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A Magia Do Coração Da Consciência Ao Agir
A Magia Do Coração Da Consciência Ao Agir
A magia do coração: da
consciência ao agir
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Na minha velha cadeira de ferro enferrujada, no meio do gramado, sou capturada pelo
canto persistente dos melros que cobre aquele mais profundo canto de um rouxinol
distante, enquanto um vento quase impetuoso move densas nuvens no céu
atipicamente claro e atormenta as hastes longas. Ventos que limpam o ar, devolvendo
ao céu um esplendor desconhecido. Perfume de verde e de flores.
Na realidade, todo esse surpreender, assim fugaz pelo sufocante amontoar-se das
estações, me deixa inquieta. Me pergunto com qual direito posso me deixar levar por
tanta beleza, no meu pequeno nicho, se o pensamento retorna ciclicamente nos
cenários desolados que todos os dias, do mundo inteiro, se agarram em nosso
cotidiano.
Gostaria de poder pintar, mas a mente está esvaziada, atordoada com o que
acontece, dentro e à minha volta, e cada gesto meu corre risco de se perder nas vãs
possibilidades dos acontecimentos sem sentido, no qual o pensamento se concretiza e
plasma o seu pequeno e inútil mundo. Cada nova possibilidade de voltar ao começo é
ciclicamente explorada, consumida, devorada, e acaba no lixo. Me pergunto onde eu
estou indo. Onde estamos todos indo?
Mas isto não me satisfaz e sou eu a dizer a mim mesma que aquilo que vejo é só uma
parte da realidade. A parte desanimadora que me consome, que gostaria de negar ou
resolver, deve também ser apoiada pela outra, a metade positiva no mundo dos
opostos. Trata-se dos eventos chamativos, porém novos.
E se não podemos mais pensar a nós mesmos sem compreender e abraçar ao mesmo
tempo o destino dos outros, tudo isso toca dentro, emotivamente, mas também de
maneira prática.
Mas existe uma correlação entre um despertar ainda que mínimo da minha
consciência e uma ação verdadeiramente eficaz? Posso renunciar à fúria e à exaustão
e tentar inverter os termos: da falta de coragem à confiança, da apatia ao
entusiasmo... na base de uma consciência concreta…
Sim, existe. Os grandes poderes do mundo visível, que podem parecer todos
interconectados, são assim somente na minha cumplicidade. É por isso que a teoria
do complô não pode nem deve resistir. Mesmo que na economia, sistema financeiro,
indústria, digitalização, energia, certa cultura, certas religiões pareçam orquestras de
um único plano a seguir um único objetivo, e que esse único objetivo pareça satisfazer
o plano de uma única liderança invisível que direciona as linhas como uma voz fora do
campo, a gerir um grande jogo, é assim somente se nós permitimos.
Se, no entanto, somos forçados a ceder a essas forças a nossa energia mais sutil,
somos nós que permitimos esse mecanismo. Na realidade, um microcosmo desperto é
mais forte do que qualquer poder invisível. Podemos compreender profundamente
essa verdade e agir de modo eficaz. É o caminho percorrido pela Pistis Sophia na sua
viagem de retorno ao Primeiro Mistério.
Assim também trabalha o nosso coração espiritual. A Luz que brilha, pequena
centelha radiante, dentro do nosso coração nos leva a buscar, a acreditar, a insistir, a
não desistir, a tentar até que uma Verdade única se desdobre à nossa frente: aquilo
que fazemos para o menor é para todos. Aquilo que faço para mim mesma, faço para
todos, no bem como no mal. E reconheço o caminho de retorno, a restauração da
ordem no mundo, assim como na minha vida, resetando o percurso de origem,
desperto de um sentir mutilado do tempo.
Porém, como sempre ocorre, perante uma intuição do coração espiritual se abre
imediatamente uma falha, uma nova oportunidade de queda: a tentação de
retrocesso com a veste fátua da vida dialética como se ela pudesse realmente nos
libertar. Quantos somos tentados a salvar o mundo no qual nascemos e do qual
queremos nos libertar? Inúmeras escolas nos ensinam a usar de modo mágico o nosso
pensamento. Mas sabemos que nossas perspectivas, nascidas de uma mente presa e
uma alma ainda envolvida em bandagens, são incapazes, sim, de nos fazer atingir a
verdadeira Vida. De novo, o coração já sabe disso. E nos adverte.
Não é neste mundo dual que o plano do Todo poderá se cumprir. O que buscamos
realmente? O pão da natureza ou o vinho do Espírito? Somente o coração sabe.
Se eu sou Amor, será Amor também o mundo em que vivo. Ele será beleza, se beleza
existe em mim. Eu sou o mundo e o mundo está em mim. A totalidade que reside em
mim não teme nenhum inimigo. O inimigo existe antes na minha imaginação e só
depois na realidade. Eu o crio. Dou-lhe força. Não existem forças maiores do que essa
única realidade que vive em tudo, onde o centro está em tudo, estando, portanto, em
mim.