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Atos - Humanos - e - Justica - Representacoes - Estudos em São Tomas de Aquino
Atos - Humanos - e - Justica - Representacoes - Estudos em São Tomas de Aquino
Brasília
2015
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Palavras Chaves: convenção – tratado – pacto – inconstitucionalidade – constituição –
ato – humano – atos humanos – justiça – bem – comum – bem comum - virtude – lei –
ética – vida – vida humana – Tomás de Aquino - Aristóteles – Platão – John Rawls -
Kant - Plauto Faraco de Azevedo - Alexandre Pereira Pinheiro – Olinto Pegoraro –
contrato social – contrato – social – Rousseau - Sebastiano Maffettone – jurisperitos –
jurisconsultos – Ulpiano – metafísica – civil – doutrina – código – liberdade – equidade
– amizade – vontade – hábitos – potencia – doutrina do direito – tutelados – direitos
difusos – política – república – democracia – direito - legislador.
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Índice
Introdução............................................................................................................pagina 07
Primeira parte primeira seção: Os atos Humanos: Sua diferenciação moral boa ou
má.........................................................................................................................pagina 13
Primeiro ponto; A bondade e a malicia dos atos humanos em geral...................pagina 13
Segundo ponto; A bondade e a malícia do ato interior da vontade.....................pagina 19
Terceiro ponto; A bondade e a malícia dos atos exteriores.................................pagina 22
Quarto ponto; As consequências dos atos humanos em razão de sua bondade e
malicia..................................................................................................................pagina 25
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Segunda parte primeira seção: Do Direito e Da justiça.......................................pagina 56
Primeiro Ponto; O direito.....................................................................................pagina 56
Segundo ponto; As Partes Potenciais da Justiça..................................................pagina 62
Terceiro ponto; O agradecimento ou gratidão.....................................................pagina 64
Quarto ponto; a virtude da Verdade.....................................................................pagina 65
Quinto ponto; A Amizade ou Afabilidade...........................................................pagina 71
Sexto ponto; A Epiquéia ou Equidade.................................................................pagina 77
Sétimo ponto; Partes por assim dizer Integrantes da Justiça...............................pagina 81
Oitavo ponto; A Justiça........................................................................................pagina 85
Nono ponto; As partes da justiça.........................................................................pagina 92
Décimo Ponto; A Restituição...............................................................................pagina 94
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Oitavo ponto; O Sujeito da virtude....................................................................pagina 151
Nono ponto; A causa das Virtudes.....................................................................pagina 153
Decimo ponto; O meio-termo das Virtudes.......................................................pagina 153
Decimo Primeiro ponto; os vícios em si mesmos..............................................pagina 155
Conclusão...........................................................................................................pagina 156
Apêndice A........................................................................................................pagina 157
Apêndice B.........................................................................................................pagina 157
ANEXO A..........................................................................................................pagina 158
ANEXO B..........................................................................................................pagina 165
ANEXO C..........................................................................................................pagina 182
ANEXO D..........................................................................................................pagina 201
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1. -Introdução
Devemos tratar de início o modo como São Tomás elabora suas questões,
sempre ele vem com três ou quatro argumentos sofísticos (que com base em premissas
certas chega-se a conclusões erradas), depois ele dá o argumento em sentido contrário, e
depois a reposta e logo mais a resolução dos sofismas.
Não se pretende aqui ser um resumo ou compêndio das ideias de São Tomás,
mas sim com base nas suas interlocuções e pensamentos, ser um objeto de
conhecimento para os juízes de nossa época, e também sobre os vários equívocos sobre
atos humanos, vida, justiça, leis, a moral, virtude e bem comum, considerando que são
do século XIII em sua gênese, de como esses conceitos estão hoje, no século XXI na
contemporaneidade. O que proponho aqui é com base no meu fluxo de pensamento, e
das afirmativas de São Tomás ser um elaborado tratado dos dias de hoje sobre esses
equívocos, pois os conceitos que temos nos dias atuais comparados com os conceitos no
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início, há margem para erros, porque o modo com que foram sendo passados pela
tradição destoam da doutrina, lembrando que muitos desses conceitos vieram da Igreja
Católica. Deixo para São Tomás, Platão, Aristóteles e vários santos que cito como
Agostinho e Isidoro assim como jurisperitos do tempo de São Tomás ou do Império
Romano que ele cita na suma, no corpo do texto e trago também outros autores como
Kant, Rousseau, Rawls, Maffettone e outros citados em recuo, vale notar que os dois
são complementares uns dos outros, tanto o corpo de texto quanto os citados em recuo,
os ditos em parênteses, colchete e aspas são dos autores e as chaves são assertivas
minhas tanto no texto quanto em recuo.
A proposta deste trabalho é lançar a um olhar sobre atos humanos e justiça uma
antiga interpretação, si tem a capacidade de dar suporte às decisões de sentença, para
um novo tempo de justiça e condutas humanas. A partir disso, analisaremos o discurso
do texto de são Tomás de Aquino quanto ao que dispõe sobre a justiça e atos humanos.
Não se pode estudar justiça fora do contexto do estudo dos atos humanos, pois como
São Tomás mesmo diz na suma teológica VI a justiça é uma virtude que reverbera na
vontade tendo como objeto o outro, como objetivo dar a cada um o que lhe é devido e
como causa integrante fazer o bem e evitar o mal.
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Este trabalho terá início na primeira parte dos atos humanos em duas seções, na
primeira seção sua bondade ou malicia dos atos humanos que são quatro pontos e na
segunda seção sua natureza, estrutura, e dinamismo que são doze pontos, e na terceira
seção; A vida Humana com dois pontos. Na segunda parte primeira seção, trataremos do
direito e da justiça com dez pontos, ne segunda seção trataremos da lei em sete pontos.
Na Terceira parte em uma seção, vamos abordar o hábito e a essência da virtude em
onze pontos.
Ressalta-se que a obra de São Tomás de Aquino pode ser capaz de responder ao
questionamento proposto por si, mas usei outros autores como freios e contrapesos a
respeito dessas questões. Com base nesse contexto pergunta-se: As afirmativas e
conclusões de São Tomás de Aquino juntamente com os outros autores se, podem ser
consideradas contemporâneas e assim serem capazes de dar suporte às decisões dos
juízes na atualidade?
Tratar sobre justiça é uma tarefa um tanto quanto árdua, pois engloba não só
conceitos mas também pessoas, buscar intender como se representava a justiça naquele
tempo o que, pensava, transmitia, corroborava e julgava.
O tema proposto tem relevância pois vem a ser um novo prisma de pensamento
sobre o que é atos humanos e justiça. Naquele tempo a justiça era vista pelo menos por
São Tomás como dar a cada um o que é de direito, ele trata também sobre o direito das
gentes que na época dele era somente de razão, pois as nações não haviam se reunido
para fazer os direitos humanos como se fez pela ONU (organização das nações unidas).
A justiça existe também para medir o fazer o bem e evitar o mal, porque em
todos atos humanos tem que se ter a prudência. Não se pretende aqui ser um resumo ou
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como compêndio das ideias de São Tomás, mas sim com base nas suas interlocuções e
pensamentos ser um objeto de conhecimento para os juízes de nossa época, e também
sobre os vários equívocos sobre atos humanos, vida, justiça, leis e bem comum. O que
proponho aqui é com base no meu fluxo de pensamento, e das afirmativas de São
Tomás ser um elaborado tratado dos dias de hoje sobre esses equívocos sobre os
conceitos.
Como foi dito acima não tem como se falar de justiça sem ato humano isso
porque a vontade tem que ser gerida pela justiça e estão tão entrelaçados seja na conduta
do ser humano para com os outros, seja para regulação do homem referente a si mesmo,
que vamos demonstrar os freios e contrapesos nos atos humanos da sua bondade ou
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malicia, seu mérito ou demérito, retidão ou de pecado, de louvável ou culpável. Assim
como trataremos do o que é justiça, bem-comum, vida humana e leis.
A metodologia desta obra é; Realizar-se-á uma leitura integral das obras supra
citadas, na sequência dar-se-á início a um compêndio dos pontos colocados. Fazendo
uma leitura exploratória, seletiva, analítica e interpretativa.
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analítica buscamos os dados, ou seja, as ideias, na leitura interpretativa vamos além. Na
leitura interpretativa devemos fazer a ligação dessas ideias a problemática.
Para este trabalho será necessário realizar uma análise do discurso com a leitura
do livro proposto e relevante a Suma Teológica de São Tomás de Aquino analisando os
atos humanos e a justiça, e em que implica cada virtude. Buscando compreender o
quadro das afirmações, dos argumentos e das conclusões. Procurando sempre intender o
sentido em que trata cada ponto assim como construir uma análise de discurso a partir
das afirmações corroboradas por São Tomás. Seletiva procurando o que ele diz de
relevante sobre atos humanos e justiça. Analítica ordenando e somando as afirmações e
os argumentos que afirmem e confirmem as conclusões dadas. Construindo assim um
texto com representações do passado para um novo tempo, tempo esse de epiquéia e de
liberdade. Vide também os apêndices e os anexos desta obra.
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A Primeira Parte
Primeira Seção
Diz Dionísio: “o mal não age senão em virtude do bem. Ora, em virtude do bem
não se faz o mal”. E Aristóteles “uma coisa é boa, na medida em que a potência se
aperfeiçoa pelo ato”. Para São Tomás “toda, ação tem algo do ser, quanto tem da
bondade. Faltando-lhe, porém, algo da plenitude do ser devida à ação humana,
igualmente lhe falta algo da bondade, e assim se fiz má; por exemplo, se lhe falta ou
uma medida determinada pela razão, ou o lugar devido, ou algo equivalente”. E ainda
diz mais “que nada impede que algo esteja segundo certo aspecto em ato, donde poder
agir, e, segundo outro aspecto, esteja privado do ato, e cause uma ação deficiente”. E diz
“que a ação má pode ter por si algum efeito, pelo que tem de bondade e de entidade”.
Discorre Agostinho “Não há mal nas coisas, mas no uso dos que pecam”. Outra
colocação e que São Tomás vai investigar que a ação tem bondade ou malicia pelo seu
objeto “a ação recebe do objeto a espécie, como o movimento do termo. E assim como a
primeira bondade do ato moral é considerado por sua forma, que lhe dá espécie, assim
também a primeira bondade do ato moral é considerada pelo objeto conveniente. (...)
1 Suma Teológica III p237-258.
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usar uma coisa própria, (...) o primeiro mal nas ações morais é o que procede do objeto,
como tomar as coisas alheais.” E a resolução que São Tomás toma de Agostinho é que
“embora as coisas exteriores sejam em si mesmas boas, nem sempre têm a devida
proporção para esta ou para aquela ação” diz “que objeto é matéria acerca da qual, e a
razão de forma enquanto dá a espécie.” E que é movida a potência apetitiva pelo objeto
apetecível que ela é de certo modo passiva e o princípio da potência ativa da ação
humana, é pelo objeto o princípio dos atos humanos.
Para São Tomás “porque o objeto é de algum modo efeito da potência ativa,
seque-se que é termo de sua ação e por isso lhe dá forma e espécie, pois o movimento
recebe do termo a espécie. – Embora a bondade da ação não seja causada pela bondade
do efeito, por isso a ação é dita boa porque pode induzir um efeito bom. Essa proporção
entre ação e efeito é a razão de sua bondade.”
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Trataremos si a ação é boa ou má segundo as circunstâncias, segundo Aristóteles
“o virtuoso age como convém, e quando convém, e segundo outras coisas particulares.
Contrariamente, o viciado opera segundo cada vício quando não convém, onde não
convém e assim em outras coisas particulares”, corolário disso, é segundo as
circunstância, que as ações humanas são boas ou más. Segundo São Tomás “se algo
falta para uma compostura decente, procede do mal”, ademais as circunstâncias são
como que acidentes dos atos e especificam como boas quanto os devidos processos ou
más quanto se falta ou carece das devidas circunstâncias. São Tomás diz mais “que
uma vez que o bem se converte com ente, como ente é considerado enquanto substância
e enquanto acidente, também o bem é atribuído à alguma coisa segundo o seu ser
acidental, nas ações materiais e também nas ações morais.”
Essa doação é um ato civil; supõe uma deliberação pública. (...) bom
examinar o ato pelo qual o povo é um povo, porque esse ato, sendo
necessariamente anterior ao outro, constitui o verdadeiro
fundamento da sociedade. 12
Colocaremos agora si a ação humana é boa ou má pelo fim. Diz Boécio: “Aquele
cujo fim é bom, será bom, aquele cujo fim é mal, será mau”. Depende do fim as coisas
que por bondade, se tornam ser das coisas que dependam do agente e da forma. Mas
ações humanas depende do fim pela razão de bondade das coisas. Em São Tomás
“Considera a bondade na ação humana de quatro modos. Primeiro, segundo o gênero,
enquanto é ação, porque tanto tem da ação e da entidade, quanto tem da bondade (...).
Segundo, de acordo com a espécie, que se toma em conformidade com o objeto
conveniente. Terceiro, segundo as circunstâncias, tidas como acidentes. Quarto,
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segundo o fim, conforme sua relação com a causa da bondade”. Diz mais “que o bem
visado por alguém, nem sempre é verdadeiro bem, pois as vezes é verdadeiro, mas às
vezes apenas bem aparente.” E que “embora o fim seja uma causa extrínseca, a devida
proporção com o fim e a relação para com ele são inerente à ação.” E para o ato ter
aspecto de bondade é necessário os quatros modos de bondade por que: segundo ele
“qualquer defeito singular causa o mal, e o bem é causado pela causa total”.
Com efeito, cada indivíduo pode, como homem, ter uma vontade
particular contrária ou dessemelhante à vontade geral que possui na
qualidade de cidadão. 17
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Todo homem tem naturalmente direito a tudo que lhe é
necessário. 19
Diz São Tomás “os atos dizem-se humanos enquanto são voluntário” no
voluntario se tem o ato interior e o ato exterior e que “o fim é propriamente o objeto do
ato voluntario interior, e aquilo acerca do qual é a ação exterior, é o seu objeto”. Resta
agora, considerar segundo São Tomás “qual a diferença é contida na outra. Para
esclarecê-lo, deve-se considerar, em primeiro lugar que uma diferença é tanto mais
específica, quanto mais particular é a forma assumida. Em segundo lugar, que quanto
mais universal é o agente, mais universal e a forma de produz. Em terceiro lugar, que
quanto mais remoto é um fim, mais corresponde ao agente mais universal.”
E que “a vontade, pois, cujo objeto próprio é o fim, é movente universal de todas
as potências da alma, cujos objetos próprios são os objetos dos atos particulares”. E
ainda diz mais “que o fim é o último na execução, mas é o primeiro na intenção da
razão, segundo a qual se consideram as espécies dos atos morais”. Um bom resumo que
São Tomás fez “todo ato tem a espécie pelo objeto, e o ato humano dito moral tem a
espécie pelo objeto referido ao princípio dos atos humanos, que é a razão.” Existem
também atos tais quais são indiferentes segundo a sua espécie como “levantar uma
palha da terra, ir ao campo e coisas semelhantes”.
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Por que é sempre reta a vontade geral, e por que desejam
todos, constantemente, a felicidade de cada um.(...) isso
prova que a igualdade de direito e a noção de justiça que
aquela produz derivam da preferência que cada qual se
atribui, e, por conseguinte, da natureza do homem; que a
vontade geral, por ser realmente conforme, deve existir no
seu objeto, bem como na sua essência; que deve partir de
todos, para a todos ser aplicada. 26
Aristóteles diz “que pelos atos individuais são causados hábitos conforme eles”.
Para São Tomás “que nenhum ato individual é indiferente.” Pois como trata matizando
“Às vezes um ato é indiferente segundo a espécie, o qual, entretanto, é bom ou mau
considerado no indivíduo. Isso porque o ato moral, como foi dito, não só tem a bondade
pelo objeto, do qual tem a espécie, mas também pelas circunstâncias, que são acidentes.
Por exemplo, algo convém a um homem individual mediante acidentes individuais, o
que não convém ao homem segundo a razão da espécie.”
É preciso, pois, que qualquer ato individual tenha alguma circunstância pela qual
é atraído para o bem ou para o mal, ao menos na parte da intenção do fim. Ora, como é
próprio da razão ordenar, o ato que procede da razão deliberativa, se não está ordenado
para o devido fim, por isso mesmo contraria a razão, e tem razão de mal. Se, porém, está
ordenado para o devido fim convém à ordem da razão, e tem, por isso, razão de bem. É
necessário, pois, que se ordene ou não ao devido fim. Portanto, é necessário que todo
ato humano procedente da razão deliberativa, considerando no individuo, seja “bem ou
mal”. E diz que “todo fim visado pela razão deliberativa pertence ao bem de alguma
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virtude, ou ao mal de algum vicio. Assim, aquilo que alguém faz ordenadamente para o
sustento ou para o repouso do corpo, se ordena para o bem da virtude naquele que
ordena seu corpo para o bem da virtude.” Os atos morais são constituídos pelas formas.
Ainda mais “por isso, sempre que uma circunstância se refere a uma especial ordem da
razão ‘pró’ ou ‘contra’, necessariamente a circunstanciada dá a espécie ao ato moral,
bom ou mau”. São Dionísio diz “o bem, com efeito, consiste em número, peso e
medida”. E concluindo esse ponto São Tomás diz “nem toda circunstância que aumenta
ou diminui a bondade ou a malícia modifica a espécie moral do ato” isso acontece
porque a circunstância não acarreta bem ou mal a não ser que contrarie a razão.
Primeiro aspecto a si tratar e si o ato moral diversifica pelo objeto, São Tomás
mas com a perspectiva de que e boa ou má a vontade dependendo da espécie, e a
“vontade boa ou má são atos diferentes segundo a espécie. E a diferença de espécie nos
atos é pelos objetos”. E que “a ação é o princípio dos atos humanos morais”. No ato
interior da alma “a bondade e malicia da vontade não depende das circunstâncias, mas
só do objeto”. Duas maneiras quando alguém quer um bem, quando não deve e onde
não deve; “primeiro, que essa circunstância se refere ao objeto querido. Desse modo,
não há vontade do bem, porque querer fazer algo quando não se deve fazer não é querer
o bem. Segundo, que se refere ao ato de querer. Desse modo, é impossível que alguém
queira o bem quando não deve, porque sempre o homem deve querer o bem” a não ser
quando contrarie o bem devido, escolhendo um bem e deixando outro de lado.
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República todo Estado regido por leis,(...) todo governo
legítimo é republicano. 36
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suma teológica São Tomás diz “a consciência nada mais é do que a aplicação da ciência
a um ato”. Na Carta aos Romanos “Tudo que não precede da fé é pecado; ou seja, tudo
o que é contra a consciência”. Para Aristóteles “propriamente falando, incontinente é
aquele que não segue a reta razão; acidentalmente, aquele que não segue também a
razão falsa”.
Vamos tratar agora quanto à intenção define a bondade ou malicia dos atos da
vontade; Santo Agostinho diz que “intenção será premiada por Deus”. São Tomás vem
com o emprego que de dois modos da intenção que se refere à vontade, uma antecedente
e outra concomitante, “a intenção antecede a vontade como causa, quando queremos
algo por causa da intenção do fim. Nesse caso, a ordenação para o fim considera-se
como razão da bondade do que quis. Por isso, por que a bondade da vontade depende da
bondade do objeto que se quis, é necessário que dependa da intenção do fim”. E
também diz “A intenção é concomitante com a vontade quando se acrescenta a uma
vontade preexistente anterior.(...) neste caso, a bondade da primeira vontade não
depende da intenção seguinte, a não ser que se repita o ato do vontade com a intenção
seguinte”. Outra é a intenção consequente que é “a vontade pode ter sido boa, e pela
intenção seguinte não é desvirtuado o ato da vontade precedente, mas o ato que será
repetido”. E pode a intenção ser boa e má a vontade, e pode acontecer de a intenção que
é ato interior da alma ser impedida por fatores exteriores, por exemplo quando alguém
decide ir a um lugar santo mas si vê impedida por contratempos e coisas semelhantes.
Para São Tomás a vontade humana, para que se tenha bondade tem que ser em
conformidade com a vontade Divina, porque Deus segundo ele “é o sumo bem”. Já para
Aristóteles o sumo bem no livro 1 da Ética diz: “a felicidade, mais do que qualquer
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outro bem, é tida como este bem supremo”. {E nós consideramos Deus uma estrutura de
felicidade.}
Diz Santo Agostinho “é pela vontade que se peca, e que se vive retamente”.
Como já dizemos o fim é o primeiro na intenção, mas o ultimo na execução, e o ato da
vontade está formalmente para o ato exterior como São Tomás diz “a vontade está para
o ato exterior como causa eficiente. Por isso, a bondade do ato da vontade é forma do
ato exterior, enquanto existente na causa eficiente”. E que “a bondade ou malicia que
tem o ato exterior, considerado em si mesmo, por causa de sua matéria e de suas
circunstâncias provenientes da razão”.
Diz Aristóteles “as diferenças por si dividem o gênero”. Para Santo Agostinho
“há coisas que nem a bondade do fim nem a da vontade pode tornar boas”. E Aristóteles
diz ainda “é a virtude que faz bom o que possui a bondade, e torna boas as suas obras”.
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E no livro I da Ética “uma é a bondade do ato interior, que é da potência imperante,
outra é a do ato exterior, que é da potência imperada”. O ato interior e o ato exterior,
ordenam-se entre si, as vezes distintos e as vezes uno, um pelo sujeito tenha muitas
razões de bondade e malicia.
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Não basta que o povo reunido tenha uma vez fixado a
constituição do Estado, sancionado um corpo de leis; não
basta que tenha constituído um governo perpétuo, ou
provido de uma vez por todas a eleição das magistrados.
Além das assembleias extraordinárias, que casos
imprevistos podem exigir, é necessário havê-las fixas e
periódicas que não possam ser abolidas nem adiadas, a fim
de que, em dia marcado, seja a povo legitimamente
convocado pela lei, sem que se faça preciso para tanto
nenhuma outra convocação formal. 53
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podem concluir definitivamente. São nulas todas as leis
que o povo não tenha ratificado; deixam de ser leis. 56
Quarto ponto; As consequências dos atos humanos em razão de sua bondade e malicia58:
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abertamente infrator das leis e inimigo do Estado. A
abertura dessas assembléias, cujo único objetivo é a
manutenção do tratado social, deve sempre fazer-se por
duas proposições que não possam jamais ser suprimidas e
sejam separadamente sufragadas. A primeira consiste em
saber: Se apraz ao soberano conservar a presente forma de
governo; e a segunda: Se ao povo apraz deixar a
administração aos que dela estão atualmente incumbidos.
61
Terceiro trataremos dos atos humanos em razão de sua culpa ou louvor. São
Tomás diz que “nas coisas morais, ordena-se para o fim comum de toda vida humana” e
“pelo afastamento do fim comum da vida humana, e assim se peca intencionando,” e “-
Na moral em que se considera a ordenação da razão para o fim comum da vida humana,
sempre pecado e mal são considerados pelo afastamento da ordem da razão do fim
comum da vida”. Diz Aristóteles: “São louváveis as obras das virtudes”, porque é “a
virtude que faz bom o que a tem e torna boa a sua obra”. Em São Tomás “um ato se diz
culpável ou louvável porque se imputa ao que o faz”. E diz “assim, um ato é imputado
ao que faz quando está sob seu poder, de modo que o domine. Isso é próprio da vontade,
porque é pela vontade que o homem tem domínio sobre seus atos”.
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Quando não se pode estabelecer uma exata proporção
entre as partes constitutivas do Estado, ou quando causas
indestrutíveis nelas alteram continuamente as relações,
institui-se então uma magistratura particular que não se
corporifica com as outras, que repõe cada termo em sua
verdadeira relação, e que estabelece uma ligação ou um
meio-termo, seja entre o príncipe e o povo, seja entre o
príncipe e o soberano, ou ainda entre ambos os lados, em
caso de necessidade65
Segunda Seção
São Tomás fala de alguns atos imperados pela vontade como “isso deves fazer”
é o que faz por verbo no indicativo e “Faz isso” representando o verbo no imperativo.
Diz também que imperar é “ato da razão, pressuposto ato da vontade” que move as
potênciais apetitivas e irascíveis, mas acontece também da razão mover a vontade e
vice-versa, o império precede o uso do qual falaremos mais tarde, segundo Damasceno
“que o impulso para a ação precede o uso” e São Tomás “Mas o impulso para o ação
procede do império, logo o império precede o uso”. Outra coisa que trata é si o ato
imperado são um só ato, ou são diversos, diz Aristóteles “quando uma coisa é por causa
de outra, há uma só coisa” com isso diz são Tomás “nos atos humanos, o ato de uma
potência inferior está materialmente para o ato da superior” com isso se torna uno o
império que segundo Aristóteles “o mesmo é o ato do movente e o movido”.
69
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 11.
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A ética administra exatamente as encruzilhadas da vida e os
conflitos da liberdade: por um lado, aponta os caminhos da
construção pessoal e coletiva e, por outro, adverte contra ameaças da
autodestruição. (...) A ética aristotélica propõe a superação do
conflito pela prática das virtudes morais que, aos poucos,
subordinam a paixão à razão. Quando isso acontece, o homem torna-
se senhor de si mesmo. (...) J. Rawls pensa a ética como um esforço
de superação de conflitos sociais produzidos pela disputa dos bens
materiais e culturais. 70
A ética e a busca constante do bem humano. (...) “não faça aos
outros o que não queres que façam a ti” (...) alcança-se o bem pela
prática da justiça. Nesse sentido, ética é a prática da justiça ou,
comportamento ético é, antes de tudo, comportamento segundo a
justiça. (...) Segundo Aristóteles, a justiça é a virtude moral
aglutinadora de todas as outras, conferindo-lhes um novo alcance e
profundidade. Somente a justiça abre a pessoa à comunidade;
ninguém é justo para si. 71
Ademais diz sobre si a vontade impera por si só e vem a dizer que “os atos da
vontade estão sobretudo em nosso poder, porque todos os atos estão sobretudo em nosso
poder enquanto são voluntários” (outro ponto que trataremos mais tarde do involuntário
e voluntário), ou seja, movidos pela razão que é nosso livre-arbítrio aonde nós podemos
investigar, sondar, julgar e dispor.
70
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 12.
71
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 13.
72
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 14.
73
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 14.
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empresarial; a meta da ética é sacrificada pela norma do lucro. É a
política do lucro, ainda que isto gere desemprego, fome e
favelização dos cidadãos. A ética perde seu centro constitutivo: a
justiça. A ordem jurídica é sacrificada pelas macroestruturas
empresariais que geram a opressão e a exclusão de pessoas e grupos.
74
74
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 15-16.
75
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 26.
76
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 27.
77
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 30.
78 Suma Teológica III p.117-141..
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voluntário segundo São Tomás se encontra também no não agir e no não querer, porque
o voluntário pode existir sem ato ou por omissão, diz da violência e da vários
argumentos que a vontade não e movida pela violência porque o ato da vontade é duplo:
“um, que lhe é imediato, como emanado dela, querer; outro, que é por ela imperado e
exercido por outra potência, como andar, falar.” Mas ele admite que a vontade enquanto
os membros exteriores pode sofrer violência e que . Trata também sobre o involuntário
que pode ser causado pela violência, que o voluntário e ao natural procedem de
princípio intrínseco.
79
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 31.
80
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 31-32.
81
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 33.
82
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 34.
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Não absolutiza o reino da justiça legal, ela não é um fim, mas um
meio. “Prolongando as intenções da natureza, tem por finalidade
harmonizar a comunidade política como condição da realização do
homem”. 83
Diz São Tomás que “intenção, pela própria significação do termo, quer dizer
tender para alguma coisa”. Agostinho: “a intenção da vontade une à vista o corpo que é
visto,” a intenção é procedente da ação do movente, o movimento do movido e a
vontade move todas as potências da alma para o fim. Outra coisa de que trata é se a
intenção é só do fim ultimo e si alguém pode ter simultaneamente intenção de duas
coisas. Diz que o fim ultimo que é a bem-aventurança está em disposição de vários
outros fins e que o homem pode ter várias intenções do fim e das coisas que são para o
fim ou quando uma coisa e melhor que outra. Está no meio termo as coisas que são para
o fim.
83
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 36.
84
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 37.
85 Suma Teológica III p.176-184..
86
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 38.
87
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 40.
88
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 41.
Página 31 de 237
Quarto ponto; a deliberação que precede a eleição89:
São Tomás vem com a perspectiva que a “eleição segue o juízo da razão nas
coisas práticas” e que “é necessária a investigação da razão antes do julgamento do que
vai eleger” e “a investigação chama-se deliberação”. E essa deliberação discorre para as
coisas que são para o fim e os meios ou coisas que são para o fim. O fim tem razão de
princípio nas coisas práticas e é necessário supor princípio em toda investigação, assim
sendo tem como questão não só o fim mais as coisas que são para o fim. Ademais a
deliberação é somente sobre as ações considerando nas coisas universais e necessárias
para se conhecer algo certo é preciso considerar muitas circunstâncias ou condições.
São Tomás “o agente principal e o instrumento são como uma só causa, enquanto um
age pelo outro”.
90
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 48.
91
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 48.
92
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 49.
93
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 54.
Página 32 de 237
Suprema finalidade humana: a felicidade. 94
Kant (...) com uma exaltação da boa vontade, como razão pura
prática responsável de todo agir moral. 97
94
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 54.
95
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 54.
96 Suma Teológica III p.184-195..
97
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 55.
98
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 55.
99
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 55-56.
Página 33 de 237
eleição”. Entre o intelecto e a ação exterior está a vontade e a vontade está no intelecto
no princípio do movimento, que o “intelecto apreende algo como bem universal”. Outro
aspecto e que o homem elege livremente, não necessariamente.
Sexto ponto; o consentimento, que é ato da vontade, comparado com aquilo que é para o
fim103:
100
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 57.
101
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 57.
102
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 57-58.
103 Suma Teológica III p.204-210..
104
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 58.
105
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 58-59.
Página 34 de 237
“Ser feliz é necessariamente o anelo de todo ser racional finito e é,
por conseguinte, um inevitável princípio determinante de sua
faculdade de desejar”. 106
Que a vontade eleger através da deliberação e do consentimento. Disso trata
segundo ele dá razão superior e da razão inferior, a razão superior com a tarefa de
mover o corpo e também cabe a ela sempre a sentença final dos atos humanos, que ai há
o consentimento donde pertence a razão superior, “enquanto nela se inclui a vontade”,
no prazer da ação como o consentimento na ação. A razão inferior cabe a ela pensar no
prazer com conhecimento.
106
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 59.
107
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 59.
108
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 60.
109
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 60.
110 Suma Teológica III p.134-141.
Página 35 de 237
como São Tomás discorre “devido à substância do ato; depois devido às circunstâncias
(...) como se feito por dolo, por lucro, ou em um templo ou lugar sagrado. (...) por ato
como a modo de agir, por lugar e condição da pessoa”.
111
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 61.
112
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 61.
113
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 62.
114
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 62.
115
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 63.
Página 36 de 237
se referem às ações externas e à sua legalidade; b) as leis éticas que
exigem que as próprias leis sejam o princípio de determinação das
ações; estas são as leis da moralidade. 116
Terceira colocação é si as circunstâncias estão bem enumeradas, e chega a
conclusão que estão e são as seguintes enumeradas “quando, onde (...), modo de agir
(...), quem, o quê, onde, por quais auxílios, por quê, como (...) Acerca de que fez, o quê
(...), para que se age, o que é, o que se faz (...) e em que se consiste a ação”. Ainda São
Tomás diz mais “ No ato deve-se considerar quem o faz, que auxílios ou que
instrumentos usou, o que fez, quando e como fez” e que “o ato humano é especificado
pelo sobretudo pelo fim (...) à qualidade do ato, por exemplo: andar depressa ou
devagar, bater fortemente ou levemente, etc.” e diz sobre o furto que “pertence a
substância, se foi grande ou pequeno” e sobre o que “pois, derramar água sobre outro e
o molhar não é circunstância, mas o é, se isso o refrigera ou aquece, o cura ou faz mal” .
Princípio do direito que, por isso mesmo, deve ser imposto sob
forma de comando: “o imperativo é pois uma regra cuja
representação torna necessária a ação subjetiva contingente
obrigando o sujeito a submeter-se a esta regra”. (...) para que as
liberdades possam coexistir na sociedade política. Sem lei os seres
humanos não convivem. (...) as normas do direito positivo: só é
moralmente legítimo (justo), o direito (a lei) que garante a cada
cidadão uma liberdade da ação compatível com aquela dos outros.
Este critério liga o corpo de leis da sociedade política à lei universal
do direito exatamente como o imperativo categórico liga a vontade
pessoal às máximas. Pode-se dizer que a lei universal do direito é o
imperativo categórico da vida social. 118
116
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 63.
117
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 64.
118
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 64.
119
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 65.
Página 37 de 237
Oitavo ponto; O que move a vontade120:
121
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 66-67.
122
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 68.
123
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 70.
Página 38 de 237
pode ser a causa da vontade senão Deus. Isso se evidencia de dois modos. Primeiro, por
que a vontade é potência da alma racional que só por Deus é causada por criação (...)
segundo, porque a vontade está ordenada ao bem universal”, e “o bem em geral tem a
razão de fim é o objeto da vontade”, e como ele mesmo diz “com efeito, o primeiro
principio formal é o ente e a verdade universal, que é objeto do intelecto. E assim por
este modo de moção, o intelecto move a vontade apresentando-lhe seu objeto”.
124
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 71.
125
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 71-72.
126
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 78.
Página 39 de 237
Nono ponto; A vontade e seu objeto127:
Diz Dionísio “o mal está fora da vontade, e o bem todas as coisas o desejam”.
Para São Tomás “A vontade é um apetite racional. Todo apetite é somente do bem.”.
para Aristóteles “O bem é aquilo que todas as coisas desejam (...). O fim é o bem ou que
tenha aparência de bem” e no livro 5 da Ética de Aristóteles “(nelas) a carência do mal
tem a razão de bem”.
128
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 79.
129
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 83.
130
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 83.
131
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 84.
132
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 84.
133
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 84.
Página 40 de 237
Décimo ponto; O modo de mover-se da vontade134:
São Tomás nos mostra que “pela vontade não desejamos somente aquilo o que
pertence à potência da vontade (que é o bem em geral), como também aquilo que
pertence a cada uma das potências e ao homem todo (...) como o conhecimento da
verdade que convém ao intelecto, como o ser e o viver, e outras coisas que se referem à
constituição natural, tudo isso está compreendido no objeto da vontade, como bens
particulares”. Decorrente disso “que a vontade se opõe à natureza como uma causa a
outra, pois algumas coisas se fazem segundo a natureza, outras, segundo a vontade que
é senhora dos seus atos”. Disso e colocado que a vontade é potência racional por estar
na razão. Além disso “de dois modos é movida a vontade: quanto ao exercício do ato e
quanto às especificações do mesmo, que são pelo objeto.”
135
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 85.
136
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 86.
137
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 92.
Página 41 de 237
bem universal apreendido pela razão, mas também pelo bem apreendido pelos
sentidos.(...) muitas coisas queremos e fazemos sem paixão, só por escolha”.
Décimo Primeiro ponto; O uso, que é ato da vontade, comparado com aquilo que é para
o fim141:
Diz Damasceno: “O homem põe o impulso numa ação, está chama-se ímpeto;
em seguida serve-se dela, e isso chama-se uso”. Já Agostinho “usar é referir uma coisa
que usamos a algo que deve ser obtido”, e ainda “tudo que foi feito, o foi para uso do
homem, porque a razão que lhe foi dada usa de todas as coisas julgando” e diz “usar é
assumir algo pela potência da vontade”. Segundo São Tomás “que usar, primeiro e
principalmente, pertence à vontade, sendo ela o primeiro movente; à razão, como
dirigente; às outras potências da alma, como executoras. Estas estão para vontade, pela
qual são aplicadas à ação, como instrumentos para o agente principal”. Além disso para
São Tomás “usar é aplicar um princípio da ação à ação”.
138
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 94.
139
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 99.
140
PEGORARO. Olinto A. Ética e Justiça. ED Vozes. 1995. Pagina 101.
141 Suma Teológica III p.211-217.
Página 42 de 237
Ademais para São Tomás “o uso implica a aplicação de uma coisa a outra.
Aquilo que se aplica a outra coisa se tem na razão do que é para o fim. Logo, usar é
sempre daquilo que é para o fim. Por isso, as coisas convenientes para o fim se dizem
uteis, e, às vezes, a utilidade é chamada de uso”. Outro ponto a se tratar e se o uso
precede a eleição, e ele dá em sentido contrário Damasceno que diz “a vontade, após a
eleição, impele para a ação, e depois usa”. Diz que “A vontade tem dupla relação para
com o que é. Uma, enquanto o que é. Uma, enquanto o que é querido está de algum
modo no que quer (...) todo fim imperfeito busca a perfeição (...) o que é querido não só
é para o fim, mas, aquilo que é para o fim.”
Duas coisas pertencem à razão de fruto segundo São Tomás “que é o último, e
que aquieta o apetite por alguma doçura ou prazer. (...) é propriamente dito fruto e
também o que se frui, (...) tem em si um certo prazer, ao qual se referem algumas coisas
prévias, pode ser dito fruto de certo modo.” E Agostinho afirma “Temos a fruição das
coisas conhecidas nas quais a vontade deleitada repousa”. Outro ponto que São Tomás
aborda que existe duas maneiras de fruir uma imperfeitamente e outra perfeitamente “A
imperfeita é a fruição do fim não possuído realmente, mas só na intenção” e outra
“Perfeitamente, quando se tem não só na intenção, como também na realidade”. Para
Agostinho “Fruir é usar a coisa com alegria não só na esperança, mas na realidade” e
ademais em Agostinho fruir é “ligar amorosamente a alguma coisa por causa dela
mesma”.
Página 43 de 237
Terceira seção
A vida Humana
Não pode “haver para um só homem muitos últimos fins, não ordenados entre
si” e “três razões podem indicadas para isso. Primeira: como cada um deseja a sua
perfeição, alguém deseja como último fim aquilo que deseja como sendo o bem perfeito
e completivo de si mesmo. Por isso Agostinho diz: ‘Chamamos agora fim do bem, não o
que se consome até não mais existir, mas o que se aperfeiçoa até ser plenamente’. É
pois, necessário que o fim último preencha de tal modo todos os desejos do homem, que
não deixe nada a desejar fora dele. (...) Segunda. Como no processo da razão, é
princípio aquilo que é naturalmente conhecido, assim também no processo do apetite
racional, que é a vontade, é necessário ser princípio aquilo que é desejado naturalmente.
(...) o princípio, no processo do apetite racional é o último fim. (...) Terceiro. As ações
voluntarias recebem a espécie do fim, como acima foi dito. É necessário, pois, que do
fim último, que é comum, recebam também a razão do gênero, pois as coisas
apetecíveis da vontade, enquanto tais, estão no mesmo gênero, é necessário que o fim
último seja um só. Isso sobretudo, porque em cada gênero há um só primeiro princípio,
pois o fim último tem razão de primeiro princípio.” E “assim sendo, o fim ultimo do
homem se refere de modo absoluto a todo gênero humano, assim também se refere o
último fim de um homem para o de outro homem. Portanto, é necessário que como há
naturalmente para todos os homens um só fim último, também a vontade de cada
homem se afirme em um só fim último.”
144
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 45 .
Página 44 de 237
todos eles; outros, que procede de dois deles; e outros, que consiste
exclusivamente de um entre eles. 145
Que “o homem age em vista daquilo que é causa da ação, até porque a expressão
em vista de designa relação de causa” e que “tudo que está em algum gênero deriva do
princípio desse gênero” e “ das ações realizadas pelo homem, são propriamente
humanas as que pertence ao homem enquanto homem”. Diz também que “o homem tem
domínio de suas ações pela razão e pela vontade. Donde será chamada de livre-arbítrio a
faculdade da vontade e da razão. Assim sendo, são propriamente ditas humanas as ações
que procedem da vontade deliberada”, e “o objeto da vontade é o fim e o bem. Logo, é
necessário que todas as ações humanas tenham em vista o fim.” e “que o fim, embora
seja o último na execução é o primeiro na intenção de quem age”, ademais “que se uma
ação humana é o último fim, ele deve ser também voluntária; de outro modo não seria
humana...” e “uma ação pode ser voluntaria de duas maneiras: primeiro porque é
imperada pela vontade (...); segundo, porque procede da vontade, como o próprio
querer. É impossível que o ato que procede da vontade seja o último fim, por que o
objeto da vontade é o fim (...) assim também é impossível que o apetecível primeiro,
que é o fim, seja o próprio querer (...) logo, o que quer que o homem faça, com verdade
se diz que ele age em vista do fim, mesmo de tratando da ação que é o último fim” diz
São Tomás “tais ações não são propriamente humanas, por que não procedem da
deliberação da razão, que é o princípio próprio dos atos humanos”.
145
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 46-47.
146
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 40.
147
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 48.
Página 45 de 237
Conseguimo-lo mediante o ato do intelecto que o faz presente. Em seguida a vontade
gozosa descansa no fim já possuído”. Diz Agostinho “a bem-aventurança é o gozo da
verdade”. São Tomás “a essência da bem-aventurança consiste em ato da inteligência”.
Ademais “é necessário que todo agente aja em vista do fim(...) portanto, para
que produza um efeito determinado, é necessário que esteja determinado a algo certo
que tenha a razão de fim. Esta determinação, como na natureza racional faz-se pelo
apetite racional, que se chama vontade; nas outras faz-se pela inclinação natural que se
chama apetite natural. (...) os que são dotados de razão movem-se para o fim, porque
têm domínio de seus atos pelo livre-arbítrio, que é faculdade da vontade e da razão.” E
também escreve “o homem, quando conhece por si mesmo age em vista do fim, conhece
o fim. (...) ordenar-se ao fim é próprio daquele que por si mesmo age em vista do fim
(...) o objeto da vontade é o fim e o bem universal. Donde não pode existir vontade nas
coisas que carecem de razão e intelecto, porque eles não podem apreender o universal.
Nelas há, porém, o apetite natural ou sensitivo, determinado a um bem particular. É
claro que as causas particulares são movidas pela causa universal, assim como o
governo de uma cidade, que busca o bem comum. Por sua ordem movimenta todos os
ofícios particulares da cidade.” Diz agostinho “de acordo com o fim culpável ou
louvável, as nossas obras são culpáveis ou louváveis.” E São Tomás “cada coisa recebe
a espécie do ato, e não da potência.” E “a vontade está na razão”, e “não só o intelecto,
mas também a natureza age em vista do fim”. Na suma “como o movimento de certo
modo distingue em ação e paixão, uma e outra recebem a espécie do ato: a ação do ato
que é princípio de agir; a paixão, do ato que é termo do movimento” seguindo a mesma
linha de raciocínio “por isso, é claro que o princípio dos atos humanos, enquanto são
humanos, é o fim que é igualmente o termo dos mesmo (...) como Ambrósio diz: ‘os
costumes são propriamente chamados humanos’, os atos morais propriamente recebem
a espécie do fim. Pois se identificam os atos morais e atos humanos.” E para São Tomás
“o homem é naturalmente o princípio de seus atos pelo intelecto e pela vontade”.
148
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 53.
149
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 56 .
Página 46 de 237
Entendemos por uma coisa autossuficiente aquela que simplesmente
por si só torna a vida desejável e de nada carente: e julgamos ser
essa coisa a felicidade. 150
Fica claro que a felicidade deve ser encarada como o melhor daquilo
que está ao alcance da ação de ser humano. 152
Na suma “Nas coisas, porém, conexas acidentalmente, nada impede que a razão
proceda ao infinito. Isto acontece à quantidade ou ao número preexistente tomados
enquanto tais, quando se acrescenta uma quantidade ou a unidade. Por isso, nada
impede que nesses casos a razão proceda ai infinito”. Diz agostinho: “que alguns
afirmaram o fim último do homem quatro coisas: no prazer, no descanso, nos bens da
natureza e na virtude.” Escreve Agostinho: ‘é o fim do nosso bem aquilo que por sua
150
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 49.
151
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 49.
152
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 57.
153
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 69 .
Página 47 de 237
causa são amadas as outras coisas, mas este é o fim amado por si mesmo.’” E para São
Tomás “assim como não é necessário que alguém anda numa estrada pense para onde
vai a cada passo”. Escreve Agostinho: “todos os homens são iguais em desejarem o
último fim, que é a bem-aventurança” e em São Tomás “é necessário que seja
perfeitíssimo aquele bem que é desejado como último fim por quem tenha afeto bem
disposto.” E que “entre os homens acontecem maneiras diversas de viver, por serem
diversas as coisas nas quais se busca a razão do sumo bem”.
154
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 52.
155
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 52.
156
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 139.
157
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 199.
Página 48 de 237
como sendo essencialmente a bem-aventurança, mas porque a ela se refere
antecedentemente e consequentemente. Antecedentemente, quando já não existem todas
as coisas que perturbavam e impediam o último fim. Consequentemente, quando o
homem, já tendo conseguido o último fim, permanece tranquilo e seu desejo aquietado”.
Diz Agostinho “a contemplação nos é prometida com o fim de todas as ações e com
eterna perfeição das alegrias”.
Visto que cada um dos estados tem sua atividade livre, a atividade
de todos eles, ou de algum deles – a que é felicidade – quando livre
talvez tenha mesmo que ser a mais desejável das coisas existentes. E
essa atividade livre é prazer. Assim, o [bem] mais excelente será
algum prazer. (...) Daí todos julgarem ser a vida feliz e prazerosa,
entrelaçando prazer e felicidade, e o fazem razoavelmente, uma vez
que nenhuma atividade sobre obstrução é perfeita, quando a
felicidade o é. Eis porque o indivíduo feliz requer também as bens
do corpo. 161
158
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 53.
159
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 54.
160
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 235-236.
161
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 240.
Página 49 de 237
Na suma “para a bem-aventurança imperfeita, como a que pode haver nessa
terra, os bens exteriores são exigidos, não como se fossem a essência da existência da
bem-aventurança mas como servindo instrumentalmente à bem-aventurança, que
consiste na ação da virtude”, no livro 1 da Ética na Suma: “o homem nesta vida precisa
das coisas necessárias para o corpo, tanto para a ação das potências contemplativas,
como para a ação das potências ativas, para as quais muitas outras coisas são exigidas
pelas quais exercem as obras da potência ativa.” E que na Suma “porque nesta vida a
felicidade da vida contemplativa mais se aproxima da semelhança daquela perfeita bem-
aventurança, que a da vida ativa”. São Tomás “as riquezas naturais são aquelas pelas
quais o homem é ajudado a compensar as deficiências naturais, como sejam, a comida, a
bebida, as vestes, os veículos, a habitação, etc. (...) São se buscam as riquezas artificiais
(dinheiro) senão por causa das naturais, pois não se buscariam, se não fosse porque por
elas é comprado o que é necessário para o uso da vida”.
162
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 55.
163
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 55.
164 Suma Teológica VII p577-629.
165
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 262.
166
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 56.
Página 50 de 237
homem parece ser aquilo em que se compraz de modo supremo” e “o próprio
contemplar é um certo movimento do intelecto” e para Dionísio determina “três
movimentos de uma alma contemplativa: reto, circular e oblíquo (espiralado)”. São
Tomás “que todo meio-termo é feito pela combinação dos extremos é, por isso, já está
virtualmente contido neles (...) todas as atividades humanas ordenadas a atender às
necessidades da vida presente segundo a reta razão, pertence a vida ativa, cujo papel é
de prover a essas necessidades por meio das ações adequadas. Ao passo que, quando são
postas a serviço de qualquer concupiscência, se enquadram na vida voluptuosa, que não
faz parte da vida ativa.” E que “a vida voluptuosa por fim no deleite corporal, que nós é
comum com os animais. Por isso o Filosofo a qualifica de ‘vida animal’”.
167
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 61.
168
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 62.
Página 51 de 237
felicidade, ou as partes componentes da finalidade da
comunidade política (...) A justiça, (...) é virtude perfeita,
ainda que com uma qualificação, a saber, que é exibida aos
outros [e não no absoluto]. 169
E tem-se a autoridade de São Tomás “as virtudes morais não pertencem à vida
contemplativa”, que ele responde “Há dois modos de pertencer à vida contemplativa;
como elemento essencial ou como disposição prévia. Essencialmente, as virtudes
morais não pertencem á vida contemplativa, cujo o fim é a contemplação da verdade.
Ora, ensina filósofo, ‘o saber, que se refere à consideração da verdade, te muito pouco
importância quando se trata de exercer as virtudes morais’. E, por isso, ele mesmo
acrescenta, as virtudes morais pertencem à felicidade ativa, não a contemplativa. Mas
como disposição previa, as virtudes morais pertencem a vida contemplativa. (...) Ora, as
virtudes morais refreiam as paixões e acalmam o tumulto das ocupações exteriores. (...)
e sobretudo a temperança, que reprime as concupiscências que mais obscurecem a luz
da razão”.
Página 52 de 237
é a “admiração”. Para São Tomás “é necessária a ‘oração’ quando se trata do que o
homem recebe de Deus (...). para aquilo que recebe dos homens, é necessária a
‘audição’, se trata de um ensinamento oral, e a ‘leitura’, se é por escrito que lhe vem
esse ensinamento. – o segundo modo é aplicando seu próprio esforço. E, neste caso, é
necessária a ‘meditação’”.
Trataremos agora da vida ativa. Primeiro ponto em São Tomás é que “a vida
ativa parece consistir unicamente na vida de relações com os outros”. Isidoro escreve:
“É preciso primeiro extirpar a totalidade dos vícios pelo exercício das boas obras, na
vida ativa, para depois passarmos à contemplação de Deus, na vida contemplativa, com
a alma já bem purificada”. Para São Tomás “não se extirparão todos os vícios a não ser
pelos atos das virtudes morais. Logo a vida ativa implica os atos dessas virtudes”.
Na Suma “A vida ativa (...) e a atividade exterior, que é o fim da vida ativa. Ora,
é manifesto que as virtudes morais não buscam principalmente a contemplação da
173
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 283 .
174
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 291 .
175
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 304 .
Página 53 de 237
verdade, mas se ordenam à ação. (...) por conseguinte, é evidente que as virtudes morais
pertencem essencialmente à vida ativa.” E logo adiante “que a mais importante das
virtudes morais é a justiça, que nos ordena ao próximo”. E ademais “- não obstante,
pode-se dizer que a vida ativa é disposição para a contemplativa.”
Página 54 de 237
esse fim nos dias de hoje a respeito da matéria que pode
ser tanto “cordas” como “átomos”.} 176
Outro ponto é se a prudência faz parte da vida ativa. Para São Tomás “o que se
ordena a outra coisa como a seu fim, sobretudo em matéria de moral, passa a pertencer à
espécie daquilo, passa a pertencer à espécie daquilo que se ordena. (...) ora é manifesto
que o conhecimento da prudência se ordena às operações das virtudes morais como a
seu fim (...) ela é ‘a reta razão do que se deve fazer’. Eis por quê, os fins da virtude
morais são os ‘princípios da prudência’ (...) Túlio na suma escreve: ‘quem puder, com
penetração e rapidez, descobrir a verdade e explicar-lhe a razão, será tido justamente
como prudentíssimo e sapientíssimo’. Por tanto deve-se dizer que as operações morais
se especificam pelo fim. (...) a prudência é considerada como um meio termo entre as
virtudes intelectuais e as morais, enquanto ela tem o mesmo sujeito que as virtudes
intelectuais exatamente a mesma matéria que as virtudes morais.”
176
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 305-319.
Página 55 de 237
Segunda Parte
Primeira Seção
Do Direito e Da justiça
178
AZEVEDO. Plauto Faraco. Justiça Distributiva e Aplicação do Direito . Pagina 13 .
179
AZEVEDO. Plauto Faraco. Justiça Distributiva e Aplicação do Direito . Pagina 14 .
180
AZEVEDO. Plauto Faraco. Justiça Distributiva e Aplicação do Direito . Pagina 15 .
181
AZEVEDO. Plauto Faraco. Justiça Distributiva e Aplicação do Direito . Pagina 18 .
Página 56 de 237
Para São Tomás “Entre as demais virtudes, é próprio à justiça ordenar o homem
no que diz respeito a outrem. Implica, com efeito, uma certa igualdade, como seu
próprio nome indica, pois se diz comumente: o que se iguala se ajusta. Ora a igualdade
supõe relação a outrem. As demais virtudes, ao contrário, aperfeiçoam o homem
somente no que toca a si próprio.”
182
AZEVEDO. Plauto Faraco. Justiça Distributiva e Aplicação do Direito . Pagina 20-21.
183
AZEVEDO. Plauto Faraco. Justiça Distributiva e Aplicação do Direito . Pagina 22 .
184
AZEVEDO. Plauto Faraco. Justiça Distributiva e Aplicação do Direito . Pagina 22-23.
185
AZEVEDO. Plauto Faraco. Justiça Distributiva e Aplicação do Direito . Pagina 23 .
186
AZEVEDO. Plauto Faraco. Justiça Distributiva e Aplicação do Direito . Pagina 23 .
187
AZEVEDO. Plauto Faraco. Justiça Distributiva e Aplicação do Direito . Pagina 24-25.
Página 57 de 237
Os democratas fazendo-o consistir na liberdade, os
oligarcas na riqueza ou na nobreza advinda do nascimento,
e os aristocratas na virtude. Tem-se, pois, que a justiça
distributiva há de ter em conta o valor das pessoas – seu
mérito188
188
AZEVEDO. Plauto Faraco. Justiça Distributiva e Aplicação do Direito . Pagina 27-28.
189
AZEVEDO. Plauto Faraco. Justiça Distributiva e Aplicação do Direito . Pagina 29 .
190
AZEVEDO. Plauto Faraco. Justiça Distributiva e Aplicação do Direito . Pagina 29 .
191
AZEVEDO. Plauto Faraco. Justiça Distributiva e Aplicação do Direito . Pagina 29 .
192
AZEVEDO. Plauto Faraco. Justiça Distributiva e Aplicação do Direito . Pagina 34 .
193
AZEVEDO. Plauto Faraco. Justiça Distributiva e Aplicação do Direito . Pagina 37 .
Página 58 de 237
exerce a justiça, embora seja iníquo o que foi decidido.” E que “a lei diz respeito ao
bem comum da cidade e do reino”.
194
AZEVEDO. Plauto Faraco. Justiça Distributiva e Aplicação do Direito . Pagina 119 .
195
AZEVEDO. Plauto Faraco. Justiça Distributiva e Aplicação do Direito . Pagina 119 .
196
AZEVEDO. Plauto Faraco. Justiça Distributiva e Aplicação do Direito . Pagina 120 .
197
AZEVEDO. Plauto Faraco. Justiça Distributiva e Aplicação do Direito . Pagina 121 .
198 Suma Teológica VI p597.
Página 59 de 237
três máximas: “Na medida do possível deve o juiz aspirar a uma
síntese de justiça e direito positivo. Do que se seque que, antes de
negar-se a obedecer a uma norma positiva, tem que examinar
cuidadosamente se essa norma não é defensável sob qualquer ponto
de vista de justiça, mesmo que o legislador não o tenha tido em
conta. O juiz não tem obrigação de desobedecer a lei senão quando
ela se encontra em clara contradição com princípios de justiça
cognoscíveis, vale dizer, muito especialmente quando a lei descansa
em considerações de arbitrariedade. Tem o juiz que considerar tanto
a multiplicidade de perspectivas da justiça, seus diversos aspectos
possíveis, quanto a circunstância de que nossa intelecção da ideia do
direito é limitada, deixando, por isso mesmo, um amplo campo à
livre decisão do legislador. Por último, deve o juiz limitar-se ao caso
presente. A decisão justa do caso particular, segundo os princípios
do direito, constitui sua verdadeira obrigação e, simultaneamente, o
fundamento inarredável de sua resistência ao direito positivo em
caso em injustiça material deste.” 199
Página 60 de 237
si mesmo, se opõe ao direito natural não se pode tornar justo por disposição da vontade
humana. (...) no livro de Isaías 10,1: ‘Ai daqueles que estabelecem leis iníquas’”.
203
AZEVEDO. Plauto Faraco. Justiça Distributiva e Aplicação do Direito . Pagina 128 .
204
AZEVEDO. Plauto Faraco. Justiça Distributiva e Aplicação do Direito . Pagina 133 .
205
AZEVEDO. Plauto Faraco. Justiça Distributiva e Aplicação do Direito . Pagina 136 .
206
AZEVEDO. Plauto Faraco. Justiça Distributiva e Aplicação do Direito . Pagina 13 9.
Página 61 de 237
permanência das normas integrantes do justo natural relativamente
àquelas pertinentes ao justo legal. 207
Termina-se por esquecer que uma ordem jurídica vale quanto valem
as relações sociais à sua por elas tutelados. Da cisão entre leis e as
relações sociais à sua origem resulta a consideração da lei em si e a
onipotência do legislador. Para que o esquema, assim concebido, se
articule, sugere-se, sutilmente, que o juiz seja o aplicador dócil das
leis feitas por obra e graça dos detentores do poder, cuja forma de
investidura e consonância com o bem comum não são jamais
questionadas, mas tidas aprioristicamente como metajurídicas. 208
207
AZEVEDO. Plauto Faraco. Justiça Distributiva e Aplicação do Direito . Pagina 140 .
208
AZEVEDO. Plauto Faraco. Justiça Distributiva e Aplicação do Direito . Pagina 142 .
209 Suma Teológica VI p270-276.
210 MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 112
211 MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 113
Página 62 de 237
seu consenso).(...) a traição da promessa não pode ser chamada de
um preceito de razão ou de natureza. 212
Das quais enumera São Thomaz, a religião, a piedade (que é o sustento aos
pais), o respeito, a dulia, a obediência, a gratidão, a verdade, a amizade, a liberalidade e
a epiquéia. Das quais vamos tratar para o problema de pesquisa e o objetivo desta
dissertação que é a contemporaneidade as virtudes da gratidão, da verdade, da amizade
e da epiquéia.
212 MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 115
213 MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 116-117
Página 63 de 237
são as leis naturais que ditam a paz como meio para a conservação
dos homens [reunidos] em multidões e que concernem apenas à
teoria da sociedade civil. 214
Diz Aristóteles na suma “as ações de graças se rendem para serem uma
retribuição”. E para São Tomás “algum benfeitor do qual recebemos algum beneficio
particular”, e disso decorre “o agradecimento ou gratidão que corresponde à
generosidade dos benfeitores” e que “depende do agradecimento ou gratidão, é uma
retribuição que se faz por uma obrigação de honra, ou seja, uma obrigação que se
cumpre espontaneamente”.
214 MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 124
215 MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 125
217 MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 126
218 MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 127
219 MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 154
Página 64 de 237
ordinário da natureza na constituição da mente, para saber se
somos culpados de imoralidade em relação aos outros. 220
220 MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 161
221 MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 167
222 MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 168
224
MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 170.
225
MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 171.
226
MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 173.
Página 65 de 237
efeito.(...) entre os homens a opinião de que um mérito ou um
demérito acompanha a justiça ou a injustiça. 227
Para São Tomás a palavra verdade tem dois sentidos “no primeiro, enquanto faz
com que se diga de uma coisa que ela é verdadeira, mas. Neste sentido, a verdade não é
uma virtude, mas simplesmente objeto ou fim da virtude. Assim pois, a verdade tomada
nesse sentido, não é um hábito, que é um gênero de virtude, mas uma certa relação de
igualdade entre o intelecto, ou o sinal, e a coisa inteligida e significada, ou ainda, entre
determinada coisa e sua regra, ou modelo.”
‘Portanto, que não se diga que o soberano não está sujeito às leis
do seu Estado, pois a afirmação oposta é uma verdade do direito
das gentes que a adulação por vezes contestou, mas que os bons
príncipes sempre defenderam como uma divindade tutelar dos
seus Estados. Quão legítimo é dizer, com o sábio Platão, que a
perfeita felicidade de um reino consiste na obediência das tropas
auxiliares ao príncipe, do príncipe à lei, e na justiça da lei, sempre
voltada ao bem público!’ 229
227
MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 174.
228
MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 187.
229
MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 198.
230
MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 239.
Página 66 de 237
Se em todas as coisas que os homens geralmente
consideram justas ou injustas estiver sempre presente um atributo
comum ou um conjunto de atributos, podemos avaliar se esse
atributo particular ou se a combinação de atributos tem condições
de suscitar um sentimento de determinado caráter e intensidade,
em virtude das leis gerais da nossa constituição emotiva ou se, ao
contrário, o sentimento é inexplicável e deve ser considerado
como uma predisposição particular da natureza. Na primeira
hipótese, ao resolvermos tal questão, teremos resolvido também o
problema principal; na segunda, teremos de procurar outro método
de pesquisa. Para individuar os atributos comuns de uma
variedade de objetos, é necessário começar a observá-los
concretamente. Sendo assim, voltemos nossa atenção para os
vários tipos de ação e de ordenamentos humanos, que são
classificados, por consenso amplo ou universal, como justos ou
injustos. As coisas que notoriamente suscitam sentimentos
associados a esses termos são de natureza variada: farei uma breve
análise delas sem entrar em nenhuma situação particular.
Página 67 de 237
Em terceiro lugar, considera-se universalmente justo que
cada um tenha o que merece (seja um bem ou um mal) e injusto
que obtenha um bem ou sofra um mal sem merecer. Talvez essa
seja a mais clara e eloqüente forma em que a idéia de justiça é, em
geral, concebida. E, uma vez que ela implica a idéia de mérito,
surge a pergunta: em que consiste o mérito? De um ponto de vista
geral, uma pessoa merece um bem se age corretamente, e um mal
se age desonestamente Merece um bem, num significado mais
específico, por parte daqueles aos quais ela faz ou fez um bem;
merece um mal por parte daqueles aos quais faz ou fez um mal. O
preceito de receber um bem por um mal nunca foi considerado um
cumprimento da justiça, mas um caso em que as exigências da
justiça não são respeitadas, em obediência a outras considerações.
Já no segundo sentido para São Tomás “a verdade é aquilo pela qual alguém diz
uma coisa verdadeira, e nesta acepção, alguém se diz veraz. E esta verdade, ou
veracidade é necessariamente uma virtude, porquanto dizer a verdade a respeito de uma
coisa é um ato bom, e ‘é a virtude que torna bom aquele que a possui, e faz com que sua
obra seja boa’”.
231
MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 240-243.
Página 68 de 237
imparcialidade une-se aquela de igualdade, que muitas vezes entra
como elemento tanto na concepção da justiça quanto na sua
realização prática, e, segundo a opinião de muitos, constitui a sua
essência. Neste, mais do que em outros casos, a noção de justiça
varia segundo os indivíduos e sempre se adapta nas suas variações
ao seu conceito de utilidade. Todos consideram que a igualdade
constitui o fundamento da justiça, exceto nos casos em que a
conveniência requer a desigualdade. O princípio de justiça, que
contempla uma tutela igual dos direitos de todos, é defendido por
aqueles que suportam as mais ultrajantes desigualdades nos
próprios direitos. Até mesmo em nações escravistas é
teoricamente admitido que os direitos do escravo, tal como são,
deveriam ser tão sagrados quanto aqueles do senhor, e que um
tribunal é injusto se não tiver condições de fazê-los respeitar com
igual severidade; todavia, ao mesmo tempo, as instituições que
concedem ao escravo bem poucos direitos a serem reconhecidos
não são consideradas injustas, uma vez que não são consideradas
inconvenientes. Aqueles que pensam que a utilidade requer
distinções de categoria não consideram injusta a distribuição
desigual da riqueza e dos privilégios sociais; mas aqueles que
consideram inconveniente tal desigualdade acham, por sua vez,
que ela é injusta. Quem quer que pense que um governo é
necessário não vê nenhuma injustiça na grande disparidade de
poderes concedidos ao magistrado e não aos outros. Até mesmo
entre aqueles que defendem doutrinas igualitárias existem outras
tantas interpretações da justiça quantas são as diferenças de
opinião sobre a conveniência. 232
232
MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 243-245.
Página 69 de 237
atividades cotidianas, um indivíduo possa ser e se mostre justo ou
injusto. 233
E para São Tomás “ para fazer disso um ato de virtude; para tanto é necessário
que se cumpram todas as circunstâncias devidas, pois, do contrario, o ato, em vez de
virtuoso, será um ato vicioso”. E que “a verdade ocupa o meio-termo entre o excesso e a
falta de dois modos: com relação ao objeto, e com relação ao ato”. E para São Tomás “é
própria essência da virtude tornar bom o ato humano”, e em Agostinho na suma “o bem
consiste na ordem”.
233
MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 245-246.
234
MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 247.
235
MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 248.
236
MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 249.
237
MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 250.
Página 70 de 237
dolorosa, a menos que esta não seja de natureza tal que a
sociedade tenha um interesse comum com elas em reprimi-la. 238
Que trago tal qual na suma “quanto ao artigo primeiro, assim se procede: parece
que a amizade não é virtude especial. 1. Com efeito, Aristóteles afirma que ‘a amizade
perfeita é aquela que se fundamente na virtude’. Ora, toda virtude é causa de amizade,
porque, segundo Dionísio, ‘o bom é amável para todo mundo’. Logo, a amizade não é
uma virtude especial, mas consequência de toda virtude. 2. Além disso, Aristóteles diz,
a respeito de um amigo, ‘que não é nem por amor nem por falta de amor que ele recebe
todas as coisas como convém’. Ora, quando alguém exibe sinais de amizade àqueles que
não ama, pratica algo do gênero da simulação, que repugna à virtude. Logo, esta
amizade não é uma virtude. 3. Ademais, Aristóteles diz que a ‘virtude se situa em um
meio-termo determinado pelo sábio’. Ora, o livro do Eclesíatico afirma: ‘O coração dos
sábios está na tristeza, o coração dos insensatos na alegria’. Convém por tanto, ao
homem virtuoso se precaver sobremaneira contra o prazer, como diz Aristóteles. E ele
acrescenta que este tipo de amizade ‘deseja por si mesma compartilhar as alegrias e
evitar provocar as tristezas’. Logo, esta amizade não é uma virtude especial. Em sentido
contrário, os preceitos da lei têm por objeto os atos das virtudes. Mas o livro do
Eclesíatico diz: ‘Fazer-se afável na assembleia dos pobres’. Por conseguinte, a
afabilidade, que se chama amizade, é uma virtude especial. Respondo. Uma vez que, foi
dito acima, a virtude se ordena para o bem, toda vez que ocorre uma razão especial de
bem, aí também haverá uma razão especial de virtude. Mas, o bem consiste na ordem,
como demonstrado. Ora, é preciso que as relações entre homens se ordenem
harmoniosamente num convívio comum, tanto em ações quanto em palavras, ou seja, é
necessário cada um se comporte com relação aos outros de maneira conveniente. Por
isso, é necessária uma virtude especial que mantenha a harmonia desta ordem. E esta
virtude se chama amizade ou afabilidade. Quanto ao 1°, portanto, deve-se dizer que
Aristóteles fala de duas amizades. A primeira consiste principalmente na afeição de um
238
MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 251.
239 Suma Teológica VI p642-646.
Página 71 de 237
homem para com outro, e pode ser a consequência de qualquer virtude. O que se refere
a esta amizade, (...). – mas ele fala de um segundo tipo de amizade que consiste
unicamente em palavras ou atos exteriores. E esta não realiza de maneira perfeita a
razão de amizade, mas tem com ela uma certa semelhança, na medida em que alguém se
comporta decentemente com aqueles com quem convive. Quanto ao 2°, deve-se dizer
que por natureza todo homem é amigo, com amor geral, segundo a palavra do
Eclesíastico: ‘todo ser vivo ama seu semelhante’. E as pessoas manifestam este amor
por sinais de amizade que se dirigem em palavras ou atos até mesmo aos estranhos e
desconhecidos. E não existe simulação nisto. Porque não se dá a estas pessoas sinais de
amizade perfeita, uma vez que não se pode ter com estranhos a mesma intimidade que
se tem com aqueles a quem se está unido por uma amizade especial. Quanto ao 3°,
deve-se dizer que quando se diz que o coração dos sábios está na tristeza, não se quer
dizer que os sábios levam a seu próximo a tristeza, pois o próprio Paulo afirma:
‘Quando um irmão teu se mostra triste por causa da comida, tu já não estás te
conduzindo segundo as normas da caridade’. Ao contrário, estes sábios procuram levar
um consolo aos que estão tristes, de acordo com a Eclesiástico: ‘não dês as costas a
quem chora e procura te afligir com os aflitos’. – mas, quando se diz que o coração dos
insensatos está na alegria, não quer dizer que eles alegrem os outros, mas que se
aproveitam da alegria alheia. Pertence aos sábios trazer prazer para aqueles de cujo
convívio participam. Não o prazer lascivo que a virtude recusa, mas o prazer honesto,
de acordo com o Salmo: ‘Como é bom e agradável para os irmãos habitarem juntos!’
Algumas vezes, porém, para conseguir um bem ou afastar um mal, o homem virtuoso
não terá medo de entristecer seus companheiros, como diz Aristóteles. E Paulo diz: ‘Se
com esta carta eu fiz vocês ficarem tristes, mão me arrependo’. E logo a seguir: ‘Eu, me
rejubilo, não por terdes ficado tristes, mas por esta tristeza vos ter levado à penitência’.
E por isso, não devemos mostrar um semblante alegre àqueles que se deixam levar pelo
pecado, como se quiséssemos confortá-los, para não pensem que temos cumplicidade
com o pecado deles e que, de certa forma, estamos encorajando sua audácia no pecar.
Assim, lemos no livro do Eclasiástico: ‘Tens filhas? Trata de preservar a pureza dos
corpos delas, e não lhes mostre um semblante risonho’”.
Página 72 de 237
uma vez que toda a vida e a associação voluntária que
estabelecemos é com amigos. 240
“ Quanto ao segundo, assim se procede: parece que esta amizade não é parte da
justiça. 1. Com efeito, pertence à justiça dar ao outro o que lhe é devido. Ora, isto não
pertence a esta virtude, que apenas nos fazer viver agradavelmente com os demais.
Logo, está virtude não é parte da justiça. 2. Além disso, segundo Aristóteles, esta
virtude diz respeito apenas ‘ao prazer ou à tristeza no convívio com os outros’. Ora,
moderar os prazeres excessivos pertence à temperança, (...). Logo, esta virtude é mais
parte da temperança do que da justiça. 3. Ademais, é contrário à justiça tratar como
240
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 247-248.
241
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 252.
242
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 253.
243
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 257.
244
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 258.
245
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 260.
246
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 272.
247
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 275.
248
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 277.
249
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 285.
Página 73 de 237
iguais os que são desiguais. Ora, Aristóteles diz que ‘esta virtude trata da mesma
maneira conhecidos e desconhecidos, familiares e estranhos’. Logo, esta virtude não
somente não faz parte da justiça como ainda a contraria. Em sentido contrário,
Macróbio afirma a amizade como uma parte da justiça. Respondo. Esta virtude faz parte
da justiça, na medida em que se liga a ela como a uma virtude principal. Ela tem em
comum com a justiça o fato de ser relativa ao outro. Mas não preenche a razão de
justiça, pois não realiza plenamente aquela razão de justiça, pois não realiza plenamente
aquela razão de dívida que obriga um homem, em relação ao outro, seja quando se trata
de uma dívida legal, que a lei obriga a honrar, seja em se tratando de uma dívida criada
por algum benefício recebido. A amizade leva em conta apenas uma dívida de honra
que é muito mais própria do virtuoso do que do outro, levando-o a fazer para o outro o
que convém. Quanto ao 1°, portanto, deve-se dizer que o homem é, por natureza, um
animal social e deve com honestidade manifestar a verdade aos outros homens, sem o
que a sociedade humana não poderia durar. Ora, assim como o homem não poderia
viver em uma sociedade sem prazer. Aristóteles diz: ‘ninguém consegue passar um dia
inteiro com uma pessoa triste e sem atrativos’. Por isso o homem é obrigado, por uma
espécie de dívida natural de honestidade, a tornar agradáveis as relações com os outros,
a menos que, por um motivo particular, seja necessário contristar outros para o próprio
bem deles. Quanto ao 2°, deve-se dizer que pertence à temperança refrear os prazeres
sensíveis. Mas esta virtude se aplica aos prazeres da convivência social, quem têm uma
justificativa racional, na medida em que cada um tem obrigação de se comportar com a
devida decência frente aos outros. E não há nenhum motivos para refrear esses prazeres
como nocivos. Quanto ao 3°, deve-se dizer que não se deve interpretar a palavra de
Aristóteles como se alguém devesse oferecer o mesmo tratamento aos conhecidos e
desconhecidos. E ele próprio acrescenta: ‘não convém tratar da mesma maneira
familiares e estranhos, quando se trata de participar das alegrias ou das tristezas’. A
semelhança consiste, pois, e quem se deve tratar a todos como convém”.
250
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 235 .
Página 74 de 237
nobre ter muitos amigos e alguns pensam que um amigo verdadeiro
é necessariamente um homem bom. 251
Perderiam certos bens, uma vez que amigos são bens. 259
Os homens prezam o afeto por ele mesmo, do que inferimos ser ele
mais valioso do que a honra, e que a amizade é desejável em si
mesma. 260
251
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 236 .
252
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 237.
253
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 238.
254
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 240 .
255
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 241 .
256
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 243 .
257
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 244-245.
258
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 246 .
259
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 248 .
260
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 249 .
Página 75 de 237
se mantêm também verdadeiros consigo mesmos eles se mantêm
também verdadeiros entre si e nem um nem outro solicita ou confere
préstimos que sejam moralmente degradantes. 261
“os bens dos amigos são propriedade comum” está correto, já que o
senso de comunidade é a essência da amizade. (...) A associação
política, acredita-se, foi originalmente formada e é preservada
visando à vantagem de seus membros. O propósito dos legisladores
é a bem da comunidade, e a justiça é, às vezes, definida como aquilo
que concorre para a vantagem comum. 262
261
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 249-250.
262
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 251 .
263
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 256 .
264
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 265 .
265
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 266.
266
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 267 .
267
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 272 .
268
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 273 .
269
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 282 .
270
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 283 .
Página 76 de 237
essencialmente, e se a existência de seu amigo é quase igualmente
desejável a ele, conclui-se que um amigo é uma das coisas a serem
desejadas. E o que é desejável para ele está ele compelido a ter, caso
contrário sua condição será incompleta nesse particular. Portanto,
para a feliz, o indivíduo necessita de amigos virtuosos. 271
Que trago tal qual na suma “quanto ao primeiro artigo, assim se procede: parece
que a epiquéia não é uma virtude. 1. Com efeito, nenhuma virtude destrói outra. Ora, a
epiquéia elimina outra virtude; por que ela suprime o que é justo segundo a lei e parece
se opor à severidade. Logo, a epiquéia não é uma virtude. 2. Além disso, Agostinho diz:
‘Embora os homens julguem as leis temporais quando as instituem, depois que elas
estão instituídas e confirmadas não é mais permitido ao juiz julgá-las. Mas
simplesmente julgar de acordo com elas’. Ora, a epiquéia parece julgar a lei, quando
estima que não se deve observá-la em determinados casos. Logo, a epiquéia é mais um
vício que uma virtude. 3. Ademais, parece próprio da epiquéia atender à intenção do
legislador, como diz Aristóteles. Ora, interpretar a intenção do legislador é um
privilégio reservado ao Príncipe. Daí a palavra do imperador no Código: ‘Só a nós
compete e é lícito examinar a interpretação interposta entre a equidade e o direito’. Por,
conseguinte, o ato da epiquéia é ílicito. Logo, a epiquéia não é uma virtude. Em sentido
contrário, Aristóteles a considera como uma virtude. Respondo. (...) das leis, foi dito,
que os atos humanos que as leis devem regular, são particulares e contigentes, e podem
variar ao infinito. Por isso, foi sempre impossível instituir uma regra legal que fosse
absolutamente sem falha e abrangesse todos os casos. Os legisladores, examinando
atentamente o que sucede com mais frequência, procuraram legislar levando isto em
271
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 285 .
272
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 288 .
273
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 289 .
274 Suma Teológica VI p688-692.
Página 77 de 237
conta. Mas, em alguns casos, observar rigidamente a lei vai contra a igualdade da
justiça, e contra o bem comum que a lei visa. Um exemplo: a lei determina que os
depósitos sejam restituídos, porque na maioria dos casos isto é o justo. Mas, num
determinado caso, isto pode ser nocivo. Exemplo: se um louco furioso, que deu uma
espada em depósito, a reclamar num acesso de loucura, ou se alguém exigir o depósito
para lutar contra a pátria. Em tais casos é mau seguir a lei estabelecida; e o bom então é,
deixando de lado a letra da lei, obedecer às exigências da justiça e do bem comum. É a
isto que se ordena a epiquéia, que nós chamamos de equidade. E assim se torna claro
que a epiquéia é uma virtude. quanto ao 1°, portanto, deve-se dizer que a epiquéia não
se afasta simplesmente do que é justo em si mesmo, mas do justo que é determinado
pela lei. – nem se opõe à severidade, porque segue fielmente a verdade da lei quando
não é oportuno, é um ato vicioso. Por isso o Código diz: ‘Não há dúvida que peca contra
a lei aquele que, se apegando à letra da lei, contradiz a vontade do legislador’. Quanto
ao 2°. Deve-se dizer que alguém julga a lei quando diz que ela não foi bem feita. Mas,
quem diz que, num caso determinado, a letra da lei não deve ser observada, não está
julgando a lei em si mesma, mas simplesmente um caso específico que se apresenta.
Quanto ao 3°, deve-se dizer que a interpretação tem lugar nos casos duvidosos, quando
não é permitido, sem decisão da autoridade, se afasta dos termos da lei. Mas em casos
evidentes, não se trata de interpretação, mas de execução.”
Página 78 de 237
no legislador, mas na natureza da coisa. Com efeito, a matéria das
questões práticas está de imediato nessa natureza. Quando, portanto,
a lei se expressar em termos gerais e surge um caso que não se
enquadra na regra, será, então, correto – onde a expressão do
legislador, por ser absoluta, é lacunar e errônea – corrigir a
deficiência (preencher a lacuna), pronunciando como o próprio
legislador teria pronunciado se estivesse presente oportunamente e
teria legislado se tivesse conhecimento do caso em particular. Por
conseguinte, o equitativo é justo e superior a certa espécie de justiça,
porém não superior àquela absoluta, mas apenas ao erro gerado pela
sua expressão absoluta. Tal é a natureza própria do equitativo, ou
seja, ele constitui uma correção da lei onde esta é lacunar por força
de sua generalidade. A propósito, aí reside a razão de nem todas as
coisas serem determinadas pela lei, a saber, em alguns casos [e
situações] é impossível estabelecer uma lei necessária e decretos;
com efeito, aquilo que é indefinido (...) é um decreto produzido para
se ajustar aos fatos circunstanciais. Está claro, portanto, o que é o
equitativo, que é justo e superior a certa espécie de justiça. A partir
disso se evidência, igualmente, quem é o indivíduo equitativo,
nomeadamente alguém por prévia escolha a hábito pratica o que é
equitativo, e que não é flexível quanto aos seus direitos, exibindo o
pendor de receber uma porção menor mesmo que tenha a lei a seu
favor. E o estado que se identifica com isso é a equidade, a qual é
uma espécie de justiça e não um estado distinto. 275
“Quanto ao segundo, assim se procede: parece que a epiquéia não faz parte da
justiça. 1. Com efeito, há duas sortes de justiça: a justiça particular e a justiça legal. Ora,
a epiquéia não faz parte da justiça particular, porque abrange todas as virtudes, como a
justiça legal. Mas também não faz parte da justiça legal, porque ela age fora das
disposições da lei. Logo, a epiquéia não é parte da justiça. 2. Além disso, uma virtude
mais principal não faz parte de uma virtude menos principal. Assim, às virtudes
cardeais, que são as principais, são atribuídas as virtudes secundárias como parte delas.
Ora, a epiquéia parece ficar acima da justiça, como seu nome sugere, pois vem de epi,
que significa acima, e dikaion, que significa justo. Logo, a epiquéia não faz parte da
justiça. 3. Ademais, parece que a epiquéia se identifica com a moderação. Quando Paulo
diz ‘que vossa modéstia seja conhecida de todos os homens’, o termo grego que ele
emprega corresponde à epiquéia. Ora, segundo Cicero, a modéstia faz parte da
temperança. Logo, a epiquéia não faz parte da justiça. Em sentido contrário, Aristóteles
diz que ‘a epiquéia é algo justo’. Respondo. Uma virtude correspondem três partes:
parte subjetiva, integrante e potencial. A parte subjetiva é aquela à qual se atribui
essencialmente o todo e é menos que o todo. E isto pode acontecer de duas maneiras: às
vezes se atribui o todo às partes segundo uma única razão, como quando atribuímos o
gênero ‘animal’ ao cavalo e ao boi; mas outras vezes a atribuição se faz a uma das suas
partes por prioridade: é assim que o ente se atribui primeiro a substância e depois ao
275
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 169-171.
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acidente. Logo, a epiquéia faz parte da justiça tomada num sentido geral, como uma
espécie de ‘realização da justiça’, segundo a expressão de Aristóteles. Fica pois claro
que a epiquéia é parte subjetiva da justiça. E ela pode ser chamada de justiça por
prioridade, antes mesmo da justiça legal, pois a justiça legal se dirige de acordo com a
epiquéia. Desta forma ela se comporta como uma espécie de regra superior dos atos
humanos. Quanto ao 1°, portanto deve-se dizer que a epiquéia corresponde
propriamente à justiça legal; de um certa maneira, está incluída nela, e de certo modo
ultrapassa. Se chamarmos de justiça legal aquela que obedece à lei seja quanto à letra
desta, seja quanto a intenção do legislador, que é bem mais importante, então a epiquéia
é a parte mais importante da justiça legal. Mas se chamarmos justiça legal unicamente
aquela que obedece a lei segundo a letra, então a epiquéia não faz parte da justiça legal,
mas da justiça tomada no seu sentido geral, e se distingue da justiça. Quanto ao 2°,
deve-se dizer que Aristóteles diz que ‘a epiquéia é melhor do que uma certa justiça, ou
seja, a justiça legal que observa a letra da lei. Mas porque ela própria é uma certa
justiça, não é melhor que toda justiça’. Quanto ao 3°, deve-se dizer que à epiquéia
compete ser moderadora no que concerne à observância da letra da lei. Mas a
moderação que faz parte da temperança modera a vida exterior do homem, no que se
refere ao andar, ao vestir, e noutros comportamentos deste gênero. Mas é possível que,
entre os gregos, o termo epiquéia, tenha servido para todos os tipos de moderação.,
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insciente do erro que tal coisa acarreta. E isso não faz dela uma lei
errada, pois o erro não se encontra na lei e nem no legislador, mas
na natureza do caso, uma vez que o estofo das questões práticas é
essencialmente irregular. Quando, portanto, a lei estabelece uma
regra geral e, posteriormente, surge um caso que apresenta uma
execução à regra, será, então, correto (onde a exepressão) retificar o
defeito (preencher a lacuna) decidindo como o próprio legislador
teria ele mesmo decidido se estivesse presente na ocasião em
particular e teria promulgação se tivesse sido conhecedor do caso
em questão. Consequentemente, embora o equitativo seja justo e
seja superior a uma espécie de justiça, não é superior a justiça
absoluta. Esta é a natureza essencial do equitativo, ou seja, é uma
retificação da lei onde a lei é lacunar em função de sua generalidade.
Com efeito, essa é a razão porque não são todas as coisas
determinadas pela lei; pela fato de haver alguns casos [e situações]
em relação aos quais é impossível estabelecer uma lei, é necessária a
existência de um decreto especial; pois aquilo que é ele próprio
indefinido só pode ser medido por um padrão indefinido, como a
régua plúmbea usada pelos construtores de Lesbos; tal como essa
régua não é rígida, podendo ser flexibilizada ao formato da pedra,
um decreto especial é feito para se ajustar às circunstâncias do caso.
Está claro agora o que é equitativo, que este é justo e que é superiora
um tipo de justiça. E [também] daqui se pode concluir claramente
quem é o homem equitativo: ele é alguém que por escolha e hábito
faz o que é equitativo, e que não é inflexível quanto aos seus
direitos, se contendo em receber uma porção menor mesmo que
tenha a lei do seu lado. E a disposição correspondente é a equidade,
a qual é um tipo especial de justiça e, de modo algum, uma
qualidade diferente276
Diz São Tomás a “parte geral e especial são por assim dizer partes integrantes,
porque ambas são requeridas para perfeição do ato de justiça”, e “se falamos do bem e
mal em geral, fazer o bem pertence a toda virtude.” E que “a justiça, considerada como
virtude principal, se refere ao bem como dívida para com o próximo. Nessa caso,
pertence à justiça especial fazer o bem devido ao próximo e evitar o mal oposto, isto é,
aquilo que prejudica o próximo.” E que afirma Agostinho na suma “que à da justiça da
lei pertence em evitar o mal e fazer o bem.”
276
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 172-173.
277 Suma Teológica VI p262-270.
Página 81 de 237
pensamos que isso se dê tão logo se admite que a sociedade deva
abandoná-la à sua sorte ou apenas aos seus esforços, sem tomar
nenhuma medida para protegê-la.(...) Ter um direito significa,
então, ter algo, cuja posse deve ser defendida pela sociedade. Se
me perguntassem por que a sociedade deveria defender esse
interesse, eu não poderia alegar nenhum outro motivo a não ser
aquele da utilidade geral.(...) justificação moral, daquele tipo de
utilidade extraordinariamente importante e incisiva que está em
jogo. O interesse envolvido é aquele da segurança, que, para todo
indivíduo, é de vital importância.(...) e uma idéia correta do
conceito de justiça, se a justiça fosse totalmente independente da
utilidade e constituísse uma norma em si, que podemos reconhecer
com uma simples introspecção, não seria fácil entender por que
esse oráculo interior é tão ambíguo e por que muitas coisas
parecem ora lícitas, ora ilícitas, segundo a perspectiva de que são
vistas. 278
“Ao passo que à justiça geral compete fazer o bem enquanto é devido à
sociedade ou a Deus, e evitar o mal contrario” e a “mesma justiça que compete
estabelecer algo e mantê-lo assim estabelecido. Ora, a igualdade da justiça se estabelece
fazendo o bem, a saber, dando a outrem o que lhe é devido; e mantém-se essa igualdade
evitando o mal, isto é, não causando nenhum dano ao próximo” {ou a restituir o
próximo como abordaremos com respeito a Platão em a Republica}.
Pelo que já foi dito, é evidente que o termo justiça aplica-se a tais
exigências morais, que, consideradas em seu conjunto, ocupam
278
MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 252-254.
279
MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 255.
280
MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 258.
281
MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 261.
282
MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 262.
Página 82 de 237
um lugar de primeiro plano na escala da utilidade social; embora
possam ocorrer casos particulares em que outro dever social se
mostra tão importante a ponto de subverter algumas normas gerais
de justiça, elas têm uma obrigatoriedade mais imperativa do que
qualquer outra. Portanto, para salvar uma vida, não apenas é
permitido, mas também é um dever roubar ou tomar à força
alimentos ou medicamentos, ou ainda seqüestrar e obrigar o único
médico competente a realizar uma operação. Em tais situações,
uma vez que não chamamos de justiça o que não é virtude,
dizemos em geral que não é a justiça que deve dar passagem a
algum outro princípio moral, mas, em razão desse outro princípio,
o que é justo em casos ordinários não é justo no caso particular.
Graças a esse útil ajuste de linguagem, o caráter de
imprescritibilidade atribuído à justiça é mantido, e, assim, ficamos
isentos da necessidade de sustentar que possa existir uma injustiça
louvável. 283
Para São Tomás “fazer o bem é ato completivo da justiça e como sua parte
principal. Apartar-se do mal é um ato menos perfeito e parte secundaria da mesma. É
como um parte material, sem a qual não pode existir a parte formal e completiva”.
283
MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 265.
284
MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 266.
285
MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 294.
286
MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 295.
Página 83 de 237
mostra que por "justiça" não entendemos meramente a
conformidade ao direito. De fato, em primeiro lugar, nem sempre
chamamos de injustos aqueles que violam o direito, mas apenas
aqueles que violam algumas leis: por exemplo, não chamamos de
injustos dois indivíduos em duelo, tampouco quem faz uso de
jogos de azar. Em segundo lugar, muitas vezes cremos que o
direito, tal como se dá, não realiza completamente a justiça, o que
faz com que nossa idéia de justiça forneça um critério, com base
no qual julgamos as leis vigentes e estabelecemos se elas são
justas ou não. Em terceiro lugar, há uma parte da conduta justa
que chega a ultrapassar o âmbito do direito como ele deve ser,
uma vez que, por exemplo, consideramos que um pai pode ser
justo ou injusto com seus filhos, mesmo em questões em que o
direito o deixa (e deve deixá-lo) livre para proceder como quiser.
Portanto, temos de distinguir a justiça daquela que foi chamada de
virtude ou de dever da ordem ou da observância da lei. Ao
examinar os pontos de divergência que acabamos de mencionar,
talvez possamos alcançar a verdadeira definição da justiça. 287
287
MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 298.
288
MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 299.
289
MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 300.
290
MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 308.
Página 84 de 237
desses direitos naturais, e menos claros ainda são aqueles
princípios dos quais é possível deduzi-los de modo sistemático. 291
291
MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 310.
292
MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 311.
293
MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 322.
294
MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 335
295
MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 361.
296 Suma Teológica VI p54-76.
Página 85 de 237
“Mas essa virtude de justiça resume-se em proferir a verdade e em
restituir o que se tomou de alguém” 297.
Para Aristóteles na suma que a justiça é “o hábitus que leva a praticar coisas
justas, a realizar e a querer o que é justo ”. E em A Idéia de Justiça de Platão a Rawls “a
partir da definição de justiça comumente dada nas escolas, pois dizem que a justiça é a
vontade constante de dar a cada um o que é seu”301. Em Aristóteles na suma “a justiça é
o hábitus que leva alguém a agir segundo a escolha que faz do que é justo”.
301 MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 112
Página 86 de 237
saberei se é virtude ou não e se aquele que a possui é feliz ou
infeliz. 304
Discorre São Tomás “o nome justiça implica igualdade; por isso, em seu
conceito mesmo, justiça comporta relação com o outrem”. E que “as ações, porém,
relativas a outrem carecem de uma retificação especial, não só em referência ao seu
autor, mas também àquele que elas atingem. Elas são assim objeto de uma virtude
especial, que é a justiça”.
Página 87 de 237
Sócrates — Então, cada um deverá desempenhar a sua
função para toda a comunidade 308
E que “o bem de cada virtude, quer ordene o homem para consigo mesmo, quer
o ordene a outras pessoas, comporta uma referência ao bem comum, ao qual orienta a
justiça. Dessa maneira, os atos de todas as virtudes podem pertencer à justiça, enquanto
está orienta o homem ao bem comum. Nesse sentido, a justiça é uma virtude geral. E
como compete à lei ordenar o homem ao bem comum.” São Tomás diz “as coisas que
nos concernem individualmente podem ser ordenadas a outrem, sobretudo em razão do
bem comum”. E que “a justiça legal é por essência uma virtude especial, pois tem por
objeto próprio o bem comum.”
Ademais “tudo o que pode ser retificado pela razão constitui a matéria de uma
virtude moral, que se define pela reta razão(...). A razão pode assim retificar tanto as
paixões interiores da alma, quanto as ações exteriores e mesmo as coisas externas que
servem ao uso do homem. Todavia, mediante as ações das coisas exteriores, pelas quais
os homens podem comunicar entre si, o que visa é a boa ordem as relações mútuas, ao
passo que nas paixões interiores, considera-se a retidão do homem em si mesmo. E uma
vez que a justiça tem por objeto as relações com outrem, ela não abarca toda a matéria
da virtude moral, mas somente as ações e coisas exteriores, sob o ângulo especial de um
objeto, a saber, enquanto por elas um homem é colocado em relação com outro”.
Página 88 de 237
iguais se defendam mutuamente e os convenceremos a velar pela
sua segurança pessoal. 312
Coloca São Tomás “todas as virtudes morais estão em relação com o prazer e a
tristeza, enquanto fins que dela decorrem”. E Aristóteles na suma “alegria e tristeza são
o fim principal, em vista de qual declaramos uma coisa boa ou má”. E continua “a lei
manda praticar as ações que convêm ao homem forte, moderado e manso”.
Página 89 de 237
moralmente aceitável e às vezes seja até chamado de "justiça
social", difere das formas primárias de justiça, que concernem
simplesmente à restauração, na medida do possível, do status quo
entre dois indivíduos. Deve-se notar um importante ponto de
articulação entre as idéias de justiça e as idéias de bem ou bem-
estar social. 316
Ao final trata sobre se a justiça tem preeminência sobre todas as virtudes morais,
e isso por duas razões “a primeira, do lado do sujeito: a justiça, com efeito, tem sua sede
na parte mais nobre da alma, a saber no apetite racional, a vontade. A segunda razão
vem da parte do objeto. Pois, as outras virtudes morais, além da justiça, são exaltadas
somente pelo bem que realizam no homem virtuoso, ao passo que a justiça é enaltecida
pela bem que o homem virtuoso realiza em suas relações com outrem.” Ou seja, a
justiça tem preeminência sobre as outras virtudes.
316
MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 363.
317
MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 367.
318
MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 371.
319
MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 380.
Página 90 de 237
Página 91 de 237
Nono ponto; As partes da justiça320:
Diz São Tomás “a justiça particular se ordena a uma pessoa privada, que está
para a comunidade como a parte para o todo. Ora, uma parte comporta dupla relação.
Página 92 de 237
Uma, de parte a parte, à qual corresponde a relação de uma pessoa privada a outra. Tal
relação é dirigida pela justiça comutativa, que visa o intercâmbio mútuo entre duas
pessoas. A outra relação é do todo às partes; a ela se assemelha a relação entre o que é
comum a cada uma das pessoas. Essa segunda relação se refere a justiça distributiva,
que reparte o que é comum de maneira proporcional.”
321 MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 118
Página 93 de 237
Décimo Ponto; A Restituição322:
Diz São Tomás “restituir não é mais do que restabelecer alguém na posse ou no
domínio do que é seu. E assim, na restituição visa-se uma igualdade da justiça,
compensando uma coisa com outra, o que pertence à justiça comutativa”. E que
“portanto, a restituição é um ato da justiça comutativa, quer o bem do outro tenha sido
obtido, por sua vontade livre, como no caso do mútuo ou do deposito, que contra a sua
vontade, como na rapina e no furto.”
Diz São Tomás “a restituição exige, pois, a entrega da coisa mesma que foi
injustamente tirada” e que “como observar a justiça é de necessidade para a salvação,
por conseguinte é de necessidade para a salvação restituir o que foi injustamente tirado”.
E “há duas coisas a considerar, quando alguém se apodera injustamente do bem alheio.
A primeira é a desigualdade nas próprias coisas possuídas(...). Outra e a falta contra a
justiça(...). a reparação no primeiro caso se encontra na restituição, que restabelece a
igualdade; para isso, basta que se restitua apenas o quanto se reteve do alheio”.
Discorre São Tomás “duas coisas se hão de considerar naquele que recebeu o
bem de outrem: o que recebeu e a maneira de receber. Em razão do bem recebido, tem-
se a obrigação de restitui-lo, enquanto se estiver em posse dele. Com efeito, quem
possui mais do que é seu, deve-lhe ser tirado e dado a quem está privado dele”
323
Ulpiano. Regras de Ulpiano. Ed Edipro. 2002. Pagina 72 .
324
Ulpiano. Regras de Ulpiano. Ed Edipro. 2002. Pagina 73 .
325
Ulpiano. Regras de Ulpiano. Ed Edipro. 2002. Pagina 73.
326
Ulpiano. Regras de Ulpiano. Ed Edipro. 2002. Pagina 74 .
327
Ulpiano. Regras de Ulpiano. Ed Edipro. 2002. Pagina 123 .
Página 94 de 237
Há dois tipos de ações: a ação in rem, chamada
reivindicação, e a in personam, denominada condictio. 328
Trata também São Tomás “a recepção, porém, de uma coisa alheia pode revestir
uma tríplice modalidade: 1º por vezes, ela é injusta porque contraria a vontade do
proprietário, como no caso da furto e do roubo. Então, quem a praticou está obrigado à
restituição, quer em razão do bem de outrem em si mesmo, quer, em razão da ação
injuriosa, ainda que não continue a deter o bem alheio. Se alguém feriu outrem está
obrigado a dar uma reparação ao injuriado, mas que nada permaneça com ele. Assim
também quem furta ou rouba está obrigado a compensar o dano causado, embora nada
tenha guardado para si; e, além disso, deve ser punido pela injustiça cometida. 2º
alguém recebe o bem alheio para sua própria utilidade, sem injustiça, pois conta com o
consentimento do proprietário, como na caso de empréstimos. E então estará obrigado à
restituição, não apenas em razão do bem recebido, mas pelo fato de tê-lo recebido,
mesmo que já tenha perdido. Deve recompensar a quem lhe fez favor, o que não se dará,
se este sair prejudicado. 3º recebe-se o bem alheio, sem injustiça, mas também sem
utilidade própria, como no caso dos depósitos. Do fato de ter recebido esse bem, o
depositário não contrai qualquer obrigação, pois está prestando serviço ao guardá-lo. A
obrigação decorre do próprio bem a ele confiado.(...) o principal objetivo da restituição
é reparar o dano causado a quem foi lesado em seus bens”.
328
Ulpiano. Regras de Ulpiano. Ed Edipro. 2002. Pagina 123 .
329
Ulpiano. Regras de Ulpiano. Ed Edipro. 2002. Pagina 124.
330
Ulpiano. Regras de Ulpiano. Ed Edipro. 2002. Pagina 124 .
331
Ulpiano. Regras de Ulpiano. Ed Edipro. 2002. Pagina 124 .
332
Ulpiano. Regras de Ulpiano. Ed Edipro. 2002. Pagina 124 .
333
Ulpiano. Regras de Ulpiano. Ed Edipro. 2002. Pagina 125 .
334
Ulpiano. Regras de Ulpiano. Ed Edipro. 2002. Pagina 125.
Página 95 de 237
Segunda Seção
Da Lei
Diz São Tomás “a lei é certa regra e medida dos atos, segundo a qual alguém é
levado a agir, ou apartar-se da ação.(...) cabe, com efeito, à razão ordenar ao fim.” E
Isidoro na suma “que a lei é ‘escrita não para vantagem particular, mas para a comum
utilidade das cidadãos’”.
336
Ulpiano. Regras de Ulpiano. Ed Edipro. 2002. Pagina 24 .
337 MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justic ̧a de Platão a Rawls pagina 263-264
338 MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justic ̧a de Platão a Rawls pagina 338
339 RAWLS.Jonh. Uma Teoria da Justiça. Ed. Martins Fontes. São Paulo. 2000. Pagina 610
Página 96 de 237
E que em São Tomás “portanto, é necessária que, dado que a lei se nomeia
maximamente segundo a ordenação ao bem comum, qualquer outro preceito sobre uma
obra particular não tenha razão da lei a não ser segundo a ordenação ao bem comum”,
{ou seja, a utilidade comum e felicidade comum, sendo esses as duas coisas juntas para
ser bem comum.}
Página 97 de 237
pode ser conveniente, para os objetivos do discurso, imaginar um
tipo de lei ou ditame, chamado de lei ou ditame da utilidade: e
falar da ação em questão como conforme a tal lei ou ditame.
XII. Não que exista, ou que não tenha existido algum dia, uma
criatura humana viva que, por mais estúpida ou perversa que
fosse, não tivesse confiado nesse princípio em muitas e talvez até
na maior parte das ocasiões de sua vida. Por causa da constituição
natural do organismo humano, na maior parte das ocasiões das
suas vidas, os homens em geral adotam esse princípio sem refletir
a respeito dele: se não for para regular as próprias ações, é pelo
menos para analisá-las, bem como aquelas alheias. Talvez não
tenha havido muitos contemporaneamente, mesmo entre os mais
inteligentes, que se dispusessem a adotá-lo de modo exclusivo e
sem reservas. Existem também alguns que não perderam a ocasião
para polemizar contra ele, ou porque nem sempre entenderam
como aplicá-lo, ou por causa deste ou daquele preconceito que
temiam examinar até o fim, ou do qual não conseguiam separar-
se. Pois esta é a matéria de que é feito o homem: em linha de
princípio e em linha prática, num caminho correto ou em outro
errado, a mais rara de todas as qualidades humanas é a coerência.
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um tipo de frase, que, no fundo, não exprime nem mais, nem
menos do que a mera asserção dos próprios sentimentos
desprovidos de fundamento: ou seja, aquele que, em outra pessoa,
ele poderia tender a chamar de capricho. 4. Se estiver inclinado a
acreditar que a própria aprovação ou desaprovação, incorporada à
idéia de um ato, sem levar em conta suas conseqüências, é para ele
um fundamento suficiente, com base no qual deve julgar e agir,
deve perguntar-se se o seu sentimento constitui um critério do
justo e do injusto em relação a todos os outros homens ou se o
sentimento destes tem o mesmo privilégio de constituir um critério
por si mesmo. 5. No primeiro caso, deve perguntar-se se o seu
princípio não é despótico e hostil ao restante da raça humana. 6.
No segundo caso, deve perguntar-se se não é anárquico e,
prosseguindo dessa maneira, se não haverá outros tantos critérios
diferentes do justo e do injusto quantos são os homens; e se para o
mesmo homem uma mesma coisa, que hoje é justa, não pode (sem
a menor mudança na sua natureza) ser injusta amanhã; e se a
mesma coisa não será justa e injusta no mesmo lugar e na mesma
época; e se em ambos os casos não será o fim de toda
argumentação; e se quando dois homens disserem "gosto disso" e
"não gosto", poderão (com base em tal princípio) ter algo mais a
dizer. 7. Se ele tivesse de dizer a si mesmo: não, uma vez que esse
sentimento que ele propõe como critério deve fundar-se na
reflexão, precisa dizer em que detalhes se deve basear tal reflexão;
se em detalhes relativos à utilidade do ato, então que diga se isso
não significa desertar o próprio princípio e pedir auxílio àquele
mesmo princípio, em oposição ao qual ele tinha alçado o próprio.
Ou, se não se basear nesses detalhes, em que outros irá basear-se?
8. Se tendesse a combinar as coisas e adotar em parte o próprio
princípio e, em parte, o princípio de utilidade, deve dizer até que
ponto o adotará. 9. Quando tiver estabelecido onde deve parar,
então que seja indagado como justifica a si mesmo o fato de
adotá-lo até aquele ponto e por que não o adota mais além. 10.
Admitindo-se que qualquer outro princípio além daquele de
utilidade seja um princípio justo, um princípio que é justo para um
homem segui-lo; admitindo-se (o que não é verdade) que a palavra
justo possa ter um significado sem referência à utilidade, deverá
dizer se existe algo como um motivo que um homem pode ter para
seguir seus ditames: se houver, que diga qual é esse motivo e
como se pode distingui-lo daqueles que tomam cogentes os
ditames da utilidade; se não houver, então que diga, finalmente,
para que pode servir esse outro princípio. 340
Diz São Tomás “as ações são certamente da ordem do particular, mas aqueles
particulares podem referir-se ao bem comum, não certamente pela comunidade do
gênero ou da espécie, mas pela comunidade da causa final, enquanto o bem comum se
diz fim comum.” E que “a ordem ao bem comum, que pertence à lei, é aplicável aos fins
particulares”.
Diz Isidoro e está nas decretais na suma “a lei é a constituição do povo, segundo
a qual os que são maiores por nascimento, juntamente com as plebes, sancionaram algo”
e “assim constituir a lei ou pertence a toda multidão, ou a pessoa pública que tem o
cuidado de toda multidão” e que “e assim, como o bem de um só homem não é o fim
340 MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justic ̧a de Platão a Rawls pagina 231-238
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último, mas ordena-se ao bem comum, assim também o bem de uma só casa ordena-se
ao bem de uma cidade, que é a comunidade perfeita.” Dizem as Decretais na suma “as
leis se instituem quando são promulgadas”.
Trata São Tomás “os preceitos da lei dizem respeito aos atos humanos, os quais
a lei dirige(...). São, contudo três as diferenças das atos humanos.(...) alguns atos são
bons pelo gênero, que são os atos das virtudes e a respeito desses, é posto o ato da lei de
preceituar ou ordenar; ‘ordena’, pois, ‘a lei todos os atos das virtudes’(...) alguns,
porém, são atos maus pelo gênero (quando se interfere em outra vontade), como os atos
viciosos, e a respeito deles cabe à lei o proibir. Alguns, contudo, pelo gênero, são atos
indiferentes e a respeito deles, cabe a lei o permitir. E podem ser ditos indiferentes todos
aqueles atos que são ou pouco bons ou pouco maus. - aquilo pelo qual a lei induz a que
se lhe obedeça, é o temor da pena, e quanto a isso, é posto o punir como efeito da lei”.
Diz Agostinho na suma “a lei eterna é a suma razão, à qual se deve sempre
sujeitar”. E diz São Tomás “portanto, assim como a razão da divina sabedoria, enquanto
por ela foram todas as coisas criadas, tem razão de arte ou exemplar ou ideia, assim
também a razão da divina sabedoria ao mover todas as coisas para o devido fim, obtém
a razão de lei. E segundo isso, a lei eterna nada é senão a razão da divina sabedoria,
segundo é diretiva de todos os atos e movimentos”. E diz Agostinho na suma “a lei
eterna é aquela pela qual os homens não podem julgar” e que “a lei eterna é aquela pela
qual é justo que todas as coisas sejam ordenadíssimas”.
Diz São Tomás “a lei implica certa razão diretiva das atos para o fim”. E que
“portanto como a lei eterna é a razão de governo no governante supremo, é necessário
que todas as razões de governo que estão nos governantes inferiores derivem da lei
eterna.(...) donde todas as leis, enquanto participam da razão reta, nessa medida derivam
da lei eterna”. Diz Agostinho “na lei temporal nada é justo e legítimo que os homens
não tenham derivado para si da lei eterna”.
345
PINHEIRO. Alexandre Pereira. revista Universitas/Jus nº 9: artigo; A justiça comutativa e a função social do contrato no
novo código civil brasileiro. Pagina 267-268.
346
PINHEIRO. Alexandre Pereira. revista Universitas/Jus nº 9: artigo; A justiça comutativa e a função social do contrato no
novo código civil brasileiro. Pagina 269.
347
PINHEIRO. Alexandre Pereira. revista Universitas/Jus nº 9: artigo; A justiça comutativa e a função social do contrato no
novo código civil brasileiro. Pagina 269.
348
PINHEIRO. Alexandre Pereira. revista Universitas/Jus nº 9: artigo; A justiça comutativa e a função social do contrato no
novo código civil brasileiro. Pagina 269.
E para São Tomás “enquanto, pois, se afasta da razão eterna, diz-se assim lei
iníqua, e assim não tem razão de lei, e, sim, mais de certa violência”. E se “isso mesma
é uma coibição eficacíssima; com efeito, quaisquer coisas que são coibidas, dizem-se
ser coibidas na medida em que não podem fazer diferentemente do que é disposto a
respeito delas”.
349
PINHEIRO. Alexandre Pereira. revista Universitas/Jus nº 9: artigo; A justiça comutativa e a função social do contrato no
novo código civil brasileiro. Pagina 270.
350
PINHEIRO. Alexandre Pereira. revista Universitas/Jus nº 9: artigo; A justiça comutativa e a função social do contrato no
novo código civil brasileiro. Pagina 270.
351
PINHEIRO. Alexandre Pereira. revista Universitas/Jus nº 9: artigo; A justiça comutativa e a função social do contrato no
novo código civil brasileiro. Pagina 270-271.
352
PINHEIRO. Alexandre Pereira. revista Universitas/Jus nº 9: artigo; A justiça comutativa e a função social do contrato no
novo código civil brasileiro. Pagina 271.
Trata que “nos bons, contudo, cada uma das maneiras acha-se perfeita, pois além
do conhecimento da fé e da sabedoria; e acima da inclinação natural para o bem,
acrescenta-se neles internamente a moção da graça e da virtude”. Diz o apostolo na
suma “Onde o Espírito do Senhor, aí a liberdade”.
353
PINHEIRO. Alexandre Pereira. revista Universitas/Jus nº 9: artigo; A justiça comutativa e a função social do contrato no
novo código civil brasileiro. Pagina 272.
354
PINHEIRO. Alexandre Pereira. revista Universitas/Jus nº 9: artigo; A justiça comutativa e a função social do contrato no
novo código civil brasileiro. Pagina 272-273.
355 Suma Teológica IV p559-572
E que “porque o bem tem razão de fim, e o mal, razão do contrário, daí é que
todas aquelas coisas para as quais o homem tem inclinação natural, a razão apreende
como bens, e por conseqüência como obras a ser procuradas, e as contrárias desses
como males a serem evitados. Segundo, pois, a ordem das inclinações naturais, dá-se a
ordem dos preceitos da lei da natureza. Pois é inerente ao homem, por primeiro, a
inclinação para o bem segundo a natureza.”
Por conseguinte Damasceno diz que “as virtudes são naturais”. E São Tomás
“logo também os atos virtuosos se subordinam à lei da natureza.” E que “podemos falar
de dois modos dos atos virtuosos: de um modo, enquanto são virtuosos; de outro modo,
enquanto são tais atos, considerados nas próprias espécies. Se, pois, falamos dos atos
356 MAFFETTONE, Sebastiano; VECA, Salvatore (orgs). A Idéia de Justiça de Platão a Rawls pagina 119-123
E que “muitas coisas, com efeito, se fazem segundo a virtude para as quais a
natureza não inclina por primeiro, mas pela inquisição da razão a elas chegaram os
homens, como úteis para viver bem.” E “deve-se dizer, portanto, que a temperança é
relativa a concupiscência naturais do alimento, da bebida e do sexo, que certamente se
ordenam ao bem comum da natureza, como também as outras matérias legais se
ordenam ao bem comum moral.” E que “por causa das diversas condições do homens,
acontece que alguns atos são em alguns virtuosos, enquanto a eles proporcionados e
convenientes, os quais, porém, são viciosos em outros, enquanto não proporcionados a
eles.”
Diz Isidoro na suma “o direito natural é comum a todas as nações”. E para São
Tomás “evidencia-se assim, que, quanto aos princípios comuns da razão quer
especulativa quer prática, a verdade ou retidão é a mesma em todos, e igualmente
conhecida.”
Duas coisas que São Tomás trata ao final e se a lei da natureza pode ser mudada
e se pode ser abolida do coração do homem. Diz as Decretais na suma “o direito natural
desde a origem da criatura racional. Nem varia no tempo, mas permanece imutável.” E
diz Agostinho na suma “a tua lei foi escrita nos corações dos homens e nenhuma
iniquidade pode certamente destruí-la.” Diz São Tomás “ora, a lei escrita nos corações
das homens é a lei natural.”
Diz Isidoro na suma “as leis foram feitas para que pelo medo delas fosse
coibidas a audácia humana, e a inocência preservada entre os ímprobos, e nos mesmos
ímprobos, dado o temor do suplício, fosse refreado o poder de prejudicar”. Diz
Aristóteles na suma “assim como o homem, se é perfeito na virtude, é o melhor dos
animais, assim, se é separado da lei e da justiça é o pior de todos”.
Diz também “em relação a essas determinações se tem o juízo dos experientes e
prudentes, como a certos princípios, a saber, enquanto veem de imediato o que
particularmente há de se determinar de modo mais congruente”. E disso diz Aristóteles
“é preciso atender às enunciações e opiniões indemonstráveis dos experientes e dos
anciãos ou dos prudentes, não menos que às demonstrações.”
Isidoro diz na suma “Será lei honesta, justa, possível segundo a natureza,
segundo o costume da pátria, conveniente ao tempo e ao lugar, necessária, útil; será
também clara, de sorte a não conter por obscuridade algo capcioso; escrita não por um
interesse privado, mas para a utilidade comuns dos cidadãos.” Entende-se costume na
definição de São Tomás “o costume se dá pela multiplicidade de atos”.
358
Ulpiano. Regras de Ulpiano. Ed Edipro. 2002. Pagina 24 .
359 Suma Teológica IV p582-595.
360 RAWLS. John; KELLY. Erin (orgs). Justiça como Equidade pagina 62
No livro I do Livre-Arbítrio na suma diz “Parece-me que esta lei que é escrita
para reger o povo, permite retamente estas coisas e à divina providência punir”. E para
São Tomás “a medida deve ser homogênea ao que é medido, (...) coisas diversas são
medidas por medidas diversas”.
Trata que “a lei humana é imposta à multidão dos homens e nessa a maior parte
é de homens não perfeitos na virtude. E assim pela lei humana não são proibidos todos
os vícios, dos quais se abstêm os virtuosos, mas tão-só os mais graves, dos quais é
possível à maior parte dos homens se abster; e principalmente aqueles que são em
prejuízo dos outros, sem cuja proibição a sociedade humana não pode conservar-se;
assim são proibidos pela lei humana os homicídios, os furtos, e coisas semelhantes,” ou
seja, coisas que interferem na vontade de outro. Para São Tomás “e assim não impõe
361 RAWLS. John; KELLY. Erin (orgs). Justiça como Equidade pagina 67
362 RAWLS. John; KELLY. Erin (orgs). Justiça como Equidade pagina 135.
363 RAWLS. John; KELLY. Erin (orgs). Justiça como Equidade pagina 283
Diz São Tomás “a lei humana, porém, não preceitua sobre todos os atos de todas
as virtudes, mas apenas sobre aqueles que são ordenáveis ao bem comum, ou
imediatamente, como quando algumas coisas se fazem diretamente em razão do bem
comum; ou mediatamente, como quando são ordenadas pelo legislador algumas coisas
pertencentes à boa disciplina, por meio da qual os cidadãos são formados para que
conservem o bem comum da justiça e da paz.”
E diz São Tomás “as leis podem, contudo, ser injustas(...) impõe lei onerosas aos
súditos, não pertinentes à utilidade comum(...) ou também em razão do autor, como
quando alguém legisla além do poder que lhe foi atribuído.” E Hilário diz na suma “a
compreensão das palavras deve ser tomada dos causas do seu dizer: pois não deve a
realidade submeter-se ao discurso, mas o discurso a realidade.”
Diz Agostinho na suma “a lei temporal, embora justa, pode, entretanto, ser
justamente mudada pelos tempos.” Para São Tomás “também ocorre nas obras a
realizar. Com efeito, os primeiros entenderam achar algo de útil à comunidade dos
homens, não podendo considerar por si mesmos todas as coisas, instituíram algumas
imperfeitas que falhavam em muitos casos e essas os posteriores mudaram, instituindo
algumas que em poucos casos pudessem falhar quanto à utilidade comum” e que “da
parte dos homens, entretanto, cujo atos são regulados pela lei, a lei pode justamente ser
mudada em razão da mudança de condições dos homens, aos quais, segundo suas
diversas condições, convêm coisas diversas.”
O que para São Tomás “a retidão da lei, porém, se diz em ordem À utilidade
comum” e que “certamente acontece ou porque alguma máxima e evidentíssima
utilidade provém do novo estatuto, ou porque há máxima necessidade em razão de que
lei costumeira ou contém manifesta iniquidade, ou sua observância é muito nociva”.
Donde dizer o Jurisperito na suma que “nos coisas novas a ser constituídas, deve ser
evidente a utilidade para que se afaste daquele direito que pareceu justo por muito
tempo”. Diz Aristóteles “as leis têm máxima força pelo costume”. Para São Tomás “que
as lei devem ser mudadas, não por qualquer melhora, mas pela grande utilidade ou
necessidade”.
367 RAWLS.Jonh. Uma Teoria da Justiça. Ed. Martins Fontea. São Paulo. 2000. Pagina 3-4
368 RAWLS.Jonh. Uma Teoria da Justiça. Ed. Martins Fontes. São Paulo. 2000. Pagina 5
Em São Tomás está escrito “a lei humana deriva da lei da natureza a da lei
divina”. E que “a lei pertence às pessoas públicas, às quais pertence reger a
comunidade”. Diz Agostinho na suma “O costume do povo de Deus e os institutos dos
maiores devem ser tidos por lei”. Para São Tomás “Toda lei procede da razão e da
vontade do legislador: a lei divina e natural, da vontade racional de Deus. A lei humana,
da vontade do homem regulada pela razão. (...) é manifesto que pela palavra humana
pode a lei ser mudada, como também ser exposta, enquanto manifesta o movimento
interior e o conceito da razão humana. Portanto, também pelos atos, maximamente
multiplicados, que constituem o costume, pode a lei ser mudada e ser exposta, como
também ser causado algo que adquira força de lei, a saber, enquanto por atos exteriores
multiplicados o movimento interior da vontade e o conceito da razão são declarados de
modo mais eficaz, uma vez que, algo se faz muitas vezes, parece provir do deliberado
juízo da razão. E de acordo com isso, o costume tem força de lei, e abole a lei, e é
intérprete das leis”. E que “nenhum costume pode adquirir força contra a lei divina e a
lei natural”. Com isso diz Isidoro na suma “Ceda o uso a autoridade; prevaleça a lei e a
razão sobre o uso depravado”.
369 RAWLS.Jonh. Uma Teoria da Justiça. Ed. Martins Fontes. São Paulo. 2000. Pagina 611-612
Primeira Seção
E que para São Tomás “se, porém, ter é tomado no sentido de uma coisa que, de
alguma forma, se tem em si mesma ou relativamente a outra, como esse modo de ter
371
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 47 .
372
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 63 .
373
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 67 .
374
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 67 .
Diz Aristóteles na suma “chama-se hábito a disposição pela qual a coisa disposta
se dispõe bem ou mal ou em si mesma ou em relação a outra coisa, de modo que a
saúde é um hábito”. E diz São Tomás “é nesse sentido que falamos agora de hábito e
por isso deve-se concluir que ele é uma qualidade.”
375
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 67 .
376
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 68 .
377
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 70.
378
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 71 .
379
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 73 .
380
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 80 .
381
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 81.
382
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 84 .
383
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 85 .
384
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 86 .
385
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 99.
386
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 100-101.
387
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 101.
388
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 103.
389
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 104.
390
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 104.
391
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 110.
392
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 115.
393
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 123.
394
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 125.
395 Suma Teológica IV p47-61.
396
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 137.
397
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 140.
398
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 140-141.
399
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 143.
400
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 144-145.
401
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 147.
402
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 147-148.
403
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 148-149.
404
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 156.
405
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 157.
E que “por outro lado, se se toma o hábito em ordem à ação, nesse caso é
sobretudo, na alma que se encontra, porque esta não é determinada a uma única ação,
mas se refere a muitas e isso é o que requer um hábito(...). E como a alma é princípio de
ação pelas suas potências, seque-se daí que os hábitos existem na alma segundo suas
potências”. Ademais explica “que o hábito é anterior à potência, enquanto implica
disposição para uma natureza. Já a potência sempre implica ordenação para a ação, que
é posterior, porque a natureza é o princípio da ação. Ora, o hábito, cujo sujeito é a
potência, não implica ordenação para a natureza, mas para a ação e por isso é posterior a
potência. – Por outro lado, pode-se dizer que o hábito é anterior a potência, como o
completo ao incompleto e o ato à potência, pois o ato, por natureza, é anterior, embora a
potência lhe seja anterior na ordem da geração e do tempo”.
406
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 158.
407
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 159.
408
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 161.
409
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 163.
410
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 180.
411
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 181.
412
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 181.
413
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 182.
414
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 183-184.
415
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 185.
416
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 189.
417
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 194.
418
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 195.
419
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 196.
420
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 197.
421
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 197.
422
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 234.
423
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 235.
Prazeres que não acarretam dor não admitem excesso. Estes são
naturalmente provenientes de coisas prazerosas, e não
acidentalmente. Por coisas acidentalmente prazerosas entendo os
elementos restauradores (...) as coisas naturalmente prazerosas são
aquelas que promovem a ação de uma determinada natureza. 426
425
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 239-240.
426
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 243-244.
427
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 294.
Diz Aristóteles na suma “que os hábitos das virtudes e dos vícios são causados
pelos atos”. Diz São Tomás “por vezes, o agente contém em si apenas o princípio ativo
de seu ato,(...). nessa agente nenhum hábito pode ser causado por sua própria atividade”.
E que “outro agente, porém, inclui em si um princípio ativo e passivo do próprio ato,
como transparece nas ações humanas. Com efeito, os atos da potência apetitiva dela
procedem enquanto movida pela potência apreensiva que lhe apresenta seu objeto e
ulteriormente, a potência intelectiva, quando reflete sobre as conclusões, tem por
princípio ativo proposições por si mesmas evidentes. Dessa forma, por meio de tais
atos, alguns hábitos podem ser causados nos seus agentes, não certo, quanto ao primeiro
princípio ativo. Mas quanto ao princípio ativo que move sendo movido. Pois tudo o que
é influenciado e movido por outro, recebe a disposição do ato do agente e, assim, os
atos multiplicados geram na potência passiva e movida uma qualidade que se chama
hábito. Desse modo é que os hábitos das virtudes morais são causados nas potências
apetitivas, enquanto movidas pela razão, da mesma forma como os hábitos das ciências
são causados pelo intelecto, enquanto este é movido pelas proposições primeiras”. E
que “o ato precede o hábito, enquanto provém de um princípio ativo, provém de um
princípio mais nobre do que o hábito produzido. Assim, a razão é um princípio mais
nobre do que o hábito da virtude moral gerado na potência apetitiva por atos rotineiros,
e o intelecto dos princípios é mais nobre que a ciência das conclusões”.
428
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 304.
429
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 309.
430
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 310.
431
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 311.
432
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 312.
Diz Aristóteles na suma “que uma única andorinha não faz primavera, tampouco
um só dia ou um pouco tempo não fazem alguém ditoso ou feliz. Ora, a felicidade é
‘uma ação segundo o hábito da virtude perfeita’”. Diz São Tomás “Logo, o hábito da
virtude e, pela mesma razão, qualquer outro hábito não pode ser causado por um só
ato”.
Diz São Tomás “o aumento, como tudo o que se refere à quantidade, é algo que
transpomos das realidades corporais para as espirituais e intelectuais, devido à
conaturalidade de nosso intelecto com as realidades corpóreas, que atingem a nossa
imaginação. Ora, na esfera das quantidades corpóreas, diz-se que alguma coisa é grande,
quando chega ao nível de perfeição quantitativa que ela deve ter. Por isso, uma
quantidade é considerada grande no homem e não no elefante. E daí vem o dizermos,
quanto à forma, que uma coisa é grande quando é perfeita. E como o bem implica a
razão de perfeição assim se entende a palavra de Agostinho: ‘quanto àquilo que não é
materialmente grande, ser maior é o mesmo que ser melhor’. A perfeição de uma forma,
porém, pode ser vista de duas maneiras: quanto à forma em si mesma e quanto ao modo
433
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 313.
434
Aristóteles. Ética a Eudemo. Ed EDIPRO. 2015 . Pagina 304.
435
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 37.
436
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 38.
437
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 39.
438
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 39-40.
439 Suma Teológica IV p70-78.
440
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 41.
441
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 43.
442
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 44.
443
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 45.
444
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 46.
445
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 47-48.
446
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 50.
447
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 51.
448
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 55.
449
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 67.
450
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 67.
451
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 68.
452
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 68-69.
453
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 69.
454
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 69.
455
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 70.
456
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 72.
457
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 73.
458
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 74.
459
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 75.
E que portanto, “ficou claro, com efeito, que, nas formas que aumentam e
diminuem, o aumento e a diminuição provêm não da forma considerada em si mesma,
mas das diferentes participações do sujeito. Por isso, o aumento dos hábitos e das
formas não ocorre por adição de uma forma a outra, mas porque o sujeito participa mais
ou menos perfeitamente de uma única e mesma forma. E assim como pela ação de um
agente atualmente quente um corpo fica atualmente aquecido, como se começasse a
participar da forma, sem que esta comece a existir em si mesma (...). assim também,
pela ação intensa do próprio agente, o corpo se torna mais quente, como que
participando mais perfeitamente da forma e não como se algo se acrescentasse a ele”.
460
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 77.
461
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 77.
462
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 78-79.
463
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 81.
464
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 87.
465
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 88.
466
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 90.
467
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 91.
E “todavia, dado que certos acidentes aumentam em si mesmos (...), pode haver
em alguns deles aumento por adição. O movimento, por exemplo, aumente porque algo
se lhe acrescenta, quer pelo tempo de sua duração quer pelo percurso que ele faz e, no
entanto, permanece na mesma espécie, por causa da unidade do termo. Mas um
movimento aumenta também em intensidade, em relação à participação do sujeito, ou
468
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 93-94.
469
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 94.
470
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 94-95.
471
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 96.
E “por outro lado, nos hábitos corporais não parece acontecer muito o aumento
por adição, porque não se diz que um animal é realmente são ou bonito se ele não o for
em todas as partes. Se medida mais perfeita, isso se deve à modificação de suas
qualidades elementares e estas não crescem senão em intensidade, por causa do sujeito
participante”.
472
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 97.
473
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 98.
474
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 98.
475
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 99.
476
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 104 .
477
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 105 .
478
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 111 .
E “no entanto, como o exercício dos hábitos depende da vontade humana (...),
assim como quem tem um hábito pode prescindir dele ou até agir contrariamente a ele,
assim também pode acontecer que use hábitos com atos desproporcionado à
intensidade deste. Portanto, , se a intensidade do ato for proporcional à do hábito ou
mesmo a superar, qualquer ato ou aumenta o hábito ou lhe preparará seu aumento,
falando assim do aumento dos hábitos tal qual falamos do crescimento dos animais. Não
é, com efeito, qualquer alimento ingerido que faz o animal crescer, como também não é
qualquer gota que fura a rocha, mas o crescimento se realiza pela repetição dos
479
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 112-113.
480
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 115 .
481
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 116 .
482
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 124 .
483
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 125 .
484
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 128 .
485
Aristóteles. Ética a Niômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 129.
486
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 130 .
487
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 131 .
488 Suma Teológica IV p79-85.
E “importa, pois, examinar, se esses hábitos podem, por si, destruídos, porque se
houver algum hábito que tenha um contrário ou em si mesmo ou em virtude de sua
causa, ele poderá por si se destruir. Não o poderá, porém, se não tiver contrário. Ora,
que uma espécie inteligível, existente no intelecto possível, não tenha nenhum contrário,
é coisa evidente, como também o é que nada possa ser contrário ao intelecto agente,
causa dessa espécie. Logo, se algum hábito existir no intelecto possível, causado
imediatamente pelo intelecto agente, tal hábito é indestrutível tanto por si, quanto por
acidente. Esses são os hábitos das primeiros princípios, os especulativos e os práticos,
que não podem ser destruídos nem pelo esquecimento nem pelo engano. Por isso, o
Filósofo, falando da prudência, afirma que ela ‘não se perde pela esquecimento’. –
Existe, todavia, no intelecto possível, um hábito causado pela razão, que é o das
conclusões, chamado ciência. Ora, a causa desse hábito pode ter algo contrário
duplamente: tanto nas proposições, das quais procede a razão, pois ao enunciado ‘o bem
é o bem’ se opõe ‘o bem não é o bem’, segundo o Filósofo; quanto no próprio processo
da razão, como quando um sofisma se opõe ao silogismo dialético ou demonstrativo.
Fica, então, patente que por uma razão falsa pode ser destruído o hábito de uma opinião
verdadeira ou até mesmo da ciência”.
489
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 136 .
490
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 138 .
491
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 139.
492
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 140 .
493
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 142 .
Que todas as coisas lícitas são justas num sentido da palavra, pois
aquilo que é legal é decidido pela legislação e às várias decisões
desta denominamos regras de justiça. Ora, todas as várias
promulgações da lei colimam ou interesse comum de todos, ou o
interesse dos mais excelentes, ou o interesse dos que detêm o poder,
ou algo do gênero, de sorte que, em um de seus sentidos, o termo
“justo” e aplicado a qualquer coisa que produz e preserva a
felicidade, ou as partes componentes da finalidade da comunidade
política (...) A justiça, (...) é virtude perfeita, ainda que com uma
qualificação, a saber, que é exibida aos outros [e não no absoluto].
496
494
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 145 .
495
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 146 .
496
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 147 .
497
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 148 .
498
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 150 .
Diz São Tomás “por natureza, os contrários se dão no mesmo sujeito. Ora, o
aumento e a diminuição são contrários. Logo, se o hábito pode aumentar, parece que
também pode diminuir”. E que “fica claro que os hábitos de duas maneiras diminuem
como também aumentam. E assim como aumentam pela mesma causa que os gera,
assim também diminuem pela mesma causa que os destrói, pois a destruição de um
hábito é o caminho para sua destruição e, inversamente, a geração do hábito é uma base
para seu crescimento”.
Diz Aristóteles na suma “o que destrói a ciência não é somente o engano, mas
também o esquecimento”. E que “muitas amizades se dissolvem pela falta de
comunicação”. Para São Tomás “e pela mesma razão outros hábitos das virtudes
diminuem ou desaparecem, pela cessação de ato”.
499
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 151-152.
500
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 154 .
501
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 154 .
502
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 157 .
503
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 160 .
504
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 161-162.
Diz São Tomás “há dois modos de algo ser movente: por si, em razão de sua
própria forma, como faz o fogo ao aquecer; ou por acidente, como o que remove um
obstáculo. E desse último modo é que o cessar das atos causa a destruição ou
diminuição dos hábitos, na medida em que se removem os atos que lhes impediam as
causes destruidoras ou diminuidoras. (...) que os hábitos, por si, desaparecem ou
diminuem pela adição de um agente contrário. Por isso, o que é contrário a qualquer
hábito cresce ao longo do tempo e é preciso suprimi-lo por atos próprios do hábito.
Quando por muito tempo deixam de ser exercidos, esses hábitos diminuem e até mesmo
desaparecem de todo, como se vê claramente na ciência e na virtude”.
505
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 163 .
506
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 171 .
507
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 178 .
508
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 179 .
509
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 180 .
510
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 182 .
Diz São Tomás “o intelecto é uma só potência e, no entanto, nele estão hábitos
de diversas ciências(...). Os hábitos, (...) são disposições de algo em potência para
alguma coisa ou para natureza, ou para uma ação, ou para o fim da natureza. Quanto aos
hábitos que são disposições para a natureza, é evidente que podem existir muitos em um
único sujeito, porque as partes deste podem ser tomadas de várias maneiras,
denominando-se hábitos segundo a disposição dessas partes. Assim, se consideramos os
humores como partes do corpo humano, enquanto disposto segundo a natureza humana,
temos o hábito ou a disposição da saúde. Se, porém, se tomam as partes semelhantes,
como os nervos, os ossos e as carnes, dispostos em ordem à natureza temos a fortaleza
ou a fraqueza. Se se tomam os membros. Como mãos, os pés e outros, a disposição
deles de acordo com a natureza, e a beleza. E assim há muitos hábitos ou disposições
num mesmo sujeito”.
511
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 183 .
512
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 184 .
513 Suma Teológica IV p86-93.
514
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 186 .
515
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 188 .
E que “se nos referimos, porém, a hábitos que são disposições para a ação e
pertencentes propriamente às potências, também nesse caso podem muitos deles ser
uma só potência. E a razão é que o sujeito do hábito é uma potência passiva,(...) porque
uma potência apenas ativa não é sujeito de hábito algum (...). Ora, uma potência passiva
está para um ato determinado de uma mesma espécie, como a matéria está para a forma,
pois assim como a matéria é determinada a uma só forma por um único agente, assim
também a potência passiva é determinada pela razão do objeto ativo a um ato
específico. Portanto, assim como muitos objetos podem mover uma única potência
passiva, assim também uma única potência passiva pode ser sujeito de diferentes atos
ou de diferentes perfeições específicas. Ora, os hábitos são qualidades ou formas
inerentes à potência e por eles é que ela se inclina a determinados atos de uma espécie.
Por isso, muitos hábitos podem pertencer a uma única potência, como também muitos
atos especificamente distintos”.
Prudência, pois esta emite comandos (já seu fim é uma afirmação do
que se deve fazer ou não fazer). (...) discernimento (...) quando
utilizamos a faculdade da opinião para julgar (...) (isto é, que
julgamos corretamente, pois o julgamento correto é o mesmo que o
bem discernimento) (...) a qualidade designada com ponderação
(consideração), em virtude da qual se diz dos homens que eles têm
consideração, ou manifestam consideração pelos outros
(indulgência), é a faculdade de julgar corretamente o que é
equitativo. isso é indicado quando dizemos que o homem equitativo
tem especial consideração (estima e indulgência) pelos outros e que
é equitativo manifestar consideração (indulgência) pelos outros em
certos casos; contudo, consideração pelos outros é a consideração
que julga corretamente o que é equitativo, este julgando
corretamente significado julgar o que é verdadeiramente equitativo.
516
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 189 .
517
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 190 .
518
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 191 .
519
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 192 .
520
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 193-194.
521
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 197 .
522
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 198 .
523
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 199 .
524
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 202 .
525
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 210 .
Diz São Tomás “ó hábito, por ser uma qualidade, é uma forma simples. Ora,
uma realidade simples não é constituída de muitas partes. Logo, um único hábito não é
constituído de muitos hábitos. (...) o hábito dirigido à ação, do qual aqui principalmente
tratamos, é uma perfeição da potência. Ora, toda perfeição é proporcional ao sujeito
526
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 211 .
527
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 217 .
528
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 221 .
529
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 222 .
Um Estado do que aplica suas leis, mas cuja leis são más.
530
530
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 224 .
531
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 225 .
532
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 227 .
533
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 228 .
534 Suma Teológica IV p93-102.
Diz São Tomás “a virtude humana não implica uma ordenação para o existir,
mas antes para a ação”. Diz Agostinho na suma “ninguém duvidará que a virtude torna a
alma a melhor possível”. E Aristóteles na suma “a virtude torna bom quem a tem e boas
as obras que pratica”. Diz São Tomás “é necessário que a virtude de qualquer coisa seja
definida em relação com o bem. Logo, a virtude humana, que é um hábito de ação, é um
hábito bom e produtor de bem”. E que “o mal da embriaguez e do excesso no beber está
na falta de uma regra racional”.
535
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 229.
536
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 232 .
537
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 233 .
538
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 262 .
539
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 275.
540
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 276 .
541
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 278 .
Diz São Tomás na definição de virtude “uma boa qualidade da mente pela qual
se vive retamente, da qual ninguém faz mau uso e produzida por Deus em nós, sem
nós”. E que “a referida definição engloba perfeitamente toda a razão de virtude, pois a
razão perfeita de qualquer coisa deduz-se de todas suas causas. Ora, a definição
apresentada abarca todas as causas da virtude. Assim, a causa formal da virtude, como
de tudo o mais, deduz-se de seu gênero e diferença, quando se diz que ela é ‘uma
qualidade boa’, pois o gênero da virtude é a ‘qualidade’ e a diferença, o ‘bem’. Melhor
ainda seria a definição se, em lugar, da qualidade, se afirmasse o hábito, que é o gênero
próximo. Por outro lado, a virtude não tem uma matéria ‘pela qual’, assim como não
tem os acidentes, mas tem uma matéria ‘a respeito da qual’, e ‘na qual’, ou seja, um
sujeito. A matéria ‘a respeito da qual’ é o objeto da virtude, mas ela não pode entrar na
definição de virtude, porque esta, por seu objeto, é especificamente determinada e aqui
se indica uma definição de virtude em geral. Por isso, afirma-se o sujeito, em lugar de
sua causa material, quando se diz que a virtude é uma boa qualidade ‘da mente’”.
542
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 281 .
543
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 290.
544
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 296 .
545
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 298 .
E que “quanto ao fim da virtude, como se trata de hábito operativo, ele consiste
na própria ação. cumpre notar, porém, que, dentre os hábitos operativos, alguns visam
sempre o mal, como os hábitos viciosos; outros, ora ao bem, ora ao mal, como as
opiniões que tanto podem ser verdadeiras como falsas. Mas a virtude é um hábito
sempre voltado para o bem. É por isso que, para diferenciá-la dos hábitos que visam
sempre o mal se diz ‘pela qual ninguém faz mau uso’”. Diz Dionísio na suma “o bem da
alma consiste em existir segundo a razão”.
546
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 299 .
547
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 300 .
548
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 300 .
549
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 301 .
Diz Agostinho na suma “é pela virtude que se vive retamente”. Diz Aristóteles
na suma “a virtude torna bom quem a tem e boas as suas obras”. Diz São Tomás “pode-
se provar por três razões que a virtude pertence à potência da alma. Primeiro, pela
própria razão de virtude, que implica perfeição de uma potência e a perfeição existe
naquilo de que é perfeição. – Em segundo lugar, pelo fato de a virtude ser um hábito
ativo, (...) e toda ação procede da alma, por meio de alguma potência. – E, finalmente,
pelo fato de a virtude ser uma disposição para o ótimo e o ótimo é o fim que, por sua
vez, é ou uma ação de uma coisa ou o resultado obtido pela ação procedente da
potência. Logo, a virtude humana está em potência da alma como em seu sujeito”.
Diz Aristóteles na suma “três coisas se exigem da virtude: saber, querer e agir
com constância”. Diz São Tomás “o intelecto prático é o sujeito da prudência. E como
esta é ‘a reta razão do que deve ser praticado’, pede ela que se levem em conta os
princípios dessa razão referentes ao que deve praticar, que são os fins, para os quais ela
bem se dispõe pela retidão da vontade, assim como para os princípios de ordem
especulativa pela luz natural do intelecto agente. Dessa forma, assim como para o
sujeito da ciência, que é a reta razão das coisas especulativas, é o intelecto especulativo,
ordenado para o intelecto agente, assim sujeito da prudência é o intelecto prático,
550
Aristóteles. Ética a Nicômaco. Ed EDIPRO. 2009 . Pagina 302 .
551 Suma Teológica IV p102-114.
Diz São Tomás “as virtudes existem em nós por natureza, em estado de aptidão e
incoativamente; não, porém, em estado de perfeição, à exceção das virtudes teologais
que procedem totalmente de fora”. Diz a Glosa na suma “nada é bom sem o sumo bem.
Onde falta o conhecimento da verdade, existe falsa virtude, mesmo com ótimos
costumes”. Diz São Tomás “a razão do bem consiste em modo, espécie e ordem, (...) ou
‘medida, número e peso’ (...) é necessário considerar o bem do homem por alguma
regra. E esta, (...) é dupla: a razão humana e a lei divina. E como a lei divina é regra
superior, sua extensão é maior, de tal sorte que tudo o que é regulado pela razão humana
o é também pela lei divina, mas não inversamente”. E que “um ato pecaminoso isolado
não destrói o hábito da virtude adquirida, pois o que se opõe diretamente a um hábito
não é um ato, mas outro hábito”.
Diz São Tomás “devem os efeitos ser proporcionais às suas causas e princípios.
Ora, todas as virtudes, tanto as intelectuais quanto as morais, adquiridas por nossos atos,
procedem de certos princípios naturais preexistentes em nós”, e que “a potência desses
princípios infundidos naturalmente em nós não ultrapassa os limites da natureza. E, por
isso, para se ordenar ao fim sobrenatural, o homem precisa ser aperfeiçoado pelo
acréscimo de outros princípios”.
Diz São Tomás “é próprio da virtude moral aperfeiçoar a parte apetitiva da alma
em relação a uma determinada matéria. Ora, a medida e a regra do movimento apetitivo
em relação aos seus objetos é a própria razão. Por outro lado, o bem de tudo é medido e
regulado está em conformar-se à sua regra, como o bem nas obras artísticas está em
seguir as regras da arte. Consequentemente, nesses casos, o mal está, ao contrário, no
desacordo de uma coisa com a sua regra ou medida. E isso pode acontecer ou porque ela
ultrapassa a medida ou porque fica aquém dela, como se vê claramente em tudo o que é
medido e regulado. E assim, é óbvio que o bem da virtude moral consiste no
ajustamento à medida da razão. – Mas, evidentemente, entra o excesso e o defeito, o
meio é a igualdade ou a conformidade e, por isso, é claro que a virtude moral consiste
E que “a virtude moral recebe sua bondade da regra da razão, mas sua matéria
são as paixões ou as ações. Portanto, se cotejarmos a virtude moral com a razão, nesse
caso, pelo que tem de racional, tem a razão de um extremo, a saber, a conformidade;
mas, o excesso e a deficiência têm a razão de outro extremo, a saber, a não
conformidade à razão. Considerando, porém, a virtude moral segundo a sua matéria,
tem a razão de meio-termo, enquanto reduz a paixão à regra racional. (...) enquanto
impõe regra à sua própria matéria, mas ‘é um extremo, no que ele tem de melhor e
perfeito’, isto é, enquanto conforme à razão”. Diz Aristóteles na suma “a virtude, em
sua substância, está no meio”. Diz São Tomás as “virtudes tendem a um máximo que é
a conformidade à regra da razão, a saber, onde, quando e por que convém”.
E que “entretanto, sucede, por vezes, que o meio-termo de razão também é real e
aí é preciso que o meio-termo da virtude moral seja um meio real, como no caso da
justiça. Outras vezes, porém, o meio-termo de razão não é um meio real, mas é relativo
a nós, e assim é o meio-termo em todas as outras virtudes morais. A razão disso é que a
justiça trata de ações relativas a coisas exteriores, nas quais o que é reto deve ser
definido de forma absoluta e por si mesmo (...). e portanto, o meio-termo de razão na
justiça coincide com o meio real, precisamente porque ela dá a cada um o que lhe é
devido, nem mais nem menos. Já as virtudes morais versam sobre as paixões interiores
cuja retidão não pode ser estabelecida do mesmo modo, visto que os homens se
comportam de diferentes maneiras em suas paixões. Torna-se então necessário que a
retidão da razão, no que concerne às paixões, seja estatuída por uma relação conosco,
que somos atingidos por elas”.
Diz São Tomás “a virtude denomina uma perfeição da potência” e diz Túlio na
suma “a virtude é a saúde da alma”, e Agostinho diz na suma que “o vício é a qualidade
que torna o espírito mau”. Diz São Tomás “Ora, a virtude é a qualidade que torna bom
aquele que a possui”. E que “há duas coisas a considerar na virtude, sua essência e seu
fim. Na essência da virtude pode-se considerar o que se apresenta diretamente e o que é
consequência. Diretamente, a virtude implica a disposição de alguma coisa que se
encontra bem conforme à sua natureza”. Diz Aristóteles na suma “a virtude é a
disposição do que é perfeito para o melhor. Perfeito entende-se o que está disposto
segundo o modo de sua natureza”. Diz São Tomás “consequentemente, a virtude é uma
bondade, porque bondade consiste para cada um em encontrar-se bem segundo o modo
de sua natureza. E o fim da virtude são as boas ações”.
E que “três coisas, portanto, se encontra em oposição à virtude. Ao fim que ele
busca opõe-se o pecado. Pois este designa, propriamente falando, a ação desordenada. E
a ação virtuosa é aquela que é ordenada e devida. E enquanto à razão de virtude se
segue ser uma certa bondade, à virtude opõe-se a malícia. Mas, enquanto àquilo que
diretamente é da razão de virtude, à virtude opõe-se o vício, porque o vício de uma coisa
parece ser não estar nas disposições que convêm à sua natureza. Donde a palavra de
Agostinho: ‘chama vício o que vês faltar à perfeição da natureza’”.
Ademais “que pecado, malícia e vício são contrários à virtude, mas não segundo
o mesmo ponto. O pecado opõe-se à virtude enquanto é operativa no bem; a malícia,
enquanto é uma certa bondade; e o vício, enquanto propriamente é uma virtude”. E mais
“que a virtude não implica somente a perfeição da potência que está no princípio do ato.
Ela implica também a boa disposição do sujeito que a possui, porque cada um age na
medida em que está em ato. Portanto, é preciso que algo se encontre bem disposto para
que seja operativo do bem. É nesse sentido que o vício opõe-se à virtude”. E que “o
vício do espírito, conforme diz Cícero (...), é um habito ou afeição do espírito
inconstante em todo a vida e incoerente consigo mesmo”. E que “à virtude se opõe mais
conveniente o vício, do que a indisposição ou doença”.
E que “Ora, a lei eterna está para ordem racional humana como a arte para a obra
de arte. Pela mesma razão, portanto, o vício e o pecado são contra a ordem da razão
humana e contra a lei eterna. O que explica esta frase de Agostinho: ‘Deus dá a todas as
naturezas ser o que elas são. E elas se tornam viciosas na medida que se afastam da arte
que as criou’”.
Conclusão:
Apêndice B:
Este segundo apêndice na realidade é um pedido para o leitor, que caso esteja seja
fluente em uma segunda língua traduza esse tratado conforme a disponibilidade, visto a
importância e utilidade para todos.
Brasília 1998
PREÂMBULO
Considerando ser essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo império da
lei, para que o ser humano não seja compelido, como último recurso, à rebelião contra
tirania e a opressão,
Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta da ONU, sua fé
nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor do ser humano e na
igualdade de direitos entre homens e mulheres, e que decidiram promover o progresso
social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla,
Artigo 1.
Todas os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de
razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de
fraternidade.
Artigo 2.
1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos
nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça,
cor, sexo, idioma, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou
social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. 2. Não será também feita
nenhuma distinção fundada na condição política, jurídica ou internacional do país ou
território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente, sob
tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania.
Artigo 3.
Artigo 4.
Artigo 5.
Artigo 6.
Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa
perante a lei.
Artigo 7.
Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da
lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a
presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.
Artigo 8.
Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes remédio
efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos
pela constituição ou pela lei.
Artigo 9.
Artigo 10.
Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e pública por
parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir sobre seus direitos e deveres
ou do fundamento de qualquer acusação criminal contra ele.
Artigo 11.
1. Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido
inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em
julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à
sua defesa. 2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no
momento, não constituíam delito perante o direito nacional ou internacional. Também
não será imposta pena mais forte do que aquela que, no momento da prática, era
aplicável ao ato delituoso.
Artigo 12.
Artigo 13.
1. Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das
fronteiras de cada Estado. 2. Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país,
inclusive o próprio, e a este regressar.
Artigo 14.
Artigo 15.
1. Todo ser humano tem direito a uma nacionalidade. 2. Ninguém será arbitrariamente
privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade.
Artigo 16.
Artigo 17.
Artigo 18.
Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este
direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa
Artigo 19.
Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a
liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir
informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.
Artigo 20.
Artigo 21.
1. Todo ser humano tem o direito de tomar parte no governo de seu país diretamente ou
por intermédio de representantes livremente escolhidos. 2. Todo ser humano tem igual
direito de acesso ao serviço público do seu país. 3. A vontade do povo será a base da
autoridade do governo; esta vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas,
por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que assegure a
liberdade de voto.
Artigo 22.
Todo ser humano, como membro da sociedade, tem direito à segurança social e à
realização, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a
organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais
indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade.
Artigo 23.
1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições
justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego. 2. Todo ser humano,
sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho. 3. Todo ser
humano que trabalhe tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe
assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade
humana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social. 4.
Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e neles ingressar para proteção de
seus interesses.
Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive à limitação razoável das horas
de trabalho e férias periódicas remuneradas.
Artigo 25.
1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua
família saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados
médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de
desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de
subsistência fora de seu controle. 2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e
assistência especiais. Todas as crianças nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão
da mesma proteção social.
Artigo 26.
1. Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos
graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução
técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada
no mérito. 2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da
personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas
liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a
amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades
das Nações Unidas em prol da manutenção da paz. 3. Os pais têm prioridade de direito
na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos.
Artigo 27.
Artigo 28.
Todo ser humano tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e
liberdades estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente realizados.
Artigo 29.
Artigo 30.
PREÂMBULO
Considerando que a Carta das Nações Unidas impõe aos Estados a obrigação de promover
o respeito universal e efetivo dos direitos e das liberdades do homem,
Compreendendo que o indivíduo, por ter deveres para com seus semelhantes e para com a
coletividade a que pertence, tem a obrigação de lutar pela promoção e observância dos direitos
reconhecidos no presente Pacto,
Acordam o seguinte:
PARTE I
ARTIGO 1
2. Para a consecução de seus objetivos, todos os povos podem dispor livremente se suas
riquezas e de seus recursos naturais, sem prejuízo das obrigações decorrentes da cooperação
econômica internacional, baseada no princípio do proveito mútuo, e do Direito Internacional.
Em caso algum, poderá um povo ser privado de seus meios de subsistência.
ARTIGO 2
a) Garantir que toda pessoa, cujos direitos e liberdades reconhecidos no presente Pacto
tenham sido violados, possa de um recurso efetivo, mesmo que a violência tenha sido perpetra
por pessoas que agiam no exercício de funções oficiais;
b) Garantir que toda pessoa que interpuser tal recurso terá seu direito determinado pela
competente autoridade judicial, administrativa ou legislativa ou por qualquer outra autoridade
competente prevista no ordenamento jurídico do Estado em questão; e a desenvolver as
possibilidades de recurso judicial;
ARTIGO 3
ARTIGO 4
3. Os Estados Partes do presente Pacto que fizerem uso do direito de suspensão devem
comunicar imediatamente aos outros Estados Partes do presente Pacto, por intermédio do
Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas, as disposições que tenham suspendido,
bem como os motivos de tal suspensão. Os Estados partes deverão fazer uma nova
comunicação, igualmente por intermédio do Secretário-Geral da Organização das Nações
Unidas, na data em que terminar tal suspensão.
PARTE III
ARTIGO 6
1. O direito à vida é inerente à pessoa humana. Esse direito deverá ser protegido pela lei.
Ninguém poderá ser arbitrariamente privado de sua vida.
2. Nos países em que a pena de morte não tenha sido abolida, esta poderá ser imposta
apenas nos casos de crimes mais graves, em conformidade com legislação vigente na época
em que o crime foi cometido e que não esteja em conflito com as disposições do presente
Pacto, nem com a Convenção sobra a Prevenção e a Punição do Crime de Genocídio. Poder-
se-á aplicar essa pena apenas em decorrência de uma sentença transitada em julgado e
proferida por tribunal competente.
5. A pena de morte não deverá ser imposta em casos de crimes cometidos por pessoas
menores de 18 anos, nem aplicada a mulheres em estado de gravidez.
6. Não se poderá invocar disposição alguma do presente artigo para retardar ou impedir a
abolição da pena de morte por um Estado Parte do presente Pacto.
ARTIGO 7
Ninguém poderá ser submetido à tortura, nem a penas ou tratamento cruéis, desumanos ou
degradantes. Será proibido sobretudo, submeter uma pessoa, sem seu livre consentimento, a
experiências médias ou cientificas.
ARTIGO 8
b) A alínea a) do presente parágrafo não poderá ser interpretada no sentido de proibir, nos
países em que certos crimes sejam punidos com prisão e trabalhos forçados, o cumprimento
de uma pena de trabalhos forçados, imposta por um tribunal competente;
ii) qualquer serviço de caráter militar e, nos países em que se admite a isenção por motivo
de consciência, qualquer serviço nacional que a lei venha a exigir daqueles que se oponham
ao serviço militar por motivo de consciência;
iv) qualquer trabalho ou serviço que faça parte das obrigações cívicas normais.
ARTIGO 9
1. Toda pessoa tem direito à liberdade e à segurança pessoais. Ninguém poderá ser preso
ou encarcerado arbitrariamente. Ninguém poderá ser privado de liberdade, salvo pelos motivos
previstos em lei e em conformidade com os procedimentos nela estabelecidos.
2. Qualquer pessoa, ao ser presa, deverá ser informada das razões da prisão e notificada,
sem demora, das acusações formuladas contra ela.
4. Qualquer pessoa que seja privada de sua liberdade por prisão ou encarceramento terá o
direito de recorrer a um tribunal para que este decida sobre a legislação de seu
encarceramento e ordene sua soltura, caso a prisão tenha sido ilegal.
ARTIGO 10
1. Toda pessoa privada de sua liberdade deverá ser tratada com humanidade e respeito à
dignidade inerente à pessoa humana.
b) As pessoas processadas, jovens, deverão ser separadas das adultas e julgadas o mais
rápido possível.
3. O regime penitenciário consistirá num tratamento cujo objetivo principal seja a reforma e a
reabilitação normal dos prisioneiros. Os delinqüentes juvenis deverão ser separados dos
adultos e receber tratamento condizente com sua idade e condição jurídica.
ARTIGO 11
Ninguém poderá ser preso apenas por não poder cumprir com uma obrigação contratual.
ARTIGO 12
1. Toda pessoa que se ache legalmente no território de um Estado terá o direito de nele
livremente circular e escolher sua residência.
2. Toda pessoa terá o direito de sair livremente de qualquer país, inclusive de seu próprio país.
4. Ninguém poderá ser privado arbitrariamente do direito de entrar em seu próprio país.
ARTIGO 13
ARTIGO 14
1. Todas as pessoas são iguais perante os tribunais e as cortes de justiça. Toda pessoa terá
o direito de ser ouvida publicamente e com devidas garantias por um tribunal competente,
independente e imparcial, estabelecido por lei, na apuração de qualquer acusação de caráter
penal formulada contra ela ou na determinação de seus direitos e obrigações de caráter civil. A
imprensa e o público poderão ser excluídos de parte da totalidade de um julgamento, quer por
motivo de moral pública, de ordem pública ou de segurança nacional em uma sociedade
democrática, quer quando o interesse da vida privada das Partes o exija, que na medida em
que isso seja estritamente necessário na opinião da justiça, em circunstâncias específicas, nas
quais a publicidade venha a prejudicar os interesses da justiça; entretanto, qualquer sentença
proferida em matéria penal ou civil deverá torna-se pública, a menos que o interesse de
menores exija procedimento oposto, ou processo diga respeito à controvérsia matrimoniais ou
à tutela de menores.
3. Toda pessoa acusada de um delito terá direito, em plena igualmente, a, pelo menos, as
seguintes garantias:
a) De ser informado, sem demora, numa língua que compreenda e de forma minuciosa, da
natureza e dos motivos da acusão contra ela formulada;
f) De ser assistida gratuitamente por um intérprete, caso não compreenda ou não fale a
língua empregada durante o julgamento;
4. O processo aplicável a jovens que não sejam maiores nos termos da legislação penal em
conta a idade dos menos e a importância de promover sua reintegração social.
5. Toda pessoa declarada culpada por um delito terá direito de recorrer da sentença
condenatória e da pena a uma instância superior, em conformidade com a lei.
7. Ninguém poderá ser processado ou punido por um delito pelo qual já foi absorvido ou
condenado por sentença passada em julgado, em conformidade com a lei e os procedimentos
penais de cada país.
ARTIGO 15
1. ninguém poderá ser condenado por atos omissões que não constituam delito de acordo
com o direito nacional ou internacional, no momento em que foram cometidos. Tampouco
poder-se-á impor pena mais grave do que a aplicável no momento da ocorrência do delito. Se,
depois de perpetrado o delito, a lei estipular a imposição de pena mais leve, o delinqüente
deverá dela beneficiar-se.
ARTIGO 16
ARTIGO 17
1. Ninguém poderá ser objetivo de ingerências arbitrárias ou ilegais em sua vida privada, em
sua família, em seu domicílio ou em sua correspondência, nem de ofensas ilegais às suas
honra e reputação.
2. Toda pessoa terá direito à proteção da lei contra essas ingerências ou ofensas.
ARTIGO 18
2. Ninguém poderá ser submetido a medidas coercitivas que possam restringir sua
liberdade de ter ou de adotar uma religião ou crença de sua escolha.
ARTIGO 19
2. Toda pessoa terá direito à liberdade de expressão; esse direito incluirá a liberdade de
procurar, receber e difundir informações e idéias de qualquer natureza, independentemente de
considerações de fronteiras, verbalmente ou por escrito, em forma impressa ou artística, ou por
qualquer outro meio de sua escolha.
2. Será proibida por lei qualquer apologia do ódio nacional, racial ou religioso que constitua
incitamento à discriminação, à hostilidade ou a violência.
ARTIGO 21
O direito de reunião pacifica será reconhecido. O exercício desse direito estará sujeito
apenas às restrições previstas em lei e que se façam necessárias, em uma sociedade
democrática, no interesse da segurança nacional, da segurança ou da ordem pública, ou para
proteger a saúde ou a moral pública ou os direitos e as liberdades das demais pessoas.
ARTIGO 22
2. O exercício desse direito estará sujeito apenas ás restrições previstas em lei e que se
façam necessárias, em uma sociedade democrática, no interesse da segurança nacional, da
segurança e da ordem públicas, ou para proteger a saúde ou a moral públicas ou os direitos e
liberdades das demais pessoas. O presente artigo não impedirá que se submeta a restrições
legais o exercício desse direito por membros das forças armadas e da polícia.
3. Nenhuma das disposições do presente artigo permitirá que Estados Partes da Convenção
de 1948 da Organização Internacional do Trabalho, relativa à liberdade sindical e à proteção do
direito sindical, venham a adotar medidas legislativas que restrinjam ou aplicar a lei de maneira
a restringir as garantias previstas na referida Convenção.
ARTIGO 23
2. Será reconhecido o direito do homem e da mulher de, em idade núbil, contrair casamento
e constituir família.
3. Casamento algum será celebrado sem o consentimento livre e pleno dos futuros esposos.
ARTIGO 24
1. Toda criança terá direito, sem discriminação alguma por motivo de cor, sexo, língua,
religião, origem nacional ou social, situação econômica ou nascimento, às medidas de proteção
que a sua condição de menor requerer por parte de sua família, da sociedade e do Estado.
ARTIGO 25
Todo cidadão terá o direito e a possibilidade, sem qualquer das formas de discriminação
mencionadas no artigo 2 e sem restrições infundadas:
ARTIGO 26
Todas as pessoas são iguais perante a lei e têm direito, sem discriminação alguma, a igual
proteção da Lei. A este respeito, a lei deverá proibir qualquer forma de discriminação e garantir
a todas as pessoas proteção igual e eficaz contra qualquer discriminação por motivo de raça,
cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social,
situação econômica, nascimento ou qualquer outra situação.
ARTIGO 27
PARTE IV
ARTIGO 28
2. O Comitê será integrado por nacionais dos Estados Partes do presente Pacto, os quais
deverão ser pessoas de elevada reputação moral e reconhecida competência em matéria de
direito humanos, levando-se em consideração a utilidade da participação de algumas pessoas
com experiências jurídicas.
ARTIGO 29
2. Cada Estado Parte no presente Pacto poderá indicar duas pessoas. Essas pessoas
deverão ser nacionais do Estado que as indicou.
ARTIGO 30
1. A primeira eleição realizar-se-á no máximo seis meses após a data de entrada em vigor
do presente Pacto.
2. Ao menos quatro meses antes da data de cada eleição do Comitê, e desde que seja uma
eleição para preencher uma vaga declarada nos termos do artigo 34, o Secretário-Geral da
Organização das Nações Unidas convidará, por escrito, os Estados Partes do presente
Protocolo a indicar, no prazo de três meses, os candidatos a membro do Comitê.
3. O Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas organizará uma lista por ordem
alfabética de todos os candidatos assim designados, mencionando os Estados Partes que os
tiverem indicado, e a comunicará aos Estados Partes o presente Pacto, no Maximo um mês
antes da data de cada eleição.
4. Os membros do Comitê serão eleitos em reuniões dos Estados Partes convocados pelo
Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas na sede da Organização. Nessas
reuniões, em que o quorum será estabelecido por dois terços dos Estados Partes do presente
Pacto, serão eleitos membros do Comitê os candidatos que obtiverem o maior número de votos
e a maioria absoluta dos votos dos representantes dos Estados Partes presentes e votantes.
ARTIGO 31
ARTIGO 32
1. Os membros do Comitê serão eleitos para um mandato de quatro anos. Poderão, caso
suas candidaturas sejam apresentadas novamente, ser reeleitos. Entretanto, o mandato de
nove dos membros eleitos na primeira eleição expirará ao final de dois anos; imediatamente
após a primeira eleição, o presidente da reunião a que se refere o parágrafo 4 do artigo 30
indicará, por sorteio, os nomes desses nove membros.
ARTIGO 33
ARTIGO 34
1. Quando uma vaga for declarada nos termos do artigo 33 e o mandato do membro a ser
substituído não expirar no prazo de seis messes a conta da data em que tenha sido declarada
a vaga, o Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas comunicará tal fato aos
Estados Partes do presente Pacto, que poderá, no prazo de dois meses, indicar candidatos,
em conformidade com o artigo 29, para preencher a vaga.
2. O Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas organizará uma lista por ordem
alfabética dos candidatos assim designados e a comunicará aos Estados Partes do presente
Pacto. A eleição destinada a preencher tal vaga será realizada nos termos das disposições
pertinentes desta parte do presente Pacto.
3. Qualquer membro do Comitê eleito para preencher uma vaga em conformidade com o
artigo 33 fará parte do Comitê durante o restante do mandato do membro que deixar vago o
lugar do Comitê, nos termos do referido artigo.
ARTIGO 35
ARTIGO 36
ARTIGO 37
ARTIGO 38
ARTIGO 39
1. O Comitê elegerá sua mesa para um período de dois anos. Os membros da mesa
poderão ser reeleitos.
b) As decisões do Comitê serão tomadas por maioria de votos dos membros presentes.
ARTIGO 40
a) Dentro do prazo de um ano, a contar do início da vigência do presente pacto nos Estados
Partes interessados;
ARTIGO 41
1. Com base no presente Artigo, todo Estado Parte do presente Pacto poderá declarar, a
qualquer momento, que reconhece a competência do Comitê para receber e examinar as
comunicações em que um Estado Parte alegue que outro Estado Parte não vem cumprindo as
obrigações que lhe impõe o presente Pacto. As referidas comunicações só serão recebidas e
examinadas nos termos do presente artigo no caso de serem apresentadas por um Estado
Parte que houver feito uma declaração em que reconheça, com relação a si próprio, a
a) Se um Estado Parte do presente Pacto considerar que outro Estado Parte não vem
cumprindo as disposições do presente Pacto poderá, mediante comunicação escrita, levar a
questão ao conhecimento deste Estado Parte. Dentro do prazo de três meses, a contar da data
do recebimento da comunicação, o Estado destinatário fornecerá ao Estado que enviou a
comunicação explicações ou quaisquer outras declarações por escrito que esclareçam a
questão, as quais deverão fazer referência, até onde seja possível e pertinente, aos
procedimentos nacionais e aos recursos jurídicos adotados, em trâmite ou disponíveis sobre a
questão;
e) Sem prejuízo das disposições da alínea c) Comitê colocará seus bons Ofícios dos
Estados Partes interessados no intuito de alcançar uma solução amistosa para a questão,
baseada no respeito aos direitos humanos e liberdades fundamentais reconhecidos no
presente Pacto;
g) Os Estados Partes interessados, a que se faz referência na alínea b), terão direito de
fazer-se representar quando as questões forem examinadas no Comitê e de apresentar suas
observações verbalmente e/ou por escrito;
(i se houver sido alcançada uma solução nos termos da alínea e), o Comitê restringir-se-á,
em relatório, a uma breve exposição dos fatos e da solução alcançada.
(ii se não houver sido alcançada solução alguma nos termos da alínea e), o Comitê,
restringir-se-á, em seu relatório, a uma breve exposição dos fatos; serão anexados ao relatório
o texto das observações escritas e as atas das observações orais apresentadas pelos Estados
Parte interessados.
Para cada questão, o relatório será encaminhado aos Estados Partes interessados.
ARTIGO 42
1. a) Se uma questão submetida ao Comitê, nos termos do artigo 41, não estiver dirimida
satisfatoriamente para os Estados Partes interessados, o Comitê poderá, com o consentimento
prévio dos Estados Partes interessados, constituir uma Comissão ad hoc (doravante
denominada "a Comissão"). A Comissão colocará seus bons ofícios à disposição dos Estados
Partes interessados no intuito de se alcançar uma solução amistosa para a questão baseada
no respeito ao presente Pacto.
2. Os membros da Comissão exercerão suas funções a título pessoal. Não poderão ser
nacionais dos Estados interessados, nem de Estado que não seja Parte do presente Pacto,
nem de um Estado Parte que não tenha feito a declaração prevista no artigo 41.
7. Após haver estudado a questão sob todos os seus aspectos, mas, em qualquer caso, no
prazo de doze meses após dela tomado conhecimento, a Comissão apresentará um relatório
ao Presidente do Comitê, que o encaminhará aos Estados Partes interessados:
c) Se não houver sido alcançada solução nos termos da alínea b) a Comissão incluirá no
relatório suas conclusões sobre os fatos relativos à questão debatida entre os Estados Partes
interessados, assim como sua opinião sobre a possibilidade de solução amistosa para a
questão, o relatório incluirá as observações escritas e as atas das observações orais feitas
pelos Estados Partes interessados;
d) Se o relatório da Comissão for apresentado nos termos da alínea c), os Estados Partes
interessados comunicarão, no prazo de três meses a contar da data do recebimento do
relatório, ao Presidente do Comitê se aceitam ou não os termos do relatório da Comissão.
10. O Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas poderá caso seja necessário,
pagar as despesas dos membros da Comissão antes que sejam reembolsadas pelos Estados
Partes interessados, em conformidade com o parágrafo 9 do presente artigo.
ARTIGO 43
ARTIGO 44
ARTIGO 45
PARTE V
ARTIGO 46
ARTIGO 47
PARTE VI
ARTIGO 48
ARTIGO 49
1. O presente Pacto entrará em vigor três meses após a data do depósito, junto ao
Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas, do trigéssimo-quinto instrumento de
ratificação ou adesão.
2. Para os Estados que vierem a ratificar o presente Pacto ou a ele aderir após o deposito
do trigéssimo-quinto instrumento de ratificação ou adesão, o presente Pacto entrará em vigor
três meses após a data do deposito, pelo Estado em questão, de seu instrumento de ratificação
ou adesão.
ARTIGO 50
1. Qualquer Estado Parte do presente Pacto poderá propor emendas e depositá-las junto ao
Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas. O Secretário-Geral comunicará todas as
propostas de emenda aos Estados Partes do presente Pacto, pedindo-lhes que o notifiquem se
desejam que se convoque uma conferencia dos Estados Partes destinada a examinar as
propostas e submetê-las a votação. Se pelo menos um terço dos Estados Partes se manifestar
a favor da referida convocação, o Secretário-Geral convocará a conferência sob os auspícios
da Organização das Nações Unidas. Qualquer emenda adotada pela maioria dos Estados
Partes presente e votantes na conferência será submetida à aprovação da Assembléia-Geral
das Nações Unidas.
2. Tais emendas entrarão e, vigor quando aprovadas pela Assembléia-Geral das Nações
Unidas e aceitas em conformidade com seus respectivos procedimentos constitucionais, por
uma maioria de dois terços dos Estados Partes no presente Pacto.
3. Ao entrarem em vigor, tais emendas serão obrigatórias para os Estados Partes que as
aceitaram, ao passo que os demais Estados Partes permanecem obrigados pelas disposições
do presente Pacto e pelas emendas anteriores por eles aceitas.
ARTIGO 52
b) a data de entrega em vigor do Pacto, nos termos do artigo 49, e a data, e a data em
entrada em vigor de quaisquer emendas, nos termos do artigo 51.
ARTIGO 53
1. O presente Pacto cujos textos em chinês, espanhol, francês, inglês e russo são
igualmente autênticos, será depositado nos arquivos da Organização das Nações Unidas.
Invocando o espírito da nossa era e as realidades do nosso tempo que incitam os povos
do mundo e os Estados Membros das Nações Unidas a rededicarem-se à tarefa global de
promoção e protecção dos Direitos do homem e das liberdades fundamentais, por forma
a garantir o gozo pleno e universal de tais direitos;
14. A existência de uma extrema pobreza generalizada obsta ao pleno e efectivo gozo de
Direitos do homem, pelo que a sua imediata atenuação e eventual eliminação devem
continuar a ser uma das grandes prioridades da comunidade internacional.
15.O respeito pelos Direitos do homem e pelas liberdades fundamentais sem qualquer
distinção é uma regra fundamental do direito internacional sobre direitos do homem. A
pronta e global eliminação de todas as formas de racismo e discriminação racial,
xenofobia e intolerância conexa constitui uma tarefa prioritária para a comunidade
internacional. Os Governos deverão tomar medidas efectivas para as prevenir e
combater. Grupos, instituições, organizações intergovernamentais e não-governamentais
e os indivíduos são instados a intensificar os seus esforços na cooperação e na
coordenação das suas acções contra tais males.
17.Os actos, métodos e práticas de terrorismo sob todas as suas formas e manifestações,
bem como a sua ligação, em alguns países, ao tráfico de estupefacientes, são actividades
que visam a destruição dos direitos humanos, das liberdades fundamentais e da
democracia, ameaçando a integridade territorial e a segurança dos Estados e
destabilizando Governos legitimamente constituídos. A comunidade internacional
deverá tomar as medidas necessárias à cooperação, com o objectivo de impedir e
combater o terrorismo.
Os Direitos do homem das mulheres deverão constituir parte integrante das actividades
das Nações Unidas no domínio dos direitos do homem, incluindo a promoção de todos
os instrumentos de Direitos do homem relacionados com as mulheres.
22.Deve ser dada especial atenção para garantir a não discriminação e o gozo, em
termos de igualdade, de de todos os Direitos do homem e liberdades fundamentais por
23.A Conferência Mundial sobre Direitos do Homem reafirma que qualquer pessoa,
sem distinção, tem o direito de procurar e obter, noutros países, asilo contra as
perseguições de que seja alvo, bem como de regressar ao seu país. Neste aspecto, realça
a importância da Declaração Universal dos Direitos do homem, da Convenção de 1951
sobre o Estatuto dos Refugiados e seu Protocolo de 1967, e de instrumentos regionais.
Expressa o seu apreço aos Estados que continuam a aceitar e a acolher um elevado
número de refugiados nos seus territórios, e ao Alto Comissariado das Nações Unidas
para os Refugiados pela sua dedicação a tal missão. Expressa, igualmente, o seu apreço
ao Organismo das Nações Unidas de Assistência e Trabalho para os Refugiados
Palestinianos no Próximo Oriente.
24. Deve ser dada uma grande importância à promoção e à protecção dos Direitos do
homem de pessoas pertencentes a grupos que se tenham tornado vulneráveis, incluindo
os dos trabalhadores migrantes, à eliminação de todas as formas de discriminação contra
tais pessoas, e ao reforço e a uma implementação mais eficaz de instrumentos de
Direitos do homem já existentes . Os Estados têm a obrigação de criar e manter medidas
adequadas a nível nacional, particularmente nos domínios da educação, da saúde e da
assistência social, com vista à implementação e à protecção dos direitos das pessoas em
sectores vulneráveis das suas populações, e à garantia de participação das que se
mostrem interessadas em encontrar a solução para os seus próprios problemas.
25. A Conferência Mundial sobre Direitos do Homem afirma que a pobreza extrema e a
exclusão social constituem uma violação da dignidade humana e que são necessárias
medidas urgentes para alcançar um melhor conhecimento sobre a pobreza extrema e as
suas causas, incluindo as relacionadas com o problema do desenvolvimento, por forma
a implementar os Direitos do homem dos mais pobres, a colocar um fim à pobreza
extrema e à exclusão social e a promover o gozo dos frutos do progresso social. É
essencial que os Estados encorajem a participação dos povos mais pobres no processo
de tomada de decisões pela comunidade em que estão integrados, bem como a
promoção de Direitos do homem e os esforços para combater a pobreza extrema.
27. Qualquer Estado deverá dispor de um quadro efectivo de soluções para reparar
injustiças ou violações dos direitos humanos. A administração da justiça, incluindo
departamentos policiais e de promoção penal e, nomeadamente, a independência do
poder judicial e statuto das profissões forenses em total conformidade com as normas
aplicáveis contidas em instrumentos internacionais de direitos humanos, são essenciais
para a concretização plena e não discriminatória dos direitos do homem e indispensáveis
aos processos democrático e de desenvolvimento sustentado. Neste contexto, deverão
ser criadas instituições que se dediquem à administração da justiça, devendo a
comunidade internacional providenciar por um maior apoio técnico e financeiro.
Compete às Nações Unidas utilizar, com carácter prioritário, programas especiais de
33.A Conferência Mundial sobre Direitos do Homem reafirma que os Estados estão
moralmente obrigados, conforme estipulado na Declaração Universal dos Direitos do
homem, no Pacto Internacional sobre Direitos Económicos, Sociais e Culturais e
noutros instrumentos internacionais sobre Direitos do homem, a garantir que a educação
tenha o objectivo de reforçar o respeito pelos Direitos do homem e as liberdades
fundamentais. A Conferência Mundial sobre Direitos do Homem realça a importância
da inclusão do tema ‘direitos do homem’ nos programas de educação e apela aos
Estados para que assim procedam. A educação deverá promover a compreenção, a
tolerância, a paz e as relações amigáveis entre as nações e todos os grupos raciais ou
religiosos, e encorajar o desenvolvimento de actividades das Nações Unidas na
prossecução desses objectivos. Pelo que, a educação em matéria de direitos do homem e
a disseminação de informação adequada, tanto ao nível teórico como prático,
desempenham um papel importante na promoção e no respeito dos Direitos do homem
relativamente a todos os indivíduos, sem qualquer distinção de raça, sexo, língua ou
religião, o que deverá ser incluído nas políticas educacionais, quer a nível nacional, quer
a nível internacional. A Conferência Mundial sobre Direitos do Homem salienta que as
limitações de recursos e as inadequações institucionais podem impedir a imediata
concretização destes objectivos.
34. Deverão ser envidados esforços acrescidos no sentido de se apoiarem os países que
o solicitem a criar as condições que permitam a cada indivíduo o gozo dos Direitos do
homem e das liberdades fundamentais universalmente reconhecidos. Os Governos, o
sistema das Nações Unidas, bem como outras organizações multilaterais, são instadas a
aumentar consideravelmente os recursos atribuídos a programas que visem a criação e o
reforço de legislação interna, das instituições nacionais e de infra-estruturas conexas que
preservem o Estado de Direito e a democracia, prestem assistência eleitoral, e
estimulem a tomada de consciência dos Direitos do homem através da formação, do
ensino e da educação, da participação popular e da sociedade civil.
II
A. Maior coordenação no domínio dos direitos humanos no seio do sistema das Nações
Unidas
Recursos
10. Neste âmbito, deverá ser consignada uma quota-parte crescente do orçamento
regular directamente ao Centro para os Direitos do Homem, para cobertura de todas as
despesas incorridas pelo Centro, incluindo as despesas relacionadas com os organismos
de direitos humanos das Nações Unidas. O financiamento voluntário das actividades de
cooperação técnica do Centro deverá reforçar este orçamento; a Conferência Mundial
sobre Direitos do Homem apela às contribuições generosas a favor dos fundos
fiduciários existentes.
15. Deverão ser postos à disposição do Centro para os Direitos do Homem meios
adequados para o funcionamento do sistema de relatores temáticos e nacionais, peritos,
grupos de trabalho e orgãos vocacionados para os tratados. O seguimento dado às
recomendações deverá ser uma questão prioritária para consideração pela omissão sobre
Direitos do Homem.
16.O Centro para os Direitos do Homem deverá assumir um papel mais amplo na
promoção dos direitos humanos, devendo tal papel ser moldado através da cooperação
com os Estados Membros e de um programa de serviços de consultadoria e assistência
técnica melhorado. Os fundos voluntários existentes terão de ser expandidos
substancialmente para tal fim e deverão ser geridos de forma mais eficiente e
coordenada. Todas as actividades deverão obedecer a regras de gestão de projecto
estritas e transparentes, devendo-se proceder periodicamente à apreciação de programas
e a avaliações de projectos. Para esse efeito, os resultados de tais exercícios de avaliação
e outras informações relevantes deverão ser regularmente disponibilizadas. O Centro
deverá, em particular, organizar reuniões de informação , pelo menos uma vez por ano,
Adaptação e reforço dos mecanismos das Nações Unidas para os Direitos do homem,
incluindo a questão da criação de um Alto Comissariado das Nações Unidas para os
Direitos do Homem.
22. A Conferência Mundial sobre Direitos do Homem apela a todos os Governos para
que tomem as medidas adequadas, em observância das obrigações internacionais e no
respeito dos respectivos sistemas jurídicos, para fazer face à intolerância e à violência
conexa baseadas em religião ou credo, incluindo práticas de discriminação contra
mulheres e a profanação de locais religiosos, reconhecendo que cada indivíduo tem
direito à liberdade de pensamento, consciência, expressão e religião. A Conferência
convida, igualmente, todos os Estados a porem em prática as disposições contidas na
Declaração sobre a Eliminação de Todas as Formas de Intolerância e Discriminação
baseadas em religião ou credo.
23. A Conferência Mundial sobre Direitos do Homem realça que todas as pessoas que
praticam ou autorizam a prática de actos criminosos associados à limpeza étnica são
individualmente responsáveis por tais violações dos direitos humanos, e que a
comunidade internacional deverá envidar todos os esforços no sentido de trazer os
indivíduos legalmente responsáveis por tais violações à presença da justiça.
24. A Conferência Mundial sobre Direitos do Homem apela a todos os Estados para que
tomem medidas imediatas, individual e colectivamente, para combater e eliminar
rapidamente a prática da limpeza étnica. As vítimas da prática aberrante da limpeza
étnica têm direito a reparações adequadas e efectivas.
Povos Indígenas
29. A Conferência Mundial sobre Direitos do Homem recomenda que a Comissão sobre
Direitos do Homem considere a renovação e a actualização do mandato do Grupo de
Trabalho sobre as Populações Indígenas, após a elaboração do projecto de declaração
sobre os direitos dos povos indígenas.
Trabalhadores Migrantes
37. A igualdade de condição social e os direitos humanos das mulheres deverão ser
integrados na tendência dominante das actividades de âmbito geral do sistema das
Nações Unidas. Estas questões deverão ser regular e sistematicamente tratadas em todos
os organismos e mecanismos relevantes das Nações Unidas. Em particular, deverão ser
tomadas medidas para aumentar a cooperação e promover uma continuada integração de
objectivos e propósitos entre a Comissão sobre a Condição Feminina, a Comissão dos
Direitos do Homem, o Comité para a Eliminação da Discriminação contra as Mulheres,
o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para as Mulheres, o Programa de
Desenvolvimento das Nações Unidas e outros organismos das Nações Unidas. Neste
contexto, a cooperação e a coordenação entre o Centro para os Direitos do Homem e a
Divisão para o Progresso das Mulheres deverão ser intensificadas.
4. Os direitos da criança
45. A Conferência Mundial sobre Direitos do Homem reitera o princípio segundo o qual
“Tratemos primeiro das crianças” e, neste domínio, sublinha a importância dos esforços
significativos, desenvolvidos quer a nível nacional quer a nível internacional,
especialmente os do Fundo das Nações Unidas para a Infância, com vista à promoção
do respeito pelos direitos da criança à sobrevivência, à protecção, ao desenvolvimento e
à participação.
46. Deverão ser tomadas medidas para se alcançar a ratificação universal da Convenção
sobre os Direitos da Criança até 1995 e a assinatura universal da Declaração Mundial
sobre a Sobrevivência, a Protecção e o Desenvolvimento das Crianças e o Plano de
Acção, adoptados pela Cimeira Mundial para as Crianças, bem como a sua efectiva
implementação. A Conferência Mundial sobre Direitos do Homem insta os Estados a
retirarem as reservas à Convenção sobre os Direitos da Criança que sejam contrárias ao
objecto e ao propósito da Convenção ou ao direito internacional dos tratados.
47. A Conferência Mundial sobre Direitos do Homem insta todas as nações a tomarem o
máximo de medidas compatíveis com os respectivos recursos, com o apoio da
cooperação internacional, para atingir os objectivos previstos no Plano de Acção da
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Cimeira Mundial. A Conferência apela aos Estados para que incluam a Convenção
sobre os Direitos da Criança nos seus planos de acção nacionais. Deverá ser dada
particular prioridade, através de tais planos nacionais e de esforços internacionais, à
redução das taxas de mortalidade infantil e materna, à redução de taxas de má nutrição e
analfabetismo, ao acesso a água potável e ao ensino básico. Sempre que necessário, os
planos nacionais de acção deverão ser perspectivados para o combate a emergências
devastadoras causadas por desastres naturais e conflitos armados e pelo problema
igualmente grave de crianças em extrema pobreza.
49. A Conferência Mundial sobre Direitos do Homem apoia todas as medidas tomadas
pelas Nações Unidas e os seus organismos especializados que visam garantir a
protecção efectiva e a promoção dos direitos humanos da criança do sexo feminino. A
Conferência Mundial sobre Direitos do Homem insta os Estados a revogarem quaisquer
leis e regulamentos em vigor e quaisquer práticas e costumes que descriminem e
prejudiquem as crianças do sexo feminino.
53. A Conferência Mundial sobre Direitos do Homem recomenda que o Comité dos
Direitos da Criança seja habilitado, de forma rápida e efectiva e mediante o apoio do
Centro para os Direitos do Homem, a desempenhar o seu mandato, nomeadamente
tendo em vista o número sem precedente de ratificações e subsequente apresentação de
relatório nacionais.
55. A Conferência Mundial sobre Direitos do Homem sublinha que uma das mais
atrozes violações da dignidade humana consiste no acto da tortura, em consequência do
qual a dignidade é destruída e a capacidade das vítimas de continuarem as suas vidas e
as suas actividades fica prejudicada.
56. A Conferência Mundial sobre Direitos do Homem reafirma que, nos termos da
legislação sobre direitos humanos e do direito humanitário, a não sujeição a actos de
tortura é um direito que deve ser protegido em quaisquer circunstâncias, incluindo
épocas de perturbação interna e internacional ou de conflitos armados.
57. A Conferência Mundial sobre Direitos do Homem insta, portanto, todos os Estados
a porem imediatamente termo à prática da tortura e a irradicar definitivamente este mal
através da plena implementação da Declaração Universal dos Direitos do Homem, bem
como das convenções relevantes, reforçando, se necessário, os mecanismos já
existentes. A Conferência Mundial sobre Direitos do Homem apela a todos os Estados
para que cooperem plenamente com o Relator Especial sobre a questão da tortura, no
cumprimento do seu mandato.
58. Deverá ser dada atenção especial à garantia do respeito universal e à efectiva
implementação dos Princípios de Deontologia Médica relevantes para o Papel do
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Pessoal de Saúde, particularmente dos Clínicos Gerais, na Protecção de Prisioneiros e
Detidos contra a Tortura e outros Tratamentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes,
adoptados pela Assembleia Geral das Nações Unidas.
60. Os Estados deverão revogar qualquer legislação que conduza à impunidade dos
responsáveis por graves violações dos direitos humanos, tais como a tortura, devendo
igualmente instaurar procedimentos por tais violações, fazendo assim prevalecer o
Estado de direito.
61. A Conferência Mundial sobre Direitos do Homem reafirma que os esforços para
irradicar a tortura deverão, antes de tudo, concentrar-se na prevenção, pelo que apela à
adopção prévia de um protocolo opcional à Convenção contra a Tortura e Outros
Tratamentos Cruéis, Desumanos e Degradantes, que se destina a criar um sistema de
visitas regulares aos locais de detenção.
Desaparecimentos forçados
64.O lugar das pessoas incapacitadas é em todo o lado. Deverá ser garantida a igualdade
de oportunidades às pessoas incapacitadas através da eliminação de todas as barreiras
socialmente impostas, quer estas sejam físicas, financeiras, sociais ou psicológicas, que
excluam ou limitem a sua participação plena na sociedade.
66. A Conferência Mundial sobre Direitos do Homem recomenda que seja dada
prioridade a iniciativas de âmbito nacional e internacional que visem promover a
democracia, o desenvolvimento e os direitos humanos.
67. Deverá ser dada ênfase especial a medidas tendentes ao reforço e à criação de
instituições relacionadas com os direitos humanos, ao reforço de uma sociedade civil
pluralista e à protecção de grupos que se tenham tornado vulneráveis.Neste contexto, o
apoio prestado, a pedido de Governos, para condução de eleições livres e justas,
incluindo o apoio em aspectos de direitos humanos das eleições e a informação ao
público sobre o processo eleitoral, reveste-se de particular importância. Igualmente
importante é o apoio a ser prestado ao reforço do Estado de direito, à promoção da
liberdade de expressão e à administração da justiça, bem como o apoio à participação
efectiva dos povos nos processos de tomadas de decisão.
69. A Conferência Mundial sobre Direitos do Homem recomenda vivamente que seja
criado, no âmbito das Nações Unidas, um programa detalhado e completo para ajudar os
Estados na tarefa da construção e do reforçar das estruturas nacionais adequadas com
impacto directo na observância generalizada dos direitos humanos e na manutenção do
Estado de direito. Tal programa, a ser coordenado pelo Centro para os Direitos do
Homem, deverá poder providenciar, a pedido do Governo interessado, apoio técnico e
financeiro a projectos nacionais destinados a reformar estabelecimentos penais e
correccionais, o ensino e a formação de advogados, juízes e agentes de segurança
pública no domínio dos direitos humanos, e qualquer outra esfera de actividade
relevante para o bom funcionamento do estado de direito. Tal programa deverá
providenciar aos Estados o apoio para a implementação de planos de acção com vista à
promoção e à protecção dos direitos humanos.
70. A Conferência Mundial sobre Direitos do Homem solicita ao Secretário Geral das
Nações Unidas que submeta propostas à Assembleia Geral das Nações Unidas contendo
alternativas para a criação, a estrutura, as modalidades operacionais e o financiamento
do programa proposto.
71. A Conferência Mundial sobre Direitos do Homem recomenda que cada Estado
pondere se será desejável a elaboração de um plano de acção nacional que identifique os
passos através dos quais esse Estado poderia melhorar a promoção e a protecção dos
direitos humanos.
72. A Conferência Mundial sobre Direitos do Homem reafirma que o direito universal e
inalienável ao desenvolvimento, conforme consignado na Declaração sobre o Direito ao
Desenvolvimento, deve ser implementado e realizado. Neste contexto, a Conferência
Mundial sobre Direitos do Homem congratula-se com a a nomeação, pela Comissão dos
Direitos do Homem, de um grupo de trabalho temático sobre o direito ao
desenvolvimento e insta o Grupo de Trabalho, em consulta e cooperação com outros
orgãos e agências do sistema das Nações Unidas, a formular de imediato, para
74. A Conferência Mundial sobre Direitos do Homem apela aos Governos, aos
organismos e instituições competentes, que aumentem consideravelmente os recursos
atribuídos à criação de sistemas jurídicos operativos que sejam capazes de proteger os
direitos humanos, bem como a instituições nacionais que trabalhem nessa área. Os
intervenientes no domínio da cooperação para o desenvolvimento deverão ter presente a
inter-relação de reforço mútuo entre o desenvolvimento, a democracia e os direitos
humanos. A cooperação deverá basear-se no diálogo e na transparência. A Conferência
Mundial sobre Direitos do Homem apela igualmente à criação de programas completos,
incluindo bancos de informação e pessoal especializado, relacionados com o reforço do
Estado de direito e das instituições democráticas.
75. A Conferência Mundial sobre Direitos do Homem encoraja a Comissão dos Direitos
do Homem, em cooperação com o Comité sobre os Direitos Económicos, Sociais e
Culturais, a prosseguir na análise de protocolos opcionais ao Pacto Internacional sobre
Direitos Económicos, Sociais e Culturais.
77. A Conferência Mundial sobre Direitos do Homem apoia todas as medidas tomadas
pelas Nações Unidas e seus organismos especializados relevantes com vista a assegurar
a promoção e a protecção efectivas dos direitos dos sindicatos, conforme determinado
81. Considerando o Plano Mundial de Acção para a Educação sobre Direitos Humanos
e Democracia, adoptado em Março de 1993 pelo Congresso Internacional para a
Educação sobre Direitos do Homem e Democracia da Organização Educacional,
Científica e Cultural das Nações Unidas, bem como outros instrumentos sobre direitos
humanos, a Conferência Mundial sobre Direitos do Homem recomenda que os Estados
desenvolvam programas científicos e estratégias que assegurem uma educação sobre
direitos humanos o mais ampla possível e a divulgação de informação ao público, com
particular incidência sobre as necessidades das mulheres no campo dos direitos
humanos.
87. A Conferência Mundial sobre Direitos do Homem recomenda aos orgãos previstos
em tratados sobre direitos humanos, às reuniões de presidentes dos orgãos previstos em
tratados e às reuniões dos Estados partes que continuem a tomar medidas que visem a
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coordenação dos múltiplos requisitos e directrizes necessários à preparação dos
relatórios dos Estados, ao abrigo das respectivas convenções sobre direitos humanos, e
que estudem a sugestão de que a apresentação de um relatório conjunto sobre
obrigações decorrentes de tratados por cada Estado tornaria estes procedimentos mais
efectivos e aumentaria o respectivo impacto.
88. A Conferência Mundial sobre Direitos do Homem recomenda que os Estados partes
nos instrumentos internacionais sobre direitos humanos, a Assembleia Geral e o
Conselho Económico e Social considerem o estudo dos orgãos previstos em tratados
sobre direitos humanos e dos vários mecanismos e procedimentos temáticos existentes,
com vista à promoção de uma maior eficiência e efectividade através de uma melhor
coordenação dos diversos orgãos, mecanismos e procedimentos, considerando a
necessidade de evitar duplicações desnecessárias e a sobreposições dos respectivos
mandatos e tarefas.
90. A Conferência Mundial sobre Direitos do Homem recomenda que os Estados partes
nos tratados sobre direitos humanos considerem a aceitação de todos os procedimentos
de comunicação opcionais ao seu dispor.
96. A Conferência Mundial sobre Direitos do Homem recomenda que as Nações Unidas
assumam um papel mais activo na promoção e na protecção dos direitos humanos,
assegurando o respeito total pelo direito humanitário internacional em todas as situações
de conflito armado, em conformidade com os objectivos e os princípios consignados na
Carta das Nações Unidas.
98. Por forma a reforçar o gozo de direitos económicos, sociais e culturais, deverão ser
consideradas abordagens adicionais, tais como um sistema de indicadores para
avaliação dos progressos na implementação dos direitos estabelecidos no Pacto
Internacional sobre Direitos Económicos, Sociais e Culturais. Deve ser efectuado um
esforço concertado que garanta o reconhecimento dos direitos económicos, sociais e
culturais a nível nacional, regional e internacional.