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REDEMP GAO sono, DEZEMBRO-1924 ss» Resenba mensal de propaganda do Bsrado do Prmaxonas REDEMPCAO REDEMPCAO“R- === fovista Politica, Litteraria, Economica, Social e Commercial CASA EDITORA Papelaria VELHO LINO Nnot kK | DEZEMBRO - 1924 = Sf NUMERO 17 Ke eS SUMMARIO deste numero @® © Momento PROPRIEDADE DE CLOVIS BARBOSA lilusfo de Natal — Alvaro Maia : 5 0 Caminho da Paraiso, Paetas do Amor — Jonas da 16 Silva aceite d i uv Agsuunptos Economicos: 0 Um Liv de Grande Valor Agulo Bilencou 18 5 | Guanabara — Aurelio Linhares --..... a 7 | Os Crimes de Antonio Candide — Aurelio Pinheiro... 26 Assumptos Commiercines, ‘Arthur Ferreira, 29 Rythimos & Sonoridades: Ouro Verde — Paulo Eleutherio Zachew Snuk — Coriolaio Durand. Sceptico..., Alma. Vasiay Reiomo, Destinos © Ulino Canlo— Cosme Pereira Ftho ° og Sencha CChwonica Femenina — Anviléa 28 ane ae 1 If Estee Vasile do Soins, A Palas ~ Nano Cai Fores Resaidss “© is ‘Anis Jobim... Seccecsecress | Uma Administragio Exemplars.cs.,.c00censeccceess 3 0 Uitimo Véo do Condor... ad 13 | Masracbes ere ISS No tercciro aumero deste magazine, em que sero homenageados o Ex." Sar. Dr. Interventor Federal ¢ seus rincipass auiliares, publicar-se-a trabalhos lirmados pelos nomes comsagrados de Pericles Moraes, Alvaro Maia, Adriano Jorge, Raymundo Moateiro, Aloysio de Carva Jodo Leda ¢ Lincoln Prates. ASSIGNATURA: Anno, com direito aos numeros extraordinarios — 25000 Semestre, idem idem . . Zs . — 188000 PREGGO DESTE NUMERO, EM TODO O BRASIL 2$000 REDEMPCAO 6 publica as collaboragées solicitadas pela sua Redacgao. Fitho, NAO AVIEM RECEITAS NEM COMPREM MEDICAMENTOS sem visitar a anti conceituada { AVENIDA 7 DE SETEMBRO No 54 (Junto d Loja do Jacintho) Tendo passado por grande temodelagio acha-se com pletamente apparelhada, dispondo de 3 Iaboratorios phar iaceuticos ¢-0 mais pertito sortimento de productos chi- ios novos ¢ puros, francezes ¢ allemies, para a execuco ida ¢ rigorosa dos mais exigentes trabathos da technica ‘moderna, por pessoa! bastante competent alm de rotavel sortimento de especialidades nacionaes e extrangeiras de impottagio recente Encarrega-se de qualquer trabulho analytico para o Chi- miso A. Calmont. Norio Medco do Dr. GUILMERME VICTOR —Das 16 &s 18 bo | CaS "22> PAULISTA | REABERTURA aes ea Depois de issn por grandes transformagées, yolta de novo a apresentar-se aos seus estimados amigos e clientes, com um grande sortimento de _ artigos de sua especialidade, predominando as fazendas baratas. 2 . Sobre os pPrecos no se dizem, pois jd ¢ do dominio de todos os habitantes da capital e do interior que € onde com toda a coniianca podem effectuar as suas compras, pois a nossa divisa. | _contintia sempre a mesma: VENDER BARATO PARA VENDER MurTo PRws da Installagao, : Canto da Avenida 7 de Setembro Em frente ao ~BICHO. 'SAPATARIA REDEMPGAO COMPANHIA DE SEGUROS “COWMERCIAL OO PARA” z FUNDADA EM 1882 Effectéa seguros terrestres, maritimos, fluviaes e de cascos as TAXAS MAIS VANTAJOSAS As suas operacdes estao garantidas por um deposito de DUZENTOS CONTOS DE REIS, no Thesouro Federal, além do seu ayultado FUNDO DE RESERVA. Mais de 1,600:000$000 de sinistros maritimos © terrestres pagos nos ultimos dois anos, sem nenhuma interveneao judiciaria. AGENTE EM MANAOS: J.V. DIOLIVEIRA Ae GUILHERME MOREIRA Nw 40 — TELEPHONE, 399 calnaeri UNIAO 4c Seguros MARITIMOS E TERRESTRES SSS FUND ADADEM 891 Séde em PORTO ALEGRE —RIO GRANDE DO SUL Capital 6 5. -3.0000005000 | Deposit no Thes. Federal, 200:000§000 _ Reservas. . . . . . 1,167:2678899 | Receitaem 1923, . .. . 1.196:7608713 Opéra em segures contra fogo e mharitimos a PAGAMENTOS A DINHEIRO a VISTA AGENTE EM MANAOS jJ. Vv. DOLIVEIRA | Rua Guilherme Moreira N.° 40 TELEPHONE, 399 3 tae REDEMPGAO | OF = CAIXA POSTAL, 387 : Pe innas: = TUPY” J Banal’ ta Motta | IMPORTADOR E COMMISSIONISTA Rua Guilherme, Moreira, 46 CODIGOS: — A. B. C. 5.° Edigao e RIBEIRO ee A LA VILLE DE PARIS _ CREHANGE & Cia. v¥ PRERE 55-Avenida 7 de Setembro-MANAOS CASA IMPORTADORA DE: Joias de Ouro s brithantes, prataria, olectro-plate ecrelogios, instrumentos de musica ¢ lunetaria. 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Marques, Inhambane, Belt’ (Bonen da Bera), CChinde Tete Quelinane, Moganbigue «lb, INDIA Nova Gis, Mormugio, Margio {Sub-Agencia) ‘¢ Bombaim (India Ingleza), SPS CHINA- Maca. TiMOk— Dilly. ishopsgate. Paris 'NOS ESTADOS UNIDOS DA AMERICA — Agencia em New York. Operagdes bancarins de toda a especie, no Continente, lihas, Colonias. Brasil e restantes palzes extrangelros, FILIAL DE MANAOS—Rua Marechal Deodoro, 63, Canto da Quintino Bocayuva. Porque nao faz { \. Ex® as suas compras ow LMR PEAR AID { Quem comprar uma pesa de papel crepon, simples { Caiplsihdat Riek Pals sclera cae ee raxieeelicag Uns ideos en aes a || Papel BICHAUPHANIE (Germany) para (| = ceobre videos —— \ acaba de despachar a Livraria ACADEMICA || cena Fara Livan Pepelra~Recthe novkindce iret por toss kort. {| Evpectased em cries pots am vais de Manto, \ ‘igs religiwos, pata lee | ¢ aguacla maeialexelar © para desea. > J. 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DA FABRICA FLAGHO E REDES “SANTA MARIA", DE FORTALEZA (CEARG) M COMMISSOES ( DFFFNER fj [| Ampartadores de Fanaa, Nini, ‘Tintas, Machinas e_artelactos Navaes.—fepresentantes de casas as t Gig eecry renee : Ae arte Dev, 38 - MAUD aca Cui 20-4 Reve eC.) NICOLAUS & ce : 2 Armadores de Navios—Commissdes e Consignagdes—Aviamentos PROPRIETARIOS DOS VAPORES “Amonea”, “Bardo de Cameta”, “Benjamim”, “Envira”, “Mondego”, “Moa” “Tejo” ¢ das Lanchas “Acuria”, “Cecy”, “Loreto” e “Minas Geraes” Caixa Postal N.° 101-A —Endereco telegraphico: JURUANICOL Prage Oswaldo Cruz N.° 14 MANAOS Matriz no PARA Boulevard da Republica N.* 23 e 25 CAIXA POSTAL N. SEMPER & Oe Importacdo — Navegacdo — Exportacao Rua Marechal Deodoro, 34-3 36 Mas Caixa postal, 64—Telogr, “vi "Casa no Para: RANNIGER & cr CAIXA NO CORREIO No 2 Boulevard da Republica N. 43 = - fe ~ CHAPELARIA GOULART ¢ -ESPECIALISTA EM ere | :A HOMENS: | Rus Marechal Deodoro, 67 =e Clycerio Vieira oot sat ~CREDITO MUTUO PREDIAL phoma Chaves &C. 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Rs. 1 Activo em 51 de Dezembro 1923. 22,484:990$820 Seguros effectuados durante 0 Sinistros pagos nasss0 aswassaires Captalg err * sasorsun : Dishetro em casa, em postion k ee no Hancon a pao © ordem 8 enasagenciasdordem ... srs | MATTOS AREOSA AEM YG sees Armatens - Rua Marcio Dias, 3 9 Caixa postal, 36-A - MANAOS ~ End. tel. “Remanso Exportagdo—Consignacéo—Importacao ARMAZEM DE ESTIVAS, FAZENDAS, MIUDEZAS E ARMARINHO VENDAS A GROSSO E @ RETALHO Precos excepcionass para revendedores. — Grande stock de artigos nacionaes e estrangeiros. Aceeitam consignagdes de productos do paiz collocando-os aos melhores precos do mercado, fazendo a entrega e classificagdo com todo 0 cuidado e escrupulo possiveis, prestando conta de venda com a maior brevidade. 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DA SILVA & Co, Aktiengesellschaft, importante fabrica de | SCHAIBLE & KANITZ —Sao Paulo. artefactos de borracha e asbesto, de Ham- | RENDA PRIORI & IRMAO— Pernambuco, fe PLAGO GGG OCHOKHAAGOO OHMS OCOD 3 burgo. | NEVES CAMPOS & Co. —Pernambuco. MEYER LYRA & Co., de New York. | MOREIRA & Co., Fabrica Laffayette — Pernam- HANDELSHUIS INSULINDE, importante fabrica buco. do conhecido Leite condensado «La Va- | SALLIM SALES & Co, —Pard, quera>, de-Amsterdam—Hollanda. MONTEIRO PINTO & Co., Ltd. —Rédes do Ceard, SSSSe So =e REDEMPGAO S. ANTONIO COMMERCIAL SCHOOL RUA DOS REMEDIOS N.° 86 Professor—ALFREDO GARCIA Lecciona Contabilidade Civil e Commercial. —Calculos commerciaes financeiros. — Dactylographia (Smith System) —Portuguez —Inglez — Calligraphia e Stenographia. 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Meee AEDAOGEO o ROMINISTRAGHO — Estrada Epminunis, 29 (Palle Alsandre Herero) pepe MpCKO EDITORA — Papetaria VELHO LINO — Avenida 7 de Setembro, 9%) “SNE EA oe) O MOMENTO @ IESTA hora suavissima, que os dedos do tempo vao desfiando ‘em surdina, a alma joven da terra amazonica vibra num alto resplandecimento, saudando uma éra de paz e de trabalho, fem que se reconfortam as energias perdidas e se remodelam os processos de lucta pela felicidade collectiva. Bemdita, divina hora! Amargos foram os soffrimentos passados, afim de que ella chegasse um dia, como um balsamo, € viesse, por um sé. acto humanitario, enxugar a lagrima e provocar o riso. Jé 08 humildes respiram o ar puro das regiées saneadas, onde a tyrannia pantanal exudava miasmas asphyxiantes de miseria e morte. ‘A terra estremece, 4 maneira de uma noiva anciosa, para receber 0 beijo da Liberdade, que lhe fugira ha muito, ¢ ¢ tao acariciante esse beijo, que desabrocha em perfume e tudo perturba, derramando-se em ondas sonoras por homens ¢ cousas, REDEMPGAO satida 0 povo pela reconquista de tantos direitos € pede aos Céus — estamos em Natal! — pelos que, mesmo no silencio € na obscuridade, sonham o Amazonas verdadeiro de amanha,—grande ¢ fecundo, sem odios e sem paixGes estereis, marchando para os destinos que The asseguram as stias immensas riquezas. -SUUTPEUTHONEV EECA AGGRO NEA St iieno Vorange Montero | Manaus_ Amazonas. {Mangus Amazonas — REDEMPCAO == ILLUSAO DE NATAL=t=-1/7 4 —Nao ‘posso deslumbrar-me nesta bemdita chi- mera da Arvore de Natal! Nunca me deslumbrei, por- que nio a tive, 4 maneira dessas cabecas tontas que aqui passam cantando, envoltas em risos eonsoladores ‘como bencans maternas. Cantae, atomos da illusao! A ronda do tempo é ephemera, e quem sabe mais tarde ‘do fulminaré a alegria 4 fldr de vossos labios rubros, ‘resiando-a para sempre. ‘A minha Arvore de Natal... Vejo-me a uma enor me distancia, entre florestas selvagens, num rio nervoso barrento, cujas aguas rolavam em epithalamios, sacu- dindo em adeuses os arbustos mergulhados 4s_mar- gens. Os brinquedos eram as nuvens que se esfarra- pavam ao vento, as irrealidades que se desfiavam a um olhar... Nesse poderoso scenario, Jesus errava em som € perfume, esparso nas maresias © nos aryoredos, © accendia preces nos casaes rusticos, debrucados nos barrancos, A alegria borbulhava 4 noite, ao tremor das estrellas, quando homens rudes, seringuiros retardata- rigs, davam cerradas descargas de rifles, despejando relampagos na escuridio, Dentro, na sala maior, todos se ajoelhavam ante a imagem em tosco oratorio, de iam fitas de varias cOres, que rememoravam im, o areo-itis, na ferra em que eu nasei, € um traco de unio entre os homens ¢ o Senhor. ‘Quem peccar seré condemnado pelas suas edres, que sorverlo os rios e incendiardo as selvas. Contavam-se aventuras, em vor baixa € myste- riosa, com pavor dos olhos accesos, que nos devora- vam da maita... Era esse o meu Natal. Mas Te bem- 0, Senhor, por essas originalissimas scenas, que me fizesam ser forte, e Te bemdigo, por que me déste 0 sonho ea crenga.-.>. A voz melancholica do adolescente apagava-se 10 barulho ensurdecedor das cteangas em folga, a0 redor da riquissima Arvore de Natal. Os fcos electricos res- plandeciam como 0 sol; os instruméentos cantavam co- mo aves nas manhas de vero. Os brinquedos.pare~ cin pombos de prata. A piedade christa divinisava o ambiente, Cada rosto levava una floragao de luar; ca- ¢éa coracao era um ninho aberto a vida. Eo: adolescen- te ouvio, quando se isolava no recanto da sala, estas phrases ardentes, como se o jardim illuminado falasse pelo aroma dos rosaes —Dando-te 0 sonho € a crenga, deu-te tudo. ‘Ao seu fulgor, erguerds a tua Arvore da Vida: 4 som- bra de seus galhos e 4 sapider de seus fructos, senti: rds a passage dos dias, como, agua corrente entre bamibuaes que se abragam em, abobadas, num fim de ‘estio maravilhoso.-. Abriste a8 pupillas ao mundo, e ‘© teu bergo era escuro. Construiste 0 te edificio pe- dra 4 pedra, sem o amparo de um braco, sem o artimo de uma palavra. Na escalada pela montanha ingreme, da soffrerds: gottas de suor, como perolas, envol- verao ta cabeca de um fulgido diadema. Que queres? A sorte tece de paina o leito de alguns para abandonar outros 4 borda dos abysmos, Emr compensagio, fens © condao do sonho. Sonha, e tudo fulgiré no chaos e na treva, Iuarisando 0 teu caminhio. Levantards, assim a tua Arvore de Natal, alongando pelos annos aféra os galhos robustos amenos, a cuja sombta poderés vi- vet. Mas essa arvore ideal cresceré ao influxo da se- meadura, que the fizeres 48 raizes, Se um semeador de belleza, $6 a belleza do, espitito. perpetia a mocidade, reproduzindo-a em seu rythmo etemo. Amanha, quan- do te curvares ao ventre da terra, em gestos de filho catinhoso, fitards tudo, agitando milhares de recorda- ges, que te embalaro para 0 sonho supremo com uma docura e uma bondade vindas do céu. No em- tanto, ellas vem do pasado. E, levantando 03 olhos pasmos de saudade, abencoarés os pomos dourados de tua Arvore de Natal, que penduraste, dia a dia, 4 ponta de seus verdes ramos tremulos... Aquiy—quan- to'€ lindo este fructo! —é uma lembranca de amor: uma supplica, uma lagrima, um beijo, um adeus,—um cyclo de angustias, Alli, —um recanto de floresta, ain- da beijos... ¢ 0 peceado, Mas nao falemos nisto. Na- tal sagrado, e commove. Olha aquelles galhos em que o verde é mais tenro, um verde de folltas:novas. E uma caricia mais doce, mais pura, talvez de noiva ou de mae, Sonha! © acaso se manifesta pelas opportuni dades felizes, Nurica deixes de tornar uma illusio em realidade, Chorarias fel e sangue no fim da existencia, a tua arvore appareceria imperfeita e mirrada, — sem galhos, sem follias, o que quer dizer —sem satidade ¢ sem formosura, Triste de quem despreza a fldr, que se The depara 4 frente, na estrada do destino. Colhe-a sempre, onde quer que te encontres; transforma em belleza os menores factos e as menores scenas. Todo homem péde construir, dentro de si proprio, a sua Ar yore de Natal. Tens 0 sono, e sonho € ouro. Mas nfo te abandones 4 inercia, Tels sonhos devem resumm- brar energias. $6 nfo floresce a recordacdo firmada na desdiia alheia, porque produz 0 temorso, ¢ © remorso €a parasita, que aleia e cancera 0 tronco. Quanto, é alta esta Arvore de Natal! Os ollios das creancas dlespedem fulguragdes estranhas, Jesus- Menino passeia por aqui, distribuindo caricias... Sorts, de maos postas para 0 azul. Integrate a0 mundo em que vives. Os sonhos esto por aqui mesmo, A vida é prodiga aif para com os que a ndo comprehendem Vae! Sonda a helleza, e, nui divino extase, vive como se ouvisses accordes Sonoros em toda parte, e como. 8€ 0 feu coracdo fosse uma grande harpa enamoradal » © adolescente curvou-se sobre o jardin, De on- de vintia aquella vor tio boa? Mas onde encontrar 0 ‘que ella promettia? Silencio. As flores entreabriam os cealices heraldicos 4 volupia da noite. As esirellas tre- mulavam no azul, como lampadas errantes, ¢ a lua bojava clara e sem manchas. Aquellas palavras soavam em ulgr, de. canto, tal se a lua e as estrellas fa- issemn. Natal! Por onde andavas, Jésus, nessa noite em que os innocentes. ¢ os bons Te adivinhavam com os olhos languidos de amor? Bem sei que, nessa noite de lendas e evocagdes, esqueces as maguas que o mun- do Te causa, e vens, novamente creanga, para 9 meio das creangas... Ninguem Te imagine nos templos: estés nas palhogas, nos albergues, nos jardins... Mas, naquelle Natal, Tet vulto fulgia entre as rosas © as papoulas, entre as orchideas e tantas flores vermelhas, como um lirio luminoso e argenteo, a escorrer miseri cordia sobre a alma dos que soffrem com paciencia as grandes ddres sem remedio Natal! Atvaro: Maia, REBEMPGA ERO LGALCCCMG AEA A OL Pw =1 fk hk =z S. Ex? o Dr. Alfredo Sé 1 / Interventor Federal neste Estado FE OER ARAL AANA > ——T———EE__ eS Cire ; REDEMPCAO © CAMINHO DO PARAISO i . (TRISTAN KEINGSOR) Sobre 0 caminho do: Paraiso Onde a neve de Noel vem tombar, De maos dadas, subindo, diviso Chapelinho Vermelho e Pequeno Polegar.. . Chapelinho com uma fatia de pao E;avental branco aos adejos*da brisa E:Polegar que do roto calgéo Deixa sahir @ fralda camisa, Com seu asno tambem caminha Tropegando aqui e alli Para a §, Pedro levar farinha 0 moleiro Sans-Souci. Depois, mais longe, na estrada, Pobres—calgados de tamancos, ricos~vestidos de arminhos, Toda uma multidéo variada Segue atravez de urzes @ espinhos. . .2 E atraz, ja curva pela idade, De tanto andar de porta em porta Vem a velhinha da cidade Que é tao feliz depois de mortal... POETAS DO AMOR Poetas do Amor @ Poetas da Saudade, Sacerdotes e magos e levitas, Trazeis no olhar estranha claridade, Ergueis o olhar 4s amplidées bemditas. Gelebraes a belleza e a mocidade Des lindas Salomés e Sulamitas E 0 vosso orgulho ostenta a magestade Das torres, dos pagodes, das mesquitas. . . Sois bemaventurados, mas, nao todos! Quem de vés nao se viv 86 num caminho Tacteando um dia entre baldées @ apodos? Oh! a Esperanca que se avista ao largo! E a flor que se procura encontra o espinho! Eo fructo que se prova e encontra 0 amargo!... JONAS DA SILVA. (iapectal pare REDEMPEAO) Si) —— REDEMPCAO = o2— Be” Ss OURO BRANCO, OURO NEGRO & OURO VERDE... (Consideracdes sobre 0 Alarmado, como todo habitante do. Amazonas, conn a sitacto de enbaragos gue fodosatravessines, sere ha dois annos, sobre os diffe problenas do momento, as linkas «sir, no desjo de contribuir ‘om ana parla de iterese em assures de faa opportanidade ainda hoje Offercientiod eonstra des sinplescuriosos¢ des Aout 0 restate de modesas observacies, proclama- das do att da imprensa da tritana, enBora sob as restiegies da athe compelencia. Quanis haiam taagado suas vistas condescenden- tes aos eseriptos que lane’ & publicidade on me fram dado a houra de our, en patestas, io de rcordar- Se que, por simples gue torkam sido agaellas obsera- 8s, elas tverar sempre 0 deliberado enpento de lane rua pequena peda ao alicerce da futara prosper- dade do Amazonas: AIS de um decennio de vida obscura mas laboriosa nos tem dado, neste meio, a experiencia de que esforsos taes nem ‘sempre conquistam o merito le uma referencia, quando a realida- de dos facts vem porventura confirma opiniGes expendidas out ‘ora, na previsio de acontecimentos ireparavels. ‘Nio possuimos o objectivo de uma reivindicasio, visto que nfo lemos prioridade alguma a evidenciar,naquillo que tem me- reeido apenas o nosso commentario n’uma série de cstudos des pretenciosos ¢ esquecidos. Mas é justamente por essa condicio, € pelo facil olvido a que entre nds se relegam inicatvas muita vez preciosas, que vale referir no momento a co-participacto do nosso, ‘esforgo em torno das questdes economicas que envolvem a pro ‘os modestos mestees da agricultura, que tém fel als, a pros perdadee a fortuna de mals de meade da populasto do globo sid provado —e € notorio, que a nossa borracha continda a¥sera melior, peas condigdes excepcionaes do nosso sélo e do nosso lima, incompsravelmente superiores & terras de outros continentes, em que se cultva a seringueira. Esta provado, tam: bem, que em determinados productos euja materia prima & a bor- racha, nio péde ser dispensada uma percentagem da de melhor origem, ane € « da Amazonia, Mas 0 que € certo € que 2 nossa produceto diminue cada anno, pelo depauperamento,dos nossos.sringaes e por lament ves condiges outras, assim como a sua eotagio se desvalorisa nos poe na dificil emergencia do sacrifcio da mossx ‘unica indus, ‘Agora em que tudo isso, de simples conjestura que ers, se formu em evidente verdade, que relegaios para 0 esque imento todas as suggesibes capazes de um possivel equllibrio nas nossa finangas actuas, pela exploragio dos productos da a- ‘oura, cuzamos os bragos ¢ esperamos Ebem certo que uma tal attude nos diminue aos clhos dos nossos irmios da Federagio Brasileira. Somos os grandes possuldores de outv’ora, que esbanjmos & larga, perdularis que fomos da nossa immensa prosperidade que se desmoronou e falls. As esperancas todas, de agora, sio que nos veaha do sul tum auilio,enr tudo igual iquelle dos Paes que soccorrem aos filhos,yastadores impenitente, ou que 08 acolhe sob 0 tecto pro: tector da casa que os vin um dia pastivem para o grande mundo, com a3 algiberascheiase a eabega Qualquer que sei a consequencia dos nossos eros © 0 re suladofalvel das nossa esperaigasy somos de opinifo que a0 ‘Amiazonas ainda rest recursos que nto devem ser menospre- sados, ¢ que muito nos cumpre ainda fazer para rehabilitagko do nossa nome & face dos nssos irmios federados. Das ulti idéxs suggestionadas a nosso favor pelos po eres ¢ pelos elementos conservadores do Eslado, as que mals REDEMPCAO mereceram o-nosso applauiso e desde logo 0 nosso desejo de veleas realisadas, foram as que objeetivam o trabalho da abertura de estradas e da organisagio de servigos ruraes indispensavels © urgentes. Promovendo © governo da Republica a exeeucho de taes ‘medidas que tém os dois excellentes intuitos de darsnos trabalho edotar-nos com melhoramenios uilissimos, entendemos que.0 Amazonas podera de futuro equilibrara sua vida, se, relembrando ‘sempre a8 suas desditas de hoje, confiar apenas’ no resultado de ‘seus proprios recursos, sendo prudente ¢ economico, perseverante ce estorgado. Para as organisagDes sociaes, como para o homem, simples- mente, o trabalho é uma condito de vida ¢ de efficiencia inapre- ciaveis, de que 46 se pOdem auferir resultados e benemerencia ‘constantes e productivos. Dé-0s 0 Governo Federal trabalho e eusteie esses servigos ‘com assiduidade e interesse, mobilise os seus capitaes — para os ‘quaes tanto contribuiram as nossas rendas —e assim teremos em breve um aspecto novo na nossa terrae na nossa gente, ainda capazes de surprehendentes conquistas nos diversos ramos da actividade humana. E que, a0 lado desse trabalho, incentive e proteja com os recursos da Seiencia economiea 0 nosso principal product —0 ‘ouro negro das nossas legendas immortaes e fecundas. E que, a0 lado desse incenilvo © dessa protecgio, nfo e3- aquecam 08 amazonenses a lavonra nas suas teras, 0 plantic algodo na maior escala possivel © 0 aproveitamento r: nossas florestas, sem par em todo o mundo, e captzes, por si 86s, de nos rehabilitae perante os nossos laboriosos irmifos do sul. © ouro negro, © ouro branco € o ouro verde, iripice con- jmeto das noseas riquezas, poderdo um dia fazer resurgir entre ‘ngs, em plena florescencia do seculo, o antigo paizdo EkDorado, hhoje esquecido da propria memoria dos poetss .. PAULO ELEUTNERIO (De Aewlonis Armaonense de Letts) OE Rs 8D ASPECTOS DE MANAOS Praga de S, Sebastiao, vendo-se ao fundo a egreja desse orago, 0 edificio do Theatro Amazonas e, 20 centro, ‘© monumento commemorativo da abertura dos portos do Amazonas 4 navegacio mundi Ee] PEK Ese) PIG ZACHEU SNUK Episodio tragico em um acto, em verso CORIOLANO DURAND (Da Academia Amazovenes de Letras) (EXCERTO) Uma ria A esquerda, facheds deum cae com tres potas, Gp esqua com, outta rus praticavel ue passa a0 fund Na spat do ein demesas vous de hn, ete de cadets. A divi, veemse apenas a8 arvoree queson: bela ese lado daa cujs fac fea tviselss NO anno do. fundo segue, em perspectina, a contineagao data, Sto seie horas da manb. A primcre mesa, dire prowl, af tethdo Ec a, a lim copo & melo sant des segunda port, eniaeito o_eale, com urn guartanago, ao brayr optanda orden. Pouco & pouco, as mesas ce ro enehenda de egueres, ‘Ao abrirse 0 vearo,axven=e sete prnendas de um rlogiosgra- Mes, Sonoma. ZACHEU SNCK Eagotia de um tago'D copa, Fi mn a conte, oe cia ae, oni o poco cor & mo levemnt tren. Depois palmas por emia da cabega chsmanda 9 calcio, 0 CAINEIRO, avcorrendo Que deseja, doutor? Zaches Snuk evant a cabega e fita-o, sorrindo: a ZAGHEU SNUK Es um gentil caixeiro! Obrigas-me tambem... Curvas, sentado, em mesura, Desejo, cavalheiro. © CAIXEIRO, compledando he a phrase: Outra dose. ZACHEU SNUK Outra dése. . O caixeiro vae retirarse Altende!.. reforcada. .. Sem agua... simples... pura, isto é, nao baptizada, ‘A pureza, rapaz, é a nobreza das cousas, Da estima e do rancor de todas as esposas, Da fome e da fartura... E a qualidade prima REDEMPCGAO Do mal sinistro e da bondade opima, Do vieio e da virtude. Faz, om 0 indieador € ‘© medio, ‘caso siberis O'que vem isto a ser? Vamos a ver, rapaz. © caixeiro faz signal negativo com a eabesa, E um V, meu doutor .. 0 V com que se deve Graphar vicio e viriude (isto, quando se escreve Correciamente), vés?.... Se, a0s dous, V nao puzeres, Poderds escrever tudo quanto quizeres, Nunca, porém, virtude ¢ vicio, Eis a pureza, Espirito que exalta a feiura ¢ a belleza! ... Toma nota: Por mais que este planeia mide, Um vicio sem pureza ainda é meia virtude; ‘Uma virtude impura € meio vicio. Assim... - Subliamente, mudando de tom: Tu nao bebes, pois nio? Bem..bem, zomba de mim... Ou lastima-me, ento, enquanto todo més, De vinfem a vintem, vaes roubando o freguez, Meu honesto caixeiro, oh! med. virtuasa amigo! Apontando pata si Bebedo puro, Apontando pata o caiseiro: ladro impuro... E 0 que te digo, Cada um € bom ow matt conforme quer o pode Faz um engrolado guttural, como um estertor, ax aborte- cido de quem no queér mais tratar do assiumpto, Nao se incommode, v4, vd, v4, nilo se incommode. Outra dése, outra dése, Enquanio 0 caiielfo entra no café, Zacheu Su, em ten fpovde sobre & mesa examina, Ver to-ovasio, sti raivoso a0. cho, Neale momento, entra RENATO, que sersentad me aie fen 4 rela Ge Zachet Ske © cAIKEIno, ‘razendo a beblda solietada por Zachos Sra: A outra dése, patrao. Poe 0 copa em cima da mesa edirge-se para Renato, 7 ‘ZACHEU SNUK Obrigado. Esti bem. © CAIKEIRO, a Renato Leite, manteiga, pfo?... neato a ae O caixeiro entra no café. ZACHEU SNUK, om indircta, @ Renato: E bom, mas nfo fusti Os nervos de um poeta. Entopesthe a barriga E s6. Quanto 4 cabeca, é cert, frigideira, ‘Onde tempéra € guisa um zero co'uma asneira. ‘Toma do copo ¢ levanta-o, como em saudacio. A inspiragio cd esta... Alma exul e subtil De um deus que viu a im arco de barril, Divisando, atravéz desse infinito de ago, ‘ nada, 0 vacuo azul outro infinito — 0 espaco. E, ao morrer, como a luz, num halo de grandeza, Vendo da humana estirpe a estupida rudeza, 8 Legou nesta ambrosia, oh! gesto de piedade! O extase do bello 4 bronca humanidade. Com desprezo ‘Mas um verme e um batrachio andam sempre de rastros, Nao pédem contemplar a belleza dos astros. Levanta-ce e com vor estentorica: Rastejai, lésmas vis, c€gas aos arrebées! Deixae ficar comigo este escrinio de sée Este cofre feraz de excelsos pensamentos, Erario de illusdes... sonhios. ... deslumbramentos! Quero sorver-te assim, sob 0 céu opalado, Sererio como um deus, de pampanos coroado, Em extase, fitando 0 mundo sideral, Na mystica visio da Belieza Immortal! Bebe e senta-se, © BRIO, furiose, sahindo do enfé e falando para dentro: Isso, nflo, sew... Vae elle! Eu pago com dinheiro. .. Mette a mio no bolso das ealgas e delle nada tia, Estd aqui, esté aqui!... Nao é p'ra um taverneito Desfeitear o freguez. Enquanto dist, vem aos resis epproximandese da me- sade Zachen Snuk ea sia se venta A Zaghen Sook Desculpe-me, seu chefe © ccaixeiro traz 0 almoso de Renato, ZACHEU SNUK, (@fitar 0 ebrio com desprezo, resmungando: 0 EBRIO, a Zacher Sauk: Pois ndo acha? E caso de tabefe- Sordido! $6 bebi dous e cobra-me tres. Eu nao fago questo, mas roubar o freguez, Isso nfo, isso nfo!.. Tocando no braco de Zachew Snuk Nao acha? Zacheu Snuk vosthe as costes Mal acabo, «, senhor! © EBRIO Sem ceremonia, sabe? REDEMPCAO Pago eu. ‘Meltendo a mio no bolso das ealgas e, por ndo ene contrar nenhum dinkeito aki, proeurando nas ot- tas algibeiras: eu pago. .. até tres, quatro, cinco, seis... Nio é pia se furtar assim, como elle fez. - Achando o dinhei Bronze nio falta aqui, Para o café: mas cé desfeitas, nada! A Zacheu Snuk: ‘Sem ceremonia, eu pago. Eu e4 sou camarada, Deixa 0 dinheiro em cima da mesa, Mas a gente se damna.. e eu quando me zango, ih!.. Toma o dinheiro de cima da mesa. © dinheiro esta aqui ‘Mostrando-o 20 caixeiro : Aqui! Agui- Aqui!... Bandalheiras assim nossa lei no protege... E olhe, se duvidar, viro essa droga a frége. ‘A Zacheu Sauk . Vamos 14, seu collega, 0 que vae? Se eu puder-.. Vae cerveja?... Um cognac? Toca pela tercira vex no bras g0'de Zachen Snake Va, pega 0 que quizer. ZACHIEU SNUK, vollando-se, eolerico= Por acaso suppde voce que me embriaguei P'ra um bebedo aturar? 0 eneio Perdao, mas eu pensei-. ZACHEU SNUK, cortando-ihe a palarra : Nao pensou cousa alguma. E pensar cousa immensa P'ra um asno e um asno morte ex-abrupto, se pensa, Ao caixeiro, levantando-se: Se no queres aqui ter uma barafunda, Tira-me de ante vista essa toupeira immunda, Esse herdeito de Baccho, a quem 0 Olympo cerra Seus dourados portoes e as marnotas da terra, Com toda a sujidade, acolhe, nutre e attrae! Iracindo, 20 ebro: Féra d’aqui! Ao lodo! A vasa! A lama!... Vae! Bate-the. O caixeiro e Renato acodem’, este segura Zacheu Soh, aguelle 0 ebrio, ‘0 enw, sob as pancadas: O que ¢ isso, hein? RENATO, fendando acalmar Zach Snuh : Que faz, oh! senhior ZacheuSnuk!... Conseguem separal-os. 5 © EBRIO, agarrado pelo eatxeiro: Mas 0 que é isso? O cArREIRO, emperrando, fal-osahir. Saia, ZACHEU SNUK, miosirando 0 punho fechado O peso do meu muque, REDEMPCAO SS Sess Se Wes ee Devemos a Raymundo Mont ilicos sonetos desta pagina, que revelam fem eujo coracio arde ‘inbiosas,dgnas ds uma Jouradas dos lsaues sto ibe Suro epersne citandosts ox ov idos nas nas, Somo un arrasiar de vioinos em sardina. COSME FERREIRA FILHO SCEPTICO... Turvame o olbar 2 sombra de um erepusole thio de sors morrentes ée viline, E um wenon, lethargzo © assassno fe vagar me penetra cada museue, Abra @ perscruo 0 pooma alma —opuse us conto todo 0 mal que a mim propio, desie 0 crime de amar, quase tvino, a0 paccado mais facil € minuscule is na existenia —rispido carario — onthe a hosta da dor @ bobo o puro fal negro de um tormenta exttaoréirario. E apenas tbo, em meu vrer ascetic, 2 dulcia, sam par, de ser obseuro 0 subir, sempre novo, de ser septic ALMA VASIA ‘Trova Iybeal. Plo ar fogs em reread sotune rfl de azes agoutias. - Sobem gems de aimasprsonsias 4a selva em pandemoniom trarsfomaia Abro 0s ols par ver, na nite armada, © cantor ds cokes verdaderes ‘© aponas ej, no ero das clariras, sombra, silencio, escrito, mais nade | Fico a sismar neste mysterio penso + na minha estranha @ intermina amargura, sab a ipessdo de um desespero immeno E presnto que, nama atandonada ‘ago samente, como & noite escure, a perpelualampada de Aladino, na conguista dyonisiaca do. Violando a usura incomprehensivel com que Cosme Ferrera Filho escondia essas sombra... silencio... escuidéo.. mais nada 4 saniticio « ce arrependimento! es MANAOS 0 cinelador ldalgo pero de Valdas © Horas Lenas, em Cosme Ferreira Filho um singularissimo, jthmo eda Belleza. paginas e- sdieyos, Raymundo Monteiro entre al, & REDEMMGAO, que, por essa forma, brinda aureamente os seus letores neste dia sereno de emt que soluga a vida em consolo © tesignagio, RETORNO Senor mau Deus, si, por tril, valbo ainda a pene €9 maior castigo, ae que ella voja 0 pranio com quo ortho as magoades gaavras, que ie digo: « Volo 0 in nino pote aga 0 meu liao crap maki “Trago peito a sangrar € 0 past falta, diem consolazo 0 dana abrgo! » tio me repels namin rtm (rt na historia do amie que me emenena €, stn luz, 05 soos me lumina. Perdie-me. E eu, peur « condemnade, uge-lhe a faa, mirmura ¢ serena, que me radime do maior paca, DESTINOS (1 64 votre) ‘ho léo da mocidade, em que & virtude ambiglo de fortuna, gloria ow mando, vinhames. pela vita preltando © vinho de Hebe, que entontecee illu Depois, os tre nos separans, quando a estrada imperial de. jentude tomo aspesto esborinade ¢ rude, em tes gargantas se ramificando Seguiste a trilha que conduz ap fausio, . E tu, amigo, tomeste outro camino, no qual se vence atormentado e exhausto! E eu sigo a estrada, que 0 plabeu invade, onde, na multe, marcho scinho, ata a vale-commum da obscuriade OLTIMO CANTO Eisme a0 termo do cyclo da exstencia, Entegue x lucas seduogbs do. mundo, nem divs © vortice profund, le remorss povcado ¢ de inclemencia. ‘Da mocidade a doioesa ausencia pesinc. E em dois ansies me confunda, vendo-a fugit, um desespeo fundo, camo doce ¢ fugaz reminisonca ‘Amor? gloria riquaza? — em cinzas tudo — — love poira dé tz vagando 2 esmo — 8 uma, interogeedo no labo, mud 6 ma commere um rude pansament, urdido no mysterio de mim mesa, i I EE We = “Minka amiga, /EEM-ME 4 lembranca, nesta hora triste e silenciosa em que lhe escrevo, neste momento em que sinto a0 simples balbucio de seu nome latejar-me 0 sangue nas arterias com mais violencia, as palavras que pro- rnunciow em nosso ultimo encontro. Néo pude ainda esquecer a declaracdo que me fez, nesse dia, de que era vellia... E verdade que me disse isso a sorrir, como st qui- zesse com: 0 seu riso provarme justamente 0 contrario, Poraue o seu riso, minha amiga, era todo elle ale- ceria, sade, mocidade; porque o seu riso tinka para ‘mim qualquer coisa de pertarbador e de divino— pren- dia ¢ fascinava, Péie ld uma vetha rir assim, com esse desembara- ¢0, com essa frangueza, com essa vivacidade? Néo, minha amiga ; quando de novo commetter 0 ‘Brave peccado de proctamar a sua velhice, fiqne séria: ito ria. Ha, no sew riso, frescura e belleza; hha, no seu riso, ryvthmo, docura, suavidade, encanto, E porque deseja ser velha? E porque, —ao contrario de suas irmas que occul- tam a edade,— quer parecer o que nao é? ‘Accaso, — tao nova ainda, — jd estard vencida pe- los desenganos, alquebrada pelas desillusdes? Serd possivel que a vida tenka jé perdido para os seus ollios tao lindos, — que falam tanto!—a roupa- ‘gem luminosa com que veste @ouro as nossas espe- rancas? ‘Nao; nao o creio. A vide néo é mé; somos nds que a tornamos ‘im, somos nds que a eavenenamos com as nossas per- ‘Sidias, com as nossas deslealdades, com as nossas trai- ies, com as nossas mentiras. A minha amiga assegura que évelha quando tudo em si pede carinho, pede ternura, pede amér; quando, 20 redor de si, tudo esta cheio de seiva e de vida, — tu- do ama! Li certa vez que um (yrio se enamorou perdidamente de uma estrella, s Conkego alguem, mais infeliz, porque ainda sof: ‘fre, que se enamorou apaixonadamente de um sorriso, « REDEMPCAO Procurow com sinceridade esquece-to no ardor do trabatho, na tucta asperrima pela vida, na conguista da gloria e da fortuna; procurou esquece-to nos bailes dos cabarets, aas sons ruidosos de uma orchestra jazz-band, entre bracos impuros de mulheres bonitas. Tudo em vio, porén. Perseguia-o sempre onde quer que fosse a lembran- a daquelle sorriso e, cerrando os olhos, via-o ainda ni- fidamente, precisamente, com a mesma graca e com a mesma belleza, com a mesma frescura e com a mesma suavidade. E si ndo cahis d beira do abysmo, si ndo se pre- cipitou no todacat do vicio foi aguelle sorriso quem 0 erquea, quem 0 redimiu, quem 0 salvou. E por ter conhecido tambem aguelte sorriso, deixe- ‘me confessar que elle ndo valia 0 seu, minha amiga. ‘Nao vae nisto elogio, ndo vae nisto lisonja, ndo vae nisto 0 desejo profundamente hamano de agradar: é a expressao rigorosa da verdade. Parece-me que a vejo ainda diante de mim, pare. ce-me que a tenko ainda « rir diante dos meus othos deslumbrados. . Para que fosse velha era necessario que no sou- hesse rir, era. necessario que os seus labios se ndo abris- sem ao sorriso. E, permitte que en the diga? Essa visto encanta- dora do seu riso, que € wn cantico, que é um poema maravilhaso onde , ha de ir commigo até o fim da minka vida, porque é ella para mim um lento, um conforto, uma esperanca. Publius » Esté conforme ao original. ANTICLEA. 1 senhzrinha Syvia S& Peixoto, filha do Desembargador Antonio Goagalves Pereita de Si Pelacto, A araci ENGHENTE E VASANTE NO SOLIMOES AS PRAIAS Especial para ReDeMPRo A enchente no Solinides ou Alto Amazonas co- mea regularmente em principio de Novembro. Sabem-se as. causas destas periodicas alagacdes, 0 degélo dos Andes por occasiao da passagem do sol para o hemispherio do sul; a frequencia das chu- vas torrenciaes, € outros phettomenos concomitantes, Em chegando essa data 0 rio comega a encher, a io lentamente, depois com mais fora abun- dagua, arraslando na sua correnteza grandes ithas de capim, leves destrogos de arvores, possantes madeiros, sapopemas colossaes. Leva assim muitos dias até fazer uma parada. Depois volta novamente a encher, fazendo duas e tres paradas, que se succedem, a que os naturaes chamam repiquetes. ‘Até onde ird a agua, até que altura attingiré o tio? E’ uma pergunla qué naturalmente acode a todos quantos habitam as maigens do Solimdes, rios tribu- tarios ¢ lagos. ‘As cogitagGes se fazem 4 mereé do optimismo ou do pessimismo de cada um, porque nao ha signaes certos, pelos quaes se possa prever a grande ou pe- quena enchente. ‘© cabéclo que habita ha cincoenta ou sessenta annos as margens do grande rio, nao tem armazenado DR. MANOEL ANISIO JOBIM, Juiz de Direito em Coary. no registro de suas observacoes nenhuim indicio, signal ‘ou motivo, que lhe permiita prevér a alagacdo, que comega, até que ponto poderd attingir. Jé de seu natural gigantesco o rio vae mecani mente enchendo, ou para usar de uma expresso pit- toresca entre os naturaes, tufando a olhos vistos, cobrindo as terras mais baixas, os prados ¢ as varzeas, para depois galgar as mais altas, ou os varjoes. Em fins de Abril elle tem chegado ao seu ponio culiminante. Se a alagacdo € grande, se excede o nivel commum, o habitador das stias vatzeas tem que de- frontar uma calamidade que the bate 4 porta, ¢ para a qual s6 ha um remedio: mudar-se com a sua baga- gem—, cuias, potes, talhas, arcas, esteiras e rédes & cherimbabos — para a terra firme, === REDEMPGAO. i Se no é muito grande elle tem que ficar trepado no girdu oscillante dois e tres mezes, vendo 0 ban- zeiro levar-lhe 0 portal da casa, e sentindo o vibrar soturmo das maréias nas paxidbas envelhecidas do soalho. Por esse tempo recebe no casebre as visitas mais apavorantes, ora da giboia, da sucuriji de forca hh ‘cuilea, ora dos jacarés, em sortidas disfarcadas, attrahi dos pelas vozes das creancas, pelos ossos de peixe atirados nagua, ou pelo cantar sonoro de algum gallo preso na gaiola tecida de cipé pendente do girdu. A grande enchente produz a visto acabrunhadéra de um novo difuvio que ameaca a terra. O rio arroja-se aos planos mais altos dos varjdes cobrindo grande ex- ‘tensao de terra num ambito consideravel. ‘Véem-se apenas as cordas das arvores mergulha- das, de galhos retorcidos, onde desabrocham orchi déas saiurando com seus effluvios o ar ambiente, e pondo notas alegres naquelle intermino sudario liquido. ‘A agua se insinia na floresta por onde passa a corrente com estrid6r, e communica, tornando refertos, 08 furos e os igarapés com os lagos, perdendo-se na mais desmesurada e imaginavel vastidao. ‘As cacas abandonam os baixos e vem se refu- giar nas terras firmes, onde Ihes esperam os fructos das arvores ¢ 03 cdcos das palmeiras, que amadurecem nesta estacio. $6 em fins de Junho € que as aguas comecam a baixar. Este rythmo, porém, nao se verifica sempre. Fa- ctores diversos sé condiccionam, e succede 0 rio sec- car em pleno mez de Fevereiro ou. marco. Em Coary, por volta de Fevereiro de 1917, 0 ago seccou tanto que s6 ficou o estreito canal, por onde mal transitavam lanichas ¢ bateloes, Quando a vasante comeca parece que a alegria invade os coragdes dessa gente, que mora 4 beira dos cursos dagua. ‘Ao inverno com as chuvas abundantes, com as sas noifes repassadas de um phantastico coaxar de sapos ¢ pios agoureiros das hiumaras, com as suas lufadas de friagem, succede © verdo radioso e flam mivome. © calor € equilibrado pelas florestas e pelas mas- sas liquidas. ‘As margens do Solimdes so sempre arcijadas. vento pe constantemente em rebolico 08 coqueiros, as palmeiras, retorce os ramos das arvores, avergando 0s troncos, agita as aguas, desencadeia 0s perigosos anzeiros, retem ou apressa a marcha das candas vo- lantes, infla as velas. O rio vae aos poucos retomando o seu Ieito, ¢s- vasiando 0s alagadigos, desopprimindo as varzeas, enxugando as devezas. |, ‘As barrancas se mostiam alcantiladas; as. mar- gens se vestem mais abundantemente de flores, e por fim surgem as praias, povoadas de tuyuyis de eérpo branco e aza e olhos pretos. Os igarapés derivam em gorgolejos. por entre as froncos e as sapopemas seculares, sob doctis de ver~ dura, cheios dos gritos das ciganas. E’ a época dos rogados ¢ das plantagbes, ¢ apro- veitamento das varzeas, da pesca do pirartict, da arti- bbaco das tartarugas, dos viveiros e das praia. © cabdclo acha um sabér delicado nas praias Apraz-lhe dormir ao ar livre, expOsto a humidade das noites, =e A’s vezes enfia dois paus na area e ata uma réde ‘ou maqueira, sobre a qual estende esticado 0 mosqui- {ero de riscado consistente para se acautelar das mor- deduras incommodas dos carapanis. ‘Ama aquella atenosa cinta de terra ao longo das ‘margens ou ao meio do rio, que se cobriu de uma ve- ‘getacao rachitica de aracds © capim e musgos ¢ juncos € matupés, onde veem desovar no verdo as tartarugas, e por onde esvoagam as jacan’s e as gaivotas em nuvens. Estes taboleiros ou viveiros que se formam ao Tongo das ilhas, ou surgem do centro do rio, sfo vi- giados na época da desovacao por um capitdo e guar- ddas, que para melhor fiscalisaglo armam « tapirys > nas praias, onde se refugiam dos ardores do sol ou das descargas pluviaes. Em ponto mais elevado nas extremas, de modo que seja bem visivel, erguem um mastro no topo do qual hasteiam uma bandeira branca. E? a advertencia convencional de que alli existe uma praia com um ta- bolero de tartarugas, e que é defezo aportar ow pes car no boiadouro, Com tazio admirava-se Agassiz da facilidade com que o indigena descobria o ninho das tartarugas, e cavava 08 ovos. Para 0 celebre naturalista, que no escapou dos motéjos de Tobias Barretto, parecia que elle tinha uma sorte de instincto no fim dos artelhos, que o fazia, indo com 0 passo cauieloso e ar inquieto, parar de = i bans le offlaga | q REDEMPCAO repente em sitio, onde no havia nenhum vestigio ex- terior visivel, curvar-se, e retirar 0s ovos enterrados na areia a vinte ou vinte € cinco centimetros de pro- fundidade, Uma vez as tartarugas na praia, para 0 que son- dam previamente o terreno e se capacitam de estarem alli em confianca © quietacdo, passeando umas, ¢ ap- plicando-se em fazer stias covas ouitras, para a postura, pratica-se a viracio. Sae dos matos 0 bando de guardas, e tomando © lado da praia, vae virando-as de peito para cima, tirando-thes desta maneira a possibilidade de fugirem. Depois sondam-Ihes as covas e tirami-Ihes 0s ovos. A's vezes as preferencias nas nomeagbes de ca- pitto e guardas géra o despeito, a inveja, o rancor, No cerebro do despeitado bruxoleia a ideia do crime, que toma cOrpo € vae alé d sua eclosao, Com infinitos precalgos, protegido pelas sombras da noite, affrontando os perigos das corredeiras e dos rebojos, eilo emfim depois de muito remar na zona prohibida do boiadouro, Sua intengao € destruir a prai farugas. Derrama em varios pontos kerozene, infusio de cipds ventenosos, bate a agua em todos 08 sentidos, € volta gosando a fuga das tarfarugas em rumo de ou- tras praias, de outros boiadauros, afugentar as tar- MANOEL ANtsio Joni. REDEMPCAO — O ULTIMO VOO DO CONDOR Esra pagina ¢ de heroismo e saudade: Sacadura Cabral, o extraordinario nauta aereo, no vive miais. O espago entregouo ao ocean, talvez por um momento, e as ondas néo o de- volveram, guardando-o para sempre. Que dizer ante esse: golpe impe- tuoso para o coracao de Portugal € para 0 coragio do mundo? Sacadura, que: realisara_vieto- riosamente um arrojado ideal, pre- parava-se para assombrar os seus contemporaneos por outra audacia domar a terra pelos ares, circums- crevendo-a a ruidos de machinas, como um condor Iuminoso, e tra- ar a fogo as linhas imaginarias das antigas cartas geographicas E morre exactamente 10. pr meiro véo, & margem do mar, que ouvio, faz pouco tempo, a voz da grande guerra. Singular destino singulat sepultura! Mas o seu nome fulgird eterno, GD caver tse rae gal, reafirmando as qualidades he- roicas da raga forte, que ndo tem declinios e é, ainda hoje, motivo de admiracéo para o universo, Nao se medem as patrias pela superficie territorial e pelo numero de habi- tantes, mas por individualidades como Sacadura Cabral, em quem se condensamn o heroismo e a bel- leza num fulgor inconfundivel Portugal é portanto, uma grande patria e merece o pranto ¢ a sau- dade, que toda a terra derrama Conira-Almirante Arthur Sacadura Cabral pee er eet Sela ela a . 4 cimento de Sacadura Cabral === REDEMECAD Mauclair © fascinador estheta amazonense Pericles Moraes, a proposito de seu livro Figuras & Sensagées, recebeu do gran- de Camille Mauclair a formosa carta que abaixo transcrevemos, que veiufacompa- nhada de sua photographia, reproduzida nesta pagina,e de um exemplar da Gran- deur et Servitude Littéraires, a obra mais recente do mestre insigne da critica de arte contemporanea na Franca. +A Saint Leu-Ja-Forél, Seine ef Oise, 9 juillet 24. Vous pensez bien le plaisir profond que me fait votre étude: Ja reconnaissance que j'en éprouve fait de moi volre ami. Vous avez admirablement résumé ef synthélisé ma pensée; ef je suis fier 4 I'idée que, dans votre pays que j'aime, des consciences me seront acquises grice 4 vous. Je ne sais pes votre langue, mais le cceur m’a aidé & tout deviner. Je vous envoie en faible remerciement un portraif qui est un peu de moi ef un livre of j'ai dit ma jeunesse ef mon culte pour les étres de Beauté qui m'ont aidé 4 vivre. Je ne suis qu'un epprenti vieillissant, mais le grand amour du profond est la plus siire defense contre Ja mort, Je vous serre affectueusement les mains, ef j‘espére que nous correspondrons. Ecrivez toujours ici. CAMILLE MAUCLAIR- ‘Sil TAURTTENEOEGLEREL EEUU ERAT REDEMPCAO ALTON NORTH TREAE A eT DR. HELIODORO BALBI +A historia, como synthese social ou protdse humana, esté cheia de palhacos. Mas a expresso real das idéas, como 0 fiel transumpto dos factos, a verdadeira philosophia dos acontecimentos como a educagdo do espirito das coisas, nao estio 4 mere® do grotesco que vitaliza a chocar- rice logica dos trudes de feira e escapam a0 ridiculo que anima 0 prego martellante dos corretores da immortalidade pequena. Tanta importancia merece o louvor dos ultimos como o desgabo dos primeiros: se a incon- sciencia os nao adverte, baldasthes o intento a imbecilidade.» Hetrop0Ro Bate. ass Sz2 REDEMPCAO S— NOTAS MUNDANAS ~—~ Ze, Dr. Leopoldo da Cunha Mello No dia dezeseis deste més, defluiu a data natal cin do nosso confrade Dr. Leopoldo Tavares da Cunha Mello, uma das figuras mais brilhantes e queridas da classe de advogados, nesta capital. Durante 0 governo do Coronel Raymundo Bar bosa, desempentou, 0 distincto anniversariante, com altissima competencia e honestidade, 0 cargo de Chvfe de Policia, 2S ERS Professor AGNELLO BITTENCOURT O nosso esti- mado collaborador Professor Agnello Bitlencourt, Cathe- dratieo do Gymna- sio Amazonense, ¢, agora, n’um acto fe- liz, nomeado, pelo Exo Snr. Dr. AF fredo Sé, para Di- rector Geral da Ins- ‘ruccdo Publica, foi alvo, no dia treze de Dezembro, sua data natalicia, de muitas homenagens por parte dos seus amigos, adi dores e auxiliares. Sse Senhorinha Sinhasinha Nogueira Transcorreu, no dia vinte e tres do corrente, 0 an- niversatio natalicio da gentile distincta senhorinha Sinhé- sinha Nogueira, ‘i- gura de realce da nossa élite, e filha do Dr. Luiz No- gueira, advogado do nosso foro, °SZz5GSLZ Major JOSE NUNES DE LIMA Fez annos,no dia dez de Dezembro cor- rente, 0 nosso presado amigo Major José Ni nes de Lima, socio gerente da conceitiia- da Fabrica Mimi, con- sul do Equador e ca- valheiro nimiamente estimado em nossaso- lade, Aas _™™WSAAESZ NOIVADO Pelo Snr. Raymundo Perales, gerente da < Casa Adonias », em Macoatiara, foi /solicitada em casamento a prendada e distinctissima senhorinha Adelaide de ‘Magalhes Cordeiro, filha do professor Raymundo de Magalhaes Cordeiro e Ex. Snr.t D, Maria Theobaldo de Magalhies Cordeiro. © pedido obteve magnifica acolhida pela familia da noiva, (BEEN ED Fe ee GES REDEMPCAO ) eS oc t= DS) Sem odio e sem nenhum resentimento, Hoje esta carta humilde te endereyo Wal sabes quanto é grande o meu tormento, Nesta linhas, porem, nada te pego. As minhas intengSes so a5 mais puras, Soffras, embora, um mal que nao te fiz, Yenho alliar-me as tuas desventuras, Dizer-te que tambem nao sou feliz. Por um capricho teu iniquo, injusto, Sem amor @ outro homer deste a mao, Eo mal que me fizeste foi o custo Dessa tua fatal resolugao. Hoje sei que tu soffres, que padces, E é este o meu supplicia, a minha dor; Do que serve saber que nao me esqueces, Se pordi para sempre o teu amor! Por isto apenas trago-te um conforto, Humilde prova amiga venho dar-te Embora 0 nosso amor esteja morto, Pega da tua dor a meior pare, De mais condescendente fui comtigo, Nunca a ninguem no mundo amei assim ; Suppliquei-te, cruel foste comigo, ‘Que fizeste, afinal, de ti de mim? Palmilhamos agéra, da existencia ‘A estrada escura, toriuosa e nua; Tu, chorando sosinha a minha ausencia, E eu sosinho, chorando a ausencia tua, Seja-te a vida um paraiso, que ande Sempre o destino teu do bem repleto; ‘No mundo, o teu prazer sea t8o grande, Quanto por ti foi grande o meu affecto! Mio te culpo, bem vés, 0 mundo é assim, Ninguer na. vida julga-se feliz; Tudo muda, afinal, tudo tem fim, Succede sempre ao gol a cicatriz O amor é sempre assim, quem tem amores, Tem no peito tortures 6 carinhos, Vive triste a chorar por entre flores, Vive alegre a cantar por entre espinhos ! Porem, ndo te esqueci nem um 86 cia, Rogande 20 eéo, pedindo que trocasse Todos os meus momentos de alegria, Pela mais leve dar que te maguasse, Nas, fol inutl todo 0 sacifiia, A dor que te espesinha me espesinha; Amo-te sempre, que cruel supplci, E hunce mais no mundo serés minha Agora, para nds tudo é perdido, Naldigo o meu distino e o teu maldizes; Tao felizes podiamos ter sido, E somos, afinal, tdo infelizes ! Jutio OLvMPio, = UM LIVRO DE GRANDE VALOR A PARAHVBA & SEUS PRoBLEMAS, pelo Dr. José Americo de Almeida, — Imprensa Official, Parahyba, 1923 {P™ 98 estomagos delicados e exigenies, a diaria variedade das iguarias vae-se tormando um facto trivial, que acaba em habito de indifferentismo, O glu- to come sem prazer. Os banquetes mais fartos per- dem-lhe a feicio epicurista. Ao requinte do seu paladar, a0 cansago do seu orgao digestivo, raros acepipes po- dem impressionar agradavelmente, para entio reter a doce lembranca do agape delicioso. Annos decortidos, ainda recorda, com enthusiasmo e satisfacdo, 0 instante i i cr A CHEGADA DO INTERVENTOR A manifestacio popular, no «roadway,» vendo-se 0 vapor Bahia atracado, Ges cea ga em que saboreou o prato delicado, conservando a admiracdo pelo eximio cosinheiro. Para as pessoas que tém o prazer das leituras abundantes e variadas, a intelligencia funcciona como ‘um estomago a que nem tudo agrada. O pao espiritual 6 tantas vezes, indigesto, nas suas multiplas férmas, de livros, revistas ou jornaes, 7 Os glutdes das lettras ndo sofirem dyspepsias ¢ sho, por isso, mais exigentes que os outros. Os casos de « surmenage» apparecem raramente, As faculdades REDEMPGAO perceptivas requintam no gosto lilterario, ao sabor das grandes obras, em que o pensamento empolga pela elevacao € pelo conceito. Cangados de ler sensaborias, que jubilo encon- tramos nas paginas de um livro bem feito, tracado por mao de mestre, f6ra do terra-a-terra, dessa litteratura de fancaria, que atulha as prateleiras dos livreiros! Que tempo bem empregado, o que consumimos no conhecimento de uma obra, que nos ensina e nos commove, obra que nos leva aos paramos da sciencia ou & meditagéo de novos campos de actividade ui Estamos diante de um livro assim. A PARAHVBA E ScuS Prostemas, pelo Dr. José Americo de Almeida, € um grosso volume de 637 paginas, inte, além de uum appendice de VII pags. E’ 0 que se péde, com justica, chamar um traba- tho monumental, pela transcendencia com que os as- sumpios, ali, so discuticos, Devemos sua leitura 4 obsequiosidade do illustre parahybano Dr. Elviro Dantas, Cavalcante, tim apaixonado pelos seriées da- quella bos terra, que elle sabe descrever com 0 vigor de sua palavra.ardorosa, mas empregnada de uma ROS SS A CHEGADA DO INTERVENTOR O Dr. Alfredo S4, a caminho do Monumento Humano, seguido pela grande massa que 0 recencionou. Guevea cagaey © vulto do immensa brochura, embora recebida na gentileza de uma estima tio digna, era, 4 primeira vista, para indispor, sequer, a tentativa de simples ins- pecco. Demais, o titulo da obra estava a indicar um interesse todo regional. Temos, felizmente, 0 habito da curiosidade litteraria, maxime em materia pertinente Periustrando as primeiras paginas, vimos logo se tratar de motivos mais amplos, de questbes scientiticas abordadas e discutidas proficientemente, com a largueza de uma vasta cultura ao servico de uma intelligencia de escol. A tiqueza e a vibragio da linguagem do autor, deram-nos enthusiasmo para proseguit. Tivemos immediatamente a certeza de que ali es- taya uma obra grande a encerrar uma grande obra, digna de figurar ao lado dos «Sertdes », de Euclydes da Cunha, 0 espirito mais atilado e profundo, que se tem occupado modernamente das cousas ¢, sobretudo, da ethnographia do nordeste. REDEMPCAO yw logica ou metercologica, que o autor no dispozesse em linha de conta, para a solucdo de problemas demo- graphicos ou para caracterizar feigbes psychologicas da gente sertaneja. Para um escriptor menos arguto, certos motivos passam como destituidos de valor conducente a sur- preza de uma verdade, O referido Euclydes da Cunha viu, nas sinuosidades dos caminhos, que o matuto rasga 4 sua passagem costumeira, no solo adusto, o bambo- Ieio. de um corpo apparentemente mal equilibrado, quando marcha, mas domintado por um vigor muscular, ccuja resistencia todos nds admiramos. Na linha irregu: lar das pégadas, que nastreiam esses caminhos, est estereotypada a’ vibragio de uma alma atormentada pelas desgracas periodicas. Em outtros logares, em que (© homem marcha serenamente, despreoccupado, as verédas, que descreve, nos seus pasos morosos, -o—~s_ A CHEGADA DO INTERVENTOR ©_—77-~ > “27S O Monumento Humano, magnifica concepgéo do Dr. © Dr. José Americo de Almeira revela-se um grande peusador. Possue a facilidade de apresentar, has suas dissertagdes, 0 aspecto mais logico e ameno, de maneira a_seduzir 0 leitor, mesmo em assumptos que ndo sio familiares a este. : Nao se diga ter repetido explanagoes jé conheci- das, descrevendo panoramas singulares, maravilhosos, no intuito de enriquecer_ a geographia physica do ro, Seu esebpo & mais elevado. A Pa- RAHVBA E SEUS PROBLEMAS posse todos os caracteris- ticos da anthropogeographia, nos moldes em que esia sciencia foi delineada pelo sabio Ratzel. ‘Ali estd um minucioso estudo das relagdes crea das entre 0 homem e a terra nordestina, em face de todos 08 factores mesologicos, que plasmam o da vida social naquella zona, desde 0 oceano aos pé- ramos do sertZo. Nao houve accidente da natureza, de ordem geo- Maximino Cortéa, 75> em regra, a direccfo rectilinea, Ahi esté uma organiza go psychica—¢ certo que trabalhada por outros fa ctores —_mas {Go differente da que se encontta nos individuos desse Nordeste brasileiro. Em materia de sciencia ou arte, nada se deve considerar de somenos. Miguel Angelo fizera notar a uum seu amigo, habituado a desprezar as cousas de pouca importancia, que € 0 conjuncto das bagatellas que faz a perteigio. .. Nao so, todavia, os grandes ou pequenos agen- tes materiaes, que nos cercam, os unicos factores das qualidades a plasmar o nosso espirito, assignalando-Ihe um pendor proprio. Ha agentes moraes, assegurados pela tradicao, como pelo amdigama de racas diversas, tal como succede na vasia zona em apreco. © caracter de um povo é a trama de mil futilidae des diversas, geradas e reunidas por circumstancias — locaes ou mesmo estranhas, infiltradas por outros cle- mentos ethnicos. “FA quem precisa definir a génese e 0 caldeamento de uma sociedade, que se movimenta numa grande Jucta com a natureza, ora clemente ora adversa, nfio péde desprezar nenhum dos minimos accidentes do mundo physico, da regido de que se occupa © Snr. Dr. Americo de Almeida quiz fazer—e 0 fez admiravelmente—obra de psychologo, ao discutir ‘0s magnos problemas de sua terra natal. Antes de tudo percorreu-a € focalisou a sua variada physiographia, nas quatro partes em que suirgem. as differenciacdes de aspectos ¢, com ellas, as modalidades da vida e dos costumes locaes, Auscultot as aspiracdes de seus coes- tadanos, atraver do conceito das suas. energias.retem- peradas’ nas intermittencias das quadras bonancosas. Fez o historico do flagelio das seccas, desde os tempos REDEMPGAO O livro de que tratamos, é um dos mais eruditos, que conhecemos. Precedeu-o, certamente, uma prepara- ‘¢lo de muitos annos, haurida nos mais reputados au- fores das sciencias physico-nafuraes e nas observagbes, in-téco, dos phenomenos daquelle sertio. © que ali se acha armazenado ¢ o fructo de uma rotunda e larga meditacdo, que devéra ter consumido ias, no proposito de por em evidencia a definitiva solucdo dos casos regionaes. Vejamos, em rapido esbogo, os principaes capi- tulos desse livro emerito, que vale a pena perlustrar, intuito de conhecer um dos talentos mais esclare- amente educados, na mais alta disciplina , da moderna geraco de patricios nossos; bem assim, de ficar perstadido. que 08 infortunios do ‘Nordeste so perfeitamenie evitaveis, desde 0 dia em © Governo do Paiz contrapozer meios sufficientes, para o—™—_ & CHEGADA DO INTERVENTOR *_-722—_ > : es coloniaes e da acgfio dos governos empenhados em debellar a calamidade. Usa, para isso, de uma documentagao fartissimo, ‘exhaustiva mesmo, comprehendendo tudo que se tem escripto sobre o phenomeno. Encara e discute as mi neiras porque essa velha questio nordestina era cor siderada pelos nossos estadistas do Imperio ¢ depois pelos da Republica, como por todos os scientistas da ‘Commissio cheliada pelo illustre engenheiro Arrojado Lisbéa. Vae mais além, apresentando as opinides de sabios estrangeiros, em favor da causa que estuda. E’ grande, e nem por isso fastidiosa, a copia de citagdes em abono dos seus asserios. Nao as julgamos demasiadas, nessa, como em nenhuma disetssao, poi pensamos como Mont’Alverne, sem resaibos de vai- dades, que . ( autor pde em relévo a influencia do meio phy- sico, esse deferminismo de que a antropogeographia se occupa, dando valor As theorias de Humboldt, Tour- neville, Brunhes, ete, Mas, pensa tambem que essa influencia péde ser resticia, porque o homem tem de facto recursos para modificar 0 ambiente que o cerca, ‘em beneficio de sua sande, do seu conforto e, até, do seu destino. ur ~ + Por isso, chega a exclamar: 0 individuo nao é um producto do meios, asserto cathegorico que nao devemos tomar em sentido, absoluto, para no negar 0: predominio da natureza sobre o homem, nos seus pendores sociaes. ‘A civilizagao trabalhada por novas forgas men- faes, que the inoculam tendencias mais energicas disciplimadas pela sciencia, afasta de si ou desirde os elementos reconhecidos perniciosos. Qs exemplos so abundantes, principalmente nos dominios da prophylaxia, Attestam-n'os as cidades do PA AN AY A CHEGADA DO INTERVENTOR © Dr. J. F. de Araujo Lima, Superintendente de Mandos, discursando em nome da Cidade. SQ GRD | Rio de Janeiro, Colon e Panama, A engenharia hydrau- lica tem feito. prodigios, na modificagao e adaplagio de regioes.imprestaveis. Os pantanos da Hollanda foram transformados em poldres verdejantes, coberios de prados e lindas cidades ajardinadas. Onde existia a desolagfo, reinam hoje o trabalho, a riqueza ¢ a alegria, Bem assim, zonas completamente seccas, nos Estados Unidos © no Mexico, sfo agora mananciaes Abundantes, terras valorizadas que passaram a augmen- tar o patrimonio nacional e 0 bem-estar de uma po- pulagdo, que para abi affluiu. isitando Texas, disse 0 Snr. Dr. Antonio Olyn- tho: «Tive occasigo de ver ali centenas de pocos, que forneciam 0 supprimedto d'agua necessario ao abaste- REDEMPGAO cimento de cidades'e de aldeias, de uzinas € de fazen- das, ¢, bem assim, de pastagens onde milhares de cabecas de gado se creavam, e de extensas culturas de fructas, de algodao e de cereaes, feifas em’ terrenos ‘até ha pouco inetltos e considerados como imprestaveis © que a irrepagio systematica acaba de metamorphosear, de desertos inhospitos, que era, em esperancosas € prosperas tavotras ».(*) E Estes factos patemteiam que < muito péde 0 ho- ‘mem que quer», como o disse o saudoso engenheiro amazonense, Dr. Torquato Tapaiés. A natureza ndo esmaga o homem, quando elle se acha armado de sa- bedoria, vontade e recursos para enfrental-a. Bluke no tinha:razio. 20 julgar a incapacidade humana diante dos explendores absorventes das. flo- restas do Norte brasileiro. . As necessidades de uma raga intelligente e forte fallam mais alto que os desfavores do ambiente.'= «O que caracieriza 0 grdo de superioridade de um organismo qualquer — disse Charles Gide—¢ a faculdade que elle possue de adaptar 0 meio a si pro- prio em vez de a elle se adapiar ». (*), Ora, se assim é; si 4 engenhatia nfo minguam recursos, para solucionar casos identicos ao do Nor- A CHEGADA DO-INTERVENTOR © Dr. Alfredo Sé, a caminho da Pensio: Excelsior, onde'se hospedot, seguido pela grande massa, que o victoriava, deste, como se vem na Argeria, na India, na Austra- ia, ele, tem toda razio.o Ds. Americo de Almeida, coneluindo pela possibilidade insophismavel de se (1) =< Relatorio sobre Estados Unidos ¢ na Argeria >. 1906, pag. 4. (2) Cours d'Economie Politique >, 12, pag. 96, 64 cd. cit. pelo Dr. Americo de Almeida. 0. €pogos afesianos 108 metamorphosear aquellas zonas agrestes, causticadas por inclemencias periodicas, em prados luxuriantes, em campos de culturas, nos quaes reponte a vida feliz, peja munificiencia do trabalho regular e da confianga ‘no futuro, ‘A natureza nao pode ser mudada em suas li- mhas geraes, mas pode ser modificada >. €E? este 0 nosso problema», (pag. 7). Ha, nesse capitulo, uma affirmacio, da qual pedi- mos licenca para discotdar, quando o illustre parahy- bano escreve: « Nao nos € dado conjurar o phenomeno da secca, em, sequer, atinar com as suas causas...>. A Seguiida parte deste periodo nfo enconira apoio, nem nas hypotheses aventadas pelos scientistas, nem na evidencia dos factos, pois, a origem dessa REDEMPGAO ridade, local e periodica, do calor solar, e da pressio atmospherica, na superficie da terra. Se ha permanen- ja dos aliscos, conforme as estacdes, 0 mesmo jd se ‘go péde aifirmar de outras correntes aereas, menos importantes, que se modificam accidentalmente. Estas tambem desempenham uma influencia decisiva, na dis- inoue, dos vapores d’agua, sobre os continentes eithas. __sLexplication de la derivation du vent et des bandée de hautes. et basses pression des latitudes moyennes et elevées, sont deux grandes difficultes dit probléme de la circulation atmosphérique >. (*), ‘Aug. Robin, tambem um dos mais reputados au- tores francezes, fallannos de causas desconhecidas a respeito da direcgio e velocidade dos ventos. (°). ‘Com estes motivos, sim, a sciencia ainda nao atinou, n8o succedendo, a nosso ver, 0 mesmo com c—~Sh_9 A CHEGADA DO INTERVENTOR ©2722 | calamidade é toca metereologica e seria obvio que se repetindo, em tantos logares do planeta, no pudesse até hoje ser surprehendida na sua génese e continuasse, como um enygma, a zombar dos conhecimentos dos meteorologistas. ~— Pensamos como 0 Dr. Rodolpho Theophilo: ‘< As causas das seccas, nos parece, jf 0 dissemos ha vinte annos, € s6 e unicamente a direccao das corren- {es aereas. Temos observado que soprando vento de leste, lesueste ou sueste, ndo chove absolutamente no. Cearé. E tanto € assim que aquelles venios, que reinam de Agosto em diante, cessam de todo na approxima- cio do inverno, Temas entio calmaria ou correntes do nordeste ou norte >. (*). O que se nfo prevé, nem atina, é a causa das mudangas desses ventos, suieitos que fo 4 irregular (2) = + Seceas do Ceara », 1904, pag. 2h Aguardando a chegada do Dr. Alfredo Si ao Monumento humano, ‘os que determinam as seccas nordestinas, que so 0 effeito dos desvios da humidade atmospherica, cujas precipitacdes se assignalam em outros logares. Consiatemos 0 phenomeno. No Amazonas, os invernos manifestam-se copio- sos, as inundagbes diluviaes, ao mesmo tempo que, nos Estados do Nordeste, ha falia de chuvas, os rios seccam, ‘Ao contrario, como aconteceu este anno, 0s cur- sos d’agua, ali, transbordaram, damnificando cidades e povoacdes, a cultura e a pectiaria. Desde 0 Ceai de Janeiro, os , tornaram-se caudalosissimos ¢ impetuosos. Na mesma occasio, em terras amazonenses, re~ (4) Emmanuel de Martonine, Physique, 1909, pag. 148, se (6 )SeLa Terre » introd. pag. 111, - “Traité de, Ceographie gistravase uma das maiores vasantes do Rio Mar e dos, seus affluentes, principalmente os da margem direita E? que as quédas pluviaes, que regulatmente ia- vorecem as fespectivas zonas, foram desviadas, por essas correntes aereas. E? um mal itremediavel, cujos cficitos apenas se podem e devem attemuar, como bem © disse o erudito Snr. Dr. Americo de Almeida. Na India ( vertente do golfo de Bengala), as mon- ses, em rumo do. mar para a terra, provocam as, maiores descargas que 0 pliviometro registra: cerca de 12 metros, por anno, tendo havido, em 1801, um, assignalamento de mais de 20 metros!... (*). Os rios, nas stias enchentes e vasantes, exprimem em toda parte, nos seus excessos, essa inconstancia do regimen dos ventos, na distribuicio das chuvas, facto que, encontrando condigdes desfavoraveis do solo, produz o lagello periodico das seccas referidas. Ferindo este desvalioso antagonismo de nossa obscura opiniao, continuamos a admirar a maneira su- perior da exposi¢ao feita pelo conspicuo autor dA Ps- RAHYBA E SEUS PROBLEMA, nos demais capitulos desta grande obra. Antes, porém, de irmos adiante, nos sela permit- A CHEGADA DO INTERVENTOR © orador popular Hemeterio Cabrinta, falando pelas classes operatias, na Pensdo Excelsior, vendo-se do outro lado. 0:Dr. Alfredo $4. SST) tido louvar a pericia com que a geologia parahybana é, ahi, estudada e definida, atravez dos trabalhos de lec Crandall, Brunet, ‘Simées Lopes, Capanema, E. Willianson, ete, O capitulo [1 € uma brilhante dissertagao sobre © clima do Nordeste. Foi tragado por mao de mestre, sem esquecer e discutir as multiplas.circumstar metereologicas, que formam o «cachet » da climatolo- gia de cada nesga do sertio, Nao se péde exigir tra- balho mais perfeito. E’ um excellente manancial de informagbes sobre esse assumpto. Nesse capitulo, 0 autor historia as séccas, com-- mentando seus. effeitos desastrosos, sobrettido a de 1877, Diz: « Afigurava-se 0 epilogo de uma espantosa catastrophe e eta, apenas, 0 inicio de recrescentes sof- frimentos >. genio de tragedia capaz de pintar a0 «NAO vivo esse itcommensuravel paroxymo de todas a3 dores physicas e moraes. Era um povo em peso que se morria de pura fome, na terra prodiga que ceva todas as ambigdes forasteiras ». (pag. 140). E seguem-se outros quadros pungentes, a con- (4) —G. Lespagnol, «Geographie Generale», 4.ne 4, ag. 180 REDEMPCAO firmar as narrativas emocionantes de Rodolpho Theo- hilo, de Joao Brigido, do Bardo de Studart, etc, sobre as calamidades da terra soffredora, Fica accentuado nessas paginas que a Parahyba, com excepedo do. goveriio transacto, foi o rincdo mais esquecido na « prodigalidade » dos beneficios com que se procurou acudit e minorar a sorte dos infelizes nordestinos, visto como as attenedes dos poderes pu- i wam mais voltadas para o Cearé, cujo infor- tunio no deixava de sensibilisar 0 coragao magnanimo de D, Pedro 11: «© Brasil no esté em condicdes de deixar morrer de fome tima provincia », A terra de Pedro Americo ¢ de Aristides Lobo, teve, porém, 0 seu dia de commovente carinho na administracio desse outro grande parahybano, que foi Epitacio Pessda. As obras do Nordeste, desta ver, langaram ali vultuosos beneficios, que 0 povo agradece, pela palavra do Dr. Americo de Almeida, nesse capitul cheio de atdor patriotico e vehemencia cordeal, A Parahyba foi finalmente contemplada na justa parfitha das gracas do Thesouro Nacional, com uma quoia das grandes mereés a que ainda faz js, como filha dilecta das tradicdes brasileiras. Nos capitulos seguintes, d’A PARAHYBA E SEUS ProsteMas, ha tantas bellezas a respigar, tantos qua- dros a extasiar nossa imaginagio, na marcha em que © nosso pensamento, deleitado pelos fulgores da lin- guagem do autor, avanga sem cansago até ao fim de cada um, Pena & que 0 espago, de que dispomos, nao per- mitta uma digressio mais extensa, Com tudo, para rematar os surtos do nosso en- thusiasmo, fallemos um potico do capitulo X11, que trata das conseguencias sociaes dos beneficios resiltan- tes das obras contra as seccas, bem assim da capaci- dade da raca sertaneja, apta, que €, para realizar, pela stia intelligencia e operosidade, os mais alevantados emprehendimentos, de ordem moral e material, desde {que se faca effectivo o plano dessas obras e, com a sua pratica, a renovagio de poderosas energias later tes, na alma do povo. Dr. Americo discute «se a raga é capaz dos destinos que the attribue essa renovacio *, Vale a pena Jer os fundamentos ethnographicos e mesologicos com que argumenta, para concluir pela _affirmativa, pondo sempre em féco a possibilidade da adaptagio das terras 20 homem e mao deste as terras, baseado no valimento da theoria de Charles Gide, Nos autores nacionaes, que se occuparam do amédlgama de elementos ethinicos, formadores da nacio- nalidade, nem mesmo em Couto de Magalhies, Theo- oro Sampaio e Barbosa Rodrigues, jamais encontra- mos conceitos mais felizes, sobre esse assumpto, do jue Os expendidos n’A PARAHVBA E SEUS PROBLEMAS. hi, se acham perfeitamente definidos, com informa- ‘GOes_historicas, hauridas em Irineu Pinto, Joffely e ‘outros, alem de documentos officiaes, as correntes do caldeamento, que ainda esti plasmando aquella po- pulagio. * ‘As estatisticas forneceramthe bom contingente, destacados os elementos de que trata. E, apds estereo- typar cada um, 20 p6r em evidencia 0 Homem do ser- tao, diz: < O vaqueiro é 0 typo representativo da socie- dade sertaneja, por se achar mais exposto € pressio do meio, como um symbolo classico, Esta parte da populacio da Parahyba tem diversos matizes e apre- senfa em muitos pontos um nivel de cultura nao ferior a0 das cidades de dquem serra. Mas, o producto do regimen pastoril, em seu feitio immutayel, € 0 mais expressivo para uma determinacio genesica, No seu todo, esse elemento demographico tem uma feigio peculiar». ~ Nao precisamos ir mais além, O autor esté consagrado por si mesmo. < O seu livro & uma vor cheia de vida; € um espitito cami- nhando na terra». ( Os glutdes da liiteratura. sclentifica, podem, com avidez pantagruclica, refastelar-se na obra do Dr. Ame- rico de Almeida, Certo, nfo terfo indigestdes, nem ar- rependimentos, Manos, Outubro de 1924. AaNetLo Brrrencourt ___._(Catedratico do Gymnasio Amazonense). (2)=S. Smiles, « O Dever», pag, 404, REDEMPCAO SOCIEDADE AMAZONENSE A geil Sonhorinha Maria Normando,eiveta Sha 440 Coronel Napoleto Normando, JARDIM DA INFANCIA— A petisada confada & competensia ¢ & dedicario das pro‘eecorss normalise Newutla Prado (drsctora), Se Euice Serrano, Al 8 SE Peinoto © Herminia Comes da F REDEMPGAO Minha cidade, minha cidade querida, no foi ape- nas esta catne que nascet de ti: 0 meu espirito aprendeu no errojo das tuas monlanhas a se atirar para o ideal; em ttia variada belleza, a minha alma em- 4 bebeu-se cle eterna inquietacao. GUANABARA E nas madrugadas € ros poentes que te enchem de augusta poesia, en repetia a oragao pantheista dos” primitivos homens: — ‘Oh! minha cidade distante, guardada pelo mar e erguendo os bracos, extatico, chorava pelas montanhas — silenciosa, commovidamente. Jonge, longe como estou, sempre a sau- Nesta prece de amor o meu ser unia-se a ti, dissol- lade me traz junto de ti: e eu te revejo via-se em teu esplendor, e eu me sen- esplendida, em teu verde frescor, em- tia mais teu, inteiramenente teu, oh! poada de luz, banhada em gracas. “ da minha carne, patria dos meus sonhos Guanabéra! AURELIO LINHARES. E tu me appareces — meu berco encantador — co- mo a visio que os olhos nunca viram mas sonharam : a tua Iuz—de dia o sol offuscante, de noite as estrellas € as lias em orgia Jouca sobre o teu seio ou boiando, he- sitantes, sobre as tuas aguas; os morros que te cingem e guardam — viris € altivos—desde 0 azul do ceu até a0 azul do mar; a esperanga que vive em tuas mattas no coragao dos teus filhos; a desordenada alegria dos teus aspectos; a revolta belleza das tuas feigdes; a incoherente harmonia dos teus tragos SenGorinha Yolanda Bicct dispersos; : ; atten de Vol que & sre Pecan meme ome Peete’ Neste devaneio, a minha razao adivinkia que, para eu te amar tanto, devia jé ter sido areia is G, das tuas praias, pocira das tuas ruas, SF BS vento dos teus ceus. CRS te LS REDEMPGAO ane cAlMes DE ANTONIO 6 cann00 SOS MEU illustre amigo Luiz de Oliveira, bacharel, advogado de profissdo, ¢, aleatoriamente, Di- rector da Penitenciaria, tomou-me 0 brago na Avenida, 4s cinco da tarde, e perguntou-me face a face, devorado por uma impaciencia faiscante: —Vocé quer conhecer um homem que tem quatro anos de idade e ff atsacsinoutinta © cinco pessoas? —Que fera! Exelamei, —E’ o celebre Antonio Candido! Chegou de Re- mate de Males e esti numa cellula, na Penitenciaria, Eu vou até [4 dar umas ordens. Quer voeé ir commigo? Como no me tentasse aquella visita aquella hora ‘esplendida da tarde, justamente quando a. Avenida se ia enchendo de encanios femininos, e perfumes de p6 de arroz pairavam fentadoramente pelos ares— resisti impassivel ao violento convite: —Mas, agora, Luiz? Vocé nao acha que é uma imbecilidade’ desmascarada trocar a Avenida pela ca- deia? Que lembranga! Veja como se vae enchendo toda a rua de ereaturinhas provocantes! Veja! Aquella alli € a Lucia, — parece, —desculpe a comparacdo — uma gatinha cor de rosa, E aquella outra que atravessa a Muttcipal, e sorri para tudo, e tem um olhar de pusculo. E todas ; tolas! Sao lindas! Ande, Luiz, admi re-as:—vinte seculos de civilisagio, de Iucla, de tra- balho produziram esas flores de carne! Admire os seculos, Bacharel! Por mim, tenho a impressao de que dllas trazem na testa esse distico: —

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