A favela é a expressão máxima das contradições produzidas pelas políticas salariais
implementadas no Brasil no último século. Ao mesmo tempo, através de políticas
habitacionais desastrosas, o Estado tentou, em vão, reduzir, mitigar ou reprimir, dependendo do período histórico, as mazelas decorrentes das altas taxas de extração de mais-valia e de produtividade obtidas pelo capital no país, marcas do nosso subdesenvolvimento impostas pela divisão internacional do trabalho e pelo imperialismo.
A atual etapa de financeirização do sistema produtivo e de trocas vem impor, tanto às
políticas salariais quanto habitacionais, uma nova dinâmica espaço-tempo, em que a submissão do espaço e da transformação dos lugares às esferas superiores de especulação e risco impõe limites físicos e temporais a essas mesmas políticas em função de retorno dos papéis negociados em bolsas de valores e títulos públicos.