto na calculadora HP 12C, o resultado para
o novo aluguel de Maria será R$ 1.380,00.

Outra situação que aparece com frequência são os aumentos sucessivos. Nesse
caso, multiplicamos o valor inicial, sucessivamente, por (1 + i1) · (1 + i2) · ... · (1 + i n),
como mostrado no Exemplo 1.4.

Exemplo 1.4. Sobre um artigo de R$ 3.000,00 é cobrado um imposto estadual de


15% e um municipal de 3%. Qual o preço final desse artigo?

Observe que o problema fornece:

Valor Inicial = 3.000

i1 = 15% = 0,15

i2 = 3% = 0,03

Utilizando a fórmula de aumentos sucessivos, podemos calcular o valor


final do artigo:

Valor Final = 3.000 · (1 + 0,15) · (1 + 0,03) = 3.000 · 1,15 · 1,03 = R$ 3.553,50

Na calculadora HP 12C, utilizamos os passos a seguir:

3000 ENTER 15 % + ENTER 3 % +

Assim, tanto com o uso da fórmula, quanto na calculadora, verificamos que o


preço final do artigo será de R$ 3.553,50.
16 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

B. Descontos e perdas

Para resolvermos problemas de porcentagem que envolvam descontos ou perdas,


basta multiplicarmos o valor inicial por (1 - i), como mostrado no Exemplo 1.5.

Exemplo 1.5. O preço de etiqueta de uma calça jeans na loja Compre Mais é de
R$ 150,00. Para o pagamento à vista, a loja dá um desconto de 8% sobre o preço da
etiqueta. Qual o preço à vista da calça?

Observe que o problema fornece:

Valor sem desconto: 150

8
r = 8% = → i = 0,08
100

Utilizando a fórmula de descontos e perdas, temos:


Valor com desconto = 150 · (1 – 0,08) = 150 · 0,92 = R$ 138,00

Na calculadora HP 12C, utilizamos os passos a seguir:

150 ENTER 8 % -

Ou seja, tanto com o uso da fórmula quanto na calculadora, chegamos à conclusão


de que o preço à vista é de R$ 138,00.

Assim como no caso dos aumentos, nos descontos também podem aparecer
situações de descontos sucessivos. Nesse caso, multiplicamos o valor inicial
sucessivamente por (1 – i1) · (1 – i2) · ... · (1 – i n), como mostrado no Exemplo 1.6.

Exemplo 1.6. Uma empresa está oferecendo, sobre o valor de uma fatura,
os descontos sucessivos de 10% e 5%. Sabendo que o valor da fatura é de
R$ 50.000,00, qual o seu valor líquido?

Observe que o problema fornece:

Valor sem desconto = 50.000

i1 = 10% = 0,1

i2 = 5% = 0,05
Porcentagem, Juro e Desconto Simples | UNIDADE 1 17

Utilizando a fórmula de descontos sucessivos, temos:


Valor com desconto = 50.000 . (1 – 0,1) . (1 – 0,05) =
50.000 . 0,9 . 0,95 = R$ 42.750,00.

Na calculadora HP 12C, utilizamos os passos a seguir:

50000 ENTER 10 % - ENTER 5 % -

Assim, concluímos que o valor líquido da fatura é de R$ 42.750,00.

Além da ideia de porcentagem, outros conceitos são importantes para a


compreensão da matemática financeira. Nos próximos subitens eles serão definidos de
forma sintetizada. Assim, toda vez que eles aparecerem ao longo do texto, você poderá
voltar para essa sessão caso fique com dúvida.

1.1.2 Capital ou Valor Presente


Em matemática financeira, o capital, também conhecido como valor presente,
é o valor sobre o qual irão incidir os encargos e os juros. Também pode aparecer em
problemas aplicados como o valor à vista de uma determinada mercadoria. Se estivermos
falando de investimento, o capital é o investimento inicial realizado. Na calculadora HP
12C, o capital é indicado pela tecla PV (Present Value).

1.1.3 Prazo
Nas transações financeiras, sempre aparece um prazo que está vinculado a
uma unidade de tempo (dia, mês, semestre, ano etc.). Esse tempo será utilizado para o
cálculo dos juros que serão incorporados ao capital. Na calculadora HP 12C, o prazo é
indicado pela tecla n.

1.1.4 Juros e Taxa de Juros


Em matemática financeira, juro é a remuneração, a qualquer título, atribuída a
um capital. Sempre que falamos em juro relativo a um capital, estamos nos referindo à
remuneração desse capital durante um intervalo de tempo. Esse tempo é denominado
período financeiro ou período de capitalização.

O juro vai depender do capital e do tempo. O valor do juro em determinado tempo


será expresso como uma porcentagem do capital, através de uma taxa. Na calculadora
HP 12C, a taxa é indicada pela tecla i.
18 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

1.1.5 Montante ou Valor Futuro


Em uma transação financeira, o montante é o valor obtido ao final, somando-
se os juros ao capital inicial. Na calculadora HP 12C, o montante é indicado pela tecla
FV (Future Value).

Os quatro últimos conceitos definidos podem ser identificados na Figura 1.2.

Figura 1.2 – Conceitos na Calculadora HP-12C.

prazo taxa capital montante

Fonte: Adaptada de Wikimedia Commons (2021).

SAIBA MAIS

No link a seguir, você pode obter o manual da calculadora 12C, que lhe ajudará
a resolver os exercícios: https://goo.gl/54Nx2S. Se preferir, você também pode
acessar outro link, que aborda as funções da HP 12C de um modo mais sucinto:
https://goo.gl/W9Uiye.
Porcentagem, Juro e Desconto Simples | UNIDADE 1 19

VÍDEO

Caso você tenha acabado de adquirir sua calculadora e não tenha noção de
como utilizá-la, esse link é de um vídeo sobre o uso da HP12C. Assista aqui:
https://goo.gl/jgSX69.

1.1.6 Fluxo de Caixa


Definimos fluxo de caixa como o conjunto de entradas (receitas) e saídas
(despesas) do capital no caixa de uma empresa (ou indivíduo) ao longo do tempo.

A elaboração do fluxo de caixa é fundamental na análise de rentabilidades e


custos de operações financeiras, e também no estudo da viabilidade econômica de
projetos e investimentos.

Vamos utilizar as convenções descritas no Quadro 1.1, e que podem ser


observadas na Figura 1.3, que mostra o fluxo de caixa de uma pessoa que aplicou
R$ 50.000,00 em um banco e recebeu R$ 6.500,00 de juros após 12 meses.

Quadro 1.1 – Convenções em um fluxo de caixa.

SÍMBOLO SIGNIFICADO

↑ou+ Entradas (crédito)

↓ou− Saídas (débito)

Fonte: Elaborado pela autora (2016).


20 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

Podemos notar que o fluxo de caixa da Figura 1.3 mostra uma saída de
R$ 50.000 (seta para baixo) e uma entrada de R$ 56.500 (seta para cima).

Figura 1.3 – Fluxo de caixa.

56.500

0 12

50.000
Fonte: Hazzan e Pompeo (2007, p. 7).

1.1.7 Regimes de Capitalização


Chamamos de regime de capitalização o processo de formação de juro. Há duas
maneiras de capitalizarmos um capital: utilizando juros simples ou por meio de juros
compostos, como ilustrado no quadro a seguir.

Quadro 1.2 – Regimes de capitalização.

JUROS SIMPLES JUROS COMPOSTOS


O juro pago em cada período é Nesse regime, o juro formado no fim de cada
sempre constante. Nesse regime, período é incorporado ao capital existente no início
apenas o capital inicial rende juro. desse período, passando esse montante a receber
Assim, o juro formado no fim de juro no período seguinte. Assim, dizemos, então,
cada período não é incorporado ao que os juros são capitalizados.
capital para render juro no período
seguinte. Assim, dizemos que os J1 ≠ J2 ≠ J3 ≠ ... ≠ Jn, em que:
juros não são capitalizados.
J1 = PV · i
J1 = J2 = J3 = ... = Jn = PV · i J2 = (PV + J1) · i
J3 = (PV + J1 + J2) · i

Jn = (PV + J1 + J2 + ... + Jn – 1) · i

Assim, J1< J2< J3< ...<Jn


Fonte: Elaborado pela autora (2016).
Porcentagem, Juro e Desconto Simples | UNIDADE 1 21

1.2 Juros Simples


Quando trabalhamos com juros simples, os juros são capitalizados ao final da
negociação e são calculados unicamente sobre o capital inicial, ou seja, são fixos e
iguais em todos os períodos. O crescimento do capital dá-se de forma linear. Pode
ser expresso como:

J = PV · i · n

em que:

PV = capital inicial ou principal

i = taxa de juros

n = prazo ou número de períodos ou tempo de aplicação

O montante, ou valor futuro (FV ) é igual à soma do capital inicial (PV ) com o
juro (J) relativo ao período de aplicação, ou seja,

FV = PV + (PV · i · n)

FV = PV · (1 + i · n )

DESTAQUE

Não há necessidade de você memorizar muitas fórmulas. Com essas duas


expressões, podemos encontrar as variáveis solicitadas, desde que saibamos
isolar variáveis por meio de operações inversas, por exemplo:

Temos J = PV · i · n. Se quisermos encontrar PV, passamos as variáveis i e n,


que estão multiplicando a variável que queremos isolar (PV ), para o outro lado
da igualdade dividindo, ou seja,

J
J = PV · i · n ⇒ = PV
i·n

A seguir apresentamos quatro exemplos usuais envolvendo o conceito de juros


simples, cada um deles buscando encontrar uma das variáveis que aparecem nas duas
fórmulas de juros simples.
22 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

Exemplo 1.7. Cláudia investiu R$ 30.000,00 durante 15 meses, à taxa de 3% ao


mês, no regime de juros simples. Que montante ela receberá?

Observe que o problema fornece:

PV = 30.000

n = 15 meses

i = 3% a.m. = 0,03 a.m.

Utilizando a fórmula do montante, temos:

FV = PV · (1 + i · n)

FV = 30.000 (1 + 0,03 · 15)

FV = 30.000 (1 + 0,45)

FV = 30.000 · 1,45

FV = R$ 43.500,00

Na calculadora HP 12C, utilizamos os passos a seguir:

30000 ENTER 3 % 15 X +

Assim, podemos concluir que Cláudia receberá um montante de R$ 43.500,00.

VÍDEO

Para ajudá-lo a calcular os juros e o montante na calculadora HP 12C, assista ao


vídeo "Juros e Montantes na HP", do professor Adail Marcos. O link está aqui:
http://gg.gg/va7mi.
Porcentagem, Juro e Desconto Simples | UNIDADE 1 23

Exemplo 1.8. Qual o capital inicial necessário para Maurício investir se ele
quer ter um montante de R$ 15.000,00 daqui a 18 meses, com uma aplicação à taxa de
24% a.a., no regime de juro simples?

Observe que o problema fornece:

n = 18 meses
0, 24
i = 24%a.a. = 0, 24a.a. = = 0, 02a.m.
12
FV = 15.000

Utilizando a fórmula do montante e isolando PV, temos:

FV
FV = PV · (1 + i · n) ⇒ PV =
1+i·n

15.000 15.000 15.000


PV = = = = R$ 11.029,41
1 + 0,02 · 18 1 + 0,36 1,36

Na calculadora HP 12C, utilizamos os passos a seguir:

f REG 18 ENTER 2 x 100 + 15000 %T

A sequência f REG é utilizada para limpar registros de cálculos financeiros


na HP 12C.

Assim, podemos concluir que Maurício deverá investir R$ 11.029,41 se quiser


receber o montante de R$ 15.000,00.

Exemplo 1.9. Marília quer investir um capital de R$ 20.000,00. A que taxa mensal
ela deve investir esse capital para render R$ 2.880,00 de juros em quatro meses?

Observe que o problema fornece:

PV = 20.000

J = 2.880

n=4

Utilizando a fórmula do juro, temos:

J 2.880 2.880
J = PV · i · n ⇒ i = ⇒i= = = 0,036 = 3,6% a.m.
PV · n 20.000 · 4 80.000
24 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

Na calculadora HP 12C, utilizamos os passos a seguir:

f REG 20000 ENTER 2880 %T 4 ÷

Assim, concluímos que a taxa de juros na aplicação de Marília deve


ser de 3,6% a.m.

VÍDEO

Para ajudá-lo a calcular a taxa i com o uso da HP, assista ao vídeo "Taxa de
Juros na HP", do professor Adail Marcos. O link está aqui: http://gg.gg/va7p9.

1.2.1 Taxas
Ao lidar com taxas, é muito importante prestar atenção em algumas definições
que serão abordadas nos subitens a seguir.

A. Taxa proporcional

Sabemos que duas taxas são proporcionais quando seus valores formam uma
proporção com seus respectivos tempos. Nesse caso, eles são reduzidos à mesma unidade.

i
Assim, i k  ou i = k · ik
k
O exemplo a seguir mostra como podemos encontrar taxas proporcionais.

Exemplo 1.10. Calcule a taxa mensal proporcional a 24% ao ano.

Para calcularmos a taxa pedida, basta utilizarmos a fórmula anterior:

0,24
i12 = 24% a.a. = = 0,02 = 2% a.m.
12
Porcentagem, Juro e Desconto Simples | UNIDADE 1 25

Na calculadora HP 12C, utilizamos os passos a seguir:

0.24 ENTER 12 ÷

Observe que a calculadora HP12C utiliza o ponto como separação de decimais


e não a vírgula.

Assim, podemos concluir que 24% a.a. é proporcional a 2% a.m. no regime


de juros simples.

B. Taxas equivalentes

Duas taxas são equivalentes quando, se aplicadas ao mesmo capital durante


o mesmo período de tempo, produzem o mesmo total de juros, como mostrado no
exemplo a seguir.

Exemplo 1.11. Observe o juro produzido pelo capital de R$ 15.000,00, nas taxas
e prazos a seguir:

a) à taxa de 4% a.m. durante seis meses.

Observe que o problema fornece:

PV = 15.000

i = 4% a.m. = 0,04 a.m.

n=6

Utilizando a fórmula do juro, temos:

J = PV · i · n = 15.000 · 0,04 · 6 = R$ 3.600,00

Na calculadora HP 12C, utilizamos os passos a seguir:

15000 ENTER 0.04 x 6 x

Assim, nessas condições, o juro produzido é de R$ 3.600,00.


26 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

b) à taxa de 12% a.t. durante dois trimestres.

Observe que o problema fornece:

PV = 15.000

i = 12% a.t. = 0,04 a.m.

n=2

Utilizando a fórmula do juro, temos:

J = PV · i · n = 15.000 · 0,12 · 2 = R$ 3.600,00

Na calculadora HP 12C, utilizamos os passos a seguir:

15000 ENTER 0.12 x 2 x

Assim, nessas condições, o juro produzido é de R$ 3.600,00.

Observando os resultados obtidos nos itens a) e b) do problema, podemos concluir


que 4% a.m. e 12% a.t. são taxas equivalentes.

DESTAQUE

É importante observar que, no regime de juro simples, duas taxas proporcionais


são equivalentes.

C. Taxa nominal e taxa efetiva

Se você já contratou algum empréstimo bancário, deve ter percebido duas taxas
distintas: taxa nominal e taxa efetiva. Entende-se por taxa nominal a taxa de juros
contratada em uma operação financeira. Já a taxa efetiva é a de rendimento que a
operação financeira efetivamente proporciona. Ela ocorre devido às obrigações, taxas,
impostos ou comissões que comprometem o rendimento ou oneram os pagamentos de
juros. O exemplo a seguir mostra como funciona o cálculo dessas taxas. Acompanhe
com sua calculadora HP em mãos.
Porcentagem, Juro e Desconto Simples | UNIDADE 1 27

Exemplo 1.12. Carlos depositou R$ 100.000,00 em um banco, a prazo fixo, por dois
meses, à taxa de 2% a.m., capitalizados no regime de juros simples. Sabendo que, sobre os
juros, incide uma taxa de 27,5% de Imposto de Renda, determine:

a) O valor dos juros.

• Observe que o problema fornece:

PV = 100.000

n=2

i = 2% a.m. = 0,02 a.m.

• Utilizando a fórmula dos juros simples, temos:

J = PV · i · n = 100.000 · 0,02 · 2 = R$ 4.000,00

• Na calculadora HP 12C, utilizamos os passos a seguir:

100000 ENTER 0.02 x 2 x

Assim, o valor do juro é de R$ 4.000,00.

b) O Imposto de Renda retido.

• Observe que o problema fornece:

Taxa de IR = 27,5% = 0,275

• No item (a) do problema, calculamos os juros:

J = R$ 4.000,00

• Para calcularmos o valor pago de IR, apenas utilizamos a ideia de porcentagem:

IR = 0,275 · 4.000,00 = R$ 1.100,00

• Na calculadora HP 12C, utilizamos os passos a seguir:

0.275 ENTER 4000 x

Assim, o valor do IR é de R$ 1.100,00.


28 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

c) O valor líquido de resgate.

• O problema fornece o PV:

PV = 100.000,00

• Nos itens (a) e (b) calculamos os juros e o IR:

J = R$ 4.000,00
IR = 1.100,00

• Para calcularmos o resgate bruto, somamos PV e J:

Resgate Bruto: FV = PV + J = 100.000 + 4.000 = R$ 104.000,00

Na calculadora HP 12C, utilizamos os passos a seguir:

100000 ENTER 4000 +

• Para calcularmos o resgate líquido, subtraímos o IR do resgate bruto:

Resgate Líquido: 104.000 – 1.100 = R$ 102.900,00 (FV efetivo).

Na calculadora HP 12C, utilizamos os passos a seguir:

104000 ENTER 1100 -

Assim, o valor líquido de resgate é de R$ 102.900,00.

d) A taxa efetiva mensal de rendimento.

• Analisando os dados e o que foi calculado nos itens do problema, temos:

PV = 100.000

FV efetivo = 102.900

n=2

• Utilizando a fórmula do montante, podemos calcular:

2.900
FV = PV (1 + in) → 102.900 = 100.000 (1 + 2i) → i = = 0,0145 = 1,45%
200.000

• Na calculadora HP 12C, utilizamos os passos a seguir:

f REG 100000 ENTER 102900 ∆% 2 ÷

Logo, a taxa efetiva é de 1,45% a.m.w


Porcentagem, Juro e Desconto Simples | UNIDADE 1 29

1.2.2 Juros Comerciais e Juros Exatos


No mercado financeiro existem operações em que o capital é investido por
poucos dias. Nesse caso, as taxas variam diariamente. Assim, para calcularmos os
juros, precisamos determinar, antes, a taxa diária equivalente.

Existem duas sistemáticas: considerar o ano comercial de 360 dias e meses com 30
dias ou o ano civil de 365 dias e meses com o número exato de dias (28, 29, 30 ou 31). No
primeiro caso, os juros calculados com a taxa diária são chamados de juros comerciais,
comuns ou ordinários. No segundo caso, são chamados de juros exatos.

1.2.3 Tempo Exato e Tempo Aproximado


O tempo exato é calculado quando se considera o número exato de dias
contados no calendário, e tempo aproximado quando se considera qualquer mês
como tendo 30 dias.

A convenção de se calcularem os juros comerciais para o tempo exato entre as duas


datas é chamada regra dos bancos. Esses juros são chamados juros bancários.

Na calculadora HP 12C, as funções D.MY e ∆DYS podem ser utilizadas para


calcular a diferença de dias entre duas datas dadas. Essas funções podem ser muito úteis
no dia a dia de um profissional que lida com matemática financeira, como mostrado no
exemplo a seguir:

Exemplo 1.13. Considere um capital que foi aplicado de 18/05/2016 a 12/06/2016.


Qual o número de dias entre essas datas, considerando:

a) O ano civil:

Na calculadora HP 12C, utilize a rotina a seguir:

g D.MY 18.052016 ENTER 12.062016 g ∆DYS

Observe que a calculadora mostrará o valor 25, que indica o número de dias
entre as datas considerando o ano civil.

b) O ano comercial?

Na calculadora HP 12C, utilize a rotina a seguir:

g D.MY 18.052016 ENTER 12.062016 g ∆DYS xy

Observe que a calculadora mostrará o valor 24, que indica o número de dias
entre as datas considerando o ano comercial.
30 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

1.3 Desconto Simples


Chamamos de desconto o abatimento que obtemos ao saldar um compromisso
antes de seu vencimento. O desconto pode ser feito considerando-se como capital o
valor nominal (FV ) ou o valor atual (PV ). No primeiro caso, é denominado de desconto
comercial; no segundo caso, de desconto racional.

Figura 1.4 – Fluxo de caixa de desconto.

PV FV

PV = FV – D
D = FV – PV
período
n
Fonte: Elaborada pela autora (2016).

É importante que você se lembre da simbolização:

FV: valor nominal (ou valor de face) do título, ou seja, a importância a ser
paga no dia do vencimento, que é o valor indicado no título.

PV: valor atual (ou valor descontado) do título, ou seja, o líquido pago (ou
recebido) antes do vencimento.

D: desconto

n: número de períodos antes do vencimento do título

Td: taxa de desconto

Esses dois tipos de descontos serão descritos nos subitens a seguir.

1.3.1 Desconto Racional Simples (por Dentro): DR Simples


Chamamos de desconto racional ou por dentro o equivalente ao juro simples
calculado sobre o valor atual do título no período de tempo correspondente.

Quadro 1.3 – Comparação entre juros simples e desconto racional simples.

JS DR SIMPLES
J = PV · i · n DR = PV · d · n ← Desconto
FV = PV · (1 + i · n) FV = PV · (1 + d · n) ← Valor Nominal
Fonte: Elaborado pela autora (2016).
Porcentagem, Juro e Desconto Simples | UNIDADE 1 31

Assim como fizemos no caso dos juros simples, para calcularmos o valor atual
basta isolarmos a variável PV, não sendo necessário decorar mais uma fórmula:

FV
PV 
(1  d  n )

Observe que D R = PV · d · n e PV = FV – D R , então temos:

D R = (FV – D R) · d · n  ⇒  D R = FV · d · n – D R · d · n
D R + D R · d · n = FV · d · n  ⇒  D R (1 + d · n) = FV · d · n
Assim:

FV  d  n
DR 
(1  d  n )

Podemos fazer um procedimento semelhante e encontrar a expressão do tempo:

FV  PV D
n 
PV  d PV  d

No exemplo a seguir, você poderá observar como podemos calcular o desconto


racional simples com o uso da fórmula e com a HP 12C.

Exemplo 1.14. Márcia vai descontar um título de R$ 6.000,00 à taxa de 2,1% ao


mês. Faltando 45 dias para o vencimento do título, determine:

a) O valor atual, utilizando a ideia de desconto racional.

• Observe que o problema fornece:

FV = 6.000
0, 021
d = 2,1% a.m. = 0,021 a.m. = = 0, 0007 a.d.
30
n = 45 dias

• Utilizando a fórmula do valor atual, podemos encontrar PV:

• Na HP 12C, podemos proceder da seguinte maneira:

6000 ENTER 0.0007 ENTER 45 x 1 + ÷


32 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

Assim, concluímos que o valor atual é R$ 5.816,77.

b) O valor do desconto racional simples.

• Com os dados anteriores e a fórmula, temos:

D R = FV – PV

D R = 6.000 – 5.816,77 = R$ 183,23

• Na HP 12C, podemos proceder da seguinte maneira:

6000 ENTER 5816.77 -

Assim, concluímos que o valor do desconto racional simples é de R$ 5.816,77.

1.3.2 Desconto Comercial Simples (por Fora): DC Simples


Entendemos como desconto comercial, bancário ou por fora, o equivalente
ao juro simples calculado sobre o valor nominal do título no período de tempo
correspondente. Esse é o único desconto usado na prática comercial e bancária.

É importante observar que o desconto comercial simples só pode ser empregado


para períodos curtos, pois para longos prazos o valor do desconto poderá até ultrapassar
o valor nominal do título.

O cálculo do desconto comercial D C pode ser feito utilizando a fórmula a seguir:

DC  FV  d  n

O valor atual comercial (PV) ou valor do desconto comercial é dado por:

PV  FV  DC

Mas como D C = FV · d · n, temos:

PV = FV (1 – d · n)
Porcentagem, Juro e Desconto Simples | UNIDADE 1 33

Utilizando as fórmulas anteriores e isolando as variáveis, podemos encontrar as


fórmulas descritas no quadro a seguir:

Quadro 1.4 – Síntese das fórmulas de desconto comercial simples.

VARIÁVEL FÓRMULA

PV
Valor nominal FV 
1 d  n

Desconto comercial DC  FV  d  n

FV  PV DC
Tempo n 
FV  d FV  d
FV  PV DC
Taxa de desconto d 
FV  n FV  n
Fonte: Elaborado pela autora (2016).

O exemplo a seguir ilustra como trabalhar com essas fórmulas e com a


calculadora HP 12C.

Exemplo 1.15. Luiz vai descontar um título de R$ 60.000,00 à taxa de 2,1% ao


mês. Faltando 45 dias para o vencimento do título, encontre:

a) O valor do desconto comercial simples.

• Observe que o problema fornece:

FV = 60.000

d = 2,1% a.m. = 0,021 a.m. = 0, 021  0, 0007 a.d.


30
n = 45 dias

• Utilizando a fórmula do desconto comercial, temos:

D C = FV · d · n

D C = 60.000 · 0,0007 · 45 = R$ 1.890,00

• Na HP 12C, podemos proceder da seguinte maneira:

60000 ENTER 0.0007 x 45


34 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

Assim, concluímos que o valor do desconto comercial simples é de R$ 1.890,00.

b) O valor atual, utilizando a ideia de desconto comercial simples.

• Observe que o problema fornece:

N = 60.000
0, 021
d = 2,1% a.m. = 0,021 a.m. =  0, 0007 a.d.
30
n = 45 dias

• Utilizando a seguinte fórmula, temos:

PV = FV – D C

PV = 60.000 – 1.890 = R$ 58.110,00

• Na HP 12C, podemos proceder da seguinte maneira:

60000 ENTER 1890 -

Assim, concluímos que o valor atual é de R$ 58.110,00.

DESTAQUE

Em geral, sempre que o desconto não for explicitado deve-se subentender


desconto comercial. Note que o desconto racional é menor que o
desconto comercial.

1.3.3 Relação entre a Taxa de Juros e a Taxa de Desconto


A taxa de juros, que no período n torna o capital PV igual ao montante FV, é a taxa
que realmente está sendo cobrada na operação de desconto. Como vimos anteriormente,
essa taxa é denominada de taxa de juro efetiva.

Para que haja igualdade entre o capital empregado e o valor atual do título, é
necessário que a taxa de juro seja maior que a taxa de desconto.

Aqui, é importante que você lembre que no desconto racional simples temos
i = d, mas no desconto comercial simples temos i ≠ d.
Porcentagem, Juro e Desconto Simples | UNIDADE 1 35

Para determinarmos a relação entre i e d no desconto comercial simples, fazemos:

J  DC
PV  i  n  FV  d  c

Isolando i, temos:

FV. d FV. d d
i  
PV FV.(1  dn) 1  dn

Para encontrarmos d em função de i e n, usamos um procedimento análogo para


isolar as variáveis.

Assim, temos:

d i
i ed
1 d  n 1 i  n

O Exemplo 1.16, a seguir, ilustra o uso dessas expressões.

Exemplo 1.16. Qual a taxa de juros simples mensal correspondente à taxa de


desconto de 20% a.m.?

• Observe que o problema fornece:

n = 20% a.m. = 0,2 a.m.

n = 1 mês

• Utilizando a fórmula da taxa, temos:

d 0, 2 0, 2
i    0, 25  25%
1  d  n 1  0, 2 1 0,8

• Na HP 12C, podemos proceder da seguinte maneira:

0.2 ENTER 0.2 ENTER 1 x CHS 1 + ÷

Assim, concluímos que a taxa mensal de juros simples correspondente à taxa de


desconto de 20% a.m. é de 25% a.m.
36 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

Em problemas que necessitamos determinar a taxa de juros efetiva (i) sem


termos o valor da taxa de desconto (d), podemos lembrar que FV = PV (1 + i · n), fazer
as multiplicações necessárias e isolar a taxa i:

Ou ainda:

D
i=
PV ⋅ n

O Exemplo 1.17, a seguir, ilustra o uso dessas expressões.

Exemplo 1.17. Uma duplicata de R$ 25.000,00 foi resgatada 100 dias antes de
seu vencimento por R$ 23.150,00. Determine a taxa de desconto e a taxa efetiva.

• Observe que o problema fornece:

FV = 25.000

n = 100 dias

PV = 23.150

Note que, como n foi dado em dias, nossas taxas serão a.d.

• Utilizando a fórmula da taxa de desconto, calculamos a taxa de desconto:

Como agora conhecemos d, FV e PV, podemos calcular a taxa efetiva i utilizando


qualquer uma das duas fórmulas anteriores.

• Com a primeira fórmula:


Porcentagem, Juro e Desconto Simples | UNIDADE 1 37

Na HP 12C, podemos proceder da seguinte maneira:

25000 ENTER 23150 - ENTER 23150 ENTER 100 x ÷

• Com a segunda fórmula:

d 0, 00074
i   0, 0007991  0, 0008  0, 08% a.d.
1  d  n 1  0, 00074 100

Na HP 12C, podemos proceder da seguinte maneira:

0.00074 ENTER 0.00074 ENTER 100 x CHS 1 + ÷

Assim, concluímos que a taxa efetiva é de 0,08% a.d. Observe que as duas
fórmulas nos conduzem ao mesmo resultado. A escolha da fórmula dependerá dos
dados do problema.

VÍDEO

Para ajudá-lo a trabalhar com desconto simples na HP 12C, assista ao vídeo


"Desconto Comercial Simples na HP", do professor Adail Marcos. O link está
aqui: http://gg.gg/va7ws.
38 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

1.4 Juros pela Regra dos Bancos


Na prática financeira mundial, o método de cobrança de juros é misto. Isso
ocorre porque se baseia na contagem exata dos dias, mas utiliza o mês e ano comerciais.

O Exemplo 1.18, a seguir, ilustra essa situação.

Exemplo 1.18, Um capital de R$ 1.200,00 foi aplicado a juros simples a uma


taxa de 15% a.a. de 18/05/2016 a 12/06/2006. Calcule os juros bancários dessa operação.

• Primeiramente, vamos calcular o número de dias exatos entre as datas.

Podemos calcular com o auxílio de um calendário ou, na calculadora HP 12C,


utilizamos a rotina a seguir:

g D.MY 18.052016 ENTER 12.062016 g ∆DYS

Assim, temos 25 dias entre essas datas.

• Agora, vamos organizar os dados para calcularmos os juros:

PV = R$ 1.200,00
0,15
i = 15% a.a. = a.d .
360
n = 25

• Usando a fórmula do juro, temos:

0,15
J  PV  i  n  1.200   25  R$12, 50
360

• Na calculadora HP 12C, utilizamos os passos a seguir:

1200 ENTER 15 % 360 ÷ 25 x

Ou seja, utilizando a regra dos bancos, temos R$ 12,50 de juros no


período de 15 dias.
Porcentagem, Juro e Desconto Simples | UNIDADE 1 39

1.5 Praticando
Para aprofundar seu conhecimento sobre porcentagem, conceitos iniciais
da matemática financeira, bem como o sistema de capitalização simples, resolva os
exercícios a seguir. Se encontrar alguma dificuldade, confira a resolução que se encontra
ao final da lista de exercícios.

1. O preço de fábrica de uma máquina lava e seca é de R$ 3.500,00, mas, ao comprá-


la na fábrica incide um imposto de 10% sobre este valor. Quando essa máquina
é comprada no varejo para o consumidor, seu preço final é acrescido de 20%.

a) Qual o preço do produto no varejo?

b) Qual a taxa total de acréscimo?

2. Cristiano decidiu abrir um empreendimento e para isso fez um empréstimo


de R$ 86.400,00, prometendo pagar ao credor, após 10 meses, a quantia de
R$ 116.640,00. Determine a taxa de juros simples anual cobrada.

3. Larissa realizou uma aplicação de R$ 75.000,00, com taxa de 10% ao ano


no regime de juros simples. Determine o montante obtido ao final de
cinco semestres.

4. Um dos conceitos muito importantes no sistema de capitalização simples é o


de taxas equivalentes. Assim, calcule a taxa anual equivalente a 10% ao mês,
no regime de juros simples.

5. Júlia deseja obter um montante de R$ 8.320,00. Por quanto tempo ela deve aplicar
o capital de R$ 8 000,00 à taxa de juro de 16% a.a., para obter esse montante?

6. Em uma aplicação, Joaquim recebeu um montante de R$ 8.670,00, em 3 meses,


à taxa de juros simples de 8% a.a. Qual o capital investido?

7. Carlos resgatou um título de R$ 300.000,00 dois meses antes do vencimento.


No processo foi utilizada uma taxa de 10% a.m. de desconto racional simples.
Qual o desconto e qual o valor recebido pelo seu portador?

8. Jorge é um credor, que de posse de uma nota promissória, quer receber a


dívida dois anos antes da data proposta na promissória. Sabe-se que o valor da
promissória é de R$ 10.000,00. Sabendo que Jorge propôs ao devedor uma taxa
de 10% ao ano, calcule:

a) O desconto comercial simples concedido.

b) O valor a receber.
40 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

Resolução:
1. Temos que PV = R$ 3.500,00, i1 = 10% = 0,1 e i2 = 20% = 0,2 e estamos
trabalhando com acréscimos sucessivos. Assim:

a) P = 3500 (1 + 0,1) (1 + 0,2) = R$ 4.620,00


b) i = (1 + 0,1) (1 + 0,2) = 1,32. Logo, a taxa total de acréscimo é de 32%.

2. Estamos com um caso de juros simples em que desejamos encontrar a taxa.


Vamos anotar os dados do problema, tendo o cuidado de passar o prazo para
anos, pois o enunciado pede taxa anual.

10
FV = R$ 116.640,00 n = 10 meses = anos PV = R$ 86.400,00 i = ?
12

FV – PV 116640 – 86400
i = = = 0,42 a.a. = 42% a.a
PV . n (
86400  .  10
12 )
Logo, a taxa pedida é de 42% a.a.
3. Estamos lidando com juros simples. Vamos anotar os dados e utilizar a fórmula
do montante (FV):

PV = R$ 75.000,00 i = 10% a.a.=0,1 a.a. n = 5 semestres = 2,5 anos FV = ?


FV = PV(1 + in) = 75000(1 + 0,1 · 2,5) = R$ 93.750,00
Logo, o montante obtido é de R$ 93.750,00.

4. Precisamos apenas substituir 10% na fórmula das taxas equivalentes no sistema


de capitalização simples.

i = kik = 12 · 0,1 = 1,2 = 120% a.a.


5. Vamos anotar os dados e utilizar a fórmula do prazo n.

PV = R$ 8.000,00 FV = R$ 8.320,00 i = 16% a.a.= 0,16 a.a. n=?

FV – PV J
n = =
PV · i PV · i 

8320 – 8000 320


n = = = 0,25 anos = 3 meses
8000 · 0,16 1280

Logo, o capital deve ser aplicado por 3 meses.


Porcentagem, Juro e Desconto Simples | UNIDADE 1 41

6. Vamos anotar os dados e substituir na fórmula do capital (PV).

0,08
PV = ? FV = R$ 8.670,00 i = 8% a.a. = a.m. n = 3 meses
12

FV
PV =
1 + in

8670 8670
PV = = = 8500
1 +   0,08 · 3 1,02
12

Logo, o capital investido por Joaquim foi de R$ 8.500,00.

7. Estamos trabalhando com desconto racional simples e o problema pede duas


coisas: o valor do desconto e o valor recebido. Temos:

FV = R$ 300.000,00 n = 2 meses d = 10% a.m = 0,1 a.m.

FV · d · n 300000 · 0,1 · 2
DR = = = R$ 50.000,00
1 + dn 1 + 0,1 · 2

PV = FV – D = 300000 – 50.000 = R$ 250.000,00

Logo, Carlos teve um desconto de R$ 50.000,00 e o portador recebeu


R$ 250.000,00

8. Estamos trabalhando com desconto comercial simples e o problema pede duas


coisas: o desconto comercial simples concedido e o valor a receber.

FV = R$ 10.000,00 n = 2 anos d = 10% a.a. = 0,1 a.a.

a) D c= FV · d · n = 10000 · 0,1 · 2 = R$ 2.000,00

b) PV = FV - D c = 10000 – 2000 = R$ 8.000,00

Logo, o desconto foi de R$ 2.000,00 e Jorge recebeu R$ 8.000,00 pela


nota promissória.
42 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

Síntese da Unidade
Nesta Unidade, abordamos os conceitos que dão suporte à Matemática Financeira
e Comercial e introduzimos sua nomenclatura usual. É importante lembrar que:

• a taxa percentual r% é a fração centesimal e a taxa unitária é obtida quando


dividimos r por 100;

• devemos atentar para a nomenclatura, pois ela aparece tanto nas fórmulas quanto
na calculadora HP 12C:

♦ Capital ou valor presente: PV

♦ Prazo: n

♦ Juros: J

♦ Taxa de juros: i

♦ Montante ou valor futuro: FV

• existem dois tipos de capitalização: simples e composta. Nesta unidade,


abordamos a capitalização simples;

• no regime de juros simples, os juros são capitalizados ao final da negociação e


são calculados, unicamente, sobre o capital inicial, ou seja, são fixos e iguais em
todos os períodos;

• duas taxas são proporcionais quando seus valores formam uma proporção com
os tempos a elas referidos, reduzidos à mesma unidade;

• duas taxas são equivalentes quando, aplicadas ao mesmo capital, durante o


mesmo período de tempo, produzem o mesmo total de juros;

• a taxa de juros contratada em uma operação financeira chama-se taxa


nominal. Já a taxa efetiva é a taxa de rendimento que a operação financeira
efetivamente proporciona;

• chamamos de desconto o abatimento que obtemos ao saldar um compromisso


antes de seu vencimento. Ele pode ser feito considerando-se como capital o valor
nominal FV (desconto comercial) ou o valor atual PV (desconto racional);

• no regime de juros simples, dois capitais serão chamados equivalentes (em certa
data e taxa) se seus valores calculados nessa data e taxa forem iguais.
Porcentagem, Juro e Desconto Simples | UNIDADE 1 43

Bibliografia
ASSAF NETO, A. Matemática financeira: edição universitária. São Paulo: Atlas, 2017.
HAZZAN, S.; POMPEO, J. N. Matemática Financeira. São Paulo: Atual, 2007.
VERAS, L. L. Matemática Financeira. São Paulo: Atlas, 2012.
44 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira
unidade

2
V.1 | 2021

Juro e Desconto Composto


Prezado estudante,
Estamos começando uma unidade desta disciplina. Os textos que a compõem foram organizados
com cuidado e atenção, para que você tenha contato com um conteúdo completo e atualizado
tanto quanto possível. Leia com dedicação, realize as atividades e tire suas dúvidas com os
tutores. Dessa forma, você, com certeza, alcançará os objetivos propostos para essa disciplina.

Objetivo Geral
Abordar os conceitos de juros e descontos compostos, relacionando-os com problemas aplicados.

Objetivos Específicos
• Conceituar juro e desconto composto;
• Diferenciar taxa nominal e efetiva no regime de juros compostos;
• Reconhecer taxas equivalentes;
• Aplicar os conceitos abordados na Unidade em problemas práticos.

Questões Contextuais
• O que é o juro composto?
• Qual é o conceito de desconto composto?
• O que são taxas equivalentes?
46 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

2.1 Juro Composto


Talvez você já tenha ouvido falar, informalmente, que no regime de juros compostos
se calcula “juro sobre juro”. Mas, afinal, o que, matematicamente, isso significa?

Suponha que Jeferson não teve dificuldades para aprender matemática financeira
e resolver problemas com o uso da calculadora HP 12C. Ele ficou muito satisfeito em
saber que as teclas PV, FV, n e i podem ser utilizadas em problemas envolvendo juros
compostos. No entanto, ficou muito intrigado, pois foi tentar resolver um problema de
desconto comercial composto com o uso da HP 12C, mas a resposta deu diferente da
que estava no livro didático. Por que será que isso ocorreu?

No decorrer desta Unidade, vamos discutir como inserir os dados corretos na


HP 12C quando abordamos desconto composto.

Nesta Unidade, vamos trabalhar com o regime de capitalização composto,


especificamente com os conceitos de juro e desconto composto. A cada subitem, você
encontrará definições e exemplos que o ajudarão a resolver as atividades propostas
por seu professor.

2.1.1 Definição
O sistema que em cada período financeiro, a partir do segundo, é calculado sobre o
montante relativo ao período anterior é compreendido como juro composto.

Nesse regime de capitalização, o crescimento do capital se dá exponencialmente.


Isso ocorre porque os juros incidem sobre o capital inicial mais os juros acumulados até
a data em questão. Informalmente, as pessoas costumam definir juros compostos como
“juros sobre juros”.

Nesta unidade, vamos trabalhar com a definição formal. Mas, para chegar até ela,
imagine um capital de R$ 10.000,00 sendo investido a juros compostos por doze meses a
uma taxa de 2% a.m. O Quadro 2.1 mostra a evolução do montante a cada mês.
Juro e Desconto Composto | UNIDADE 2 47

Quadro 2.1 – Capital aplicado a juro composto.

N JURO MENSAL MONTANTE


0 R$ 0,00 R$ 10.000,00
1 R$ 200,00 R$ 10.200,00 = R$ 10.000,00 + R$ 200,00
2 R$ 204,00 R$ 10.404,00 = R$ 10.200,00 + R$ 204,00
3 R$ 208,08 R$ 10.612,08 = R$ 10.404,00 + R$ 208,08
4 R$ 212,24 R$ 10.824,32 = R$ 10.612,08 + R$212,24
5 R$ 216,49 R$ 11.040,81 = R$ 10.824,32 + R$ 216,49
6 R$ 220,82 R$ 11.261,63 = R$ 11.040,81 + R$ 220,82
7 R$ 225,23 R$ 11.486,86 = R$ 11.261,63 + R$ 225,23
8 R$ 229,74 R$ 11.716,60 = R$ 11.486,86 + R$ 229,74
9 R$ 234,33 R$ 11.950,93 = R$ 11.716,60 + R$ 234,33
10 R$ 239,02 R$ 12.189,95 = R$ 11.950,93 + R$ 239,02
11 R$ 243,80 R$ 12.433,75 = R$ 12.189,95 + R$ 243,80
12 R$ 248,67 R$ 12.682,42 = R$ 12.433,74 + R$ 248,67
Fonte: Elaborado pela autora (2016).

Se continuarmos o processo por 48 meses, podemos representar o montante pelo


gráfico a seguir, e visualizaremos a representação da função exponencial.

Figura 2.1 – Gráfico do montante.

R$ 30.000,00 Montante

R$ 25.000,00

R$ 20.000,00

R$ 15.000,00

R$ 10.000,00

R$ 5.000,00

R$ 0,00
1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49

Fonte: Elaborada pela autora (2016).


48 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

O processo de capitalização composto também pode ser ilustrado pelo fluxo


de caixa a seguir.

Figura 2.2 – Fluxo de caixa de juros compostos.

FV1 FV2 FV3 FVN

J1 J2 J3 ... Jn
períodos
0 1 2 3 ... n–1 n

Fonte: Elaborada pela autora (2016).

Podemos perceber que, a cada período, o juro é calculado sobre o montante do


período anterior.

Nos subitens a seguir, abordaremos as definições e fórmulas relacionadas ao


regime de capitalização composto.

VÍDEO

Para compreender melhor a diferença entre juros simples e compostos, você pode
assistir ao vídeo “Juros Compostos”, do canal Aprove Matemática. O link está
aqui: http://gg.gg/va871.
Juro e Desconto Composto | UNIDADE 2 49

2.1.2 Montante e Total de Juros


Para o desenvolvimento das expressões que utilizaremos no regime de
capitalização composto, vamos usar a seguinte notação:

PV: capital inicial ou valor presente

J1, J2 , ... , Jn: juros de cada período

J = J1 + J2 + J3 + ... + Jn: total de juros

i: taxa de juros

n: prazo (nº de períodos)

FV: Montante ou valor futuro. Lembre que FV = PV + J

O Quadro 2.2 é uma generalização daquele do capital de R$ 10.000,00 aplicado


por doze meses e que foi apresentado para introduzir o assunto. Esse quadro será o
ponto de partida para chegarmos à expressão do montante.

Quadro 2.2 – Montante no juro composto.

JURO (J) MONTANTE (FV)


J1 = PV · i FV1 = PV + J1 = PV + PV · i = PV (1 + i)
J2 = FV1 · i FV2 = FV1 + J2 = FV1 + FV1 · i = FV1 (1 + i) = PV (1 + i)(1 + i) = PV (1 + i)2
J3 = FV2 · i FV3 = FV2 + J3 = FV2 + FV2 · i = FV2 (1 + i) = PV (1 + i)2(1 + i) = PV (1 + i)3
. .
. .
. .
Jn = FVn–1 · i FVn = FVn–1 + Jn = ... = PV (1 + i)n
Fonte: Elaborado pela autora (2016).

Observando o quadro, temos: FV = PV (1 + i) n

Mas sabemos que FV = PV + J, ou seja, J = FV – PV

Assim,

J = FV – PV = PV (1 + i) n – PV ⇒ J = PV [(1 + i) n – 1]
50 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

DESTAQUE

O termo (1 + i)n é denominado fator de capitalização ou fator de acumulação de


capitais. Caso não haja a taxa, seu valor pode ser calculado utilizando a expressão

FV
(1 + i)n =
PV

No regime de capitalização composto, muitos exercícios serão resolvidos com


o auxílio das teclas PV, FV, n e i da HP 12C. Para que a resolução seja realizada de
maneira correta, as informações a seguir são importantes.

Na calculadora HP 12C a tecla CHS é utilizada para inverter o sinal de uma


entrada, ou seja, se queremos considerar o valor -5, digitamos o número 5 seguido da
tecla CHS. Ao digitar CHS duas vezes, o sinal volta ao original.

Ao realizar cálculos financeiros na calculadora, é importante respeitar a notação


de fluxo de caixa, na qual os valores de PV e FV são inseridos com sinal oposto,
indicando as entradas e saídas do caixa.

Dessa forma, se considerarmos uma operação utilizando o regime de capitalização


composto, com pagamento único para quem realizou o empréstimo, PV é positivo e FV
é negativo, mas para quem emprestou o dinheiro, PV é negativo e FV é positivo. A
Figura 2.3 ilustra essa situação.

Figura 2.3 – Fluxo de caixa e o sinal de PV e FV na HP 12C.

PV FV

FV PV
Tomador do empréstimo Emprestador

Fonte: Hazzan e Pompeo (2007, p. 42).


Juro e Desconto Composto | UNIDADE 2 51

VÍDEO

VÍDEO 1 VÍDEO 2

Para compreender como calcular juros compostos na HP12C ou no software


Excel, assista aos vídeos recomendados:

Video 1: “Juros compostos com HP12C”, disponível aqui: http://gg.gg/va8d4.

Vídeo 2: “Juros Compostos no Excel”, disponível aqui: http://gg.gg/va8dr.

O exemplo a seguir aborda o cálculo do montante no regime de capitalização


composto. Ele será resolvido de maneiras distintas para que você, futuramente, possa
escolher qual delas será mais adequada em sua situação.

Exemplo 2.1. Calcule o montante produzido por R$ 5.000,00 aplicados em


regime de juro composto, a 5% ao mês, durante dois meses.

Primeiramente, vamos construir o fluxo de caixa que representa essa situação:

Figura 2.4 – Fluxo de caixa do Exemplo 2.1.

FV

PV
R$ 5.000,00

Fonte: Elaborada pela autora (2016).

Observe que, nessa situação, PV é uma saída e FV será uma entrada. Assim, caso
você utilize a calculadora HP 12C, você deverá digitar CHS antes de inserir o valor de PV.
52 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

Vamos agora resolver o problema, tanto utilizando a fórmula, quanto a calculadora.

• Observe que o problema fornece:

PV = 5.000

i = 5% = 0,05 a.m.

n = 2 meses

• Utilizando a fórmula do montante, temos:

FV = PV (1 + i) n

FV = 5.000 . (1 + 0,05) 2

FV = 5.000 · 1,052

FV = 5.000 · 1,025

FV = 5.512,50

• Na calculadora HP 12C, podemos realizar o cálculo de duas maneiras distintas.


Vamos analisa-las separadamente:

♦ Modo 1 – Seguindo a rotina da fórmula do montante:

5000 ENTER 1 ENTER 0.05 + 2 yx x

♦ Modo 2 – Utilizando as teclas PV, n, i, FV da calculadora:

f REG 5000 CHS PV 5 i 2 n FV

Observe que, por qualquer uma das três maneiras escolhidas para realizar o cálculo, o
montante produzido ao final de dois meses será de R$ 5.512,50.

DESTAQUE

Assim, sempre que você tiver tempo disponível, procure realizar o cálculo
de mais de uma maneira. Isso poderá lhe proporcionar mais segurança na
resolução de problemas de matemática.
Juro e Desconto Composto | UNIDADE 2 53

O Exemplo 2.2 mostra como calculamos o total de juros em um caso de


capitalização composta.

Exemplo 2.2. Determine os juros compostos produzidos por um capital de


R$ 1.000,00 aplicados a 10% ao mês, durante três meses.

Primeiramente, vamos construir o fluxo de caixa que representa essa situação:

Figura 2.5 – Fluxo de Caixa do Exemplo 2.2.

FV

PV
R$ 1.000,00

Fonte: Elaborada pela autora (2016).

Observe que, nessa situação, PV é uma saída e FV será uma entrada. Assim, caso
você utilize a calculadora HP 12C, você deverá digitar CHS antes de inserir o valor de PV.

Vamos, agora, resolver o problema, tanto utilizando a fórmula, quanto


a calculadora.

• Observe que o problema fornece:

PV = 1.000

i = 10% = 0,1 a.m.

n = 3 meses

• Utilizando a fórmula, temos:

J = PV [(1 + i) n – 1]

J = 1.000 [(1 + 0,1) 3 – 1]

J = 1.000 [1,13 – 1]
54 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

J = 1.000 (1,331 – 1)

J = 1.000 · 0,331

J = 331

• Na calculadora HP 12C, utilizamos um dos procedimentos a seguir:

♦ Modo 1 – Seguindo a rotina da fórmula do juro:

1000 ENTER 1 ENTER 0.1 + 3 yx 1 - x

♦ Modo 2 – Utilizando as teclas PV, n, i, FV da calculadora e o fato de que J = FV – PV:

f REG 1000 CHS PV 10 i 3 n FV ENTER 1000 -

Note que digitamos o CHS antes de PV, pois trata-se de uma saída do caixa.

Podemos observar que, de qualquer uma das três maneiras escolhidas para resolver o
problema, os juros compostos produzidos ao final do período serão de R$ 331,00.

2.1.3 Valor Atual (Capital Inicial)


Nas situações em que conhecemos o montante (FV ), a taxa (i) e o prazo (n), nós
poderemos encontrar o capital (PV ) utilizando a definição de juros compostos.

Como FV = PV (1 + i) n , podemos isolar variáveis para obter PV:

FV
PV  n
 FV .(1  i )  n
(1  i )

Aqui é importante lembrar de propriedades da potenciação: se não desejamos


manter uma potência no denominador, como é o caso de (1 + i) n, podemos “passá-la”
para o numerador, invertendo o sinal do expoente.

DESTAQUE

O fator (1 + i)–n é denominado fator de descapitalização ou fator de desconto.


Seu valor pode ser calculado, caso não haja a taxa, por

PV
(1 + i)–n =
FV
Juro e Desconto Composto | UNIDADE 2 55

O Exemplo 2.3 mostra como podemos calcular o valor de PV em uma


situação prática.

Exemplo 2.3. Luísa tem uma dívida que, no vencimento daqui a três meses,
valerá R$ 3.500,00. Qual é o valor da dívida de Luísa hoje, sabendo que a taxa mensal
de juros compostos considerada é de 2%?

Antes de iniciar o problema, observe o fluxo de caixa de Luísa:

Figura 2.6 – Fluxo de caixa do Exemplo 2.3.

PV

FV
R$ 3.500,00

Fonte: Elaborada pela autora (2016).

Assim, se você optar por resolver o problema com o uso da calculadora, terá que
digitar CHS antes de FV.

• Observe que o problema fornece:

FV = 3.500

i = 2% = 0,02 a.m.

n = 3 meses

• Utilizando a fórmula do valor presente, temos:

PV = FV · (1 + i) –n

PV = 3.500 · (1 + 0,02) –3

PV = 3.500 · (1,02) –3

PV = 3.298,13
56 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

• Na calculadora HP 12C podemos utilizar um dos procedimentos a seguir:

♦ Modo 1 – Seguindo a rotina da fórmula do PV:

3500 ENTER 1 ENTER 0.02 + 3 CHS yx x

♦ Modo 2 – Utilizando as teclas PV, n, i, FV da calculadora:

f REG 1000 CHS FV 2 I 3 n PV

Assim, podemos concluir que o valor atual da dívida de Luísa é de R$ 3.298,13.

2.1.4 Taxa de Juros


Aqui, novamente, vamos trabalhar com a expressão FV = PV (1 + i) n e isolar
variáveis. Nesse caso, a variável i será isolada. É importante que você se lembre de que
a operação inversa da potenciação é a radiciação.

FV FV FV
(1 + i )=
n
⇒ (1 + i=
) n i
⇒= n -1
PV PV PV

FV FV FV
(1 + i )=
n
Assim,
⇒ (1 + ii=
)= n – 1.
⇒ =i n -1
PV PV PV

O Exemplo 2.4 mostra como utilizar essa expressão no cálculo da taxa.

Exemplo 2.4. Geraldo aplicou R$ 2.500,00 no regime de juros compostos. Ao


final de quatro meses, sua aplicação produziu um montante de R$ 3.500,00. Qual foi a
taxa mensal de juros compostos do investimento de Geraldo?

Antes de iniciar o problema, observe o fluxo de caixa de Geraldo:

Figura 2.7 – Fluxo de caixa do Exemplo 2.4.

R$ 3.500,00
FV

PV
R$ 2.500,00

Fonte: Elaborada pela autora (2016).


Juro e Desconto Composto | UNIDADE 2 57

Assim, se você optar por resolver o problema com o uso da calculadora, terá que
digitar CHS antes de PV.

Vamos agora resolver o problema, tanto utilizando a fórmula, quanto a calculadora.

• Observe que o problema fornece:

PV = 2.500

FV = 3.500

n = 4 meses

• Utilizando a fórmula da taxa, temos:

FV
=i n -1
PV

i  4 1, 4  1

i  0, 087757  8, 78%a.m.

• Na calculadora HP 12C, podemos utilizar um dos procedimentos a seguir:

♦ Modo 1 – Seguindo a rotina da fórmula da taxa i:

3500 ENTER 1 ENTER 0.02 + 3 CHS yx x

Note que a calculadora fornecerá a taxa unitária. Se você desejar a taxa centesimal,
basta multiplicar o resultado por 100.

♦ Modo 2 – Utilizando as teclas PV, n, i, FV da calculadora:

f REG 3500 CHS FV 2500 PV 4 n i

Note que, nesse caso, a calculadora já fornece a taxa centesimal.

Assim, de qualquer uma das maneiras escolhidas para realizar o cálculo, a taxa mensal da
aplicação de Geraldo é de aproximadamente 8,78% a.m.
58 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

2.1.5 Prazo
Para encontrarmos o prazo, vamos novamente trabalhar com a expressão
FV = PV (1 + i) n e isolar variáveis. Nesse caso, a variável n será isolada.

É importante lembrar que estaremos com uma equação exponencial, então, para
isolar n, teremos que utilizar a função inversa da exponencial, que é o logaritmo. Na
calculadora HP 12C, a tecla ln indica o logaritmo natural, que será utilizado na fórmula
a seguir. Se você estiver com uma calculadora científica, poderá optar por trabalhar
com a tecla log que indica o logaritmo decimal.

DESTAQUE

Em problemas envolvendo o cálculo do prazo, você terá duas opções:

1) Utilizar as teclas PV, N, i, FV da calculadora HP, caso seja permitido. Note que
esse recurso está desenvolvido nos problemas dessa unidade.

2) Isolar o n na fórmula do montante. Nesse caso, é importante que você se


lembre de logaritmos.

O logaritmo de um número real e positivo N, na base b, positiva e diferente


de 1, é o número x ao qual se deve elevar b para se obter N. Por exemplo, o
número que se deve elevar a 2 para se obter 32 é 5; portanto, 5 é o logaritmo
de 32 na base 2.

logbN = x  ⇔  bx = N

• O sistema de logaritmos decimais, ou de base 10, indica-se por log10N ou logN.

• O sistema de logaritmos naturais, ou de base e, indica-se por logeN ou lnN.

Para isolarmos uma variável em expoente, aplicamos logaritmo (em geral


ln ou log) dos dois lados da expressão. Essa estratégia é utilizada tanto em
problemas de aplicação de exponencial, quanto na matemática financeira.

Essa estratégia é possível graças à propriedade de potência de logaritmos:

loga bt = t · logab

Sabemos que:

FV = PV (1 + i) n

Primeiramente, isolamos o fator de capitalização (1 + i) n:


Juro e Desconto Composto | UNIDADE 2 59

Agora, aplicamos logaritmo dos dois lados da igualdade:

Então, utilizamos propriedades de logaritmos para “passar” o expoente n de


(1 + i) multiplicando o ln:

Finalmente, isolamos n:

O Exemplo 2.5 ilustra a utilização dessa fórmula.

Exemplo 2.5. Carolina aplicou um capital de R$ 10.000,00 no regime de


capitalização composta à taxa de 2% a.m. Ao final de quanto tempo esse valor duplicará?

Antes de iniciar o problema, observe o fluxo de caixa de Carolina:

Figura 2.8 – Fluxo de caixa do Exemplo 2.5.

R$ 20.000,00
FV

PV
R$ 10.000,00

Fonte: Elaborada pela autora (2016).

Assim, se você optar por resolver o problema com o uso da calculadora, terá que
digitar CHS antes de PV.
60 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

Vamos agora resolvê-lo, tanto utilizando a fórmula, quanto a calculadora.

• Observe que o problema fornece:

PV = 10.000

i = 2% a.m. = 0,02 a.m.

FV = 20.000 (duplicou PV)

• Utilizando a fórmula do prazo, temos:

• Na calculadora HP 12C, podemos utilizar um dos procedimentos a seguir:

♦ Modo 1 – Seguindo a rotina da fórmula da taxa i:

20000 ENTER 10000 + g ln 1.02 ENTER g ln +

♦ Modo 2 – Utilizando as teclas PV, N, i, FV da calculadora:

f REG 20000 FV 10000 CHS PV 2 i n

Assim, podemos concluir que, em 35 meses, o capital de Carolina duplicará.

Nos subitens anteriores, sempre partimos da fórmula do montante FV = PV (1 + i) n


e isolamos variáveis para encontrar fórmulas específicas para o capital (PV ), a taxa (i)
e o prazo (n). Lembre-se que, caso você não tenha acesso a todas essas fórmulas, basta
saber a fórmula do montante e repetir o processo de isolar variáveis, utilizando as
operações inversas descritas no quadro a seguir:
Juro e Desconto Composto | UNIDADE 2 61

Quadro 2.3 – Operações inversas.

OPERAÇÃO INVERSA
Adição Subtração
Multiplicação Divisão
Potenciação Radiciação
Exponencial Logaritmo
Fonte: Elaborado pela Autora (2016).

2.1.6 Taxas Equivalentes


O conceito de taxas equivalentes no regime de capitalização composto é igual ao de
juros simples, ou seja, taxas equivalentes são aquelas que, referindo-se a períodos de tempo
diferentes, fazem com que o capital produza o mesmo montante em um mesmo tempo.

Segundo Veras (2012, p. 109):

Enquanto no regime de juros simples as taxas proporcionais e as


taxas equivalentes se confundem, favorecendo muitas vezes até uma
identidade entre esses dois conceitos, no regime de juros compostos a
diferença entre os conceitos é essencial, pois as taxas proporcionais não
são equivalentes e fazem capitais iguais, em tempos iguais, produzirem
montantes diferentes.

Ou seja, é muito importante distinguir esses dois tipos de taxas.

Para construirmos uma igualdade, vamos utilizar a seguinte convenção:

i = taxa de juro composto no período inteiro


k = número de capitalizações
i k = taxa em cada subperíodo

Sabemos que FV = PV (1 + i) n. Para que as taxas sejam equivalentes, os montantes


precisam ser iguais. Vamos considerar aqui n = 1. Assim, temos:

PV (1 + i)1 = PV (1 + ik) k

Simplificando PV, ficamos com:

(1 + i) = (1 + ik) k

Utilizando essa expressão, podemos obter os casos particulares:

(1 + i a) = (1 + i s) 2 = (1 + it) 4 = (1 + ib) 6 = (1 + i m)12 = (1 + id) 360


62 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

em que:

i a = taxa anual
i s = taxa semestral
it = taxa trimestral
ib = taxa bimestral
i m = taxa mensal
id = taxa diária

Para compreender a expressão anterior, lembre-se que em um ano temos:

• duas capitalizações semestrais;


• quatro capitalizações trimestrais;
• seis capitalizações bimestrais;
• doze capitalizações mensais;
• 360 capitalizações diárias.

O Exemplo 2.6 ilustra o uso da expressão de taxas equivalentes.

Exemplo 2.6. Tendo a taxa i = 12% a.a., calcule a taxa mensal equivalente.

• Observe que o problema fornece:

i = 12% a.a. = 0,12 a.a.


k = 12 capitalizações, pois está pedindo a taxa mensal.

• Utilizando a fórmula de taxas equivalentes, temos:

(1 + i a) = (1 + i m)12

(1 + 0,12) = (1 + i m)12

(1,12) = (1 + i m)12

1  im  12 1,12

im  12 1,12  1

im  0, 0094888  0,95%a.m.
Juro e Desconto Composto | UNIDADE 2 63

• Na calculadora HP 12C, utilizamos o procedimento a seguir:

f REG 1.12 FV 1 CHS PV 12 n i

Para compreender por que esse procedimento funciona, imagine que você
aplicou R$ 1,00 a uma taxa anual de 12%. Ao final de um ano, você deverá
resgatar R$ 1,12. Sabemos que um ano tem doze meses, então nosso problema
na HP 12C resume-se a encontrar a taxa i, sabendo que:

PV = 1
FV = 1,12
n = 12

O fluxo de caixa a seguir ilustra por que digitamos CHS antes de PV.

Figura 2.9 – Fluxo de caixa do Exemplo 2.6.

R$ 1,12
FV

PV
R$ 1,00

Fonte: Elaborada pela autora (2016).

Nem sempre o problema fornece a taxa anual. Em alguns casos, temos uma taxa
mensal e desejamos saber qual a sua equivalente semestral, como mostra o Exemplo 2.7:

Exemplo 2.7. Sabendo que em uma aplicação a juros compostos a taxa


i = 3% a.m., encontre a taxa semestral equivalente.

• Observe que o problema fornece:

i = 3% a.m. = 0,03 a.m.

Para a taxa mensal, consideramos k = 12 capitalizações anuais

Para a taxa semestral, consideramos k = 2 capitalizações anuais


64 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

• Utilizando a fórmula de taxas equivalentes, temos:

(1 + i s) 2 = (1 + i m)12

(1 + i s) 2 = (1 + 0,03)12

(1 + i s) 2 = (1,03)12

1, 03
12
1  is 

1  is  1, 03
6

is  1, 03  1
6

is  0,194052  19, 4%a.s.

• Na calculadora HP 12C, utilizamos o procedimento a seguir:

f REG 3 i 6 n 1 CHS PV FV 1 -

Para compreender por que esse procedimento funciona, imagine que você
aplicou R$ 1,00 a uma taxa mensal de 3%. Assim,

FV = 1 · (1 + i m) 6 = (1 + i m) 6

Mas sabemos que (1 + i s) 2 = (1 + i m)12 , ou seja, i s = (1 + i m) 6 – 1.

Assim, para encontrarmos i s, basta encontrarmos o FV da aplicação com taxa


mensal e subtrair 1.

2.1.7 Taxas Nominal e Efetiva


A taxa nominal, também chamada de falsa taxa, é aquela cujo período de
capitalização não coincide com aquele a que ela se refere.

A taxa nominal é, em geral, uma taxa anual.

Para resolvermos problemas que trazem em seu enunciado uma taxa nominal,
adotamos, por convenção, que a taxa por período de capitalização deve ser proporcional
à taxa nominal. Por exemplo, 12% a.a. capitalizados mensalmente.

A taxa efetiva é dada por:


k
 i 
1  i f  1  N 
 k 
Juro e Desconto Composto | UNIDADE 2 65

em que:

iN = taxa nominal no período inteiro

if = taxa nominal no período inteiro

k = número de capitalizações

O exemplo a seguir ilustra a utilização dessas taxas.

Exemplo 2.8. Considere a taxa nominal de 12% a.a. Em cada caso, obtenha a
taxa efetiva de acordo com a capitalização especificada.

a) semestral

• Observe que o problema fornece:

k=2

i N = 12% a.a. = 0,12 a.a.

• Utilizando a fórmula da taxa efetiva, temos:


k
 i 
1  if  1  N 
 k
2
 0,12 
1  i f  1  
 2 
i f  1, 062  1
i f  1,1236  1 
i f  0,1236  12,36%a.a.

b) trimestral

• Observe que o problema fornece:

k=4

i N = 12% a.a. = 0,12 a.a.

• Utilizando a fórmula da taxa efetiva, temos:


k
 i 
1  if  1  N 
 k
4
 0,12 
1  i f  1  
 4 
i f  1, 034  1
i f  1,12550881  1  0,1255  12,55%a.a.
66 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

c) mensal

• Observe que o problema fornece:

k = 12

i N = 12% a.a. = 0,12 a.a.

• Utilizando a fórmula da taxa efetiva, temos:


k
 i 
1  if  1  N 
 k
12
 0,12 
1  i f  1  
 12 
i f  1, 0112  1
i f  1,12682503  1  0,1268  12, 68%a.a.

d) diária

• Observe que o problema fornece:


k = 360
i N = 12% a.a. = 0,12 a.a.

• Utilizando a fórmula da taxa efetiva, temos:


k
 i 
1  if  1  N 
 k
360
 0,12 
1  i f  1  
 360 
i f  1, 00033333360  1
i f  1,12747430  1  0,1274  12, 74%a.a.

Observe que a taxa efetiva anual aumenta com o aumento do número de


capitalizações (k).

Também é importante saber que, para calcular o montante quando o problema


nos fornece a taxa nominal, podemos:

♦ usar a taxa proporcional i k e transformar o prazo; ou

♦ calcular a taxa efetiva.

O Exemplo 2.9 ilustra esses dois procedimentos.


Juro e Desconto Composto | UNIDADE 2 67

Exemplo 2.9. Aline aplicou um capital de R$ 5.000,00, com juros de 12% ao ano,
capitalizados trimestralmente. Qual o montante de Aline ao fim de dois anos?

• Observe que o problema fornece:

PV = 5.000
n = 2 anos
i = 12% a.a. = 0,12 a.a.

• Primeiramente, vamos resolver utilizando a taxa proporcional i k e


transformando o prazo. Assim:

PV = 5.000

n = 2 anos = 8 trimestres
0,12
i = 12% a.a. = 0,12 a.a. = = 0,03 trimestres
4
Utilizando a fórmula do montante, temos:

FV = PV (1 + i) n
FV = 5.000 (1 + 0,03) 8
FV = 5.000 (1,03) 8
FV = R$ 6.333,85

• Agora vamos resolver utilizando a taxa efetiva. Assim:

PV = 5.000
n = 2 anos
i N = 12% a.a. = 0,12 a.a.
k=4

Utilizando a fórmula do da taxa efetiva, temos:


k
 i 
1  i f  1  N 
 k
4
 0,12 
1  i f  1  
 4 
i f  1, 034  1
i f  1,12550881  1  0,1255 a.a.
68 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

Substituindo na fórmula do montante, temos:

FV = PV (1 + i) n
FV = 5.000 (1 + 0,12550881) 2
FV = 5.000 (1,12550881) 2
FV = R$ 6.333,85

Assim, podemos verificar que, utilizando qualquer um dois dos procedimentos


anteriores, o montante de Aline ao final de dois anos será de R$ 6.333,85.

2.2 Desconto Composto

2.2.1 Definição
O conceito de desconto no regime de capitalização composta é o mesmo do
desconto simples. Aqui também teremos os dois tipos de desconto: racional e comercial.

O desconto composto, em geral, é utilizado para operações a longo prazo, uma


vez que a aplicação por meio de desconto comercial simples pode nos levar a resultados
sem significado real.

2.2.2 Desconto Racional Composto (por Dentro): DR Composto


O desconto racional composto consiste em uma aplicação sucessiva do desconto
racional simples, ou seja, ele coincide com o juro composto calculado sobre o valor
atual (PV ) do título.

Esse é o desconto utilizado na prática nas aplicações envolvendo juro composto.

Assim, uma vez que no juro composto temos FV = PV (1 + i) n , no desconto


racional composto teremos FV = PV (1 + d) n.
Juro e Desconto Composto | UNIDADE 2 69

O Quadro 2.5 sintetiza as fórmulas utilizadas no desconto racional composto .

Quadro 2.5 – Fórmulas utilizadas no DR composto.

VARIÁVEL FÓRMULA

FV  PV 1  d 
n
Valor Nominal

FV
 FV 1  d 
n
Valor Atual PV 
1  d 
n

Desconto DR  FV  PV

 FV 
ln  
PV 
Tempo
n 
ln 1  d 

FV
Taxa de Desconto d n 1
PV

Fonte: Elaborado pela autora (2016).

O Exemplo 2.10 mostra a utilização do D R composto.

Exemplo 2.10: O desconto racional composto de um título de R$ 100.000,00


foi de R$ 21.647,38. Sabendo-se que a taxa de desconto foi de 5% a.m., qual foi o
prazo de antecipação?

• Observe que o problema fornece:

D R = 21.647,38

FV = 100.000

d = 5% a.m. = 0,05 a.m.

• Antes de iniciar o processo para encontrar i, vamos calcular o valor atual:

D R = FV – PV

Assim, PV = FV – D R

PV = 100.000 – 21.647,38 = R$ 78.352,62


70 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

• Utilizando a fórmula do prazo, temos:

 FV 
ln  
 PV 
n
ln 1  d 

n  4,99999  5 anos

• Na calculadora HP 12C, utilizamos o procedimento a seguir:

f REG 100000 CHS FV 78352.62 PV 5 i n

Para compreender por que utilizamos CHS antes de FV, observe o fluxo
de caixa a seguir.

Figura 2.10 – Fluxo de caixa do Exemplo 2.10.

R$ 78.352,00
PV

FV
R$ 100.000,00

Fonte: Elaborada pela autora (2016).

2.2.3 Desconto Comercial Composto (por Fora): DC Composto


O desconto comercial composto consiste em uma aplicação sucessiva do
desconto comercial simples, ou seja, ele coincide com o juro composto calculado sobre
o valor nominal (FV ) do título.
Juro e Desconto Composto | UNIDADE 2 71

O quadro a seguir ilustra o processo.

Quadro 2.6 – Valor atual no DC composto.

PRAZO VALOR ATUAL

1 PV1  FV  FV  d  FV 1  d 

PV2  PV1  PV1  d  PV1 1  d   FV 1  d 1  d   FV 1  d 


2
2

PV3  PV2  PV2  d  PV2 1  d   FV 1  d  1  d   FV 1  d 


2 3
3

. .
. .
. .

PVn  FV 1  d 
n
n

Fonte: Elaborado pela autora (2016).

A partir do entendimento desse processo, podemos deduzir as demais fórmulas


do desconto comercial composto, destacadas no quadro a seguir.

Quadro 2.7 – Fórmulas utilizadas no DC composto.

VARIÁVEL FÓRMULA

PV  FV 1  d 
n
Valor Atual

PV
 PV 1  d 
n
Valor Nominal FV 
1  d 
n

Desconto DC  FV  PV

 PV 
ln  
Tempo  FV 
n
ln 1  d 

PV
Taxa de Desconto d  1 n
FV
Fonte: Elaborado pela autora (2016).
72 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

O Exemplo 2.11 ilustra o uso do desconto comercial simples.

Exemplo 2.11. Beatriz possui um título de valor nominal igual a R$ 5.000,00,


vencível em três anos. Ela o resgatou à taxa de desconto comercial composto de 12% ao
ano, capitalizados semestralmente. Qual o valor atual do título de Beatriz?

• Observe que o problema fornece:

FV = 5.000

n = 3 anos = 6 semestres
0,12
d = 12% a.a. cap. sem. = 0,12 a.a. cap. sem. =  0, 06 a.s.
2
• Utilizando a fórmula do valor atual, temos:

PV = FV (1 – d) n

PV = 5.000 (1 – 0,06) 6

PV = 5.000 (0,94) 6

PV = R$ 3.449,35

• Na calculadora HP 12C, seguindo a fórmula, utilizamos os passos a seguir:

5000 ENTER 1 ENTER 0.06 - ENTER 6 yx ln x

Assim, utilizando o desconto comercial composto, o valor atual do título de


Beatriz é de R$ 3.449,35.

Para resolvermos o exercício na calculadora HP 12C utilizando as teclas


PV, n, i, FV, precisamos saber a relação entre a taxa de desconto comercial
composto e a taxa de juro composto, já que a tecla i da calculadora utiliza
a taxa de juros compostos (que é equivalente à taxa de desconto racional
composto) e não a taxa de desconto comercial composto. No subitem a seguir
esse processo será desenvolvido.

2.2.4 Relação entre a Taxa de Juros e a Taxa


de Desconto no DC Composto
Para realizarmos essa relação, vamos utilizar a expressão do valor nominal (FV )
dos juros compostos:

FV = PV (1 + i) n
Juro e Desconto Composto | UNIDADE 2 73

Por outro lado, sabemos que no desconto comercial composto:

PV = FV (1 – d) n

Substituindo o valor atual (PV ) do desconto comercial na fórmula do desconto


comercial composto, temos:

FV = FV (1 – d) n (1 + i) n

Assim:
FV
 (1  d ) n (1  i ) n
FV
1  (1  d ) n (1  i ) n
1
n
 (1  i ) n
(1  d )
1
1 i  n
(1  d ) n
1
1 i 
1 d
1
i 1
1 d
1  (1  d )
i
1 d
d
i
1 d

Portanto, podemos concluir que:

d i
i ed
1 d 1 i
O Exemplo 2.12 ilustra a utilização dessas fórmulas.

Exemplo 2.12. Calcule a taxa de juros compostos mensal correspondente à taxa


de desconto comercial de 20% a.m.?

• Observe que o problema fornece:

n = 20% a.m. = 0,2 a.m.

• Utilizando a fórmula da taxa, temos:

d 0, 2 0, 2
i    0, 25  25% a.m.
1  d 1  0, 2 0,8
74 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

Assim, podemos concluir que a taxa de desconto comercial composto de


20% a.m. corresponde a uma taxa de juro composto de 25% a.m.

Exemplo 2.13. Resolva o Exemplo 2.11 utilizando as teclas PV, n, i, FV


da calculadora.

• No Exemplo 2.11 temos:

FV = 5.000

n = 3 anos = 6 semestres
0,12
d = 12% a.a. cap.sem. = 0,12 a.a. cap.sem. =  0, 06 a.s.
2
• Utilizando a relação entre i e d, temos:

d 0, 06 0, 06
i    0, 0638297872 a.s. 6,38297872% a.s.
1  d 1  0, 06 0,94

• Na calculadora HP 12C, utilizamos o procedimento a seguir:

f REG 5000 CHS FV 6 n 6.38297872 i PV

Assim, utilizando o desconto comercial composto, o valor atual do título de


Beatriz é de R$ 3.449,35.

VÍDEO

Para ajudá-lo a entender como calcular o desconto composto na calculadora


HP12C, assista ao vídeo “Desconto Composto”, da professora Susana Zeido
Ethur. O link está aqui: http://gg.gg/va9m0.
Juro e Desconto Composto | UNIDADE 2 75

2.3 Praticando
Para aprofundar seu conhecimento sobre o sistema de capitalização composto,
resolva os exercícios a seguir. Se encontrar alguma dificuldade, confira a resolução que
se encontra ao final da lista de exercícios.

1. Uma mercadoria que custava R$ 15.000,00 foi reajustada, no regime de juros


compostos, a uma taxa de 0,7% a.m. Em quanto tempo essa mercadoria atingirá
o preço de R$ 15.916,30?

2. Um dos conceitos muito importantes no sistema de capitalização simples é o de


taxas equivalentes. Assim, calcule a taxa anual equivalente a 10% ao mês, no
regime de juros compostos.

3. Joana investiu um capital de R$ 500.000,00 a juros compostos por dois


anos com taxa de 24% ao ano, capitalizados bimestralmente. Com base
nesses dados, calcule:

a) A taxa efetiva anual.

b) O montante.

4. Calcule o desconto racional composto sofrido por um título de R$ 7.260,00, à


taxa de 6% a.a, 72 dias antes de seu vencimento. Considere o ano comercial.

5. Luiz investiu um capital de R$ 50.000,00 a juros compostos por três anos


com taxa de 24% ao ano, capitalizados trimestralmente. Calcule o montante
recebido por Luiz.

6. Carolina tem uma dívida que daqui a 3 meses, valerá R$ 3.456,00. Calcule o
valor atual dessa dívida, sabendo que a taxa mensal de juros compostos é 20%.

7. José financiou um notebook, no valor de R$ 3.200,00, sem entrada, para


pagamento em uma única prestação de R$ 4.049,00 no final de 6 meses. Qual
a taxa mensal de juros compostos cobrada pela loja?

8. Em uma operação de desconto comercial composto, Mariana recebeu


R$ 36.954,00 como valor de resgate de um título. Sabendo que a antecipação foi de
4 meses e o desconto de R$ 3.046,00, qual foi a taxa de juro mensal adotada?
76 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

Resolução:

1. Vamos anotar os dados e depois podemos utilizar a fórmula ou a calculadora HP.

PV = R$ 15.000,00 FV = R$ 15.916,30 i = 0,7% = 0,007 a.m n=?

log ( FV
PV )
log ( 15916,30
15000 )
n = = = 8,5 meses
log (1 + i) log (1,007)

Sequência na HP é dada por:

15000 PV 15916.3 CHS FV 0.7 i n

Lembre-se que a HP usa o ponto (e não a vírgula) como separação de decimais.

Logo, o prazo pedido é de 8 meses e 15 dias. Observe que a calculadora HP


arredonda o prazo para 9 meses.

2. Precisamos apenas substituir 10% na fórmula das taxas equivalentes no sistema


de capitalização composto:

1 + ia = (1 + im )12 ⇒ 1 + ia = (1,1)12 ⇒ ia = 2,1384 = 213,84% a.a.

3. Vamos anotar os dados e depois calcular a taxa efetiva anual e o montante.

a) Lembre-se que em um ano temos 6 bimestres. Assim:

iN 0,24
( ) ⇒ 1 + i = ( 1.+ ) ⇒ i = 1,24 – 1 ⇒ i = 0,2653 = 26,53% a.a.
k 6
1 + if = 1 + 6
k f 6 f f

b) Observe que n = 2 anos. Temos:

FV = PV (1+i) n

FV = 500000(1,265319019)2 = R$ 800.516,11

Aqui, também podemos fazer o cálculo transformando a taxa i = 0,04 a.b. e


prazo 12 bimestres:

FV = 500000(1,04)12 = R$ 800.516,11

Logo, a taxa efetiva é 26,53% a.a. e o montante é R$ 800.516,11.


Juro e Desconto Composto | UNIDADE 2 77

4. Lembre-se que o ano comercial tem 360 dias. Então, n = 72 = 0,2.


360
Temos:

FV = R$ 7.260,00 n = 0,6 anos PV = ? i = 6% a.a

Vamos utilizar a calculadora HP, com a seguinte rotina:

7260 FV 0.2 n 6 i PV

Logo, PV = R$ 7.173,91.

Se, em vez de utilizar a HP, você utilizasse a fórmula PV = FV(1 + d) -n daria


uma pequena diferença, você encontraria R$ 7175,88.

Vamos agora encontrar o desconto:

DR = 7260 – 7173,91 = R$ 86,09 (com a fórmula daria R$ 84,12).

5. Observe que a capitalização é trimestral. Então, vamos considerar


n = 12 trimestres e i = 6% a.t.

Vamos resolver utilizando a HP, com a rotina a seguir:

50000 PV 12 n 6 i FV

Assim, o montante é de R$ 100.609,82.

Também chegaríamos a esse resultado, utilizando a fórmula: FV = PV(1 + i) n.

6. Vamos anotar os dados do problema:

FV = R$ 3.456,00 i = 20% = 0,2 a.m. n = 3 meses PV = ?

Agora, utilizamos a fórmula do PV:

PV = 3456(1 + 0,2) -3 = 2000

Também podemos encontrar esse mesmo resultado, utilizando a HP,


seguindo os passos:

3456 CHS FV 20 i 3 n PV

Logo, o valor atual da dívida é de R$ 2.000,00.


78 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

7. Vamos anotar os dados do problema:

PV = R$ 3.200,00 FV = R$ 4.049,00 n = 6 meses i=?

Agora podemos utilizar a fórmula da taxa:

n FV
i= PV – 1

n FV 6 4049 6
i= PV – 1 = 3200 – 1 = 1,2653125 – 1 1,04 – 1 = 0,04 = 4%

A taxa é de aproximadamente 4% a.m.

Também podemos encontrar esse resultado na HP, usando a rotina:

3200 PV 4049 CHS FV 6 n i

A calculadora fornecerá 3,9999, que podemos arredondar para 4% a.m.

8. Vamos anotar os dados:

PV = R$ 36.954,00

DC = R$ 3.046,00

FV = PV + DC = R$ 40.000,00

n = 4 meses

Primeiro calculamos a taxa de desconto d:

n PV 4 36954
d=1– FV = 1 – 40000 = 0,01961 = 1,96% am

Agora podemos encontrar a taxa de juro mensal:

d 0,01961
i= = = 0,02200 = 2% am
1 – d 1 – 0,01961

Assim, a foi a taxa de juro mensal adotada foi de 2% a.m.


Juro e Desconto Composto | UNIDADE 2 79

Síntese da Unidade
Nesta Unidade, abordamos os conceitos de juros e descontos compostos. O
regime de capitalização composto é o sistema que, em cada período financeiro, a partir
do segundo, é calculado sobre o montante relativo ao período anterior.

Atente-se para a nomenclatura, pois ela aparece tanto nas fórmulas quanto na
calculadora HP 12C:

• Capital ou valor presente: PV


• Prazo: n
• Juros: J
• Taxa de juros: i
• Montante ou valor Futuro: FV

A expressão do montante é dada por FV = PV (1 + i) n. A partir dessa expressão,


é possível encontrar todas as outras variáveis, isolando-as na equação por meio de
operações inversas.

Os cálculos envolvendo juros compostos podem ser realizados na calculadora


HP 12C utilizando as teclas PV, n, i, FV. Nesse caso, é importante que você faça um fluxo
de caixa para descobrir se será o PV ou o FV que irá com sinal negativo na calculadora.

A taxa nominal é aquela cujo período de capitalização não coincide com aquele
k
 i
a que ela se refere. Já a taxa efetiva é dada por 1  i f  1   .
N 
 k 

O desconto racional composto consiste em uma aplicação sucessiva do desconto


racional simples, ou seja, ele coincide com o juro composto calculado sobre o valor
atual (PV ) do título. Nesse caso, i = d.

O desconto comercial composto consiste em uma aplicação sucessiva do desconto


comercial simples, ou seja, ele coincide com o juro composto calculado sobre o valor
nominal (FV ) do título. Nesse caso, i 
d .
1 d
80 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

Bibliografia
ASSAF NETO, A. Matemática financeira: edição universitária. São Paulo: Atlas, 2017.
HAZZAN, S.; POMPEO, J. N. Matemática Financeira. São Paulo: Atual, 2007.
VERAS, L. L. Matemática Financeira. São Paulo: Atlas, 2012.
unidade

3
V.1 | 2021

Rendas
Prezado estudante,
Estamos começando uma unidade desta disciplina. Os textos que a compõem foram
organizados com cuidado e atenção, para que você tenha contato com um conteúdo
completo e atualizado tanto quanto possível. Leia com dedicação, realize as atividades e
tire suas dúvidas com os tutores. Dessa forma, você, com certeza, alcançará os objetivos
propostos para essa disciplina.

Objetivo Geral
Trabalhar com rendas, aliando as expressões matemáticas ao uso da calculadora.

Objetivos Específicos
• Definir rendas: imediata, antecipada ou diferida;
• Calcular o valor futuro, valor atual e prestação de uma renda;
• Utilizar a calculadora HP na resolução de problemas;
• Modelar e resolver problemas envolvendo rendas.

Questões Contextuais
• O que são rendas?
• Quais as diferenças entre rendas imediatas, antecipadas e diferidas?
• Como calcular o valor futuro e valor atual de uma renda?
82 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

3.1 Rendas
Nesta Unidade, abordaremos as operações financeiras que envolvem prestações
fixas, seja para algum investimento ou para o pagamento de algum bem adquirido para
pagamento a prazo ou dívida assumida.

Imagine que você fará uma viagem em dezembro para comemorar o Ano Novo.
Para isso, durante cinco meses, você depositou em um banco, no fim de cada mês, a
quantia de R$ 1.000,00. Se considerarmos que nesse tipo de aplicação o banco escolhido
paga juros compostos de 2% a.m., capitalizados mensalmente, sabemos que, ao final
dos cinco meses, você receberá como montante a quantia de R$ 5.204,04.

REFLETINDO

Ficou curioso para saber como descobrimos esse montante? Foi utilizando o
conceito de rendas, que será abordado nesta Unidade.

Agora, suponha que João está pensando em comprar um automóvel. Como ele
não tinha o dinheiro para pagar à vista, resolveu financiar e foi a uma concessionária.
A vendedora lhe ofereceu um plano maravilhoso: ele poderia levar o automóvel no ato
da compra, mas pagaria a primeira prestação em 90 dias. Ele ficou tão empolgado que
nem pediu para a vendedora fazer o cálculo das prestações caso ele pagasse a primeira
no ato ou, então, em 30 dias. Assumindo que a taxa de juros é a mesma em todos os três
casos, será que existe diferença nos valores das prestações ou o João estava certo em
nem pedir para fazer o cálculo?

Nesta Unidade, você vai conhecer três tipos de rendas: imediata, antecipada e
diferida, e verá que em cada uma delas o cálculo do valor da prestação muda.

As sequências de dois ou mais pagamentos iguais, feitos em datas diferentes,


com o objetivo de amortizar uma dívida ou acumular um fundo são chamadas de
rendas (VERAS, 2012).
Rendas | UNIDADE 3 83

GLOSSÁRIO

Amortizar: resgatar uma dívida em prestações, ou seja, calcular o valor de


um empréstimo que será pago em prestações periódicas de valor constante,
utilizando uma mesma taxa pré-determinada. Exemplo: quando queremos
comprar um bem qualquer podemos fazê-lo em prestações, a serem
pagas mensalmente.

Acumular: capitalizar, ou seja, calcular o montante constituído por depósitos


periódicos de valores constantes, utilizando uma mesma taxa pré-determinada.
Exemplo: quando queremos fazer um investimento, podemos depositar todos
os meses certa quantia em uma poupança.

É importante conhecermos a nomenclatura utilizada ao trabalhar com rendas:

• Cada um dos pagamentos da sequência é chamado de prestação. Vamos utilizar


a notação PMT (do inglês, payment).

• Os intervalos de tempo (n) entre os vencimentos de pagamentos consecutivos


são chamados de prazo.

• A taxa fixa, pré-determinada, é chamada de i.

• A soma dos valores presentes de cada um dos pagamentos é chamada valor


presente ou valor atual (PV ) da renda.

• A soma dos valores futuros de cada um dos pagamentos é chamada valor futuro
(FV ) ou montante da renda.
84 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

Para nos ajudar a compreender um problema, vamos adotar aqui a representação


por meio de fluxo de caixa, como o ilustrado na Figura 3.1:

Figura 3.1 – Fluxo de caixa de rendas.

PVn
...

PV3
PV2
PV1
PMT1 PMT2 PMT3 ... PMTn

0 1 2 3 4 5 m–2 m–1 m

PV

FV1
FV2
FV3
...
FVn
PMT1 PMT2 PMT3 ... PMTn

0 1 2 3 4 5 m–2 m–1 m

FV

Fonte: Veras (2012, p. 138).

No fluxo de caixa da Figura 3.1, do ponto de vista do credor, há n pagamentos


(PMT1,...,PMTn) com seus valores presentes PV1,...,PVn e valores futuros FV1,...,FVn, PV e FV
representam o valor atual e o valor futuro da renda, respectivamente.
Rendas | UNIDADE 3 85

De acordo com Veras (2012), as rendas podem ser classificadas quanto ao número
de termos (prestações), quanto ao valor dos termos e quanto ao período.

• Quanto ao número de termos, podem ser temporárias (possuem um número limitado


de prestações) ou perpétuas (possuem um número ilimitado de prestações).

• Quanto ao valor dos termos, as rendas podem ser constantes ou uniformes (prestações
de mesmo valor) ou variáveis (prestações de valores diferentes).

• Quanto ao período, as rendas podem ser periódicas (períodos iguais) ou não


periódicas (períodos diferentes).

Nesta unidade, vamos trabalhar com as rendas temporárias, constantes e


periódicas. Se considerarmos a data do pagamento inicial, esse tipo de renda pode ser
subdividido em rendas imediatas, rendas antecipadas e rendas diferidas, que serão
abordadas nos subitens a seguir.

3.1.1 Rendas Imediatas


As rendas imediatas também são conhecidas como ordinárias ou postecipadas.
Esse tipo de renda tem o primeiro pagamento efetuado no fim do primeiro período.

Um exemplo de renda imediata são os empréstimos bancários em que o cliente


deve pagar prestações fixas periódicas, com a primeira vencendo ao final do primeiro
período. Para compreender melhor, imagine que um cliente fez um empréstimo no dia
12/03/2017 e pagará em 48 prestações fixas, com a primeira vencendo em 12/04/2017.
Nesse caso, estamos utilizando uma renda imediata, que pode ser ilustrada pelo fluxo
de caixa da Figura 3.2.

Figura 3.2 – Fluxo de caixa da renda imediata.

PV FV
PMT

períodos
0 1 2 3 ... n–1 n
Fonte: Elaborada pela autora (2016).
86 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

No fluxo de caixa, o PMT da Figura 3.2 representa as prestações fixas, PV, o


valor presente, FV, o valor futuro e n a quantidade de períodos. Observe que o primeiro
pagamento é ao final do primeiro período.

Observe que esse fluxo de caixa foi feito sob o ponto de vista do tomador do
empréstimo, ou seja, PV é visto como uma entrada no caixa e as prestações PMT são
consideradas saídas. Assim, se utilizarmos a calculadora HP 12C, com PMT negativo,
obteríamos PV positivo, que seria o fluxo de caixa do ponto de vista do tomador do
empréstimo. Se fizéssemos o contrário, teríamos o fluxo de caixa do ponto de vista do
financiador, no qual o valor presente é uma saída de caixa e as prestações são entradas
de caixa (HAZZAN; POMPEO, 2007).

Nos subitens a seguir vamos abordar problemas específicos para determinar


o montante (FV ), o valor atual (PV ), o valor da prestação (PMT) e o número de
prestações (n).

3.1.1.1 Cálculo do Valor Futuro (Montante)


Vamos considerar uma renda imediata com n termos iguais a PMT, uma taxa i
e desejamos encontrar o montante (FV ). Nesse caso, o montante é calculado através da
seguinte expressão:

FV = FV1 + FV2 + ... + FVn

na qual FV1, FV2 , ..., FVn são os montantes correspondentes às prestações 1, 2, ... , n.

Para desenvolvermos a expressão, é importante lembrar a fórmula do montante


no sistema de juros compostos:

FV = PV (1 + i) n
Rendas | UNIDADE 3 87

Para compreender o desenvolvimento da expressão, observe o fluxo de


caixa da Figura 3.3.

Figura 3.3 – Fluxo de Caixa do valor futuro para renda imediata.

FV1
FV2
FV3 FV = FV1 + FV2 + ... + FVn
FVn–1
PV
PMT FVn

períodos
0 1 2 3 ... n–1 n

Fonte: Elaborada pela autora (2016).

Assim, o fluxo de caixa mostra como o montante final é formado pela soma dos
montantes parciais.

Observando o fluxo de caixa anterior, e utilizando a fórmula do montante, temos:

FV1 = PMT (1 + i) n–1


FV2 = PMT (1 + i) n–2

.
.
.

FVn–1 = PMT (1 + i)1


FVn = PMT (1 + i) 0 = PMT

Logo,

FV = PMT (1 + i) n–1 + PMT (1 + i) n–2 + ... + PMT (1 + i)1 + PMT

Como o termo PMT aparece em todas as parcelas, podemos colocá-lo em


evidência:

FV = PMT [(1 + i) n–1 + (1 + i) n–2 + ... + (1 + i) + 1]


88 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

Observe que os termos 1, (1 + i),..., (1 + i) n–2 , (1 + i) n–1 formam uma progressão


geométrica (PG) com n termos, razão (1 + i), cujo primeiro termo é a1 = 1.

DESTAQUE

Na matemática, uma sequência {a1, a2,..., an} é chamada de progressão


geométrica (PG) se cada termo é igual ao anterior, multiplicado por uma
constante, denominada razão da PG.

Por exemplo, a sequência {2, 4, 8, 16, 32, 64, 128} é uma PG, em que:

a1 = primeiro termo = 2

a n = enésimo termo = a7 = 128

n = número de termos = 7

q = razão = 2, pois 4 = 2 · 2, 8 = 4 · 2, 16 = 8 · 2, 32 = 16 · 2, 64 = 32 ·
2 e 128 = 64 · 2

Em uma PG finita, a soma dos n primeiros termos é dada por:

Para a PG do exemplo anterior, temos:

Nesse caso, como enumeramos todos os termos, nós poderíamos achar o resultado
somando os termos da PG dados:

2 + 4 + 8 + 16 + 32 + 64 + 128 = 254

Na prática, lidamos com progressões geométricas que possuem um grande


número de termos, então essa fórmula é muito útil, pois nos permite conhecer a soma
sem ter que, necessariamente, enumerar todos os termos da PG. Por outro lado, a
fórmula também é útil quando estamos trabalhando com demonstrações.
Rendas | UNIDADE 3 89

Utilizando a fórmula da soma dos termos de uma PG finita, temos:

Assim:

Para facilitar os cálculos, costumamos calcular separadamente o fator


de valor futuro:

Assim, a fórmula do montante para renda imediata fica:

FV PMT ⋅ FAC (i, n)


=

O Exemplo 3.1 mostra uma situação prática em que encontramos o montante de


uma renda imediata, dados a taxa, o valor das prestações e o prazo.

Exemplo 3.1. Mariana deseja fazer uma pequena reforma em sua casa, mas não
quer fazer financiamento. Para isso, durante dez meses, ela depositou em um banco, no
fim de cada mês, a quantia de R$ 500,00. Calcule o montante que Mariana irá receber
da renda, sabendo que nesse tipo de aplicação o banco paga juros compostos de 2%
a.m., capitalizados mensalmente.

• Observe que o problema fornece:

n = 5 meses
PMT = 500
i = 2% a.m. = 0,02 a.m.
90 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

O fluxo de caixa da Figura 3.4 ilustra a situação de Mariana.

Figura 3.4 – Fluxo de caixa do Exemplo 3.1.

FV
PMT = R$ 500,00

períodos
0 1 2 3 ... 9 10

Fonte: Elaborada pela autora (2016).

O fluxo de caixa mostra as prestações de R$ 500,00 como saídas e o montante


FV como entrada ao final dos dez meses.

• Utilizando a fórmula do montante, temos:

FV = 500 · FAC (2%, 10)

 (1 + 0,02)10 – 1 
FV = 500 ·  
 0,02 

FV = 500 · (10,949720999737856512)

FV = R$ 5.474,86

• Na calculadora HP 12C, utilizamos os passos a seguir:

f REG 500 CHS PMT 2 i 10 n FV

Observe que digitamos CHS antes de PMT, pois no fluxo de caixa a prestação
está como saída.

Podemos verificar, neste exemplo, que tanto utilizando a fórmula, como na


calculadora HP 12C, o valor encontrado para o montante obtido por Mariana
será de R$ 5.474,86.
Rendas | UNIDADE 3 91

3.1.1.2 Cálculo do Valor Atual


Vamos considerar uma renda imediata com n termos iguais a PMT, uma taxa i
e desejamos encontrar o valor atual (PV ). Nesse caso, o valor atual é calculado através
da seguinte expressão:

PV= PV0= PV1 + PV2 + ... + PVn

em que PV1, PV2 ,..., PVn são os valores atuais das n prestações,
respectivamente, na data zero.

Para desenvolvermos a expressão, é importante lembrar a fórmula do valor atual


no sistema de juros compostos:

PV = FV (1 + i) –n
Para compreender o desenvolvimento da expressão, observe o fluxo de
caixa da Figura 3.5.

Figura 3.5 – Fluxo de caixa do valor presente para renda imediata.

PV1
PV2
PV3 PV = PV1 + PV2 + ... + PVn
PVn–1
PV
PMT PVn

períodos
0 1 2 3 ... n–1 n

Fonte: Elaborada pela autora (2016).

Observando o fluxo de caixa anterior, e utilizando a fórmula do valor presente, temos:

PVn = PMT (1 + i) –n

PVn–1 = PMT (1 + i) –(n–1)


.
.
.

PV2 = PMT (1 + i) –2

PV1 = PMT (1 + i) –1
92 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

Logo,

PV = PMT (1 + i) –n + PMT (1 + i) –(n–1) + ... + PMT (1 + i) –2 + PMT (1 + i) –1

Como o termo PMT aparece em todas as parcelas, podemos colocá-lo em evidência:

PV = PMT [(1 + i) –n + (1 + i) –(n–1) + ... + (1 + i) –2 + (1 + i) –1]

Observe que os termos (1 + i) –1, (1 + i) –2 ,..., (1 + i) –(n–1), (1 + i) –n formam uma


progressão geométrica (PG) com n termos, razão q = (1 + i) –1, cujo primeiro termo
é a1 = (1 + i) –1.

Utilizando a fórmula da soma dos termos de uma PG finita, temos:

Assim:
Rendas | UNIDADE 3 93

DESTAQUE

1  i   1  i   e chegar nesta
1 n
1
Para sair dessa expressão Sn 
1  i   1
1

 1  i n  1 
PV  PMT  , utilizamos as simplificações a seguir:
 i 1  i n 
 

1  i   1  i    1  i  1  i    1  i  1  i  
1 n 1 n 1 n
1 1 1
Sn 
1  i   1
1
1 1 1  i
1
1 i 1 i

1  i   1  i    1  i  1  i   
1  i   1 
1 n 1 n n
1 1 1  i
   
i 1 i i
1 i

1  1  i 
n
1
1
1  i  1  i  1  1  i  1 1  i   1
n n n n

    
1  i  i 1  i 
n n
i i i

Para facilitar os cálculos, podemos calcular separadamente o fator de valor presente:

Assim, a fórmula do valor presente para a renda imediata fica:

PV = PMT · FVA (i, n)

O Exemplo 3.2 mostra como esse cálculo pode aparecer na prática.

Exemplo 3.2. Aline comprou um terreno dando uma entrada de R$ 100.000,00


e o restante em 24 prestações mensais de R$ 1.200,00. Qual o preço à vista do terreno
se a taxa utilizada foi de 1,02% a.m.?
94 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

• Observe que o problema fornece:

n = 24 meses
PMT = 1.200
i = 1,02% a.m. = 0,0102 a.m.

O fluxo de caixa da Figura 3.6 ilustra a situação de Aline.

Figura 3.6 – Fluxo de caixa do Exemplo 3.2.

PV FV
PMT = R$ 1.200,00

períodos
0 1 2 3 ... 23 24

Fonte: Elaborada pela autora (2016).

O fluxo de caixa mostra as prestações de R$ 1.200,00 como saídas e o montante


FV como entrada ao final dos dez meses.

• Utilizando a fórmula do valor atual, temos:

 (1 + 0,0102) 24 – 1 
PV = PMT · FVA (i, n) = 1.200  
 0,0102 (1 + 0,0102) 24 
PV = 1.200 . (21,1928933731) = R$ 25.431,47

• Na calculadora HP 12C, utilizamos os passos a seguir:

f REG 1200 CHS PMT 24 n 1.02 i PV

Observe que digitamos CHS antes de PMT, pois no fluxo de caixa a prestação
está como saída.

Podemos verificar nesse exemplo que, tanto utilizando a fórmula, como


na calculadora HP 12C, o valor encontrado para o PV obtido por Aline será
de R$ 25.431,47.
No entanto, observe que o problema pede o valor à vista do terreno, que equivale
ao valor da entrada somado com o PV.
Assim, o valor à vista do terreno é R$ 125.431,47.
Rendas | UNIDADE 3 95

VÍDEO

Para aprofundar seus estudos do cálculo do valor atual de rendas postecipadas


(ou imediatas) na calculadora HP 12C, assista ao vídeo “Rendas Postecipadas
e Antecipadas”, do canal O Matemático, disponibilizado no link a seguir:
https://goo.gl/UeoMU7.

3.1.1.3 Cálculo do Valor da Prestação


Vamos considerar uma renda imediata com n termos iguais e uma taxa i. Se
conhecermos o valor atual (PV ) ou o valor futuro (FV ), então nós podemos encontrar
o valor das prestações (PMT).

Sabemos que:

FV = PMT · FAC (i, n) e PV = PMT · FVA (i, n)

Isolando PMT, temos:

FV PV
PMT =  ou  PMT =
FAC (i, n) FVA(i, n)

Vamos escolher a fórmula de acordo com a informação que o problema fornecer.


Caso tenhamos o valor de FV, utilizamos a primeira fórmula. Caso tenhamos PV, a segunda.

O Exemplo 3.3 ilustra essa situação.

Exemplo 3.3. Guilherme efetuou um empréstimo de R$ 15.000,00 a juros


compostos de 2,5% ao mês. Qual o valor da prestação mensal para amortizar a dívida,
sabendo que o empréstimo foi realizado em doze prestações?
96 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

Observe que o problema fornece:

n = 12 meses

PV = 15.000

i = 2,5% a.m. = 0,025 a.m.

O fluxo de caixa da Figura 3.7 ilustra a situação de Guilherme.

Figura 3.7 – Fluxo de caixa do Exemplo 3.3.

PV = R$ 15.000 FV
PMT

períodos
0 1 2 3 ... 11 12

Fonte: Elaborada pela autora (2016).

O fluxo de caixa mostra o PV de R$ 15.000,00 como entrada para Guilherme e


as prestações PMT como saída, durante doze meses.

• Como o problema informou PV, utilizamos a segunda fórmula (que envolve


o valor atual):

PV 15.000 15.000
PMT     R$1.462, 31
1  0, 025  1 10 , 2577645982
12
FVA(i, n)
0, 025 1  0, 025 
12
Rendas | UNIDADE 3 97

• Na calculadora HP 12C, utilizamos os passos a seguir:

f REG 15000 PV 12 n 2.5 i PMT

Observe que a calculadora fornecerá um valor negativo para PMT. Isso ocorre
porque, no fluxo de caixa, a prestação está como saída.

Podemos verificar nesse exemplo que, tanto utilizando a fórmula, como na


calculadora HP 12C, o valor encontrado para a prestação do empréstimo de
Guilherme será de R$ 1.462,31.

3.1.1.4 Cálculo do Número de Prestações (ou Pagamentos)


Em algumas situações práticas, uma pessoa pode desejar realizar um determinado
empréstimo e saber qual o valor máximo pode assumir para uma prestação. Nesse caso,
precisaremos encontrar qual o prazo que comporta o empréstimo desejado com esse
valor máximo de prestação que a pessoa pode pagar. Outra situação em que precisamos
calcular é quando desejamos obter um determinado montante, mas dispomos de um
valor pré-determinado para investir mensalmente.

Sabemos que:

 e 

Para isolar n, utilizamos a ideia de logaritmo:

 ou 
98 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

DESTAQUE

 1  i n  1 
Para sair dessa expressão FV  PMT   e chegar nesta
 i 
 
 FV  i 
ln   1
 PMT  , utilizamos as simplificações a seguir:
n
ln 1  i 

 1  i n  1 
FV  PMT  
 i 
 
FV
 i  1  i   1
n

PMT
FV
 i  1  1  i 
n

PMT
 FV 
 i  1  ln 1  i 
n
ln 
 PMT 
 FV 
ln   i  1  n  ln 1  i 
 PMT 
 FV 
ln   i  1
PMT
n  
ln 1  i 

Continua
Rendas | UNIDADE 3 99

1 n
1 i 1 i 1
Para sair dessa expressão Sn 1 e chegar nesta
1 i 1

n
1 i 1
PV PMT n
i 1 i , utilizamos as simplificações a seguir:

1  i   1 
n

PV  PMT  n 
 i 1  i  
PV
 i 1  i   1  i   1
n n

PMT

PV
 i 1  i   1  i   1
n n

PMT
n  PV  i 
 1  i  1   1
 PMT 

 PV  i 
1  i 
n
1  PMT   1

 PV  i 
ln 1  i   ln 1   ln 1
n

 PMT 
 PV  i 
ln 1  i   0  ln 1 
n

 PMT 
 PV  i 
n ln 1  i    ln 1 
 PMT 
 PV  i 
 ln 1 
n  PMT 
ln 1  i 

Vamos escolher a fórmula de acordo com a informação que o problema fornecer.


Caso tenhamos o valor de FV, utilizamos a primeira fórmula. Caso tenhamos PV, a segunda.
100 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

O Exemplo 3.4 ilustra essa situação.

Exemplo 3.4. Luan deseja obter um montante de R$ 45.000,00 para comprar


um automóvel. Ele dispõe de um valor fixo de R$ 1.500,00 para investir mensalmente,
com uma taxa de 2% ao mês. Em quanto tempo ele terá o montante necessário para
comprar seu automóvel?

• Observe que o problema fornece:

FV = 45.000
PMT = 1.500
i = 2% a.m. = 0,02 a.m.

O fluxo de caixa da Figura 3.8 ilustra a situação de Luan.

Figura 3.8 – Fluxo de caixa do Exemplo 3.4.

FV = R$ 45.000,00
PMT = R$ 1.500,00

períodos
0 1 2 3 ... n–1 n

Fonte: Elaborada pela autora (2016).

O fluxo de caixa mostra o FV de R$ 45.000,00 como entrada para Luan e as


prestações de R$ 1.500,00 como saídas durante n meses.

• Como o problema informou FV, utilizamos a primeira fórmula (que


envolve o montante):

 FV  i  45.000  0, 02 
ln   1 ln   1
 PMT   1 . 500   ln(1, 6)  23, 7344076731  24 meses
n 
ln 1  i  ln 1  0,, 02  ln(1, 02)

• Na calculadora HP 12C, utilizamos os passos a seguir:

f REG 45000 FV 1500 CHS PMT 2 i n


Rendas | UNIDADE 3 101

Observe que digitamos CHS após o valor de PMT, pois no fluxo de caixa a
prestação está como saída.

Podemos verificar neste exemplo que, tanto utilizando a fórmula, como na


calculadora HP 12C, o valor encontrado para o prazo de Luan foi de 24 meses.

É importante salientar que a calculadora HP 12C nos informará como prazo um


número inteiro, mas, no caso de utilizarmos a fórmula, precisaremos arredondar
sempre para o número inteiro imediatamente superior.

3.1.2 Rendas Antecipadas


As rendas antecipadas têm o primeiro pagamento efetuado no início do
primeiro período.

Um exemplo de renda antecipada são as compras em que a primeira prestação se


dá no momento da compra. Nesse caso, imagine que um cliente comprou uma TV em
24/12/2016 e pagará em doze prestações fixas, pagando a primeira no ato da compra. A
Figura 3.9 mostra o fluxo de caixa de uma renda antecipada.

Figura 3.9 – Fluxo de caixa da renda antecipada.

PV FV
PMT

períodos
0 1 2 3 ... n–1

Fonte: Elaborada pela autora (2016).

No fluxo de caixa, PMT representa as prestações fixas, PV o valor presente, FV


o valor futuro e n a quantidade de períodos. Observe que o primeiro pagamento é no
início do primeiro período, ou seja, no ato da compra.
102 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

3.1.2.1 Cálculo do Valor Futuro (Montante)


Observando o fluxo de caixa da Figura 3.9, e utilizando a fórmula do
montante, temos:

FV1 = PMT (1 + i) n
FV2 = PMT (1 + i) n–1
.
.
.

FVn–1 = PMT (1 + i) 2
FVn = PMT (1 + i)1

Assim, em uma renda antecipada, o montante é calculado por meio da


seguinte fórmula:

FV = PMT (1 + i) n + PMT (1 + i) n–1 + ... + PMT (1 + i) 2 + PMT (1 + i)

Colocando PMT (1 + i) em evidência, temos:

FV = PMT (1 + i) [(1 + i) n–1 + (1 + i) n–2 + ... + (1 + i)1 + 1]

Os termos 1, (1 + i), (1 + i) 2 ,..., (1 + i) n–2 , (1 + i) n–1 formam uma PG com termo


inicial a1 = 1 e razão q = 1 + i.

Sabemos que a fórmula da soma dos termos de uma PG é dada por:

Assim, o montante será dado por:

Considerando o fator de valor futuro dado por

o valor do montante fica:

FV = PMT (1 + i) FAC (i, n)


Rendas | UNIDADE 3 103

O Exemplo 3.5 ilustra como podemos calcular o montante em uma renda antecipada.

Exemplo 3.5. Jéssica deposita em um banco, no início de cada mês, durante


cinco meses, a quantia de R$ 1.000,00. Qual o montante obtido por Jéssica, sabendo que
esse banco paga juros compostos de 2% a.m., capitalizados mensalmente?

• Observe que o problema fornece:

n = 5 meses
PMT = 1.000
i = 2% a.m. = 0,02 a.m.

O fluxo de caixa da Figura 3.10 ilustra a situação de Jéssica.

Figura 3.10 – Fluxo de caixa do Exemplo 3.5.

PV FV
PMT = R$ 1.000,00

períodos
0 1 2 3 4

Fonte: Elaborada pela autora (2016).

O fluxo de caixa mostra as prestações PMT de R$ 1.000,00 pagas no início de


cada um dos cinco meses (0, 1, 2, 3 e 4).

• Utilizando a primeira fórmula do montante, temos:

 (1 + i) n – 1 
FV = PMT (1 + i)  
 i 

 (1 + 0,02) 5 – 1 
FV = 1.000 (1 + 0,02)  
 0,02 
FV = 1.000 · 1,02 · 5,20404016
FV = R$ 5.308,12
104 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

• Na calculadora HP 12C, utilizamos os passos a seguir:

f REG g BEG 1000 CHS PMT 2 i 5 n FV

Observe que digitamos CHS após o valor de PMT, pois no fluxo de caixa a
prestação está como saída.
É muito importante salientar que, na calculadora HP 12C, quando trabalhamos
com rendas antecipadas devemos digitar as teclas g e BEG antes de iniciar
o cálculo. No visor aparecerá a palavra BEGIN, que indica que estaremos
trabalhando com renda antecipada. Para voltar a trabalhar com a postecipada,
basta que você digite as teclas g e END.

Podemos verificar neste exemplo que, tanto utilizando a fórmula, como na


calculadora HP 12C, o valor encontrado para o montante obtido por Jéssica
foi de R$ 5.308,12.

3.1.2.2 Cálculo do Valor Atual


Vamos considerar uma renda antecipada com n termos iguais a PMT, uma taxa i
e desejamos encontrar o valor atual (PV ).

Para desenvolvermos a expressão, é importante lembrar a fórmula do valor atual


no sistema de juros compostos e saber a fórmula do montante para rendas antecipadas:

PV = FV (1 + i) –n

Assim,
Rendas | UNIDADE 3 105

Se utilizarmos o fator de valor presente:

Então a fórmula fica:

PV = PMT (1 + i) FVA (i, n)

O Exemplo 3.6 nos mostra como calcular o valor presente em uma renda antecipada.

Exemplo 3.6. Reginaldo comprou um notebook em 24 prestações mensais e


antecipadas de R$ 105,40 cada uma. Considerando que a taxa cobrada pela financeira
foi de 3,5% a.m., qual o valor financiado?

• Observe que o problema fornece:

n = 24 meses
PMT = 105,40
i = 3,5% a.m. = 0,035 a.m.

O fluxo de caixa da Figura 3.11 ilustra a situação de Reginaldo.

Figura 3.11 – Fluxo de caixa do Exemplo 3.6.

PV FV
PMT = R$105,40

períodos
0 1 2 ... 22 23

Fonte: Elaborada pela autora (2016).

O fluxo de caixa mostra as prestações PMT de R$ 105,40 pagas no início de cada


um dos 24 meses (0,1,2,...,23).
106 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

• Utilizando a fórmula do valor atual, temos:

 (1 + i) n – 1 
PV = PMT (1 + i)  
 i (1 + i) n 

 (1 + 0,035) 24 – 1 
PV = 105,40 (1 + 0,035)  
 0,035 (1 + 0,035) 24 
PV = 105,40 · 1,035 · 16,0583676030

PV = R$ 1.751,79

• Na calculadora HP 12C, utilizamos os passos a seguir:

f REG g BEG 105.4 CHS PMT 3.5 i 24 n PV

Observe que digitamos CHS após o valor de PMT, pois no fluxo de caixa a
prestação está como saída.

Podemos verificar neste exemplo que, tanto utilizando a fórmula, como na


calculadora HP 12C, o valor encontrado foi de R$ 1.751,79.

3.1.2.3 Cálculo do Valor da Prestação


Vamos considerar uma renda antecipada com n termos iguais e uma taxa i. Se
conhecermos o valor atual (PV ) ou o valor futuro (FV ), nós podemos encontrar o valor
das prestações (PMT).

Sabemos que

FV = PMT (1 + i) FAC (i, n) e PV = PMT (1 + i) FVA (i, n)

Isolando PMT, temos:

 ou 

Vamos escolher a fórmula de acordo com a informação que o problema fornecer.


Caso tenhamos o valor de FV, utilizamos a primeira fórmula. Caso tenhamos PV, a segunda.
Rendas | UNIDADE 3 107

O Exemplo 3.7 ilustra essa situação.

Exemplo 3.7. Gustavo deseja amortizar uma dívida de R$ 10.000,00 em doze


prestações trimestrais, pagas no início de cada período. Sabendo que a taxa de juros
cobrada é de 3% a.t., qual o valor de cada prestação?

• Observe que o problema fornece:

n = 12 trimestres
PV = 10.000
i = 3% a.t. = 0,03 a.t.

O fluxo de caixa da Figura 3.12 ilustra a situação de Gustavo.

Figura 3.12 – Fluxo de caixa do Exemplo 3.7.

PV = R$ 10.000,00 FV

períodos
0 1 2 ... 10 11

Fonte: Elaborada pela autora (2016).

O fluxo de caixa mostra o PV de R$ 10.000,00 sendo amortizado em doze


trimestres (0,1,2,...,11).

• Como o problema fornece o valor atual, utilizaremos a segunda fórmula:

PV
PMT =
(1 + i) FVA (i, n)

10.000
PMT =
 (1 + 0,03)12 – 1 
(1 + 0,03)  
 0,03 (1 + 0,03)12 

 10.000 
PMT =  
 (1,03) · (9,9540039936) 
PMT = R$ 975,36
108 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

• Na calculadora HP 12C, utilizamos os passos a seguir:

f REG g BEG 10000 PV 3 i 12 n PMT

Observe que a calculadora fornecerá um valor negativo para PMT. Isso ocorre
porque no fluxo de caixa a prestação está como saída.

Podemos verificar neste exemplo que, tanto utilizando a fórmula, como na


calculadora HP 12C, o valor encontrado para a prestação foi de R$ 975,36.

3.1.2.4 Cálculo do Número de Prestações


Da mesma forma que nas rendas postecipadas, em algumas situações práticas
precisaremos encontrar qual o prazo n que comporta o empréstimo desejado com o
máximo de prestação que podemos pagar.

Para encontrar o prazo n, podemos partir das expressões do montante ou do


valor atual e isolar n utilizando a ideia de logaritmos.

Assim, chegaremos às expressões:

 FV . i  ln 1 - PV . i 
+1
PMT . (l + i) 
ln 
n=  PMT . (l + i)  ou n =

ln (l + i) ln (l + i)

O Exemplo 3.8 ilustra o cálculo do prazo em uma renda antecipada.

Exemplo 3.8. Joana deseja obter um montante de R$ 20.000,00. Para isso, ela
fará depósitos mensais antecipados no valor de R$ 1.600,00. Sabendo que a taxa para
a aplicação escolhida por Joana é de 1% a.m., quantos depósitos são necessários para
atingir o montante desejado?

• Observe que o problema fornece:

FV = R$ 20.000,00
PMT = R$ 1.600,00
i = 1% a.m. = 0,01 a.m.
Rendas | UNIDADE 3 109

O fluxo de caixa da Figura 3.13 ilustra a situação de Joana.

Figura 3.13 – Fluxo de caixa do Exemplo 3.8.

FV = R$ 20.000,00
PMT = R$ 1.600,00

períodos
0 1 2 ... n–1 n

Fonte: Elaborada pela autora (2016).

O fluxo de caixa mostra o FV de R$ 20.000,00 e as prestações de R$ 1.600,00


sendo depositadas no início de cada período.
• Como o problema fornece o montante, utilizaremos a primeira fórmula:

 FV  i 
ln   1
PMT  1  i  
n 
ln 1  i 
 20.000  0, 01 
ln   1
1.600  1  0, 01
1 
n 
ln 1  0, 01
ln 1,1237623762 
n  11, 72  12 trimestres
ln 1, 01

Na calculadora HP 12C, utilizamos os passos a seguir:

f REG g BEG 20000 FV 1 i 1600 CHS PMT n

Observe que digitamos CHS após o valor de PMT, pois no fluxo de caixa a
prestação está como saída.

Podemos verificar neste exemplo que, tanto utilizando a fórmula, como na


calculadora HP 12C, o valor encontrado para o prazo de Joana foi de doze meses.

É importante salientar que a calculadora HP 12C nos informará como prazo


um número inteiro, mas, no caso de utilizarmos a fórmula, precisaremos arredondar
sempre para o número inteiro imediatamente superior.
110 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

3.1.3 Rendas Diferidas


Uma renda é chamada diferida de m períodos (ou tem carência de m períodos)
quando o primeiro pagamento é feito após m+1 períodos (antecipados ou postecipados).
Um exemplo desse tipo de renda são as compras em que a primeira prestação vence após
um dado período. Ou seja, imagine que João comprou um automóvel em dezembro, mas
a concessionária estava com uma proposta de primeiro pagamento em março.

A Figura 3.14 mostra o fluxo de caixa de uma renda diferida postecipada.

Figura 3.14 – Fluxo de caixa da renda diferida postecipada.

PV PVm PMT FV

período
0 (0) m+1 m+2 m+n
m

Fonte: Elaborada pela autora (2016).

No fluxo de caixa, PMT representa as prestações fixas, PV o valor presente,


FV o valor futuro e n a quantidade de períodos. Observe que foram considerados m
períodos e o primeiro pagamento é ao final de m + 1 períodos.

3.1.3.1 Cálculo do Montante


O cálculo do montante de uma renda diferida é feito da mesma maneira que na
imediata (postecipada). Isso ocorre pois os m períodos de diferimento (carência) não
influenciam na posição de FV, ou seja, em ambos os casos ele encontra-se na data focal
correspondente ao último pagamento (VERAS, 2012).
Rendas | UNIDADE 3 111

A Figura 3.15 ilustra essa situação:

Figura 3.15 – Comparação dos fluxos de caixa das rendas postecipada e diferida.

Renda Postecipada

PV FV
PMT

períodos
0 1 2 3 ... n–1 n

Renda Diferida

PV PVm PMT FV

períodos
0 (0) m+1 m+2 m+n
m

Fonte: Elaborada pela autora (2016).

A figura faz a comparação dos fluxos de caixa das rendas postecipada e diferida.
Observe que o valor futuro se encontra na mesma data (ao final).

Assim:
112 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

Para facilitar os cálculos, costumamos calcular separadamente o fator


de valor futuro:

Logo, a fórmula do montante para renda diferida fica:

FV = PMT · FAC (i, n)

Assim, caso você precise encontrar o valor do montante em um problema de


renda diferida, basta desconsiderar o período de carência (m) e calcular como em uma
renda postecipada, utilizando apenas as informações do valor da prestação (PMT), do
prazo (n) e da taxa (i), como no Exemplo 3.1 desta Unidade.

3.1.3.2 Cálculo do Valor Atual


Vamos considerar uma renda com n prestações postecipadas e carência de m
períodos, como foi ilustrada na Figura 3.14.

Para calcularmos o valor atual (PV ) na data zero, precisamos, primeiramente,


encontrar o valor atual na data m, chamado PVm, conforme mostra o
desenvolvimento a seguir:
Rendas | UNIDADE 3 113

O Exemplo 3.9 mostra como calcular o valor atual em uma renda diferida.

Exemplo 3.9. Carla estava passando por problemas financeiros e resolveu


pedir um empréstimo com nove meses de carência, pois não podia começar a pagar as
prestações de imediato. Calcule o valor do empréstimo sabendo que ela pagou em dez
prestações trimestrais de R$ 1.200,00, com uma taxa de 5% a.t.

• Observe que o problema fornece:

n = 10 trimestres
m = 9 meses = 3 trimestres
PMT = R$ 1.200,00
i = 5% a.t. = 0,05 a.t.

O fluxo de caixa da Figura 3.16 ilustra a situação de Carla.

Figura 3.16 – Fluxo de caixa do Exemplo 3.9.

PV PV3 PMT FV

período
0 (0) 4 5 13
3

Fonte: Elaborada pela autora (2016).

O fluxo de caixa mostra uma renda diferida com m = 3 e n = 10. Observe que a
primeira prestação é efetuada no prazo três.
114 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

• Utilizando a fórmula do valor atual, temos:

 (1  0, 05)10  1 
PV  1.200.  10  3 
 0, 05 . (1 0, 05) 

 1, 62889462678  1 
PV  1.200.  
 0, 05 . 1,88564914232

0, 62889462678
PV  1.200 .
0, 094282457116

PV  1.200 . 6, 67032495774

PV  R$8.004,39

• Na calculadora HP 12C, utilizamos os passos a seguir:

1º) Calculamos o Valor do Financiamento (PVm ) da série de dez pagamentos


de R$ 1.200,00 cada:

f REG 10 n 5 i 1200 CHS PMT PV

Nesse caso, a calculadora informará como valor atual R$ 9.266,08, que


será considerado o montante na etapa dois de nossa resolução.
2º) Calculamos o valor à vista da mercadoria (PV ) do valor financiado (PVm)

f REG 3 n 5 i 9266.08 CHS FV PV

Neste caso a calculadora informará como valor atual R$ 8.004,39.

Podemos verificar neste exemplo que, tanto utilizando a fórmula, como


na calculadora HP 12C, o valor encontrado para o valor do empréstimo
realizado por Carla foi de R$ 8.004,39.

É importante salientar que, na calculadora HP 12C, esse tipo de problema é


resolvido sempre em dois passos.

3.1.3.3 Cálculo do Valor da Prestação


Vamos considerar uma renda diferida com n termos iguais, uma carência de m
períodos e uma taxa i. Se conhecermos o valor atual (PV ) ou o valor futuro (FV ), então
nós podemos encontrar o valor das prestações (PMT).
Rendas | UNIDADE 3 115

Sabemos que:

FV = PMT · FAC (i, n) e 

Isolando PMT, temos:

 ou 

Vamos escolher a fórmula de acordo com a informação que o problema fornecer.


Caso tenhamos o valor de FV, utilizamos a primeira fórmula. Caso tenhamos PV, a segunda.

O Exemplo 3.10 mostra como podemos calcular o valor da prestação em


uma renda diferida.

Exemplo 3.10: Fabiana possui uma dívida de R$ 20.000,00 e deve amortizá-


la com quatro pagamentos trimestrais consecutivos, sendo 4% ao trimestre a taxa de
juros. Qual o valor da prestação, sabendo que o pagamento da primeira delas deve ser
efetuado seis meses após a realização do empréstimo?

• Observe que o problema fornece:

n = 4 trimestres
m = 6 meses = 2 trimestres
PV = R$ 20.000,00
i = 4% a.t. = 0,04 a.t.

O fluxo de caixa da Figura 3.17 ilustra a situação de Fabiana.

Figura 3.17 – Fluxo de caixa do Exemplo 3.10.

PV = R$ 20.000,00

períodos
0 1 2 3 4 5

Fonte: Elaborada pela autora (2016).

O fluxo de caixa mostra uma renda diferida com m = 2 e n = 4. Observe que a


primeira prestação é efetuada no prazo dois.
116 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

• Como o problema fornece o valor atual, vamos utilizar a segunda fórmula:

PV
PMT 
 1  i n  1 
 nm 
 i  1  i  

20.000
PMT 
 1  0, 04 4  1 
 4 2 
 0, 04  1  0, 04  

20.000
PMT 
 1, 04 4  1 
 6
 0, 04  1, 04  

PMT  R$5.959, 40

• Na calculadora HP 12C, utilizamos os passos a seguir:

1º) Calculamos o Valor do Financiamento (PVm) na data dois:

f REG 2 n 4 i 20000 CHS PV FV

Nesse caso, a calculadora informará como montante R$ 21.632,00, que será


considerado o valor atual na etapa dois de nossa resolução.

2º) Calculamos o valor à vista da mercadoria (PV ) do valor financiado (PVm)

f REG 4 n 4 i 21632 PV PMT

Nesse caso, a calculadora informará como valor da prestação R$ 5.959,40.

Podemos verificar neste exemplo que, tanto utilizando a fórmula, como na


calculadora HP 12C, o resultado encontrado para o valor da prestação de
Fabiana foi de R$ 5.959,40.

É importante salientar que, na calculadora HP 12C, esse tipo de problema é


resolvido sempre em dois passos.

Lembre-se que em qualquer problema envolvendo rendas a construção do fluxo


de caixa é fundamental para não se cometer erros durante a resolução.
Rendas | UNIDADE 3 117

3.2 Praticando
Para aprofundar seu conhecimento sobre o estudo das rendas, resolva os
exercícios a seguir. Lembre-se de sempre identificar se a renda é imediata (postecipada),
antecipada ou diferida e usar a calculadora HP 12C em seus cálculos. Se encontrar
alguma dificuldade, confira a resolução que se encontra ao final da lista de exercícios.

1. Rodrigo está no terceiro semestre da graduação, mas já está planejando


uma pequena recepção para a sua formatura. Quantos depósitos mensais e
antecipados de R$ 500,00 são necessários para se constituir um fundo de R$
10.000,00 à taxa de 1% a.m.?

2. Marcela adquiriu um tablet para auxiliar nos estudos, cujo pagamento foi
realizado por meio de uma renda com 10 termos trimestrais de R$ 200,00
cada um, 9 meses de carência, sendo 5% a.t. a taxa de juros. Qual é o valor
atual dessa renda?

3. Maurício adquiriu uma lava-louças e pagou por meio de uma renda com 18
termos trimestrais postecipados iguais a R$ 100,00 e taxa igual a 2,1% a.t.
Calcule o montante final.

4. Se desejarmos obter um montante de R$ 300.000,00, ao final de 36 meses,


sendo 2,5% a.m. a taxa contratada, quanto devemos aplicar a partir de hoje?

5. Qual o valor de cada uma das 12 prestações trimestrais necessárias para se


obter um valor atual de R$ 100.000,00 à taxa de 4,5% a.t. sendo que há 2
anos de carência.

6. Considere que uma loja fixou em 5% a.m. os juros que cobra sobre a parte
financiada nas vendas a prestação. Qual o valor das prestações na venda de
uma mercadoria, com preço de R$ 890,00 e que está sendo oferecida com
entrada de R$ 30,00 e mais quatro prestações imediatas mensais?

7. Considere que uma loja fixou em 5% a.m. os juros que cobra sobre a parte
financiada nas vendas a prestação. Qual o preço à vista de um artigo que
está sendo oferecido em cinco prestações mensais de R$ 120,00 se a primeira
prestação vence na data da compra?

8. Considere que uma loja fixou em 5% a.m. os juros que cobra sobre a parte
financiada nas vendas a prestação. Qual o preço à vista de um artigo que está
sendo oferecido com uma entrada de 30% do seu valor mais três prestações
mensais imediatas de R$ 152,50?
118 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

Resolução

1. Observe que se trata de renda antecipada. Então não esqueça de usar a tecla
BEG de sua calculadora. A rotina está a seguir:

g BEG 500 CHS PMT 10000 FV 1 i n

Logo, para acumular um montante de R$ 10.000,00 serão necessários 19 meses.

2. Trata-se de uma renda diferida. Então vamos separar a resolução em duas partes.

PARTE 1: Utilizamos a seguinte rotina:

200 PMT 5 i 10 n PV

Temos que R$ 1.544,35. Esse valor será usado na parte 2.

PARTE 2: Utilizamos a seguinte rotina:

1544.35 FV 3 n 5 i PV

Assim, temos que o valor atual é de R$ 1.334,07.

3. Observe que se trata de renda postecipada com:

PMT = R$ 100,00
i = 2,1% a.t.
n = 18 trimestres
FV = ?

A rotina na HP fica:

18 n 100 PMT 2.1 i FV

Assim, o montante é de R$ 2.160,30.

4. Observe que se trata de renda antecipada, então lembre de utilizar a


tecla BEG. Temos:

i = 2,5 a.m.
n = 36 meses
FV = R$ 300.000,00

A rotina na HP fica:

G BEG 36 n 2.5 i 300000 FV PMT

Logo, o valor da prestação mensal é de R$ 5.107,78.


Rendas | UNIDADE 3 119

5. Note que se trata de renda diferida. Então vamos separar a resolução em duas partes.

PARTE 1: Utilizamos a seguinte rotina:

100000 PV 8 n 4.5 i FV

Logo, temos FV = R$ 142.210,06. Esse valor será utilizado na parte 2.

PARTE 2: Utilizamos a seguinte rotina:

142210.06 PV 12 n 4.5 i PMT

Logo, o valor da prestação é de R$ 15.595,64.

6. Primeiramente vamos descontar o valor da entrada de R$ 30,00. Logo, o


valor financiado é de R$ 860,00. Observando que se trata de renda imediata
(postecipada), temos:

PV = R$ 860,00
n=4
i = 5% a.m.

Utilizamos a seguinte rotina na HP:

860 PV 5 i 4 n PMT

Logo a prestação mensal é de R$ 242,53.

7. Observe que se trata de renda antecipada, então teremos que usar a


tecla BEG. Temos:

PMT = R$ 120,00
i = 5% a.m.
n=5

Utilizamos a seguinte rotina na HP:

G BEG 120 PMT 5 i 5 n PV

Logo, o valor atual (preço à vista) é de R$ 545,51,00.


120 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

8. Observe que se trata de renda imediata (postecipada). Temos:

PMT = R$ 152,50
n=3
i = 5% a.m.

Utilizamos a seguinte rotina na HP:

152,50 PMT 5 i 3 n PV

Logo, o valor atual é de R$ 415,29. Mas esse valor representa 70% da mercadoria,
já que foi dada uma entrada de 30%. Logo, o valor à vista, ou seja, 100% da
mercadoria é de R$ 593,27.
Rendas | UNIDADE 3 121

Síntese da Unidade
Nesta Unidade, abordamos um conceito muito importante da matemática
financeira: as rendas.

Rendas são sequências de dois ou mais pagamentos iguais, feitos em datas


diferentes, com o objetivo de amortizar uma dívida ou acumular um fundo (VERAS, 2012).

De acordo com Veras (2012), as rendas podem ser classificadas quanto ao número
de termos, ao valor dos termos e ao período:

• Quanto ao número de termos, podem ser temporárias ou perpétuas.

• Quanto ao valor dos termos, as rendas podem ser constantes ou


uniformes ou variáveis.

• Quanto ao período, as rendas podem ser periódicas ou não periódicas.

Nesta Unidade, trabalhamos com as rendas temporárias, constantes e periódicas, que


foram subdivididas em rendas imediatas, rendas antecipadas e rendas diferidas.

As rendas imediatas também são conhecidas como ordinárias ou postecipadas.


Esse tipo de renda tem o primeiro pagamento efetuado no fim do primeiro período.

As rendas antecipadas têm o primeiro pagamento efetuado no início do


primeiro período.

Uma renda é chamada diferida de m períodos (ou tem carência de m períodos)


quando o primeiro pagamento é feito após m + 1 períodos.

Nos problemas envolvendo rendas, utilizamos a seguinte nomenclatura:

• PMT: valor da prestação.

• n: prazo.

• i: taxa.

• PV: valor presente.

• FV: montante.
122 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

Bibliografia
ASSAF NETO, A. Matemática financeira: edição universitária. São Paulo: Atlas, 2017.
HAZZAN, S.; POMPEO, J. N. Matemática Financeira. São Paulo: Atual, 2007.
VERAS, L. L. Matemática Financeira. São Paulo: Atlas, 2012.
unidade

4
V.1 | 2021

Amortização e Aplicações
Financeiras
Prezado estudante,
Estamos começando uma unidade desta disciplina. Os textos que a compõem foram
organizados com cuidado e atenção, para que você tenha contato com um conteúdo
completo e atualizado tanto quanto possível. Leia com dedicação, realize as atividades e
tire suas dúvidas com os tutores. Dessa forma, você, com certeza, alcançará os objetivos
propostos para essa disciplina.

Objetivo Geral
Abordar os sistemas de amortização e as aplicações financeiras utilizados na atualidade no mercado
financeiro.

Objetivos Específicos
• Conceituar sistemas de amortização;
• Abordar inflação e atualização monetária;
• Conhecer algumas aplicações financeiras;
• Modelar e resolver problemas envolvendo amortização e aplicações financeiras.

Questões Contextuais
• O que é um sistema de amortização?
• Quais são os principais sistemas de amortização?
• O que é inflação e como ela afeta a rotina das pessoas?
124 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

4.1 Amortização
Vamos supor que Maurício possui dois financiamentos atualmente: o de sua casa
própria e o de seu automóvel. No do automóvel, a prestação é fixa, já no da casa própria,
as prestações são decrescentes. Você conhece algum sistema de amortização que tenha
prestações constantes? E algum com prestações decrescentes?

Caso conheça, ótimo! Mas se não conhece, não se preocupe, pois no decorrer
desta Unidade vamos abordar os principais tipos de sistemas de amortização e destacar
as diferenças entre eles.

Agora imagine que, na semana passada, Karina chegou em sua casa muito
satisfeita com o aumento que havia recebido no trabalho e afirmou aos seus familiares
que teve um reajuste de 10% nesse último ano. Seu pai, um conhecedor de matemática
financeira, então lhe disse: “Sinto muito lhe afirmar, mas seu aumento real não foi de
10%, já que tivemos uma inflação de 9% no mesmo período!”.

Ficou curioso com o comentário do pai de Karina? No decorrer desta unidade,


você saberá a diferença entre a taxa aparente e a taxa real, conceitos que aparecem
quando lidamos com situações em que existe inflação.

Ao fazermos um investimento, muitas vezes necessitamos tomar empréstimos


e assumir dívidas. Podemos definir sistemas de amortização como as formas de
pagamentos dos empréstimos (VERAS, 2012).

O processo de reembolso de um empréstimo é realizado por meio de pagamentos


de prestações em épocas pré-estabelecidas. Cada prestação é dada pela soma de
duas parcelas: as amortizações e os juros correspondentes aos saldos do empréstimo
não reembolsado.

Ou seja:

Prestação = Amortização + Juros

PMT = A + J

Existem no mercado diversos sistemas de amortização, alguns utilizam


pagamento único e outros possibilitam pagamento parcelado. Alguns têm denominação
própria, enquanto outros são descritos apenas por meio de contratos (VERAS, 2012).

Nos sistemas de amortização que estudaremos nesta Unidade, os juros serão


calculados sempre sobre o valor devedor.
Amortização e Aplicações Financeiras | UNIDADE 4 125

Alguns dos principais e mais utilizados sistemas de amortização ou de reembolso


de empréstimos são:

• Pagamento no final (Sistema do Montante).

• Pagamento periódico de juros (Sistema Americano).

• Prestações iguais (Sistema Price ou Francês).

• Amortizações constantes (SAC).

• Amortizações mistas (SAM).

Ao trabalhar com sistemas de amortização, geralmente fazemos uma tabela com os


principais elementos da dívida. É importante termos em mente a nomenclatura utilizada:

• Valor Atual ou empréstimo (PV ): é o valor do capital tomado como empréstimo.

• Amortização (An): é o valor amortizado no período n.

• Juro (Jn): é o valor do juro pago no período n.

• Pagamento (PMTn): é o valor de cada prestação.

• Saldo Devedor (S n): é o valor da dívida após o pagamento da prestação n.

O cálculo desses elementos varia de acordo com as características do sistema de


amortização utilizado e será abordado nos próximos subitens. Vamos abordar aqui os
sistemas do Montante, Price, SAC e SAM.

4.1.1 Pagamento no Final (Sistema do Montante)


Nesse tipo de sistema, o pagamento do financiamento ocorre no final do
período, em uma única parcela, e os juros são capitalizados no final de cada período
(VERAS, 2012). É possível usar o regime de juros simples ou compostos, desde que seja
especificado no contrato. Um exemplo desse tipo de sistema são as notas promissórias.

Para encontrarmos o valor desse pagamento final, apenas somamos o


valor correspondente à dívida aos juros (simples ou compostos). O valor da dívida
será o valor presente e o pagamento final será o valor futuro, calculado com a taxa
contratada por períodos.
126 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

Para contratos com juros simples, teremos:

FV = PV (1 + in)

Para contratos com juros compostos, teremos:

FV = PV (1 + i) n

O Exemplo 4.1 mostra como esse sistema é utilizado.

Exemplo 4.1: Júlia contraiu um empréstimo de R$ 50.000,00 e deverá pagar em


uma única parcela, após quatro anos, com juros de 10% a.a. Calcule o pagamento final
de acordo com a especificação de cada item.

a. Supondo que o empréstimo seja feito no regime de juros simples.

• Observe que o problema fornece:

PV = R$ 50.000,00
n = 4 anos
i = 10% a.a. = 0,1 a.a.

• Utilizando a fórmula do montante em juros simples, temos:

FV = PV (1 + in)
FV = 50.000 (1 + 0,1 · 4)
FV = 50.000 · 1,4
FV = R$ 70.000,00

• Na calculadora HP 12C, utilizamos os passos a seguir:

f REG 0.1 ENTER 4 x 1 + 50000 x

Assim, caso seja utilizado o sistema de juros simples, o montante final será
de R$ 70.000,00.

b. Supondo que o empréstimo seja feito no regime de juros compostos.

• Observe que o problema fornece:

PV = R$ 50.000,00
n = 4 anos
i = 10% a.a. = 0,1 a.a.
Amortização e Aplicações Financeiras | UNIDADE 4 127

• Utilizando a fórmula do montante em juros compostos, temos:

FV = PV (1 + i) n
FV = 50.000 (1 + 0,1) 4
FV = 50.000 · 1,14
FV = R$ 73.205,00

• Na calculadora HP 12C, utilizamos os passos a seguir:

f REG 50000 PV 10 i 4 n FV

Observe que a calculadora fornece um valor negativo para FV, pois no fluxo de
caixa o montante é tomado como saída.
Assim, caso seja utilizado o sistema de juros compostos, o montante final será
de R$ 73.205,00.

Não esqueça que o sistema de capitalização deve ser escolhido no momento de


redigir o contrato.

4.1.2 Prestações Iguais (Sistema Price )


Nesse sistema, o devedor deve pagar o empréstimo em prestações iguais e
postecipadas. Em cada uma das prestações, está incluída uma amortização parcial do
empréstimo e os juros sobre o saldo devedor (VERAS, 2012).

Vamos considerar:

• PV: valor do empréstimo.

• i: taxa.

• n: número de prestações.

• PMT: valor da prestação.

As prestações serão como em uma renda imediata cujo valor presente é PV. Ou seja,

PV
P
V
PMT 
1  1  i 
n

i
128 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

Assim como no Sistema Americano, vamos elaborar um demonstrativo para o


Sistema Price, conforme mostra o Quadro 4.1.

Quadro 4.1 – Planilha do sistema price.

N PAGAMENTO JUROS AMORTIZAÇÃO SALDO DEVEDOR


0 - - - S0 = PV
1 PMT J1 = PV · i A1 = PMT – J1 S1 = PV – A1
2 PMT J2 = S1 · i A2 = PMT – J2 S2 = S1 – A2
. . . .
. . . .
. . . .
n PMT Jn = Sn-1 · i An = PMT – Jn Sn = Sn-1 – An
Fonte: Elaborado pela autora (2016).

O Exemplo 4.2 ilustra como utilizar este tipo de amortização.

Exemplo 4.2. Bianca realizou um empréstimo de R$ 10.000,00 e pretende pagá-


lo após quatro meses com uma taxa de juros de 1% a.m., utilizando o sistema Price.
Calcule o pagamento mensal e construa a planilha da dívida.

• Observe que o problema fornece:

PV = R$ 10.000,00
n = 4 meses
i = 1% a.m. = 0,01 a.m.

• Primeiramente, vamos calcular o valor da prestação:

♦ Utilizando a fórmula para a prestação, temos:

10.000
PMT 
1  1  0,01
4

0,01
PMT  R$ 2.562,81

♦ Na calculadora HP 12C, utilizamos os passos a seguir:

f REG 10000 PV 1 i 4 n PMT

Observe que a calculadora fornecerá um valor negativo para a prestação, pois no fluxo
de caixa, do ponto de vista do tomador do empréstimo, ela é vista como uma saída.
Amortização e Aplicações Financeiras | UNIDADE 4 129

• Com os dados anteriores e com base no Quadro 4.1, podemos construir a planilha
do empréstimo de Bianca.

♦ Cálculo do Período 1:

J1 = PV · i = 10.000 · 0,01 = R$ 100


A1 = PMT – J1 = 2.562,81 – 100 = R$ 2.462,81
S1 = PV – A1 = 10.000 – 2.462,81 = R$ 7.537,19

♦ Cálculo do Período 2:

J2 = S1 · i = 7.537,19 · 0,01 = R$ 75,37


A2 = PMT – J2 = 2.562,81 – 75,37 = R$ 2.487,44
S 2 = S1 – A2 = 7.537,19 – 2487,44 = R$ 5.049,75

♦ Cálculo do Período 3:

J3 = S 2 · i = 5.049,75 · 0,01 = R$ 50,50


A3 = PMT – J3 = 2.562,81 – 50,50 = R$ 2.512,31
S 3 = S 2 – A3 = 5.049,75 – 2512,31 = R$ 2.537,44

♦ Cálculo do Período 4

J4 = S 3 · i = 2.537,44 · 0,01 = R$ 25,37


A4 = PMT – J4 = 2.562,81 – 25,37 = R$ 2.537,44
S 4 = S 3 – A4 = 2.537,44 – 2.537,44 = R$ 0,00

Assim, podemos construir a planilha da dívida:

Quadro 4.2 – Planilha do Exemplo 4.2.

N PAGAMENTO JUROS AMORTIZAÇÃO SALDO DEVEDOR


0 - - - 10.000,00
1 2.562,81 100,00 2.462,81 7.537,19
2 2.562,81 75,37 2.487,44 5.049,75
3 2.562,81 50,50 2.512,31 2.537,44
4 2.562,81 25,37 2.537,44 0,00
Fonte: Elaborado pela autora (2016).

Assim, a prestação de Bianca será de R$ 2.562,81 e a planilha de sua dívida está


detalhada no Quadro 4.2.
130 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

VÍDEO

Para saber como montar a tabela Price com o uso da calculadora HP 12C, assista
ao vídeo “Tabela Price”, do canal O Calculista, disponibilizado no link a seguir:
https://goo.gl/J23AT2.

4.1.3 Sistema de Amortizações Constantes (SAC)


Nesse sistema, o devedor deve pagar o empréstimo em prestações que incluem
uma parcela constante de amortização e os juros sobre o saldo devedor (VERAS, 2012).

É importante salientar que, enquanto no sistema Price as prestações são iguais,


aqui no SAC as amortizações é que serão iguais.

Como sabemos que n amortizações iguais são suficientes para liquidar a dívida
PV, se desejarmos calcular cada uma, precisamos apenas dividir o total do empréstimo
PV pelo número n de parcelas. Assim,

PV
A=
n

O Quadro 4.3 apresenta a planilha do sistema de amortizações constantes:

Quadro 4.3 – Planilha do sistema SAC.

N PAGAMENTO JUROS AMORTIZAÇÃO SALDO DEVEDOR


0 - - - S0 = PV
1 PMT1 = A + J1 J1 = PV · i A S1 = PV – A
2 PMT2 = A + J2 J2 = S1 · i A S2 = S1 – A

. . . .
. . . .
. . . .

n PMTn = A + Jn Jn = Sn–1 · i A Sn = Sn–1 – A


Fonte: Elaborado pela autora (2016).
Amortização e Aplicações Financeiras | UNIDADE 4 131

O Exemplo 4.3 ilustra como utilizar este tipo de amortização.

Exemplo 4.3. Leonardo realizou um empréstimo de R$ 10.000,00 e pretende


pagá-lo após quatro meses, com uma taxa de juros de 1% a.m., utilizando o sistema
SAC. Calcule o valor da amortização e construa a planilha da dívida.

• Observe que o problema fornece:

PV = R$ 10.000,00
n = 4 meses
i = 1% a.m. = 0,01 a.m.

• Primeiramente, vamos calcular o valor da amortização:

PV
A=
n

10.000 = R$
A=
4 2.500,00

• Com os dados anteriores, e com base no Quadro 4.3, podemos construir a


planilha do empréstimo de Leonardo.

♦ Cálculo do Período 1:

J1 = PV · i = 10.000 · 0,01 = R$ 100


PMT1 = A + J1 = 2.500 + 100 = R$ 2.600,00
S1 = PV – A = 10.000 – 2.500 = R$ 7.500,00

♦ Cálculo do Período 2:

J2 = S1 · i = 7.500 · 0,01 = R$ 75,00


PMT2 = A + J2 = 2.500 + 75 = R$ 2.575,00
S 2 = S1 – A = 7.500 – 2.500 = R$ 5.000,00

♦ Cálculo do Período 3:

J3 = S 3 · i = 5.000 · 0,01 = R$ 50,00


PMT3 = A + J3 = 2.500 + 50 = R$ 2.550,00
S 3 = S 2 – A = 5.000 – 2.500 = R$ 2.500,00
132 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

♦ Cálculo do Período 4

J4 = S 4 · i = 2.500 · 0,01 = R$ 25,00


PMT3 = A + J3 = 2.500 + 25 = R$ 2.525,00
S 4 = S 3 – A = 2.500 – 2.500 = R$ 0,00

Assim, podemos construir a planilha da dívida:

Quadro 4.4 – Planilha do Exemplo 4.3.

N PAGAMENTO JUROS AMORTIZAÇÃO SALDO DEVEDOR


0 - - - 10.000,00
1 2.600,00 100 2.500,00 7.500,00
2 2.575,00 75,00 2.500,00 5.000,00
3 2.550,00 50,00 2.500,00 2.500,00
4 2.525,00 25,25 2.500,00 0,00
Fonte: Elaborado pela autora (2016).

Assim, a amortização no empréstimo de Leonardo será de R$ 2.500,00 e a


planilha de sua dívida está detalhada no Quadro 4.4.

VÍDEO

Para saber sobre os sistemas SAC e Price, assista ao vídeo “Tabela Price e SAC
- Formas de Amortização”, do professor Elisson de Andrade, disponibilizado no
link a seguir: https://goo.gl/NsY7eW.
Amortização e Aplicações Financeiras | UNIDADE 4 133

4.1.4 Sistema de Amortizações Mistas (SAM)


Nesse sistema, cada pagamento é uma média aritmética entre os sistemas Price
e o SAC (VERAS, 2012).

Se chamarmos de PMT o valor da prestação no sistema Price e P1, P2 ,..., Pn os


valores das prestações no sistema SAC, poderemos calcular as prestações P’1, P’2 ,..., P’n
do sistema SAM, utilizando as expressões a seguir:

PMT  P1
P'1 
2
PMT  P2
P'2 
2
M
PMT  Pn
P'n 
2

O Quadro 4.5 apresenta a planilha do sistema de amortizações mistas, que deve


ser calculado linha por linha:

Quadro 4.5 – Planilha do sistema SAC.

N PAGAMENTO JUROS AMORTIZAÇÃO SALDO DEVEDOR


0 - - - S0 = PV

PMT  P1
1 P'1  J1 = PV · i A1 = P ’1 – J1 S1 = PV – A1
2
PMT  P2
2 P' 2  J2 = S1 · i A2 = P ’2 – J2 S2 = S1 – A2
2
. . . .
. . . .
. . . .

PMT  Pn
n P' n  Jn = Sn–1 · i An = P ’n – Jn Sn = Sn–1 – An
2
Fonte: Elaborado pela autora (2016).

O Exemplo 4.4 ilustra como utilizar este tipo de amortização.


134 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

Exemplo 4.4: Thiago realizou um empréstimo de R$ 10.000,00 e pretende pagá-


lo após quatro meses, com uma taxa de juros de 1% a.m., utilizando o sistema SAM.
Construa a planilha da dívida.

• Observe que o problema fornece:

PV = R$ 10.000,00
n = 4 meses
i = 1% a.m. = 0,01 a.m.

• Utilizando a fórmula da prestação no sistema Price, temos:

10.000
PMT 
1  1  0,01
4

0,01
PMT  R$ 2.562,81

• Agora precisamos calcular P1, P2 , P3 e P4. Para ganharmos tempo, podemos


observar que os dados do problema são os mesmos do Exemplo 4.3 do
empréstimo de Leonardo, pelo sistema SAC. Então, vamos aproveitar os valores
das prestações já calculados anteriormente:

P1 = R$ 2.600,00
P2 = R$ 2.575,00
P3 = R$ 2.550,00
P4 = R$ 2.525,00

• Podemos, então, calcular as quatro prestações do sistema SAM:


PMT  P1 2.562,81  2.600,00
P'1    R$ 2.581,41
2 2

PMT  P2 2.562,81  2.575,00


P '1    R$ 2.568,91
2 2

PMT  P1 2.562,81  2.550,00


P'1    R$ 2.556,41
2 2

PMT  P1 2.562,81  2.525,00


P '1    R$ 2.543,91
2 2
Amortização e Aplicações Financeiras | UNIDADE 4 135

• Com os dados anteriores, e com base no Quadro 4.5, podemos construir a


planilha do empréstimo de Thiago, como ilustra o Quadro 4.6.

♦ Cálculo do Período 1:

J1 = PV · i = 10.000 · 0,01 = R$ 100,00


A1 = P’1 – J1 = 2.581,41 – 100 = R$ 2.481,41
S1 = PV – A1 = 10.000 – 2.481,41 = R$ 7.518,59

♦ Cálculo do Período 2:

J2 = S1 · i = 7.518,59 · 0,01 = R$ 75,19


A2 = P’2 – J2 = 2.568,91 – 75,19 + R$ 2.493,72
S 2 = S1 – A2 = 7.518,59 – 2.493,72 = R$ 5.024,87

♦ Cálculo do Período 3:

J3 = S 2 · i = 5.024,87 · 0,01 = R$ 50,25


A3 = P’3 – J3 = 2.556,41 – 50,25 = R$ 2.506,16
S 3 = S 2 – A3 = 5.024,87 – 2.506,16 = R$ 2.518,71
♦ Cálculo do Período 4

J4 = S 3 · i = 2.519,71 · 0,01 = R$ 25,20


A4 = P’4 – J4 = 2.543,91 – 25,20 = R$ 2.518,71
S 4 = S 3 – A4 = 2.518,71 – 2.518,71 = R$ 0,00

Quadro 4.6 – Planilha do sistema SAM.

N PAGAMENTO JUROS AMORTIZAÇÃO SALDO DEVEDOR


0 - - - 10.000,00
1 2.581,41 100,00 2.481,41 7.518,59
2 2.581,41 75,19 2.493,72 5.024,87
3 2.581,41 50,25 2.506,16 2.518,71
4 2.581,41 25,20 2.518,71 0,00
Fonte: Elaborado pela autora (2016).

Assim, podemos observar o detalhamento do empréstimo de Thiago no Quadro 4.6.


136 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

4.1.5 Uso do Excel


Nos subitens anteriores, construímos as planilhas para empréstimos realizados
pelos sistemas Price, SAC e SAM. Mesmo em exemplos com n = 4, a quantidade
de cálculos realizados foi elevada. Na prática, esses empréstimos muitas vezes são
realizados com prazos bem maiores. Por exemplo, é comum um cidadão adquirir a casa
própria por meio de financiamento, com pagamento de prestações mensais, utilizando
o sistema SAC ou Price em 25 anos, nesse caso, n = 300. Aqui, é mais aconselhável o
uso de planilhas eletrônicas.

O software Microsoft Excel pode ser muito útil para esse tipo de planilhas e sua
utilização é de fácil compreensão. Vamos exemplificar aqui a construção da planilha
para o sistema Price. Para os demais sistemas, você poderá consultar Hazzan e Pompeo
(2007). Construiremos a planilha com n = 10. Para prazos maiores, é só você marcar a
última linha e arrastar a seleção até chegar ao prazo desejado.

A planilha do sistema Price pode ser construída seguindo os passos:

1. Abra o software Microsoft Excel.

2. Para identificar a planilha, renomeie Plan1 para Price, como mostra a Figura
4.1. Esse procedimento será útil se você quiser construir, em um único arquivo,
as planilhas Price, SAC e SAM.

Figura 4.1 – Renomeando uma planilha no Excel.

Fonte: Elaborada pela autora (2016).


Amortização e Aplicações Financeiras | UNIDADE 4 137

Preencha agora a primeira linha com os rótulos das variáveis que serão calculadas
e a primeira coluna com N variando de 0 a 10. Para que você possa utilizar as fórmulas
que colocaremos a seguir, sem precisar adaptá-las, é importante que sua planilha inicie
na célula A1 e termine na célula E12, como mostra a Figura 4.2.

Figura 4.2 – Primeira linha e coluna da planilha do sistema price.

Fonte: Elaborada pela autora (2016).

Para exemplificar, vamos supor um empréstimo de R$ 100.000,00 que


serão pagos em dez prestações mensais, com taxa de 2% a.m. Como no sistema Price a
prestação é constante e dada por PMT  PV
1  1  i 
n

i
3. Podemos preencher a coluna dois da planilha. Para nos auxiliar no preenchimento,
“colamos” essa fórmula na planilha. Também colocamos os dados do problema
nas células H6, H7 e H8. Isso vai nos ajudar bastante, pois, quando a planilha
estiver pronta, ela poderá ser utilizada para outros problemas envolvendo o
Sistema Price, basta que modifiquemos esses dados. Vamos calcular o valor
da prestação digitando a fórmula = H6 na célula E2, que corresponde ao valor
de PV, e a fórmula = H$6 / ((1 – (1 + H$8^ – H$7) / H$8) na célula B3, que
corresponde ao valor da prestação. Depois vamos arrastar para as demais
linhas da coluna B.
138 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

Figura 4.3 – Segunda coluna da planilha do sistema price.

Fonte: Elaborada pela autora (2016).

Para que apareça o valor em reais, basta selecionar as células e, no menu número,
escolher moeda, como mostra a Figura 4.4.

Figura 4.4 – Formatação do número no software Excel.

Fonte: Elaborada pela autora (2016).

4. Vamos agora preencher a coluna dos juros, lembrando que:

J1 = PV · i
J2 = S 1 · i
J3 = S 2 · i
.
.
.
Amortização e Aplicações Financeiras | UNIDADE 4 139

Para isso, inserimos a fórmula = E2 * H$8 na célula C3 e arrastamos para


as demais linhas. Observe que algumas células estarão com o valor R$ 0,00
porque elas dependem de dados que ainda não foram colocados na planilha.

Figura 4.5 – Terceira coluna da planilha do sistema price.

Fonte: Elaborada pela autora (2016).

5. Vamos agora preencher a coluna da amortização, lembrando que:

A1 = PMT – J1
A2 = PMT – J2
A3 = PMT – J3
.
.
.
140 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

Para isso, inserimos a fórmula = B3 – C3 na célula D3 e arrastamos para as


demais linhas. Observe que algumas células não estarão com o valor da prestação
porque elas dependem dos valores dos juros, que por sua vez dependem dos
valores dos saldos devedores, que ainda não foram colocados na planilha.

Figura 4.6 – Quarta coluna da planilha do sistema price.

Fonte: Elaborada pela autora (2016).

A Figura 4.6 mostra o preenchimento da coluna da amortização no sistema Price.


Observe que os demais dados ainda não estão prontos, pois falta preencher a
coluna do saldo devedor.

6. Finalmente, vamos preencher a coluna do saldo devedor, lembrando que:

S1 = PV – A1
S 2 = S1 – A2
S 3 = S 2 – A3
.
.
.
Amortização e Aplicações Financeiras | UNIDADE 4 141

Na coluna E3 digite a fórmula = E2 – D3 e arraste para as demais linhas, como


ilustra a Figura 4.7.

Figura 4.7 – Quinta coluna da planilha do sistema price.

Fonte: Elaborada pela autora (2016).

A Figura 4.7 mostra o preenchimento da coluna do saldo devedor no sistema


Price. Observe que agora todos os dados estão completos.
É importante salientar que esse roteiro foi realizado preenchendo a planilha por
colunas. Em vez disso, você poderia ter preenchido todas as fórmulas na linha
três da planilha, selecionando a linha e arrastando para as demais.
Agora nossa planilha do sistema Price está pronta e podemos utilizá-la para
resolver outros problemas. Por exemplo, com os dados a seguir:
PV = R$ 200.000,00
n = 30 meses
i = 1,5% a.m. = 0,015 a.m.
142 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

Para isso, basta que modifiquemos as células H6, H7 e H8 nas quais


colocamos os dados do problema. Também vamos precisar marcar a última linha
e arrastar até chegar ao prazo 30, como ilustra a Figura 4.8.

Figura 4.8 – Planilha do sistema price ampliada do Excel.

Fonte: Elaborada pela autora (2016).

A Figura 4.8 mostra a ampliação da planilha do sistema Price para n = 30,


PV = R$ 200.000,00 e i = 1,5% a.m.
Agora você pode adaptar esse tutorial e construir as planilhas dos outros
sistemas de amortização.

REFLETINDO

Imagine que você deseja adquirir um apartamento no valor de R$ 350.000,00.


Você dará uma entrada de R$ 150.000,00 e financiará o restante em 240 meses.
Seu gerente simulou o financiamento pelo sistema SAC e pelo Price, ambos
com o mesmo prazo e mesma taxa de juros. Com base no que estudamos
nesta Unidade, que escolha você faria?
Amortização e Aplicações Financeiras | UNIDADE 4 143

4.2 Inflação
De acordo com Veras (2012, p. 207), “inflação é a ascensão persistente
e generalizada dos preços de bens e serviços”. Quando há inflação, é necessária a
produção de uma quantidade maior de moeda para o pagamento.

É importante que a inflação seja medida. Tal medição pode ser realizada por
um índice geral de preços, pela taxa cambial ou outros índices criados para esse fim.
Para isso, observamos a variação ocorrida nos preços e calculamos, durante certo
período, a chamada taxa de inflação, que pode ser distinta de acordo com o instituto
que realizou a pesquisa.

Conforme Veras (2012, p. 208):

O índice geral de preços consiste em uma média ponderada de vários


índices de preços, feitos por meio de pesquisas realizadas por institutos
especializados, oficiais ou particulares, tais como o Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística - IBGE -, a Fundação Getúlio Vargas - FGV
-, a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas - FIPE - e outros.

Ainda de acordo com a autora (2012), podemos afirmar que alguns índices
de preços são regionais e outros nacionais. O Índice de Preços ao Consumidor -
Rio de Janeiro (IPC­-RJ), fornecido pela FGV, e o índice de Preços ao Consumidor
– São Paulo (IPC-SP), fornecido pela FIPE, são exemplos de índices regionais. Já o
Índice de Preços ao Consumidor (IPC), fornecido pela FGV, é obtido a partir de pesquisa
em onze capitais e no Distrito Federal, e o Índice Geral de Preços — Disponibilidade
Interna (IGP-­DI) são exemplos de índices nacionais.
144 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

Para ilustrar esse índice, podemos observar o gráfico e o quadro a seguir, que
mostram a variação da inflação no Brasil de 1945 a 2015, utilizando dados fornecidos
pelo IGP-DI da Fundação Getúlio Vargas.

Figura 4.9 – Inflação no Brasil de 1945-2015.

Fonte: Adaptado pela autora (2016) com base em Ipea (2016).

Figura 4.10 – Gráfico da variação da inflação no Brasil de 1945-2016.

Fonte: Adaptado pela autora (2016) com base em Ipea (2016).


Amortização e Aplicações Financeiras | UNIDADE 4 145

4.2.1 Atualização Monetária


Chamamos de atualização monetária o reajuste dos capitais utilizados em
operações financeiras com o objetivo de anular, ou pelo menos diminuir, os efeitos da
inflação (VERAS, 2012). É comum também usarmos a expressão correção monetária
quando estamos nos referindo à atualização monetária.

Para calcularmos a taxa de correção monetária, precisamos supor que a atualização


monetária esteja fixada de acordo com um determinado índice indicador de inflação.
Vamos considerar que seus valores durante períodos consecutivos são dados por:

I 0 , I1 , I 2 , I 3 ,..., I n1 , I n

Sendo que I0 é o valor do índice no início do primeiro período e os demais


correspondentes ao fim dos n primeiros períodos.

Com essas considerações, podemos afirmar que as taxas de correção monetária,


denotadas por i 0 , i1, i2 , i3,..., i n–1, i n , podem ser calculadas utilizando as expressões:

I1 I I I I
i1   1, i2  2  1, i3  3  1,..., in1  n1  1, in  n  1
I0 I1 I2 I n2 I n1

Também podemos calcular a chamada taxa total de correção monetária ou


taxa acumulada de correção monetária, que é a taxa de correção monetária para os n
períodos, denotada por i ac, que pode ser calculada como:

In
iac  1
I0

Desenvolvendo a expressão, podemos chegar em:

i ac = (i1 + 1) · (i2 + 1) · (i3 + 1) · ... · (i n–1 + 1) · (i n + 1) – 1


146 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

DESTAQUE

In
Para sair de iac = – 1 e chegar em iac = (i1 + 1) · (i2 + 1) · (i3 + 1) · ... ·
Io

(in–1 + 1) · (in + 1) – 1, podemos reescrever as equações de i0, i1, i2, i3,..., in–1, in:

I1
i1 + 1 =
I0

I2
i2 + 1 =
I1

I3
i3 + 1 =
I2

.
.
.

ln–1
in–1 + 1 =
ln–2

ln
in + 1 =
ln–1

Se multiplicarmos ambos os membros das equações, nós obteremos:

I1 I2 I3 l l
(i1 + 1) · (i2 + 1) · (i3 + 1) · ... · (in–1 + 1) · (in + 1) = · · · ... · n–1 · n
I0 I1 I2 ln–2 ln–1

Observe que, no segundo membro dessa equação, podemos simplificar I1, I2,
I3,..., In–1, restando apenas I0 e In . Assim:

ln
(i1 + 1) · (i2 + 1) · (i3 + 1) · ... · (in–1 + 1) · (in + 1) =
l0

Mas,

ln
iac = –1
l0

Logo,

iac = (i1 + 1) · (i2 + 1) · (i3 + 1) · ... · (in–1 + 1) · (in + 1) – 1


Amortização e Aplicações Financeiras | UNIDADE 4 147

O Exemplo 4.5 ilustra como trabalhar com a atualização monetária.

Exemplo 4.5. O quadro a seguir mostra os valores do IGP-DI para os seis


primeiros meses do ano de 2016:

Quadro 4.7 – Inflação janeiro a junho de 2016.

MÊS IGP-DI (%)


JAN 1,53
FEV 0,79
MAR 0,43
ABR 0,36
MAI 1,13
JUN 1,63
Fonte: Adaptado pela autora (2016) com base em Ipea (2016).

Suponha que Marinez tenha investido R$ 1.000,00 em 01/01/2016 e a atualização


monetária do investimento foi fixada pelo IGP-DI.

a) Qual a taxa acumulada de atualização monetária para o período


descrito no quadro?

• Observe que, nesse caso, não precisamos calcular as taxas individuais, pois o
problema já nos fornece:

i1 = 1,53% = 0,0153
i2 = 0,79% = 0,0079
i3 = 0,43% = 0,0043
i3 = 0,36% = 0,0036
i 4 = 1,13% = 0,0113
i5 = 1,63% = 0,0163

• Sabemos que a taxa acumulada é dada por:

i ac = (i1 + 1) · (i2 + 1) · (i3 + 1) · ... · (i n–1 + 1) · (i n + 1) – 1

Assim,

i ac = (0,0153+1)·(0,0079+1)·(0,0043+1)·(0,0036+1)·(0,0113+1) ·(0,0163+1) – 1
i ac = 0,060078
148 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

b) Qual o valor do capital de Marinez atualizado pelo índice?

• Para atualizar o capital, basta multiplicar por (1 + i ac).

Assim,

Valor atualizado = 1,060078 × 1000 = R$ 1.060,08

4.2.2 Desvalorização da Moeda


Definimos desvalorização da moeda como o decréscimo do poder aquisitivo da
moeda (VERAS, 2012).

Vamos denominar a taxa de decréscimo como taxa de desvalorização da moeda.

Para compreendermos como esse processo funciona, vamos considerar uma


inflação de taxa ii que, quando aplicada a uma mercadoria de valor V, faz com que
o valor dela passe a ser V · (1 + ii). Com o dinheiro que antes poderíamos comprar a
mercadoria, agora poderemos comprar apenas uma fração dela, dada pela expressão:

V
F
V 1  ii 

Simplificando V, temos:

1
F
1  ii

Como a soma das partes deverá resultar no inteiro, podemos afirmar que a fração
da mercadoria que esse dinheiro deixa de comprar é dada por:

1 1  ii  1 i
1   i
1  ii 1  ii 1  ii

Vamos chamar essa expressão de taxa de desvalorização da moeda:

ii
id 
1  ii
Amortização e Aplicações Financeiras | UNIDADE 4 149

O Exemplo 4.6 ilustra a desvalorização da moeda.

Exemplo 4.6. Ano passado, Maurício mostrou interesse em adquirir um aparelho


celular que custava R$ 1.600,00. No entanto, em um ano, ele sofreu um reajuste de
acordo com uma inflação de 12% a.a, passando a custar R$ 1.792,00.

a. Se Maurício dispõe de R$ 1.600,00, que fração do celular ele poderá comprar?

1
F= = 0,89 = 89%
1 + 0,12

Assim, Maurício poderá comprar 89% do aparelho celular.

b. Que fração deixará de comprar?

Como a soma das partes deve dar o inteiro, basta subtrair:


1 – 0,89 = 0,11 = 11%
Logo, Maurício deixará de comprar 11% do aparelho celular.

c. Qual a taxa de desvalorização da moeda que corresponde a uma


inflação de 12% a.a.?

A taxa de desvalorização é dada por:

ii
id 
1  ii

Assim:

0,12
id = = 0,11 = 11%
1 + 0,12

Logo, a moeda desvalorizou 11%.

DESTAQUE

Observe que todas as fórmulas de desvalorização da moeda utilizam a taxa


unitária. Portanto, se o problema fornecer a taxa percentual, não se esqueça
de transformá-la para unitária.
150 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

4.2.3 Taxa Aparente e Taxa Real


O efeito da inflação em um investimento pode fazer com que uma taxa
aparentemente alta fique muito baixa ou mesmo negativa. Daí surge a necessidade de
falarmos em taxa aparente e taxa real.

Taxa aparente é aquela que se obtém sem considerar a inflação do período e


taxa real é aquela obtida após excluir-se a inflação do período (VERAS, 2012).

Para compreendermos como esse processo funciona, vamos considerar que João
investiu um capital PV e obteve um montante FV ao final de um período n. Vamos supor
que a inflação do período em questão tenha sido descrita pela taxa ii.

Primeiramente, vamos desconsiderar a inflação. Assim, a taxa de ganho de João


será aparente, vamos denominá-la i a , e a relação entre o montante e o capital poderá ser
dada pela expressão:

FV = PV (1 + i a)

Isolando i a na expressão anterior, temos:

FV
ia = – 1
PV

Agora, vamos considerar a inflação do período do investimento de João, descrita


pela taxa ii. Nesse caso, percebemos que o montante será resultado do capital inicial
acrescido da taxa real de juros e da taxa de inflação.

FV = PV (1 + i r) (1 + ii)

Ou seja, sabemos que o montante é dado pelas expressões:

FV = PV (1 + i a) e FV = PV (1 + i r) (1 + ii)

Podemos, então, igualá-las e simplificar PV e isolar i r:

PV (1 + i a) = PV (1 + i r) (1 + ii)

(1 + i a) = (1 + i r) (1 + ii)

1  ia
 1  ir
1  ii

1  ia
ir  1
1  ii
Amortização e Aplicações Financeiras | UNIDADE 4 151

O Exemplo 4.7 ilustra como essas taxas aparecem na prática.

Exemplo 4.7. O salário de Janaína era R$ 5.000,00 e, depois da convenção coletiva


de trabalho de sua categoria, passou a ser R$ 5.600,00. Determine a taxa aparente e a
taxa real de aumento de Janaína, sabendo que a inflação do período foi de 9%?

• Observe que o problema fornece:

PV = R$ 5.000,00
FV = R$ 5.600,00
ii = 9%

• Primeiramente, vamos encontrar a taxa aparente:

FV
ia = – 1
PV

5.600
ia = −1
5.000

ia = 0,12 = 12%

• Agora podemos encontrar a taxa real, utilizando a taxa da inflação e


a taxa aparente:

1  ia
ir  1
1  ii

1 + 0,12
ir = – 1
1 + 0,09

i r = 0,0275 = 2,75%

Ou seja, podemos concluir que a taxa aparente foi de 12%, mas o aumento real
no salário de Janaína foi de apenas 2,25%.
152 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

4.3 Aplicações Financeiras e Inflação


Os principais tipos de aplicações financeiras são as com renda fixa e as
com renda variável.

Segundo Vieira Sobrinho (2000, p. 142), aplicações com renda fixa são aquelas
“realizadas em títulos e valores mobiliários, inclusive cadernetas de poupança e fundos
de investimentos”.

Vieira Sobrinho (2000) enumera algumas das principais aplicações de renda fixa:
Certificados de Depósitos Bancários (COB), Recibos de Depósitos Bancários (ROB),
Letras de Cambio (LC), Bônus do Banco Central (BBC) e Letras do Tesouro Nacional
(LTN). Quanto às com renda variável, podemos citar as aplicações no mercado de ações.

Independentemente do tipo de aplicação financeira, é importante destacar que,


ao se fazer um investimento em períodos em que há inflação, é comum que o investidor
receba juros e atualização monetária. A atualização monetária pode ser prefixada ou
pós-fixada, conforme define Veras (2012, p. 218):

Nas aplicações sujeitas à atualização monetária prefixada, o investidor


conhece antecipadamente o valor final do seu investimento. A atualização
monetária é fixada tendo em vista a inflação estimada para o período.
Nas aplicações sujeitas à atualização monetária pós-fixada, o investidor
desconhece o valor final do seu investimento. A atualização monetária varia
de acordo com algum índice medidor da inflação previamente estabelecido,
mas cujos valores dependem da inflação que ocorrerá durante o período em
que o capital ficar aplicado.

Veras (2012, p. 218) destaca também que, em épocas de inflação, os principais


investimentos procurados são:

a caderneta de poupança, o certificado de depósito bancário (CDB), o recibo


de depósito bancário (RDB), os fundos de investimento financeiro (FIF)
ou fundos de aplicação financeira (FAF), as letras de câmbio (LC) e as
aplicações em open market (overnight, se por um dia).

O cálculo do montante atualizado de uma aplicação financeira pode ser feito de maneiras
distintas. Nesta unidade vamos exemplificar utilizando o regime de juros compostos e o caso
em que a atualização monetária incide, sucessivamente, sobre o montante atualizado do período
anterior. Segundo Veras (2012, p. 222), essa é a “sistemática da caderneta de poupança e das
aplicações financeiras em geral. Apenas com ela as taxas de atualização monetária e de juros
podem ser consideradas reais”.
Amortização e Aplicações Financeiras | UNIDADE 4 153

Para compreendermos esse processo, vamos considerar:

• PV: Capital aplicado.

• n: Número de períodos.

• J: Juros.

• AM: Atualização Monetária.

• i: Taxa de juros por período.

• i1, i2 ,..., i n: Taxas de atualização monetária para cada um dos n períodos.

• FVA: Montante atualizado.

Para calcularmos o montante atualizado, precisamos calcular o montante


atualizado de cada um dos períodos, ou seja,

FVA1 = PV (1 + i1) (1 + i)
FVA2 = FVA1 (1 + i2) (1 + i)
PV (1 + i1) (1 + i) (1 + i2) (1 + i)
PV (1 + i1) (1 + i2) (1 + i) 2
.
.
.

FVAn = FVAn–1 (1 + i n) (1 + i) = PV (1 + i1) (1 + i2) · ... · (1 + i n) (1 + i) n


Mas,

(1 + i1) (1 + i2) · ... · (1 + i n) = 1 + i ac

Assim,

FVAn = PV (1 + i ac) (1 + i) n
O Exemplo 4.8 ilustra esse tipo de atualização do capital.

Exemplo 4.8. Euclides investiu um capital de R$ 10.000,00, durante três


meses, em uma aplicação com rendimento de juros com taxa de 1% a.m. Sabendo que
a atualização monetária foi fixada com taxas de 0,5%, 1% e 1,5%, respectivamente,
calcule o montante atualizado de Euclides, considerando o regime de juros compostos
e o caso em que a atualização monetária incide, sucessivamente, sobre o montante
atualizado do período anterior.
154 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

• Observe que o problema fornece:

PV = R$ 10.000,00
i = 1% a.m. = 0,01 a.m.
i1 = 0,5% = 0,005
i1 = 1% = 0,01
i3 = 1,5% = 0,015

• Primeiramente, vamos encontrar a taxa acumulada:

i ac = (1 + i1) (1 + i2) · ... · (1 + i n) – 1


i ac = (1 + 0,005) (1 + 0,01) (1 + 0,015) – 1 = 0,03027575

• Agora podemos encontrar o montante atualizado:

FVAn = PV (1 + i ac) (1 + i) n
FVA3 = 10.000 (1 + 0,03027575) (1 + 0,01) 3
FVA3 = 10.000 (1 + 0,03027575) (1 + 0,01) 3
FVA3 = R$ 10.614,94

Assim, podemos concluir que o montante atualizado de Euclides será


de R$ 10.614,94.

4.4 Praticando
Para aprofundar seu conhecimento sobre sistemas de amortização e inflação
e resolva os exercícios a seguir. Lembre-se de sempre identificar o sistema de
amortização e usar a calculadora HP 12C para calcular o valor da prestação no sistema
Price. Se encontrar alguma dificuldade, confira a resolução que se encontra ao final da
lista de exercícios.

1. Um financiamento de R$ 20.000,00 é amortizado em 5 prestações mensais à


taxa de 1,3% a.m. Calcule a prestação Price e o saldo devedor após o pagamento
da primeira prestação.

2. Um financiamento de R$ 20.000,00 é amortizado em 5 prestações mensais à


taxa de 1,3% a.m. Faça o demonstrativo SAC completo.

3. João Pedro contratou um financiamento de R$ 120.000,00, amortizado em 10


prestações mensais com uma taxa de 1% a.m. pelo sistema SAC. Qual o valor
da segunda cota de amortização?
Amortização e Aplicações Financeiras | UNIDADE 4 155

4. Alice contratou um empréstimo de R$ 10.000,00 para ser pago em 6 meses,


com juros de 1,2% ao mês, pelo sistema Price. Qual é o valor da prestação?

5. Ana Luiza contratou um empréstimo de R$ 10.000,00 para ser pago em 6


meses, com juros de 1,2% ao mês, pelo sistema SAC. Construa o demonstrativo
completo da dívida.

6. Lauro contratou um empréstimo de R$ 10.000,00 para ser pago em 6 meses,


com juros de 1,2% ao mês, pelo sistema SAM. Calcule o valor das prestações.

7. Em um empréstimo de 6 meses, Patrícia pagou-se a taxa de 12% a.s. Se a taxa


real cobrada foi de 5% a.s., qual foi a inflação do período?

8. Um empréstimo de R$ 80.000,00 deve ser pago em 5 meses, com juros de 2%


a. m., qual é o valor da prestação pelo sistema Price?

Resolução:

1. Primeiramente vamos calcular o valor da prestação, utilizando a calculadora


HP. Depois colocamos os dados no demonstrativo Price.

20000 PV 5 n 1.3 i PMT

Logo, a prestação é de R$ 4.157,34 e o demonstrativo é dado abaixo:

N PAGAMENTO JUROS AMORTIZAÇÃO SALDO DEVEDOR


0       R$ 20.000,00
1 R$ 4.157,34 R$ 260,00 R$ 3.897,34 R$ 16.102,66
2 R$ 4.157,34 R$ 209,33 R$ 3.948,01 R$ 12.154,65
3 R$ 4.157,34 R$ 158,01 R$ 3.999,33 R$ 8.155,32
4 R$ 4.157,34 R$ 106,02 R$ 4.051,32 R$ 4.103,99
5 R$ 4.157,34 R$ 53,35 R$ 4.103,99 R$ 0,00

Assim, o saldo devedor após o pagamento da primeira prestação é


de R$ 16.102,66.
156 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

2. Aqui basta calcular a amortização e preencher o demonstrativo:

20000
A= = R$ 4.000,00
5

N PAGAMENTO JUROS AMORTIZAÇÃO SALDO DEVEDOR


0 R$ 20.000,00
1 R$ 4.260,00 R$ 260,00 R$ 4.000,00 R$ 16.000,00
2 R$ 4.208,00 R$ 208,00 R$ 4.000,00 R$ 12.000,00
3 R$ 4.156,00 R$ 156,00 R$ 4.000,00 R$ 8.000,00
4 R$ 4.104,00 R$ 104,00 R$ 4.000,00 R$ 4.000,00
5 R$ 4.052,00 R$ 52,00 R$ 4.000,00 R$ 0,00

3. Observe que no sistema SAC a amortização é constante, então o valor da


segunda cota de amortização será:

120000
A= = R$ 12.000,00
10
4. Para o cálculo da prestação no sistema Price, podemos utilizar a calculadora HP:

10000 PV 6 n 1.2 i PMT

Logo, o valor da prestação é de R$ 1.737,36.


5. Aqui basta calcular a amortização e preencher o demonstrativo:

10000
A= = R$ 1666,67
6

N PAGAMENTO JUROS AMORTIZAÇÃO SALDO DEVEDOR


0 R$ 10.000,00
1 R$ 1.786,67 R$ 120,00 R$ 1.666,67 R$ 8.333,33
2 R$ 1.766,67 R$ 100,00 R$ 1.666,67 R$ 6.666,67
3 R$ 1.746,67 R$ 80,00 R$ 1.666,67 R$ 5.000,00
4 R$ 1.726,67 R$ 60,00 R$ 1.666,67 R$ 3.333,33
5 R$ 1.706,67 R$ 40,00 R$ 1.666,67 R$ 1.666,67
6 R$ 1.686,67 R$ 20,00 R$ 1.666,67 R$ 0,00
Amortização e Aplicações Financeiras | UNIDADE 4 157

6. Aqui é importante lembrar que no sistema SAM as prestações são a média aritmética
entre os sistemas Price e SAC. Esses cálculos foram realizados nos exercícios 4 e 5,
então vamos aproveitar os resultados e realizar apenas a média aritmética. Assim:

N SAC PRICE SAM


1 R$ 1.786,67 R$ 1.737,36 R$ 1.762,01
2 R$ 1.766,67 R$ 1.737,36 R$ 1.752,01
3 R$ 1.746,67 R$ 1.737,36 R$ 1.742,01
4 R$ 1.726,67 R$ 1.737,36 R$ 1.732,01
5 R$ 1.706,67 R$ 1.737,36 R$ 1.722,01
6 R$ 1.686,67 R$ 1.737,36 R$ 1.712,01

7. Observe que:

i a = 12% a.s. e i r = 5% a.s. Assim:


(1 + i a ) = (1 + i r) (1 + ii )
1,12 = (1,05) (1 + ii )
1,12
ii = - 1 = 0,0667 = 6,67%
1,05

Logo, a taxa de inflação foi de 6.67% a.s.

8. Para o cálculo da prestação no sistema Price, podemos utilizar a calculadora HP:

80000 PV 5 n 2 i PMT

Logo, o valor da prestação é de R$ 16.972,67.


158 MATEMÁTICA FINANCEIRA E COMERCIAL | Rute Henrique da Silva Ferreira

Síntese da Unidade
Nesta Unidade, abordamos amortização, inflação e aplicações financeiras.

Os sistemas de amortização são as formas de pagamentos dos empréstimos


(VERAS, 2012), cujo processo de reembolso é realizado por meio de pagamentos de
prestações em épocas pré-estabelecidas.

Cada prestação é dada pela soma de duas parcelas: amortização e juros.

Alguns dos principais e mais utilizados sistemas de amortização ou de reembolso


de empréstimos são:

• Pagamento no final (Sistema do Montante).


• Pagamento periódico de juros (Sistema Americano).
• Prestações iguais (Sistema Price ou Francês).
• Amortizações constantes (SAC).
• Amortizações mistas (SAM).

É importante ter em mente a nomenclatura utilizada e saber que o cálculo de


cada elemento depende do sistema de amortização utilizado.

De acordo com Veras (2012, p. 207), “inflação é a ascensão persistente e generalizada


dos preços de bens e serviços”. O efeito da inflação em um investimento pode fazer com que
uma taxa aparentemente alta fique muito baixa ou mesmo negativa. Daí surge a necessidade
de falarmos em taxa aparente e taxa real.

Os principais tipos de aplicações financeiras são as com renda fixa e as


com renda variável.

Ao se fazer um investimento em períodos em que há inflação, é comum que o


investidor receba juros e atualização monetária. Nesta unidade, utilizamos o regime de
juros compostos e o caso em que a atualização monetária incide sucessivamente sobre
o montante atualizado do período anterior.
Amortização e Aplicações Financeiras | UNIDADE 4 159

Bibliografia
ASSAF NETO, A. Matemática financeira: edição universitária. São Paulo: Atlas, 2017
HAZZAN, S.; POMPEO, J. N. Matemática Financeira. São Paulo: Atual,
2007.
IPEA - INSTITUTO DE PESQUISA APLICADA. Ipeadata. IPEA, Website, 2016.
Disponível em: http://gg.gg/ozm62. Acesso em: 10 nov. 2016.
VERAS, L. L. Matemática Financeira. São Paulo: Atlas, 2012.
VIEIRA SOBRINHO, J. D. Matemática financeira. São Paulo: Atlas, 2000.
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