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Qs valore: atrés do proprio rabo’ ‘torial La Bohemia/ Sle Nacona. Buenos rs outubro de 2008, z= se O valor correm, No proceso de percepcao de um objeto, o ato de per- ceber é sempre insuficiente, sempre hi mais objeto do que olhar, sempre o que é olhado transborda para aspectos que ainda nao pudemos observar. Quem per- cebe rodeia 0 objeto de seu olhar de modo que nunca pode vé-lo em sua totalidade, mas, sim, de modo suces- sivo, incomplete, fragmentado. E o que pretendo fazer em torno dessa matéria to complexa dentro da litera- que a questdo dos valores. Os valores € 0 Questdes que se conectam a outras,tais necessidade e a importincia de educar, a qualidade literdria, a ética e 0 compromisso intelectual, o oportunismo de autores e editores, a estupidez de cer ou a necessidade de tos livros, a pretensdo, o dese entreter, a sempre presente tensdo entre autonomia € literatura e a sempre presente tensio entre literatura literatura infantil. Escrevendo estas notas, tentando cercar 0 objeto, vi também como mi meus preconceitos oscilavam € se reorganizavam. Digitalizado com CamScannet 1 Ad Guestao em pelo atura € da, € os que pen cial ou 0 politico. Realismo, idealism, 0, sao, utilitarismo... A literatura coy mo em torno do papel dos escrtores divide a ros dois grupos: os que pensam que stividade exclusivamente individual, m que © importante na literatur atura, priva' éo moral, 0 50% compromisso, ev jnstrumento educativo, moral, social, politico € al; algo que remonta ao inicio dos tempos. Assim a entenderay bém os escritores do século XIX em mM Os arprica, para nao dar mais que dots exemplos nossa cussao sobre 0 edificante, 0 politico ou o anh dis- jpra nao é nova ¢ se relaciona com a qualidade = cone rpergunta & se a obra deve ser veal de wail ee de dentincia ¢ se essa caracteristica ¢ suficenie ail a justificar sua qualidade literdria. gregos ¢ am ize Tem sido dito @ exaustéo due nas origens, a literatura infantil era serva da pedagogia e da didatica. Lutamos fg isso nos anos 1970 © 1980, com a intengéo de que ura infantil fosse literatura. Hoje, porém, grande oducao de livros pare criangas € jovens: pelo eu pals, é es atégias de vvenda gga abstragao due 0 mercado, mas He contr a literat parte da pr menos em ™ mercado: E: edor cecabe lembrar — & integrada POF Pe os leitores _, adverte gue oe a escola -i curriculo a edu adequados, seré an val ir que ese, pedir — aconteceré apenae or eré apenos eno © sera preciso pe escrilores s¢ encarregarao ek rao cl les mi lePois os ever esse po de livro, a0 constatarem © 'esmos volum e f tentador para um escritor le suas um vio eentregé-lo a que pode cant’ também rapidamente nas iamente para edicio, sever da, 0s direitos autorais, sobretudo qi Feaver, em segui. dh, ores contando situacBes pessoste nee ger = teve de espe- de eser, prune anos para encontrar um edi ditar seu livro tal como seu livro Sator ue quisesse ¢ importante para os editores editar liv va. F claro que ‘ender bem, disso vive a industria edito, eee tee soas trabalham nela, ¢ também é impor sl © muitas pes- los possam ser vendidos para a an ae eaelcaees comprador. £ muito tentador, para a e & due € 0 grande certos contetidos do curriculo — nest. eee emvalores. Roda que roda, e est © caso, a educagso comeco: a literatura serva da a novamente no pedagogia e da didatic. Fizemos uma long para chegar nenhum. a lor \ga viagem para chegar a lugar Digitalizado com CamScanner de modo ¥ nado pred" nm icacdo- DeIXa-se de lado a converté-los em pensa- o literario subordina-se tende a homogeneizar a re algo que esté no sentido inverso * ambiguidade ¢ 0 desdobramento lominam. A adequacao dos titulos 1 de catélogos que assinalam a contel $6 iss0 j de uma € aptidao de ur ivro para transmitir ou ensinar deter nado valor € Sua lassificacao em relacao a chamada valores € uma fita de Moebius’ que se educagao em nta a partir lar para as edito- as editoras para os a do currfculo esco utores. As respostas destes a satisfazer a demanda dos editores, ‘os para certas necessidades de ivros das editoras tende que pede produtos alime! ras ed jtimos tendem ndo textos apt produgio de | 1a da escola, consumo, ¢ 4 a satisfazer a demane extremidades rando essa ete ido pela colagem das dv2 Ferdinand om uma delas, 8! Espaco topoldgico" ob 0 matematico August tuar meia-volta Deve seu nome a ‘a estudou em 1858. ra} WF de ‘erminad do merea fe 3% neceags Content 7 Ssidad tamentos de pre! Prome inclua em se US Drogrs Pan oe ete n, * MINgUEy 25 © pre Cuidado com o ambn Projet ie cia ante a diversid, dire’ lade, & i . convive com 05 idosos, amparo aso aro aS cri res, busca da verdade, nag. jiberdade, honestidade, pa Viole , paz, cia cia, am; Solidariedade, Pro} Moco \ do bem e do tral de nobreza balho so alguns val vrobreza nominal indi i le nominal indiscutivel as 8a dessa maneira, ndo estamos as (olacando a lista, (0 lon; esto de Constancio C. Vigil? re io C. Vigi* que, quando ne *daqtueles livros ra menina, Nos ensinavam a ser bon: Trata-se da persi f¢ 2 adquirir habitos hig xe Pe stente concretizacao di ns higitnicos pensante. Enfim, 0 di . ——; , demos a volta complet iscurso bem ° querda, a0s anos 1950, a époc: ‘4 € retornamos, ji . ‘@ pré- , que acontece no campo dos livros p. Pré-Walshs, ara criani as eitoras insistan m nO cruzamento entre moral ¢ lit cas para que e lite unta~ gunta-se Marcela Carranz. ratura’ ‘a num artigo sob: + per- re Os val lores nos livros para cri vista virt ar ‘lancas publicado na revi vi al 2 Constanci 10 Cecili “apEntino.fx.e] lio Vigil (1876-1 1954), escritor € editor un iguaio- escrit fora, poeta e compositora at i ido com CamScannet igitaliza D a, O que acontec ode! produca¢ nte, a nao d me Eo escritor? O que acon. dade em tudo isso? 4 dois pontos extremos de um sao 05 ese alimentam uma da outra, Diz-se Aeducacio ¢% campo de tensoe ai 3 campo de ere anti €a moral S30 veThas conheddas vam o sao a literatura ¢ a moral. Séfocles*, com ra ipo, pretendia nos ensinar a lel © 08 graves perigos de transgredi-la, mas © que aoe nos mostrando foi a foscinacio humana ante a proibicdo ¢ o desdobramento «os miltiplos caminhos que 0 desejo abre entre 0s sees humanos, A literatura nao é, nunca foi, auténoma, como rvio que também ndo possa s¢-lo nenhuma expressio da cultura. Por isso, creio, a questo dos valores € bem mais complexa do que aparenta. © discurso sobre os valores, nao parece ser hoje, como foi em outros tempos, fru- to de uma moral imperante, mas de uma estratégia de venda das grandes editoras. Hd um deslocamento visi- vel dessa questao da leitura para a producao dos tex los: jé ndo estamos diante de uma leitura de intengoes pedagégicas ou moralistas que interpreta os textos deum es (96 aC=406 aC), pocta € dramaturgo grez0. bel " “pido. dar. ASSiM, S80 Produzidlos main EO produto pode 05 liv walquer rec esolutamente i amt ica interpretag iguidade, que xidade de sentido. Um cha ™ toda comple- se pergunte nada, quando a Titeratuy AWE O leitor na uma interrogacio sobre o mundo,” 2st Isso significa que nao deve haver livros para criancas? Entramos num ven teens NOS ecionadlos, carentes de pedem uma Ui 80 © afastay mado para a. uM terre a relagdo entre autonomia e literature ne complexo; 4 a - Diz Jor sa? que © carater pedagégico (¢ quando diz s Lano- devemos ler utilitério) de um texto literérig eae dade de leitura, © €uma fina- mais que uma caracterist eristica Entretanto, o problema hoje ests dos textos, Prios textos, porque certa drea Sobretudo, nos pro- do mundo editorial fabri- ido com CamScanner igitaliza D 9 medo da palavra 5. i; ue diz respeito Figs, que escrevermos: MPT ng q : bien palavra 4 do, nas tiltima compromisso, um P 5, sobretu' S 3 literatura, em es seria se repasséssemos a a, : dda em outros tempos: lite- décadas, foi a Ce mprometer~se em aquela expresti0 que quer dizer comm! dizer compromisso na escritay Iie escrita de Monteiro Lobato, Graciela Montes, Marina Elena Walsh, Bartolomeu a Devetach, Javier Villafaie, Colasanti, Julio Llanes, Ma eirds, Laur 5 de Queiré : mic ae 56 alguns nomes de escritas muito diversas na para dar s6 a LI) do coi ,, nao é comprometida nem esta sus- tentada em determinados valores humanos ¢ em certa concepcio do mundo, Seria bom lembrar que sem esses essas mulheres ndo existiriam essas obras, € las tém provém do que eles sao. homens € Jo 0 que el. Segundo Oscar Masotta®: que & preciso ndo esquecer que ndo er mos uma obt um homem nos conta a aventura de uma consciénda ara o mundo e que toda obra nao é mais que um - as . movimento vertiginoso entre uma consciéncia € © ™ saista € psicanalista a8 1930-1979), arte, de outro. Tudo est junto, rf Porque t no social. Toda consciencia ¢ fala €stamos imersos in No ser d i ser funcional, por permanecer em aly. que uma obra nos fala. E nessa vac de, nessa disfuncionalidade e nessa que esté 0 que uma obra tem para escritor que tenha ideias sem fissutas, nag acolh contradig6es que se revelam em sua obra, é a levé-lo ao politicamente correto, é também ; rade cerceé-lo e, sobretudo, é se conduzr, para esse beco sem said: por nao ser de todo clara, po 'gum ponto opaca é lacdo, nessa opacida Tarefaco de sentido Nos dizer, Pedir a um uma manei- como leitor, 1a do que deveria ser: 0 que se descobre num verdadeiro escritor é uma sociedade, um {empo, uma geografia, uma cultura, Trata-se do Particu- lar, do mais profundamente Pr6prio, nao no sentido este- ‘cotipado do termo, mas em seu sentido mais profundo, ue faz que isso seja dali e no de outra parte, Mas esse “dali” ndo é necessariamente um pais, é mais uma area do humano, que, de téo particular, néo pode deixar de *** Percebida como verdadeira. “Se tivese que dar um titulo minha vida, seria este: ‘Spector Trata-se d Propria coisa que em busca da prépria coisa, disse Clarice lo dificil caminho de encontro com a todo verdadeiro escritor empreende, ido com CamScanner igitaliza D cca e aventurandg~ ne oj pent, alla capacidade de caminho para 0 proprio, y do homem. Mas esse %g 5 seria também social? Oy assoal nao tocado pelas coisag . sociedade da qual do se ndo se considerar que de da qual sew discurso se alimentgy daé abaro’, Particular, portanto, privado e riselda Gam rofundamente social. Esse iz ‘esmo tempo, PI mo, so pe a intimo ¢, 20 ™ éo carater da escrita. 6. A questa Por um lado, dos valores tornou-se um cliché de duas faces os vei an » to aio fabricados livros horriveis para “ensinar si or outro, hé quem argumente que isso valore: . i i certs escreva ou publique uma literatura desprovi- nao é bom, a ite de qualquer vislumbre 2 ga co a ircule como literatura porque nao preten- ae E uma espécie de reclusio ideolégica, um a radoxo. Todos falamos de valores one —- i diferentes. Penso agora no ‘ 4 a sao Jt Lanes, livo que publique nace cuba ) argentina Jda Gambaro (1928-, escritora ¢ dramaturga arBe 7 Griselda Gat novelas juvenis 4 le m iMpressionanie Scurs ue é, sem duivida, insti soldoricda, Gene POD sobre aloes © construgio da iden Pad Tutor pelo que é Proprio renin cerlamente, todas a5 sua, — ns escreve nao ¢ 2S pagina anes escreve n80 € tteratyene politic a O que ou literariamente incorreta guy cle fale, a €oreto ia, da fome, da terra, que sou uma leitora comover até as entranhas por go © como eu, 105 leilores, em Seu pais ¢ no mey, moveram, — nota recente sobre literatura infantil no DNa, suplements cultural do jomal La Nacin, diz-se: Na een, ldo muito em moda os livros que procuram ensinar valores com q solidariedade cow o cuidado com o meio ambiente ¢ os ME ensinam a escovar 95 * colocando, como ja 6 costume fazer, com total impunidade e hipoers Isla, todo o peso na escola, nos professores que lem mal, escolhem mal ou compram mal, tirando toda aresponsabidade dry eseritores que escrevem e cobram por esses livros ¢ deg editores que os publicam, promovem e vendem.O debate social, 0s pobres, os que discriminam ou sio discrimina. dos, os que nao tém meméria, a violencia familiar ¢ social, aditadura e tantos outros assuntos Podem ser temas da Meratura, claro que sim. Podem s®o, assim como outros temas, sempre e quando houver ali intensidade. Os valo- Fes ndo so universais nem existem de modo abst: me deixe ivro, Se coy dentes, a no brigar com os irmios.. rato, ido com CamScannet igitaliza D ara todos 05 Povos Ou Para todas valores em termos abstratos je nada, Como acontecg 50 iguais P co 510g Ty A respeito d como eserever s i i im como esr .s livros ruins que S40 publicados, livros nto: Matores conhecidos sob 0 sclo de grandes uma tiltima manifestaco da Nova Vu. de que Bourdieu fala, dessa linguagem nascida de um nada, que faz tabula rasq dabre qualquer vislumbre de consciéncia, considerandg que esta é uma antiguidade, ¢ & qual muitas vezes muitos escritores ¢ artistas aderem por omissdo ou concessio, sistente do neutro. Desse canteiro tampou sses sociais- as cla assi xe com tantos € assinados por parece netiria mente Trata-se da busca vem 0s discursos do moralismo, © multiculturalismo ea declamacio literaria de igualdade para todos, enquanto lusdo cresce em nossos paises. atura light, feita a la carte, para ensinar valores ‘ou para divertir, assim como a literatura politicamente correta, é uma forma persistente do conservadorismo politico ¢ social. Novas ¢ sofisticadas formas do discur- so conservador, que, entre outras estratégias, seleciona aquilo que Ihe permite sustentar 0 status quo, ocupando- -se de temas ¢ aspectos que supostamente sao de Pree” cupacao social, num recorte de brutal superficialidade X - ros de colecbes pata el “de nada” oferecidos: 1e se expropr® Nesses produtos a la carte — car em valores ou livros com gosto como literatura hiidica ou prazenteira — © 14! fami- eratura também, ™ todos e. : ss ; ca partir da tensdo que eles prow, wes condicionantes 0¢% am, co resses, seus desejos ¢ seu campo ideo| eed légico que nu _ ‘UM escritor escreve ensidade, pondo-se © nunca longe delas, ca est a margem do que produy —consciéncia do mundo — com in inteiro nesse mar de contradigies intensa € fatalmente imerso, 8 O significado primeiro da Carater, que vem do latim, marcar e era, por extensao, Palavra ética ethos) & caréter €r2 0 nome dado ao ferro de marca, figura ou si imprime ou esculpe em una eas, etnban ee orm particular de qualquer sistema de escrtura, Ensinar, he ae ie de insignare, que significa deixar 0 signo, ae a €m alguém, Etica ¢ educacio trabalham no ae aa uma marca, delinear um modo de com- ee tee disso, a arte procura capturar algo do assim con ee _° na qual o comportamento e 0 carter, ae fee © adequado e o correto, se recolhem coon sidade. Qual é, entdo, o lugar da ética nos escritores de livros para criancas? Qual , ido com CamScanner igitaliza D literatura? Falta ética, npressa, editada, gera ven~ ou tenta enganar leitores entao... desdobramento incautos jg se declaram quando menos estio Sais dade. Ante a escrita, abismam-se pensante, cambaleiam nossas ue deve ser %. Muitas vezes cendo que ela itil, deve conser literatura é sempr sonagem ou de cert geral, Um conto, um ro} cia que forja seu destino, em que escolhe sua felicidade ou seu desmoronamento. Trata-se da dor ow da alegria do singular, o humano é singular da luta de uns personagens entre 0 que sioeo que querem ou podem ser. Mas a verdade na literatura info termina nas palavras. Caso se tratasse s6 de pala vras, no poderiamos acreditar, no poderfamos entrar no pacto de ficgao que uma obra nos propoe: Para con” seguir que essa verdade nao seja, ento, s6 de palavras e luta le uma quisemos dar A literatura uma funcio, esque- ‘tem por si mesma. A literatura, para ser svar certo traco disfuncional. A verdade da uma verdade particular, a de um per a vor, que narra, nunca uma verdade mance perseguem uma conscién= acompanhando-a no instante a literatura luta principalmente contra a lingua também contra a educagio ¢ os valores oficiais 4 sociedade, Cercada por essas ¢ outras zonas da ¢ ultura, a escrila € desvio, como - 4 diz ° e se ota Ne uma frase que gosto de O° Nest Bost0 de city, ‘or Perlongher em rma, do espe Desvi norma, do esperado, ‘Svio do qué? Desvio evi weivel Desvio para nés 0 diz Clatice erado, do pr MOS, PAN A Prépria coisa, co, 10. petenho-me outra vez em um "echo de Jorge Larrosa: ‘Aliteratura no reconhece nenhuma fe “i, nenhumi norma, cor : M0 O demoniaco, 56 se defi negativamente, pronunciando mais de uma mn vex seu non ser nenhum valor. A literatura, m?. Tratando, certamente, da condigdo human, ~ humana, oferece tanto 0 belo como o a ‘9 justo como 0 injusto, tanto o virtuoso como o — to so. E nao se submete, a0 menos em principio, a nenh erm servidao, Nem mesmo moral. : “ma Tomo essa definicdo para fazer algumas conside- ragdes necessdrias: “A literatura ndo reconhece nenhuma lei, nenhuma norma, nenhum valor’, diz Larosa. Mas, na — lidade, a literatura esté cheia de normas, leis e valores. Imagino que Larrosa queira dizer nenhuma lei extema as 8 A frase latina Nc ee eames equivalente a “nao servirei Geralmen- ae icifer, expressa a recusa em servir a Deus no reino também € usada ou conhecida como lema por srupos politicos, lee pore a 05, culturais ¢ religiosos rd i ta ctu relgiososa fim de expressar desac scsas pela maioria, (w.£] cas comuns ¢ estruturas organizacionais 137 ido com CamScanner igitaliza D eS | m esereve Vai Procurands qu fe avés das i formas at esc porque 4 do. Pord j0, ¥ ser balba as Fes, 88 NOFMas, as Jes mais interessantes da escrta formas. Uma 42s 4 escritor coloca a si jo(s) obstaculots) eo esc a St mesmo, s a dots) obsta ea dot ota que Ihe sejam postos por suas escolhas desejo de que apareca a propria coisa, que dificil de encontrar. Sem condicio- é sempre esqur sem lei, sem regras, sem normas, sem limites se deve ou ndo se deve, 0 que se pode ou fazer, nao existe liberdade criativa nem lade. E isso justamente o que tentei fazer de escrita durante anos: colocar obs- téculos 4 espontancidade do outro como quem fecha uma comporta para que a corrente se veja obrigada a fazer outros percursos. "Promunciando mais de wma vezsea diz Larrosa, Entendo 0 nao servilismo da namento, entre 0 que nao se pode existe inte! em minhas oficinas non serviam', a mais como um desejo € um caminho do que ou até como um resultado, storia da literatura, vere mentos, desejo, intencese es ¢ abjetivos diver- s obras maiores de um projet e conformar para que como €° escrit como uma verdade absoluta, porque, se observarmos a hi mos que teve, em muitos mo! necessidade de servir a causas, raz6 sos, e veremos também que muitas da: da cultura universal foram feitas ao calor politico, para desenvolver uma identidade uma nacao ou, inclusive, mais concretamente, nenhum integrante da companhia de atores, endo além de seu fncia que oferecem u. Volto ao ponto: 0 segredo da arte nio é a bel perfeicdo nem... O segredo da arte est na inte dade Caso essa intensidade viva na obra, caso se See inteiro no que se escreve, jé ndo tem ipovtne| con tetido nem os valores que emanam do escrito, sone mada) ¢ figura sero uma s6 coisa, terdo se ane serao a obra, € tudo 0 que consigamos escrever es " pleno de valores e de sentido, quer se fale do a Toxo que se vé pela janela de seu quarto de solteirona, como a poeta Emily Dickinson? “se nao estiver viva funda ay 9s pintarroxos, ao da encarnada/ gravata, emt minha ed ote tuma migalha’, quer se fale do nazismo ae ona classe média alema, como faz Heinrich Ho de grupo com senhora. A intensidade. Esse 9 Emih , eeaaca era poeta estadunidense. Int] 17-1985), escritor alemao, [Nn] ido com CamScanner igitaliza D éa obra", corpus queé@ itor deve se OCUPaT em sua escritura, do Social, do politico, dos valores? Deve escrever sobre a mix Sea, sobre a violencia socal, sobre a violacio dos dire. tos, sobre a preservacio do planeta? Em pafses como os erar que um escritor, assim como um Um esci nossos, € de es professor, um editor, um mediador, pessoas privilegia cultural e socialmente, nao seja indiferente a seu tempo ea sua gente, Sobretudo, que faga com compromisso e dignidade aquilo que faz, sem se corromper nem. corromper. Caberia esclarecer que a corrupgao néo é algo que compete somente ao terreno da politic funcionérios ou as empresas, ndo é algo alheio a atividade do espirito como a literatura. A corrupga algo muito disfarcado, uma modalidade que se incrusta na profundidade do humano e nos faz condescender, em sucessivas pequenas rentincias, até tomar por com- pleto ¢ instalar-se em nossa esséncia. Afastar de nés @s formas sutis de corrupgdo que permanentemente nos sio propostas exige um olhar alerta, uma vigilénda implacavel sobre nés mesmos. Um escritor nao om rompido é um escritor comprometido com sua escrita. Eu disse “com’ e nao “em’. Compromisso com 0 tensidade no que escreve escreve, 0 que quer dize! Ito Mun, ‘We ay com €55aS Zonas dy, lo, quandy eee dante de Indo © OO humang ¢.-° "58a vinculacs, segundas intengdes, complex in to eee ; ss Nao € algo que se fabric i de $0, NdO Posso declarar a yj tampouco alarded-las, N59 sobre certos temas que si, inte ou adequados ou demandados = ou pelos leitores de uma época gy escola... mas devo, sim, escever so, modo ocasional, aleatério, me — Aquilo que, de Mensa, incerta busca. Trata-se, entig, ge on™ sistente, fiel a nds mesmos, até podermer nas coisas, outra coisa. Por isso a liter, atura € uma st u substan Ge livros para criangas mitharesemithares de Sendo poucos, as coisas ido. Em um campo tio lesconce em, tay Modo inte © genutna, ia dificil de encontrar no mar Embora hoje sejam produzidos 0s, 05 bons livros continuam ndo mudaram muito nesse sent escorregadio, to levado pelo desejo de agradar pelas obrigacSes pedagdgicas, pelo empenho no que deve se, pelo politicamente correto, pelos manuais de bons oe tunes, Pelas necessidades curriculares, pelas estratégias : on encontrar expressdes de auténtica litera cs Faas um milagre, algo que nao se encontra = cis nemem todos 0 livros. Milhares de livros a as as possibilidades que um liv tem de €r, de habitar na meméria de um leitor, que € ido com CamScanner igitaliza D canecer de um CSCO © de ma per ma de P passam, neste mune Passam ¢ os programas de televisig, eis, uma coisa rapidamen. Muitos livros também passam pop Jo deixando 0 menor ves- como tant, € apa da alan, Mi dees apesar do marketing € dos intentos de domesticagio leitora, alguns oe c sustentam a0) Jongo dos anos, porque um bom livre, um livro capaz dhe ear em nds, em 103805 COFAGOES, como Ficam as pessoas que amamos. Um objeto capaz.de permanecer Fivo no mar de livros que sao editados. E somos ns, 9s Ieitores, também com nossa intensidade, com nosso exercicio de liberdade, que decidimos quais livros ficaréo vivos em nossos coracdes; somos nds que oferecemos, como campo de semeadura, nossa meméria, para que 05 livros se instalem, crescam, permanecam. a verdadeira f0 sao remotas os objeto um livro, a te suplanta a Out 1b. Falo uma vez mais a partir da literatura, a partir desse territério comum entre a literatura ¢ a literatura infantil segundo a teoria dos conjuntos, 0 con se lugar que, ; rtilha com o conjunto da litera junto literatura compa ee, tura infantil ¢ juvenil. Nesse lugar onde se sobrep alors alguma ambos os territ6rios, af eu quis me instalar, € am Jo posso dar em algum momento € 5° desse lugar onde livros destinados a leito! erat pequena, poi tr PeANA, POI ora dela gn Pan Tes de um rio UC aS criangas pent POF y @ zona ler €, por outro, ‘. Hea aeessam gn ‘odo 0 liters 7 , Ludo que ¢ Nao th 6 Ofer es interessa ngas s re criangas Sem UE Sefa Literatura ce M0 veg cido como literatura, sabemo, ©Fambém 6 gue See . S que ns, Ofer marketing pela esquerda ey" €0ay i ela diy fanco do do crescimento da indgstrs 18 faz que woe e : por is80, a 20na de conflugneig a2! OU justamente s estreita. Fa rendicdo perssteme " #6 como sempre, escrtores a esse marketing fer que nant de tantos o editado © a literatura seja cada yoy tS ene Pequena, entre outras coisas, porque os itech om justamente por sua condicao de rei lentamente, para usar um verbo qu, como eufemismo do que, funcionando em ue pode ser-vendido rapidamente em outta. liso scar Ce porque a literatura, por sua complexidate por sey ambiguidade e, sobretudo, por sua partcularade, ¢ uma érvore diffell de transplantar de uma cultura para Outra, algo assim como uma espécie nativa de ae mento lento, que necesita de que a acompanhemos e shitemos dela até que possa se enaizar Nao se tata le livros a Tivos n+ carte nem sob medida, nao se trata de "9s para todos os gastos, Particulares que esperai s Us leitores particular tertis,vigjam mais 10s editores utilizam de uso miiltiplo, mas de livros m, algum dia, encontrar-se com es, Hé, na historia da literatura, ido com CamScanner igitaliza D spam campo pecend de f mn indispe’ a escrita de outros nsiveis para Nos= um escritor que por ‘ta com ta im sucesso de ven ave longe de set tas, nunca teria Se sustentado, Entdo, como eu dizia, vqimentos no costumam Ser to amplos nem tio répidos com 05 bons livros; eu diria que quase sempre, ts éxitos si0 menos rapids ©, muitas vezes, menores om os bons livros que com aqueles fabricados em série, ¢, 5¢ chegam a Ser, NO O seréo num curto tem- po, de modo que escrever Pare criangas, sob condigées fonemente literdrias, escrever para Criangas come se escreve a literatura para adultos ov, até mais, a poe- sia, é menos rentavel para um escrilOr € também para + editora que o publica. Entretanto, s6 08 ons livros persistem no tempo, de tal forma ques sabendo espe rar, é muito provavel que um bom livro acabe recom= ndo de diversas manciras seu autor ¢ Seu editor entdo, a literatura? A partir de que Jugar preservé-la do avango mercantil ¢ da laudicacao humana, sendo de um lugar ético para o escritor €Dht o editor e a partir de uma capacitagao intens® dos lei Tores/mediadores? A quem convém a literatura © Pais pensan Como se sustenta, Perigncia da | mos ret Felts de i" que com os St vende a me escrita) € um dos homem tem. E 9 mes, mundo plantar 0 qu quem plantard o que também Jo oferece esse: neces ‘ todo mund fab mento) a we tod Jo fabricar os remem cor" 3 Ciencias necessitam, Como obteremos re nS due muitos medi enfermidades softidas por uns pouegoy re ou 0 ; deve preservar essas zonas da cultura mn anaes ara Manter um equilibrio. Nao € um disparate que as edigdes de certos livros ou de ane as se mostre em perigo de extincao, como coe ae protegidas as linguas que se perdem eos ——— dost! da lavoura argentina, que hoje ar aaa cultiva, e de fato isso aconteceria se ee ae dos, para as compras estatais, livros de craldsic on detrimento de outros. Nao € nos esvaziando de id as nem de valores, para usar essa palavrinha, : née escritores, combateremos essa estratégia de me que passou a ser chamada de “livros para educar i valores’; é preciso procurar no mais fundo d es desejo de escritura, um desejo que se alimenta de ery le tudo, inclu an sive dos valores que sustentamos e que, sobre- 'udo, nos sustentam. : itura (como a da liberdade que o Plantios (se todo hor preco, entdo Mos, mas que 1 Fruto de le cor arr arroxeada, usado também na culindria. (we! ido com CamScanner igitaliza D rojetos ou de suas intencSes, ue se tramlo) de ae 2 quem Ié, mas também para quem 0 6 para ndo, Revela-se, rebela-se, revela-nos, Ess, -screvendo. 0s. = 2b sm interessante no que diz respeito a litera. ébel ; ; Cs palavra que poderiamos escrever comp’ ra, uma revela nd palavra + ow sea, aquilo que oferece resisténcia reba ozo que deveria ser e aquilo que revela aspect os aie em ovals, também © que se revela dante dau coive apesar do trabalho que nos tera cust hear Ae ee surpreenden: et que parece milagroso. Rebelio, ae. Revelagio. Visio do que era obscuro ou ates Aspectos mégicse reali, toi ae na escrita que um escritor escreve com: e ainda mai: cabeca € 0 coragio. go ¢ jomalisa 76 100-1942), escritor, dramatul é 1 129), escritor francés. [N= “ = francés. lv xf (1821-1880), eSCHtOr es, Sito Paulo: Wage yy BOURDIER, Pierre; "997. 4 Be bay g BPN Fontes St acauany, yy la Una, gue LD "NOS Aires; 20 da escrita, 10 de 2006, a Sesenta poemas, Mads Mondado 197 led. bras. Cnquentapomas tc ae Jan 80, 1999] annosA, Jorge. La experiencia dea lecture studs sore tatu ¥formacin. Barcelona: Laertes, 199, MANES, Julio. Paquelé. Buenos Aires: Ediciones det Ectpse, 2005, MASOTTA, icKson, Emil vi Madd, nero: Ima Oscar: Sexo y tain en Eterna Cadencia, 2008, noua, Ricardo. Critica yficcén, Bueno 0, 1995, SAER, Jua Roberto Art. Buenos Aires: Aires: Ediciones Faus- Jose. Una literatura sin atrbutos. Santa Fé: Eitcal Universidad del Litoral, 1988 ido com CamScanner igitaliza D

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