O princípio da irretroatividade tributária é absoluto? Se não, em quais hipóteses
ele pode ser mitigado? Explique cada uma delas.
O princípio da irretroatividade tributária, previsto no art. 150, III, “a” da CF não é
absoluto, e isso se confirma ao se analisar o art. 106 do CTN. Tal artigo traz casos em que a legislação tributária se aplica retroativamente, ou seja, a fatos anteriores ao inicio da vigência da norma, tais hipóteses são:
I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a
aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados – Sendo uma norma que não inovaria, mas que apenas reconhece os efeitos da norma anterior visando tão somente o esclarecimento daquela, não podendo a ela conferir novos efeitos, sendo assim possível a retroatividade da norma tributária, segundo entendimento atual do STJ, pois não poderia legislação posterior por exemplo, majorar determinada tributação já verificada. Ex. Uma lei complementar posterior que venha a trazer nova interpretação a norma instituidora de tributo anterior, não vindo e nem podendo esta norma instituir inovações, como por exemplo a majoração de tal tributo.
II - tratando-se de ato não definitivamente julgado:
a) quando deixe de defini-lo como infração; Como exemplo dessa situação
destaca-se a possibilidade de em julgamento envolvendo a não-existencia de uma determinada infração, em que o empate leva a decisão a ser favorável ao contribuinte.
b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou
omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado falta de pagamento de tributo; Como exemplo dessa situação temos a declaração do IR anterior a sua apuração do valor, que ocorre posteriormente.
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática (diminuir o prejuízo, amenizando a sanção a ser aplicada ao contribuinte)’’’’’
De um modo geral, essas situações do inciso II dizem respeito a casos em que
a retroatividade da norma beneficiará o contribuinte, em alguns casos, quando não houve trânsito em julgado da demanda, confere-se a possibilidade de extinção de demanda emfavor do contribuinte, excluindo-se o voto de qualidade, com a contrapartida de a Fazenda poder levar o caso a julgamento posteriormente no poder judiciário..