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ISSN 1413-389X ‘Temas em Psicologia - 2009, Vol. 17, n° 1, 177 — 190 Consideragao Positiva Incondicional no sistema tedérico de Carl Rogers Laurinda Ramalho de Almeida Pontificia Universidade Catélica de Sao Paulo - Brasil Resumo Este artigo analisa 0 constructo Consideragao Positiva Incondicional proposto por Carl Rogers como uma das trés condigdes necessérias ¢ suficientes para uma mudanga construtiva na pessoa, como resultado de trocas interpessoais. Para se compreender a evolugdo histérica do mesmo, tomou-se como ponto de referéncia o artigo “The necessary sufficient conditions of therapeutic personality change”, publicado em 1957. A andlise empreendida mostra que Rogers, desde 1940, apresenta as ideias bisicas do constructo, embora nao utilizando 0 termo Consideragdo Positiva Incondicional; & a preocupacdo em testar suas hipéteses que leva o autor a defini-lo, com preciso, no artigo de 1957. No periodo posterior a essa data, 0 constructo ¢ empregado com enunciados diferentes, em varios contextos, © apresentado também como aceitacdo, estima © aprego. A pesquisa bibliogrifica empreendida permitiu estabelecer no s6 a evolucio histérica do construct, como também uma configuragdo geral do mesmo. Palavras-chave: Consideragao Positiva Incondicional, Abordagem Centrada na Pessoa, Pesquisa documental, Pesquisa Historica Unconditional Positive Regard in the theoretical system of Carl Rogers Abstract This article analyzes the construct “Positive Unconditional Regard” proposed by Rogers, one of the three necessary and sufficient conditions for a constructive change a person undergoes as a result of interpersonal exchanges. - The necessary and sufficient conditions of therapeutic personality change (Rogers, 1957) was taken as a main reference in the task of understanding the historical evolution of the construct. As result, it was possible to demonstrate that since 1940 the basic ideas of such concept were present in Rogers’ writings, even though he had never employed the expression Positive Unconditional Regard. In fact, it can be shown that his attempts in testing his hypothesis led to the precisely formulation of the construct in the 1957 article, After that period, the construct is employed under different formulations, in different contexts. It will be found as acceptance, esteem and prizing, The applied bibliographical undertake has permitted to draw the historical evolution of the construct, as well as its general configuration, Keywords: Positive Unconditional Regard, Person centered approach, Bibliographical research, Historical research. Carl Ranson Rogers (1902-1987), norte- americano, desenvolveu uma teoria de terapia que surgiu como a terceira via (terceira forga) entre os campos predominantes na Psicologia na metade do século 20: a Psicandlise e 0 Behaviorismo. Revoluciondrio em sua posiso antiautoritéria e anticonvencional na atuagao Enderego para correspond: EP.: 05015-901. E-mail: laurinda@puesp.br. cia: Profa, Dra, Laurinda Ramatho de Almeida. S de Pés-Graduago em Psicologia da Educagdo, Rua Ministro de Godoy, 969, em terapia, propés como condigdes necessérias suficientes para que uma mudanga construtiva de personalidade ocorra: autenticidade ou congruéneia, compreensioempitica. Consideragio Positiva Incondicional. De sua teoria da terapia derivam propostas para outros campos. (or de Pés-Graduagio, Programa andar. Perdizes, Sa0 Paulo, SP. 178 Para Rogers, quer estejamos falando da relago entre terapcuta e paciente, professor © aluno, pais e filhos, lider e grupo, ou de qualquer outra situago ma qual se proponha como objetivo o desenvolvimento da pessoa, so essas as trés condigdes que constituem 0 clima que facilita o desenvolvimento, Nos anos de 1960 © 1970, Rogers teve influéncia, no Brasil, nos campos da Psicologia © da Educagdo, tanto nos meios académicos como na pratica psicolégica ¢ educacional. A riqueza de sua abordagem, aliada a preocupagdo em aprimorar o processo ensino- aprendizagem, levou um grupo de educadores da PUC-SP, na década de 1970, a estudar um programa de aperfeigoamento para professores © especialistas de educagao, com base nas proposigdes rogerianas. Essa escolha tinha como pressuposto um compromisso com a educago humanista, — fundamentada numa ‘visio de aluno como “um ser humano (mais do que simplesmente um organismo), ¢ como uma pessoa, em sua totalidade, mais do que simplesmente um intelecto incorpéreo ow um. depésito de processos cognitivos” (Patterson, 1977, p. 146) Depois de discutir as vérias implicagdes dessa empreitada, o grupo decidiy partir de uma andlise teérica dos constructos rogerianos de Congruéncia, Compreensio Empitica © Consideragao Positiva Incondicional, nicleo do programa, Notou-se que, embora as trés atitudes se interpenetrassem e se completassem, sua complexidade permitiria que fossem consideradas de per si, 0 que levaria a tres diferentes estudos. A pesquisa que se apresenta mi artigo refere-se ao constructo Consideragao Positiva Incondicional, Cumpre observar que, antes de iniciar a pesquisa que segue, foram consultados intérpretes do pensamento rogeriano, entre os quais Miguel De La Puente (1970, 1978), Max. Pagés (1976) € André de Peretti (1974), bem. como Eugene Gendlin (1962). Gendlin (1962) dew importante contribuigdo a0 sistema tebrico de Rogers, propondo uma reformulago em relaglo a teoria de mudanga na personalidade, ao elaborar 0 construto de experienciagio (experiencing), aceito ¢ assimilado por Rogers. Segundo Gomes (1986), foi através de Gendlin que Rogers conheceu as filosofias de Husserl, Sartre e Merleau-Ponty, ¢ — desejou redimensionar suas formulagdes, principalmente a referente a congruéneia do self Almeida, L. R. © do organismo, ou seja, a impossibilidade de uma congruéncia entre 0 que era consciente (self) € 0 que era no consciente (organismo). O construto experiencing vem resolver 0 problema, bem explicitado por Gomes, em conferéncia proferida no Simpésio “Vivéncia Académica”, realizado no Instituto de Psicologia da Universidade de Sdo Paulo, em julho de 1986 (Gomes, 1986). © problema é resolvido com a teoria do experiencing, de Gendlin (1962), onde dualismo entre contetido-da-conseiéncia (conceitualizagio) © 0 contetido-do- corganismo (sinestesia) 6 resolvido através de um intervir direto no proceso da informacdo_sinestésica. Os efeitos desta formulagdo se fazem notar, por exemplo, na definigdo de_sentimento. Sentimento é entdo redefinido como uma condigao situada, © como possibilidade de ago no mundo. Assim, sentimento (na concepgio gendliana de felt sense) explica pensamentos, "valida observagées, dirige agdes, intenciona as palavras no discurso, ¢ traz.0 sentido das cores, formas, sons, volumes e movimentos, enquanto linguagem das artes. E, portanto, o significado ;perienciado de estar no mundo. baseado nesta reformulago de conceito de sentimento que Gendlin modifica a teoria de Rogers sobre congruéncia e ajustamento étimo. Em termos rogerianos, vale dizer, ajustamento étimo é uma abertura para experiéncia, ou seja, “0 individuo ajustado segue os seus. sentimentos”. Para Gendlin, esta posigdo precisa ser clarificada. E impossivel, para_um individuo, equilibrar cada’ aspecto da experiéncia para responder congruentemente o fluxo de sentimentos. Esta concepgdo, além de simplista, carrega implicagSes antissociais e anti- intelectuais, Ele confunde caprichos com sentimentos. Gendlin, entéo, altera a nogio rogeriana dizendo que 0 sentimento que alguém segue otimamente esté em conscigncia e contém — implicitamente significado social, moral ¢ intelectual (p. 71-72). Miguel De La Puente, nos anos de 1970, foi importante divulgador da teoria rogeriana no Brasil, nao sé apresentado a proposta Constructo Consideragao Positiva Incondicional tedrica, como tratando da mudanga de énfase das técnicas nao diretivas para as experienciais. Seu Ensino centrado no estudante (De La Puente, 1978) foi leitura obrigatéria para os educadores brasileiros que tinham a conviegio de que o afetivo deveria ser trazido para a sala de aula, a servigo do conhecimento. Em que pese sua contribuigdo & aplicagdo das condigdes facilitadoras, no contexto da aprendizagem, nao oferece elementos novos para esclarecer Consideragao Positiva Incondicional Max Pages (1976) enfatiza a importancia da Considerago Positiva Incondicional, na teoria da personalidade, colocando-a como indispensavel no proceso de restauragdo de desajustamentos; di sua interpretago do construto, mas nio 0 esclarece de maneira acessivel. Para Pagés (1976): A consideracdo positiva incondicional de Rogers é, digamos, um amor, mas um amor ndo ambivalente, diferente de todas as formas de amor-fuga, que o termo habitualmente adquire. E uma espécie de afeigdo desesperada ¢ Kicida, que liga dois seres separados, unidos somente por sua condigio comum de serem separados. (p.99) André de Peretti (1974) & quem oferece maior contribuiggo & compreensio de Considerag3oPositiva Incondicional, a0 descrever as trés condigdes facilitadoras, em termos de um desenvolvimento dinamico, de ‘uma dialética, Enquanto a congruéncia € 0 retomo para si, a concentragio em si, a Consideragdo Positiva Incondicional implica em distanciamento de si, em concentrago no cliente, Entdo, a atengdo que se dé a si mesmo & contrariada, negada dinamicamente pela atengao que se di ao outro. E preciso que se distancie suficientemente de si mesmo, para que se tenha cuidado com o outro. congruéneia trata-se de verificar se se & verdadeiro, real, na Consideragio. Positiva Incondicional, trata-se de acolher 0 outro, a congruéncia € a aceitagdo de si; a Consideragao Positiva Incondicional ¢ a aceitagdo do outro, Para Peretti. (1974), —_termo “incondicional” no conota indiferenga, no sentido afetivo, antes significa ser “totalmente sensivel”, na escuta de todos os possiveis: A personalidade do cliente, de fato e de direito, € respeitada: ele & confitmado como outro, diferente do terapeuta, numa 179 procura progressiva de relacdo EU-TU, descrita por Martin Buber. A tomada de consideragio simultaneamente (ou dialeticamente) incondicional e positiva: sua positividade se mede, na interagao, pelo calor do acolhimento. (p. 191) Apés a consulta aos intérpretes de Rogers, a qual evidenciou a complexidade do construto Consideragao Positiva Incondicional, tomou-se a decisio de analisé-lo a partir das obras do proprio autor. A pesquisa Considerando-se que a presente pesquisa envolveu andlise de um constructo, dentro de uum sistema tedrico, pensou-se, inicialmente, em proceder-se uma revisio das obras (livros, artigos, conferéncias) do autor, para localizar os diferentes contextos de teoria, nos quais o mesmo esté inserido. No transcorrer do trabalho, entretanto, optou-se pela localizagao © estudo do constructo em fungo apenas de sua cronologia, Tal tratamento—trouxe —_algumas. dificuldades, visto. que os artigos foram. publicados diversas vezes, em diferentes revistas, em diferentes datas. Ademais, muitos deles vieram a tomar-se capitulos de livros. Por outro lado, um mesmo artigo, escrito antes que outro, veio a ser publicado em data posterior. Por exemplo, 0 trabalho de Rogers (1959), resultado de uma solicitagdo da American Psychological Association para que preparasse uma sistematizagio da teoria da terapia centrada no cliente © no qual aparece constructo Consideragdo Positiva Incondicional, embora publicado em 1959, foi elaborado por volta de 1953 (Frick, 1975). Portanto, & anterior ao artigo “The necessary and sufficiente conditions of therapeutic personality change”, escrito em 1956 publicado em 1957 e no qual também aparece Considerago Positiva Incondicional. Nesta pesquisa, registra-se aparecimento do constructo Consideragao Positiva Incondicional no artigo publicado em 1957, porque tomou por bbase apenas a data da publicagao. Apesar da dificuldade em se precisarem, com rigor, as datas de elaboragdo e publicagio dos trabalhos escritos de Rogers, a opcio pela estrutura. do texto em fungio da ordem cronolégica foi mantida, por ser um indice de relevéncia do constructo em estudo 0 fato de 0 180 autor télo apresentado ou ndo, em todo o transcorrer de sua obra. A outra forma de abordar o problema seria estudar 0 constructo em cada um dos contextos de teoria (terapia ¢ mudanga de personalidade; personalidade; funcionamento pleno; relagdes interpessoais e teorias de aplicago), conforme 0s itens referidos por Rogers, na sistematizagio, feita em Kock (1959), 0 que ndo foi feito, por se acreditar que nao existe uma proposta diferente para cada um desses contextos, mas, sim, uma abordagem comum a todos eles. Tal abordagem é denominada por Rogers, em seus iltimos escritos, como “abordagem centrada na pessoa” (1977), porque tal expresso € a que melhor descreve sua propria atuagio em substituigdo a outras denominagdes anteriores: aconselhamento nao diretivo, terapia centrada no cliente, ensino centrado no aluno, lideranca centrada no grupo. E a hipotese central, em todos esses dominios, ¢ que o individuo tem, dentro de si, vastos recursos para a autocompreensio, para alterar seu autoconceito, sua atitude e seu comportamento, € que tais recursos podem ser liberados quando se conta com determinado clima psicolégico. Dai poderem-se transpor as descobertas do campo da tetapia (campo no qual Rogers tem. maior mimero de pesquisas € escritos) para outros campos ¢ considerar-se prescindivel um estudo do constructo em cada um dos diferent contextos. HG trés condigdes que constituem esse clima promotor de crescimento, quer estejamos falando de relagdes entre terapeuta ¢ cliente, pais ¢ filhos, lider ¢ grupo, professor e —aluno, ou administrador e “staff”. As condigdes se aplicam, de fato, em qualquer situagao, na qual o desenvolvimento da pessoa ¢ 0 objetivo. (Rogers, 1977, p. 9) Para se compreender a evolugao histérica do constructo. —Consideragiio—_Positiva, Incondicional, optou-se por dividir este texto em trés partes: I — estudo das obras anteriores a 1957, cobrindo 0 periodo de 1940 a 1957, pois, antes de 1940, nao ha nenhum trabalho escrito relevante para a anzlise que se pretende. Il — estudo do artigo publicado em 1957, quando Rogers divulga, pela primeira vez, 0 termo Consideragao Positiva Incondicional (Rogers, 1957), Almeida, L. R. IIL ~ estudo das obras posteriores a 1957, cobrindo © periodo daquela data até 0 tltimo trabalho publicado © ao qual se teve acesso (Rogers, 1978). Em relagdo a cada obra consultada, apresentam-se comentarios que acrescentam. algo de novo para a clucidagio do constructo. Dispensam-se apenas. 0s comentérios repetitivos. | —Periodo anterior a 1957 A. busca da origem do constructo Considerago Positiva Incondicional, na obra de Rogets, revela que, embora 0 autor tivesse comegado a praticar terapia desde 1927, © publicado artigos desde 1930, s6 a partir de 1940 deixa configurar uma nova linha de pensamento, Rogers (1959) afirma: Comecei a sentir que a minha ago, no campo clinico, era talvez mais do que um. novo caminho que eu havia descoberto. artigo apresentado por mim, em 1940, (mais tarde, 0 capitulo Il, de Counseling and Psychotherapy) foi a primeira tentativa consciente de desenvolver uma linha de pensamento relativamente nova. (p. 187) ‘A experiéncia terapéutica & apresentada como uma experiéneia de crescimento, ou seja, esse tipo novo de terapia no é uma preparago para a mudanga, mas é a propria mudanga. O aspecto mais importante dessa mudanga é a compreensio e a aceitagdo de si, pelo cliente, decorrentes de o terapeuta ter aceitado © reconhecido plenamente os __sentimentos expressos por ele. Dai, a compreensiio com as atitudes ou qualidades do terapeuta. Essas qualidades, neste primeiroperiodo de produedo, sdo apresentadas de forma difusa ou globalizante. Em 1940, 0 autor jé revela preocupacéo em estabelecer certas condigdes basicas. para que uma terapia se tome efetiva (Rogers, 1940). Garantidas tais condigdes — que o cliente (adulto ou crianga) sinta alguma insatisfagio com o seu ajustamento, que sinta alguma necessidade de ajuda, que tenha nivel de inteligéncia acima do nivel limite e que haja um terapeuta habilidoso, cujo objetivo é liberar & fortificar 0 individuo, antes que interferir em sua vida, certo proceso passa @ ocorrer. Ao descrever esse processo, jé apresenta as ideias bbisicas para a proposigo do que chamaria, Constructo Consideragao Positiva Incondicional mais tarde, condigdes necessérias ¢ suficientes para a mudanga terapéutica de personalidade, embora haja de sua parte uma preocupagao maior em esclarecer as consequéncias destas condigdes do que as préprias, isto €, esti ele mais preocupado com os resultados do process do que com o préprio processo. Embora ndo dé nome as condigdes, elas esto evidentes, no desenvolver do trabalho. Por exemplo, quando discorre sobre o estabelecimento do contacto, descreve-o em termos de calor entre terapeuta © cliente; interesse genuino do terapeuta pelo cliente; auséncia de ameagas, elementos esses que abordara, depois, no contexto da Consideragio Positiva Incondicional. Ao descrever a aceitagao pelo cliente do seu eu, Rogers assinala que a pessoa, ao ser aceita, a0 invés de criticada, fica livre para ser ela mesma, sem defesas e, gradualmente, admite seu eu real, com padrées infantis, —sentimentos agressivos, ambivaléncias e também impulsos maduros. Esta afirmagdo revela a preocupagio com © que —convencionou—_chamar, posteriormente, de Consideragdo Positiva Incondicional, embora no apresente ainda a forma elaborada dos trabalhos subsequentes. Em 1942, ao analisar as caracteristicas do processo terapéutico, apenas desdobra em mimero maior de itens o processo descrito em 1940. Nesse desdobramento, deixa transparecer a importéncia que dé a uma atitude amigavel, interessada ¢ receptiva da parte do terapeuta. Essa atitude permite ao cliente expressar livremente seus. sentimentos (Rogers, 1942), Ao referir-se as qualidades do terapeuta, Rogers (1942) afirma que talvez a primeira qualidade de um terapeuta seja tratar-se de uma pessoa sensivel 4s relagdes humanas, Reitera ainda que esta sensibilidade social € uma qualidade fundamental, embora haja_outras também essenciais: objetividade, respeito pelo individuo, compreenséo de si mesmo e conhecimentos de psicologia. © respeito pelo individuo € colocado no sentido de aceitar 0 outro como ele € que seri, mais tarde, apresentado como um dos componentes de Consideragao Positiva Incondicional Em 1945, Rogers nota que “sem a aceitago compreensiva do conselheito, a terapia ndo tem lugar” (Rogers, 1945, p. 279), enfatizando que 0 aconselhamento repousa sobre as atitudes de aceitago e permissividade, no sentido de auséncia de avaliagio, o que leva © cliente a colocar problema em. profundidade. 181 Em 1951, a0 abordar 0 problema das atitudes que parecem facilitar a terapia centrada no cliente, Rogers adverte que sua experiéncia, no treinamento de terapeutas, indica que a filosofia operacional bésica do individuo (que pode ou ndo se parecer com sua filosofia verbalizada) determina, numa —_extensio considerivel, 0 tempo que ele levaré. para tomar-se um terapeuta habilidoso. E o primeiro ponto a ser considerado, nessa _filosofia operacional, ¢ a atitude assumida pelo terapeuta, em relagdo ao valor ¢ & importincia da pessoa. Rogers (1951) interroga: Como vemos os outros? Vemos cada pessoa, como tendo dignidade e valor inerentes a ela propria? Se apresentamos este ponto de vista ao nivel verbal, em que extensdo isto & operacionalmente evidente, ao nivel de conduta? T. tendéncia para tratar os individuos como pessoas de valor ou sutilmente os desvalotizamos, através de nossas atitudes comportamentos? (p. 20) ‘A andlise dessas indagagdes revela que, embora sem utilizar a expresso aprego (que vai aparecer em 1957, como um dos componentes de Consideragio _Positiva Incondicional), Rogers ja se preocupa com esse elemento, Revela ainda que expressar esse sentimento de aprego ou valor ¢ algo decorrente de uma posigdo filoséfica, tendo como pressuposto 0 individuo como um valor em si mesmo, Acrescenta ainda que sua experiéncia Ihe tem revelado que tal filosofia & mais provavelmente assumida pela pessoa que tem tum respeito basico pelo valor e pelo significado de si mesmo, pois alguém nao pode, com toda probabilidade, aceitar outros, a menos que primeiro aceite a si mesmo. Embora sem utilizar o termo Consideragao Positiva Incondicional, a leitura atenta da sua produedo, nesse primeiro periodo, revela que as ideias basicas do constructo estdo presentes no que chama aceitagio, cuja importincia fica sempre evidente, como —_ingrediente indispensavel, na relagdo terapéutica, para que esta atinja resultados étimos. A propria definigio dada por ele (1942) da relagdo de consulta psicologica evidencia a importancia que da a aceitagao: A relagéo de consulta psicolégica é uma relagdo, na qual o calor da aceitagio ea 182 auséneia de qualquer coergdo ou pressio pessoal, por parte do terapeuta, permite a expressio maxima de _ sentimentos, atitudes e problemas, por parte do cliente (p. 108). Nos anos 1950, tanto quanto nos 1940, fica evidente que a nova abordagem do proceso terapéutico traz outra novidade: a terapia pode ser vantajosamente investigada por meios cientificos, € esta investigagdo pode enriquecer a propria psicologia (Rogers, 1948, 1951). E mais: as descobertas feitas por Rogers, no campo da terapia, podem ser aplicadas em. outras areas, dado que a sua proposigdo, na verdade, ndo & “de um novo método, mas de uma filosofia de vida © de relacionamento completamente diferente” (Rogers & Rosenberg, 1977, p. 202), E a preocupagio em testar_hipéteses relativas & terapia centrada no cliente que leva 0 autor a burilar os conceitos e a procurar definir, com preciso, as condigdes consideradas necessirias ¢ suficientes para a mudanga de personalidade, em psicoterapia. Il - The necessary and sufficient conditions of therapeutic personality change A escolha do artigo de 1957 como ponto de referéncia para a divisio dos periodos cronolégicos deve-se ndo s6 a0 fato de ter aparecido nele, pela primeira vez, 0 constructo ConsideragaioPositiva Tncondicional, mas também por ter sido por volta desta data que Rogers desenvolve sua teoria da terapia e da relagdo terapéutica, divulgando as condigdes necessirias e suficientes. para a mudanga torapéutica, Esse artigo registra a palestra proferida, em 1956, na Universidade de Michigan Segundo 0 proprio Rogers, “esta foi uma das palestras mais rigorosamente pensadas, mais cuidadosamente formuladas” (Rogers & Rosenberg, 1977, p. 148) dentre as que pronunciou. Mais tarde, a0 falar sobre sua filosofia das relagGes interpessoais, Rogers refere-se ao artigo, afirmando: “Por volta de 1957, desenvolvi uma rigorosa teoria de terapia € da relagdo terapéutica. Além disso, divulguei as condigdes necessarias e suficientes para a modificagao terapéutica da personalidade, todas a0 nivel das atitudes pessoais e nao de treinamento profissional. Foi um artigo bastante Almeida, L. R. presungoso, mas que formulou hipéteses a serem testadas © dew margem a muita pesquisas, nos quinze anos seguintes, que, em geral, as confirmaram” (Rogers € Rosenberg, 1977, p. 203). O trabalho revela sua preocupagio em estabelecer, com objetividade, as condigdes necessérias © suficientes para Iniciar © processo da mudanga construtiva de personalidade. Desde que estas condigdes existam e continuem por um periodo de tempo, isto € suficiente para que 0 processo de mudanga construtiva de personalidade ocorra Em sintese, clas estabelecem que 1° — a mudanga de personalidade no corre senfo através de um relacionamento interpessoul. 2 — algumas caracteristicas so necessirias em cada um dos participantes desse relacionamento. 3° — & necessério que, de alguma forma, cada um deles perceba o campo experiencial do outro. Interessa-nos, no presente estudo, a caracteristica " Consideragio——_-Positiva Incondicional, enquanto vivenciada pelo facilitador, que pode ser o terapeuta, 0 professor, © pai, lider de um grupo, cada um dentro da especificidade do seu papel. No artigo referido (Rogers, 1957), sdo mencionados dois autores que contribuiram para a formulagao de Consideragio Positiva Incondicional. O primeito € Standal (1954), que criou o constructo, O segundo Dewey (1960), referide por esclarecer aprego, um dos elementos que compiem Consideragio Positiva Incondicional. Julgamos, pois, oportuna a apresentagao das ideias principais contidas nos trabalhos desses autores, no que se refere a Consideragio Positiva Incondicional, no apenas porque sio mencionadas por Rogers, como também porque ndo se pode entender bem o constructo sem conhecé-las. Stanley Standal foi aluno de Rogers, na década de 1950. Em 1954, apresenta, como tese de doutoramento, na Universidade de Chicago, o trabalho The need for positive regard, no qual formula ¢ desenvolve varios constructos, a um dos quais atribui o termo Consideragio Positiva Incondicional E interessante verificar que, em varios ‘momentos de sua obra, Rogers esclarece que sempre procurou tirar da sua experiéncia, Principalmente de terapeuta, os prineipios gerais de sua teoria, E, no que se refere a0 constructo —Consideragdo.——_—Pasitiva Constructo Consideragao Positiva Incondicional Incondicional, foi buscé-lo em alguém que 0 desenvolveu como pensamento teérico (Frick, 1975). ‘A tese de Standal, defendida em 1954, parte da constatagdo de que, nos doze anos de existéncia da terapia centrada no cliente, apesar da importincia que se dé ao papel da accita esta é suplantada por um processo terapéutico mais importante — a vivéncia, pelo cliente, do material previamente ndo aceito ou nio acuradamente simbolizado. Constata Standal que essa simbolizagio é considerada como fator crucial no ajustamento psicolégico, enquanto a aceitagdo do cliente pelo terapeuta & vista apenas como um catalisador, que torna possivel a ocorréncia do processo de simbolizagao. O que Standal propde ¢ uma mudanga na ordem. da importincia desses. dois _ elementos, argumenta que é mais importante para 0 cliente perceber a aceitagao oferecida pelo terapeuta do que simbolizar acuradamente suas experiéncias. Portanto, a primeira tarefa do terapeuta deve ser comunicar a accitago, antes que facilitar a simbolizagio acurada. A tese central do trabalho desenvolvido por Standal pode ser assim colocada: — a discriminagdo pelo individuo da falta de aceitago do outro € fator crucial na causa do desajustamento psicolégico. = a disctiminago pelo individuo da aceitago do outro é fator crucial na eliminagao do desajustamento psicoldgico. Transparece também, no trabalho de Standal, a preocupagdo de se encontrar um. elemento comum (ou elementos) entre as muitas ¢ variadas formulagSes apresentadas para aceitagdo, nos trabalhos desenvolvidos pelos adeptos da terapia centrada no cliente, © com isto: 1) formecer uma expressio teérica para uma “necessidade” central ou tendéncia motivacional, que parece ter estado implicita nna abordagem centrada no cliente, 2) esclarecer papel central da aceitagdo na psicoterapia centrada no cliente. 3) oferecer uma ldgica teérica para 0 processo de psicoterapia, Assim, 0 conceito de “aceitagio mais tarde, seri abandonado, em favor de outro ‘ional mais complexo, a de consideragdo _positiva, e, derivado deste, a necessidade de consideraso de si” (Standal, 1954). Ou seja, no transcorrer de seu trabalho, Standal propde a substituigao 183 por consideragao positiva e demonstra como ela é uma necessidade. Standal analisa essa necessidade, no cliente. Embora a preocupagdo, neste texto, seja a de configurar a considerago positiva como atitude do facilitador, julgou-se importante caracterizar a consideragio positiva como necessidade, porque, sem isto, ndo se tém a compreensio do trabalho desenvolvido por Standal © nem o real sentido de Consideragao Positiva Incondicional Standal postula duas necessidades: — a necessidade de consideracdopositiva, e derivada desta, a necessidade de consideragio de si, Ao postular a necessidade de consideragao positiva, ele estabelece sua génese da seguinte forma: com a emergéncia da consciéncia do eu, desenvolve-se, no individuo, tuma necessidade de perceber suas experiéncias, fazendo uma diferenga positiva, no campo experiencial de outros. Essa é a necessidade de consideragdo positiva, Para alguns autores, esta necessidade poderia ser vista como uma extensio direta ou uma equivalente madura da necessidade bésica de afeigdo. Standal prefere vé-la como uma necessidade aprendida ou secundaria. Essa necessidade de consideragio positiva, embora aprendida, segundo Standal, tem uma natureza peculiar, o que Ihe garante 0 rater de universalidade e de persisténcia, como nas necessidades.—_primarias: universalidade, dada a condigdo universal do estigio de dependéncia dos primeiros anos de vida da crianga; © persisténcia, dado que, mesmo quando 0 individuo ndo é mais dependente de outros, a necessidade de considerago positiva continua operativa. ‘A necessidade de consideragio positiva, secundaria ou aprendida, porém, universal © persistente, possui outras caracteristicas 1* — A ssatisfagdo ou frustrago da necessidade de consideragao positiva depende somente da inferéncia sobre 0 campo expetiencial de outro, ou seja, € como o individuo se percebe considerado ou ndo que importa. Este fato leva a um alto grau de ambiguidade das condigdes que satisfazem ou frustram a necessidade de consideragdo positiva 2*— Qualquer ou todas as experiéncias da pessoa podem —tomar-se _—_diretamente relacionadas com a satisfagio da necessidade de consideragao positiva. 3° — A necessidade de consideragao positiva tem uma —caracteristica de 184 reciprocidade, ou seja, quando um individuo discrimina a si mesmo, satisfazendo a necessidade de consideragao positiva de outro, ele necessariamente vivencia a satisfagdo de sa propria necessidade de consideragdo positiva ‘Ao postular a necessidade de consideragdo positiva de si, Standal (1954) afirma: As satisfagdes ou frustragdes, associadas a qualquer experiéncia ou grupo de experiéncias da pessoa, podem ser vivenciadas, independentemente das s de consideragao positiva com Consideragio _positiva, vivenciada dessa maneira, seri chamada considetagao de si. (p. 58) Ou seja, quando uma experiéncia da pessoa & repetidamente associada com a satisfagdo da necessidade de consideracdo positiva, os estimulos que causam aquela experiéneia comegam a tomar caracteristicas tais que o individuo passa a vivenciar algo semelhante & consideragio positiva, quando aquela experiéncia ocorre; _ inversamente, quando uma experigncia repetidamente leva & retirada da consideragdo positiva, os estimulos que esto associados aquela_experiéncia tomaréo um carder punitive; quando tal experigncia ocorre, 0 individuo vivencia algo similar 4 perda da consideracéo positiva. O individuo passa, entio, a vivenciar algo semelhante satisfagdo ou frustragdo da consideracdo positiva cm relagdo a si mesmo, em conjungio com imimeras experiéncias, apesar de no ocorrerem transagdes reais com pessoas significativas. A necessidade de consideragio de si nao toma o lugar da consideragao positiva do out. Todavia, torna-se operacionalmente mais potente, & medida que o individuo cresce. O adultopsicologicamente — maduro nunca experimentara perda de consideragio de si, embora possa, muitas vezes, vivenciar a ndo satisfagdo ou retirada da consideracdo positiva de outros. Standal argumenta que, assumindo-se a existéncia da necessidade de consideragao positiva ¢ da necessidade de consideragdo de si, preenchidas lacumas na terapia centrada no cliente © podem ser resolvidas as questies relacionadas com as mudangas nos estados de ajustamento psicologico, ou seja: 1° — um individuo introjeta valores de outros e, consequentemente, precisa evitar Almeida, L. R. experigncias inconsistentes com esses valores, de maneira a evitar a frustragdo da necessidade de consideragdo de si (isto & ele se toma desajustado), 2°— ele elimina certos valores introjetados, quando, através do relacionamento com outras pessoas, aprende que nao tem necessidade de conservar tais valores para vivenciar um nivel considerivel de satisfagio da necessidade de consideragdo de si (isto & cle se toma reajustado), 3° — ele no mais introjetaré valores, nem negara ou distorcerd experiéncias, desde que se tora impossivel frustrar a necessidade de consideragdo de si (isto & cle se toma psicologicamente maduro). Em sintese, a discussio de Standal € no sentido de obter respostas para trés questes sobre mudangas no ajustamento psicolégico: 1° — Como 0 individuo se toma desajustado? 2°— Como se toma reajustado? 3° — Como se conserva ajustado, isto & como preveni-lo contra a ocorréncia de novo desajustamento? ‘A primeira lacuna que Standal vé na teoria de Rogers refere-se i primeira introjegao de valores. Para Rogers, a primeira introjegao pode ser explicada pelo prinefpio da consisténcia da estrutura do eu ou, mais especificamente, pela necessidade de manter 0 conceito do eu como digno de amor. Standal questiona essa explicagdo, afirmando que: = algum outro principio que néo o de manter a consisténcia da estrutura do eu é necessério para explicar a primeira introjegao. = 0 conceito do eu como digno de amor no pode emergir se aceitamos a avaliagio organismica como um modo de responder do recém-nascido ao seu campo experiencia. Outros principios, necessidades ou tendéncias so necessirios para explicar a scletividade do organismo, a0 negar ou distorcer experiéncias. ‘A crianga procura manter 0 conceito do eu como digno de amor, negando algumas experigncias inconsistentes com esse conceito, nio para garantir a consisténcia da estrutura do cu, como propde Rogers, mas para satisfazer a necessidade de consideragao positiva. ‘A segunda lacuna refere-se ao problema da ameaga e da defesa. Segundo a teoria rogeriana, experiéncias inconsistentes com a estrutura do cu fazem surgir um estado de ameaga e levam a ‘um comportamento defensivo; isto & sao retiradas do campo perceptual, ou so negadas, Constructo Consideragao Positiva Incondicional experi podem ser _acuradamente percebidas e simbolizadas e entdo integradas na estrutura do eu, Embora aceitacio compreensio sejam as condigdes que possibilitam — simbolizagdo —correta_—de experiéncias ameagadoras, segundo Standal isto no esta claramente relacionado com a parte da teoria que diz que experiéncias de ameagas devem ser evitadas. Além disso, 0 desconforto, que usualmente acompanha a autoexploragao, nna terapia, parece indicar ndo ser a auséncia de ameaga que permite a0 individuo simbolizar experiéncias ordinariamente ameagadoras. Ao contririo, 0 —individuo —simboliza_tais. expetigncias a despeito de sua natureza ameacadora, ou seja, algo mais importante que a necessidade de defender-se contra a ameaga capacita a pessoa, em terapia, a simbolizar ¢ examinar aspectos de sua _personalidade, previamente negados. A ameaga ndo é vista como decorrente de uma —experiénci inconsistente com cu, mas, sim, como ligada com a frustragdo antecipada da necessidade de consideragdo positiva. A terceira lacuna refere-se a afirmagio de que a maturidade psicolégica é possivel, desde que um —determinado—estigio de desenvolvimento seja atingido e a introjegio de valores ndo mais ocorra. O problema levantado por Standal diz respeito a protego que o individuo, psicologicamente maduro, ope contra tais introjegdes. Se a avaliagio organismica € um fator crucial, ento por que essa forma de avaliagdo falha em proteger a crianga (que avalia suas _experigncias organismicamente) contra a introjeg3o prevenir o adulto reajustado (que restaura seu Proceso. de avaliago organismica) da introje¢do de novos valores? Acredita Standal, © demonstraré isto em seu trabalho, que a negacdo ¢ distorgdo de experiéneias podem ser explicadas sem se tecorer ao principio de autoconsisténcia © que os mesmos principios responsaveis pela negagio e distorgo, no individuo imaturo, o so, também, no individu psicologicamente maduro, Assim, 0 que protege o individuo maduro contra introjegdes a gerantia de um nivel satisfatério da necessidade de consideragio desi, independentemente de seus valores. Somente quando Standal_analisa_o desenvolvimento da personalidade & que introduz 0 constructo Consideragao Positiva, Incondicional, bem como os de complexo de 185 consideragdo, consideragio de si e condigdes de valor. Consideragao Positiva Incondicional © individuo psicologicamente ajustado nfo tem que buscar ou evitar —certas experiéncias, que satisfazem ou frustram sua necessidade de consideragao de si, porque ele nio discrimina se estas experiéncias so mais ddignas ou menos dignas de consideragao de si do que outras possiveis experiéncias. E desde que a consideragdo de si esti. intimamente relacionada com a consideragio_positiva original de outros significativos, segue-se que 0 individuo psicologicamente ajustado deve ter recebido Consideragio Positiva Incondicional para as experiéncias que englobam sua estrutura do eu, ‘A consideragiopositiva de um outro significative pode ser. chamada_— de incondicional toda vez que o individuo é incapaz de discriminar qualquer experiéncia sua como sendo mais digna ou menos digna de consideragdo positiva por parte daquela pessoa Standal afirma que, embora seja facil definir Consideragao Positiva Incondicional, & dificil discriminar, no relacionamento, se a ocorréncia da consideragdo positiva é condicional ou incondicional, mesmo em se tratando de uma observagio cientifica, porque no ha téenicas para determinar se qualquer ato especifico representa uma experiéncia de Consideragao Positiva Incondicional. E possivel, no entanto, serem feitas inferéncias de consideragao positiva, a partir da observago, desde que transagdes de considerag3o positiva so relativamente ficeis de identificar. Os pais dio ou retiram consideragao positiva para qualquer comportamento da crianga e as proprias palavras que empregam para _transmitir considerago, frequentemente, definem a transagio ‘como condicional. Se, no entanto, entre um grande nimero de tais possiveis transagdes de consideragdo _positiva, for impossivel discernir qualquer eritério norteando a manifestacdo da consideracdo positiva, entio & possivel que estejamos diante de Consideragao Positiva Incondicional Standal chama a tengo para a importincia da Consideragdo_Positiva, Incondicional no desenvolvimento da personalidade. Se a consideragio de outros significativos € expressa_incondicionalmente, durante os primeiros anos de vida, isto é, de tal 186 ‘maneira que nenhuma experiéncia propria da crianga & discriminada como mais digna ou menos digna de consideragao positiva, entio, a consideragio de si dessa _crianga _serd, analogamente, incondicional. E esse tipo de Consideragdo Positiva Incondicional por si mesmo que distingue. 0 _individuo psicologicamente maduro. Portanto, aquele que recebeu Consideraso Positiva Incondicional em sua infincia tem uma estrutura de personalidade em que cada experiéneia de si & vista como digna de consideragdo positiva do outro e de consideragio positiva de si. O individuo é, entdo, livre para elaborar muitas respostas diferentes que 0 conduzem a um estado étimo de satisfagdo dessa necessidade. ‘Alm de Standal, Rogers recorre a outro autor, John Dewey, para esclareeer 0 constructo Consideragio Positiva Incondicional. Nao s6 no artigo escrito em 1957, mas em varios ‘momentos de sua obra, Rogers, quando se refere a aprego (prizing) — um dos termos apresentados para explicar 0 que entende por Considerago Positiva Incondicional, afirma que 0 faz no sentido atribuido ao termo por Dewey (1960). John Dewey (1960), a0 discutir 0 problema do julgamento moral e conhecimento, estabelece uma distingZo entre avaliagdo como ato direto, emocional, pratico ¢ avaliagdo como Julgamento, Afirma que a diferenga dbvia entre as duas atitudes esté em que a avaliagao direta, no sentido de aprego, se acha absorvida no objeto, pessoa, ato, sem que se atente para suas relagSes com outras coisas, a sua posigdo ¢ scus efeitos, enquanto a avaliago, no segundo sentido, & um medir de modo intelectual que estabelece relagdes entre causas_ consequéncias, ¢ pode alterar o aprego inicialmente sentido, Para esclarceer os conceitos enunciados, Dewey lembra 0 exemplo do amante que nao vé a pessoa amada como os outros a vem, porque nio estabelece relagdes entre ela e outras pessoas ou objetos; portanto, sem julgamento. Se o fizesse, poderia vir a modificar, radicalmente, a primitiva atitude de aprego. Fica, pois, evidente que para Dewey uma atitude de apreco implica nao fazer julgamento de valor, desde que ndo estabelece relagds entre causas © consequéncias. E uma atitude que no atenta para a posigao da pessoa ou objeto em pauta, em relagdo a outras pessoas e objetos, nem a seus efeitos, pois nfo advém de reflexes. E uma atitude espontinea de favor ou Almeida, L. R. desfavor, que leva em considerago tio somente a pessoa ou 0 objeto em si. F, pois, um ato direto, espontineo, anterior a qualquer avaliagZo ou julgamento, Em confronto com 0 petiodo anterior, 1957 & marcado pelo aparecimento de Consideragao Positiva Incondicional — um. constructo. mais vigoroso, mais amplo, para expressar 0 que Rogers antes chamava de aceitagao. Il - Period posterior a 1957 Embora Rogers tenha proposto, em 1957, ‘um constructo mais rigoroso, que emprestou de Stanley Standal, para substituir ideias vagas, anteriormente englobadas na _—_aceitagao, continua apresentando, em sua produgo literdria subsequente, tanto accitagio como Consideragao Positiva Incondicional. Tanto & que, em 1958, Rogers resume as condigdes necessirias ¢ suficientes para uma mudanga construtiva de personalidade, referindo-se a0 cliente, numa palavra: Aceito-inteiramente aceito, Esta implicito, nesta expresso, 0 conceito de ser compreendido empaticamente & © de aceitagdo. Salienta, ainda, que € 0 fato de 0 cliente vivenciar esta condigio que a faz produtiva, ¢ nio o fato dela existir no terapeuta. Fm 1959, Rogers refere-se as condigdes esséncias que o terapeuta e 0 professor devem. reunir, para obter mudanga construtiva de petsonalidade ou aprendizagem significativa Abordando as condigdes, no contexto da terapia, usa o termo Consideragio Positiva Incondicional, reportando sua origem a Standal © afirmando ter usado muitas vezes o termo aceitagdo para descrever o clima terapéutico desejavel. No contexto da edu expressio aceitago ao retomar a condigio descrita no contexto da terapia como Consideragao Positiva Incondicional, Em 1961a, Rogers disserta sobre as direpdes tomadas pelos clientes, apés uma relagdo terapéutica bemesucedida, A medida que © individuo se toma capaz de assumir sua propria vivencia (em decorréncia de sentir-se aceito, inteiramente, pelo terapeuta), caminha em diregdo 4 aceitago da vivéncia do outro. Aprecia e avalia, tanto a sua vivéncia, como a vivéncia dos outros por aquilo que elas so. Discute ainda sobre a seguranca psicolégica, condigao para emergir a criatividade (Rogers, 1961b). Constructo Consideragao Positiva Incondicional Tal seguranga pode ser conseguida através de trés processos associados: — aceitagdo do individuo como alguém de valor incondicional ~ estabelecimento de um clima em que a .cdo exterior esteja ausente. — compreensio empitica. Nesse mesmo ano, Rogers declara que tentaré estabelecer, breve ¢ informalmente, algumas das hipéteses essenciais sobre uma relagdo de ajuda que leva ao crescimento, hipdteses essas confirmadas, tanto na experiéncia, como na pesquisa. Rogers (1961¢) afirma ainda que pode estabelecer essa hipétese em uma sentenga: apr Se eu posso propiciar certo tipo de elacionamento, a outta pessoa descobrird, em si mesma, a capacidade para usar a relagdo para o crescimento, ¢ mudanga ¢ desenvolvimento pessoais ocorrerdo. (p. 33) Ao descrever essa relagdo, disserta sobre a transparéncia, a aceitagio © a compreensdo empatica Em 1961c, Rogers afirma que, em decorréncia de sua experigncia e de confirmagdo empirica, numa vasta gama de trabalhos especializados que envolvem relagdes com pessoas, seja como terapeuta, professor, conselheiro religioso, orientador, assistente social, psicélogo clinico, & a qualidade do encontro interpessoal que parece ser 0 elemento, mais significativo na determinago da eficiéncia desse encontro. Essa qualidade do encontro é fungio de determinadas atitudes: congruéneia, empatia e considerago positiva, Discorre sobre as mesmas e, ao refetir-se terceira, nos termos em que o fizera em 1957, expde duas dividas quanto ao aspecto incondicionalidade da consideragio_positiva. Acredita na sua possibitidade, mas afirma a dificuldade na vivéncia de um sentimento sem. reservas © sem avaliagSes. Por outro lado, coloca a possibilidade de a condicionalidade da considcraco positiva ser vantajosa, em alguns tipos de relacionamento, desde que alguns terapeutas, trabalhando com. esquizofrénicos, obtiveram melhores resultados quando apresentaram condigdes ¢ nao aceitaram alguns dos comportamentosexcéntricos. dos psicéticos. Apesar de Rogers apresentar uma explicagio para o fato (0s psicdticos percebem, na atitude condicional, 0 terapeuta se importando com eles ¢ na atitude incondicional, 187 descaso), reafirma que suas formulagdes iniciais podem ser modificadas ¢ corrigidas por novas contribuigdes. Propde-se ainda a descrever um tipo de experigncia que observou e da qual participou: a experiéneia de se tornar uma pessoa mais auténoma, mais espontinea ¢ mais confiante, ou seja, a experiéncia da liberdade de ser 0 que se & Ao falar sobre as qualidades que promovem a liberdade, em se tratando do terapeuta, coloca ConsideragéoPositiva Incondicional como uma delas e, em se tratando do professor, aceitagao (Rogers, 1963). Em outros momentos da sua produgdo — 1969, 1977, a0 reportar-se as atitudes que se destacam nos bem-sucedidos em facilitar a aprendizagem no contexto escolar, refere-se a uma delas, afirmando que, apesar de ter vivenciado ¢ observado essa atitude, acha dificil saber que termos aplicar. Dada dificuldade, usard diversos termos para explicé- la: apreciag0, aceitago ou confianga, Nao usa 6 termo Consideragao Positiva Incondicional A. importincia da aceitagio, como Considerago PositivaIncondicional, & inguestionada, em todas as suas obras, e, num. determinado momento, colocada como uma teristica constante da terapia centrada no cliente. Rogers (1974) afirma: Um quarto elemento para o qual desejaria chamar a atengdo & um que ni estava fortemente presente, no comeso da terapia centrada no cliente, mas que veio a ser um trago muito proeminente. © reconhecimento de que uma relagdo humana profunda é uma das cruciais necessidades de hoje. Talvez, em algum sentido, sempre tenha sido uma necessidade profunda, porém, nossa cultura atual, por muitas razdes nas quais no me cabe aprofundar aqui, vivens esta necessidade mais obviamente, mais intensamente do que antes. O ser humano tem uma profunda necessidade de ser inteiramente reconhecido ¢ inteiramente aceito. A terapia centrada no cliente, ao lado de outros fatores da vida modema, tem ajudado a reconhecer ¢ satisfazer esta espécie de necessidade. (p. 10) Nos seus artigos mais recentes, Rogers passa referit-se 4 Consideragdo Positiva Incondicional nao sé como aceitagao, mas também como estima e aprego. Assim & que, 188 em 1974, estabelece a sinonimia estima ou Considerago Positiva Incondicional ¢, em 1977 e 1978, aceitagdo, estima e aprego = Consideragao Positiva Incondicional Revela ainda uma preocupagio com o fato de Consideragao Positiva Incondicional nao ser vista como um dever, mas como algo que pode ocorrer no relacionamento e, em ocorrendo, aumentar a probabilidade de sucesso desse relacionamento. Fis o que Rogers postula em 1977: Nao & possivel, naturalmente, sentir Consideragio Positiva Incondicional todo o tempo, Portanto, isto nao deve ser considerado um dever, isto & que o terapeuta deva ter uma consideragdo positiva incondicional para com 0 cliente. Trata-se simplesmente do fato que a mudanga construtiva do cliente é menos possivel, se esse elemento nao ocorrer/ com alguma frequéncia, no relacionamento. (p. 10) A ideia € apresentada por Rogers em 1978, no “Encontro com Rogers e a Psicologia Humanistica”, concretizado em dois dias de palestras e discusses, em So Paulo (capital): Gostaria de dizer que, por um proceso reverso da medalha, as condicaes facilitadoras se transformaram em algo que deve acontecer. A descoberta real foi que: quando certos sentimentos estdo presentes, mudanca e crescimento ‘ocorrem. Nao adianta dizer: eu tenho consideracao positiva incondicional com todo mundo, Quando, no mew relacionamento, sinto consideragao positiva incondicional por determinada ‘pessoa, entéo o crescimento é& mais provavel. Se meu sentimento real ni for esse, é melhor que seja auténtico do que fingir uma consideracéo _positiva incondicional que néto estou sentindo, No perfodo posterior a 1957, 0 constructo Consideragiio Positiva Incondicional —é empregado, embora com enunciados diferentes, em vérios contextos. Outros tetmos sido empregados, como suas variagdes estilisticas, tais como aceitago, aprego e estima. Nesta primeira fase da pesquisa bibliografica empreendida, ja & possivel estabelecer uma configuragdo eral do constructo, quer no discurso da terapia, quer no discurso da educagdo, quer nos demais Almeida, L. R. contextos: Considerago Positiva Incondicional envolve as nogies de accitagio, de estima, de aprego, de confianga bésica no organismo humano, de disponibilidade para com 0 outro, de calor; & j4 possivel afirmar que os mesmos atributos, contidos no artigo de 1957, sio apresentados no transcorrer da obra rogeriana posterior a tal data, Uma anélise em maior nivel de profundidade devera ser efetivada (e 0 foi) na tentativa de comprovar-se ou nao a hipétese formulada que, apesar de 0 autor ter utilizado diferentes enunciados para 0 constructo Considerago Positiva Incondicional, no decorrer de sua obra, a relagdo de significago permanece a mesma, Mas esta no foi objeto do texto ora apresentado, Conclusao fato de a teoria rogeriana estar expressa em linguagem natural, mais o estilo pessoal de Rogers, mais seu—_posicionamento fenomenolégico frente ao mundo, pode se prestar a ambigiiidades e sugerit 0 uso equivoco do termo Consideragio Positiva Incondicional. Hé que se fazer uma leitura atenta da obra de Rogers para ser constatada a coeréncia com que prope seus constructos, Talvez facilite, ainda, a compreensio do constructo Consideragao Positiva Incondicional considerarse que esta, na verdade, é apena uma questio de distribuigdo de consideragao positiva, Quando sou capaz de distribuir igualmente minha consideragdo positiva para todas as experiéneias da outra pessoa — para todos 0s. seus. sentimentos, seus comportamentos, suas expresses, sem condicionar tal distribuigdo, em fungao disto ou daquilo ~ entio estou oferecendo Consideragio Positiva Incondicional. A incondicionalidade se refere, pois, a distribuigio uniforme da considerago positive - & 0 “equilibrio indiferente” de Peretti — todas as experiéncias do outro sio igualmente dignas de consideragao positiva, e quando valorizo mais um determinado aspecto do que outro, rompo 0 equilibrio. Consideragdo Positiva Incondicional — ou seja, a considetagao positiva distribuida pelo individuo, em sua totalidade, enquanto constructo ¢ absoluta, © também o & no relacionamento — nfo existe em maior ou menor grau; ou eu a apresento, no meu relacionamento, ou nao. Nesse sentido, Consideragao Positiva Incondicional pode ser Constructo Consideragao Positiva Incondicional cterizada como um ato — ou eu aceito o outro, como cle é, no momento, permitindo-the a expressio. de quaisquer _sentimentos, apreciando-o, em sua totalidade, sem estabelecer comparagdes, © estimando-o de forma nao possessiva, ou nao, No momento em que comeso a avaliar seus comportamentos, sentimentos ou pensamentos, a estabelecer condigées, a julgé-lo incapaz de dirigir-se por si mesmo, estou oferecendo consideragao positiva condicional ¢ nao incondicional. © fato de Rogers emprestar de Dewey 0 termo aprego reforga esta ideia — 0 aprego deweyniano se apresenta em ato, nio em processo. Ea possibilidade de a consideragio positiva tornar-se incondicional, bem como 0 ténue ponto de ruptura que leva a Consideragao Positiva Incondicional a tomar-se de novo condicional, muito bem exemplificado por Standal, que tem levado alguns autores a considerar que 0 constructo Consideragdo Positiva Incondicional & de muitos modos, intangivel. Foi esta caracteristica de intangibilidade e de aparente ambiguidade que provocot o presente estudo, Acreditamos que os resultados decorrentes da tentativa de elucidar um dos constructos- chave da teoria rogeriana podem nio s6 subsidiar profissionais cujo trabalho envolve relages interpessoais, mas também mostrar o impacto que essa teoria poderia ter nos tempos atuais, Outros caminhos poderiam ter sido ropostos para nossa anilise, outros resultados poderiam ter sido atingidos; 0 que nos tranquiliza € que “nossa seguranga vem menos da convicgdo sobre a verdade inflexivel que conhecemos, e mais do processo flexivel pelo qual a verdade pode gradualmente ser aproximada” (Rogers, 1946, p.152). Referéncias De La Puente, M. (1970). Carl Rogers. De La psychothérapie a Ienseignement. Paris: Editeurs Epi, De La Puente, M. (1978). Ensino centrado no estudante, Sao Paulo: Cortez & Moraes. Dewey, J. (1960). Theory of the moral life. New York: Rinehart and Winston, Inc. Frick, W. (1975). 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