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Suporte Básico de Vida

BLS/APH
EMERGÊNCIAS MÉDICAS

NOME DO ALUNO
INDICE

LIÇÃO ASSUNTO
01 INTRODUÇÃO..........................................................................
02 O SERVIÇO DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR............
03 NOÇÕES DE ENFERMAGEM..................................................
04 BIOMECÂNICA DO TRAUMA..................................................
05 AVALIAÇÃO DE PACIENTES..................................................
06 DESOBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS.....................................
07 RESSUSCITAÇÃO CÁRDIO-PULMONAR..............................
08 ESTADO DE CHOQUE.............................................................
09 HEMORRAGIAS E FERIMENTOS EM TECIDOS MOLES......
10 TRAUMATISMO DE ESTREMIDADES....................................
11 EMERGÊNCIAS MÉDICA E CLÍNICAS...................................
12 QUEIMADURAS.......................................................................
13 INTOXICAÇÃO.........................................................................
14 AFOGAMENTO E QUASE AFOGAMENTO............................
15 PARTO EMERGÊNCIAL..........................................................
16 EMERGÊNCIAS PEDIÁTRICAS..............................................
17 MOVIMENTAÇÃO E TRANSPORTE DE ACIDENTADOS......
18 TRIAGEM – MÉTODO START E SALVAMENTO
LIÇÃO 01

INTRODUÇÃO

OBJETIVOS

Proporcionar aos participantes conhecimentos que os capacitem a:

1. Identificar os participantes, pessoal e institucionalmente, além do coordenador do curso,


os instrutores e todo o pessoal de apoio;
2. Identificar os seguintes aspectos do curso:
a) Finalidade, objetivo de desempenho, método e forma de avaliação do Curso de
Emergências Médicas;
b) Materiais que serão utilizados no curso, detalhes logísticos e de agenda; e.
c) Generalidades do Curso de Emergências Médicas.
FINALIDADE DO CURSO

Proporcionar aos participantes, os conhecimentos e as habilidades necessárias para o


atendimento pré-hospitalar de vítimas de traumas ou emergências médicas de origem
clínica, estabilizando sua condição no que for possível, dentro dos limites legais, de acordo
com os Procedimentos Padrão do dos serviços de APH e transportá-la de forma segura para
onde possam receber assistência médica hospitalar definitiva.

OBJETIVOS DE DESEMPENHO

Ao final do curso, os participantes deverão através de simulação em local previamente


preparado, dado três situações de emergência (casos de trauma, caso clínico e parto)
demonstrar, de acordo com o aprendizado as seguintes ações:
1. Receber e a solicitação de emergência;
2. Deslocar-se até o local de emergência, avaliar e informar a situação;
3. Solicitar a ajuda adicional que seja necessária e cuidar da segurança do local da
ocorrência;
4. Obter acesso até a vítima e avaliar suas condições;
5. Selecionar e utilizar adequadamente todos os equipamentos e materiais necessários
para o atendimento da vítima;
6. Efetuar a estabilização da vítima;
7. Remover e transportar a vítima;
8. Transmitir informações sobre as condições da vítima e os procedimentos adotados;
9. Preparar equipamentos e materiais para novos atendimentos.
Cada participante contará com todos os equipamentos de proteção individual e demais
recursos para o atendimento pré-hospitalar.
Para fins de aprovação, o participante deverá cumprir nos simulados, todos os passos
indicados no curso, num tempo máximo estipulado pelo instrutor.

OBJETIVOS DE CAPACITAÇÃO
Ao finalizar o curso, o participante será capaz de:
1. Preparar todos os equipamentos e materiais utilizados em atendimento de emergência;
2. Descrever a forma de receber e registrar uma solicitação de auxílio, informar os dados da
situação e avaliar a necessidade de auxílio adicional;
3. Listar as ações para cuidar da segurança de um local de ocorrência e obter acesso até
as vítimas;
4. Avaliar vítimas de trauma ou de emergências médicas (casos clínicos), e determinar os
procedimentos correspondentes a cada caso, utilizando-se de materiais e equipamentos
adequados para seu atendimento pré-hospitalar;
5. Estabilizar as condições das vítimas de trauma ou emergências médicas;
6. Transportar adequadamente as vítimas e encaminhá-las ao tratamento hospitalar; e
7. Elaborar relatório e demais registros relativos ao atendimento.

AVALIAÇÃO
Instrumentos
Modulo Teórico

1. Uma avaliação teórica parcial denominada Verificação Corrente – VC com um valor total
de 60 pontos e uma Verificação Final – VF com um valor de 40 pontos.

2. Uma Verificação Corrente – VC (prática) no valor de 02 pontos e uma Verificação


Final – VF (prática) com um valor de 60 pontos. 02 pontos distribuídos por participação.

3. A VF prática incluirá situações simuladas a ser passadas previamente pelo


instrutor.

CONDIÇÕES PARA APROVAÇÃO


Os participantes deverão totalizar um mínimo de 80% de aproveitamento na média
final do curso. Se não alcançar este índice mínimo de pontos, será submetido a uma
avaliação teórica final especial, denominada Verificação Final Especial – VFE (2ª
época), no valor de 100 pontos e terão que obter um mínimo de 80 pontos, sendo
que esta nota será atribuída na classificação final da Unidade de primeiros socorros,
alterando ainda sua classificação final no Curso de Formação de Bombeiro
Profissional Civil, conforme diretriz do curso.

HORÁRIO DO CURSO
O horário do curso consta da programação Será obrigatória à presença e a
pontualidade em todas as lições do curso. A responsabilidade e o respeito ao horário
deverá ser mútuo entre instrutores e participantes.

Exame

Exame
A certificação dos participantes implica na garantia que todos os objetivos do curso
foram alcançados, de acordo com a as avaliações teóricas e práticas.
Não será permitido o uso de telefones celulares ou aparelhos eletrônicos pelo
participante.
Evitar-se-á interrupções desnecessárias durante as aulas, exceto em casos de
emergência. Em caso de necessidade, a coordenação do curso se encarregará de
anotar eventuais recados telefônicos ou adotará providências possíveis para sanar
as dificuldades do participante.
A coordenação efetuará constantes avaliações junto aos participantes na qual serão
anotados os pontos positivos e os pontos a melhorar, visando à melhoria da
instrução.
LIÇÃO 02

O SERVIÇO DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

OBJETIVOS:

Proporcionar aos participantes conhecimentos que os capacitem a:

1. Definir os elementos que compõem um Sistema de Atendimento de Emergências;


2. Diferenciar as atividades de Suporte Básico e Avançado de Vida; os critérios de
competências operacionais;
3. Listar os procedimentos operacionais nas diversas situações relativas ao transporte de
vítimas;
4. Determinar a legislação pertinente ao Serviço de APH;
5. Dissertar sobre os principais aspectos inerentes ao perfil profissional adequado ao
socorrista do Sistema;
6. Indicar os Procedimentos Operacionais nos casos em que houver recusa de
atendimento;
7. Listar as ações do socorrista ao atender uma vítima em óbito evidente;
8. Indicar as situações em que é permitido o transporte de acompanhantes;
9. Estabelecer as condições para a restrição de vítimas e as providências decorrentes deste
fato;
10. Estabelecer a conduta adequada nos casos de participação de médicos e enfermeiros e
autoridades não médicas estranhas ao Sistema de Atendimento de Emergências.
INTRODUÇÃO

Este Manual de Segurança tem a finalidade de padronizar procedimentos nos casos de


emergências em que se necessite prestar os primeiros socorros em caso de vítimas de
trauma ou de emergências médicas. A rotina pré-estabelecida visa garantir uma atuação
eficiente na prestação de primeiros socorros a eventuais vítimas.
Os procedimentos de reanimação cardio - pulmonar terão como base o Suporte Básico da
Vida, atualizados de acordo com as diretrizes da American Hearth Association. Medidas
possíveis de serem empregadas por pessoas leigas, tais como, a permeabilidade de vias
aéreas superiores através de manobras manuais, o controle de hemorragias, a intervenção
em vítimas de emergências médicas, bem como outras que sejam essenciais para manter a
vida da vítima serão aplicadas respeitando-se os limites legais estabelecidos nesse manual.
Emergências que requeiram ações médicas e de enfermagem ou transporte a hospital serão
realizados pelos competentes profissionais do serviço público ou do setor privado de saúde.

1. SISTEMA DE ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIAS

É definido como a cadeia de recursos e serviços organizados em uma determinada região,


composta de profissionais oriundos e não oriundos da área de saúde, ligadas a uma Central
de Regulação Médica, para prestar assistência continuada a vítimas, no local onde se iniciou
a emergência até a chegada ao ambiente hospitalar.

ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

É a prestação de suporte básico ou avançado de vida, por profissional


qualificado e habilitado de acordo com a legislação vigente para, avaliar,
identificar e corrigir, no local da ocorrência, os problemas que
comprometam a vida de uma vítima acidentada ou de quem sofra de uma
emergência médica, transportando-a com segurança ao recurso
hospitalar.

Definição de Primeiros Socorros:

Tratamento imediato e provisório ministrado a um acidentado ou doente, executado por


qualquer pessoa, geralmente no próprio local, para garantir a sua vida e evitar o
agravamento das lesões existentes. Tal atendimento dura até que a vítima seja confiada a
cuidados de equipes especializadas ou atendimento médico definitivo.
PERFIL DO SOCORRISTA

PRINCIPAIS ASPECTOS

a. Curso de especialização:
1. Concluir com aproveitamento o Curso de Emergências Médicas;
2. Possuir o credenciamento pela Escola de Bombeiros e a DODC.
b. Condicionamento físico: necessário devido às particularidades do serviço que exige
esforço físico decorrente do grande número de ocorrências diárias atendidas. Atentar para
a segurança do trabalho.
Ex: utilizar técnicas de levantamento de pesos, correção de postura, etc.

c. Boa apresentação pessoal: própria do Bombeiro Profissional Civil, que traduz


organização. Uma questão de biossegurança, devido ao risco de contaminação com
doenças infecto-contagiosas. Destaque para a possibilidade de levar contaminação para a
casa através do uniforme, que deve ser lavado em separado das roupas da família.

d. Discrição e sigilo: não revelar informações pessoais ou relativas à situação clínica da


vítima a quem não esteja diretamente envolvida no atendimento da emergência e que
dessas informações devam ter conhecimento. Ex: vítima que fez uso de drogas; vítimas
de trauma envolvidas em casos extraconjugais ou homossexuais, aspectos da doença ou
dos traumas apresentados pela vítima.

e. Controlar o vocabulário: evitar conversação imprópria ou que perturbe ou aborreça a


vítima e seus acompanhantes. Evitar o uso de gírias e palavras de baixo calão.

f. Estabilidade emocional: controle emocional, evitando envolvimento no atendimento da


ocorrência; mantendo-se neutro aos acontecimentos.

g. Iniciativa: assumir o controle da situação, adotando as condutas apropriadas e


agilizando o acionamento dos recursos necessários.

h. Amabilidade: compreensão com o sofrimento alheio; tratar as vítimas com respeito e


serenidade.
i. Criatividade: quando situações inesperadas surgirem, for capaz de diversificar o uso de
equipamentos e adaptar as técnicas existentes para solucionar os problemas,
obedecendo-se os limites previstos nas diretrizes que regem o serviço.

PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS GERAIS


Estas definições estão em consonância com a Portaria 2048, de 05 de novembro de 2002,
do Ministério da Saúde que normatiza os serviços de Atendimento Pré-Hospitalar a nível
nacional.

DEFINIÇÕES

Ambulância de Suporte Avançado (ASA) – Tipo D – Veículo destinado ao transporte de


pacientes de alto risco de emergências pré-hospitalares e de transporte inter-hospitalar.
Deve contar com os equipamentos médicos necessários para esta função.

Ambulância de Suporte Básico (ASB) – Tipo B – Veículo destinado ao transporte em


decúbito horizontal de pacientes, contendo apenas equipamentos mínimos à manutenção
de vida.

Atendimento Pré-Hospitalar – APH – é conjunto de procedimentos técnicos realizados no


local da emergência e durante o transporte da vítima. O objetivo é mantê-la com vida e em
situação mais próxima possível da normalidade até sua chegada a unidade hospitalar.
Podendo ser de SUPORTE AVANÇADO ou SUPORTE BÁSICO ou prestado por socorrista
leigo treinado.

Auxiliar de Enfermagem ou Técnico de Enfermagem – Profissional habilitado para o


atendimento pré-hospitalar e credenciado para integrar a guarnição de ambulâncias do
serviço de atendimento pré-hospitalar. Além da intervenção
Departamento Médico – Local composto por equipe médica e equipamentos necessários à
realização de Atendimento Pré-Hospitalar.

Médico - Profissional de nível superior, habilitado ao exercício da medicina pré-hospitalar,


atuando nas áreas de regulação médica, suporte avançado de vida em ambulâncias e na
gerência do sistema.

Resgate - É o conjunto de providências técnicas para a retirada de vítimas de locais de


risco, necessitando de equipe e equipamentos especializados.

Suporte Avançado – Procedimentos e técnicas evasivas empregado por médicos


especializados em APH.

Suporte Básico – Procedimentos e técnicas de intervenção conservadoras (não-envasivas)


realizadas por socorrista.
Conservadora do paciente é habilitada a realizar procedimentos, sob prescrição médica,
na vítima de trauma e de outras emergências médicas, dentro do âmbito de sua
qualificação profissional.
Socorrista leigo – Indivíduo leigo treinado para prestar atendimento pré-hospitalar em
caso de necessidade ou extrema urgência até a chegada de um profissional em APH
habilitado. Faz intervenção conservadora (procedimentos não evasiva) no atendimento
pré-hospitalar.

CONSTATAÇÃO DE ÓBITO NO LOCAL DE SERVIÇO

O Suporte Básico em princípio não deve considerar a morte clínica (parada cardio
respiratória) como morte definitiva. Devendo sempre retirar o paciente para um local
adequado realizando as manobras de RCP e acionar o Suporte Avançado para o local.
Somente os casos de morte óbvia devem ser constatados como morte irreversível pelo
Suporte Básico. Nos demais casos somente o Suporte Avançado poderá determinar a
morte biológica.

CASOS DE MORTE ÓBVIA

1. Lesões de morte evidente:

- decapitação
- Esmagamento do crânio (não confundir com exposição de massa encefálica)
- Secção do tronco ou esmagamento do tronco com comprometimento das vísceras
coração e pulmão.
- calcinação
- carbonização

2. Casos de morte tardia:

- decomposição
- “rigor mortis”
- “livor mortis”

Providências:
Cobrir o cadáver com lençol descartável;
Solicitar serviços competentes para providências legais;
Preservar o local de crime, até a chegada do policiamento local;
Preservar as informações das vítimas, fornecendo-as somente a autoridades;
Preservar a imagem da vítima não permitindo fotos e filmagens pela imprensa.
Respeitar o cadáver é dever de todo socorrista.

CONSIDERAÇÕES GERAIS

Constatado óbito na ambulância jamais a vítima poderá ser retirada e colocada no chão.
Constatada a morte no interior da enfermaria esta será interditada e acionada a autoridade
policial para o local.
Determinada a morte em áreas externas do local de serviço, deverá ser acionada a
autoridade policial e o local deverá ser isolado e interditado.
Constatado óbito no interior do local de serviço, isolar a área e acionar autoridade policial
para o local.
TRANSPORTE DE PACIENTES

Deverá seguir os procedimentos protocolados para cada caso, sendo que nenhum
paciente poderá ser transportado sem a prévia autorização do médico de plantão. Salvo,
nos casos de transporte imediato expresso neste protocolo.

O médico decide sobre o destino do paciente.


O condutor da viatura jamais, deverá encaminhar paciente sem acompanhamento da
equipe médica ou equipe de enfermagem ou equipe de Socorristas.
Estabilizar o paciente antes de iniciar o transporte.
Fixar o paciente à prancha longa através dos tirantes. Fixar a cabeça da vítima para
impedir movimentação.
Prender a prancha longa à maca de rodas e fixá-la na viatura.
Manter os cuidados de assistência de A. P. H.
Transportar com velocidade moderada e com segurança. Respeitando as normas
preconizadas no Código Brasileiro de Trânsito.

TRANSFERÊNCIA AO SERVIÇO DE EMERGÊNCIA HOSPITALAR

Transmitir à equipe médica de plantão as informações colhidas durante o atendimento


prestado que possam interferir na continuidade do tratamento do paciente:

Natureza da ocorrência.
Informações do local da ocorrência.
Tempo decorrido desde o atendimento até o transporte ao hospital.
Dados clínicos e possíveis traumas.
Procedimentos realizados.
Sinais vitais e escala glasgow

APOIO SOLICITADO DO BOMBEIRO PARA A EQUIPE MÉDICA

A equipe de Socorristas deverá solicitar apoio médico nos casos listados abaixo:

Parada respiratória ou desconforto respiratório grave;


Parada Cardíaca;
Vítima em choque hemodinâmico;
Poli traumatizados (atropelamento e queda em desnível e outros)
Ocorrência envolvendo mais do que dois de vítimas;
Suspeita de infarto agudo do miocárdio;
Paciente diabético inconsciente.
Trauma de crânio encefálico (inconsciente).
Vítimas com membros presos em máquinas ou escombros;
Amputação traumática de membros próximo ao tronco;
Vítimas com objetos transfixados em regiões do corpo;
Tentativa de suicídio.
Queimaduras graves.
Quando houver dificuldade técnica de realizar qualquer procedimento básico de atendimento
pre-hospitalar.
ATUAÇÃO DO SUPORTE AVANÇADO

CABE A EQUIPE DE MÉDICOS O CONTROLE DAS AÇÕES DE SAÚDE NO LOCAL, QUE


COMPREENDEM:

Triagem de vítimas;
Assistência pré-hospitalar às vítimas;
Mobilizações de vítimas;
Transporte de vítimas;
Determinação para uma unidade hospitalar quando se for necessário;
Qual equipe deverá acompanhar o paciente.

ORDEM DE AUTORIDADE NÃO MÉDICA

ORDEM CONTRARIA DE AUTORIDADE NÃO MÉDICA PERTENCENTE AO SISTEMA

A intervenção de autoridade não médica pertencente ao sistema de emergência do local de


serviço, será classificada como intervenção não solicitada.

Se a equipe de bombeiros receberem ordens de autoridade não médica, hierarquicamente


superior, que contrarie os procedimentos operacionais padrão, a equipe de bombeiros não
deverá cumpri-la.

Se houver persistência na ordem incorreta, comunicar o médico ou na sua ausência


comunicar o responsável pelo setor de bombeiros, solicitando orientações.

Se houver algum prejuízo à vítima decorrente de tal ordem, o fato deve ser comunicado
por escrito imediatamente ao setor competente para que as providencias sejam tomadas.

PARTICIPAÇÃO DE MÉDICO NÃO PERTENCENTE AO SISTEMA

A intervenção de médico não pertencente ao Serviço de Atendimento de Emergências, será


classificado como "INTERVENÇÃO MÉDICA SOLICITADA".

A presença de um médico no local deve ser comunicada ao Médico de Plantão quando


houver um, e ao chefe responsável pelo controle da emergência.

Acatar suas orientações referentes à assistência e imobilização da vítima, desde que não
contrariem os procedimentos do protocolo de APH.

O nome completo, número de inscrição no CRM e endereço do médico devem ser


anotados após, o atendimento do paciente.

ASPECTOS LEGAIS DO ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Estabelece o Código Penal brasileiro:


OMISSÃO DE SOCORRO

Artigo 135 – CP - “Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal,
à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em
grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública”.

Pena – detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.

Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de


natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.

Uma vez que você tenha parado para auxiliar uma pessoa doente ou ferida, legalmente
iniciou-se o Atendimento Pré-hospitalar. Você, agora, tem o dever de prestar o atendimento
de acordo com o seu nível de treinamento. Se você sair do local antes da chegada do
pessoal qualificado como o do serviço de Resgate do Corpo de Bombeiros, considerar-se-á
que houve o abandono da vítima.
Lembre-se de que você não foi treinado para elaborar um diagnóstico médico ou para
predizer as condições de estabilidade do paciente; é necessário acompanhá-lo até a
chegada do pessoal qualificado.
Você também não deverá sair do local com a chegada de um Socorrista com o mesmo nível
do seu treinamento. O paciente pode piorar e seus problemas serão melhores conduzidos
com a presença de dois Socorristas.

Informe sempre ao Socorrista ou equipe especializada que lhe suceder os resultados obtidos
na avaliação inicial da vítima e qual assistência lhe foi prestada.
Deve o socorrista agir de conformidade com as técnicas de atendimento pré-hospitalar
estabelecidas para o seu nível de treinamento, estando ciente de que poderá ser
responsabilizado nos casos de:

 Negligência: deixar de executar medidas de atendimento pré-hospitalar prevista para a


condição do paciente;

 Imperícia: executar procedimentos acima de seu nível de treinamento – próprios da área


médica ou de enfermagem – ou para o qual não foi devidamente habilitado; e

 Imprudência: não seguir adequadamente os padrões de atendimento ou executá-lo sem


o devido zelo, promovendo o agravamento do problema existente.

CONSENTIMENTO FORMAL:

Um paciente adulto, quando consciente e com clareza de raciocínio poderá dar o


consentimento formal para a assistência.

Esse consentimento é habitualmente expresso verbalmente. O paciente deverá ser


informado de que você é um Socorrista, com treinamento em Atendimento Pré-hospitalar.
Além disso, é importante que o paciente saiba:

 A identificação do Socorrista;
 Por que determinados cuidados são necessários.
 Os procedimentos que estão sendo realizados.
CONSENTIMENTO IMPLÍCITO:

Nas situações de emergência em que o paciente esteja inconsciente, confuso ou


gravemente ferido é impossível obter o consentimento do paciente e o Socorrista deve
prestar imediatamente a assistência. A legislação infere que o paciente daria o
consentimento, caso tivesse condições de expressar o seu desejo de receber os cuidados e
tratamento. O consentimento implícito pode ser adotado também nas situações de acidentes
com menores de idade desacompanhados dos pais ou responsáveis legais.

DIREITOS DO PACIENTE:

Como Socorrista, você não poderá prestar cuidados de emergência a um paciente e depois
comentar os detalhes do atendimento com seus amigos, familiares, colegas de trabalho ou
pessoas da comunidade (incluindo imprensa ou outros órgãos de comunicação).

Você não deverá identificar o paciente, dizendo o nome dele e ao comentar sobre o
acidente, não deverá repetir o que foi dito pelo paciente ou descrever um comportamento
inadequado ou qualquer aspecto da aparência pessoal. Ao cometer esta falta você
transgredira a privacidade do paciente, quebrando o sigilo.

A necessidade do sigilo não se aplica quando o Socorrista é questionado pelos policiais,


pessoal do Resgate, médico responsável pelo atendimento do paciente ou ao testemunhar
em cortes judiciais. Poderá ser solicitado que o Socorrista relate as informações obtidas
junto ao paciente ou acompanhante.

BIOSSEGURANÇA

A primeira preocupação do Socorrista, no local da emergência, é com a sua segurança


pessoal. O desejo de ajudar as pessoas que têm necessidade de atendimento pode
favorecer o esquecimento dos riscos no local.
Você deverá ter certeza de que está em segurança, ao aproximar-se da vítima e que
permanecerá em segurança, enquanto presta o atendimento.
Parte das preocupações do Socorrista com a sua segurança pessoal está relacionada com a
própria proteção contra as doenças infecciosas.

Como Socorrista, avaliando ou prestando atendimento às vítimas, você deverá evitar contato
direto com o sangue do paciente, fluídos corpóreos, mucosas, ferimentos e queimaduras.

Para a proteção pessoal é preciso usar:


 Luvas apropriadas de vinil ou de látex;
 Máscara facial de bolso, com válvula e filtro para os procedimentos de ventilação artificial
ou outro tipo de máscara que impeça o contato com microorganismos veiculados pela
respiração da vítima;
 Óculos protetores, para evitar o contato nos olhos com respingos de fluidos corporais,
durante certos procedimentos.
 Aventais e máscaras faciais descartáveis são outros itens importantes na proteção
individual em determinadas ocasiões.

LIÇÃO 03

NOÇÕES DE ENFERMAGEM

1. SINAIS VITAIS
(Pulso, Pressão Arterial, Respiração, Temperatura)

a) Pulso (Batimentos Cardíacos por minuto = bpm)

Adulto (acima de oito anos).............60 a 100 bpm


Criança (um a oito anos) .................100 a 120 bpm
Bebê (abaixo de um ano).............120 a 140 bpm

b) Pressão Arterial (Pressão do sangue sobre a parede arterial).

Pressão Sistólica (pressão máxima) .......... 110 a 140mmHg


Pressão Diastólica (pressão mínima) .......... 60 a 90 mmHg

c) Respiração (Movimentos Respiratórios por minuto)

Adulto (acima de oito anos)............... 12 a 20 mrpm


Criança (um a oito anos) .................... .20 a 30 mrpm
Bebê (abaixo de um ano) .............. .30 a 40 mrpm

d) Temperatura (Temperatura corporal em graus Celsius)

Temperatura axilar ....................................36, 0 a 37,0 ºC


Temperatura bucal ....................................36, 2 a 37, 0 ºC

d.1) Temperatura abaixo do normal:

Sub Normal .............................................. 35, 0 a 36, 0 ºC


Hipotermia .............................................. 34, 0 a 35, 0 ºC

d.2) Temperatura acima do normal:

Estado febril ..............................................37, 5 a 37,9 ºC


Febre ..............................................38, 0 a 38, 9 ºC
Pirexia ..............................................39, 0 ºC
Hipertermia ou Hiperpirexia .........................39, 1 a 41, 0 ºC
LIÇÃO 04

BIOMECÂNICA DO TRAUMA

Desenvolvimento

Bio-Vida Mecânica - movimento, essa seria a etimologia da palavra biomecânica, que é a


junção de dois seguimentos: Medicina e Física.
Para se dirimir melhor este módulo deveremos ter um conhecimento básico de física e o
primeiro estudo será a “Energia”.
Fisicamente a energia é a propriedade de um sistema que lhe permite realizar qualquer tipo
de trabalho. Podendo ter várias formas: Cinética, calorífera, mecânica, potencial, química,
eletromagnética, radiante e etc.
É importante ressaltarmos que o primeiro princípio da termodinâmica diz que a energia não
pode ser criada, mas sim transformada, discutiremos este processo durante todo o curso.
Na primeira lei de Newton (Inércia) um corpo permanecerá em repouso se estiver em
repouso, e um corpo permanecerá em movimento em movimento se estiver em movimento,
a menos que uma força externa atue sobre ele.
Exemplo: Uma pessoa parada dentro de um ônibus em movimento, o mesmo freia
bruscamente, o veículo cessa o movimento, mas os seus passageiros absorvem toda a
energia criada pela frenagem sendo deslocados de seus lugares iniciais.
Uma outra lei importante é a lei da ação e reação que diz o seguinte: Toda ação tem uma
reação do mesmo modo e intensidade, porem sentido contrário.
Exemplo: Uma pessoa bate forte com cabeça em um banco do ônibus após a frenagem do
mesmo (Ação) e este banco promoveu uma lesão em sua cabeça (Reação). É importante
lembra que a intensidade que o corpo adquiriu em seu deslocamento até o banco será a
mesma em que o banco efetuará contra o ocupante.
É importante ressaltar que quando falamos em uma colisão não estamos nos referindo
apenas a colisões automobilísticas, mas sim a toda forma de energia transmitida a uma
pessoa, seja ela por uma queda, um tiro e etc.
A seguir veremos um exemplo de uma colisão envolvendo uma moto que colidiu com um
carro, dividam em sua mente os seguintes processos:

1° processo - A colisão entre dois objetos, neste caso a moto e o carro.

2° processo - A colisão do motociclista com os componentes da moto e com o carro.

3° processo - É a colisão dos órgãos do condutor com as paredes de seu próprio corpo.
Tipos de Colisão

 Colisão Frontal
 Colisão lateral
 Colisão Angular
 Colisão Traseira
 Capotamento
Cases:

95% das mortes por colisões Frontais seriam evitadas com uso de airbags, e 65% de
traumas graves seriam evitados com o uso de cinto de três pontos, segundo dados da
ABRAMET (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego).
LIÇÃO 05

AVALIAÇÃO DE PACIENTES

OBJETIVOS:

Proporcionar aos participantes conhecimentos e habilidades que os capacitem a:

1. Definir as avaliações dos acidentados e pacientes clínicos;


2. Proceder às ações que constituem a avaliação inicial e detalhada física;
3. Executar as manobras manuais para a liberação das vias aéreas superiores em vítimas
inconscientes;
4. Aplicar a Escala de Coma de Glasgow.
5. Indicar as situações que exigem emprego do procedimento de Transporte Imediato.
1. EXAME PRIMÁRIO - ABC DO TRAUMA

• C – Circulation: Checar Pulso, conter Grandes Hemorragias (Hemostasia) e


realizar Reanimação Cardio Pulmonar – RCP (se necessário).
• A – Airway and Cervical Control Spine: Checar Nível de consciência (AVDI),
estabilizar região cervical e liberar Vias Aéreas Superiores – VAS;
• B – Breathing: Checar respiração (VOS) e realizar ventilação (se necessário);

Exame
Primário
C – 1. Checar Batimentos (Pulso);

A – 1. Checar Consciência;
2. Liberar Vias Aéreas Superiores; e
3. Estabilizar Cervical;
B – 1. Checar respiração; e
2. Fazer ventilação (se necessário);
2. Conter Grandes Hemorragias; e

3. Realizar Reanimação Cardio pulmonar (se necessário).


A.1. AIRWAY - CHECAR CONSCIÊNCIA.

TÉCNICA DO AVDI

• A – Está Alerta;

• V – Responde a Estímulos Verbais;

• D – Responde a Estímulos Dolorosos;

• I – INCONSCIENTE.
C – CIRCULATION AND BLEEDING
Nesta fase o Socorrista deverá checar a pulsação (pulso central) ao mesmo tempo
em que verifica a respiração (VOS).
Caso haja uma grande (grave) hemorragia o Socorrista deverá contê-la utilizando o
método da pressão direta no ferimento (hemostasia), caso contrário à vítima entrará em
estado de choque, o que por sua vez poderá levar a morte. Se a vítima não tem pulso
(batimentos do coração percebido através dos movimentos sistólicos) o Socorrista deverá
imediatamente iniciar a Reanimação Cardio Pulmonar (RCP).

C.1. Circulation: Checar Pulso.


1. Pulso Carotídeo;
2. Pulso Radial;
3. Pulso Femoral;
4. Pulso Tibial;
5. Pulso Braquial;
6. Pulso Poplíteo
- Obs.: O pulso carotídeo é o pulso central, pois as
artérias carótida saem diretamente do coração para
irrigar os vasos do cérebro, logo a pressão neste vaso
é bastante forte.
DETERMINAÇÃO DO PULSO:
- Deve-se determinar se o pulso é normal, rápido ou lento, se o ritmo é regular ou irregular, e
se, quanto à força, ele é forte ou fraco.
- Na análise secundária, o pulso pode ser aferido na artéria radial. No Exame Primário (ABC
do TRAUMA) o Socorrista deverá procurar determiná-lo na artéria carótida (pulso central).
- Utilizar os dedos indicador e médio para verificar o pulso da vítima. Nunca verificar pulso
através do polegar, pois o Socorrista poderá se enganar, sentindo seu próprio pulso ao invés
do pulso da vítima.
- Pequenas variações para mais ou para menos devem ser consideradas normais, levando-
se em consideração o “stress” da vítima logo após o TRAUMA ou com um problema de
saúde (evolução de uma doença).
- Considerar como sinais sérios pulsos abaixo de 50 ou acima de 100 por minuto, em vítimas

adultas, e abaixo de 60 batidas por minuto, em crianças.


Suporte Básico de vida - BLS/APH
PULSO E PONTOS DE PRESSÃO.

C.2. CIRCULATION: CONTER GRANDES HEMORRAGIAS (HEMOSTASIA).

1º Identificar o tipo de HEMORRAGIA;


2º Realizar HEMOSTASIA (TÉCNICA DE CONTENÇÃO DE HEMORRAGIAS);
3º Prevenir o ESTADO de CHOQUE.
A.2. LIBERAR VIAS AÉREAS SUPERIORES.
1º - Após o AVDI o Socorrista deverá liberar a
passagem de ar pelas Vias Aéreas Superiores
(nariz e boca) e realizando a estabilização
cervical manual;
2º - Para todas as vítimas, inclusive as de
TRAUMA, deverá ser feita a Hiperistenção da
Cabeça e Elevação do Queixo (ou nuca).

QUEDA DA LÍNGUA

- 90% dos casos de óbitos em vítimas


inconscientes por obstrução das V.A’S a causa
principal se dá em virtude da retração da língua
(queda da língua), os outros 10% ficam por
conta de corpos estranhos (sólidos e líquidos).

ESTABILIZAÇÃO CERVICAL - MANOBRA


DE ELEVAÇÃO DO QUEIXO (OU DA
NUCA) - CHIN LIFT

Os prestadores de primeiros socorros


devem usar a manobra de estabilização
manual da coluna vertebral, ou seja, a
estabilização deve ser feita, de preferência,
com as mãos, ao invés do emprego de
aparelhos de imobilização – colar cervical ou
outro dispositivo.
Não tentar abrir as vias aéreas usando
elevação da mandíbula, em vítimas de
trauma.
- utilizar a manobra de inclinação da
cabeça (hiperistenção da cabeça – chin lift)
- elevação do queixo para todas as vítimas (inclusive as de trauma)

A inclinação da cabeça e elevação do queixo (ou nuca) resultará na liberação das vias
aéreas superiores. A língua é presa na mandíbula, sua tendência é a de acompanhar o
movimento de elevação da mandíbula.

6ª Edição - 2012 28
Suporte Básico de vida - BLS/APH
RETIRADA DE CORPOS ESTRANHOS:
A Obstrução das Vias Aéreas por
Corpos Estranhos – OVACE, que podem
ser SÓLIDOS ou LÍQUIDOS.
A abertura das VAS se dá através da
técnica dos dedos cruzados.
A retirada de Corpos Sólidos (dente,
parte da língua, alimentos) é feita através
da varredura digital (dedos). Já a retirada
de Corpos Líquidos (bebidas, fluidos
corporais, sangue) pode ser feita com a
Laterização da cabeça da vítima,
posicionando a cabeça do paciente
lateralmente (ou na posição lateral de
segurança), a fim de que os fluidos
corporais saiam livremente.

B. BREATHING - CHECAR RESPIRAÇÃO


- VOS: Ver, Ouvir e Sentir - Para checar a respiração o Socorrista deverá utilizar a técnica
do Ver, Ouvir e Sentir - V.O.S.

 V – Ver os movimentos da Respiração, que nas mulheres é acentuado no tórax e nos


homens no abdômen;
 O – Ouvir os ruídos da respiração;
 S – Sentir o calor da respiração.

Cada ventilação deve ser aplicada durante 01 segundo, produzindo elevação do tórax
(o Socorrista deverá ser capaz de visualizar a elevação do tórax). O Socorrista deve respirar
normalmente antes de iniciar a aplicação da ventilação de resgate (não devem respirar
profundamente).
O ar insuflado pelo socorrista contém oxigênio suficiente para a necessidade da
vítima (durante uma inspiração normal dos 21% de O 2 do ar atmosférico só consumirá 4%);

TIPOS DE VENTILAÇÃO
As ventilações são realizadas de duas formas:
1º Respiração BOCA A BOCA (Direta)
Respiração BOCA – NARIZ
2º Respiração BOCA – BARREIRA DE PROTEÇÃO
(MAIS RECOMENDADO)
Respiração BOCA – LENÇO FACIAL;
Respiração BOCA – MÁSCARA; e
Respiração BOCA – BOLSA MÁSCARA.

6ª Edição - 2012 30
Suporte Básico de vida - BLS/APH
AVALIAÇÃO DO PACIENTE

AVALIAÇÃO DA CENA

LOCAL SEGURO LOCAL INSEGURO

CONTROLE O LOCAL E
REMOVA O PACIENTE
PARA LOCAL SEGURO

AVALIAÇÃO INICIAL

PACIENTE DE PACIENTE DE
TRAUMA EMERGÊNCIAS CLÍNICAS

HISTÓRICO E HISTÓRICO E
EXAME FÍSICO EXAME FÍSICO

AVALIE O MECANISMO
DA LESÃO CONSCIENTE INCONSCIENTE

LES. SIGNIF. S/ LES. SIGNIF. AMPLA EXAME FÍSICO

AVAL. ESPECÍFICA EXAME BASEADO MONITORE OS


EXAME FÍSICO DA LESÃO NA QUEIXA SO
PACIENTE SINAIS VITAIS

MONITORE OS MONITORE OS MONITORE OS AMPLA


SINAIS VITAIS SINAIS VITAIS SINAIS VITAIS

AMPLA AMPLA TRANSPORTE TRANSPORTE

TRANSPORTE TRANSPORTE

EXAME FÍSICO CONTINUE O CONTINUE O


EXAME FÍSICO
EXAME FÍSICO EXAME FÍSICO
DETALHADO DETALHADO DETALHADO DETALHADO

AVALIAÇÃO CONTINUADA

COMUNICAÇÃO E DOCUMENTAÇÃO

6ª Edição - 2012 32
Suporte Básico de vida - BLS/APH
AVALIAÇÃO DO PACIENTE
O atendimento compreende de:

C – Checar
C – Chamar
C – Cuidar

C – Checar

Consiste em verificar se o local é seguro e a situação em que a vítima se encontra e o


número de vítimas.

C – Chamar

O socorrista não deve perder tempo, pois cada minuto perdido pode ser a diferença entre a
vida e a morte para a vítima. O número de emergência a ser discado é 193 do Corpo de
Bombeiros ou 192 do SAMU.

C – Cuidar

Enquanto o Socorrista aguarda a chegada do Serviço de Emergências Médicas – SEM, ele


deve se colocar ao lado da vítima e começar imediatamente os cuidados.

ACIONAMENTO DE APOIO

SISTEMA DE ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIAS

È fundamental que o acionamento de apoio seja feito de imediato. Com a chegada rápida de
assistência de profissionais especializados haverá a redução dos índices de mortalidade e
das seqüelas definitivas decorrentes de ferimentos graves. Em geral, funcionam da seguinte
forma:
Vítima de trauma decorrente de acidente automobilístico. Acionamento do SEM através do telefone 193 ou 192.

Atendimento - Central do Serviço de Emergência Médica. Retirada da vítima com equipamentos especiais.

Transporte do paciente em ambulância. Recepção da vítima no hospital.

AVALIAÇÃO DA CENA
Após o socorrista ter CHECADO o ocorrido, e CHAMADO o SEM, deverá começar a
CUIDAR da vítima, para isto deve haver a AVALIAÇÃO DA CENA.

A Avaliação da Cena de Emergência é o estudo rápido dos diferentes fatores relacionados


à ocorrência e indispensável para a tomada de decisão. Deve ser constante e não apenas
no primeiro momento, pois os fatores podem alterar-se com facilidade e rapidez.
Três passos para avaliar uma cena:
1. Qual é a situação atual? (estado atual das coisas): consiste na identificação da
situação em si. O que está ocorrendo, o que o Socorrista vê.

2. Para onde vai? (riscos potenciais):


 Análise da potencialidade ou de como a situação pode evoluir. Combustível
derramado pode explodir um fio energizado, fogo que pode alastrar-se, um veículo
que pode rolar um barranco, etc.
 Se o ambiente for seguro então o trabalho do Socorrista fica mais facilitado.
 Caso o ambiente não seja seguro o Socorrista deve procurar controla-lo, e até mesmo
remover o paciente do local.

3. O que fazer para controlar um local inseguro? (operação e recursos adicionais):

6ª Edição - 2012 34
Suporte Básico de vida - BLS/APH
 Identificação dos recursos a serem empregados, incluindo a solicitação de ajuda para
atender adequadamente a situação, levando-se em conta, rigorosamente, os passos
dados anteriormente.

Caso seja possível tornar o local seguro através de isolamento ou mesmo controlando
outros fatores de risco, então os cuidados para com a vítima poderão ser iniciados.

PROCEDIMENTOS EM CASO DE EMERGÊNCIAS

1. Certificar-se de sua segurança pessoal e das condições de segurança na cena de


emergência;

2. Efetuar a avaliação inicial da vítima;

3. Indicar suas condições e determinar o acionamento dos órgãos públicos ou


particulares de atendimento de emergência.

4. Acionar o Serviço Público de Atendimento de Emergência através dos telefones (193


– Corpo de Bombeiros ou 192 – SAMU), transmitindo os seguintes dados:
a. Tipo de emergência clínica ou traumática;
b. Idade, sexo e situação atual da vítima;
c. Localização da ocorrência (endereço completo e ponto de referência).
d. Telefone para contato.
e. Necessidade de apoio adicional: Cia. de energia elétrica, de gás, Transito etc.
f. Acionar os pais e/ou responsáveis da vítima, quando ausentes;
g. Contatar o médico particular ou hospital conveniado, quando indicado pelo
paciente.

5. Executar as medidas iniciais de socorro de acordo com a emergência clínica ou


traumática;

6. Utilizar medidas iniciais de socorro com base no nível de treinamento contido neste
Manual de Primeiros Socorros.
AVALIAÇÃO INICIAL

A avaliação inicial consiste em verificar que tipo de problema que houve, ou seja, se foi um
problema provocado por um acidente (trauma – Situação 01) ou um problema de saúde
(clínica – Situação 02).

PACIENTE DE TRAUMA

Neste caso deve ser verificado o que tipo de trauma deu origem ao ocorrido.

HISTÓRICO DO OCORRIDO E EXAME FÍSICO VISUAL

Para constatar o tipo de trauma que deu origem à ocorrência, deve-se fazer um
levantamento através do histórico do ocorrido e exame físico visual da vítima.

AVALIE O MECANISMO DA LESÃO

Para avaliar o mecanismo da lesão é preciso relacionar a vítima ao acidente e relato de


testemunhas.

VÍTIMA DE TRAUMA COM LESÃO SIGNIFICATIVA (GRAVE)

Agora é preciso fazer o Exame físico, é o primeiro contato direto do socorrista com a vítima.

EXAME FÍSICO (SECUNDÁRIO) Situação 01

a. Constatar inconsciência: tocar no seu ombro e chamar pela vítima no mínimo três vezes;
b. Estabilizar manualmente a cabeça da vítima;
c. Posicione a vítima em decúbito dorsal, se necessário;
d. Libere suas vias aéreas superiores;
e. Verifique a presença da respiração;
f. Pesquise e controle as hemorragias;
g. Previna a perda de calor corporal.

EXAME SECUNDÁRIO
• Procurar e tratar outras lesões que venham a comprometer o Suporte Básico de Vida - SBV;
• Exame DETALHADO, dura em média três minutos (incluídos na hora de ouro);
• É conhecido como EXAME da CABEÇA aos PÉS.

SINAIS
- É todo tipo de informação obtida através da análise visual de qualquer alteração apresentada
durante um dos exames;
- Pele fria, pálida, pegajosa, ferimentos, hemorragias, fraturas, cianose, dilatação e
deformidades de órgãos, saliências, depressões, etc.

SINTOMAS
- São sensações experimentadas pela vítima que por sua vez é capaz de descrever;
6ª Edição - 2012 36
Suporte Básico de vida - BLS/APH
- Pergunte à vítima onde sente dor, náuseas, vertigem (tontura), calor, frio, fraqueza e
sensação de mal estar.
- Os Sintomas devem ser avaliados e confirmados através do exame dos sinais de lesão ou
doença

EXAME DA CABEÇA AOS PÉS - CEFALOCALDAL


- Examinar a cabeça cuidadosamente, começar sempre pela cabeça, descendo até os pés;
- Não mover a vítima desnecessariamente a menos que seja absolutamente necessário e
seguro;
- Para a palpação usar sempre as duas mãos, comparando sempre um lado do corpo
(membros principalmente) ao outro.
* O exame da cabeça aos pés é orientado pela observação dos seguintes sinais:
- Fraturas, ferimentos e hemorragias.
- Queimaduras
- Saliências e depressões

Exame
O EXAME SECUNDÁRIO POSSUI DUAS ETAPAS
Secundário
- INSPEÇÃO VISUAL (DCEPQLI)
- INSPEÇÃO POR PALPAÇÃO (DIC)
1. Inspeção visual (DCEPQLI) Inspeção Inspeção
D - deformidade
C - contusão Visual Tátil
E - escoriação Secundário
P - perfuração
Q - queimadura
L - laceração
I - inchaço (edema)

2. Inspeção tátil (DIC)


D - dor
I - instabilidade
C – crepitação óssea

OBS.: TAMBÉM DEVERÃO SER OBSERVADOS OS SEGUINTES FATORES.


1. Coloração e temperatura da pele;
2. Coloração mucosa e extremidades (lábios);
3. Diâmetro e reação das pupilas;
4. Evasão de fluidos pelos orifícios naturais do corpo;
5. Dor localizada e falta de sensibilidade.

QUANDO POSSÍVEL, VERIFICAR:

- Queixa principal
- idade
- sexo
- História patológica pregressa
- Uso de medicamentos

ELEMENTOS DA ANAMNESE – O socorrista de-


Verá seguir a seguinte seqüência:
• Cabeça: Crânio e Face;
• Pescoço: Cervical e Traquéia
• Tronco: Tórax, Abdômen, Pelve e Costas;

• MMSS: Ombro, Braço, Antebraço e mãos;


• MMII: Quadris, Coxa, Perna e Pés.

Cabeça - CRÂNIO

- INSPEÇÃO VISUAL E PALPAÇÃO DA


REGIÃO DO CRÂNIO.
Cabeça - FACE

1º - OLHOS
2º - OUVIDOS
3º - NARINA E BOCA (VAS)

Cabeça:

 Ferimentos e fraturas
 Drenagem de secreções
 Determinar diâmetro e reação das pupilas.
 hálito
 Dentes e prótese dentária
 Atentar para coloração das mucosas

CAPA
ANÁLISE DAS VIAS AÉREAS SUPERIORES – VAS

- As vias aéreas superiores – VAS (narinas e boca) compreende a checagem dos sinais de fraturas,
crepitações, hemorragias, ferimentos, saliências e depressões;
- Desobstrução quanto à retirada de Corpos Estranhos: sólidos (dentes, pedaço de língua, carne,
tampa de corote, camisinha, etc.) ou líquidos (vômito, saliva excessiva, sangue, líquidos ingeridos,
etc.);

- Nos corpos estranhos sólidos, poderá ser feita com as mãos (dedos) munidas de luvas (EPI) para
proteção tanto do socorrista como da própria vítima (homicida);
- Nos de origem líquida, a evasão deste pode ser feita através da lateralização da cabeça (para
vítimas de casos clínicos) que consiste em colocar a vítima na Posição lateral de Segurança. E
para vítimas de TRAUMA a retirada deste material se dará pela aspiração com equipamentos
(manual ou elétrico).

AVALIAÇÃO DO TÓRAX

- Visualizar e palpar a procura de: ®


- Observar respiração
- Alterações na expansibilidade
6ª Edição - 2012 38
Suporte Básico de vida - BLS/APH
- Fazer a ausculta cardíaca e pulmonar

AVALIAÇÃO DO ABDÔMEN

- Verificar coloração da região abdominal;


- Inchaço abdominal e pélvico;
- Rigidez abdominal e cianose.

AVALIAÇÃO DOS MEMBROS INFERIORES - MMII


- Se consciente peça ao paciente para erguer uma das pernas, dobrar o joelho ou mover os pés;
- Veja se há ferimento, inchaço ou deformidade;
- Se o membro fraturado estiver dobrado, aplicar tração para alinhar;
Se consciente peça ao paciente para erguer um dos braços, dobrar o cotovelo ou
mover as mãos;
- Veja se há ferimento, inchaço ou deformidade do membro;
- Se o membro fraturado estiver dobrado, aplicar tração para alinhar;
- Para tracionar basta puxar com firmeza o membro lesionado, observando o
alinhamento, em caso de dor não insistir na manobra.

MONITORE OS SINAIS VITAIS Situação 01

Neste momento o Socorrista deverá mensurar os sinais vitais, levantando o número de


respirações por minuto da vítima, além dos batimentos cardíacos, da pressão arterial e da
temperatura (podendo ser um contato com a pele da vítima para ver se ela esta quente, fria
ou normal).

VERIFICAÇÃO DA TEMPERATURA RELATIVA DA PELE:

É a diferença entre o calor produzido e o calor perdido pelo corpo humano.


A pele humana é a grande responsável pela regulação da temperatura. Poderá apresentar-
se: quente, fria, seca ou úmida.
Utilize o dorso da mão colocada na testa da vítima. Remova parcialmente a luva de
procedimento expondo o dorso da mão para a verificação. Observe a face da vítima durante
a verificação:
Observe:
1. Temperatura da pele;
2. Coloração da pele;
3. Umidade da pele.
AMPLA Situação 01

Consiste em avaliar os itens abaixo:

A – Alergias que a vítima tenha


M – Medicamentos que faz uso ou toma (com ou sem prescrição médica)
P – Problemas médicos apresentados anteriormente
L – Líquidos e alimentação oral
A – Ambiente e Local da cena

TRANSPORTE Situação 01

O transporte deve ser iniciado assim que possível. É importante que não se perca mais do
que 10 minutos desde a chegada no local até iniciar o transporte. O transporte deve ser
realizado no mínimo utilizando Prancha Longa e Colar Cervical.

EXAME FÍSICO DETALHADO Situação 01

Consiste no Exame Físico, porém de forma mais detalhada com a utilização de lanternas,
Esfigmomanômetro, Estetoscópio, sendo que o oxigênio dever ser sempre utilizado em caso
de trauma

6ª Edição - 2012 40
Suporte Básico de vida - BLS/APH

CHECK LIST DO EXAME FÍSICO

ATIVIDADE COMO EXECUTAR PORQUE EXECUTAR


Observe ambas as pupilas,
procure por edemas, Para indicar possíveis lesões na
equimoses, lesões nas córneas cabeça, no próprio olho, uso de
ou pálpebras. drogas, etc.

Pesquise a saída de sangue


ou líquor pelos condutos Para indicar possíveis perdas da
auditivos. Certifique-se de que audição, sinais de traumatismo
a vítima pode ouvir. Pesquise crânio-encefálico ou ferimentos na
edemas ou equimoses atrás cabeça.
das orelhas.
Apalpe os ossos da face, o
nariz e a mandíbula da vítima.
Procure hemorragias,
Para indicar possíveis lesões na
deformidades, ferimentos, ou
cabeça: fraturas de ossos faciais,
equimoses. Pesquise por líquor
fraturas no crânio, lesões na boca e
no nariz. Verifiquem na boca
mandíbula, ingestão de álcool, etc.
possíveis lesões na língua,
perda de dentes ou prótese,
pesquise o hálito.

Apalpe todo o crânio, procure


Para identificar possíveis lesões na
por deformidades, ferimentos,
cabeça.
edemas, equimoses.

Pesquise ferimentos ou
deformidades.
Verifique a coluna cervical, Para indicar possíveis traumatismos
pesquisando por edemas ou na região da coluna cervical e
deformidades. protege-la.
Após este exame deverá ser
colocado o COLAR CERVICAL.
Apalpe os ombros, a clavícula e
Para indicar possíveis lesões na
a escápula da vítima
cintura escapular da vítima. Fraturas
bilateralmente, procurando por
e/ou luxações nos ossos dos
deformidades, ferimentos,
ombros.
hemorragias ou edemas.

ATIVIDADE COMO EXECUTAR PORQUE EXECUTAR


Apalpe as regiões anterior e
lateral do tórax. Apalpe o
Para identificar sinais e sintomas de
esterno. Pesquise
fraturas de costelas ou esterno,
deformidades, fraturas, áreas
feridas fechadas ou abertas no tórax e
de contusão ou edemas.
possíveis problemas respiratórios.
Observe movimentos
respiratórios anormais.
.
Apalpe e pesquise contusões
Para indicar possíveis hemorragias
ou ferimentos abertos. Observe
internas, eviscerações, contusões e
a sensibilidade e o tônus
ferimentos abertos.
muscular.

Apalpe as regiões anterior,


Para indicar possíveis lesões na
lateral e posterior da pelve.
região da pelve. Fraturas e/ou
Pesquise instabilidade, dor,
luxações dos ossos da pelve.
ferimentos ou hemorragias.
Possíveis lesões nos órgãos genitais
Procure identificar lesões na
ou urinários.
região genital.

Apalpe os membros inferiores e


membros superiores. Pesquise
Para identificar possíveis fraturas,
por ferimentos, hemorragias,
luxações e entorses.
deformidades ou edemas.
Indicar sinais de traumatismos na
Cheque a capacidade de
coluna vertebral ou de traumatismos
movimentação, a sensibilidade.
crânio-encefálico, etc.
Compare com o membro não
lesado.

A - Midríase ............

B - Miose .................

C - Anisocóricas .....

D - Normais .............

6ª Edição - 2012 42
Suporte Básico de vida - BLS/APH

AVALIAÇÃO CONTINUADA Situação 01

Durante o transporte, ou enquanto o socorro adequado não chega, a vítima deve ser a cada
05 minutos.

COMUNICAÇÃO E DOCUMENTAÇÃO Situação 01

Deverá ser feita a comunicação e o preenchimento de documentação se for o caso.

SEM LESÃO SIGNIFICATIVA Situação 02

Se a vítima não apresenta lesão significativa, deverá ser feito à avaliação especifica da
lesão.

AVALIAÇÃO ESPECÍFICA DA LESÃO Situação 02

O Socorrista deverá observar e tratar a lesão se for o caso, para depois dar continuidade no
procedimento.

MONITORE OS SINAIS VITAIS Situação 02

Neste momento o Socorrista deverá mensurar os sinais vitais, levantando o número de


respirações por minuto da vítima, além dos batimentos cardíacos, da pressão arterial e da
temperatura (podendo ser um contato com a pele da vítima para ver se ela esta quente, fria
ou normal).

AMPLA Situação 02

Consiste em avaliar os itens abaixo:

A – Alergias que a vítima tenha


M – Medicamentos que faz uso ou toma (com ou sem prescrição médica)
P – Problemas médicos apresentados anteriormente
L – Líquidos e alimentação oral
A – Ambiente e Local da cena

TRANSPORTE Situação 02

O transporte deve ser iniciado assim que possível. É importante que não se perca mais do
que 10 minutos desde a chegada no local até iniciar o transporte. O transporte deve ser
realizado no mínimo utilizando Prancha Longa e Colar Cervical.

EXAME FÍSICO DETALHADO Situação 02


Consiste no Exame Físico, porém de forma mais detalhada com a utilização de lanternas,
Esfigmomanômetro, Estetoscópio, sendo que o oxigênio dever ser sempre utilizado em caso
de trauma.
Obs.: Consultar Check List.

AVALIAÇÃO CONTINUADA Situação 02

Durante o transporte, ou enquanto o socorro adequado não chega, a vítima deve ser a cada
05 minutos.

COMUNICAÇÃO E DOCUMENTAÇÃO Situação 02

Deverá ser feita a comunicação e o preenchimento de documentação se for o caso.

PACIENTE DE EMERGÊNCIAS CLINICA

Após constatar que se trata de uma ocorrência de Emergências Clínicas, deve-se observar o
histórico e o exame do físico visual.

HISTÓRICO DO OCORRIDO E EXAME FÍSICO VISUAL

Para constatar o tipo de emergência que deu origem à ocorrência, deve-se fazer um
levantamento através do histórico do ocorrido e exame físico visual da vítima e verificar se
se trata de vítima consciente (Situação 03) ou inconsciente (Situação 04).

VÍTIMA CONSCIENTE Situação 03

A vítima estando consciente torna-se mais fácil chegar a um diagnóstico, e para isso é
necessário que o Socorrista levante algumas questões que é o SAMPUM.

AMPLA Situação 03

Consiste em avaliar os itens abaixo:

A – Alergias que a vítima tenha


M – Medicamentos que faz uso ou toma (com ou sem prescrição médica)
P – Problemas médicos apresentados anteriormente
L – Líquidos e alimentação oral
A – Ambiente e Local da cena

EXAME BASEADO NA QUEIXA DO PACIENTE Situação 03

6ª Edição - 2012 44
Suporte Básico de vida - BLS/APH
Faça o exame de acordo com o problema que o paciente está relatando, como por exemplo,
dor no peito (precordial), dificuldade de respirar (dispnéia), etc.
MONITORE OS SINAIS VITAIS Situação 03
Neste momento o Socorrista deverá mensurar os sinais vitais, levantando o número de
respirações por minuto da vítima, além dos batimentos cardíacos, da pressão arterial e da
temperatura (podendo ser um contato com a pele da vítima para ver se ela esta quente, fria
ou normal).
TRANSPORTE Situação 03
O transporte deve ser iniciado assim que possível. É importante que não se perca mais do
que 10 minutos desde a chegada no local até iniciar o transporte. O transporte deve ser
realizado no mínimo utilizando Prancha Longa e Colar Cervical.
EXAME FÍSICO DETALHADO Situação 03
Consiste no Exame Físico, porém de forma mais detalhada com a utilização de lanternas,
Esfigmomanômetro, Estetoscópio, sendo que o oxigênio dever ser sempre utilizado em caso
de trauma.
Obs.: Consultar Check List.
AVALIAÇÃO CONTINUADA Situação 03
Durante o transporte, ou enquanto o socorro adequado não chega, a vítima deve ser a cada
05 minutos.
COMUNICAÇÃO E DOCUMENTAÇÃO Situação 03
Deverá ser feita a comunicação e o preenchimento de documentação se for o caso.
VÍTIMA INCONSCIENTE Situação 04
O tratamento dado à vítima de emergências clinica inconsciente é na mesma seqüência do
tratamento à vítima de trauma significativo, portanto, assim se segue:
EXAME FÍSICO Situação 04

a. Constatar inconsciência: tocar no seu ombro e chamar pela vítima no mínimo 3 vezes;
b. Estabilizar manualmente a cabeça da vítima;
c. Posicione a vítima em decúbito dorsal, se necessário;
d. Libere suas vias aéreas superiores;
e. Verifique a presença da respiração;
f. Pesquise e controle as hemorragias;
g. Previna a perda de calor corporal.

SEQUENCIA DE PROCEDIMENTOS

Verifique se a vítima está ou não consciente.


 Estabilize a cabeça da vítima;
 Aplique estímulos auditivos e táteis;
 Toque simultaneamente em seus ombros e chame-a por três
vezes:
 Você está bem? Você me ouve? Chame-a pelo nome, se
souber.
Libere as vias aéreas superiores com a manobra conveniente para cada caso,
segundo a condição da vítima: clínica ou traumática.

Faça o exame rápido da cabeça aos pés, a fim de verificar os problemas mais graves
que a vítima possa ter.

Consiste no exame da vítima, feito da cabeça aos pés, procurando por problemas
graves que podem colocar a vítima em risco de vida.

Este exame pode ser baseado no Check List constante nesta apostila, porém de forma
mais rápida.

MONITORE OS SINAIS VITAIS Situação 04


Neste momento o Socorrista deverá mensurar os sinais vitais, levantando o número de
respirações por minuto da vítima, além dos batimentos cardíacos, da pressão arterial e da
temperatura (podendo ser um contato com a pele da vítima para ver se ela esta quente, fria
ou normal).

AMPLA Situação 04
Consiste em avaliar os itens abaixo:

A – Alergias que a vítima tenha


M – Medicamentos que faz uso ou toma (com ou sem prescrição médica)
P – Problemas médicos apresentados anteriormente
L – Líquidos e alimentação oral
A – Ambiente e Local da cena

TRANSPORTE Situação 04
O transporte deve ser iniciado assim que possível. É importante que não se perca mais do
que 10 minutos desde a chegada no local até iniciar o transporte. O transporte deve ser
realizado no mínimo utilizando Prancha Longa e Colar Cervical.
EXAME FÍSICO DETALHADO Situação 04
Consiste no Exame Físico, porém de forma mais detalhada com a utilização de lanternas,
Esfigmomanômetro, Estetoscópio, sendo que o oxigênio dever ser sempre utilizado em caso
de trauma.
AVALIAÇÃO CONTINUADA Situação 04
Durante o transporte, ou enquanto o socorro adequado não chega, a vítima deve ser a cada
05 minutos.
COMUNICAÇÃO E DOCUMENTAÇÃO Situação 04
Deverá ser feita a comunicação e o preenchimento de documentação se for o caso.

6ª Edição - 2012 46
Suporte Básico de vida - BLS/APH

RECOMENDAÇÕES GERAIS

PRIORIDADE NO TRANSPORTE
ESCALA CIPE

Obs. Ao término da avaliação inicial, o socorrista deverá classificar o paciente de

acordo com a gravidade de suas lesões ou doença.

Essa classificação é baseada na escala CIPE:

 CRÍTICO: Paciente em parada respiratória ou parada cardio pulmonar.


 INSTÁVEL: Paciente inconsciente, com choque descompensado e/ou dificuldade
respiratória severa, lesão grave de cabeça ou tórax.
 POTENCIALMENTE INSTÁVEL: Paciente vítima de mecanismo agressor
importante, em choque compensado, portador de lesão isolada importante ou lesão
de extremidade com prejuízo circulatório ou neurológico.
 ESTÁVEL: Paciente portador de lesões menores, sem problemas respiratórios e
com sinais vitais normais.

Os pacientes críticos ou instáveis devem ser transportados de imediato. Nesses casos, o


exame físico detalhado poderá ser realizado durante o transporte para o hospital, no
interior do veículo de emergência (se for o caso), simultaneamente com as medidas de
suporte básico de vida. Já no caso dos pacientes potencialmente instáveis ou estáveis, o
socorrista deverá continuar a avaliação na cena da emergência e transportar o paciente
após sua estabilização. Recomendamos que o socorro pré-hospitalar (incluindo a
avaliação, a estabilização e o início do transporte) seja realizado num prazo máximo de
3 a 5 minutos nos casos de pacientes graves (C e I) e, entre 10 a 12 minutos nos casos
de pacientes estáveis (P e E), de forma a garantir o atendimento integral do paciente
dentro da chamada hora de ouro do trauma (60 minutos).

Após decidir sobre a prioridade de transporte, a equipe de socorristas deverá realizar um


rápido exame físico na região posterior e anterior do pescoço e, em seguida, mensurar e
aplicar um colar cervical de tamanho apropriado para imobilizar a cabeça e o pescoço da
vítima. Depois, os socorristas deverão avaliar a necessidade de ofertar oxigênio para o
paciente. Para isto, deverão examinar o nariz, a boca e a mandíbula e através do emprego
de uma máscara facial com reservatório de oxigênio (nonrebreather mask) iniciar a oxigeno
terapia.
Para tratar os pacientes de emergência médica, os socorristas poderão utilizar os mesmos
parâmetros recomendados nos casos de trauma, no entanto, não necessitam imobilizar a
região cervical.

EXAME NEUROLÓGICO SUCINTO:

Serve para indicar se há ou não comprometimento neurológico (Escala de Coma de


Glasgow) e fornecer parâmetros para o socorrista definir Transporte Imediato.

ESCALA DE GLASCOW

ABERTURA OCULAR
 Espontânea ............................................ 4 pontos
 Solicitação verbal ....................................... 3 pontos
 Estímulo doloroso ...................................... 2 pontos
 Nenhuma .................................................... 1 ponto
MELHOR RESPOSTA VERBAL
 Orientada ................................................... 5 pontos
 Desorientada/confusa ............................... 4 pontos
 Palavras inapropriadas .............................. 3 pontos
 Sons/gemidos ............................................ 2 pontos
 Nenhuma . 1 ponto
MELHOR RESPOSTA MOTORA
 Obedece a comandos verbais 6 pontos
...................... 5 pontos
 Localiza e tenta remover o estímulo
doloroso ... 4 pontos
 Reage a dor ................................................ 3 pontos
 Flexão anormal à dor (decorticação) .......... 2 pontos
 Extensão anormal à dor (decerebração). 1 ponto
 Nenhuma ................................................

OBSERVAÇÕES

1. Provocar o estímulo doloroso, na seguinte ordem:


1.1. 1ª opção: fechar sua mão e pressionar o esterno da vítima com a face dorsal da mão,
na altura da articulação entre a falange proximal e intermediária;

1.2. 2ª opção: pressionar discretamente a musculatura do trapézio, ao lado do pescoço.

ATENÇÃO

6ª Edição - 2012 48
Suporte Básico de vida - BLS/APH
Jamais beliscar, dar tapas, espetar com agulhas ou praticar qualquer forma de
agressão à vítima para se obter um estímulo doloroso.

EXPOSIÇÃO DA VÍTIMA:

Procedimentos Operacionais

1. Informar antecipadamente à vítima e/ou responsável sobre o procedimento que será


efetuado.
2. Executar a exposição do corpo da vítima somente quando indispensável para identificar
sinais de lesões ou de emergências clínicas.
3. Evitar tempo demasiado de exposição, prevenindo a hipotermia.
4. Cobrir com cobertor ou manta aluminizada ou cobertor ou lençóis limpos.
5. Garantir privacidade da vítima, evitando expor desnecessariamente as partes íntimas de
seu corpo.
6. Respeitar as objeções da vítima, por motivos pessoais, incluindo religiosos, desde que
isso não implique em prejuízo para o atendimento com conseqüente risco de vida.
7. Evitar danos desnecessários ao remover vestes e/ou calçados;
7.1. Quando necessário cortar vestes da vítima, utilizar tesoura de ponta romba, evitando
meios de fortuna que possam contaminar ou agravar ferimentos.
8. Relacionar os pertences do acidentado, mesmo danificados, e entregá-los no hospital, à
pessoa responsável pela vítima devidamente identificada ou à Chefia de Enfermagem, no
hospital.

ATENÇÃO
Pertences pessoais da vítima, mesmo roupas e/ou calçados danificados, devem ser
arrolados em recibo próprio e entregues à pessoa responsável ou à Chefia de Enfermagem
no hospital.

DECISÃO DE TRANSPORTE IMEDIATO:

Procedimentos operacionais

1. Procurar identificar uma das situações abaixo:


1.1. Obstrução respiratória que não pode ser facilmente permeada por métodos
mecânicos;
1.2. Parada cardio respiratória;
1.3. Evidência de estado de choque;
1.4. Trauma de crânio;
1.5. Dificuldade respiratória provocada por trauma no tórax ou face;
1.6. Ferimentos penetrantes em cavidades;
1.7. Queimadura da face;
1.8. Parto complicado;
1.9. Envenenamento;
1.10. Acidentes com animais peçonhentos;
1.11. Sinais de lesões internas geradas por trauma violento.

2. Informar a Central que se trata de um caso de transporte imediato:

2.1. Depois de recebida a comunicação, a Central deverá, informar ao médico e acionar a


ambulância para deslocamento próximo a emergência;
2.2. Neste intervalo, aplicar, sempre que necessário, o colar cervical e prancha longa, e
remover a vítima para o interior da ambulância.

3. Efetuar o transporte para o hospital definido.

3.1. Os procedimentos complementares de Suporte Básico deverão ser aplicados à


vítima durante o transporte.
Checar continuamente os sinais vitais e condições gerais da vítima durante o
transporte.

A. Considerando que a vítima deve chegar ao hospital em condições de receber o


atendimento definitivo, o suporte avançado deverá acompanhá-lo até o hospital.
B. Nos casos onde o Suporte Avançado já esteja em deslocamento para o local, sua
chegada não deverá retardar a saída da ambulância para o hospital em mais de 5
minutos.

6ª Edição - 2012 50
Suporte Básico de vida - BLS/APH

LIÇÃO 06

DESOBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS

OBJETIVOS:

Proporcionar aos participantes conhecimentos e habilidades que os capacitem a:

1. Prestar o atendimento pré-hospitalar adequado a vitima com obstrução parcial das vias
aéreas superiores;
2. Empregar as manobras de desobstrução em vítimas com obstrução total das vias aéreas
por corpos estranhos (OVACE);
3. Descrever as principais causas de obstrução das vias aéreas;
4. Demonstrar os passos da assistência respiratória pré-hospitalar em adultos, crianças e
lactentes, com e sem obstrução por corpo estranho;
PRINCIPAIS CAUSAS DE OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS SUPERIORES

1. Obstrução pela língua;

2. Obstrução pela epiglote;

3. Obstrução por corpos estranhos (OVACE);

4. Obstrução por danos aos tecidos;

5. Obstrução por enfermidades


__________________________________________________________________

ADVERTÊNCIAS

Antes de realizar qualquer manobra de abertura ou desobstrução de vias aéreas observe o


seguinte:
1. Em vítimas que respiram, ainda que com dificuldade, adotar o procedimento operacional
específico;
2. Evitar os movimentos desnecessários do pescoço e qualquer movimento da cabeça
como precaução aos danos à coluna vertebral, em vítimas encontradas inconscientes;
3. Se a respiração não se inicia espontaneamente, a ventilação de resgate deve ser iniciada
imediatamente.

VÍTIMAS COM OBSTRUÇÃO PARCIAL


Procedimentos operacionais:
1. Observar se a vítima pode respirar tossir, falar ou chorar;

1.1. Em caso positivo (obstrução leve):


1.1.1. Orientar para continuar tossindo e não interferir.;
1.1.2. Deixar que a vítima encontre uma posição de conforto ou mantenha em
decúbito elevado (semi-sentado)

1.2. Em caso negativo, tratar a vítima como obstrução grave.

2. Observar se o corpo estranho foi eliminado pela tosse;

6ª Edição - 2012 52
Suporte Básico de vida - BLS/APH
2.1. Em caso negativo:

2.1.1. Ministrar oxigênio por máscara facial;


2.1.2. Transportar a vítima sentada, numa posição confortável e aquecida;
2.1.3. Manter observação constante da vítima, incluindo sinais vitais.

OBSTRUÇÕES DAS VIAS AÉREAS POR CORPO ESTRANHO (OVACE)

IDADE ACIMA DE 1 ANO - Manobra de Heimlich

Procedimentos operacionais:
1. Solicitar o SEM.

2. Observar se a vítima pode respirar tossir, falar ou chorar;

2.1. Em caso negativo:

2.1.1. Realizar repetidas compressões abdominais, até a desobstrução das vias


aéreas ou a vítima tornar-se inconsciente.

Tipos de obstruções:

 Obstrução pela língua; Obstrução por corpos estranhos; Obstrução por danos aos
tecidos; Obstrução por enfermidades.

TÉCNICAS DE DESOBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS PARA VÍTIMAS COM IDADE


SUPERIOR A 8 ANOS

Detalhe do
posicionamento da mão
sobreposta

1. Constatar a obstrução:
 Pergunte à vítima: você consegue falar?
 Se a vítima não consegue falar ou a tosse é ineficiente:
 Aproxime-se por trás posicionando as mãos entre o umbigo e o apêndice xifóide.
 Efetue sucessivas compressões (Manobra de Heimlich), para dentro e para cima
até a desobstrução ou a vítima tornar-se inconsciente.

SE A VÍTIMA SE TORNAR OU FOR ENCONTRADA INCONSCIENTE


Se a vítima se tornar inconsciente deverá ser
posicionada em decúbito dorsal.
 Inspecionar a cavidade oral e remover o objeto se
estiver visível;
 Verificar a respiração;
 Se não respira, tente efetuar 2 ventilações
sucessivas;
 Se o ar não passa, reposicione a cabeça e tente
ventilar novamente;
 Se o ar não passa:

Inicie a Manobra de Heimlich


DESOBSTRUÇÃO EM GESTANTES OU OBESOS

Se a vítima for obesa ou estiver gestante, as


compressões abdominais serão ineficientes.

Nesse caso efetue compressões torácicas


sucessivas, até a desobstrução ou até que a
vítima se torne inconsciente.

DESOBSTRUÇÃO EM GESTANTES OU OBESOS INCONSCIENTES

Se a vítima se tornar inconsciente deverá ser posicionada


em decúbito dorsal.

Inicie as compressões torácicas

TÉCNICA DE AUTODESOBSTRUÇÃO

Apóie o abdômen sobre o encosto de uma cadeira e comprima-


o na tentativa de deslocar o corpo estranho.

6ª Edição - 2012 54
Suporte Básico de vida - BLS/APH
DESOBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS EM BEBÊS - INCONSCIENTES
- idade entre 0 a 1 ano –

Verifique a presença da respiração.

Se ausente, tente ventilar 2 vezes.

Se o ar não passar, é porque está obstruído.

Posicione o bebê de costas em seus braços e efetue 5


tapotagens no dorso.

Posicione o bebê de bruços em seu braço e efetue 5


compressões no esterno.

Repita a seqüência de procedimento se a obstrução persistir.

Abra a boca da vítima e remova o corpo estranho,


somente se puder visualizá-lo.

DESOBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS EM CRIANÇAS - CONSCIENTES


– Idade entre 1 a 8 anos –

A técnica difere da empregada para o adulto pela proporção de força física empregada na
compressão abdominal, podendo optar pelo uso de uma única mão sobre o abdômen.

CRIANÇA CONSCIENTE COM OBSTRUÇÃO TOTAL

A. Se a vítima não puder respirar tossir ou falar, realizar repetidas compressões abdominais
(Manobra de Heimlich) até que haja a desobstrução das vias aéreas ou até que a vítima se
torne inconsciente. Utilize uma mão apenas sobre o abdômen, se conveniente.

CRIANÇA QUE SE TORNOU OU QUE ESTÁ INCONSCIENTE

a. Deitar a vítima em decúbito dorsal (de costas para o chão).


b. Abrir as vias aéreas da vítima.
c. Verificar a respiração.
d. Se a respiração estiver ausente, efetuar duas ventilações.
e. Se não conseguir ventilar, repetir a liberação e a tentativa de ventilação.
f. Se não houver sucesso na tentativa de ventilação artificial, efetuar 05 (cinco)
compressões abdominais.
g. Tentar visualizar e se conseguir removam corpos estranhos pinçando-os com os dedos.
h. Observar se a vítima voltou a respirar espontaneamente.
i. Repetir a operação até desobstrução ou a chegada ao hospital.

LIÇÃO 07

6ª Edição - 2012 56
Suporte Básico de vida - BLS/APH
RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR

OBJETIVOS:

Ao final desta lição os participantes serão capazes de:

1) Descrever as principais causas de obstrução das vias aéreas;


2) Demonstrar os passos da assistência respiratória pré-hospitalar em adultos, crianças e
lactentes, com e sem obstrução por corpo estranho;
3) Explicar e demonstrar os passos da reanimação cardio pulmonar em adultos, crianças e
lactentes;
4) Explicar e demonstrar os passos da reanimação cardio pulmonar em adultos, em equipe.
REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR

A Associação Americana do Coração estabelece que seja necessário para a recuperação da


vítima em parada cardio respiratória, que um conjunto de ações interligadas seja levado a
efeito, e a denomina de Corrente da Sobrevivência. Se um dos elos dessa corrente se
quebrar a vítima não terá sucesso na recuperação ou terá seqüelas irreversíveis:
RCP - SEQUÊNCIA DE PROCEDIMENTOS
1º Localizar o ponto de compressão;
2º Colocar o terço proximal da mão
atuante (região hipotênar) em cima do
osso externo (linha entre os mamilos),
entrelaçando os dedos com a outra mão;
3º Manter os braços estendidos e os
ombros alinhados com o osso externo
(90 graus com a vítima);
4º Realizar compressões com o peso do
tronco, com profundidade de 4 a 5 cm, na
freqüência de 100 compressões por
minuto.
Local para Compressão/ Massagem

Protocolo AHA 2005/2007: Ênfase em Compressões Torácicas Eficazes

As compressões torácicas eficazes restabelecem o fluxo sangüíneo durante a RCP.


As diretrizes da AHA 2005 enfatizam os seguintes aspectos sobre as compressões
torácicas:
• Para a aplicação de compressões torácicas eficazes, todos os socorristas devem fazer
“compressão forte, rápida e sem parar”. Comprimir o tórax em uma freqüência de
aproximadamente 100 compressões por minuto, para todas as vítimas (exceto em recém-
nascidos).
• Permitir que o tórax retorne totalmente (retorne à posição normal) após cada compressão,
e utilizar aproximadamente o mesmo tempo para compressão e relaxamento.
• Tentar minimizar as interrupções das compressões torácicas. Cada vez que as
compressões torácicas são interrompidas, o fluxo sangüíneo cessa.

OBSERVAÇÕES
A manobra de massagem cardíaca é realizada somente em vítimas inconscientes e que
apresentem a FV testemunhada e a Parada Cardíaca Súbita - PSC;

6ª Edição - 2012 58
Suporte Básico de vida - BLS/APH
A partir de 4 (quatro) minutos após a Parada cardio respiratória – PCR a cada 1 (um)
minuto a vítima perde 10% de chance de retorno. Tal procedimento é contra-indicado
quando seja óbvia a impossibilidade de reanimação (Morte Obvia).
Depois de iniciada a manobra de massagem cardíaca, a mesma não deverá ser
interrompida por mais que 5 segundos, os quais serão utilizados para verificações ou para
troca de socorristas na RCP.
Um estudo idealizado pelo North American Public Access Defibrillation demonstrou que o
uso do Desfibrilador Esterno Automático - DEA aliado às manobras de RCP, realizados por
socorristas treinados, melhora a sobrevivência à alta hospitalar de vítimas de PCS com FV
testemunhada. Além disso, programas de DEA e RCP para socorristas leigos e primeiros
socorristas em aeroportos e cassinos e para policiais relataram taxas de sobrevivência de
49% a 74%.

A AMERICAN HEART ASSOCIATION - AHA em novembro de 2008 divulgou em nível


mundial, as novas diretrizes para repetições e freqüência nas compressões durante uma
RCP. A nova diretriz passa a vigorar da seguinte forma:

RCP EM CRIANÇAS – AHA 2008


Para crianças o socorrista deverá proceder
da mesma forma que a realizada nos
adultos, quanto à abordagem e a
freqüência da RCP;
Porém o Socorrista deve usar apenas uma
das mãos, a fim de ter uma menor
intensidade (força) nas compressões;

RCP EM BEBÊS – AHA 2008


Com um ou mais socorristas
 Deverão ser aplicadas (30)  Lembrar que para nas ventilações usar
compressões; apenas o AR contido nas VAS
 Para cada (02) ventilações
(insuflação);
 (30x02) - A cada cinco séries a vítima
deverá ser reavaliada;
 Usar apenas os dedos médio e anelar
para as compressões;

Quando parar uma RCP?


Somente em três casos o socorrista deverá cessar os trabalhos de RCP:
1º - Quando a vítima retornar;
2º - Quando chegar auxílio médico ou outro Socorrista para rendê-lo;
3º - quando o Socorrista estiver exausto.

O QUE NÃO FAZER EM CASO DE RCP?

- Compressões fora do osso externo;


- Perder contato com o ponto de compressão da vítima;
- Deixar as vias aéreas obstruídas;
- Deixar de soltar o nariz da vítima;
-
-
Compressões fracas;
Compressões muito fortes;
RCP – RESUMO
- Intervalo entre as massagens.

6ª Edição - 2012 60
Suporte Básico de vida - BLS/APH

CORRENTE DA SOBREVIVÊNCIA

1º Elo : acionar imediatamente o Serviço de Emergência Médica.


2º Elo : iniciar a RCP imediatamente e mantê-la até a chegada do SEM.
3º Elo : desfibrilação precoce, executada por Socorrista treinado ou por equipe médica.
4º Elo : atendimento médico hospitalar precoce.

TÉCNICAS DE REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR

1. Constatar inconsciência:

Solicitar auxílio ou acionar o SEM.

2. Liberar as Vias Aéreas Superiores e inspecione a


cavidade oral. Remova secreções e próteses móveis, se
necessário.

3. Verificar a respiração.

4. Efetue 2 ventilações sucessivas, boca a boca ou com


qualquer meio de barreira (protetor).

Para melhorar a insuflação pode ser utilizada a Manobra de Pressão na Cartilagem


Cricóide (Manobra de Sellick)
5. Voltou a respirar? Está tossindo? Está
se mexendo?

6. Se ausente:

Efetue 30 compressões torácicas por 02 ventilações, durante 05


ciclos.

VENTILAÇÃO COM USO DE MÁSCARA FACIAL DE BOLSO

Equipamento de proteção que impede o contato direto com


o paciente.

USO DO REANIMADOR MANUAL PARA VENTILAÇÃO ARTIFICIAL

Maior eficiência permitindo insuflar ar ambiente. Pode


ser utilizado com oxigênio suplementar.

TÉCNICAS DE REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR

1 ou 2 socorristas

6ª Edição - 2012 62
Suporte Básico de vida - BLS/APH
Profundidade das Freqüência
Compressões Ventilações 1 minuto compressões das compressões
Adulto
1/3 a 1/2 da
Criança ou
30 2 5 ciclos profundidade do 100 por min
Lactente
tórax

RECAPITULAÇÃO

Constate a inconsciência.

Chame por socorro.

Libere as vias aéreas superiores:


Verifique a presença da respiração por 5 a 10
segundos (não mais que 10 seg.). Se
ausente, efetue 2 ventilações de resgate.

Se estiver inconsciente e respira


espontaneamente, e não for vítima de
trauma, posicione a vítima em decúbito
lateral.

Voltou a respirar? Está tossindo? Está se mexendo?

Se a resposta for não:


 Efetue 30 compressões no esterno utilizando as
duas mão (adulto) ou apenas uma mão sobre o
tórax (criança), num ritmo de 100 vezes por
minuto. Deprima o esterno entre 1/3 a 1/2 da
profundidade do tórax.
 A cada 05 ciclos, verifique o retorno da
respiração.
 Se presente, interrompa a RCP. Se ausente,
reinicie a RCP com as compressões torácicas.

PARTICULARIDADES DA REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR EM BEBÊS


– idade entre 0 a 1 ano –
Constatada a inconsciência. libere as vias aéreas
superiores:
 Segure a cabeça do bebê com uma mão e eleve o
seu queixo utilizando o dedo indicador da outra mão.
 Verifique a presença da respiração.

Se a respiração estiver ausente:


 Efetue 02 ventilações sucessivas com força suficiente
para elevar o tórax.
 Posicione sua boca simultaneamente sobre a boca e
o nariz do bebê.

Voltou a respirar? Está tossindo? Está se mexendo?

Se a resposta for não:


> posicione o dedo médio e o anular abaixo da linha
dos mamilos;
> efetue 30 compressões com o ritmo de 100 por
minuto;
> Deprima o esterno entre 1/3 a 1/2 da profundidade do
tórax.

Mantenha a reanimação, efetuando:


> 30 compressões por 02 ventilações.
> Após 05 ciclos, interrompa e cheque o retorno da
respiração.

CONSIDERAÇÕES GERAIS

ACIONE O SERVIÇO DE EMERGÊNCIA MÉDICA

Nos casos em que o Socorrista estiver atuando isoladamente deverá efetuar


6ª1 minuto
Edição de-RCP
2012
para depois acionar o Serviço de Emergência Médica. 64
Suporte Básico de vida - BLS/APH

MANOBRAS INADEQUADAS DE RCP


 O paciente não está posicionado sobre uma superfície rígida.
 O paciente não está em posição horizontal.
 Não se executa adequadamente a manobra de extensão da cabeça.
 A boca ou máscara não está perfeitamente selada e o ar escapa.
 As narinas do paciente não estão fechadas.
 As mãos estão posicionadas incorretamente ou em local inadequado.
 As compressões estão sendo realizadas muito profundas ou demasiadamente rápidas.
 A razão entre as ventilações e compressões está incorreta.
 A RCP deixa de ser executada por mais de 5 segundos.

A RCP DEVERÁ CONTINUAR ATÉ QUE:


 Ocorra o retorno espontâneo da circulação (retorno do pulso). Não esquecer de
continuar ventilando;
 Ocorra o retorno da respiração e circulação;
 Pessoal mais capacitado chega ao local da ocorrência a assume o socorro;
 O socorrista está completamente exausto e não consegue mais realizar as manobras
de reanimação cardio pulmonar (RCP).

DESFIBRILAÇÃO NO AMBIENTE PRÉ-HOSPITALAR

É um fato real que a maioria das mortes súbitas por problemas cardíacos acontece longe
dos hospitais e este é o principal motivo para a existência dos cursos de reanimação cardio
pulmonar (RCP) e Programas de Desfibrilação Automática por Pessoal Leigo (não médico).
Um procedimento importante, que salva a vida de alguns pacientes e pode ser feito no
âmbito pré-hospitalar é chamado de desfibrilação.
COMO FUNCIONA A DESFIBRILAÇÃO EXTERNA AUTOMÁTICA?
Os desfibriladores são projetados para proporcionar um choque elétrico que interrompe a
atividade elétrica anormal do coração doente.
Não se pretende com esse processo parar o coração, mas sim eliminar certos ritmos letais e
possibilitar as condições para que o coração retorne ao ritmo normal, espontaneamente.
Este processo é chamado desfibrilação.
Atualmente, a maioria dos serviços de emergências, utiliza aparelhos desfibriladores
externos do tipo semi-automático chamados de DEA.

Eles são relativamente simples de operar e o ensino do seu manuseio está lentamente
sendo incorporado nos cursos de formação e treinamentos de atualização do pessoal da
saúde e dos serviços de emergência.

Os DEA são programados para reconhecer um ritmo anormal do coração que requer um
choque, carregar e transmitir o choque (modelo automático) ou aconselhar ao socorrrista o
acionamento do dispositivo que transmite o choque (modelo semi-automático). As
limitações do equipamento estão mais relacionadas aos tipos de problemas cardíacos do
que às dificuldades de manuseio.

OS PRINCIPAIS PROBLEMAS DE CORAÇÃO INCLUEM:


Ritmo desorganizado chamado de Fibrilação Ventricular ou FV:
É um estado de intensa, descontrolada e desorganizada atividade elétrica dos ventrículos.
Com este ritmo desordenado o coração não consegue bombear o sangue. A maioria dos
casos de FV pode ser corrigida através do emprego rápido de um desfibrilador. O tempo da
emergência cardiológica é um fator muito importante, quanto mais rápido é executado o
choque, maior é a chance de sobrevivência e recuperação do paciente.

Taquicardia Ventricular - Ritmo organizado, porém o coração bate muito rápido:


Este problema está associado à rapidez dos batimentos das câmaras inferiores e
conseqüentemente à freqüência aumentada do coração. Em alguns casos, a velocidade é
tão rápida que o coração não consegue encher-se e bombear um volume adequado de
sangue. O uso do DEA também auxilia na conversão desse ritmo para uma situação de
normalidade.

Ritmo organizado, porém o coração bate muito lentamente, atividade elétrica sem pulso:
Nesses casos, também conhecidos por dissociação eletro-mecânica, a atividade elétrica do
coração está dentro do normal, mas o músculo cardíaco está muito fraco para bombear
sangue. Assim a atividade elétrica do coração está dissociada da ação mecânica de
bombear. Estes não podem ser ajudados pela desfibrilação.

Nenhum impulso elétrico ou assistolia: Sem impulsos elétricos, o músculo cardíaco não é
estimulado a contrair-se. A desfibrilação não tem finalidade nestes casos que devem ser
atendidos com RCP e deslocamento rápido para uma unidade hospitalar a fim de receber
atendimento de suporte avançado de vida.

COMO OPERAR UM DEA:


Todos os aparelhos desfibriladores externos podem ser operados a partir de quatro medidas
simples:
1. Posicionar o aparelho ao lado do paciente e ligar o mesmo;
2. Conectar os eletrodos autocolantes no paciente e depois no próprio aparelho;
3. Aguardar as orientações do DEA ou iniciar a análise do ritmo cardíaco;
4. Aplicar o choque caso seja indicado e seguro fazê-lo.

OBSERVAÇÃO:
As várias marcas e modelos de DEAs apresentam
algumas diferenças em suas características e controles.
Os operadores devem estar habilitados para
compreender as variações de cada marca e modelo
para as quatro medidas a serem tomadas.

6ª Edição - 2012 66
Suporte Básico de vida - BLS/APH

A DIMENSÃO HUMANA DA RCP


Mesmo no melhor sistema de APH, os socorristas que são treinados para salvar vidas têm
insucesso e falham em realizar suas tarefas de reanimação, em aproximadamente quatro de
cada cinco tentativas.

Sintomas emocionais (ansiedade, depressão) e mesmo sintomas físicos (cansaço, estafa)


podem ocorrer nos socorristas que realizam uma RCP sem sucesso.

Recomenda-se que para permitir que os socorristas trabalhem seus sentimentos e medos,
deva ser realizada uma reunião para discussão deste assunto. Estas reuniões podem ser
realizadas após qualquer tentativa de RCP sem sucesso.

Com conhecimento apropriado destes fatos e intervenções, tanto profissionais, como suas
famílias, estarão preparados para pensar no processo angustiante, que faz parte da morte e
das doenças críticas.

RECOMENDAÇÕES GERAIS

 Na presença de vômitos, em casos clínicos, girar a cabeça da vítima lateralmente; em


casos de trauma, girar a vítima em bloco ou a prancha lateralmente, se devidamente
fixada.
 Utilizar o equipamento e fluxo de O2 adequados para ventilação.
 Evitar insuflar excessivamente para prevenir distensão gástrica e conseqüente
regurgitação.
Ventilação de Resgate
MÉTODO BOCA-A-BOCA
Vítimas com idade acima de 1 ano
Procedimentos operacionais:
1. Posicionar-se lateralmente à cabeça da vítima.
2. Certificar-se de que as vias aéreas da vítima estejam liberadas.
3. Posicionar a sua mão na região frontal do crânio da vítima, pinçando o seu nariz com o
dedo indicador e polegar.
4. Envolver totalmente a boca da vítima com sua boca (do socorrista) bem aberta, elevando
o queixo com a outra mão.
5. Insuflar ar até observar o tórax se elevar.
6. Soltar o nariz e afastar ligeiramente o rosto, mantendo as vias aéreas livres para que o ar
saia (expiração).
7. Observar a técnica de ventilação adequada para cada caso.
VENTILAÇÃO BOCA A BOCA-NARIZ
Vítimas com idade inferior a 1 ano
Procedimentos operacionais:
1. Posicionar-se lateralmente à cabeça da vítima.
2. Certificar-se que as vias aéreas da vítima estejam liberadas.
3. Envolver totalmente a boca e o nariz da vítima com sua boca (do socorrista) bem aberta.
4. Insuflar os pequenos pulmões apenas com o ar contido no interior de sua boca
(bochechas), através de um curto sopro, cessando ao observar a expansão do tórax.
5. Afastar sua face do rosto da vítima no intervalo das ventilações para permitir a saída de
ar (expiração).

ATENÇÃO
 Utilizar este tipo de ventilação somente na ausência de outro recurso material.
 Manter a coluna cervical numa posição neutra ao realizar a ventilação no caso de vítimas
de trauma.
 Na presença de vômitos, girar rapidamente a cabeça da vítima lateralmente e limpar os
resíduos de sua boca antes de reiniciar a ventilação, exceto nos casos de vítimas de
trauma, situação em que a vítima deve ser girada lateralmente em monobloco,
protegendo sua coluna por inteiro.
 Na impossibilidade de abrir a boca da vítima, efetuar a insuflação de ar pelo nariz.
 Cuidado para não exceder a quantidade de ar insuflado; para tal, assim que o tórax
começar a erguer, cessar a insuflação.

VENTILAÇÃO BOCA A MÁSCARA


Procedimentos operacionais:
1. Posicionar-se atrás da cabeça da vítima.
2. Manter vias aéreas pérveas.
3. Posicionar a máscara corretamente sobre a boca e o nariz.
4. Colocar a máscara realizando abertura de suas bordas, proporcionando perfeita
vedação com a face da vítima.
5. Segurar a máscara com as duas mãos espalmadas, uma de cada lado da cabeça da
vítima posicionando os dedos como indicado na figura abaixo:
5.1. Dedo polegar na porção superior da máscara;
5.2. Dedo indicador na porção inferior da máscara;
5.3. Demais dedos elevando a mandíbula.
6. Insuflar ar com sua boca no local apropriado da máscara, observando expansão
torácica da vítima.
7. Permitir a expiração sem retirar a máscara da posição.

ATENÇÃO

Manter as bordas da máscara com pressão adequada para vedar a face, certificando-se
que o ar não escape pelas laterais da máscara durante as insuflações.
 Escolher a máscara de tamanho adequado à vítima.

VENTILAÇÃO COM REANIMADOR MANUAL

6ª Edição - 2012 68
Suporte Básico de vida - BLS/APH
Procedimentos operacionais:
1. Posicionar-se atrás da cabeça da vítima.
2. Manter vias aéreas pérveas.
3. Posicionar a máscara corretamente sobre a boca e o nariz;
3.1. Colocar a máscara realizando abertura de suas bordas, proporcionando perfeita
vedação com a face da vítima.
4. Posicionar o reanimador manual da seguinte forma:
4.1. Segurar a máscara com uma das mãos, posicionando os dedos como indicado na figura a
diante;
4.1.1. Dedo polegar na porção superior da máscara;
4.1.2. Dedo indicador na porção inferior da máscara;
4.1.3. Demais dedos elevando da mandíbula.
4.2. Com a outra mão comprimir a bolsa do reanimador que deverá estar conectado à
máscara e posicionado transversalmente à vítima.
5. Observar a elevação do tórax a cada insuflação.
6. Conectar uma fonte de oxigênio suplementar na entrada apropriada do balão ou válvula do
reanimador oferecer 500 a 600ml de volume ao paciente.

ATENÇÃO

Ter cautela ao realizar a vedação da máscara para não fazer flexão da cabeça e obstruir as
vias aéreas.
 Estar atento para a ocorrência de vômito, principalmente em máscaras não transparentes.

LIÇÃO 08

ESTADO DE CHOQUE
OBJETIVOS:

Proporcionar aos participantes conhecimentos e habilidades que os capacitem a:

1. Enumerar 5 (cinco) sinais ou sintomas indicativos de choque hipovolêmico;

2. Demonstrar as primeiras providências a uma vítima com choque hipovolêmico;

3. Executar o tratamento adequado no caso de Estado de Choque;

4. Executar o tratamento adequado no caso de Choque Anafilático.

6ª Edição - 2012 70
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CHOQUE

Conjunto de alterações orgânicas devido a uma inadequada perfusão e conseqüentes falta


de oxigenação dos órgãos e tecidos, denominado choque hemodinâmico.

PERFUSÃO

Inicialmente devemos entender o termo “perfusão”, ou seja, a circulação de sangue dentro


de um órgão. Dizemos que um órgão tem uma adequada perfusão quando o sangue
oxigenado está chegando pelas artérias e saindo pelas veias. A perfusão mantém viva as
células do corpo através do suprimento de nutriente e eliminação dos produtos da
degradação gerados por eles.
Se a perfusão é deficitária o órgão entra em sofrimento e morre.

CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO DE CHOQUE

O choque hemodinâmico classifica-se de acordo com o mecanismo predominante em:


neurogênico, cardiogênico, anafilático, séptico e hipovolêmico.

1. CHOQUE NEUROGÊNICO

Esse tipo de choque é decorrente de uma lesão na medula espinhal. Esta lesão leva à
paralisia da parede das artérias devido à interrupção da comunicação com o sistema
nervoso central causando um imenso vaso dilatação na periferia do corpo da vítima. Há
diminuição do retorno do sangue venoso ao coração e conseqüente queda do volume de
sangue bombeado pelo coração.

Os sinais marcantes são: diminuição da pressão arterial e dos batimentos cardíacos


(hipotensão com bradicardia), pele rosada devido a vaso dilatação dos vasos sanguíneos na
superfície da pele.

2. CHOQUE CARDIOGÊNICO

Trata-se de diminuição da circulação e oxigenação inadequadas dos órgãos e tecidos,


graças à falência do coração como bomba cardíaca.

No choque cardiogênico o volume de sangue no corpo está mantido. No entanto, a


quantidade de sangue bombeada pelo coração está diminuída, devido à falha do coração
enquanto "bomba cardíaca". Comum nos casos de insuficiência cardíaca congestiva e
infarto agudo do miocárdio.

2. CHOQUE ANAFILÁTICO

O choque anafilático é uma reação alérgica aguda a medicamentos (principalmente a


penicilina), picadas de insetos, comidas, pós e outros agentes. Instala-se rapidamente, logo
após o contato com a substância a qual a vítima é alérgica. Promove a liberação, nos
tecidos, de uma substância chamada histamina que promove vaso dilatação geral e edema
de glote causando insuficiência respiratória.

3. CHOQUE SÉPTICO

É um choque causado por toxinas liberadas por bactérias no organismo humano.

Decorrente principalmente de estados infecciosos bacterianos graves onde há liberação de


toxinas que lesam as paredes dos vasos sangüíneos provocando vaso dilatação e aumento
da permeabilidade dos vasos sanguíneos, permitindo a saída de plasma do interior dos
vasos sanguíneos para o interior dos tecidos, diminuindo o volume de sangue circulante.
Além disso, deve-se considerar como mais um agravante a possibilidade da existência de
infecção generalizada em órgãos vitais. Normalmente não encontrado no pré-hospitalar.

4. CHOQUE HIPOVOLÊMICO

No choque hipovolêmico há redução do volume circulante com a perda de sangue e com


isso, a volemia torna-se instável. Comuns nos casos de grandes hemorragias (externas ou
internas), queimaduras extensas, desidratação.

SINAIS E SINTOMAS DO ESTADO DE CHOQUE HIPOVOLÊMICO

1. Taquipnéia: respiração rápida e superficial;


2. Taquicardia: pulso rápido e filiforme (fraco);
3. Pele fria, pálida e úmida;
4. Face pálida e posteriormente cianótica;
5. Sede intensa;
6. Hipotensão: queda da pressão arterial;
7. Sudorese;
8. Ansiedade, confusão mental;
9. Fraqueza muscular, distúrbios visuais (visão escura).

CONDUTA NO ESTADO DE CHOQUE HIPOVOLÊMICO E NEUROGÊNICO

Procedimentos operacionais

1. Efetuar a análise do paciente e tratar os problemas em ordem de prioridade;


2. Acionar e aguardar o SEM ou efetuar o Transporte Imediato se for o caso;
3. Ministrar oxigênio - 10 l/min;
4. Checar circulação e controlar hemorragias.
5. Checar estado neurológico.
6. Imobilizar fraturas de extremidades;
7. Posicionar e transportar a vítima em decúbito dorsal horizontal (DDH);
8. Monitorar os sinais vitais constantemente.

CONDUTA NO ESTADO DE CHOQUE CARDIOGÊNICO, SÉPTICO E ANAFILÁTICO.

6ª Edição - 2012 72
Suporte Básico de vida - BLS/APH
Procedimentos operacionais
1. Efetuar a análise primária e secundária e tratar os problemas em ordem de prioridade;
2. Acionar e aguardar o SEM ou efetuar o Transporte Imediato se for o caso;
3. Manter a vítima em decúbito dorsal com a cabeceira ou prancha elevada
(aproximadamente 20 centímetros);
4. Monitorar os sinais vitais constantemente.

OBSERVAÇÃO

 Vítimas inconscientes requerem posicionamento em decúbito dorsal horizontal (DDH)


para aplicação de manobras manuais para liberação de vias aéreas e inserção de cânula
orofaríngea.
 Nunca ofereça líquidos para ingestão para uma pessoa com sinais ou sintomas de
choque.
 Pode-se aliviar a sede da vítima umedecendo seus lábios com uma gaze embebida em
água.
LIÇÃO 09

HEMORRAGIAS E FERIMENTOS EM TECIDOS MOLES

OBJETIVOS:

Proporcionar aos participantes conhecimentos e habilidades que os capacitem a:

1. Reconhecer e demonstrar 4 (quatro) diferentes técnicas para estancar as hemorragias


externas;
2. Indicar as regras para a aplicação de curativos;
3. Executar os procedimentos operacionais para as vitimas que apresentem:
 Ferimentos abertos no crânio, face e pescoço;
 Ferimentos abertos no ombro;
 Objetos cravados;
 Ferimentos nas nádegas;
 Ferimentos em extremidades.
4. Executar o tratamento adequado no caso de amputação traumática;
5. Executar o tratamento apropriado para a evisceração abdominal.

6ª Edição - 2012 74
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HEMORRAGIAS

Pacientes traumatizados apresentam freqüentemente ferimentos penetrantes


(abertos) ou fechados que acompanham o extravasamento de sangue. A perda contínua de
sangue ativa mecanismos de compensação do próprio organismo, na tentativa de proteger o
fluxo sangüíneo para órgãos fundamentais como o cérebro e o coração.
Quando os mecanismos protetores não conseguem manter uma circulação
satisfatória, a perfusão dos órgãos fica comprometida. Este comprometimento pode tornar-
se irreversível e a perda da(s) função (ões) do(s) órgão(s) evolui para a morte do organismo.
O reconhecimento precoce da hemorragia através da visualização direta ou da
suspeita da hemorragia interna ao avaliar sinais e sintomas, bem como o mecanismo de
lesão pode ser uma etapa fundamental para uma conduta pré-hospitalar decisiva na
sobrevivência do paciente.
O choque hemorrágico é um exemplo do quadro sindrômico denominado Choque.
Outros exemplos são os choques distributivo, cardiogênico, séptico. O reconhecimento do
choque hemorrágico pode ser uma etapa tardia e nem sempre o resultado de esforços
consideráveis no tratamento dos pacientes chocados será bem sucedida.
Portanto, o reconhecimento precoce da hemorragia, assim como um controle do
sangramento, aumenta a chance de sobrevida. Não retarde o encaminhamento dos
pacientes para um local de tratamento definitivo, pois a evolução para o choque hemorrágico
diminui a chance de sobrevida dos pacientes com hemorragias não controladas.
È importante lembrar que sangramentos gastrintestinais e obstétricos são casos
comuns de hemorragia também.

DEFINIÇÃO DE HEMORRAGIAS

Hemorragia ou sangramento significa a mesma coisa, isto é, sangue que escapa de artérias,
veias ou vasos capilares. As hemorragias podem ser definidas como uma considerável
perda do volume sangüíneo circulante. O sangramento pode ser interno ou externo e em
ambos os casos são perigosos.

Inicialmente, as hemorragias produzem palidez, sudorese, agitação, pele fria, fraqueza,


pulso fraco e rápido, baixa pressão arterial, sede, e por fim, se não controladas, estado de
choque e morte.

MECANISMOS CORPORAIS DE CONTROLE DE HEMORRAGIAS

1.vaso constrição: que é um mecanismo reflexo que permite a contração do vaso


sanguíneo lesado diminuindo a perda sangüínea;
2. coagulação: que consiste em um mecanismo de aglutinação de plaquetas no local onde
ocorreu o rompimento do vaso sanguíneo, dando início à formação de um verdadeiro
tampão, denominado coágulo, que obstrui a saída do sangue.
TIPOS DE HEMORRAGIAS

1. Externa: o sangue arterial ou venoso flui através de um ferimento, é visível;


2. Interna: não é tão óbvia de se constatar, pois não pode ser detectada visualmente.
Pode-se suspeitar avaliando o mecanismo da lesão, constatando a presença de
sinais e sintomas de choque.

CONTROLE DE HEMORRAGIAS e PREVENÇÃO DO ESTADO DE CHOQUE

Expor o local da lesão:

TÉCNICAS DE CONTROLE DE SANGRAMENTOS

1. Pressão direta sobre a lesão:

 Com a mão ou bandagem, gaze, ou outro


material (pano limpo), executar pressão direta
sobre a área lesada.

 Se a gaze estiver saturada de sangue e a


hemorragia persistir, não a remova, aplique
outra sobre a primeira e exerça maior pressão.

 Elevação: quando possível, em braços e


pernas, elevar a área lesada acima do nível do
coração. É muito eficiente a associação da
pressão direta sobre a lesão com a elevação.

6ª Edição - 2012 76
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 A técnica de compressão de pontos arteriais


deve ser aplicada somente quando a pressão
direta e a elevação dos membros não forem
suficientes para deter o sangramento.

Pressão dos Pontos Arteriais: está indicado quando os métodos anteriores não puderem
ser utilizados imediatamente. Ex. Um operário com o braço preso em uma máquina
(compressão da artéria braquial), em múltiplos ferimentos em uma perna, enquanto se
pratica a primeira técnica (compressão da artéria femoral), etc.

HEMORRAGIAS INTERNAS

De difícil diagnóstico, exigem que o socorrista tenha um bom nível de treinamento para
pesquisar a história do acidente relacionado o mecanismo do trauma com a possibilidade de
lesões ocultas e para realizar um exame secundário detalhado.

Suspeitar de hemorragia interna quando:

1. Ferimentos penetrantes no crânio;


2. Sangue ou fluídos sanguinolentos drenando pelo nariz ou orelha;
3. Vômito ou tosse com sangue;
4. Hematomas ou traumas penetrantes no pescoço;
5. Hematomas no tórax ou sinais de fraturas de costelas;
6. Ferimentos penetrantes no tórax ou abdome;
7. Abdome aumentado ou com áreas de hematoma;
8. Abdomes rígidos, sensíveis ou com espasmos;
9. Sangramento retal ou vaginal;
10. Fraturas de pelve, ossos longos da coxa e braço.

Nunca obstrua a saída de sangue através dos orifícios naturais: boca, nariz, orelha,
ânus, vagina.

PREVENÇÃO DO ESTADO DE CHOQUE

ESTADO DE CHOQUE é um conjunto de alterações do organismo causado por situações


de natureza diversa e que resulta em uma perfusão tecidual insuficiente. Nada funciona
bem.
SINAIS E SINTOMAS DE CHOQUE HIPOVOLÊMICO

 Alteração de estado mental.


 Palidez.
 Pele fria, úmida e pegajosa.

SINAIS VITAIS
 Pulso: rápido, fraco e fino.
 Respiração: rápida, superficial e trabalhosa.
 Pressão arterial: diminuição com o passar do
tempo.
 Outros sinais possíveis: sede intensa, pupilas
dilatadas, cianose nos lábios e leito das unhas.

TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR DO CHOQUE HEMORRÁGICO

1. Acionar imediatamente o telefone de emergência 193.


2. Posicionar a vítima (deitá-la na posição de costas para o chão).
3. Manter a abertura das vias aéreas superiores e estabilização da coluna cervical.
4. Controlar sangramentos externos.
5. Imobilizar fraturas, se necessário.
6. Prevenir a perda de calor corporal, cobrindo a vítima.
7. Não dar nada de comer ou beber.
8. Monitorar os sinais vitais e aguardar a chegada do Serviço de Emergência Médica.

TRATAMENTO DE FERIDAS

FERIMENTO NO COURO CABELUDO:

 Controlar a hemorragia com compressão


direta utilizando, preferencialmente,
bandagem triangular e gaze estéril.

6ª Edição - 2012 78
Suporte Básico de vida - BLS/APH
FERIMENTOS NA FACE:

 Revisar a boca procurando objetos soltos (dentes,


corpos estranhos, sangue).
 Manter vias aéreas superiores livres de secreções.
 Se necessário, transportar a vítima lateralizada para
drenar o sangue da boca.
 Ter cuidado se houver lesão associada de pescoço.
Manter posição neutra da cabeça.

HEMORRAGIA NASAL: EPISTAXE

 Manter a face levemente voltada para baixo e apertar


a fossa nasal sangrante.
 Aplicar compressas frias (embebida em água gelada)
na face, sobre o nariz, por cerca de 05 (cinco) minutos.

Caso a hemorragia não cesse, transporte


imediatamente ao hospital. Mantenha o calor
corporal. Mantenha-a na posição sentada.

FERIMENTOS NOS OLHOS:

 Cobrir o globo ocular lesado com curativo


umidificado com soro fisiológico. Tapar sempre os
dois olhos.
 Proteger objetos cravados.

FERIMENTOS DE PESCOÇO:

 Aplicar compressão direta com a mão para cessar


hemorragias.
 Aplicar curativo compressivo com uma bandagem,
sem comprimir ambos os lados do pescoço.
OBJETOS CRAVADOS:

 Estancar a hemorragia colocando gaze


em torno do objeto.

 Estabilizar o objeto no local.

TRAUMA DE TÓRAX

Traumas de tórax podem ser:

1. Penetrantes: as forças de impacto são distribuídas sobre uma pequena área.


Ex: ferimentos por arma branca; ferimentos por arma de fogo ou queda sobre objeto
pérfuro-cortantes. Qualquer estrutura ou órgão pode ser lesado.
2. Contusos: as forças são distribuídas sobre uma grande área, e muitas lesões podem
ocorrer por desaceleração e compressão. Condições como pneumotórax, tamponamento
cardíaco, tórax instável, ruptura de aorta deve ser suspeitada quando o mecanismo de
trauma envolve desaceleração rápida.

PRINCIPAIS LESÕES TORÁCICAS

Fraturas de costelas e do Esterno

SINAIS E SINTOMAS

a. Dor local;
b. Equimose ou hematoma local;
c. Dificuldade ao respirar;
d. Diminuição da expansão torácica do lado afetado;
e. Crepitação óssea.

6ª Edição - 2012 80
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TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Restrição de movimento

na área lesada com a

utilização de Bandagem

Triangular.

Confecção de tipóia de
TÓRAX INSTÁVEL
sustentação.
Tórax instável é causado geralmente por impacto direto no esterno ou impacto lateral
causando fratura de dois ou mais arcos costais consecutivos em dois ou mais pontos.

Inspiração Expiração

Os problemas encontrados resultados desta lesão são:

a. Respiração paradoxal: o segmento do tórax que está fraturado apresenta


movimentação contrária à do restante durante a respiração.
b. Dor intensa: decorrente das múltiplas fraturas.

TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Restrição do movimento do local fraturado utilizando-se o braço do lado afetado apoiado


sobre o local da fratura, fixando com tipóia.

PNEUMOTÓRAX

Caracteriza-se pela presença de ar entre as pleuras. O ar separa as superfícies das


pleuras, e o pulmão colapsado não se expande durante a respiração.
CLASSIFICAÇÃO

 PNEUMOTÓRAX ABERTO

Quando há comunicação da cavidade torácica com o meio externo, causado por ferimentos
penetrantes no tórax (ferida soprante de tórax).
Exemplos: ferimentos causados por arma branca, ferimentos causados por arma de fogo.

 PNEUMOTÓRAX FECHADO

Quando não há comunicação da cavidade torácica com o meio externo, causado por
traumas contusos na região do tórax.

PNEUMOTÓRAX HIPERTENSIVO

É uma situação agravante do pneumotórax,


sendo mais comum em trauma fechado de tórax.
Aparece quando se forma um mecanismo
Mediastino valvular, ou seja, na inspiração existe entrada de
ar para dentro do tórax (espaço pleural), mas na
Veia
cava
expiração a lesão se fecha, ficando o ar
represado dentro do tórax.
Coração

Desta maneira, a cada movimento respiratório a pressão dentro do tórax aumenta


progressivamente, de tal modo, que o pulmão do lado afetado se colaba e o coração e o
mediastino (região central do tórax), onde estão localizados os grandes vasos sanguíneos
são empurrados para o lado oposto.

Quando o mediastino é empurrado para o lado oposto ocorre o pinçamento dos vasos da
base do coração (Veia Cava Inferior e Superior). Além disto, existe um aumento significativo
da pressão dentro do tórax. Estas duas situações diminuem significativamente o retorno do
sangue venoso ao coração. Por isso é que a vítima apresenta um importante sinal clínico: a
estase sanguínea na veia jugular. Com a diminuição do Retorno Venoso, o volume de
sangue bombeado pelo coração (Débito Cardíaco) diminui deixando de oxigenar
adequadamente os tecidos estabelecendo-se assim o estado de choque.

Um outro fator que agrava ainda mais esta situação é o desvio da traquéia, isto ocorre,
porque o mediastino quando é empurrada para o lado oposto à lesão, leva consigo a
traquéia. O desvio da traquéia leva a uma hipoventilação com hipóxia nos tecidos do
organismo. Isto somado com a diminuição da circulação de sangue no corpo provoca uma
situação de morte iminente.

6ª Edição - 2012 82
Suporte Básico de vida - BLS/APH
TAMPONAMENTO CARDÍACO

Em casos de trauma por ferimento penetrante de tórax, deve-se lembrar de Tamponamento


Cardíaco, trata-se de uma lesão com ruptura da musculatura cardíaca levando à saída de
sangue do interior de uma das câmaras cardíacas para o pericárdio (membrana que envolve
o coração), deste modo, o aumento de volume sangüíneo no pericárdio restringe a
capacidade de dilatação do Ventrículo Direito na diástole cardíaca, prejudicando o seu
enchimento. Assim, existe uma diminuição do volume de sangue ejetado diminuindo a
pressão arterial estabelecendo-se desta maneira o quadro de estado de choque.

RECONHECIMENTO DO TRAUMA TORÁCICO

1. Avaliar a cinemática do trauma;


2. Observar alterações respiratórias: dispnéia, respiração paradoxal, tosse sanguinolenta
(hemoptise);
3. Observar presença de cianose na face, especialmente nos lábios;
4. Verificar sinais de choque hemodinâmico;
5. Observar no pescoço: desvio de traquéia ou distensão dos vasos do pescoço (estase
jugular), enfisema subcutâneo;
6. Observar no tórax: assimetria da parede torácica na respiração, ferimentos abertos,
deformidades, hematomas, equimoses, escoriações, crepitação óssea, enfisema
subcutâneo.

ATENÇÃO

 Estar atento para alteração da voz, dos ruídos respiratórios, aumento de hematomas,
enfisema de subcutâneo e desvio de traquéia que podem comprometer a
permeabilidade das vias aéreas.
 Se na vítima com idade superior a 8 anos, a FR for menor que 08 mrm e na vítima entre
28 dias a 8 anos for menor que 12 mrm, ventilar a vítima com o ressuscitador manual
associado ao oxigênio.
Não utilize equipamento de pressão positiva para ventilação na vítima com traumatismo
torácico, pois pode produzir ou agravar um pneutomotórax. Cuidado no uso do ressuscitador
manual.
TRATAMENTO PARA EVISCERAÇÃO ABDOMINAL

TRATAMENTO

 Manter a vítima deitada de costas ou de lado.


 Remover as vestes para expor o local da lesão.
 Não recolocar nenhum órgão eviscerado para dentro do abdômen.
 Não tocar ou lavar as vísceras.
 Manter os joelhos da vítima fletidos, suportados por um cobertor dobrado.
 Aplicar plástico esterilizado, vedando a lesão, fixando-o com esparadrapo em
ambas as bordas.
 Manter o aquecimento corporal da vítima, com cobertor.
 Administrar oxigênio, quando disponível.

AMPUTAÇÕES:

 Controlar o sangramento e tratar o estado de choque.


 Cobrir as partes amputadas com compressas limpas e secas, ou plástico limpo e
mantê-las em local fresco.
(dentro de um recipiente com algumas pedras de gelo)
 Guardar e conduzir junto com a vítima as partes amputadas.

UTILIZAÇÃO DE A BANDAGEM TRIANGULAR

6ª Edição - 2012 84
Suporte Básico de vida - BLS/APH

vértice

base ponta
ponta

Vértice, base e Pontas. Em forma de gravata.

1. Ferimento no crânio 2. Ferimento na face

3. Ferimento no ombro 4. Ferimento no tórax


LIÇÃO 10

TRAUMATISMOS DE EXTREMIDADES

OBJETIVOS:

Proporcionar aos participantes conhecimentos e habilidades que os capacitem a:

1. Conceituar fratura, luxação e entorse, citando suas causas bem como enumerar 4 sinais
ou sintomas que identificam tais lesões;
2. Reconhecer as condições que ameaçam a vida de pacientes com trauma de
extremidades
3. Citar duas razões para a imobilização provisória;
4. Reconhecer os imobilizadores e suas formas de utilização de acordo com o tipo de
lesão;
5. Demonstrar através de uma simulação, os passos para imobilizar fraturas em
extremidades superior-inferiores e na pelve.

6ª Edição - 2012 86
Suporte Básico de vida - BLS/APH
FRATURAS

 Deformidade local: a fratura produz uma posição


anormal ou angulação num local que não possui
articulação.

 Sensibilidade: geralmente o local da fratura está muito sensível ou doloroso.


 Crepitação óssea: se a vítima se move podemos escutar um som áspero, produzido
pelo atrito das extremidades fraturadas. Não pesquisar este sinal intencionalmente,
porque aumenta a dor e pode provocar lesões adicionais.
 Edema ou hematoma: quase sempre a fratura é acompanhada de certo inchaço
provocado pelo líquido entre os tecidos e as hemorragias. A alteração de cor poderá
demorar várias horas para aparecer.
 Paralisia: perda total ou parcial dos movimentos das extremidades. A vítima geralmente
protege o local fraturado, não pode mover-se ou o faz com dificuldade e dor intensa.
 Exposição óssea: numa fratura exposta, os fragmentos ósseos podem se projetar
através da pele ou serem vistos no fundo do ferimento.

FRATURAS, LUXAÇÕES E ENTORSES.


Os ossos podem se quebrar (fraturas) ou desencaixar-se em alguma articulação (luxações)
ou apenas sofrerem uma torção brusca sem o deslocamento e desprendimento das articulações
(entorses).
Fratura Fechada Fratura Exposta
QUANTO A EXPOSIÇÃO ÓSSEA:

 FECHADAS
- Ocorre a perda da continuidade
Osso sem o rompimento da pele.

 EXPOSTAS
- Ocorre o rompimento da pele,
Podendo apresentar ferimentos
Com graves hemorragias.
QUAIS OS TIPOS DE FRATURAS?

LUXAÇÕES
O desencaixe de um osso da articulação pode ser ocasionado
por pressão ou torção intensa que deixará o osso em posição
anormal. As luxações possam ainda ser ocasionadas por contração
muscular. Com isso haverá a ruptura dos ligamentos, deformando a
articulação sendo que as articulações mais comuns a sofrerem
esse tipo de lesão são as do ombro, polegares, joelho, tornozelo,
dedos e maxilar.
FRATURA CONTÍNUA ou Obs.: Ás COMINUTIVA
FRATURA vezes as luxações FRATURA
ou são DE GALHO
confundidas com asVERDE ouna
fraturas,
SIMPLES – É a simples ruptura – Termo
dúvida, trata-se das
FRAGMENTADA FISSURA
luxações como – Segmento não comple-
nas fraturas.
ou trinca de um osso, dividindo o utilizado quando o osso é divi- tado de uma fratura mais comum nos ossos
osso em duas partes distintas. dido em fragmentos. em formação (crianças)

ENTORSES

Uma torção nas articulações pode fazer com que os ossos


bem como os ligamentos permaneçam no lugar, põem pode
provocar dor intensa e inchaço. A dor poderá provocar a
incapacidade funcional.
Obs.: Ás entorses tal quais as luxações ocorrem em nível de
articulação, porém sem o desprendimento dos ossos, o objetivo do
socorrista será reduzir a dor e imobilizar o local afetado.

6ª Edição - 2012 88
Suporte Básico de vida - BLS/APH
COMO RECONHECER UMA FRATURA?

Algumas lesões são evidentes, como fratura


exposta ou polegar deslocado. Outras, só com o
exame de raio X. Ao avaliar uma lesão músculo
esquelética o socorrista deve observar todos os sinais
e sintomas:
Sinais
- Deformação (o membro pode parecer torto ou poderá
haver movimentos anormais);
- Encurtamento de membros;
- Inchaço e hematomas;
- Crepitação óssea.
Sintomas
- Dor intensa no local afetado;
- Incapacidade total ou parcial de movimento;
- Resistência à tração do membro. Fratura na cabeça do Fêmur
COMO TRATAR DE FRATURAS?

A principal dificuldade nos casos de fraturas, tanto para o socorrista como para a vítima é sem
dúvida alguma a DOR, por isso o objetivo da equipe de socorro será reduzir (e não extinguir) a DOR
da vítima antes da remoção para o hospital. Para tanto o socorrista deverá primeiramente realizar
uma leve tração no membro fraturado a fim de alinhar o mesmo junto a um ponto de apoio para
que possa ser realizado o processo de imobilização.

CONDUTA NO ALINHAMENTO DE FRATURAS

1º - Tentar realinhar o membro de forma suave, exercendo leve tração;


2º - Tentar somente em ossos longos;
3º - Tentar somente uma vez e se houver resistência mobilizar na posição encontrada.

O QUE NÃO FAZER EM CASO DE FRATURAS?

- Não alinhar:
 Fraturas expostas;
 Fraturas envolvendo articulações;
 Luxações.

- Avaliar antes e após a tentativa de


alinhamento:
 Pulso distal;
 Perfusão capilar;
 Sensibilidade e mobilidade.
- Caso a lesão ocorra em uma articulação (luxação e entorse), realizar a imobilização
abrangendo o osso acima e outro abaixo da lesão.
- Na dúvida se há ou não fratura, deve-se tratar a lesão como se houvesse fratura
(LESÃO ESTÁVEL).

Imobilização de Fratura Imobilização de Fraturas

Imobilização de Fraturas

REGRAS GERAIS PARA IMOBILIZAÇÃO

1. Informar ao paciente o que está fazendo e o que planeja fazer.


2. Expor o local. As roupas necessitam serem cortadas e removidas sempre
que houver suspeita de fratura ou luxação.
3. Controlar hemorragias e cobrir ferida antes de imobilizar.
4. Não recolocar fragmentos ósseos expostos no lugar.

5. Reunir e preparar todo o material de imobilização adequado ao tipo de


fratura antes de iniciar o procedimento.
6. Em fraturas de ossos longos (fêmur, tíbia, fíbula, úmero, rádio e ulna):
Imobilizar uma articulação acima e outra abaixo da lesão.
7. Em fraturas de articulações: Imobilizar na posição encontrada, um osso
acima e outro abaixo do local fraturado.
8. Manter tensão suave na área afetada durante o procedimento de
imobilização. Movimentar o mínimo possível.
9. Assegurar-se que a imobilização está adequada e não restringe a
circulação, dessa forma, verifique antes e após o procedimento a presença
de alterações no pulso, perfusão capilar, temperatura e coloração da pele.
10. Atente para queixas de aumento da dor, formigamento ou dormência após
a imobilização.
11. Adotar as medidas para prevenir ou tratar o estado de choque, resultante
da perda sangüínea provocada pelas fraturas.

6ª Edição - 2012 90
Manual de Fundamentos do Bombeiro Civil

TÉCNICAS DE IMOBILIZAÇÃO PROVISÓRIA

Fraturas de costelas, clavícula e externo

Fraturas na coxa ou quadril, braço e ante braço

Fraturas em articulações (joelho)

MOVIMENTAÇÃO E IMOBILIZAÇÃO DE POLITRAUMATIZADOS

91
ROLAMENTO 90º

ROLAMENTO 180º

ELEVAÇÃO À CAVALEIRO
6ª Edição - 2012 92
Manual de Fundamentos do Bombeiro Civil

IMOBILIZAÇÃO DA VÍTIMA POLITRAUMATIZADA EM PÉ

IMOBILIZAÇÃO EM MACA

93
LIÇÃO 11

EMERGÊNCIAS MÉDICAS E CLÍNICAS

OBJETIVOS:

Proporcionar aos participantes conhecimentos que os capacitem a:

1. Definir Urgências Médicas e Clínicas;


2. Definir Infarto Agudo do Miocárdio, citar os sinais e sintomas e descrever o
tratamento pré-hospitalar;
3. Definir Angina Pectoris, citar os sinais e sintomas e descrever o tratamento
pré-hospitalar;
4. Definir Crise e Emergência Hipertensiva, citar os sinais e sintomas e
descrever o tratamento pré-hospitalar;
5. Definir Acidente Vascular Encefálico (AVE), citar os sinais e sintomas e
descrever o tratamento pré-hospitalar;
6. Definir Ataque Isquêmico Transitório, citar os sinais e sintomas e descrever
o tratamento pré-hospitalar;

6ª Edição - 2012 94
Manual de Fundamentos do Bombeiro Civil

URGÊNCIA MÉDICA

Uma doença pode ser entendida como um desequilíbrio das funções


que mantém a vida de um organismo, cujas manifestações apresentam-se
como sinais e/ou sintomas.
Entendem-se como sintomas as queixas da vítima.
Sinais são evidências que podem ser detectados através da
observação, audição ou palpação.
O diagnóstico das doenças é uma etapa do ato médico. Entretanto,
situações de emergências devem ser identificadas por socorristas treinados,
obedecendo-se protocolos de trabalho específicos. Não se deve confundir a
identificação da urgência médica com o diagnóstico de doenças que não
pertencem a tal condição.
Reconhecer a emergência médica é fundamental, pois pode reduzir a
mortalidade e a morbidade decorrentes da emergência. Um grande estudo
que vem sendo realizado no sentido de avaliar o impacto do atendimento pré-
hospitalar (OPALS) já mostra que as equipes que atuam no primeiro
atendimento diminuem o número de mortes nas emergências
cardiovasculares e trauma.
Os casos que não se apresentam como emergências podem ser
classificadas em outro nível de urgência médica. Isto é, a urgência médica
abrange um número de doenças que necessitam de atenção médica
prioritária e precoce. A emergência médica é a condição onde o grau de
urgência é máximo, o que implica na atenção médica imediata.
Portanto, em casos de emergência médica, o socorrista deve
providenciar imediatamente os procedimentos protocolados até o
atendimento médico imediato. Quando a condição não está classificada como
emergência, há a possibilidade de revelar-se como urgência médica. Nestes
casos, deve ser avaliada por um médico regulador, que determinará a
conduta a ser seguida. O médico regulador pode também identificar os casos
onde não há urgência médica, informando a orientação a ser seguida.

URGÊNCIA CLÍNICA

São as condições de desequilíbrio do organismo que não envolvem a


violência como causas que as originaram, cujos sinais e sintomas identificam a
necessidade de atenção médica precoce.
O desequilíbrio ocorre através das infecções causadas por outros
organismos (vírus, bactérias, vermes, protozoários, insetos, etc.). Também
ocorre através da perda ou alteração da função dos órgãos e dos sistemas,
decorrente de distúrbios hereditários (herdados dos pais), alterações
ambientais (por exemplo, o câncer de pele), intoxicações, etc.

95
EPI LEPSIA - CONVU LSÕES

RECONHECIMENTO:

 Alucinações visuais e sonoras


 Gosto peculiar na boca
 Tontura
 Contração da musculatura do corpo
 Dentes cerrados
 Grito epiléptico
 Espasmos sucessivos
 Perda de controle urinário e/ou intestinal
 Salivação abundante
 Estado de prostração
 Amnésia e confusão mental

TRATAMENTO:

 Afastar objetos do raio de ação da vítima para que a mesma não se


machuque.
 Proteger a cabeça da vítima evitando que bata no chão.
 Posicionar, durante a crise, a vítima em decúbito lateral.
 Afrouxar as vestes.
 NÃO tente abrir a boca da vítima.
 NÃO coloque nenhum objeto entre os dentes da vítima.
 Não restrinja os movimentos da vítima.
 Após a crise preste apoio psicológico à vítima e conduza-a ao hospital
ou aguarde a chegada da ambulância.
 Previna a perda de calor corporal e preserve a intimidade da vítima,
cobrindo-a.

Convulsões
Situação em que o cérebro comanda contrações musculares
descontroladas. Essas contrações violentas, não coordenadas e
involuntárias de parte ou da totalidade dos músculos, podem ser
provocadas por diversas doenças neurológicas e não neurológicas ou ainda
por traumatismos crânios-encefálicos.

Obs. A forma mais conhecida de convulsões em APH é causada por uma


condição conhecida como epilepsia. Os ataques epiléticos podem causar
muitas e intensas convulsões ou não causarem convulsões ou qualquer outro
sinal externo.

6ª Edição - 2012 96
Manual de Fundamentos do Bombeiro Civil

Epilepsia:
Doença neurológica convulsiva crônica. Manifesta-se por perda súbita da
consciência, geralmente acompanhada de convulsões tônico-clônicas. A
atividade cerebral anormal de indivíduos portadores de epilepsia é a causa
do ataque. É uma desordem orgânica e não uma enfermidade mental.

DESMAIO

RECONHECIMENTO:

 Inconsciência.
 Pele pálida, fria e úmida.
 Pulso rápido e fraco.

TRATAMENTO:

 Acione uma ambulância.


 Posicione a vítima de costas para o chão.
 Libere as vias aéreas.
 Afrouxe as vestes que estejam apertadas restringindo a circulação.
 Mantenha o aquecimento.

DOR TORÁCICA SÚBITA

RECONHECIMENTO:

 Dor de forte intensidade no centro do peito.


 Formigamento nas mãos.
 Pele pálida, fria e úmida.
 Pulso rápido e fraco.
 Ansiedade, angústia.
 Suor excessivo.
 Náuseas ou vômitos.

TRATAMENTO:

 Acione imediatamente uma ambulância.


 Não permita que a vítima realize qualquer esforço físico.
 Posicione a vítima em posição confortável (sentada ou semi-sentada).
 Libere as vias aéreas.
 Afrouxe as vestes que estejam apertadas restringindo a circulação.
 Mantenha o aquecimento.
97
 Preste apoio psicológico.

INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO

Infarto Agudo do Miocárdio


DEFINIÇÃO:
É a morte do Músculo Cardíaco decorrente da privação
de oxigênio fornecido através do Sangue proveniente
das Artérias Coronárias.

Funcionamento do Coração Artérias Coronárias

FISIOPATOLOGIA

O infarto agudo do miocárdio ocorre pela obstrução aguda das artérias


coronárias, responsáveis pelo suprimento de sangue ao coração.

A obstrução ocorre após a


fissura de uma placa de
ateroma (colesterol) existente
na coronária “doente”.

Devido à presença da fissura, há a formação


de trombo (coágulo), responsável pela Artéria
coronária
obstrução do vaso. A persistência da obstruída
Área de
obstrução acarreta na morte do miocárdio infarto

(músculo cardíaco).

6ª Edição - 2012 98
Manual de Fundamentos do Bombeiro Civil

SINAIS E SINTOMAS DO INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO

Dor precordial, do tipo queimação, em peso (opressão),


ardência podendo irradiar para os membros superiores
ou áreas vizinhas. A dor pode não ser precordial,
podendo localizar-se na região epigástrica,
submentoniana (debaixo do queixo), no pescoço, nos
ombros, cotovelos, punho (como se fosse uma
pulseira).

A área dolorosa ou da ardência está associada a episódios emocionais


ou com esforços. A área dolorosa normalmente atinge mais que 8 cm 2 .
Acompanha a dor a palidez, a sudorese fria (transpiração), ansiedade,
sensação de morte iminente e a postura dolorosa, normalmente refletindo a
imobilidade postural.
Não existe um sinal indicativo para o diagnóstico de IAM. Um paciente
pode apresentar IAM sem queixa de dor. Nestes casos, é importante perguntar
se o mesmo já apresentou dor nos dias anteriores. Muito provavelmente, a
resposta será positiva. Estas vítimas podem apresentar disritmias cardíacas ou,
em condições críticas, um choque cardiogênico. Dificilmente serão
reconhecidos em ambiente pré-hospitalar.
É importante ressaltar que durante a avaliação médica, alguns
pacientes com IAM podem apresentar um eletrocardiograma normal.
Portanto, a melhor maneira de reconhecer o IAM é saber ouvir o
paciente. A história da queixa principal, os antecedentes, o reconhecimento dos
fatores de riscos para doenças cardiovasculares e a identificação de alguns
sinais inespecíficos, mas sugestivos no exame físico revelam o diagnóstico na
quase totalidade dos casos.

Fatores para doenças cardiovasculares associados com a queixa do


paciente:
Tabagismo (fumo);
Sedentarismo (falta de exercícios físicos regulares);
99
Dislipidemias (dieta irregular com excesso de gorduras);
Stress;
Antecedentes familiares;
Doenças associadas (hipertensão arterial, diabetes mellitus).

ANGINA PECTORIS

DEFINIÇÃO

Dor precordial (no peito), de curta duração, usualmente menor do que


15 minutos, que se apresenta quando o coração não recebe uma quantidade
suficiente de oxigênio. É agravada ou produzida pelo exercício ou por episódios
emocionais e é aliviada pelo repouso ou através de medicamentos
vasodilatadores.
A angina pode ser classificada em estável ou instável. A angina estável
está associada ao exercício físico que origina a dor. A vítima normalmente
sabe quando apresentará a dor. A angina instável não é um episódio previsível
como a estável, pois ocorre abruptamente com a fissura da placa de ateroma,
como já foi comentado na fisiopatologia do IAM.

CRISE E EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA

DEFINIÇÃO

A hipertensão arterial sistêmica pode ser caracterizada pela elevação


súbita da pressão arterial a níveis superiores ao considerado normal (140x90
mmhg nos pacientes examinados ou 130x80 mmhg em pacientes diabéticos
e renais crônicos).
A hipertensão arterial pode aumentar o risco de ocorrer emergências
cardiovasculares. Muitas vezes assintomática, representa ainda um risco para
a ocorrência do infarto agudo do miocárdio, acidente vascular encefálico,
insuficiência cardíaca congestiva e lesão renal, ataque isquêmico transitório,
Em outras ocasiões, o paciente hipertenso apresenta sinais e sintomas.
Quando sintomático, o paciente apresenta uma crise hipertensiva. Em
situações de risco de morte muito aumentado, o paciente pode apresentar uma
emergência hipertensiva,
Em pacientes com idade entre 40 a 70 anos, cada aumento de 20
mmhg na pressão sistólica e 10 mmhg na pressão diastólica pode dobrar o
risco de doenças cardiovasculares.
A hipertensão pode ser um sinal de outra doença: um paciente pode ter
um tumor em glândulas supra-renais e devido à produção de noradrenalina
aumentada, a hipertensão ser a manifestação clínica.
Não é possível reduzir o risco de doenças cardiovasculares se a
hipertensão não for controlada. Portanto, deve-se realizar uma terapia efetiva
na manutenção da pressão arterial em níveis aceitos.

SINAIS E SINTOMAS

6ª Edição - 2012 100


Manual de Fundamentos do Bombeiro Civil

Os sinais e sintomas variam de acordo com o nível de urgência:

Assintomático: descobre-se que o paciente é hipertenso após 02 aferições da


pressão arterial, no mínimo, no momento da avaliação.
Se a pressão arterial sistólica estiver entre 120 e 139 mmhg e a diastólica,
entre 80 a 89 mmhg, deve-se entender que o paciente encontra-se num estado
pré-hipertenso.

CRISE HIPERTENSIVA

 O paciente apresenta hipertensão (PA> 140 x 90 mmhg) com sinais e


sintomas.

1. Cefaléia;
2. Dor em outras regiões (tórax, abdome, membros);
3. Náuseas;
4. Escotomas (distúrbios visuais – pontos brilhantes coloridos);
5. Hemorragia nasal (epistaxe);
6. Taquicardia;
7. Parestesia (formigamento) em algum segmento do corpo.

EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA

 Sinais e sintomas já descritos com nível pressórica sistólica superior ou


igual a 180 mmhg e diastólica superior ou igual a 110 mmhg.

INSIFICIÊNCIA CARDÍACA

Fisiopatologia:

O coração é um músculo formado por duas metades, à direita e a


esquerda. Quando uma dessas cavidades falha como bomba, não sendo capaz
de enviar adiante todo o sangue que recebe, falamos que há insuficiência
cardíaca.

A Insuficiência Cardíaca (IC) não é uma doença do coração por si só. É


uma incapacidade de o coração efetuar as suas funções de forma adequada
como conseqüência de outras enfermidades, do próprio coração ou de outros
órgãos.

Tipos de Insuficiência Cardíaca:

Existem a Insuficiência Cardíaca Aguda (ICA) e a Insuficiência


Cardíaca Congestiva (ICC). A Insuficiência Cardíaca Aguda é um

101
acontecimento súbito e catastrófico e que ocorre devido a qualquer situação
que torne o coração incapaz de uma ação eficaz.

Geralmente a Insuficiência Cardíaca Aguda é conseqüente a um infarto


do miocárdio, ou a uma arritmia severa do coração.

Existem ainda as Insuficiências Cardíacas Agudas provocadas por


doenças não cardíacas.

Exemplo delas é a hemorragia severa, o traumatismo cerebral grave e


o choque elétrico de alta voltagem.

A Insuficiência Cardíaca Aguda é uma situação grave, exige tratamento


médico emergencial, e mesmo assim é, muitas vezes, fatal.

A Insuficiência Cardíaca Congestiva pode aparecer de modo agudo,


mas geralmente se desenvolve gradualmente, às vezes durante anos. Sendo
uma condição crônica, geram a possibilidade de adaptações do coração o que
pode permitir uma vida prolongada, às vezes com alguma limitação aos seus
portadores, se tratada corretamente.

Principais causas de insuficiência cardíaca:

1. Doenças que podem alterar a contractilidade do coração. A causa mais


freqüente é a doença ateroesclerótica do coração.
2. Doenças que exigem um esforço maior do músculo cardíaco. É o que
ocorre na hipertensão arterial ou na estenose (estreitamento) da válvula
aórtica que, com o tempo, podem levar à Insuficiência Cardíaca Congestiva
do ventrículo esquerdo. Doenças pulmonares como o enfisema pode
aumentar a resistência para a parte direita do coração e eventualmente
levar à Insuficiência Cardíaca Congestiva do ventrículo direito.
3. Doença que podem fazer com que uma quantidade maior de sangue
retorne ao coração, como o hiper tireoidismo, a anemia severa e as
doenças congênitas do coração. A insuficiência de válvulas (quando não
fecham bem) pode fazer com que uma quantidade de sangue maior reflua
para dentro das cavidades e o coração poderá descompensar por ser
incapaz de bombear o excesso de oferta.

As manifestações de Insuficiência Cardíaca Congestiva variam conforme a


natureza do estresse ao qual o coração é submetido, da sua resposta, bem
como de qual dos ventrículos está mais envolvido. O ventrículo esquerdo
costuma falhar antes do direito, mas às vezes os dois estão insuficientes
simultaneamente.

Sinais e sintomas:

1. Falhando o ventrículo esquerdo, o território que congestiona é o pulmonar.


Isso explica a falta de ar, que de início surge aos grandes
esforços, depois aos médios, terminando pela falta de ar

6ª Edição - 2012 102


Manual de Fundamentos do Bombeiro Civil

mesmo em repouso. Com a piora surge a ortopnéia, a falta


de ar quando deitado. A pessoa pode acordar durante a
noite devido à falta de ar o que a obriga a sentar para obter
algum alívio. É a dispnéia paroxística noturna. Isso pode
evoluir ainda para um quadro ainda mais grave de
descompensação esquerda denominado de edema agudo
de pulmão, grave, e que termina em morte se não tratado
de urgência.

2. Falhando o ventrículo direito surge o edema, ou o

inchaço, principalmente das pernas e do fígado, além de

outros órgãos, tudo provocado pelo acúmulo de líquidos

nesses órgãos.

TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR PARA IAM, ANGINA PECTORIS E


CRISE HIPERTENSIVA E INSUFICIÊNCIA CARDÍACA.

1. Realizar a análise primaria e secundária e tratar os problemas em ordem de


prioridade;
2. Verificar se a situação se enquadra no POP 02-04 – Acionamento de USA
ou POP 02-10 – Transporte Imediato;
3. Manter a vítima em repouso absoluto na posição mais confortável (em geral
sentado ou semi-sentado);
4. Afrouxar as vestes;
5. Prestar apoio psicológico;
6. Manter oxigena terapia com cateter de oxigênio em baixo fluxo (03 lpm) ou
de acordo com a orientação médica à distância;
7. Transportar ao hospital, monitorando freqüentemente os sinais vitais e o
nível de consciência.

ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE)

Qualquer órgão do encéfalo (cérebro, cerebelo e tronco cerebral) pode ser


atingido por um acidente vascular e sofrer as conseqüências de uma

103
isquemia ou redução do fluxo sanguíneo. O mais afetado é o cérebro, por
isso, ser mais comum à expressão “Acidente Vascular Cerebral”.

DEFINIÇÃO DE AVC

Dano no tecido cerebral produzido por falha na irrigação sangüínea em razão


de obstrução ou rompimento de artéria cerebral. O efeito compressivo, ou
seja, de aumento da pressão intracraniana também manifestam sinais e
sintomas e podem causar situações de risco de morte.

FISIOPATOLOGIA
OBSTRUÇÃO CIRCULATÓRIA
Como explicado na fisiopatologia do IAM, umas placas de ateroma pode se
instalar numa artéria, como a carótida interna, ao longo do tempo. Ocorrendo a
fissura da placa, a coagulação é ativada e um trombo * é formado no local. O
desprendimento de uma parte do trombo, denominada êmbolo* *, é deslocado
ao longo da circulação e pode impactar-se num vaso que participa da irrigação
encefálica. A obstrução acarreta infarto ou necrose cerebral. Dependendo do
local atingido, haverá diferentes sinais e sintomas.
O trombo pode ser formado em outras situações, tais como a fibrilação atrial,
situada no coração.

* Trombo: Coágulo formado no interior do próprio vaso sangüíneo (artéria e


arteríola) obstruindo-o.

* * Embolo: Fragmento de substância presente na corrente sangüínea, como


um coágulo sangüíneo, ar, gorduras, corpos estranhos (agulha, fragmentos de
projétil) que é transportado pelo sangue até obstruir um vaso sangüíneo de
menor diâmetro.

HEMORRAGIA CEREBRAL

Uma artéria rompe-se deixando uma área do cérebro sem


nutrição. O sangue que sai do vaso aumenta a pressão
intracraniana pressionando o cérebro e interferindo em
suas funções. Exemplo: rompimento de aneurisma
(dilatação da parede) de artéria cerebral.

SINAIS E SINTOMAS

Os sinais e sintomas dependem da área atingida. Os mais freqüentes são:

1. Dor de cabeça (cefaléia);


2. Inconsciência;
3. Confusão mental;
4. Parestesia (formigamento), paresia (diminuição da força muscular), paralisia
muscular, usualmente das extremidades e/ou da face;

6ª Edição - 2012 104


Manual de Fundamentos do Bombeiro Civil

5. Dificuldade para falar (disartria);


6. Dificuldade respiratória (dispnéia);
7. Alterações visuais (escotomas, amaurose, diplopia);
8. Convulsões;
9. Pupilas desiguais (anisocoria);
10. Perda do controle urinário ou intestinal.

TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR

1. Realizar a análise do paciente e tratar os problemas em ordem de


prioridade;

2. Manter a vítima em
repouso, na Posição
de Recuperação;

3. Proteger as extremidades paralisadas;


4. Dar suporte emocional. Evitar conversação inapropriada frente à vítima
inconsciente;
5. Transportar a vítima para o hospital monitorando os sinais vitais.

ATAQUE ISQUÊMICO TRANSITÓRIO (AIT)

DEFINIÇÃO

O Ataque Isquêmico Transitório são déficits focais cerebrais ou visuais que


desaparecem num prazo inferior a 24 horas.
Os déficits focais cerebrais podem lembrar as evidências clínicas do AVC,
entretanto desaparecem completamente.

FISIOPATOLOGIA

O êmbolo formado a partir de um trombo situado à artéria carótida, ou em


território vertebrobasilar são deslocados através da circulação e sofrem o
impacto em artérias de menor calibre, ocasionando a obstrução à passagem de
sangue no cérebro ou cerebelo. O êmbolo impactado se desfaz e permite o
retorno da circulação local.

SINAIS E SINTOMAS

Déficits motores semelhantes ao AVC, dificuldade para falar (disartria), visão


borrada com ou sem presença de sombra, vertigem, náusea, visão dupla (dipl

105
LIÇÃO 12

QUEIMAURAS

OBJETIVOS

Proporcionar aos participantes conhecimentos e habilidades que os


capacitem a:

1. Classificar as queimaduras de acordo com sua profundidade e extensão;


2. Aplicar a regra dos nove para determinar a porcentagem da superfície
corporal queimada;
3. Descrever o tratamento pré-hospitalar para uma vítima com queimadura
térmica ou química;
4. Indicar os procedimentos operacionais nos acidentes com eletricidade;

6ª Edição - 2012 106


Manual de Fundamentos do Bombeiro Civil

QUEIMADURAS

É uma lesão produzida nos tecidos de revestimento do organismo, causada


geralmente por agentes térmicos, produtos químicos, eletricidade, radiação,
etc.
As queimaduras podem lesar a pele, os músculos, os vasos sangüíneos, os
nervos e os ossos.

PRINCIPAIS CAUSAS

1. Térmicas – por calor (fogo, vapores quentes, objetos quentes) e por frio
(objetos congelados, gelo).

2. Químicas – inclui vários cáusticos, tais como substâncias ácidas e álcalis.

3. Elétricos – materiais energizado e descargas atmosféricas.

4. Substâncias Radioativas – materiais radioativos (irídio-192, cobalto-60,


césio-137, promécio-147, criptônio-85, níquel-63, Amerício-231, polônio-210) e
raios ultravioletas (incluindo a luz solar).

5. Luz intensa – atinge principalmente os olhos.

CLASSIFICAÇÃO DAS QUEIMADURAS


DE ACORDO COM A PROFUNDIDADE DA ÁREA QUEIMADA

As queimaduras classificam-se em graus, de primeiro a terceiro graus:

Queimadura de 1º Grau – Atinge somente a epiderme (camada mais


superficial da pele). Caracteriza-se por dor local e vermelhidão da área
atingida.

Queimadura de 2º Grau – Atinge a epiderme e a derme. Caracteriza-se por


muita dor, vermelhidão e formação de bolhas.

Queimadura de 3º Grau – Atinge todas as camadas (tecidos) de revestimento


do corpo, incluindo o tecido gorduroso, os músculos, vasos e nervos, podendo
chegar até os ossos. É a mais grave quanto à profundidade da lesão.
Caracteriza-se por pouca dor, devido à destruição das terminações nervosas
da sensibilidade e peles secas, duras e escurecidas ou esbranquiçadas,
ladeadas por áreas de eritema (vermelhidão).

OBSERVAÇÃO

Uma queimadura de 3º grau não é dolorosa, mas a vítima geralmente queixa-


se da dor nas bordas da lesão, onde a queimadura é de 2º ou 1º grau.

107
CLASSIFICAÇÃO DAS QUEIMADURAS
DE ACORDO A EXTENSÃO DA ÁREA QUEIMADA

De acordo com a extensão da queimadura, usamos percentagens através da


regra dos nove que permitem estimar a superfície corporal total queimada
(SCTQ). Neste caso, analisamos somente o percentual da área corpórea
atingida pela lesão, sem considerar sua profundidade (seus graus).
A regra dos nove divide o corpo humano em doze regiões; onze delas
equivalem a 9 % cada uma, e a última, a região genital equivale a 1 %,
conforme segue:

Região do corpo ADULTO CRIANÇA


Cabeça e pescoço 9% 18%
MMSS 18% 18%
Tronco anterior 18% 18%
Tronco posterior 18% 18%
MMII 36% 28%
Genitais 1% -
Total 100% 100%

GRAVIDADE DAS QUEIMADURAS

A gravidade de uma queimadura deve sempre considerar os seguintes


aspectos:

1. Grau da queimadura: 3º grau afeta estruturas e órgãos profundos abaixo do


tecido; produzem coagulação sanguínea, toxinas, etc.
2. Porcentagem da Superfície Corporal Total Queimada (SCTQ): quanto
mais extensa maior as complicações para o organismo humano,
possibilidade de choque hipovolêmico;
3. Localização da queimadura: na face produz possibilidade de obstruir VAS;
na região genital, produz dor intensa e infecções; nas mãos, produz
incapacidade funcional; na circunferência do tórax, produz grave dificuldade
respiratória; em torno de membros, produz edema com compressão dos
vasos sanguíneos e isquemia local;
4. Complicações que a acompanham: fraturas associadas, etc.;
5. Idade da vítima: (idoso), dificuldade de recuperação; (infância), produz dor
intensa, lesão vascular periférica, compromete o desenvolvimento ósseo;
6. Enfermidades anteriores da vítima: diabetes, hemofilia, cardíaco,
problemas vasculares locais.

6ª Edição - 2012 108


Manual de Fundamentos do Bombeiro Civil

ACIDENTE ENVOLVENDO ELETRECIDADE

As lesões causadas por acidentes com


eletricidade podem levar uma vítima a uma parada
cardíaca, paralisação da respiração por contração dos
músculos respiratórios e ocasionar queimaduras
locais de limites bem definidos ou de grande
extensão. A queimadura geralmente será de 3º grau,
podendo, em alguns casos, provocar a carbonização
da área afetada.
Procedimentos operacionais

1. Empregar EPI específico.


2. Verificar e afastar, ou minimizar, riscos iminentes, principalmente se a
energia foi cortada e escoada antes de abordar a vítima; observar ainda:
2.1. Se os fios estiverem em contato com veículos, orientar as vítimas a
permanecerem no seu interior até que a companhia de eletricidade possa
desenergizá-los, a não ser que haja risco iminente de incêndio ou explosões;
nestas situações, orientar a vítima a pular do veículo sem fechar o circuito com
o solo;

2.2. Se houver um fio


chicoteando, tente estabilizá-lo com
o estepe da viatura;

2.3. O socorrista que for utilizar o croque deverá ter amarrado na cintura uma
“linha de vida” (cabo multiuso) com a finalidade de retirá-lo rapidamente em
caso de contato com a fonte de energia.
3. Realizar análise primária da vítima;
3.3. Observar atentamente a qualidade do pulso, pois nessas situações
podem ocorrem arritmias cardíacas.
4. Informar a Central de Operações e aguardar determinação.
5. Tratar as queimaduras.
6. Tratar os ferimentos com técnica adequada.

109
Os problemas mais graves produzidos por uma descarga elétrica são:
parada respiratória ou cardio respiratória, dano ao sistema nervoso
central, lesões em órgãos internos e traumas associados.

ATENÇÃO

 Não esquecer de desligar a fonte de energia e certificar que toda a


eletricidade escoou, (condensadores e outros equipamentos podem
armazenar por algum tempo a energia elétrica, mesmo depois de desligada
a fonte de fornecimento) antes de acessar a vítima.
 Considerar a vítima de choque elétrico sempre como vítima de trauma
grave, mesmo que não haja sinais externos que indiquem isto.
 Considerar fios caídos sempre como energizado.

REGRAS GERAIS PARA ABORDAGEM DE QUEIMADURAS

 Nas queimaduras químicas, remover roupas contaminadas.


 Evitar contato com vítimas nos acidentes com eletricidade até que a fonte
de energia seja desligada.
 Proceder à avaliação inicial da vítima assegurando vias aéreas superiores
permeáveis, permitindo uma boa respiração.
 Posicione-a confortavelmente.
 Proteger a vítima e suas lesões de eventuais durante o transporte.

TRATAMENTO:

 Se a vítima estiver com fogo nas vestes


envolva-a em um cobertor a partir do
pescoço em direção aos pés.

 Interromper a reação de calor, irrigando com água limpa na temperatura


ambiente.
 Retirar as vestes com delicadeza, sem arrancá-las, se possível, utilize uma
tesoura.
 Não arrancar o tecido se estiver aderido à queimadura, apenas resfriá-lo
com água limpa na temperatura ambiente, deixando-o no local.
 Retirar das extremidades anéis, pulseiras, relógios ou jóias antes que o
membro edemacie e a retirada fique impossibilitada.
 Avaliar as regiões do corpo acometidas, a profundidade da lesão (1º, 2° ou
3° grau), e a extensão da lesão.
 Caso haja acometimento da face (queimadura de pele, cabelos ou pêlos do
nariz e das pálpebras) ou possibilidade de que a vítima tenha inalado
fumaça ou gases, dar especial atenção às vias aéreas e a respiração.

6ª Edição - 2012 110


Manual de Fundamentos do Bombeiro Civil

 Proteger as áreas queimadas com plástico estéril ou gaze e bandagens


limpas. Se a área afetada envolver mãos ou pés, separar os dedos com
pequenos rolos de gaze umedecida em soro fisiológico antes de cobri-los.
 Prevenir estado de choque durante o transporte.

CONDUTA PARA QUEIMADURAS QUÍMICAS

 Antes de manipular qualquer vítima que ainda esteja em contato com o


agente agressor (no ambiente, nas vestes ou na pele), proteger-se de sua
exposição. Se possível, identificar o agente agressor.
 Não adentre área que esteja contaminada com gases tóxicos. Acione o
Corpo de Bombeiros (FONE 193).

 Retirar as vestes da vítima que estiverem


impregnadas pelo produto e enxaguar a pele em
água corrente, abundantemente, por no mínimo 20
(vinte) minutos, antes de conduzir para o hospital.

 Se o produto for seco (na forma granulada ou pó), retirá-lo manualmente


sem friccionar (com pano seco ou escova). Posteriormente irrigue a área
com água em abundância.
 Cubra a área atingida com compressas secas limpas e conduza para um
hospital.

Ao irrigar um olho atingido por uma queimadura


química evite atingir com respingos o olho não
afetado.

ATENÇÃO
Vítimas de queimaduras com 30% ou mais de área corpórea atingida, tendem
a apresentar hipotermia severa. Após interromper a reação de calor, cubra
imediatamente a vítima.

111
LIÇÃO 13

INTOXICAÇÕES

OBJETIVOS:

Proporcionar aos participantes conhecimentos e habilidades que os capacitem


a:

1. Indicar as vias do agente nocivo no organismo nos casos de intoxicações;


2. Enumerar os principais sinais e sintomas das intoxicações;
3. Descrever o tratamento pré-hospitalar para vítimas de intoxicações;
4. Identificar as principais espécies de animais peçonhentos;
5. Descrever o tratamento pré-hospitalar para vítimas de acidentes com
animais peçonhentos.

6ª Edição - 2012 112


Manual de Fundamentos do Bombeiro Civil

Em todo o mundo, já foram identificados mais de 9 milhões de agentes


químicos naturais e sintéticos, no entanto, menos de 3000 são os causadores
de mais de 95% das intoxicações.
Alguns casos de envenenamentos são causados por tentativas de
suicídios, muitos outros são acidentais e envolvem principalmente crianças.
A identificação do agente tóxico e um conhecimento preciso do seu
potencial de toxidade são pontos chaves para o atendimento inicial da vítima.
Membros da família ou outras pessoas, naturalmente, informam o fato
durante a chamada de socorro. O socorrista ao avaliar a cena da emergência,
pode suspeitar de envenenamento ao perceber a presença de recipientes,
líquidos derramados, cápsulas, comprimidos, substâncias venenosas ou
qualquer indício que permita identificar a substância tóxica. Adicionalmente, os
sinais e sintomas que a vítima apresenta podem indicar um caso de
envenenamento ou overdose de drogas. Na ausência dessas informações os
socorristas devem se basear apenas no atendimento geral de suporte básico
de vida. Os Centros de Controle de Intoxicação, locais ou regionais, devem ser
acionados para informações técnicas suplementares, sempre que necessário.

TÓXICO

Tóxico ou veneno é qualquer substância que afeta a saúde ou causa a


morte por sua ação química quando interage com o organismo. É importante
informar que todo medicamento apresenta propriedades terapêuticas.
Entretanto, em doses excessivas, todos podem tornar-se tóxicos.

INTOXICAÇÃO

Emergência médica caracterizada por distúrbios no funcionamento de


órgãos ou sistemas causados pela inteiração com o organismo humano de
substâncias químicas ou orgânicas.

SUBSTÂNCIAS GERALMENTE ENVOLVIDAS

1. Medicamentos: antidepressivos, estimulantes, analgésicos;


2. Derivados de petróleo: gasolina, óleo diesel, graxa, naftalina;
3. Cosméticos: esmalte, acetona, talcos;
4. Pesticidas, raticidas, agrotóxicos; organofosforados, pentaclorofenol,
compostos cumarínicos;
5. Plantas venenosas: comigo-ninguém-pode; trombeta;
6. Outros: drogas; alimentos contaminados; limpadores domésticos; chumbo;
pomadas, cremes, contato com insetos (taturana); picada de insetos,
acidente ofídico, drogas injetáveis.

113
VIAS DE INGRESSO DO AGENTE NOCIVO

1. Ingestão: deglutição de substâncias químicas, acidental ou


intencionalmente;

2. Inalação: aerossóis, pós, fumaças, gases;

3. Absorção: através do contato direto da pele com certas substâncias;

4. Injeção: inoculada no organismo humano através de peçonhas ou


seringas.

Os agentes são classificados em:

 Gases, compostos voláteis, metais, inseticidas, herbicidas, rodenticidas,


fungicidas, compostos hipnoanalgésicos, ansiolíticos, neurolépticos,
estimulantes centrais e compostos barbitúricos.

SUBSTÂNCIA EXEMPLOS
Gases Monóxido de carbono, ozônio, cloro, bromo, ácido
cianídrico.
Compostos voláteis Etanol, metanol, anilina, gasolina, querosene,
benzeno, clorofórmio, acetona, tolueno.
Metais Mercúrio, chumbo, arsênico, cromo, manganês.
Inseticidas Organofosforados, carbamatos, organoclorado.
Herbicidas Pentaclorofenol, paraquat, diquat, dinitrofenóis.
Rodenticidas Cumarínicos
Fungicidas Organofosforados, carbamatos.
Hipnoanalgésicos Ópio, opióides, meperidina, meta dona.
Neurolépticos Haloperidol (Haldol), tioridazida.
Ansiolíticos Benzodiazepínicos
Estimulantes centrais Anfetaminas, cocaína, xantinas.
Compostos barbitúricos Fenobarbital,

AÇÃO DOS GASES

MONÓXIDO DE CARBONO

 Proveniente da queima incompleta de produtos constituídos por carbono


em incêndios. Portanto, a aspiração da fumaça proveniente durante um período
de tempo pode gerar intoxicação. Outras fontes de emissão de monóxido de
carbono são os veículos automotores.
É um agente que atua no transporte de oxigênio, pois ao ligar à hemoglobina,
forma um complexo monóxido-hemoglobina irreversível (carbohemoglobina).
A intoxicação pode ser classificada como sobre aguda, aguda e crônica. É
importante conhecer os efeitos das duas primeiras.

6ª Edição - 2012 114


Manual de Fundamentos do Bombeiro Civil

 Sobre aguda

1. Inalação de grandes quantidades de monóxido, levando à parada


respiratória ou PCR por depressão do centro respiratório.

 Aguda: três períodos distintos:

1. Lesão neurológica: cefaléia, vertigem e zumbidos e fraqueza muscular;


2. Paralisia muscular generalizada, rebaixamento do nível de consciência e
bradipnéia (respiração lenta).
3. Ocorre somente em casos que se recuperam da intoxicação. O paciente
pode apresentar amnésia, nevralgias, confusão mental durante meses.

CLORO E BROMO

 São gases de ação cáustica que, se inalados podem reagir com a água
presente nas mucosas bronco pulmonar e formar os ácidos clorídrico e
bromídrico, respectivamente. Os ácidos promovem a corrosão sobre os
alvéolos e dos capilares sangüíneos, ocasionando o edema pulmonar que
leva à morte por asfixia.

ÁCIDO CIANÍDRICO E CIANETOS

Classe I Extremamente tóxicos Faixa Vermelha


Classe II Altamente tóxicos Faixa Amarela
Classe III Medianamente tóxicos Faixa Azul
Classe IV Pouco ou muito pouco tóxicos Faixa Verde

 Estes sinais e sintomas têm muito em comum com emergências clinicas.


Nunca afirme que há um abuso de álcool ou droga, se não tiver certeza.
 Um usuário de drogas, freqüentemente usará mais de uma droga e mais de
uma vez. Por isso, é impossível em um simples exame físico identificar qual
é a droga que está causando o problema.

ABUSO DE ETANOL (BEBIDAS ALCOÓLICAS)

O álcool etílico presente nas bebidas alcoólicas é uma droga


socialmente aceita, quando ingerida com moderação, mas pode ter efeitos
devastadores no organismo. A ingestão excessiva de álcool pode acarretar em
intoxicação aguda, e em casos extremos pode causar a morte devido à
depressão respiratória. Uma vítima intoxicada não pode ser alvo de
preconceito. Muitos casos apresentam lesões crônicas. Outros que estão
tentando evitar o consumo podem apresentar convulsões, alucinações e
podem entrar num estado de vigília alterado que evolui para a morte. Esta
condição grave é denominada delirium tremens. A vítima pode sofrer ou causar
115
traumas em outras pessoas enquanto apresentar intoxicação etílica aguda.
Este assunto será discutido mais adiante. Como Socorrista, procure oferecer
cuidada a vítima intoxicada pelo etanol como você faria a qualquer outra vítima.
Determine que o problema fosse causado pelo álcool e que este abuso é o
único problema. Lembre-se que diabetes, epilepsia, ferimentos na cabeça,
febres altas e outros problemas clínicos podem fazer a vítima parecer
alcoolizado. Se a vítima permitir, faça a entrevista. Em alguns casos, você terá
que depender das pessoas presentes no local para obter uma informação
significante.

SINAIS INDICATIVOS DO ABUSO DE ÁLCOOL

 Odor de álcool no hálito da vítima ou em suas vestimentas. Isto é bastante


significativo. Certifique-se de que não é hálito cetônico, apresentado pelo
diabético.
 Falta de equilíbrio e com movimentos instáveis, sem coordenação.
 Fala desarticulada e com inabilidade para manter a conversação.
 Não pense que a situação não é séria apenas pelas piadas feitas pela
vítima e presentes no local.
 Rubor, suor e queixa de calor.
 Vômito ou desejo de vomitar.

A vítima alcoólatra pode estar em uma crise de abstinência de álcool. Delirium


Tremens pode ser resultado da retirada súbita do álcool. Em tais casos, atente
para:
 Confusão e inquietação.
 Comportamento atípico de fúria ou agitação intensa.
 Algumas vítimas de Delirium Tremens poderão apresentar alucinações.
 Tremor nítido nas mãos.

Alguns dos sinais apresentados no abuso de etanol são semelhantes


àqueles encontrados em emergências clínicas. Tenha certeza de que o único
problema é o abuso de álcool. Lembrem-se, pessoas feridas ou doentes
também abusam do álcool. Os efeitos do álcool podem mascarar os sinais
típicos e sintomas. Também esteja alerta para outros sinais, como sinais vitais
alterados devido ao álcool e drogas.

Nunca pergunte se a vítima tomou qualquer droga, pois ele pode


pensar que você está reunindo evidências de um crime. Evite a palavra
"droga". Pergunte se algum medicamento foi ingerido enquanto bebia.

SINAIS E/OU SINTOMAS GERAIS DAS INTOXICAÇÕES

1. Queimaduras ou manchas ao redor da boca;


2. Formação excessiva de saliva ou espuma na boca;
3. Odor inusitado no ambiente, no corpo ou nas vestes da vítima;
4. Respirações rápidas e superficiais;
5. Pulso alterado na freqüência e ritmo;
6. Sudorese;
7. Alteração do diâmetro das pupilas;

6ª Edição - 2012 116


Manual de Fundamentos do Bombeiro Civil

8. Dor abdominal;
9. Náuseas; vômitos;
10. Diarréia;
11. Hemorragias digestivas;
12. Distúrbios visuais;
13. Tosse;
14. Reações na pele, que podem variar de irritação até queimaduras químicas;
15. Coceiras (pruridos) e ardência na pele;
16. Aumento da temperatura da pele;
17. Picadas e mordidas visíveis na pele com dor ou inflamação;
18. Confusão mental, inconsciência;
19. Convulsões;
20. Choque anafilático;
21. Parada respiratória ou cardio respiratória.

TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR DAS INTOXICAÇÕES

1. Garantir a segurança pessoal e da equipe de resgate - (uso de EPI e EPR);


2. Remover a vítima do local de risco, especialmente quando exposta à
atmosfera gazeada;
3. Realizar a análise primaria e secundária e tratar os problemas em ordem
de prioridade;
4. Remover as roupas do acidentado caso estejam contaminadas;
5. Verificar se a situação se enquadra no POP 02-04 – Acionamento de USA
ou 02-10 – Transporte Imediato;
6. Verificar se a situação se enquadra no POP 02-09 Restrição de Vítimas;
7. Nos casos de contato da pele da vítima com substâncias químicas, lavar
com água limpa, ou soro fisiológico, a fim de remover o máximo de
substância possível;
8. Mantenha a temperatura corporal da vítima estabilizada;
9. Vítimas inconscientes que apresentem possibilidade de vomitar devem ser
posicionadas e transportadas na Posição de Recuperação;
10. Vítimas conscientes, apresentando dificuldade respiratória, devem ser
posicionadas e transportadas em decúbito elevado (semi-sentada);
11. Transporte junto com a vítima: resto de substâncias, recipientes e
aplicadores de drogas ou vômito.

Tenha certeza que a vítima não possui traumatismos, pois as drogas


podem "mascarar" a dor!

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES

 Nas intoxicações por inalação de CLORO - administra-se oxigênio seco –


POP 05-01.
 Não se administra oxigênio em vítimas intoxicadas por compostos
cumarínicos, substâncias utilizadas em defensivos agrícolas, sob pena de
agravar o envenenamento e auxiliar na morte do acidentado.
 Suspeite de envenenamento em qualquer paciente que apresentar uma
doença aguda ou grave inexplicada.

117
 NÃO induzir o vômito, exceto se houver orientação médica através do
COBOM.
 NÃO tente neutralizar o veneno ou a droga, exceto nos casos em que
houver orientação médica através do COBOM.

ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS

As serpentes peçonhentas
encontradas no Brasil pertencem aos
gêneros Bothrops, Crotalus, Micrurus e
Lachesis. Com exceção da Lachesis,
encontrada com mais freqüência na região
Amazônica, às demais podem aparecer nas

Coral 0,7%
outras regiões do Brasil. A maioria dos
Surucucu 2,9% acidentes é causada pelas serpentes do
Cascavel 8,2% gênero Bothrops (88,2%), seguido pelo
Jararaca 88,2%
Crotalus (8,2%); lachesis (2,9%) e micrurus
(0,7%).

ACIDENTE BOTRÓPICO

 Esse acidente é causado por


serpentes do gênero Bothrops, dentre as
quais destacam-se a jararaca, a
jararaca-pintada, a urutu-cruzeiro, a
jararacuçu e a cotiara.

6ª Edição - 2012 118


Manual de Fundamentos do Bombeiro Civil

O veneno botrópico possui principalmente as frações proteolíticas,


coagulantes e vasculotóxica, que determinam manifestações precoces, em
geral uma a três horas após o acidente. A ação proteolítica caracteriza-se por
edema local firme, acompanhado de dor que pode variar de discreta a intensa,
bolhas, necroses e abscessos. A ação vasculotóxica manifesta-se por
hemorragias devido à lesão vascular, equimoses e sangramentos tais como
epistaxe e hemorragia nas gengivas.

ACIDENTE LAQUÉSICO

 Acidente é causado pelas serpentes


do gênero Lachesis, encontradas
em florestas da zona trópico-
equatorial e conhecidas por
surucucu. A fisiopatologia do veneno
deste tipo de serpente se assemelha
muito com as do gênero Bothrops,
uma vez que ambas apresentam as
frações proteolítica e coagulante.
 As serpentes deste gênero inoculam
grande quantidade de veneno.

ACIDENTE ELAPÍDICO

 As serpentes do gênero Micrurus,


que são as corais verdadeiras e
venenosas, causam este tipo de
acidente. A ação neurotóxica deste
veneno manifesta-se precocemente e
determina casos graves. As
manifestações clínicas caracterizam-se
por ptose palpebral bilateral, diplopia,
anisocoria, mialgia, sialorréia, dispnéia e
paralisia respiratória. O óbito é causado
por insuficiência respiratória aguda.

 As manifestações clínicas caracterizam-se por queda da pálpebra bilateral,


visão dupla, anisocoria, dor muscular, salivação abundante, dispnéia e

119
paralisia respiratória. O óbito é causado por insuficiência respiratória
aguda.

ACIDENTE CROTÁLICO

 Esse acidente é causado pelas


serpentes do gênero Crotalus,
conhecidas popularmente por cascavéis.
As manifestações clínicas deste acidente
são precoces, surgindo em torno de uma
a três horas após a picada.

PRINCIPAIS ARANHAS VENENOSAS

ACIDENTE POR PHONEUTRIA

 Este acidente é causado pelas aranhas do


gênero Phoneutria, conhecidas por aranhas
armadeiras, que se refugiam nas residências e
seus arredores, bananeiras e folhagens de
jardim.

 O acidente causa dor local intensa, geralmente irradiando para a raiz do


membro acometido. Em crianças é possível ocorrer choque neurogênico
após a picada.

6ª Edição - 2012 120


Manual de Fundamentos do Bombeiro Civil

ACIDENTES POR LYCOSA

 O acidente é causado por aranhas


do gênero Lycosa, conhecidas como
aranhas de jardim, de grama ou
tarântula. Apresentam como
característica um desenho negro em
forma de ponta de flecha no dorso do
abdome. São aranhas errantes,
vivem em gramados junto às
residências e não são agressivas.
Quadro clínico pouco importante. O
tratamento restringe-se ao curativo local. Não
há necessidade de soroterapia específica.

ACIDENTE POR LOXOSCELES

 Causado pelas aranhas do gênero


Loxosceles, conhecidas por aranha-
marrom. São aranhas cerca de 1 cm de
corpo, de hábitos noturnos. Podem viver
no interior das residências, atrás de
móveis, em porões, sótãos e quartos de
despejo. Não são agressivas, picando
quando comprimidas contra a roupa.

Aranhas pequenas, com aproximadamente 1 cm de corpo, hábitos noturnos,


podendo viver no interior das residências, atrás de móveis, em porões e
quartos de despejo. Não são agressivas, picando quando comprimidas contra a
roupa.

As ações proteolítica e hemolítica do veneno dessas aranhas manifestam-se


tardiamente, em torno de 12 a 24 horas após o acidente.

121
O quadro clínico cutâneo caracteriza-se por edema, eritema, dor local
semelhante à queimadura. Quando há comprometimento da pele e vísceras,
observamos febre, mal-estar generalizado, icterícia, equimose, vesículas,
bolhas, necrose e ulceração. A urina torna-se escura, cor de "coca-cola".

ACIDENTE POR LATRODECTUS

 Este acidente é causado pelas aranhas


do gênero Latrodectus, conhecidas
popularmente por viúva-negra, aranha
ampulheta ou flamenguinha.

ACIDENTE POR PAMPHOBETEUS E GRAMMOSTOLA

 Estas aranhas são conhecidas


popularmente por aranhas
caranguejeiras e não são venenosas.
Sua importância médica está no fato
delas poderem lançar pêlos urticantes,
situados no dorso do abdome. Estes
pêlos podem causar reações de
hipersensibilidade, com prurido cutâneo,
mal-estar, tosse, dispnéia, bronco
espasmo.

6ª Edição - 2012 122


Manual de Fundamentos do Bombeiro Civil

ESCORPIÕES

Os escorpiões do gênero Tytius são os causadores deste tipo de


acidente. As principais espécies são o Tytius bahiensis (escorpião marrom),
Tytius stigmurus e Tytius serrulatus (escorpião amarelo). Este último é
atualmente o causador do maior número de mortes, principalmente quando
acomete crianças abaixo de 7 anos de idade.

Tytius serrulatus
Tytius bahiensis Tytius stigmurus

Tytius serrulatus

123
RESUMO DOS SINAIS E SINTOMAS GERAIS DOS ACIDENTES COM
ANIMAIS PEÇONHENTOS
1. Dor local intensa;
2. Marcas de picada, mordedura;
3. Edema, vermelhidão, hematoma, bolhas;
4. Dificuldades respiratórias, sinais de edema de glote;
5. Queda da pálpebra e distúrbios visuais;
6. Alteração no nível de consciência;
7. Reação anafilática;
8. Náuseas e vômitos;
9. Convulsões;
10. Relato de alteração da cor (escura) e quantidade (diminuída) da urina.

TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Procedimentos operacionais

1. Manter a vítima em repouso absoluto, não deixá-la locomover-se;


2. Remover anéis, pulseiras, braceletes, e outros adornos;
3. Se possível e oportuno, capture o animal e leve-o para identificação;
4. Lavar o local da picada com água
e sabão;
5. Proteger o local da lesão fazendo
curativo com gaze seca;
6. Transportar ao hospital indicado.
 Procurar capturar o animal,
desde que feito com segurança e
não comprometa ou retarde o
transporte da vítima; transporte o
animal com segurança também ao
hospital, em recipiente adequado.

ATENÇÃO

 Somente soro específico cura o envenenamento provocado por picadas


quando aplicado adequadamente.
 NÃO fazer qualquer tratamento caseiro como torniquete, sucção,
perfuração, pó de café, fumo, etc.
 Se houver tempo e condições, conduzir o animal que provocou a lesão
para avaliação e identificação.
 Nos casos de acidentes com escorpiões, o risco de vida aumenta
quando a vítima tiver idade abaixo de 07 anos e acima de 50 anos ou ainda
vítima que apresente distúrbios orgânicos graves.

6ª Edição - 2012 124


Manual de Fundamentos do Bombeiro Civil

125
LIÇÃO 14

AFOGAMENTO e QUASE AFOGAMENTO

OBJETIVOS

Proporcionar aos participantes conhecimentos e habilidades que os capacitem


a:

1. Definir a fisiopatologia do afogamento;


2. Executar o atendimento pré-hospitalar para uma vítima de quase-
afogamento, inconsciente e com sinais vitais;
3. Executar o atendimento pré-hospitalar para uma vítima de quase-
afogamento com parada cardio respiratória.

6ª Edição - 2012 126


Manual de Fundamentos do Bombeiro Civil

INTRODUÇÃO

A maioria das pessoas quando pensam em acidentes relacionados


com água, lembram somente do afogamento. Não há dúvida de que o
afogamento é considerado o problema principal, até mesmo quando o motivo
que causou o afogamento da pessoa for um trauma ou uma emergência
clínica.
Os traumas podem ocorrer tanto na profundidade, como na superfície
ou perto da água. Acidentes de navegação e de mergulhos produzem
obstrução de vias aéreas, fraturas, hemorragias e ferimentos nos tecidos
moles. Quedas de pontes e acidentes com veículos motorizados, também
podem envolver a água. Nesses casos, as vítimas do acidente sofrem lesões,
normalmente associadas ao tipo de acidente, além das conseqüências do
acidente com a água (afogamento, quase-afogamento, hipotermia etc.).
No socorro a vítimas de acidente aquático deve-se levar em conta o
mecanismo de trauma e fazer a avaliação completa da vítima incluindo
entrevista e exame físico.
Deve-se lembrar que os afogamentos podem ocorrer em locais
diferentes de piscinas e de praias. São necessários somente alguns
centímetros de água para que um adulto se afogue. Com os bebês, as
situações de risco de afogamento são ainda maiores.

AFOGAMENTO

Definição

 Morte por asfixia por imersão em meio líquido de qualquer natureza.

QUASE AFOGAMENTO

Definição

 Acidente por imersão em que a vítima aspira líquido ou sobrevive à


reanimação cardio pulmonar.

PRINCIPAIS CAUSAS DE AFOGAMENTO ou QUASE-AFOGAMENTO

1. Uso de
drogas.....................................................................................................32,2%
2. Epilepsia (crise convulsiva)
................................................................................18,1%
3. Traumatismos
.....................................................................................................16,3%
4. Doenças cardíacas e/ou
pulmonares..................................................................14,1%
5. Acidentes de
mergulho..........................................................................................3,7%

127
6. Não
especificadas................................................................................................11,
6%
Fonte: 17º GB – 2008 (São Paulo).

FISIOPATOLOGIA DO AFOGAMENTO

A função respiratória fica prejudicada pela entrada de líquido nas vias aéreas,
interferindo na troca de oxigênio (O 2) por gás carbônico (CO2) de duas formas
principais:
 Pela obstrução parcial (freqüente) das vias aéreas superiores por uma
coluna de líquido;
 Pela inundação dos alvéolos com este líquido.

Estas duas situações provocam a diminuição ou a abolição da passagem do O 2


para a circulação e do CO2 para o meio externo.
Estes são os dois efeitos imediatos que a asfixia provoca no organismo, dos
quais derivam todas as outras complicações, e serão maiores ou menores de
acordo com a quantidade de líquido aspirado, conforme veremos adiante nos
diversos graus do afogamento.

FASES DO AFOGAMENTO

1. Medo ou pânico de afogar;


2. Luta para manter-se na superfície, seguida de parada da respiração
(apnéia) na hora da submersão, cujo tempo dependerá da capacidade
física de cada indivíduo;
3. Aspiração de líquido durante a submersão que pode provocar irritação nas
vias aéreas, suficiente para promover, em certos casos, um espasmo da
glote tão forte a ponto de impedir uma nova entrada de água,
caracterizando um afogamento do tipo seco (15% dos casos), sem água
nos pulmões, mas com asfixia;
4. Em 85% dos casos não ocorre espasmo glótico, havendo entrada de água
em vias aéreas, inundando o pulmão.

CLASSIFICAÇÃO DO AFOGAMENTO

Afogamento em água doce

 No caso de afogamento em água doce (a água doce possui concentração


de sal igual à zero, ou seja, sem concentração), que tem concentração
menor que o plasma sangüíneo, a água passará rapidamente pela
membrana alveolar para as circulações sangüíneas, aumentando o volume
circulante nos vasos sangüíneos (hipervolemia) (efeito contrário ao da água
do mar).

Afogamento em água salgada

6ª Edição - 2012 128


Manual de Fundamentos do Bombeiro Civil

 Quando o afogamento se processa em água do mar (água salgada – Nacl


– Cloreto de Sódio a 3%), esta apresenta uma maior concentração que o
plasma sangüíneo (Nacl a 0,9%), resultando inicialmente na passagem,
através da membrana alveolar, do líquido plasmático para o interior dos
alvéolos, aumentando o seu “enxarcamento”. No entanto este
enxarcamento se reverterá quando o sangue equilibrar a concentração com
o líquido intra-alveolar cheio de sal (Nacl) e, então, essa mistura passará a
ser absorvida gradativamente para os vasos sangüíneos e então eliminado
o que ocorre em horas a dias depois do caso.

Há alguns anos, pensava-se que as alterações eletrolíticas (concentrações de


sódio e potássio) e o tipo de água (doce ou salgada) eram os fatores mais
importantes do afogamento. Hoje, sabe-se que são irrelevantes e que não
precisam de qualquer tratamento diferenciado.
A penetração de água no tecido pulmonar e alveolar levará, no entanto, quase
sempre a uma Inflamação Pulmonar pela reação do pulmão à presença da
água, como pela existência de impurezas e microorganismos no líquido
aspirado por ocasião do afogamento, podendo causar, também, uma Infecção
Pulmonar (pneumonia) com sérias complicações.

Afogamento Primário

 Quando ocorre a morte no instante do acidente.

Afogamento Secundário

 Quando a vítima que tenha sido removida da água ainda com vida venha a
falecer em conseqüência dos eventos da aspiração de líquido e hipóxia.

CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM A GRAVIDADE

A Classificação Clínica do Afogado tem como objetivo facilitar a avaliação e a


conduta médica das vítimas deste tipo de acidente, levando em consideração
as alterações na ausculta pulmonar, presença de hipotensão arterial, parada na
respiração (apnéia) e parada cardíaca e respiratória (PCR).
A classificação não tem caráter evolutivo, portanto deve ser estabelecida no
local do afogamento ou no primeiro atendimento, relatando se houve melhora
ou agravamento do quadro clínico.
Exemplo: O paciente encontrado em grau VI, e que for reanimado, continuará
a merecer essa classificação durante todo o tempo em que permanecer
internada.

QUASE-AFOGAMENTO GRAU I

1. É representado pelas vítimas que aspiram quantidade mínima de água,


suficiente para produzir tosse.
2. A ausculta pulmonar é normal ou apresenta sibilos (chiados no peito) ou
roncos.

129
3. Geralmente encontram-se lúcidas, porém, podem estar agitadas ou
sonolentas. Seu aspecto geral é bom.
4. Apresenta-se com frio, freqüência respiratória e cardíaca aumentadas
pelo esforço e pelo estresse do afogamento.
5. Sem sinais importantes de comprometimento cardíaco ou respiratório
(ausência de secreção oral ou nasal).
6. A cianose pode estar presente pela ação do frio e não pela hipóxia.
Necessitam de repouso, aquecimento e medidas que visem e seu
conforto e tranqüilidade. O socorrista sempre conduzira a vítima ao
hospital para avaliação.
QUASE-AFOGAMENTO GRAU II

1. Vítimas que aspiraram uma pequena quantidade de água, suficiente


para alterar a troca de O2 - CO2 pulmonar;
2. Apresentam-se lúcidas, agitadas ou desorientadas, podendo apresentar
sinais de cianose de lábios e dedos, indicando comprometimento
respiratório, e alterações cardiovasculares leves, com freqüência
cardíaca e respiratória aumentada;
3. Na ausculta pulmonar, apresenta estertores de leve a moderada
intensidade em alguns campos do pulmão;
4. Necessitam de atendimento de Suporte Avançado de Vida, oxigeno
terapia, prevenção de hipotermia e apoio psicológico.

QUASE-AFOGAMENTO GRAU III

1. Vítimas que aspiraram quantidade importante de água (geralmente mais do


que 2 a 3 ml/Kg de peso);
2. Apresentam sinais de insuficiência respiratória aguda, com dispnéia intensa
(dificuldade respiratória), cianose de mucosas e extremidades, estertoração
intensa à ausculta pulmonar (edema agudo de pulmão) e secreção oral e nasal
em forma de espuma;
3. Apresentam vômitos, que pode ser fator de agravamento. Evitar aspiração
aspirando à vítima ou virando-a em monobloco (trauma) ou somente a cabeça
de lado – (sem indícios de trauma);
4. Apresentam-se com agitação psicomotora ou torpor (desperta se estimulada
fortemente), taquicárdico e com PA ás vezes normal. Por sua gravidade os
casos grau III necessitam de cuidados de Suporte Avançado de Vida imediata.

QUASE-AFOGAMENTO GRAU IV

1. A vítima nestes casos se apresenta em coma (não desperta nem com


estímulos fortes);
2. Apresenta-se com taquicardia e hipotensão arterial ou choque (pressão
arterial sistólica menor do que 90 mmhg).

QUASE-AFOGAMENTO GRAU V

6ª Edição - 2012 130


Manual de Fundamentos do Bombeiro Civil

1. A vítima nestes casos se apresenta em parada respiratória (apnéia),


mas com pulso arterial carotídeo presente, indicando atividade cardíaca;
2. Encontra-se em coma leve a profundo (inconsciente), com cianose
intensa, grande quantidade de secreção oral e/ou nasal, e distensão
abdominal freqüente por ingestão excessiva de água;
3. Pode ser reanimado, se for atendido precocemente (de imediato) com o
restabelecimento de sua função respiratória, através dos métodos de
ventilação artificial.

QUASE-AFOGAMENTO GRAU VI

É a parada cardio respiratória (PCR), representada pela apnéia (parada


respiratória), e pela ausência de batimentos cardíacos (pulsos arteriais
ausentes). Encontram-se inconscientes.

Fatores que juntos ou isolados podem explicar os casos de sucesso na


reanimação cardio pulmonar de vítimas submersas por tempo maior do que
cinco minutos:
1. Redução das necessidades metabólica devido à hipotermia nos acidente
em água fria;
2. A continuação da troca gasosa de O 2 e CO2 apesar da presença de líquido
no alvéolo até ocorrer à interrupção da atividade cardíaca;
3. Se houver gás nos alvéolos, a quantidade de oxigênio aumentará quanto
maior for à profundidade de submersão do afogado;
4. Em crianças, se houver o reflexo de mergulho (reflexo que reduz o
consumo de oxigênio em mamíferos que entram dentro d’ água reduzindo o
metabolismo a níveis basais), haverá uma reserva maior de oxigênio para
se consumir, portanto, maior possibilidade de sobrevivência.

SALVAMENTOS DE VÍTIMA DE ACIDENTE AQUÁTICO

1. Utilizar a técnica e equipamentos apropriados para realizar o salvamento,


removendo-a para local seguro;
2. Tomar cuidado com a região cervical ao manusear vítimas de quase-
afogamento, pois podem apresentar lesão raquimedular;
3. Nos acidentes, em local raso, aplicar o colar cervical, a prancha longa e o
apoio lateral de cabeça antes de removê-la da água.

131
TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR PARA VÍTIMAS DE QUASE-
AFOGAMENTO

COM SINAIS VITAIS

1. Realizar a análise primária e secundária e tratar os problemas encontrados


em ordem de prioridade;
2. Verificar se a situação se enquadra no POP 02-04 – Acionamento de USA
ou 02-10 – Transporte Imediato;
3. Retirar as vestes molhadas e secar imediatamente todo o corpo da vítima;
4. Mantê-la aquecida com cobertor ou manta aluminizada, mantendo apenas
a face exposta e conduzi-la para ambiente aquecido. Ex. interior da UR;
5. Se não há indícios de que tenha sofrido lesão de coluna, posicioná-la e
mantê-la na posição de drenagem postural - decúbito lateral - durante o
atendimento e transporte;
6. Se há indícios de que tenha sofrido lesão de coluna, posicioná-la e mantê-
la na em DDH para o transporte;
7. Monitorá-la constantemente durante o transporte.

ATENÇÃO

 Não tentar drenar fluído dos pulmões ou do estômago através da


utilização de manobras de compressão abdominal (Manobra de
Heimlich). A tentativa de esvaziar o estômago distendido só aumenta o
risco de bronco-aspiração na ausência de intubação endotraqueal
(medida realizada por profissional da saúde), portanto é contra-indicada.

COM PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA

1. Na ausência de pulso carotídeo, iniciar a REANIMAÇÃO


CARDIOPULMONAR;
(melhor prognóstico – possibilidade de recuperação - quando as vitimas
estiverem submersas por menos de 60 minutos em água com temperatura
inferior a 21ºC);
2. Prevenir o aumento da hipotermia durante a reanimação cardio pulmonar,
removendo as vestes molhadas, secando o corpo da vítima tão logo seja
possível, cobrindo-a de forma a deixar exposta somente à face e o tórax,
conduzindo-a para o interior de ambiente aquecido.

6ª Edição - 2012 132


Manual de Fundamentos do Bombeiro Civil

LIÇÃO 15

PARTO EMERGENCIAL

OBJETIVOS:

1. Demonstrar em um manequim feminino, o atendimento pré-hospitalar da


mãe e do bebê, antes, durante e após o parto emergencial;
2. Descrever 3 complicações típicas durante um parto e o tratamento pré-
hospitalar de cada uma delas;
3. Descrever o processo de atendimento de um parto com prolapso de
cordão e com apresentação de nádegas.

133
1. INTRODUÇÃO - ANATOMIA DA MULHER GRÁVIDA

PLACENTA

CORDÃO
UMBILICAL

COLO DO ÚTERO
OSSO DO PÚBIS
BEXIGA URINÁRIA RETO

VAGINA (Canal do nascimento)


PERÍNEO

Feto: Ser que está se desenvolvendo e crescendo dentro do útero. Até a 8ª


semana de gestação, o bebê é chamado de embrião e após esse período
passa a chamar-se feto.
Útero: Órgão muscular dentro do qual se desenvolve o feto. O útero contrai-se
durante o trabalho de parto, empurrando o feto para o canal de parto.
Colo uterino: Extremidade inferior do útero que se dilata permitindo que o feto
entre na vagina. Também chamado de cérvix.
Vagina: Canal por onde o feto é conduzido para o nascimento.
Saco ou bolsa amniótica: Estrutura tipo bolsa que se forma no interior do
útero, é constituído por uma membrana cheia de líquido que envolve e protege
o feto.
Líquido amniótico: Líquido presente dentro do saco amniótico, sua função é
manter a temperatura do feto e protegê-lo de impactos. Durante o parto
concorre para formar a bolsa das águas e lubrificar o canal do parto após a
rutura das membranas. Sua cor normal é clara (branco opalescente), quando
está ocorrendo anóxia e sofrimento fetal, este líquido torna-se esverdeado.
Placenta: Órgão especial, formado durante a gravidez, constituído por tecidos
maternos e fetais, permitindo a troca de nutrientes entre a mãe e o feto.
Normalmente expelido ao final do trabalho de parto. Tem formato discoidal ou
ovular, com 15 a 20 cm de diâmetro, com aproximadamente 3 cm de espessura
e 500 g de peso, na gravidez de termo.
Cordão Umbilical: estrutura constituída por vasos sangüíneos, através da qual
o feto se une à placenta, seu comprimento é em média de 55 cm.

2. FASES DO TRABALHO DE PARTO

6ª Edição - 2012 134


Manual de Fundamentos do Bombeiro Civil

Primeira Fase:
Inicia com as contrações e termina no momento em que o feto entra no canal
de parto (dilatação completa do colo do útero).

Segunda Fase:
Vai do momento em que o feto está no canal de parto até seu completo
nascimento.

Segunda fase

Terceira Fase:
Vai do nascimento até a completa expulsão da placenta, que tem duração
média de 10 a 30 minutos.

3. EVOLUÇÃO DO TRABALHO DE PARTO


Importante: Antes de efetuar qualquer procedimento, o socorrista deverá
realizar uma entrevista com a parturiente, extraindo o maior número de dados
possíveis e alertando o SEM.

Entrevista:
 Perguntar o nome e idade da mãe;
 Perguntar se realizou exame pré-natal? Qual o nome de seu médico?
Pergunte o que disse o médico, se espera parto normal ou há alguma
complicação prevista;
 Perguntar se é o primeiro filho? Se for primipara, o trabalho de parto poderá
demorar cerca de 16 horas. O tempo de trabalho de parto será mais curto a
cada parto subseqüente;
 A que horas iniciaram-se as contrações? Já houve a ruptura da bolsa
(perda de líquidos)?;
 Sente pressão na bacia, vontade de defecar ou sente o bebê saindo pela
vagina?
 O socorrista deve avaliar as contrações quanto ao tempo que elas duram e
o tempo entre uma contração e outra;
 Finalmente, o socorrista deverá pedir autorização à mãe para retirar suas
roupas e realizar uma avaliação visual.

Se as contrações ficam mais intensas e duradouras (de 30 seg. há 1 minuto)


Em um intervalo de 3 a 5 minutos), o parto é iminente e o socorrista deverá
Preparar a parturiente e o ambiente para a realização do parto emergencial.

135
Se após a entrevista, o socorrista achar que o parto não é iminente,
Deverá proceder ao translado da parturiente para o hospital!

4. CONDUTAS DO SOCORRISTA PARA O PARTO DE EMERGÊNCIA:


1. Assegure a privacidade da parturiente, escolha um local apropriado;
2. Explique à mãe o que fará e como irá fazê-lo. Procure tranqüilizá-la
recordando que o que está acontecendo é normal. Peça para que após
cada contração relaxe, pois isto facilitará o nascimento;
3. Posicione a parturiente para o parto emergencial, sente-a em posição
ginecológica (joelhos flexionados e bem separados e os pés apoiados
sobre a superfície que está deitada);
4. Coloque uma almofada debaixo da cabeça da mãe para observar os
seus movimentos respiratórios;
5. Prepare o kit obstétrico e seu EPI (luvas estéreis, óculos, máscara e
avental), mantenha todo material necessário à mão;
6. Disponha adequadamente os campos, lençóis ou toalhas limpas abaixo
das nádegas, logo abaixo da abertura vaginal, sobre o abdômen e sobre
ambos os joelhos;
7. Sinta as contrações colocando a palma da mão sobre o abdômen da
paciente, acima do umbigo;
8. Tente visualizar a parte superior da cabeça do bebê (coroamento);
9. Apóie a cabeça do bebê, colocando a mão logo abaixo da mesma com
os dedos bem separados. Apenas sustente o segmento cefálico,
ajudando com a outra mão, não tente puxá-lo;
Não puxar, nem
empurrar o bebê!

10. Se o cordão está envolvendo o pescoço do bebê, libere-o com muito


cuidado. Se o saco amniótico não estiver rompido, corte-o com técnica e
material apropriado;
11. Geralmente a cabeça do bebê apresenta-se com a face voltada para
baixo e logo gira para a direita ou à esquerda. Guie cuidadosamente a
cabeça para baixo, sem forçá-la, facilitando assim a liberação do ombro
e posteriormente todo o corpo;
12. Deite o bebê lateralmente com a cabeça ligeiramente baixa. Isto se faz
para permitir que o sangue, o líquido amniótico e o muco que estão na
boca e nariz possam escorrer para o exterior.

6ª Edição - 2012 136


Manual de Fundamentos do Bombeiro Civil

TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR DO RECÉM-NASCIDO:

1. Limpe as vias aéreas usando gaze estéril e a pêra de aspiração;


2. Avalie a respiração do bebê (ver, ouvir e sentir);

Sucção
da
boca e nariz

3. Estimule a respiração, se necessário, massageando com movimentos


circulares a região das costas e/ou a planta dos pés;
4. Aqueça o bebê recém-nascido envolvendo-o em manta própria ou um
campo estéril;
5. Ligue o cordão umbilical, utilize o clamp que se encontra no seu kit de
parto. Se não está com o kit, utilize barbantes limpos (não use arame).
Aguarde o término do pulsar do cordão umbilical antes de clampeá-lo. O
primeiro clamp deve estar há aproximadamente 25 cm a partir do
abdômen do bebê. O segundo, cerca de 5 cm (quatro dedos) do
primeiro, em direção ao bebê,

6. Seccione o cordão umbilical com o bisturi ou tesoura do kit obstétrico.


Este corte deve ser realizado entre as duas amarras. Nunca solte o
137
clamp ou desate o cordão após tê-lo cortado. Se houver sangramento,
coloque outro clamp junto a anterior.
7. Anote o nome da mãe, o sexo do bebê, a data, a hora e o lugar do
nascimento e fixe essas informações em local visível.

5. TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR DA MÃE:


Inclui os cuidados com a expulsão da placenta (dequitação biológica), controle
do sangramento vaginal e fazer a mãe se sentir o mais confortável possível.

1. A expulsão da placenta ocorrerá


após cerca de 10 a 30 minutos.
Guarde-a em um saco plástico
apropriado para posterior avaliação
pelos médicos juntamente com o
clamp. O cordão desce progressivo
e espontaneamente, portanto não
tracione o cordão.

2. Controle o sangramento vaginal:


Use um absorvente higiênico ou
material similar estéril. Coloque-o
sobre a abertura vaginal (não introduza
nada dentro na vagina);
Oriente para que a parturiente abaixe
e suas pernas e as mantê-las juntas e esticadas, sem apertá-las.
Apalpe e massageie o abdome da mãe, abaixo do umbigo, fazendo
movimentos circulares com o objetivo de estimular a contração uterina e
consequentemente à diminuição da hemorragia.

3. Tranqüilize a mãe fazendo-a sentir-se


o melhor possível e registre em relatório
todos os dados da ocorrência, transporte
a mãe, o bebê e a placenta para o hospital.

7. PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES DO PARTO E SEUS TRATAMENTOS:


APRESENTAÇÃO DAS NÁDEGAS:
As nádegas ou os pés do bebê são os primeiros a se apresentarem.

6ª Edição - 2012 138


Manual de Fundamentos do Bombeiro Civil

Tratamento pré-hospitalar:

1. O mais importante é criar uma via aérea para o feto. Fale com a mãe o que
vai ser feito e por quê
2. O socorrista deverá formar com os dedos um “V” entre a face do feto e a
parede da vagina, criando assim um espaço para que ele possa vir e
respirar;
3. Uma vez criada uma via aérea para o bebê, devemos mantê-la. Não puxe o
bebê. Permita que o nascimento prossiga, mantenha a sustentação da
cabeça e do corpo do bebê;
4. Se a cabeça não sair em 3 minutos, o transporte deverá ser realizado
imediatamente. Mantenha as VA durante todo o transporte.

PROLAPSO DE CORDÃO UMBILICAL:


É quando, durante o trabalho de parto, o cordão umbilical é o primeiro a sair.

Tratamento pré-hospitalar:
1. Retirar a parturiente da posição ginecológica, colocando-a em posição
geno-peitoral (posição da prece Maometana);
2. Não tentar empurrar o cordão para dentro;
3. Não colocar a mão dentro da vagina;
4. Envolver o cordão umbilical com gaze estéril ou compressas cirúrgicas
estéreis, para mantê-lo aquecido;
5. Monitorar e transportar a parturiente para hospital informado sobre o caso.
Instruir a parturiente para que respire lenta e profundamente.

HEMORRAGIA EXCESSIVA:

139
Se durante o período gestacional, a parturiente começar a ter um sangramento
excessivo pela vagina, é muito provável que terá um aborto. Porém, se a
hemorragia ocorrer durante o trabalho de parto ou na etapa final da gravidez,
provavelmente pode estar ocorrendo um problema relacionado com a placenta.

Tratamento pré-hospitalar:
1. Posicionar a parturiente em decúbito lateral esquerdo;
2. Colocar absorvente higiênico sobre a abertura da vagina;
3. Colocar novos tampões quando estiverem embebidos, sem remover os
primeiros;
4. Guardar e conduzir ao hospital todos os materiais ensangüentados, bem
como, todo e qualquer material expulso;
5. Ofertar oxigênio suplementar e prevenir o estado de choque;
6. Monitorar os sinais vitais da parturiente até o hospital.

CIRCULAR DE CORDÃO UMBILICAL:


Quando da apresentação cefálica, o cordão umbilical poderá estar envolvendo
o pescoço do feto. Desta forma o cordão será comprimido, interrompendo
precocemente o fluxo de oxigênio para o feto.
Tratamento pré-hospitalar:
1. Após a completa apresentação da cabeça do feto, o socorrista deverá
passar os seus dedos ao redor do pescoço do feto;
2. Encontrando uma volta de cordão ao redor do pescoço, deverá pinçar (com
os próprios dedos da mão) o cordão e puxá-lo para cima, no sentido face-
crânio do bebê. Após liberada a volta do cordão o parto prossegue
normalmente.
APRESENTAÇÃO DE MEMBROS:
Situação em que sai (aparece) apenas um membro superior ou membro
inferior.

Tratamento pré-hospitalar:
1. Retirar a parturiente da posição ginecológica e colocá-la em decúbito lateral
esquerdo;
2. Instruir para que respire lenta e profundamente;

6ª Edição - 2012 140


Manual de Fundamentos do Bombeiro Civil

3. Colocar um coxim ou travesseiro entre os joelhos da parturiente;


4. Ofertar oxigênio suplementar e transportar para um hospital informado
sobre o caso.

ABORTO:
A expulsão de um feto antes que ele possa sobreviver por si só, ou seja, no
início da gravidez, até em torno da 22 semana, aproximadamente, é
considerado aborto.

Tratamento pré-hospitalar:
1. Prevenir estado de choque da parturiente;
2. Deitar a gestante e colocar absorvente higiênico ou similar sobre a abertura
da vagina.
3. Acondicionar e conduzir ao hospital todos os tecidos ensangüentados e
qualquer material expulso;
4. Oferecer suporte emocional e transportar a parturiente até um hospital.
NASCIMENTO DE BEBÊ MORTO:
Existem casos em que o bebê nasce morto ou morre logo ao nascer.
Tratamento pré-hospitalar:
1. Não tentar reanimar o bebê;
2. Monitorar a parturiente e tratar qualquer complicação pós-parto;
3. Ofertar apoio psicológico à parturiente e sua família.
4. Transportar para o hospital à parturiente e o bebê morto.

Observação:
Todas as parturientes ou grávidas que apresentarem quadro de hipertensão
deverão ser encaminhadas pelos socorristas para avaliação médica imediata!

8. OUTRAS SITUAÇÕES POSSÍVEIS:

PARTO MÚLTIPLO:
Depois que o primeiro bebê nasce, começam novamente as contrações e não
é a dequitação biológica. O procedimento para o nascimento do segundo bebê
é o mesmo com relação à mãe e o primeiro. Recomenda-se clampear o cordão
umbilical do primeiro bebê antes do nascimento da segunda criança.

141
PARTO PREMATURO:
Os bebês que nascem antes da 37ª semana de gestação ou do 9 mês são
considerados prematuros. Também são considerados prematuros, aqueles
com menos de 2,5 Kg. Os procedimentos para o parto são idênticos ao de um
parto normal. O principal cuidado é mantê-los aquecidos.

Recomendam-se que todas as pacientes grávidas atendidas


por socorristas busquem atendimento médico posterior!

6ª Edição - 2012 142


Manual de Fundamentos do Bombeiro Civil

LIÇÃO 16

EMERGÊNCIAS PEDIÁTRICAS

OBJETIVOS:

Ao final desta lição os participantes serão capazes de:

1. Citar cinco diferenças estruturais e anatômicas do paciente pediátrico em


relação ao paciente adulto;
2. Enumerar pelo menos 3 aspectos que identificam o abuso de crianças.

143
INTRODUÇÃO

Quando um socorrista for avaliar ou tratar um paciente pediátrico (criança ou


bebê), poderá, a princípio, sentir-se despreparado, não sabendo por onde iniciar
sua atuação. O termo pediatria refere-se a um grande grupo, que pode incluir
qualquer criança, desde um bebê até uma criança em idade escolar do ensino
infantil ou acima disto. Lembre-se que uma situação de emergência é uma nova e
assustadora experiência para qualquer criança, e será ainda maior se os pais ou
responsáveis não estiverem presentes.

Criança não é um adulto pequeno!

1. Idade, Tamanho e Resposta


Quando o socorrista for determinar a idade de uma criança para realizar uma
manobra de reanimação cardio pulmonar (RCP), deverá considerar a idade do
recém-nascido até um ano como bebê ou lactente, de um a oito anos
classificamos o menor como criança, e, quando for maior de oito anos deverá ser
tratado como adulto. Esses critérios são padronizados internacionalmente pela
Associação Americana do Coração (American Heart Association).

Recomendamos que os socorristas utilizem um critério padronizado para


classificar as crianças em categorias, levando em consideração itens como idade,
porte físico e resposta emocional.
Categorias para distinguir pacientes pediátricos:
 Lactentes: recém nascidos até um ano;
 Crianças: de 1 ano até 3 anos;
 Pré-escolares: de 3 a 6 anos;
 Idade escolar (ensino fundamental): de 6 a 12 anos;
 Adolescente (ensino fundamental e médio): de 12 a 18 anos.

2. DIFERENÇAS ESTRUTURAIS E ANATÔMICAS DO PACIENTE PEDIÁTRICO


Você já percebeu que as crianças não são iguais aos adultos em tamanho,
maturidade emocional e respostas em situações adversas. Você também
precisará estar atento a diferenças estruturais e anatômicas.

2.1 A Cabeça e o Pescoço


A cabeça da criança é proporcionalmente maior e mais pesada que seu corpo.
Em geral, o corpo irá equilibrar-se com o tamanho de sua cabeça, a partir do
quarto ano de vida.

2.2 Vias Aéreas e o Sistema Respiratório


As vias aéreas e o sistema respiratório do bebê e da criança ainda não estão
completamente desenvolvidos. A língua é grande para a cavidade oral (boca) e as
vias aéreas (nariz, boca, faringe, laringe e traquéia) são mais estreitas do que as
do adulto e mais facilmente predispostas a uma obstrução. Os músculos do
pescoço também não estão desenvolvidos completamente e não são tão fortes
quanto os dos adultos. A colocação de uma toalha dobrada nas costas (embaixo
da região dos ombros) ajudará a manter a cabeça alinhada e as vias aéreas
pérveas. A manobra de inclinação da cabeça e elevação da mandíbula,

6ª Edição - 2012 144


Manual de Fundamentos do Bombeiro Civil

largamente utilizada para abrir as vias aéreas de adultos (sem lesão cervical), é
desnecessária para bebês e crianças pequenas. No atendimento de pacientes
pediátricos, basta que o socorrista promova uma leve inclinação da cabeça para
conseguir assegurar a abertura das vias aéreas.
Cuidado com as obstruções das vias aéreas causadas por corpos estranhos
(OVACE). Não faça pesquisa às cegas com os dedos quando tentar desobstruir
as vias aéreas de crianças e lactentes, pois essas manobras poderão forçar a
descida do corpo estranho a acabar obstruindo a faringe ou a laringe/traquéia.
As crianças e os lactentes respiram automaticamente pelo nariz e no caso desse
ficar obstruído, não abrirão a boca para respirar como um adulto. O socorrista
deverá remover as secreções das narinas para assegurar uma boa respiração.
Os músculos do tórax também não estão completamente desenvolvidos, assim a
criança usará muito mais o diafragma para respirar.

2.3 O Tórax e o Abdome


O socorrista poderá avaliar melhor a respiração dos pacientes pediátricos
observando os movimentos respiratórios no abdômen, pois durante a respiração,
as crianças usam mais o diafragma, assim os movimentos respiratórios são mais
facilmente observáveis nessa região (abdômen), que no tórax.
Devemos considerar também que a caixa torácica das crianças é mais elástica,
assim, no caso de uma respiração forçada, produzida por uma situação de
dificuldade ou insuficiência respiratória, o uso de todos os músculos do tórax
(entre as costelas), sobre o esterno e ao redor do pescoço e ombros, ficará bem
evidente.
Da mesma forma que nos adultos, traumas no abdômen podem resultar em dor,
distensão e rigidez. Os músculos abdominais não são tão bem desenvolvidos
como nos adultos e oferecem pouca proteção. Os órgãos abdominais, de forma
especial o fígado e o baço, são bem grandes para o tamanho da cavidade e,
portanto, mais vulneráveis a um trauma.

2.4 A Pelve
Tal qual nos adultos, as crianças poderão perder quantidades consideráveis de
sangue dentro da cavidade pélvica, como resultado de um trauma grave nesta
região. É recomendável que os socorristas permaneçam monitorando
constantemente os sinais vitais dos pacientes para identificarem a presença de
choque hipovolêmico. A avaliação dos sinais vitais inclui a aferição da respiração,
do pulso, da pressão arterial e da temperatura relativa da pele. O aspecto externo
da pele também é importante para identificar uma perfusão deficitária. O
socorrista poderá checar a perfusão comprimindo a região distal das
extremidades do paciente (dorso da mão ou pé) e avaliando o tempo necessário a
reperfusão (considerar grave quando o tempo do enchimento capilar for maior que
dois segundos).

145
2.5 As Extremidades
Como já vimos anteriormente, os ossos das
crianças são menos desenvolvidos e
consequentemente mais flexíveis que os dos
adultos. Dessa forma, enquanto os ossos de
adultos normalmente fraturam numa situação de
trauma, os ossos de crianças dobram e lascam
antes de fraturar (quebrar). O socorrista deverá
suspeitar de fraturas sempre que ao avaliar uma
extremidade, encontrarem sinais e sintomas tais
como: dor, edema e deformações.

2.6 O Sistema Tegumentar


Em relação à massa do corpo, as crianças e lactentes possuem uma grande
quantidade de superfície corporal. Por isso, poderão facilmente perder calor e
sofrer de hipotermia, até mesmo em ambientes onde adultos estejam
confortáveis, devido a pouca massa e a desproporção entre o volume e a área da
criança. Por isso é importante manter a criança coberta e aquecida.

2.7 Volume Sangüíneo


Quanto menores forem os pacientes, menores também serão seus volumes
sangüíneos. Fique atento, pois um paciente recém-nascido poderá apresentar um
volume de sangue inferior a 350 ml (o equivalente a uma xícara e meia de
sangue), e sendo assim, qualquer perda sangüínea, por menor que seja,
representará uma emergência grave. Uma criança poderá apresentar,
dependendo do seu tamanho, um volume sangüíneo variável entre meio litro a 2
litros de sangue.

3. ABUSO A CRIANÇAS
Atualmente, o abuso a crianças e a lesão intencional é uma ocorrência mais
comum do que se imagina.

3.1 Os principais abusos são:


 Abusos emocionais;
 Abusos físicos;
 Abusos sexuais;
 Atos de negligência.

3.2 Características que indicam o abuso e/ou negligência:


 Falta de condições de higiene;
 Sinais de cativeiro;
 Fome/desnutrição;
 Ferimentos insistentes ou lesões múltiplas em diferentes estágios de
cicatrização no corpo da criança;
 Queimaduras (principal lesão referente a abuso físico);
 Lesões prévias com relatos suspeitos;
 Descrições contraditórias sobre o “acidente”.
Um fato importante sobre o abuso a crianças é que os

6ª Edição - 2012 146


Manual de Fundamentos do Bombeiro Civil

Episódios são freqüentemente repetidos com gravidade progressiva!

3.3 Como o socorrista deve proceder em casos de abuso:

 Não fazer diagnósticos;


 No local, execute primeiramente os procedimentos de auxílio ao paciente,
deixando o relato de suas suspeitas e as ações policias para um segundo
momento;
 Anote seus achados e a história colhida na Ficha de APH e transmita essas
informações ao médico do Serviço de Emergência, quando da entrega do
paciente no hospital, bem como ao responsável pelo Serviço de APH de sua
organização, que deverá comunicar o fato as outras autoridades competentes.

A tratar o paciente pediátrico, evite:

1. Assumir postura infantil;


2. Falar tudo no diminutivo;
3. Alterar timbre de voz para o agudo;
4. Mentir ou prometer que não irá doer!

3.4 Dicas para abordar e manipular o paciente pediátrico:


1. Mantenha a calma e transmita segurança, se possível, execute sua
abordagem/atendimento ajoelhado ou sentado;
2. Acalme também os pais ou responsáveis que estejam presentes na cena;
3. Controle suas emoções e expressões faciais;
4. Solicite apoio e autorização dos pais ou responsáveis para executar o
atendimento (no caso de crianças e adolescentes);
5. Explique os procedimentos que irá realizar para os pais e para o paciente;
6. Use se necessário um “objeto de transição”;
7. No caso de crianças muito pequenas, execute os procedimentos com o
paciente no colo da mãe ou responsável;
8. Utilize equipamentos de cores e tamanho adequado para cada faixa etária;
9. Crianças têm dificuldade para aceitar ficarem deitadas, explique a
necessidade;
10. Algumas crianças podem não ser receptivas as máscaras de oxigênio sobre a
face, se necessário, use copinhos plásticos limpos e vazios para substituir as
máscaras comuns;
11. Sorria para a criança e nunca minta, nem prometa nada que não possa
cumprir. Dê um presente (distintivo ou certificado) ou cole na roupa da criança
um adesivo institucional em troca do bom comportamento, cooperação e
coragem;
12. Os procedimentos de imobilização, aplicação de curativos, usam de
bandagens e fixação na prancha (maca rígida) pediátrica, são similares aos
procedimentos utilizados em pacientes adultos.

147
LIÇÃO 17

MOVIMENTAÇÃO E TRANSPORTE DE ACIDENTADOS

OBJETIVOS:

Proporcionar aos participantes conhecimentos e habilidades que os capacitem a:

1. Indicar as regras para a movimentação de um acidentado;


2. Executar corretamente as técnicas de movimentação, imobilização e
transporte de uma vítima;
3. Identificar as situações de emergências que requerem uma retirada rápida
da vítima e demonstrar a forma correta de executá-las.

6ª Edição - 2012 148


Manual de Fundamentos do Bombeiro Civil

RESGATE E TRANSPORTE DE VÍTIMAS EM SITUAÇÕES DE


EMERGÊNCIA

Em situações de risco iminente no local da emergência é necessário remover o


paciente rapidamente. O transporte de emergência é empregado em incêndios,
desabamentos, tiroteios, etc.
A manobra a ser utilizada depende do peso do paciente, tipo de terreno,
equipamentos e número de Socorristas. Pode haver um segundo trauma, pois
existe movimentação significativa da coluna vertebral e outras lesões
associadas, portanto, só deve ser empregado em casos extremos quando
houver vítimas envolvidas em acidente grave.
O transporte de emergência deve ser feito quando:

1. O local do acidente oferece perigo iminente - Tráfego descontrolado,


incêndio ou ameaça de fogo, possíveis explosões, desmoronamento
iminente, possíveis perigos elétricos, gases tóxicos e outros perigos
similares, que fazem com que o transporte do paciente seja necessário e
urgente, para proteger tanto você, como o paciente.
2. Cuidados que precisam de reposicionamento - Às vezes você
deverá transportar um paciente para uma superfície dura para fazer a RCP,
ou mobilizá-lo para ter acesso a uma ferida que sangre abundantemente.

3. Ter acesso a outros pacientes - Você deverá remover rapidamente um


paciente sem a suspeita de trauma na coluna vertebral ou no pescoço, para
chegar a outro paciente que precise dos cuidados de suporte básico da vida.
Isto é visto freqüentemente em acidentes de veículos automotores.

Pode ser necessário fazer um transporte em situações não emergenciais, de


um paciente. Embora não haja perigo imediato para você ou para o paciente,
um transporte feito nessas condições pode ser justificado por:

1. Fatores no local que causam variações no estado do paciente - A


remoção pode ser necessária se o estado do paciente estiver piorando
rapidamente devido ao calor ou ao frio, por exemplo; ou se existir uma
ameaça ao paciente, como a possibilidade de complicações por alergia.
2. Você deverá ter acesso a outros pacientes - Para efetuar a avaliação e os
cuidados necessários. Cuidados que exigem a mobilização do paciente
Empregado habitualmente nos pacientes sem traumas ou problemas graves
de saúde. Cuidados de lesões, causadas por excesso de calor ou de frio,
são bons exemplos. A necessidade de alcançar uma fonte de água para
lavar os ferimentos em casos de queimaduras graves com substâncias
químicas, poderá ser uma razão para transportar um paciente.
3. O paciente insiste em ser transportado - Você não terá permissão de
restringir pacientes. Se eles não seguirem as suas recomendações e
tentarem se movimentar sozinhos, você deverá ajudá-los. Às vezes, o
paciente toma-se tão aflito que esta tensão piorará sua condição de saúde.
Neste caso, providencie o seu transporte.

149
Como Mobilizar um Paciente

Há um grande número de técnicas (chamadas de mobilização) para


reposicionar ou transportar um paciente. Em cuidados de primeiros socorros,
os melhores transportes são feitos com a ajuda de outras pessoas treinadas.
A menos que você esteja sozinho, todos os transportes não emergenciais
devem ser feitos com a ajuda de outras pessoas. Entretanto nas mobilizações
de emergência o Socorrista poderá ter que mobilizar o paciente, mesmo
estando sozinho. Transportes em situações não emergenciais devem ser
feitos de modo a prevenir um agravo adicional ao paciente. Os cuidados
devem evitar desconforto e dor ao paciente. Transportes em situação de
emergência oferecem pouca proteção aos traumas e podem causar grande
dor ao paciente. Porém, a mobilização é justificada pela necessidade, em
situações de emergência, de afastar-se de um local perigoso ou de
transportar rapidamente, um paciente que apresente uma alteração
acentuada do seu estado de saúde.

Técnicas de Levantamento:
Você deverá usar corretamente as técnicas de levantamento do paciente para
evitar danos nas suas costas ou no joelho. Mantenha o equilíbrio e previna
uma queda, ferindo você e o paciente. Ao levantar um paciente, você deverá:

1. Planejar o movimento antes de executá-lo. Saiba o que você deverá


fazer e como evitar possíveis dificuldades.
2. Não tente levantar ou abaixar alguém se você não conseguir segurá-lo
ou não puder agüentar o peso do paciente.
3. Sempre comece o movimento, em uma posição segura e fique atento
para manter seu equilíbrio. Se você perder seu equilíbrio, isto poderá
causar ferimentos graves em você e no paciente.
4. Certifique-se inicialmente, se você tem um apoio bom e firme para os
seus pés, e que este possa ser mantido durante o levantamento.
5. Levante o paciente com o esforço dos músculos de suas perna, nunca
com os das costas. Dobre seus joelhos, e mantenha um pé ligeiramente
mais adiante que o outro. Mantenha suas costas retas, enquanto você
faz o levantamento com suas pernas.
6. Fique atento à sua respiração. Você não deverá levantar e carregar um
paciente, enquanto estiver segurando o fôlego.
7. Quando possível, mantenha suas costas retas, enquanto estiver
carregando um paciente.

6ª Edição - 2012 150


Manual de Fundamentos do Bombeiro Civil

ATUAÇÃO EM SITUAÇÕES DE DESASTRE ENVOLVENDO ACIDENTE


AUTOMOBILÍSTICO

Resgate de vítimas de acidentes em estradas a de rodagem (trem, automóvel,


motocicleta e outros).

1. Diminuir a velocidade do seu próprio veiculo e, lentamente, estacionar


um pouco adiante do local do acidente, no acostamento;

2. Retirar as pessoas que estejam viajando em sua companhia, acender os


faróis (especialmente à noite), e fechar as portas do veiculo, caso tenha
que estacionar antes do local, para prevenir a ocorrência de possíveis
novos acidentes;

3. Procurar obter a colaboração da vítima, se possível, e dos curiosos, para


evitar o pânico. Através de sua própria atuação, demonstrar calma e
segurança para ter rapidamente a situação sob controle;

4. Manter o ambiente calmo e livre de curiosos, a fim de iniciar o resgate


da vítima o mais rápido possível:

5. Avaliar as possibilidades de retirar a vitima do veículo acidentado,


imprensado ou não entre as ferragens ou destroços, para colocá-la em
segurança, fora do alcance de possíveis explosões, desabamentos e
outros riscos;

6. Prestar o primeiro atendimento dentro do próprio veiculo, especialmente


em casos de asfixia e hemorragia, se não houver perigo imediato de
explosões, incêndios ou desabamentos. A perda de um minuto pode ser
fatal para a vitima e, no caso de estar inconsciente, sua remoção implica
uma série de conhecimentos técnicos e científicos, além de certa
habilidade do Socorrista;

7. Retirar a vítima que apresentar suspeita de traumatismo da coluna


vertebral com o emprego de método da chave de Rauteck.

O método da “Chave de Rauteck”

Verificar se os pés da vítima estão presos nos


pedais do veículo ou outro obstáculo, solte-os
descalçando-lhe os sapatos. Inclinar-se sobre a
vítima, passando-lhe a mão por trás das costas e
apoiando-a no quadril oposto.

151
Com a outra mão por baixo do braço da vitima, segurar a parte anterior do ombro,
fazendo uma pequena rotação com ambas as mãos, simultaneamente,
desencostando-a parcialmente do assento para facilitar a remoção.

Solte a mão que estava apoiada no quadril e


segure-lhe o punho deste lado, com a mão que
estava no ombro apoiando-lhe o queixo em
Hiperistenção da cabeça da vítima.

Ajoelhe-se no chão e, amparando a vítima em seu


colo, lentamente coloque-a no solo, em decúbito
dorsal, tendo o cuidado de manter a coluna apoiada,
sem dobrar ou torce-la.

Técnicas diversas com emprego de macas


telescópicas, macas de vácuo, etc.

6ª Edição - 2012 152


Manual de Fundamentos do Bombeiro Civil

COMO ELEVAR A PRANCHA

EMPREGO DO KED

153
TÉCNICA DA COLOCAÇÃO
DOS TIRANTES

6ª Edição - 2012 154


Manual de Fundamentos do Bombeiro Civil

Lição 18

TRIAGEM – MÉTODO START E SALVAMENTO

OBJETIVOS:

Ao final desta lição os participantes serão capazes de:

1. Conceituar o termo “triagem”;


2. Explicar o significado do código de cores utilizado para sinalizar as
prioridades no atendimento de múltiplas vítimas;
3. Enumerar os principais setores funcionais de um Sistema de Comando
de Operações (SCO);
4. Realizar a triagem START em uma situação de múltiplas vítimas.

155
O primeiro socorrista que chega numa cena de emergência com múltiplas
vítimas enfrenta um grave problema. A situação é diferente e seus métodos
usuais de resposta e operação não são aplicáveis. Este profissional deve
modificar sua forma rotineira de trabalho, buscando um novo método de
atuação que lhe permita responder adequadamente a situação.

TRIAGEM:
Processo utilizado em situações onde a emergência ultrapassa a capacidade
de resposta da equipe de socorro. Empregado para alocar recursos e
hierarquizar vítimas de acordo com um sistema de prioridades, de forma a
possibilitar o atendimento e o transporte rápido do maior número possível de
pacientes.

Triagem pelo método START


START é a abreviatura de Simple Triage and Rapid Treatment (Triagem
Simples e Tratamento Rápido). Esse sistema foi criado pelo Hospital HOAG e
pelo Departamento de Bombeiros de Newport Beach da Califórnia – EUA.

Principais vantagens do método START:

 Simplicidade;

6ª Edição - 2012 156


Manual de Fundamentos do Bombeiro Civil

 Rapidez;
 Baixo custo.

CLASSIFICAÇÃO DAS VÍTIMAS SEGUNDO UM CRITÉRIO DE CORES:

Cor Vermelha
Significa que a vítima é de primeira prioridade.
Estas vítimas estão em estado crítico e necessitam tratamento e transporte
imediato.

Cor Amarela
Significa que a vítima é de segunda prioridade.

Cor Verde
Significa que a vítima é de terceira prioridade.

Cor Preta
Significa que a vítima é de sem prioridade.

Critérios utilizados no Método START


Este método utiliza fitas coloridas e baseia-se em três diferentes critérios para
classificar as vítimas em diferentes prioridades, a saber:

Respiração
Avaliar se a vítima respira ou não e se respira, observar quantas vezes por
minuto.

Perfusão
Avaliar se a vítima tem ou não, pulso radial palpável.

Status neurológico

Avaliar se a vítima cumpre ou não ordens simples (resposta motora).

157
AÇÃO DOS PRIMEIROS SOCORRISTAS NA CENA COM MÚLTIPLAS
VÍTIMAS:
É de responsabilidade do socorrista que primeiro chegar ao local do acidente
com múltiplas vítimas, assumir o comando da operação, dimensionar o
problema e iniciar a montagem de um esquema de trabalho de forma a
propiciar o melhor cuidado possível para cada uma das pessoas envolvidas,
normalmente solicitando recursos adicionais para conseguir atender
adequadamente essa situação. Como poderá então esses profissionais prestar
um socorro adequado?

Primeiro passo:
Assumir o comando da operação e dimensionar o problema. Em seguida,
solicitar o envio de recursos adicionais e iniciar o trabalho de triagem das
vítimas. Determine para que um socorrista de sua equipe dirija todos os
pacientes que possam caminhar (poderá ser utilizado um megafone para isso)
para uma área de concentração previamente delimitada. Estes pacientes
receberão uma identificação verde, entretanto, esse não é o momento de
rotulá-las com etiquetas ou fitas, sendo que tal providência será realizada
posteriormente e de forma individual.

Segundo passo:
Determine para que outro socorrista de sua equipe inicie a avaliação dos
pacientes que permaneceram na cena de emergência e que não apresentam
condições de caminhar. Deverá ser avaliada a respiração. A respiração está
normal, rápida ou ausente? Está-se ausente, abra imediatamente as VA para
determinar se as respirações iniciam espontaneamente. Se o paciente
reassume a respiração, receberá a fita de cor vermelha (nesses casos, tente
conseguir voluntários para manter abertas as VA abertas), mas, se continua
sem respirar, recebe a fita de cor preta (não perca tempo tentando reanimá-lo).
Se a freqüência respiratória for igual ou superior a 30 vpm, o paciente receberá
uma fita de cor vermelha. Caso a respiração esteja normal (menor de 30 vpm),
vá para o passo seguinte.

Terceiro passo:
O socorrista deverá verificar a perfusão do paciente através da palpação do
pulso radial ou da prova do enchimento capilar. Se o enchimento capilar é
superior a 2 segundos ou se o pulso radial está ausente, o paciente deverá
receber uma fita de cor vermelha. Se o enchimento capilar é inferior a 2
segundos ou se o pulso radial está presente, vá ao passo seguinte. Qualquer
hemorragia grave que ameace a vida deverá ser detida nesse momento.
Posicione o paciente com as pernas elevadas para prevenir o choque
(novamente tente conseguir voluntários para fazer pressão direta sobre o local
do sangramento e prevenir o choque).

Quarto passo:

Verificar o status neurológico do paciente. Se o paciente não consegue


executar ordens simples (por exemplo: abra e feche seus olhos, aperte a minha
mão, etc.) emanadas pelo socorrista, deverá receber uma fita de cor vermelha.

6ª Edição - 2012 158


Manual de Fundamentos do Bombeiro Civil

Se ao contrário, o paciente executa corretamente as ordens simples recebidas,


receberá a fita de cor amarela.

CONSIDERAÇÕES SOBRE UM SISTEMA DE COMANDO

O Sistema de Comando de Operações (SCO) é um processo empregado para


o manejo eficaz dos recursos disponíveis nas operações de emergência.

Os elementos básicos de um SCO são:


 Comando;
 Operações;
 Planejamento;
 Logística;
 Finanças.

Normalmente, uma ocorrência com múltiplas vítimas é dividida em zonas ou


setores para melhor organização da estrutura de resposta e melhor distribuição
dos recursos disponíveis. O emprego da divisão da cena de emergência em
zonas também facilita o comando das ações, por parte do comandante das
operações (CO).
Em geral, no local da emergência com múltiplas vítimas são definidas as
seguintes áreas:
 Um Posto de comando (PC)
 Uma área da triagem primária (Zona 1);
 Uma área de circulação interna (Zona 2);
 Uma área de suporte – tratamento e transporte das vítimas (Zona 3).

CONSIDERAÇÔES SOBRE EMOÇÃO E ESTRESSE

Se você trabalha num serviço de emergências deverá estar preparado para o


estresse que este trabalho poderá causar.
A tensão e o estresse são uma constante no APH. Normalmente, os socorristas
profissionais têm de manter um controle de suas emoções enquanto executam
seu trabalho. Freqüentemente trabalham muito, até a exaustão e a situação
pode complicar-se muito numa emergência com múltiplas vítimas. Não é
incomum que socorristas relatem problemas emocionais causados por certos
tipos de desastres.

159
DISCUSSÃO PARA REDUÇÃO DO ESTRESSE CRÍTICO
(Técnicas para reduzir o estresse crítico)

Algumas organizações possuem programas de ajuda para seus profissionais


afetados pelo estresse crítico.
Reuniões com o pessoal envolvido no atendimento de uma emergência mais
grave poderão ajudar a superar suas dificuldades e os problemas causados
pelo estresse.
Dentro de um prazo de 72 horas após a ocorrência de um evento crítico, a
equipe de auxílio (time de estresse) providencia uma reunião com os
envolvidos na ocorrência e encoraja as pessoas a discutirem honestamente
seus sentimentos.
No encontro, os fatos do acidente são primeiro revistos. Então os presentes
são convidados a descrever suas reações durante o evento. Mais tarde, os
profissionais de saúde mental e os líderes do time de estresse fazem perguntas
e oferecem conselhos sobre como reconhecer e lidar com as reações do
estresse agudo.

Sinais e sintomas do estresse agudo:

 Perturbações estomacais;
 Aumento dos batimentos cardíacos;
 Pressão arterial elevada;
 Dor no peito;
 Sudorese na palma das mãos;
 Problemas de concentração;
 Cansaço;
 Fadiga;
 Diminuição do controle emocional.

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Manual de Fundamentos do Bombeiro Civil

BIBLIOGRAFIA

American Heart Association, (2010).

A Primeira Resposta – Major Felipe José Aidar Martins.


Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais – Cruz Vermelha Brasileira.

Curso de Resgate e Emergências Médicas (2010) – Corpo de Bombeiros da


Polícia Militar do Estado de São Paulo.

NAEMT – Medical Technicians / PHTLS – Pre Hospital Trauma Life Support


6ª Edição (2007).

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