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A delegação ou subdelegação dá-se de um órgão administrativo (delegante ou subdelegante),

pois só um órgão tem competências, para um órgão ou agente da mesma pessoa coletiva, ou
órgão de pessoa coletiva diferente. O agente a que sejam delegadas competências passa a ser
tratado como um órgão, no âmbito do exercício dessas competências.

Do n.º 5 do mesmo artigo decorre que os atos praticados ao abrigo de delegação ou


subdelegação de poderes valem como se tivessem sido praticados pelo delegante ou
subdelegante. De uma delegação de competências, dá-se a transferência de exercício, bem
como de gozo e titularidade (seguimos neste ponto a orientação do Professor Marcelo Rebelo
de Sousa) de faculdades incluídas em poderes funcionais que integrem a competência de um
órgão administrativo, cuja competência foi previamente atribuída por lei, assim como a
possibilidade de delegar essas mesmas faculdades. Diz-se que o delegado tem competência
derivada ou indirecta, uma vez que não é adquirida por lei, mas antes por ato de outro órgão
administrativo. Ainda assim, na prática de atos que visem a concretização das competências
delegadas, o delegado ou subdelegado fá-lo em nome próprio e por conta própria, pelo que
esses atos são imputados à sua esfera jurídica.

O artigo 45.º proíbe a delegação da globalidade dos poderes do delegante (alínea a)), dos
poderes susceptíveis de serem exercidos sobre o próprio delegado (alínea b)), bem como dos
poderes a exercer pelo delegado fora do âmbito da respetiva competência territorial (alínea c)).
O Professor Marcelo Rebelo de Sousa distingue os poderes indelegáveis por lei, como os de
revogação da delegação, dos indelegáveis por natureza, como, no caso de prévia relação de
hierarquia, o poder disciplinar. Alguns destes poderes, no entanto, como é o caso dos poderes
decorrentes de relações de infra-supraordenação, são somente relativamente indelegáveis, não
absolutamente, como os poderes previstos na alínea b) no artigo em análise.

Como temos vindo a observar, a lei contempla a possibilidade de haver consecutivas


subdelegações de poderes. No artigo 46.º, encontramos disposições respeitantes à
subdelegação de poderes, que o mesmo é dizer, delegação de poderes derivada. Para que o
delegado subdelegue, é necessário que o delegante autorize essa subdelegação (algo que pode
ou não fazer, consoante melhor se lhe aprouver). Por seu turno, pode o subdelegado
subdelegar, sem que para tal seja requerida autorização por parte do delegante ou
subdelegante, só não sendo possível quando haja disposição legal em contrário ou reserva
expressa por parte do delegante ou subdelegante. Portanto, enquanto o silêncio do delegante
não basta para que possa o delegado subdelegar, esse mesmo silêncio do delegante e
subdelegante(s) não obsta às subdelegações de 2.º grau e seguintes. O legislador foi, aqui, mais
restritivo quanto à subdelegação de 1.º grau, o que não agradou todos os Autores e,
nomeadamente, o Professor Marcelo Rebelo de Sousa, que entende poder, esta opção
legislativa, conduzir a um esbatimento da responsabilidade na decisão de delegar poderes.
Afigura-se, efetivamente, uma opção um tanto ou quanto contraditória, tendo em conta a
natureza “intuitu personae” da delegação de poderes. Constam do artigo 47.º os requisitos do
ato de delegação ou subdelegação de poderes. Do n.º 1, decorre que deve o órgão delegante
ou subdelegante especificar positivamente, através de enumeração taxativa, quais os poderes
objeto de delegação ou subdelegação, ou quais os atos que o delegado ou subdelegado
passará a poder praticar. Não pode o delegante ou subdelegante recorrer aqui a cláusulas
gerais, ou a enumerações exemplificativas. Decorre ainda do mesmo número que o delegante
ou subdelegante deve mencionar, no ato de delegação, a norma atributiva do poder delegado
ao órgão originariamente competente, bem como a norma que o habilita a delegar esse poder.
A falta de qualquer destes requisitos determina a invalidade do ato de delegação ou
subdelegação, o que, por sua vez, implica que quaisquer atos exercidos pelo delegado no
âmbito de delegação inválida de poderes, são também inválidos, tendo em conta que o

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