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O Modernismo: um clima estético e psicolégico Graga Aranha,empenkado até o fim da vida na teorizasto de une ex, mais aderente a vida modema, foi o tinico intelectual da velha guards que. gor, péde passar de uma vaga esferapré-moderista a0 Modemnismo. Aum Ln, Barreto ou ao ultimo Euclides quadra, antes, 0 adjetivo “moderno” que brava: do conotagdes virias, pode ou nao incluir o matiz literario. Quanto a0 tem, “modernista”, veio a caracterizar, cada vez mais intensamente, um cédigo nyy, diferente dos cédigos pamasiano e simbolista. “Moderno” inclui também fang de mensagem: motivos, temas, mitos modemnos. Com o maximo de precsio mantica, dir-se~4 que nem tudo 0 que antecipa tragos modemnos (Lobato, Lins Barreto) ser modemista; ¢ nem tudo 0 que foi modernista (0 decadentismo de Guilherme, de Menotti, de certo Oswald) parecer, hoje, moderno, Entretanto, a dissociagao de cédigo e tema, fecunda no momento da anil se textual, vira método arriseado em historiografia. O seu uso mecinico pode gerar roteiros, mutuamente exclusivos: a histéria da literatura como sucessio de processos formais; ou a historia da literatura como exemplirio de tendéncias nao estéticas, Para evitar esses extremos, no trato do nosso Modemismo, coa- vém retomar algumas ideias do comego deste capitulo. Se por Modernismo entende-se exclusivamente uma ruptura com 0s eédi- g0s literarios do primeiro vinténio, entao no houve, a rigor, nenhum escrtor pré-modernista. Se por Modernismo entende-se algo mais que um conjunto de experi cias de linguagem; se a literatura que se escreveu sob o seu signo representou também uma critica global as estruturas mentais das velhas geragdes € um es- forgo de penetrar mais fundo na realidade brasileira, ent&io houve, no primeiro vinténio, exemplos probantes de inconformismo cultural: e eseritores pré-m0- demistas foram Euclides, Joao Ribeiro, Lima Barreto e Graga Aranha (este t+ dependentemente da sua participagio na Semana). E claro que, & medida que nos aproximamos da Semana, sio as inovagivs formais que nos vio atraindo, isto &, aquele espirito modernista, stricto sensi que iria polarizar em torno de uma nova expressdo artistas como Anita Malfatti Victor Brecheret, Di Cavalcanti, Vila-Lobos, Mario de Andrade, Oswald & Andrade, Menotti del Picchia, Sérgio Milliet, Guilherme de Almeida, Manvel Bandeira. E é em face desse clima de vanguarda que se constata una Virago" na literatura brasileira ja nos anos da | Guerra Mundial. | A afirmagao de novos ideais estéticos nao veio de chotte. As espera Conflito alguns escritores brasileiros traziam da Europa noticias de ue lies" 354 tun em crise. Oswald de Andrade conheceu em Paris o futurismo que Marinet- tiem 1909, langara pelas piginas do Figaro no famoso Manifesto-Fundagaio: ¢ irouxera de ld a maravilha de ver um poeta de versos livres, Paul Fort, coroado principe dos poetas franceses; Manuel Bandeira travara eontatos com Paul Eluard, na Suiga, € viera marcado por um neossimbolismo de cuja dissolucao tasceia 0 seu modo de ser modemnista; Ronald de Carvalho, embora pouco t- vesse de revoluciondtio, ajudara em 1915 a fundagdo de uma revista da van- uarda futurista portuguesa, Orfeu, centro irradiador da poesia de Femando Pessoa ¢ de Sd Carneiro; Tristdo de Ataide e o proprio Graga Aranha conhece- ‘am igualmente as vanguardas europeias centtadas em Paris; e da Paris de Apollinaire, Max Jacob e Blaise Cendrars vinha a poesia modemnissima de Séi gio Millie, escrita embora em Genebra (En singeant, Le départ sous la pluie) O termo futurismo, com todas as conotagdes de “extravagincia”, “desva- tio” e “barbarismo”, comega a circular nos jornais brasileiros a partir de 1914°°) ¢ ira idolo polémico na boca dos puristas. Estes ¢ 0 leitor médio haviam igno- rado 04 posto em ridiculo as inovagées simbolistas, como o verso livre, ¢ ainda preferiam Bilac, Vicente e menores. Vicejava, ao lado da prosa regional, um género de verso sertanista, meio popular meio culto, que, assinado pelos “cabo- clos” Comélio Pites e Paulo Setiibal ou pelo pernéstico Catulo da Paixtio Cea- tease, dava a medida do gosto hibrido a que se chegara. Nesse clima, sé um grupo fixado na ponta de langa da burguesia culta, Paulista € carioca, isto &, s6 um grupo cuja curiosidade intelectual pudesse go- zat de condigdes especiais como viagens & Europa, leitura dos derniers cris, concertos ¢ exposigdes de arte, poderia renovar efetivamente 0 quadro literario 0 pais, ‘ASemana de Arte Moderna foi o ponto de encontro desse grupo, ¢ muitos {os seus tragos menores, hoje caducos € s6 reexuméveis por leitores ingenuos (ons, iracionalismo, inconsequéncia ideologica) devem-se, no furndo, a0 con- texto social d i le onde proveio. ad rome- © fato cultural mais importante antes da Semana e que serv"t ee a oda opinigo piblica paulista em face das novas tendéncias foi a EXP! po to publics ” Por infommagto do Prof, José Aderaldo Castello, sci da existencia de um fohet rate ‘Bais, por volta de 1910, por Almquio Dinis: ransereve o Manifesio i nea Se tenho noticia de qualquer repercussao do texto antes de 1912, data Ser Bea SE ‘op4 Quano a imprensa, os primeitos ecos slo de 1914 eaparecem nod Ty cig “As Lies do Futursmo”, in O Estado de S. Paulo, de 127-1914 Mii py "ilo, Histéy "la do Modernismo Brasileiro. Antecedentes da Semana de Art "aia, 1958, p, 31), 355 Malfatti em dezembro de 1917°*?. Quem Ihe deu, paradoxalments, erg nae Toi Monteiro Lobato que @ criticou de modo injusto e virulento en up ea intitulado “Paranoia ou Mistificagaio?"°". J4 me referi & contracigg mnodemo-antimoderno, ow melhor, modemo-antimodemista, que dividy consciéncia de Lobato, ele proprio mediocre paisagista académico © avesso a todas as correntes estéticas do século XX. Anita Malfatti trazia a novidade de elementos plasticos pés-impressionistas (cubistas € expressionistas), que assi. milara em sua viagem de estudos pela Alemanha ¢ pelos Estados Unidos. De- fenderam-na, primeiro Oswald e, pouco depois, Menotti del Picchia; Mario de Andrade esteve entre os admiradores da primeira hora. De 1917 a 1922, os futuros organizadores da Semana travaram conheci- mento com as varias poéticas de pés-guerra e constituiram-se como um grupo jovem e atuante no meio literario paulista. Entretanto, a leitura das obras escri- tas por eles no comego desse periodo mostra que muito de tradicional ainda subsistia no espirito de todos, enquanto escritores. Mario de Andrade estreou em 1917, sob 0 pseudénimo de Mario Sobral, com uma plaquette, Hé uma Gota de Sangue em Cada Poema, versos retéricos dirigidos contra o militais- mo alemo; Manuel Bandeira quando os leu achou-os “ruins, mas de um ruim esquisito”, impressdo que Ihe veio talvez da mistura de resquicios condoreitos (Exaltagto da Paz”), penumbrismos belgas (“Inverno”, “Epitalamio”) e um ou Outra ousadia léxica (“E 0 vento continua com 0 seu oou...”), que aria es? far uma concepgdio moderna de arte, Quanto & prosa inicial de Oswald de Andrade, padeceu também d¢ ul allo gran de hibridismo, patente no sé em Os Condenados, romant® © Strela, como também nas paginas de eritica em que, por exemplo, suds? = Te sano “estética revolucionéria” um poema de Menotti del Piechia cujo assim dizia: Teus olhos sao loiros vitrais, Teus frémitos lembram repiques de sinos, Teus bragos as asas dos anjos divinos.- om ants Pa constar: em 1913, ©, quactos impressionistas ¢ leuma alj lguma. Os tempos an 20 Museu (S, Paulo, Comincas © grande pintor russo Lasar Segall expuse™® 9 ges expressionistas. Nao houve, porém, em tomo 42 ainda ndoestavamn maduros. Cf Paulo Mendes © AIMS se 4° Segall a pany eyes Estadual de Cultural, 1961), onde se dé o devide - nl © ineluide nos 4s Sobre a sua arte, v.o belo ensaio de Mario de Andrade 7 og, nO Estado ie gg Mt Plstcas no Brasil, 8, Paulo, Matis, 1965P°*" 4S. Paulo, 20-12-1917 (apud Mirio da Silva Brito, oP: ls FP 356 Estende como uma ara teu corpo: teu ventre E um zimbério de marmore Onde fulge uma estrela..2 De Menotti, que seria um dos mais ativos organizadores da Semana, o pic ico jé reoebera com entusiasmo varios livros: Poemas do Vicio e da Virtude (i913), ainda pamasiano; Juca Mulato (1917), poemeto regionalista que, pelo ‘uno file 0 estofo narrativo sentimental, logo se tomou sua obra mais lida e pleamente aceita até pelos medalhdes da época?”; Moisés, poema biblico, ¢ 4sMéscaras, ambos de 1917 € ambos viciados pelo decadentismo retérico. E soromance 0 Homem e a Morte, de 22, 0 escritor narra as aventuras alegéricas dum artista em Sao Paulo num estilo entre romantico e impressionista, Em oats escritores que comegaram a sua carreira antes de 22, é ainda mais visivel sinpregnagdo de um passado recente, Manuel Bandeira e Ribeiro Couto foram itnistas da tltima fase do Simbolismo. Bandeira, com A Cinza das Horas, pursia eco perdido do Decadentismo belga (“Eu fago versos como quem mor- 1), mas jd assimilaria, em Carnaval (1919), sugestdes mais ousadas dos cre- sculares italianos Corazzini e Gozzano, poetas capazes de dissolver em ‘woionia as cadéncias heroicas de Carducci e D’ Annunzio; esta nesse livro de ‘nusigéo 0 poema-sétira “Os Sapos”, que seria recitado numa das noites da Se- "ana, sob os apupos dos assistentes: Enfuunando os papos, Saem da penumbra, Aos pulos, 0s sapos, A luz os destumbra, Em ronco que aterra, Berra o sapo boi: “Meu pai foi a guerra!” “Nao foi!” “Foil” “Nao foi!” O sapo-tanoeiro, Pamasiano aguado, Diz—“Meu eancioneiro E bem martelado. Stegue sia it Contemporanea, in Jornal co Comérco, ed de S. Paulo, omg Blo op cit, p21), . Reser escome de romper caminhos nomundo en es esse que havemos de romper caminhos pean ca areas! “S®tallaras de acarreto” —disse Coelho Neto (apud Maio da S. Brito, op. cit p. 72) 357 12-6-21 (apud Maio 10 com arremedilhos. Vede como primo Em comer os hiatos! Que arte! E nunca rimo Os termos cognatos.” 0s versos de Ribeiro Couto inseriam-se com toda pertinéncia na linha do penumbrismo, da “poesia em surdina” (Jardim das Confidéncias, 1921, ¢ Poe. metos de Ternura e Melancolia, 1924) de que, na verdade, nunca se afastou, apesar de tentativas posteriores de fazer poesia das cidades pioneiras, em Noro. este e Outros Poemas do Brasil (1933). Ronald de Carvalho, antes de cultivar o verso livre, foi sonoro parnasiano em Luz Gloriosa (1913) e Poemas e Sonetos (19). Oscilando entre 0 Parnaso e 0 Decadentismo, Guilherme de Almeida, cujos primeiros livros logo alcangaram a estima dos leitores amantes da “medi. da velha”, compés Nés, em 1917, A Danca das Horas e Messidor, em 1919, ¢ Livro de Horas de Séror Dolorosa, em 1920: todos reveladores de um virtuose da lingua, para quem 0 intermezzo modernista (Meu, Raga) em nada alterou 8 substincia tradicional do seu lirismo. Enfim, também académica foi a primeira face poética de Cassiano Ricar do (Dentro da Noite, 1915; Evangetho de Pa, 1917; Jardim das Hespérides, 1920), que, ao contrario de Guilherme de Almeida, iria renovar-se radicalmente sob a influéncia do Modernismo, Mas, cada vez, arte nova, apesar de todos esses elementos passadistas, o grupo foi-se tomando ais coeso, no biénio 1920-21, quando se afirma publicamente Pelt E ey futurismo nao era a sua componente tinica, era, sem diivida,# aan oes Ser langada nos arraiais académicos. Passam me cee eee ent, Di Cavalcanti, Vicente do Rego Monteiro, Be conhecidas ew cena ttl © ePiteto & cémodo, a pregagio de Marinet ae acta académica ainda nao sabe discernir a linha ieee anche, da ieee! fue caminhou para a construcdo do objet? PN 15 de mais nada a nmtivista-expressionista-surrealista, que ae Poa Prleeto de tensdes inconscientes do sujeito™ a © pseudOnimo de Hel nba de vigilia os artigos de Menotti del ries S Vidades estéticase fy ae divulgava pelas paginas do Correio rae uo. Ne ©nas teflexdes de PO pesipicnad do grupo vanguardista de Si saal Id de Andrade e Candido Motta Filho, que # & hm ” NAO $6 a exit ks 8 Uns," * Hea academic; também os moderiste da fate heroiea barls"™™ ye, 500 358, geevinm para 0 Jornal do Comércio, ja se configurava a dupla diego que os soiemistasiriam dar ao movimento: liberdade formal e ideais nacionalistas. No pensamento de Oswald, havia um estreito liame entre a vida urbana puulista € @ estética revolucionaria: ‘Nunca nenhuma aglomeragao humana esteve tdo fatalizada a futurismos de atvidede, de indistria, de historia da arte, como a aglomeracao paulista. Que so- ros n6s, forgadamente, iniludivelmente, se nao futuristas — povo de mil origens, arribado em mil barcos, com desastres ¢ ansias%= Mantendo uma atitude critica mais equilibrada, Mario de Andrade e Sér- gio Buarque de Holanda negam a fatalidade de um “futurismo paulista”, na es- icra de Marinetti, mas convém na urgéncia de uma revisiio dos valores que até «atéo regiam a cultura nacional. E de Mario de Andrade viria 0 exemplo mais persuasive: a Pauliceia Desvairada, obra conhecida pelos modemistas antes da Semana, ¢ primeiro livro de poesia integralmente nova”. Ainda Mario, na sé- vis de artigos intitulada “Mestres do Passado”*”?, entoa um canto de funeral Jha 0s maiores pamasianos; na ordem em que foram por ele “exaltados” ¢ se- pitados: Francisca Julia, Raimundo Correia, Alberto de Oliveira, Olavo Bilac ¢ Vicente de Carvalho. Pata que acontecesse a Semana, tudo ja estava preparado. A coestio do po paulista, os contatos deste com alguns intelectuais do Rio (Ribeiro Cou- ‘Manuel Bandeira, Renato de Almeida, Vila-Lobos, Ronald de Carvalho) e a ‘tesio do prestigioso Graga Aranha significavam que 0 Modernismo poderia lingar-se como um movimento. oy Reforma Literiria, in Jornal do Comércio (ed. deS. Paulo), 19-5-1921 ental de Andrade, conhecendo os vesos da Pauliceia Desvairada esritos desde 1920, es- / SUM artigo entusiéstico em que chama a Mario de Andrade “O Meu Poeta Futurista” Jor- ca ra 2S poema “Tu” e define-o como futurista Pali, , 27-5-21), Transereve, na integra, oP oe ro responde- he ne dda corrente marinett sponde-lhe negando ser adepto da c on cose modems as mesmas liberdades de fatura e de coneepgdo a ve s& cuneate) (CPaturista2!”, in Jornal do Comércio, e, de S. Paulo, 6-6-1921, apnd Miso tA m iia i, pp. 204-208), Oswald treplica exaltando os valores do mo\ ee ; 0 «UM Seu expoente ainda que involuntario (“Literatura Contempordnea”, ae «24,28 tigos foram pubticados no Jornal do Comérco, ea. de 8. Paulo, respecte “1921, 12-8, 15.8, 168, 20-8 ¢ 23-8. A reprodugdo na integra da série est y °°. cit, pp, 293.976, ie iss lice 359 ” O Modernismo: a “Semana’ Eis como o mais abalizado historiador da Semana de Arte Modema nar ‘0s seus episdios centrais: Finalmente, a 29 de janeiro de 1922, O Estado de Sao Paulo noti inviatva do festjado escrito, st, Graga Aranha, da Academia Brasileira de Leas, haverd em S. Paulo uma ‘Semana de Arte Moderna’, em que tomarao parte os an tistas que, em nosso meio, representam as mais modemas correntes artisticas”. Es. clarecia, também, que para esse fim 0 Teatro Municipal ficaria aberto durante a semana de 1] a 18 de fevereiro, instalando-se nele uma interessante exposigdo, Realizaram-se trés espetaculos durante a Semana, do a assinatura para os trés recitais 186000 os cai baledes 208000. © programa do Graga Aranha nos dias 13, 15 e 17, custan- imarotes ¢ frisas e as cadeiras e Primeiro festival compreendia a conferéncia de “A emogio estética na arte modema”=") Emini Braga e poesia por Guilherme de Almeida e Ro Se Segue um concerto de misica de Vila-Lobos. A se; anuncia uma conferéncia de Ronald de C: nano Brasil”, seguida de trés solos canas de Vila-Lobos. A grande noite da Sema abriu os festivais, confusa co, ilustrada com misica de onald de Carvalho, ao que gunda parte do espeticulo arvalho: “A pintura e a escultura modet- de piano, de Emani Braga, e trés danas afi- ina foi a segunda. A conferéncia de Graga Aranha, que © declamatéria, foi ouvida respeitosamente pelo pibli que provavelmente nao a ente tendeu, e o espetaculo de Vila-Lobos, no dia 7. {i Perturbado,principalmente porque se supés fosse “futurismo” o artiste SPresentar de casaca e chinelo, quando o compositor assim se calgava por est! terntmcaloaruinado... Mas nto era conta a ndisica que os passadistas se re"0" Gian A iitacdo drigia-se especialmente nova literatura e as novas manifest es da arte plastica, a segunda noit le — 15 de fever, modernistas, a pros iro — todos o sabem, o piblico ¢ 08 Lets 50, preve gag eve" alezzara e pateada, Menotti del Piechia, em 5° ee * PEVE que 0s conservadotes d ees os finos 05 de suas vaiasnor, lesejam enforca-los da : Mas, apesar d chee noite, vai desfiandy ‘um a um, n¢ ia certeza de agitagdio, Menotti, orador ° ideério do grupo. Assim, afirma, om) bia JP. 11-2) (ota de. 8.) spices roduzido na obra O ti ‘ ott del S. Paulo, Eg ne © 0 Cardo, de Plinio Salgado, Me Mios, 1927, pp. 17-29) (Nota de M. S. B.) a nassaestética€ de reagtio. Como tal, guereita. 0 emradamente @etiquetaram, aceitamo-lo porque era gn iia de marmore de Carrara do Pamasianismo domingy sa proa verbal estilhagava como um ariete. Nao sm “futurists”. Eu, pessoalmente, fermo futurista, com que cartel de desafio, Na ge- ite, a ponta agressiva des- n mos, nem Marinett. Seu chefe é para n6s um precursor ifuminado, que ven ao general da grande batalha da Reforma, que alarga o seu ont eit apie No Brasil no ha, porém, razo logica e social para o fiurismo ca rane oprestigio do seu passado nao é de molde a tolher a liberdade da sua vei de ser futura. Demais, a0 nosso individualismo estético, repugna a jaula de uma ie cola, Procuramos, cada um, atuar de acordo com nosso temperamento, dentro da mais arrojada sinceridade, “Queremos 1uz, ar, ventiladores, aeroplanos, reivindicagdes obreiras, ideal ‘mos, motores, chaminés de fbricas, sangue, velocidade, sonho, na nossa Arte. E que o rufo de um automével, nos trilhos de dois versos, espante da poesia o ultimo deus homérico, que ficou anacronicamente, a dormir e a sonhar, na era do jazz- -band ¢ do cinema, com a frauta dos pastores da Arcédia e os seios divinos de Helena!” Mas, a dado trecho, salienta que 0 grupo quer fazer nascer “uma arte genuina- mente brasileira, filha do céu e da terra, do Homem e do mistério”. 1 pateada perturbou 0 sarau, especialmente & hora das sentados pot Menotti del Picchia, lamadas ou lidas pelos seus auto- coragem para dizer ver~ paleo, o que Paulo Prado Qs Sapos”, de Manvel Como era previsto, “jlustragdes”, ou seja, o momento em que, apres ram reveladas a prosa € poesia modemas, deck res, Mario de Andrade confessa que mio sabe como teve sos diante de uma vaia tio bulhenta que no escutavas no Ihe gritava da primeira fila das poltronas™. O poema 0 Ti i Bandeira, que rediculariza o Pamasianismo, mormen'® > ve See declamado por Ronald de Carvalho “sob 0s aPUP oe nora co de Rite no fo" da maioria do piblico"?™. Ronald, alii SENT adas, ABe- Couto e Plinio Salgado. Oswald de Andrade lew ae aot ante 0 800 nor Barbosa obteve aplausos com o poems “Os PASS ‘dose. elinchos ¢ mia mas Sérgio Milliet falou sob © acompanhamento de 5. (N. de M. And istudante, 1942, p. 1 © Miro de Andrade, © Movimento Modernist, Rios 22 do Est ™ al de Letras, 1954, p. 56 (id). o jo, Ea Manuel Bandeira, Irinerdrio de pa era 33-2-22) (id) © 4 e Jilio Freire, “Cronica... ituristal” a snar no grupo dos eseitores, quais 0s participantes da Seman Dif determin’ dos, aesar de integrados no movimento, enfrentaram de Arte Moderna a reas sarau do dia 15 de fevereiro. O Estado de aan aiid 1129 de janeiro de 1922, enumera, entre outros nomes, SO de Almeida, Ronald de Carvalho, Alvaro Moteyra, Elisio de Canale, Opwald de Andrade, Menotti del Picchia, Renato de Almeida, Lujs ‘Arana, Mario de Andrade, Ribeiro Couto, Agenor Barbosa, Moacir de Abreu, Rodrigues de Almeida, Afonso Schmidt e Sérgio Millet, Faltam, ness lista, ou tros modemistas,cuja tomada de posigdo vinha desde antes de 22, como Céndido Motta Filho, Armando Pamplona (interessado mais em cinema e autor de docu- rmentétios cinematogrificos), Plinio Salgado, Rubens Borba de Morais, Técito de ‘Almeida (immo de Guilherme), Antonio Carlos Couto de Barros, Manuel Bandei- 1a (que como Ribeiro Couto ¢ Alvaro Moreyra nao esteve presente) ¢ Henri Mug- niet, suigo, amigo de Sérgio Milliet, Afonso Schmidt negou publicamente, anos depois, que houvesse participado da Semana. Era antes adepto do “Grupo Zum- bi”, que tinha ligagdes com o “Grupo Clarté”, da Franca, comandado por Henri Barbusse. Os nomes de Rodrigues de Almeida e Moacir de Abreu desapareceram no decorrer da campanha e das polémicas ¢ lutas estabelecidas apés a Semana. Razio tina Stendhal quando afirmava: “Estremecemos ao pensar no que € preci- so de buscas para chegar a verdade sobre o mais fil pormenor.” Enfim, durante o espeticulo, houve quem cantasse como galo ¢ latisse como cachorro, no dizer de Menotti, ou “a revelagdo de algumas vocagdes de Terra Nova e galinha d’Angola, muito aproveitiveis”, na frase de Oswald de Andra- de®™, Mas, “firme e serena, a hoste avanguardista” afrontou o granizo®” No intervalo, entre uma parte ¢ outra do programa, Mario de Andrade pronun- Ciou breve palestra, na escadaria interna no Municipal, que dé para 0 hail do tea- tto, sobre aexposigao de ates plasticas ali apresentada, justificando “as alucinantes criagdes dos pintores futuristas”*™, Vinte anos depois, Mario de Andrade, ev0- cando i “ : © epis6dio, esereveria: “Como pude fazer uma conferéncia sobre artes plis- ticas, na escadaria do Teatro, pee cercado de anénimos que me cagoavam e ofendiam Numeros il tro) de bailado por Yvonne Daumerie e concerto de Guiomar Novals uxeram, finalmente, calma a sala, OB ks 1h, © Cans de Oswal ide Andrade 20 Jornal do Comércio (ed de S, Paulo), 19-2-1922 id) ie Combate” (in Correio Paulistano, 16-2-22) (id) Segunda Batalha” (in Correio, 15-2-22) (id). as, de qualquer forma, havia sido realizada a Semane de Ang > resovavaa mentalidade nacional, pugnava pela autonomia mii Mot que sileira ¢ descortinava para nds o século XX, punha o Brasil na en fnundo que jhavia produzidoT. S. Eliot, Proust, Joyce, Pound, Freud, ie éo Einstein, a fisica atémica. » Pound, Freud, Planck, ‘A Semana de Arte Modema foi patrocinada pelo escol financeiro e mundano da sociedade paulistana, Prestaram-lhe sua cooperagéo, Paulo Prado, Alfredo Pujol, Oscar Rodrigues Alves, Numa de Oliveira, Alberto Penteado, René Thiollier, An- tonio Prado Tinior, José Carlos de Macedo Soares, Martinho Prado, Armando Pen- teado e Edgard Conceigao. £ interessante assinalar que 0 Correio Paulistano, Srplo do PRP, do qual Menot del Pechia rao redator olico, agai avan- guardistas”, com o consentimento de Washington Luis, presidente do Estado Desdobramentos: da Semana ao Modernismo ‘A Semana foi, ao mesmo tempo, 0 ponto de encontro das varias tendéncias que desde a I Guerra se vinham firmando em Sao Paulo eno Rio, ¢ aplataforma que permitiu a consolidagiio de grupos, a publicagao de livros, revistas © mani fetes, numa palavra, o seu desdobrar-se em viva realidade cultural. Mario de Andrade, como ja vimos, escrevera a Pauliceia Desvairada en- tre 1920 e 1921, mas s6 a deu a piblico no ano d década apareceram obras fundamentais para a inteligencia do Modernismo. Em 1923,28 Memérias Sentimentais de Jodo Miramar, de Oswald de Andrade. Em fem 1925, 4 Escrava que no & Raga, de Guilherme de Almei- ia, Em 1926, Losango Cagu de Vamos Cagar Papagaias, d© Em 1927, Amar Verbo la Semana, Deste ao fim da 8; Chuva de Pedra, de Menotti del Pice! Mitio; Toda a América, de Ronald de Carvalho: Cassiano Ricardo: © Estrangeiro, de Plinio Salgado, Fm © aus. aris, Inranstivo.¢ Cla do Jabuti, de Mirio, Estrela de AbSiN®, i is 1#série), de Tristio de ga e Barra Funda, de Alcdntara Machado; Estudos ( ar Aide. Em 1928, Macunaima, de Mirios Marti OT arate Ril China de Alcantara Machado, ea redagao inca 42. ‘opp, que s6 0 publicaria trés anos mais tarde- dic defo anna “a Revolusdo Modernist” om 4 He ya no Brasil ‘ » em A Literature "0 ee odes 449-4 ‘utinho), Rio, Livr $. José, vol. IM, t 1, PP 363 Paralelamente as obras ¢ nascendo com 0 desejo i expla © justificg.. -Jas, os modemistas fundavam revistas e langavam manifestos que iam delim. tando os subgrupos, de inicio apenas estéticos, mas logo portadores de ‘Matizes j ais ou menos precisos. posi de 1922, expresso imediata da Semana, aparece Klaxon, men. sério de arte moderna”, que durou nove nimeros, precisamente até dezembro do mesmo ano, com paginas dedicadas a Graca Aranha. A revista, publicada em Sao Paulo, foi o primeiro esforgo concreto do grupo para sistematizar os novos ideais estéticos ainda confusamente misturados nas noites bulhentas do Teatro Municipal. Mas, como ja disse paginas atrés, permaneciam baralhadas duas li- nhas igualmente vanguardeiras: a fiturista, ou, lato sensu, a linha de experi- mentagdo de uma linguagem moderna, aderente A civilizago da técnica e da velocidade; ¢ a primitivista, centrada na liberagdo € na projegao das foreas in- conscientes, logo ainda visceralmente romantica, na medida em que surreal ‘mo ¢ expressionismo s8o neorromantismos radicais do século XX. Assim 0 n*2 de Klaxon apresenta um artiguete de Oswald de Andrade, “Escola & Ideias”, onde 0 lider modernista exalta ao mesmo tempo 0 subjetivismo total de Rim- baud e Lautréamont, pais do surrealismo internacional, ¢ afirma que 0 “ew ins- trumento no deve aparecer” na poesia moderna, o que implica a construgio formal objetiva pregada pelos futuristas € pelos cubistas. Mario de Andrade, Gue jé antes da Semana teve 0 cuidado de afastar-se de qualquer classificagio como futurista, louva, em nova nota no assinada no n® 5, a coexisténcia de “Simultaneidade” e “expressionismo”, no romance Os Condenadas, de Oswald Numa posigio mais clara, Rubens de Morais filia-se ao intuicionismo de Ber Son em que vé a matriz da expressiio moderna (Klaxon, 4), A indefinigio dos we Porem, se de um ado revel soivel coer saranneee ea de escolher no turbithao de cae oe brs: divide ns oPeAsaO_ NO proprio context do Me os shi Rech i ee de acertar © passo com a modemi ae! Certeza de que as raizes each © que 0 futurismo foi testemunho 2 «soli Vam um tatamente ac iss em particular, indigens ¢ ne ae 2 om Klanan a osseramenteprimiivsta, O que rae rma, PauBrasit Cobra rg ae ‘em toda a década e se chamart oe pein Hein Utands Seah pose ete cana pesauist Sstética © 0 aprofianda €s contextos julgard polos exclusives mento da vivéncia nacional. cilia de Lara, lo, Instituto de S Paul 50 i Slaton € Terra Rosa e Outras Terras: dots periodos do Mote” Estudos Brasileiros, 1972, 364, De qualquer modo, pela anélise dos textos publicados em Klaxon e das piginas mais representativas da fase inicial do Modernismo, depreende-se que fram os experimentos Formais do futurismo, no s6 italiano, mas e sobretudo francés (Apollinaire, Cendrars, Max Jacob) que mais vigorosamente dirigiram 4 mo dos nossos poetas no momento da inven artistica. Do surrealismo to- fparam uma concepeao irracionalista da existéncia que confundiram cedo com sentido geral da obra freudiana que nao tiveram tempo de compreender. Do eapressionismo, processos gerais de deformagio da natureza e do homem. ‘Arevista Esiética, langada no Rio em setembro de 1924, por Prudente de Morais Neto, e Sérgio Buarque de Holanda, durow até 1925 e teve trés némeros, todos bastante ricos de material tedrico. Coincidiu com o rompimento de Graga ‘Aranha com a Academia Brasileira e estampou artigos do velho escritor que procurava atualizar-se e ser uma presenga dentro do movimento. No primeiro nimero, ele aparece com um ensaio cheio de ingredientes teéricos futuristas, “Mocidade e Estética” (“Nao tardard muito que os homens modernos deixem de repetir 0 grego, 0 gotico, a renascenga, pelo ferro e pelo cimento. A esses tmateriais modernos devem corresponder criagdes independentes ¢ atuais, que satisfagam logicamente as sensacdes de mobilidade e firmeza que eles suge- rem"), mas jé os subordina a uma temética nacional (“A ago do jovem moder- no serd eminentemente social. A estética que o inspira patenteard pela analise 0 que é 0 Brasil e quais os trabalhos extremos a que se deve consagrar”). Outros ensaios que confirmam a vocagao critica da revista: a resenha de Kodak de Blaise Cendrars, feita por Sérgio Buarque de Holanda, que aponta una Viagem na poesia francesa de pos-guerra do primitivismo & Rimbaud para 9 objetivismo técnico, de que os poemas resenhados seriam um exemplo. Pru- dente de Morais Neto, alinha, em “Sobre a sinceridade” (Bstériea, 2), argumen- tos em prol de uma concepetio onirica ¢ freudiana de arte (A arte nasceu brovavelmente com a reprodugio dos sonhos”); ¢ anota berEsoula® to na Tesenha que o mesmo Sérgio B. de Holanda faz do livro de Rubens ee tea Doningo dos Séeulos. A grande presenga critica do trceio mimero § 20 Andrade: muito se colhe na sua “Carta aberta & ‘Alberto de Oliveira”, data SG Paulo, 20 de abril de 1925: nela, o poeta ratifica a independéncia do grupo Paulista, jd maduro em 1920, em relagiio a Graga Aranha, e, num frase de alta ¢statégia cultural, defende a arte inferessada para 0S Payee eee a Pind 0 sou rarese dentro da cultura modema. Reagindo COW 5A pele Aree pamasiana do mest alienado que acabava. de Ser C11 Cae ste brasiliros®, Mario de Andrade revelava um Sehe® de moderiade ie nscendia as posigdes modernistas. No mesmo niimero, resenhat 365 Blaise Cendrars (Feuilles de Route, 1924), Mario precisa os dados te estéticos da sua visio da poesia: dados que prenunciam o tipo viria a fazer na década de 30: ropriamen. de critica que Poesia é uma arte, Toda arte supe uma organizagao, uma técnica, plina que faz.das obras uma manifestagdo encerrada em si mesma. A ol antes de mais nada uma organizagao fechada, em toda criagao artist ver a itengdo da obra de arte. Essa tengo & que a toma uma entidade vlendg Por si mesma, destelacionads, Destelacionada, nfo quero dizer que nfo posa te intengdes até prticas de moralizagto, socilizagto, elificagto, tc, quero dis ue se forma livre da pereepgaio temporal vivida da sensagao e do sentimento reais (Estética, 3, p.327). uma disci. bra de arte ca deve ha. Apresentando atitudes dispares (futurismo/primitivismo, em Klaxon; arte interessada/arte auténoma, em Estética), os modernistas mais ricos mostravam © quanto ressentiam as contradigdes da estética © 0 quanto a sua mobilidade os lacerava, Nos anos subsequentes, as opedes literdrias J nfo bastardo, Inquietos diante da extrema complexidade da vida espiritual, criardio programas existen- ciais amplos, “filosofias de vida” inclusivas, que, Por sua vez, trairiam as raizes estetizantes ¢ inacionalistas e as bases apenas literérias que as precederam, Acho importante e atual Tessalvar esse trago que dé conta da gratuidade das “visGes do mundo” e das “ tia modernista, Assim, 0 Manifesto Pau-Brasil langado por Oswald de Andrade em 1924 entra por uma linha de primitivismo anarcoide, afim as suas origens de burgués culto em perpétua disponibilidade; a Pau-Brasil contrapde-se uma corrente de Tacionalismo no menos mitico, cheio de apelos a Terra, 4 Raga, ao Sangue, 0 Verde-amarelismo (1926), de Cassiano, Menotti del Pichia, Candido Motta Fi- 'ho e Plinio Salgado. Este ltimo iria enveredar por um idedrio politico direitis- {14 “in nuce” no grupo neoindianiste da Anta, 0 totem dos tupis (1927). 8 ors Fa nvidado com sarcasmo pela Revista de Antropofagia Cy % ae lae Raul Bopp entre outros, cujo Manifesto exacerba as eo 15es de tm Fret Cet eKir a0 matriarcado primitive (sie) Jd agora so © Um Freud equivoco © mal deglutido, is- Pe artes ales Ste 3 novesibeeiodel aie, wali "lo Ataijo, Bangg eilualistas” da Festa (1927), com Tasso da SilVel pundt ONT Fillo, Adelino Magalhes, Gilka Machado e, numa Se 366 fase, Cecilia Meireles ¢ Murilo Mendes, que lograriam dar uma fei ocamente moderna a suas tendéncias religiosas™, E curioso ¢ instrutivo considerar, hoje, a inconsisténcia ideolégica desses grupos modemistas que, a0 que parece, dado 0 foco puramente literdrio em que sepostavam, nao tinham condi¢des de entender por dentro os processos de base gue entdo agitavam o mundo ocidental e, particularmente, o Brasil. Tudo resol- viam em formulas abertamente irracionalistas, fragmentos do surrealismo fran- césoudos mitos nacional-direitistas que o imperialismo europeu vinha repetindo desde os fins do século passado. “Eramos uns inconscientes”, diria Mario de Andrade nesse balango e autocritica que foi a conferéncia “O Movimento Mo- demista”, de 1942, O culto da blague e 0 vezo das afirmagées dogmaticas aca- baram impedindo que os modernistas da “fase heroica” repensassem com objetividade 0 problema da sua insergdio na praxis brasileira, Os resultados co- nhecem-se: 0 vago liberalismo de uns vai desaguar na adesio a0 movimento de 32, tio ambiguo entre os seus polos democritico-reaciondrio (Guilherme de Almeida, Cassiano Ricardo, Alcantara Machado); nada impediria que o nacio- ralismo da Anta resvalasse no parafacismo integralista de Plinio Salgado, nem, enfim, que 0 antropofiigico Oswald se esgotasse no comprazimento da crise ‘moral burguesa em que ele proprio estava envisgado, Consideragdes que nao implicam juizo idealista: constatam apenas as fatais limitagdes de um grupo tascido e crescido em determinados estratos da sociedade paulista e carioca uma fase de transig&io da Repiiblica Velha para o Brasil contempordneo. E consideragdes que, ressaltando embora o extraordinério talento verbal de al- 8uns dos modernistas, entendem sublinhar 0 risco que representa a mitizagio 4&s suas brithantes inconsisténcias, no nivel do pensamento e da pritica™®. 0 inequi- ira que caminhou num sentido antimo- Neverdade, nada deveriam ao Grgio de Tasso da Si ae Satis (a sua Defnigdo do Modernismo Brasileiro, Rio, Forj, 1932, em ave emi alg attigos publicados em Festa). Contamos hoje com um estudo sistematico da revista, 97 ‘eusa Pinsard Caccese, ed. do Inst jros da Univ. de S. Pau 1th lee de Neusa Pinsard Caccese, ed. do Instituto de Estudos Brasileiros da Univ. de S. Pau lo, 197), A ida de 30 ¢ de 40, reservas de varia pro- "Foi : ©10 sentido de tais limitagdes que suscitou, na décai Seis stiteisa uma presumivel“flosoia” do Modernismo. Livremo-nos, porém de das autuee® (pitta: a de esperar uma alta coeréncia ideoldgiea em um movimento aed elt? e acaba reetando-o em bloco,absurdamente) ea de retract _ Batuidade imesponsdvel, que se tem o seu papel no momento livre da i ne “”inendvel decadentismo quando transformada em vida pética ohne a de 1979 — Retomei o estudo ideoldgico do movimento em "Mik : "SI" (Revista Temas, n®6, 8. Paulo, 1979) ineluido em Cét Infernal 367

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