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Talvez ele estivesse lá muito antes, mas eu me lembro de que a primeira vez que falei
com ele eu tinha cinco anos, mais ou menos. Minha mãe havia brigado comigo e eu
havia ficado com muita raiva aí meu amigo virou pra mim e falou: Calma, ela é sua
mãe, se ela tá brigando com você, é porque te ama e quer o melhor pra você. Isso me
acalmou e desde então nos tornamos melhores amigos e ele sempre me
presenteando com bons conselhos.
Lembro-me, de uma vez, eu estar inseguro quanto ao que falar para a menina que eu
gostava (primeiro amor sabe como é né?). Meu amigo me incentivou a falar com ela e
tentar beijá-la, pois ele dizia que “garotas gostam de meninos de atitude”. Como ele
era um ótimo conselheiro, resolvi escutá-lo mais uma vez e segui a risca o que ele
havia me sugerido. Depois de tomar uma tapa na cara, cair no chão na frente de todo
mundo, resolvi me distanciar um pouco dele ou qualquer dia eu iria morrer.
Só que mesmo tomando distância dele, ele sempre aparecia do meu lado, tanto nas
horas boas, como nas horas ruins, com seus conselhos ora salvadores, ora
inconvenientes, mas que era meu único alento, frente à solidão que eu me encontrava.
Depois de muito tempo, enfim percebi que meu primeiro amigo, foi eu mesmo. Só eu
me entendia, me ouvia e me aconselhava. Também percebi que desde cedo eu era
meu maior crítico, sempre colocando metas e objetivos praticamente inalcançáveis,
mas que eu saberia, que caso fossem atingidos, eu seria o destaque, seria visto e não
apenas um pontinho cinza na multidão desbotada que havia ao meu redor.