Você está na página 1de 101
Introdugao Nio deixa de ser um trufsmo afirmar que a Lingiiistica Textual & 0 ramo da Lingiiistica que toma o texto como ob jeto de estudo, No entanto, todo o desenvolvimento desse ramo da Linguistica vem girando em tomo das diferentes concepgdes de texto que ela tem abrigado durante seu per- curso, o que acarretou diferencas bastante significativas en- tre uma e outta etapas de sua evolugao, E, quanto a esse ramo da Ciéncia Linguistica, poderia ‘mos também nos perguntar, como o fazem Antos e Tietz (1997), se, nos seus quase quarenta anos de existéncia, a Lingiiistica Textual desempenhow apenas um papel de hospede” da Lingitistica, talvez um modismo como tantos ‘outros, ou, entio, se ela se tomnou uma ciéneia integrativa Je virias outras ciéncias (Retérica, Estlistica, Teotia dos Gé neros, Teoria da Argumentagio, Narratologia etc.), vindo a constituir uma “Ciéncia ou Teoria da Linguagem” (van Dijk, 1978); ou, ainda, se ela & parte integrante do dominio esta belecido da Lingiistica, quem sabe até do seu niicleo central E, se assim fosse, quais os progndsticos que se poderiam fazer quanto ao seu futuro. Ou sera que se poderia dizer que todas essa perguntas por vezes se colocam apenas porque a Linglistica Textual entrou numa fase de consolidagao de tal forma espetacular que questdes sobre a justificacao de sua existéncia estariam tio fora de propésite quanto, por exem~ plo, questées sobre a pertinéncia da Semantica, da Fonolo- ia ou da Sintaxe? Questdes como estas deverao ser escla recidas a0 longo desta obra. Concepsdes de texto Entre as varias concepedes de texto que fundament ram os estudos em Lingiistica Textual, poderiamos destacar as seguintes, ressaltando, contudo, que elas se imbricam tem determinacios momentos: 1 texto como frase complexa ou signo lingtistico mais alto na hierarquia do sistema lingiiistico (concep,ao de base gramatical) texto como signo camplexo (concepgao de ba texto como expansio tematicamente centrada de ma croestruturas (concepsao de base semantica) texto como ato de fala complexo (concepsio de base pragmatica); | 5. texto como discurso “congelado”, como produto aca~ ado de uma agio discursiva (concepgao de base dis ccursiva); texto como meio especifico de realizagao da comu: nicagao verbal (concepgao de base comunicativa); 7 texto como processo que mobiliza operagbes © pro: ‘cess08 cognitivos (concepcao de base cognitivista) 8. texto como hugar de interagio entre atores sociais e de construgdo interacional de sentidos (concepgao de base sociocognitiva-interacional), Na verdade, 0 que se pOde verificar é que, na época do surgimento da Linguistica Textual, na segunda metade da década de 60, bem como na primeira metade da década de 70, em fungao do conceito de texto entdio majoritatio, a maioria dos estudiosos estava debrucada sobre a andlise transtrist 1 elou a construgio de gramatticas do texto, de modo que o objeto privilegiado de estudo era a coesio, ou seja, a pro- priedade de colere (hang together), muitas vezes equiparada 8 coeréncia (coherence), | que ambas eram vistas como qualidades ou propriedades do texto. Uma las ténicas da década de 80 foi justamente a am: pliacao significativa do conceito de coeréncia, quando, ado. tando-se uma perspectiva pragmtico-enunciativa, passou-s€ 1 postular que a coeréncia nao constitui mera propriedade vu qualidade do texto em si, mas que é um fenomeno mui to mais amplo, visto que ela se constrii, em dada situagio teracio, entre o texto e seus usuarios, em fungio da ata Go de uma complexa rede de fatores, de ordem lingistica ignitiva, sociocultural e interacional, Na Europa, vieram a puiblico diversas coleténeas sobre o tema (Charolles, Petofi & Sizer, 1983; Neubauer, 1983; Pett, 1986; Sézer, 1985; Conte Petofi & Sozer, 1989, entre varias outras), além de artigos © bras individuais, Também no Brasil, as pesquisas sobre coe sao e coeréncia textuais tiveram grande desenvolvimente utificando em uma série de obras sobre 0 assunto, Podem-s 'mencionar, entre muitos outros, os trabalhos de Marcuschi (1983), Koch (1987, 1989, 1992); Favero & Koch (1983), Kock {& Travagtia (1989, 1990); Favero (1991) e Bastos (1985). Além, disso, a par da coesio e da eoeréncia, outros fatores de tex- tualidade passaram a ser abjeto das pesquisas sobre o texto, is como informatividade, situacionalidade, intertextuali dade, intencionalidade, acsitabilidade (¢f. Beaugrande & Dressler, 1981), contextualizacio, focalizacio, consisténci erelevaneia E nessa década que desponta com maior vigor o inte resse pelo processamento cognitive do texto, perspectiva ‘que, especialmente a partir Cosestudos de van Dijk e Kintsch (983, particularmente), vai genhanclo cada vez mais terre noe passa a dominar a cena no inicio da década de 90, ago- ra, porém, com forte tendénciasociocognitivista Desde esse momento, com o desenvolvimento cada vez maior das investigagdes na area de cognicio, as ques- tes relativas ao processamento do texto, em termos de pro- 's formas de tepresentagao do co. huts outras, passam a ocuparo centro dos inteesses de di : Sin década de 90, além da énfase dada : ecimento prévio etc. e, a par destas, © acessamento 20.60 tratamento da oralidade e da relagao oralidade/escrita, bem como 0 estudo dos géneros textuais, este agora conduzido sob outs izes ~ iso 6, a paris da pespectvabaktinans neros a ocupar lugar de Shando,asrim, a questo dos gi x que da fren etal por eve, wees ite on quis se poder destocar Apothéloz, Kel ben Charolles, Bertendonner, Reichler-Béguelin, Chanét, vee Grae. Dubots Estes autores tm dedeado especial aearas sy juestbes como a construgio dos “objetos-de arr jade fctnston, como ¢ postulado também em Mesh & Koch (1998); Koch & Marcuschi (1998); Ma IV +t cuschi (1998); Koch (1998). Desta forma, de conformidade com Mondada & Dubois (1995) e Apothéloz & Reichler Béguelin (1995), passa-se a postular que a referéncia 6 so bretudo um problema que diz respeito as operagies efetua. das pelos sujeitos a medida que o discurso se desenvolve;e que o discurso constr os “objetos” a que faz remissio ("ob jetos-de-discurso”), ao mesmo tempo que é tributirio des: sa construso, O estudo do texto falado, que envolve também ques tes de ordem sociocognitiva e interacional, ganha, nesse momento, uma projegao cada vez maior e toma tures dife wentes dos da Analise da Conversacao, coma se pode veriticar nna obra de Koch & Oesterreicher (1990) ¢ em intimeros pro. jetos voltados para a desctico da modalidade otal da lin gua, tanto na Europa como na América. Eo caso, no Brasil, do Projeto de Gramattica do Portugués Falado, idealizado por Ataliba Teixeira de Castlho, que tem como uma de suas ver: tentes 0 estudo da organizagao textual-interativa no porta: gués falado no Brasil, esta coordenada por Koch. £ 0 também, do Projeto NURC/SP, coordenado por Dino Preti e do Nuleo de Estudos Lingilsticos sobre Fala e Es Nelfe, da UFPE, coordenado por Luiz Ant6nio Marcuschi. ‘Quanto a questdo dos géneros acima meneionada, cabe ressaltar a revisitagio que vem sendo feita a obra de tin (1953), na qual o autor apresenta a sua conceituak géneros do discurso. Além da importante obra d 1990), na Inglaterra, e de autores da Escola Norte-america nha, como Bathia, Miller, Freedman, Coe e Bazerman, bem, como, na Franga, as de Jean-Michel Adam (1990, 1993 destacam-se, nese dominio, os trabalhos da equipe da Fa culdade de Psicologia e Ciéncias da Educagao da Universi dade de Genebra, conduzides por Bernard Schneuvly, Joa chim Dolz, Jean-Paul Bronckart e Pasquier, que procedem a essa releitura com finalidades didaticas, isto é, do ponto de vista de suas aplicagses pedagg Veritica-se, pois, que a Linguistica Textual percorreu um longo caminho até chegar a0 to atual, Aqueles que no acompanharam a sua trajetoria estio | valiat o que hoje essa disciplina vem se propond seu estudo vem objeto de investigagao e a contribuigao que ‘um melhor conhecimento de: dando em prol lizaa produgio textual do sentido. Ixcepone G. Vittaga Koc Verte Parte! Trajetoria da Lingiis Capitulo! Anélises interfrasticas e gramaticas de texto ‘Na sua fase inal, que vai, aproximadamente, desde a segunda motatle da década de 60 até meados da década 0, a Linguistica Textual teve por preocupacio basa imtiramente, o estude dos mecanismes interfrastics que sio parte do sister gramatical da lings, cujo uso garant ria a duas ou mais seqdgncias oestatuto de texto. Ente os fendmenos a serem explcados, contavam-se a correteten= cia, a pronominalizagio, a slegaa do atigo definidofinde fini), a ordem das palaves, a tlagao tema/tdpico~ rem comentario, aconeurdincia dos tempos verbai,asrlagdes entre enunciados nao ligados por conectoresexplictos, di ‘vets0s fendmenos ce orem prossdiea, entre outros. Os es tos seguiam orentagées bastante heteogéneas, de cunho oa estrutualsta ou gerativsta ora funcianalista O texto era enido concebido como tina “frase comple xa", “signolingistico primsrio” (Hartmann, 1968), “cadeia de pronominalizagies ininterruptas” (Farweg, 1968), "se qjiéncia coerente de enunciados’(Isenburg 1971), “adefa de pressuposigbes" (Beller, 1970, No stu das elagdes que © estabelecem entre enun ciados, deuese primazia as elagtes referenciais, particular mente a comrefsténci, considera um dex princlpas fatores da coesio textual. Eo as0, por exemplo, de Hanweg (1968), do © qual sio os pronomes que vio constituir uma sequéncia de frases em texto, O termo pronome é aqui toma do numa acepgio bem ampla, ou seja, toda e qualquer ex pressao lingiistica que retoma, na qualidade de Outra expressio lingulstica correferencial (substituendur). O texto ¢ resultado, portanto, de um “miiltiplo referencia: mento”, dai a definigao de texto como uma sucessio de uni ituida mediante uma concateniagao dades lingtifsticas con: Resim, nesse momento, 0 estudo das relagbes referen ciaislmitava-se, em geta, aos processos correerenciais {anaféricos¢ cataforicos), operantes entre dois ou mais ele mentos textais ~a que Halliday & iasan (1976) chamavam de pressuponente e pressuposta, Pouco se mencionavam, foras assocativas e inditetas, a déixs textual c hoje constituem alguns dos principais objetos de esto da Lingitica Textual, Contudo, autores alemaes, como {sen- berg (1968) e Vater (1979), jé faziam referéncia as andforas de Epo associative, em exemplos como: issivos nao correferentciais, a ana (2) Ontem houve um casamento.A nojva usava tm longo ves ido branco, (Isenberg, 1968) (@) Pedro me molhou todo. A abaixo dsenberg, 196 Era um belo povoado. A igrjaficava numa colina. (Vater, ime escorria pelo corpo 1975) Pouco se levava em conta, também, a possbilidade de retomada anaférrica de porgoes textuais de maior ou menor textensio, como acontece com muita frequéncia quando do tiso de demonstrativos, geralmente neutros (isto, 1880, aqui- 4) Naguele di, ele recebou um telegrama, comunicando-the volta da noiva, que se achava no exterior. [sso renovou Ihe odnimo abatido (6) Apés a longa discussio gue teve coma {Ge casa pata espaitecer. Ao voltar, encontrou-a caida no sramatica do texto seriam as seguintes: o do banheito, a0 lado de um video de sedativos. Devia 16 loadivinhado, ndo eraa primeira vez que pacontecial Como, na construgdo de um texto, o movimento de re wnagao, de retomada, é necessariamente acompanhado de ‘ura, o de progressao, muitos autores debrucaram-se sobre '» tipos de telagdes (encadeamentos) que se estabelecem inire enuneiados, especialmente quando nao assinaladas pporconectores, bem como a articulagao tema-rema (na pers ppectiva da Escola Funcionalista de Praga), a selegio d fem enunciados contiguos e assim por diante. Na ndmirar, portanto, que as pesquisas se concentrassem, vioritariamente no est a propried: do dos recursos de coesio textual de cohere, hang together), a qual, para eles, de rta forma, englobava 0 da coeréncia, nesse momento en lendida como mera propriedade ou caracteristica do texto. As graméticas de texto Ainda tir da id ssa primeira fase da Lingtistica Textual, a par Gia de que o texto seria simplesmente a unidade lingiistica mais alta, superior a sentenga, surgiu, particular mente (mas nao s6) entre os lingilistas de formacao gerati a preocupagao de construir gramaticas textuals, por analogia com as graméticas da frase. Ito 6 tratava-se de des. erever categorias ¢ regras de combinacio da entidade T texto) em L determinada lingua). As tarefas basicas de uma 1 faz com que um texto seja um texto, Wu seja, determinar seus principies de constituiao, 05 fatores responsaveis pela sua coeréncia, as cond: goes em que se manifesta a textualidade; } levantar critérios para a delimitacao de textos, jé que acompletude é uma de suas caracteristicas essenciais; © diferenciar as varias especies de textos. “Teun van Dik (1972), a ica Text ros da Linguistica jentro dos estuck te rica dent tats os mais adiante, gio de gamaticas (0 tas.05: textuais em P fade enunciado tiados const +2. Bxistem propriedade sentencas, POF exer re elas. 3, Oestud tose desequenci 4, Certas propriedad Gades supra-senten ‘mentos de a mactoestrutita 5, O relacionamento ¢ escriga ae Fo para da 7. Ga geamatia tg Sar el aes eons que 3 de fa 8, Uma gramatica de tica paraa el gramatic Uma gra estudo do texto € festudo dos tipos fentre culturas. + vol particular dar conte ecomplete dad sbre as propried lzagoes sobre a5 PrP os tingoisticas faze P cial, como, Por exer sido um dos 1, tendo sid a vem uma t1aje fos do textoidiscuts textuais, levan Jos de sequen do textoldiscurs0 Texto, paragrafos, 5° textual entre gr 0 gramal conta de r ual for jonament com ions pam do discurso, come a fica, entre Outta: Setiistica, aretorica, a poétic texto of soracio deme = i" - textual forn oa coves da estruty seas além dol lacbes semar mite chegat smatica © pragm: tical tanto de je propriedades do disc wnacroatos de fla tual £0 ‘uma base mais: ade fatematicocO™ pi oria extrem ‘9, eanforme Ve fm, nesse periodd, 8 \do a favor des sto é, também de enur ag periodos COMPOS te de uni mplo, frag clas, bem como squencias atica pre odelos cognitive melhor ago em ¢ rurso e us0s d bs do desen ‘base para sontextos 56 ensao da linguage™ preensa bem como pa"a © Seu modelo de gramai teristicas principais: -a textual apresenta trés carac 1. insete-se no quadro tedrico gerativo; 2-utiliza em grande escala o instrumental teérico metodol6gico da logica formal; 3, busca integrar a gramatica do enunciado na gram tica do texto, sustentando, porém, que nao basta es tender a gramatica da frase (“extended S-grammar”) como faziam muitos autores da época, mas que uma gramatica textual tem por tarefa principal especificar as estruturas profundas a que denomina macroes: truturas textuais Para ele, é a macroestrutura profunda que explicita a ja do texto, sua estrutura temitico-semantica global, Fata-se da estrutura subjacente abstrata ou “forma logica’ do texto, que define a significagio do texto como um todo. Jia microestrutura é a estrutura superficial do texto, consti ‘ida por um 1-tuplo ordenado de frases subsegtientes. Uma amatica textual gerativa seria, portanto, um algoritmo que 2 infinitas estruturas textuais profundas A perspectiva seméntica Alm de van Dijk, Petifi e quase todos os estudiosos que se dedicaram a construgao de gramsticas textuais ~ as quais nao poderia faltar um componente semantico, repre sentado, em geral, nas gramiticas por eles propostas, pelas macroestruturas profundas também outros estudiosos da ;poca deram as suas pesquisas uma orientagao semantica, ‘como foi 0 caso de Dressler 1970 (1972), Brinker (1973), Rie ser (1973, 1978) e Viehwweger (1976, 1977), entre outros, ‘Assim, sio diversos os autores que tratam de fendmenos ‘semanticos, como as cadeias isot6picas, as telagdes seman. ticas entre enunciados do texto nao igades por conectores, etc., elou definem o texto como soqtidacia coerente de enun sssuposigdes (Bellert embora comece a soeréncia sintati ciados (Isenberg, 1970), cadeia de pres 1970), Todavia, a coeréncia de que falar ‘da coesio, é ainda apenas a roles (1978), por exemplo, apresenta qua gras de coeréncia textual a saber diferenciar-se co-sernantica. Ch tro condigGes ou mactorre} 1 repeticio jum texto possa ser considerado veptente, ele deve conter, em seu desenvolvimento Tinvar, elementos de recorréncia estrita 2. progressio ~ Pe ente, deve haver no texto {uma contribuigao semar reno- vada, pelo continuo ac 3. ndio-contradigao ~ para preciso que, no seu deserve} ; ee nenhum elemento semantico que contradiga um Za mreido posto ou pressuposto por uma ocorrenia ‘or ou dedutivel dela por inferéncia todos os seus enun- rno mundo nele re- a forma, relaciona para que ntica permanentemente onteridos: ente, é a mento, nao se introd anteri 4,relagio— um texto sera coerente se Gados — e 08 fatos que denotam presentado~ estiverem, de algum: dos entre si. Posteriormente, Charolles (1979) propde 0 acréscimo mmacroestrutura, tomada de empréstimo a dda metarregra de van Dijk : Dressler (1970, 1972), por sua vez, considera arbiter cestabelecer limites rigidos entre fala quea semantia & que deve constitiro panto eB ful gee Fpantica do texto cabe explicar a epresentasao Ae Ge rara do significado de um texto ou de urn segmerte ate partieularmente as relacbes de sentido que wo lem {do significado das frases tomadas isoladamente Psa modelo de geragao de textos, dedica atencio especial ao tema do texto, que, segundo ele es et) rela See com o significado global ~ a base T-semintica So te umn degenvolvimento temético e ura coesdo seman sea base, conforme o autor, contém elementos do campo sintaxe e semantica € POs art cl ~ paps (al) peonages ds ado "sid eam mld pe Pino 58), Bom "ttomandoprtantosia la por n Kuch, 1984, 1989, 1992). : aS iambe Baier (1973), Ri "1 7 , Riser (1973, 1978) Vichwe- 196 B77 pl pen pre apn ts le base Ou sea, que as estruturas de superficie consti wi formas de tualago dermods de est seman somone ees dcr tao ea insisted Capitulo2 Avirada pragmética Nao tardou, porém, que os lingtiistas de texto sentis. sem a necessidade de ir além da abordagem sintético-se- mantica, visto ser o texto a unidade basica de comunicagao) interagao humana. A principio timidamente, mas logo a se uit com maior vigor, a adogdo da perspectiva pragmatica vai-se impondo e conquistando proeminéncia nas pesqui sas sobre o texto: surgem as teorias de base comunicativa nas quais ora apenas se procurava integrarsistematicamente fatores contextuais na descricao dos textos (Isenberg, 1976, Dressier, 1974, Pet6ti, 1972, 1973), ora a pragmatica era to. mada como ponto de partida e ce chegada para tal descricio (Motsch, 1975; Gilich & Raible, 1977; Schmidt, 1978). Des- te modo, Heinemann & Viehiveger (1991), a0 fazerem uma retrospectiva da Lingistica Textual, distinguem entre mo. delos contextuais e modelos comunicativos, mencionando, entre estes iltimos, aqueles baseados na Teoria dos Atos de Fala e 0s que tomam por pressuposto a Teoria da Atividade modelos é a busca de conexdes de- terminadas por regras, entre textos e seu cantexto comuni cativo-situacional, mas tendo sempre o texto como ponto de pattida dessa representacao, Com isso, a pesquisa em Lingtifstica Textual ganha uma nova dimensio: jé nao se trata de pesquiser a lingua como sistema auténomo, mas sim o seu funcionamento 08 FP sistem Sarunieativos de uma sociedade concreta, Passa * ess or gextos-em-fungoes” (Schmid, 1973; Gilice ireRible, 197). [sto &, os textos deixam de ser vistos ork nits acabados, que dever set analsados snes Pec jeamente, passando a ser considerados elementos ssatutivos de uma atividade complexa, como instreret consti eaqdo de inkengbes comunicativas © socials do falante (Heinemann, 1982). Mea metade da década de 70, passa a ser desen volvido um mosilo de base que compreendia a lingua corr ov papecfica de comunicacio social da atividade aT pemana,interconectada com outs aividades (46> Tinplsties) do ser humano, Os impulsos deciivos Pe esta tn entagio vieram da Psicologia da Linguagem = Pe no ete da Psicologia da Atividade de origem soviet © engi da Linguager, em particular da Filosofia da bin seuagem Ordindsia da Escola de Oxford, que desenen © Hoare aos de Fala, Caberia, nto, & Lingiistica Tex Teoria do ae provar que os pessupostos€o stument Tnotodoldgico dessas teorias eram transferiveis 20 estudo srectextos e de sua produgao/recepcao, ou seja, qNe S* Pi dos ten ir tamer aos textos a qualidade de formas de ago verbal. Jil problemstca fi tematizada por mumerasos ee centre 08 quais Wunderlich (1976), Schmidt (1079) Motsch (1983), Motsch & Pasch (1987) van Difk (1960) Wiamiderlich, autor que pertence também a primeira & racio de lingistas alemes preocupados com estudos t Tao fo umn dos principais responssveis pela incorper tia pragmatic as pesquisa sobre otto tendo tratado, em de Prapigs, de uma série de questoes de ordem enuncat™ seas oa adéixis,particularmente a déixs espacial 05 3105 caja a interagioface-a-face de modo geral (ct, pore flo, Wunderlich, 1970, 1976, 1985) Fotum dos soe mais ae aearos na area, em especial na década de 70. Comm dcr mvia da Atvidade Verbal, Wanderlich (1978) adepto di dae pred s rentos e valores. A andlise do conceito de ativid se oe ati = dei acto) ‘esta estreitamente ligada & nals io “c to social sobre as is a = uma agio). A teoria da atividade é, portanto, tems spin de veragi da nis as em prt ‘guma formna para o dese mento de atividade.(p.20) Scans eas te itp fabaraate de textos, desde a estrutura pré- Tin ais Sctermicante do sinefco edo seminio:0 ano perl do esis lena sc anes ete ee Eine dt 2 pinta evant ease ccutor para que realize operagé sre bistisireear ai Teectie Ge econ 6, descobrir 0 “para qué” do texto “mares Schmidt (1973), que propoe propde uma teria sociologica so ptt i ‘ativa", caracterieado. im "jogo de atuagio comuni prindo uma fungao comunicativa identifcdve, isto &, reali pre 015 ee Jo. & somente na zando um potencial ilocutério determinado. F cagao que 9conjunto st angio locator ( a Ta pareitos envvidos na com eer iidade). Para ele, a textualidade € 0 mos nifestagio da texte Ge toda e qualquer comunicacs jan scence que realizar potencias Soca ite, det forma cue ‘sua associacio hierarquica dé > global que ema coerente, isto é a0 conjunts jgem a um sistema co ner ma teoria de texto abordar a producao ¢ Teesp ae ee Fano comunicativamente, ela tera de ser cede das na produgaoe Gigbes de exit we FeceP ae um modelo de comunicacao lingifstica, que s° projto para uM sistema coordenai de hipoteses rea apresentaria Com guagao comunicativa” e suas potencialida ge Strict Também filiado & teoria da ee ea agen no & considera priaament eo arutara consist em reali, Fano de vives um sepet "determinads eragées ordenadas, a fim tperagées et ai sda deur ao da atividade (9.9) {periformagao da ative 16+ Motsch (1986) defende a hipotese de que, se os objeti vos da acao podem ser atingidos com a ajuda da enuncia expresses verbais, entio é necessario que se possam lacionar a8 ages a propriedades do texto, ou seja, que elas possam ser representadas nos enunciados do texto, Para tanto, 6 decisivo o pressuposto de que deveria ser possive reconstruir, a partir de e (enunciada), a intencao int. do fa lante, Segundo 0 autor, serviriam de pistas, em primeiro lu ar, os modos verbais, mas também os verbos, advérbios € particulas modais O contexto de uso de taisindicadores depende, basica mente, de fatores da situagao: “Uma situa word ser tanto mais explicitamente expres bais, quanto mais ambigua ela for eq jova ser a reagac god ;nto mais controlada interlocutor” (p. Motsch & Pasch (1987) concebem, também, 0 texto omo uma seqiiéncia hierarquicamente organizada de idades realizadas pelos ponentes da ati jocutores. Segundo eles, os com: vidade lingtistica podem ser reunidos na Al + (6, int, cond, cons. ‘om que e representa a enunciacio, int, a intengio do enun, viador de atingir determinado objetivo, c nd. as condigies ppara que este seja alcancado, cons, as conseqtiéncias rest lantes do atingimento do objetivo. Ou seja, a erunciagao & sempre movida por uma intencao de atingir determinado sbjetiva ilocicional, Para que este se alcangado, faz-se ne ‘ssdrio assegurar ao enunciatirio as condigdes necessarias, uta que reconhega a intengao e realize 0 objetivo visado nra tanto, » enunciador realiza atividades lingiistico-cog. nitivas com o intuito de garantir a compreensao e estimt lar, faclitar ou causar-a aceitagao. Da parte do enunciatatio, © preciso que ele compreenda o objetive fundamental do «nunciador, o que depende da formulagio adequada da enun ingio, para que se decida a sceitar (ou no) colaborar na walizagaa de seu objetivo e mostrar a reagio desejada, op tico de um diseutsofconversagio te quer atualizagao mental de um conceito de ato de fala glo bal. com respeito a esse macroato de fala que ele constioio propésito da interagdo: que X quer saber ou fazer algo. Se dlissermos de maneira bastante vaga, embora familiar nas cen responsavels pela Cabe registrar aqui spec cio da década de 80, € um dos grandes responsive ‘trad pragmatica”-Em sua obra Studies i he Discourse (1981), esereve Com todos esses desenvolvimentos, oconceito de coe- 'ncia passa a incorporar, ao lado dos fatores sintatico-se m pragmética € con érie de fatores de ordem prag manticos, uma série text c tam “principio de interpreta ide ponte que nao esstem se sentido. coerente passe a fazer seq obras Po npitulo 3 A virada cognitivista Na diécacia de 80, delineia-se uma nova orientagdo nos utios do texto, a partir da tomada de consciéncia de que do fazer (ago) 6 necessariamente acomy inhado de pro- de ordem cognitiva, de que quem age precisa dispor le modelos mentais de operagies e tipos de operacdes. Com 1 tGnica nas operagdes de orem cognitiva, o texto passa a wr considerado resultado de proce ns mentais: é a abor igem procedural, segundo a qual os parceitos da communi ‘agao possuem saberes acumulados quanto aos diversos ti pos de atividades da vid fa social, tém conhecimentos repre- fados na memoria que necessitam ser ativados para que atividade seja coroada de suces 0. Assim, eles js trazem para a situagio comunicativa determinadas expectativas ativam dados conhecimentos e experiéncias quando da mo. io e do estabelecimento de metas, em todas as fases ppreparatérias da construgdo textual, no apenas na tentati dle traduzir sew projeto em signos verbais (comparando intre si diversas possibilidades de concretizagao dos objet! ‘ose selecionando aquelas que, na sta opiniao, sio as mais, wlequadas), mas cerlamente também por ocasiio da ati slade da compreensdo de textes. Desse ponto de vista, conforme Beavgrande & Dr sler 1981) ~ cuja obra, como jé enfatizamos, constitui um dos cos ow de situagao (wan Dijk, 1988, 1989) ete, caracterizaclos como estruturas complexas de conhecimen tos, que representam as experiéncias que vivenciamos em sis dese priodo~ 0 texto oF ua mannplcid 's cognitivas interligadas, “um de operacie® ie decisd0, selecao e combi mitipiidade vet decuent de Projo que cabera a Linguistica Textual sdelos P ocedurais de desctigao textual, ca ls pro ue permite a integragao dos diversos tg rigdoe na descoberta de aroelfgmentos para sua atualzacdo e tratamento 10 rocedimes ts one esatgias da producto © Cm eee ne ete recep Cooper ge cre ape “que responce, por exemplo fi a superficie textual, sociedade e que servem de base aos processos conceituais, Sio freqiientemente representados em forma de redes, nas quais as unidades conceituais sio concebidas como varia nagao" (p. 37). desenvolver mode arti ta dos processos cognit pazes de dar com veis ou slots, que denotam car teristicas estereotipicas e que, durante os processos de compreensio, sio preenchi das com valores concretos filers) Desta forma, os modelos constituem conjuntos de co nhecimentos sociocult mente adquitid mente determinados e vivencial 1991) postulam que, para o que contém tanto conhecimentos sobre weet ( nas, situagdes € eventos, como conhecimentos proc ieee nis sobre como agir em stags particulars redial ades especificas. Sao, inicialmente, particulares (ja que ‘esultam das experiéncias do dia-a-dia), determinados es- psi emporalment porss, extocas na meme ep sédica. Apos uma série de experiéncias do mesmo tipo, tais modelos vdo-se tornando generalizados, com iecunstancias particulares especificas (van Dijk, 1989) e, «quando similares aos dos demais membros de um grupo, pas: ‘am a fazer pat pela Sra csentido. E ele que Fs ee pesivos que a lingua nos poe a dispo poled es cro ose os 8 Sa Feal adequada ao tema e/ou aos modelos COB abstragio das dos quaisoatual estado de cosas pode ser interpretado. As uidades nao explisitas no texto sao infra do respectivo modelo. Na falta deinformacio explicta em contro, uti (standard), a ‘ : E com base em tais modelos, por exemplo, que se le- ca aes a ge mm werent st em ag ee se sere ben ep moe enon respto dos rs rear, inipida einoora”),quet do Po erativa: 2 ABN ido por “modelos cognitives” sociocu 8 pe cee = a TFrmente determinados e adquiridos at Goda : e, portanto, a existéncia de moc Admite-se, Pr srios ora da Inteligéncia Artificial, 0 9 e recebem, na literatura, denot Te is Gchank Mn eed es Gan arwson-Lai 1983) vantam hipéteses, a partir de uma manchete ou titulo; que se «riam expectativas sobre a5) campo(s) lexical (ais) a ser(em) vexplorado(s) no texto; que se produzem as inferéncias que ermitem suprir as lacunas ou incompletudes encontradas superficie textual (© conhecimento sociointeracional, por seu turno, é 0 vonhecimento sobre as a vos, que sie origina Paicologia da Cognica0 $Pexbelson, 1977), ei {Rurmelhat, 1980), mo rerbais, isto 6, sobre as for pret aaeporl da linguagem. Englobi iio através da linguag os cone jonal, comunicacional mas de inter jmentos do tipo ilocuc jcativo ¢ superestrutural scconhecer a Frecimento ilocucional que permite reconhoes que um falante, em dada situa trgit,Trata-se de conhecimentos aoa ala), que costumam Eo conhecimet apjetivos ou propésitos ee ao, pretend ver verbalizados pot meio de enunciagoes & are einbora Jim freqiiente a sua realizacao por via conn implo, 2 normas comunicativas gerais, © 2 na necesséria numa situacdo concreta para qi : prmagao Netgpaz de reconstruir o objetivo do produtor do cembora seja tan diretas, 0 que ex! parceiro seja capaz de Pat eo da variant nga ea veateimtragioe 3 adequasso dosti comics qto metacomunicatvo permit 20 70d, toro texto evar peor) confitosefeivamente cor ou saa (Oo da introducao no texto de sinais de articula” Coo aorosteua pela reabeao de ase oo ett ‘se do conhecimento sobre 08 vi ridos por meio 4 nai eal ros tips de agbes Tn ompreensi do texto © conse a ruxo verbal (cf. Matsch & tem ao I ago, Pel ga a itrando com es 1 Pasch, 1987) © cont oboe daquele que peeite 20s falantes Boma exemplares de determinado geneto 0 HPO Utes globats que dstinguem os vétios tos ¢ pu nodes tetas fee : falantes reconhecer textos po. Enwolve perestruturas tex pere rey tuais), bem como sobre a conexdo entre objetivos, bases tex tuais e estruturas textuais globais, Segundo Heinemann & Viehiveger (1991), seriam ainda precatias, na época da pur blicagao de sua obra, as respostas a questo de saber quais conhecimentos especificos estariam af incluidos. Contudo, parece possivel ap algumas aproximagdes, por exem. plo, com os modelos cognitivos contextuais, de van Dijk (1994/1997), 08 “tipos de atividades’, sugeridos por Levin- 979) e outros, que, evidentemente, variam conforme a perspectiva fos diversos estudiosos, Parece-me, contudo, que @ aproximagio mais produtiva poderia ser feita com a ‘ogo de género, que hoje volta a ocupar posigao central nos estudlos sobre fexto‘discurso, & Viehweger (1991) salientam, como vi mos, que a cada um desses sistemas de conhecimento cor respond um conhecimento especifico sobre como colocé-lo em pratica, ou seja, um conhecimento de tipo procedural, sto 6, dos procedimentos ou rotinas por meia dos g ~es sistemas de conhecimento sio ativados quando do pro essamento textual. Este conhecimento funcionaria como ma espécie de “sistema de controle” dos demais sistemas, nosentido de adapté-los ou adequid-los as necessidades dos interlocutores no momento da interacio. Tal conhecimento engloba, entre outros, 0 saber sobre 1s praticas peculfares ao meio sociocultural em que vivern 's interactantes, bem como o dominio das es interagao, como preservagao das faces, representacio posi liva do self polidez, negociacao, atribuicio de causas a mal ndidos ou fracassos na comunicagéo, entre outras. Con: vretiza-se através de estratégias de processamento textual O processamento textual é, portanto, estra:égico. mento textual implicam a mobilizagao line dos diversos sistemas de conhecimento, Para efeito ule exposigio, tais estratégias podem ser divididas em cog. hitivas, sociointeracionais e textualizadoras, Van Dijk & Kintsch (1983) defendem que 0 processa: mento cognitivo de um texto consiste de diferentes estraté te slobal para cada escolha a = * uae me nee ado de um fragm (p65). Tas estral ooo sobre a esrutura ¢ o significado de um Fagen de texto ou ce um texto intro. Flar em prowess nto gio significa ize ig nivel passos interpretativos flexiveis, ten materi ainda jocompleta para chegara uma (Ni ma (hipotese de) sada on-line : Assim, 0 processament0& tua, COO vs eomo seus objtivos, convicgd 0. uer se trate de conhecimente mito mais geral € abs conto estratégico depende nav 6 de ‘amem de caracteristicas dos caracteristica de tipo eps, set ora semantic 08 ericlope as cognitivas sao estratégia fe Daseal (1982) denomina Psicoprag, ‘ada situagao, depende dos objeti conhecimento disponivel Conheeimento. £0 inate usa, da quantidade de ‘Meant do texto e do contesto, bem como de as gee ciniges e atitudes, o que permite, no me zensdo, reconsttuir preensio, exto, Mas ‘também outros sentidos, nao peto prodiutor do text Mesejados pelo produtor. Van Dik press sya) tam, como pincpas estates dE PP S veto, as estrategias proposiconais 38 Se parma eet Tepras e as estratégias esque ‘aticas irais, além das estilisticas, retorica ose, se diet ae conser na execucio de ae : Exemplo pro: itivas, em sentido culo me 0 ue, como ja foi totiico do as inkerencins i por parte dos interlocuto gerar i “io semintica nova, a partir daquela dada, exto. Sendo a informago dos diversos niveis, apenas em parte explicitada no texto, ficando a maior parte implicta, as inferéncias constituem estratégias cognitivas por meio das quais 0 ouvinte ou leitor, partindo da infor ‘macio veiculada pelo texto ¢ levando em fem certo co ta 0 context sentido amplo), constedi novas representagdes mentais| fou estabelece uma ponte entre segmentos textuais, ou entre informagio explicita e informacao ndo explicitada no texto. Afirmam Beaugrande & Dressler (1981) que a infe renciagio ocorre a cada vez que se mobiliza conhecimento préprio para construir um mundo textual Todo e qualquer proceso de compreensio pressupde atividades do ouvintefeitor, de modo que se caractei ative e continuo de construgao — e no apenas dle reconstrugao -, no qual as unidades de sentido ativadas, a partir do texto, se conectam a elementos suplementares de conhecimento extraidos de um modelo global também ativado em sua meméia. Por ocasido da produgao, o locutor 4 prevé essas inferéncias, na medida em que deixa implict as certas partes do texto, pressupondo que tais lacunas ve preenichidas sem dificuldades pelo interlocutor ‘com base em seus conhecimentos prévias, Por esta razdo, dependendo desses conhecimentos edo contexto,diferen 1s intetlocutores poderio construir interpretagdes diferentes cdo mesma texto. Os textos $6 se tornam coerentes para 0 leitor/ouvinte por meio de inferenciagio. Estraté ias interacionais sio estiatégias sociocultural: mente determinadas que visam a estabelecer, manter e le- var a bom termo uma int bal. Entre elas, podem se mencionar, além daquelas relacionadas & realizagao dos iversos tipos de atos de fala, as estratégias de preservagao das faces (facework) elou de representacao positiva do self que envalvem o uso das formas de atenuacdo, bem como as estratégias de polidez, de negociacao, de atribuigdo de cau -38 a0s mal-entendidos, entre outtas. is, entendendo-se estratégia como “uma ins, ‘da escotha a ser feita no curso da acao ent trugio global para ne do de um fragt Thicazes sobre a estrutura e o significad ment ‘ sto, Falar em processamento € Ye texto ou de um texto intl texto ou de fam Fiyer que os sutios da lingua realizam ente om Va ‘passos interpretativos ico sig f eficientes, flexivets, finalisicamente of tativose extreramente rapidos; fazer pequenos Som orang), podendo utiliza material zat samen formagio ainda incompleta para chegar uma (3 my outras palavras, a infor "gem pequenos cortes NO cerstcas também de caracteristicas dos caracteristicas textuais, com nde caracteriticas dos Tingua, tis como seus objetive ee rate de conhecimente si iN ee ee er cope a, namo ica erm see tom : ono, Eo que Dascal (1982) denomina Psicoprag cep op en mae Eee herd resp gs te a on ue permite, no momento da co i 9 sentido intencionaco ee se on an man sr enn ean go oe Bee ntech (1983) citam, como principais estratégias de Pr eee ee Pence cs nae met roposicio foveratseconversacona Me go eonsistem na execugao de algum se intrlocutores. Exemplo pro we, como jé foi dito, permitem jtivas, em sentido Pode-se dizer restrito, so aquelas qu aleulo mental” por parte de totipico s gerar informagdo semantica nova, a partir daquela dada, em certo contexto. Sendo a informagao dos diversos niveis apenas em parte explicitada no texto, ficando a maior parte implicita, as inferéncia: nstituem estratégias cognitivas por meio das quais o ouvinte ou leitor, partindo da infor ‘macio veiculada pelo texto e levando em conta 0 contexto (em sentido amplo), constrdi novas representagdes mentais, efou estabelece uma ponte entre segmentos textuais, ou entre informacao explicita e informacao nao explicitada no o, Afirmam Beaugrande & Dressler (1981) que a infe renciagdo ocorte a cada vez qi se mobiliza conhecimento proprio para construir um mundo textual Todo e qualquer processo de compreensio pressupoe idades do ouvinte/leitor, de modo que se caracteriza como 1m pracesso ativo e continuo de construgio — e no apenas je reconstrugio -, no qual as unidades de sentido ativadas, partir do texto, se conectam a elementos su ativado em su nentares oxtraidos de um modelo global também ‘memaria. Por acasio da produc plocutor feréncias, na medida em que deixa implici as certas partes do texto, pressupondo que tais lacunas ve sham a ser preenchidas sem dificuldades pelo interlocutor ‘com base em seus conhecimentos prévios. Por esta razéo, tdependendo desses conhecimentos e do contexto, diferen. tes interlocutores poderio construirinterpretagies diferentes ilo mesmo texto. Os textos s6 se tomam coerentes para 0 leitor/ouvinte por meio de inferenciacao. Estratégias interacionais so estratégias sociocultural: mente determinadas que visam a estabelecer, manter ¢ le ar a bom termo uma interagao vertal. Entre elas, podem se mencionar, além daquelas relacionadas & realizacio dos, uliversos tipos de atos de fala, as estratégias de preservacao. das faces (facework) elou de representagio positiva do self que envolvem o uso das formas de aiemuagio, bem como as estratégias de polidez, de negociagao, de atribuigao de cau 10s mal-entendidos, entre outtras. A obra de Beaugrande & Dressler (1981), como jé en. ims, constitu também um dos marcos dessa mudan- ade rumo. Nela, os autores procuram conceituar 0 que stja fextualidade, definida, entao, como “o que faz com que um texto seja um texto”, com base no exame do que deno- nacito das fces manifesta-se fi A estratégia de presernacio di nte através de atos PCP ea spico e dos marcadores de atenua- x socialmente determinado, istic rodeios, mudancas de t sie! mpenhados pe- sse nos papéis sociais de: base ne eaidade de resguardar a propia ‘minam criférios de fextualidade. O préximo capitulo sera de- Jos participant ou, ainda, o parceiro, 0 jicado ao exame de cada um desses critérios ou princ mo prefere chamé-los Beaugrande em t nites (f., por exemplo, Beaugrande, 1997 uutros que vém sendo postuladas pelos est ‘que preferimos balls mais re ty), Com a as dificuldades sejary . 9, Como conseqii 3 atribuigao aie oe acordos devem ser estabelecidos para pre ee tars pot Jo mesmo tipo. Além disso, toda in- : acrescidos de josos da area A perspectiva sociocognitive-interacionista Nao tardou que a separacao entre exterioridade ¢ inte toridade presente na iéncias cognitivas clissicas se vis tcstioneda, principalmente pela sapereg6o que opera et venir futuros problemas: 1 fendmenos mentais e sociais Fre a negociagao de uma definicao da propria eracdo envolve a negociag ge das normas que a fos da situagao telativos aos partic osu seas, falar de uma consti rncat da realidad, jé que, sendo a realidad social cons stride no processo continuo de interpretacdo e interach rs aspectos pacem ser considerados ¢(Fe)Meg jgovernam, Na verdade, todos vo ipantes esto su As ciéncias cognitivas classicas vém trabalhando com uma difecer Seton negociacio. Pod bem nitida e estanque entre c pprocessos. nitivos que acontecem dentro da mente dos individuos ‘os processos que acontecem fora dela. Para o cognitivi no interessa explicar como os conhecimentos quie im indi luo possui esto estruturados em sia mente e como eles, 1» acionados para resolver problemas postos pelo ambien- ambiente seria, assim, apenas um meioa ser analisado rwptesentado internamente, ou seja, uma fonte de infor ages para a mente individual. esta maneia, a cultura e a vida social seriam parte des- ciados de forma explicita ou implicit Rs estrategias interacionais visam, pois, a levat a agias textuais, por no um "jogo de linguagem”. As estratégias ti 0 ere ment também i sian — que obviamente nao deixam de ser tambén te rognitivas em sentido lato aa spt ‘cos interlocutores realizam, desempe wntes fungbes e tendo em vista a produgao de : nos em outro capitulo. istica Textual entra em mbiente e exigiriam a representagio, na meméria, de co: mentos especificamente culturais, Entender a relagio entte cognicg escolhat tea rnhando dife Geterminados sentidos. Delas fala C a cognitiva, a Lin ‘Com a virada cog Ss biltara importantes deset cultura seria, portanto, entender que co: hnhecimentos os individuos devem ter para agir adequada ‘mente dentro da sua cultura. Segundo essa visio, a cultura ‘um conjunto de dados a serem apreencidas, um conjunto fa concepsio de tex ‘nyolvimentos FOS to, 0 que poss de nogdes e procedimentos a serem armazenados indivi- ae eial ‘dependente do conjunto de it fa é subsididria € conju de ments ‘as mentes atuam. cal que a comp es es sada do corpo, caracte: ed i vismo classic, que predominow fas toga antopcogs 2 ristica do co et i no mundo. Uma viss acne are statam que Tmuitos dos NOsS0s PP 10 que incor dade de atuagio fisita no 7 a oe explicar tanto pore aspe Uo processamet sale eae nce normenos ys quanto culturais. one ‘entidades estanques. Niu fendmenos cogs cl ‘Mente ¢ corpo nao sio dua tos autores vom defendendo a posiao de que 9 © corporificado (embodied), que OS de raciocnio fendmeno essenciall laspectos motores € Pel Ghstrato sao todos de natureza se ponte inter- relacionados. Pra autores ne Rosch 109), nossa copniso € rentas Ce sas gies e das nostscapactaes : oo za semelhante © profunda- ara aut s como Varela, Thor ‘0 resultado das nos pacid apa autores enjatis conceitos nas aividaies mas quals 0& pela qual eles fazer volviment asati > engajam, como a forma dos nds mas Se acne Asotin compaaco ente quando se WSitidade de computar conjuntaments q penas na cabeca se do apenas r ata de wefas como preparar com alguém uma receita culinétia, Wu 0 que acontece num restaurante para que o prato possa he 1 mesa dos fregueses). Fssas tarefas constituem 10 tinas desenvolvidas culturalmente e organizam as atividades mentais intermas dos individuos, que adotam estratégias fa dar conta das tarefas de acordo com as demandas so jalmente impostas (cf. Koch & Lima, 2004, no prelo). Isto quer dizer que muito da cognicio aconte das mentes nao somente dentro delas: a cognigo é um io. Ou seja, nfo é simples tragar 0 ponto exa ‘em que a cognigao esta dentro ou fora das mentes, pois 0 i existe af 6 uma inter-relagao complexa, Voltar-se excl mente para dentro da mente & procura da explicagso 1ra os comportamentos inteligentes ¢ para as estratégias nstrugo do conhecimento pode levar a sérios equivocos, esta forma, na base da atividade lingiistica esta a in- ragdo e & compartilhar de con! tos e de atencio: 0 “ents lingtiisticos nao so a reunitio de varios sais e independentes, Sao, 30 contrério, uma atividade que faz com! os outros, conjuntamente, No dizer de Clark (19% lingua é um tipo de ago conjunta Sio, pois, ages conjuntas aquelas q lenagaa de mais de um individuo par uae envolvem a coor plo, dois pianistas executando um dueto ao piano, um, ssal clangando, duas pessoas reman ima canoa, Ainda ‘os exemplos sao criangas Brincando de roda, ms 1m conjunto tocando juntos. Uma ago conjunta se di: i lerencia de agdes individtais nao meramente pelo ruimero |e pessoas envolvidas, mas pela qualidade da agio, pois. ticks a presenca de varios individuos e a coordenago entre para que a agio se desenvolva Dentro desta perspectiva, as actes verbais sio ages ‘onjuntas, ja que usar a linguagem é sempre engajar-se em, slyuma ago em que ela 6 o proprio lugar onde a agao acon- ve, necessariamente em coordenagie com os outros. Essas, 109 ndo sia simples realizaces autdnomas de sujeitos li es © iguais. $80 ag que se desearolam em contextos $$ Saimente. Os tituais, 08 geNeTOs ros qu 2004, no prelo), Shistorco ef Koch & Lima As aboeda ‘uma agio compartihada que P fa relacao sujeitofrealidade eee so desenvolvimento cognitive: intercog gem e outtos pr como um conjunto ¢ alizado por linguagert do) e intracogritivo i vos), Cognigao, aqui, define-se formas de conhecimento, Gos como comportament Concebidos, & margem das roti 1 tipo de relagdo que se estabe streito, inte Sade, na medida em que supee mento ou. dominios CO jpossibilidades de linguagem anos. A inguagen integrais de pens lin ‘cessos interativos hi cipal mediador da int Dolgico e as referéncias do raundo so rato, 2001) anit desta concepsi nose dean das anlises (as ment, eg gm co-exto eegmentos tata Sten, passado a abt aS ystorigo-cultural, representado na memors PY Frapria interac € ses uO : be 7 .0 interacional (dial tes esubseatier dda introdugao da pragm: ‘mente a situaga Portanto, na concep’ gua, na qual 0s sujeitos seep! ss, com finalidades socias e com pa ae formas verbas dispon' s interacionista roe dupla furngao em # tos previsiveis ou ap fe nav ha possibilidad ognitivos fora da reragao entre as referencias do mundo jextual. Se, inicial frasticas, 0 conte go comunicativa e, tos: 9 contexto constrdi-5e,e 1 sao vistos c sar da Sujets ats qu dog por ele so construidos, A pro nguagem constitu aide tration at ente complexa de produgao de sentidos, que se realiza, cevidentemente, com bi = pee interagao € os interlocutores ae produgao de lin os elementos lingtisticos pre superficie textual ena sua forma de organizacio, masque equ no apenas a moblizagio de um a dos préprioe fe um vasto con s (enciclopédia), mas a sua reconstrucac sppros sujttos deste (p. 266) Sob esta perspectiva, defendemos que a interpretacao de uma expresso anaférica, nominal ou pronominal, con: siste no em localizar um segmento lingtistico (Yanteceden. te") ou um objeto especifico no mundo, mas em estabel cer uma relagao com algum tipo de informagai Tal posigio implica, necessariamente, uma nogio de lingua que nao se esgote no cédigo, nem seja concebida ape nas como um sistema de comunicagao que privilegia 0 as- pecto informacional ou ideacional. A discursivizagao ou tex tualizagio do mundo por intermédio da linguagem nao se ié como um simples processo de elaboragao de informagao esente na nas de (re)construgio interativa do préprio real. Posigoes cesta natureza requerem a distingao de c rnteme! ndo-se, amitide, os trés termos como si nndnimos (Koch & Marcuschi, 1998). Defendemos a posigdo de que se trata de algo essencialmente diverso, podendo-se cestabelecer a seguinte relagio de subordinagao hierdrquica entre os trés termos tegorias como fri, remetere retomar, que freq} 1 sao vistas como (a) a retomada implica remissdo ¢ referenciagdo mente retom: ica referenciagao e nao necessaria (oa referenciacio nao implica remisso pontualizada nem retomada Portanto, send a referenciagdo um caso geral de ope ragdo dos elementos designadores, todos os casos de pro- ress referencial sho be adlos em algum tipo de referencia ‘Go, nao importando se s40 os mesmos elementos que re. orrem ou nao. A determinacio referencial se dé como um processamento da referéncia na relagdo com os demais ele- mentos do co- exto (ou mesmo do contexto}, mas nao ne- ‘essariamente como retomada referencia (correferenciago) Referiré, portanto, uma atividade de designacio realizd 1 por meio da lingua sem impli i uma relacia especuilar

Você também pode gostar