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2.1.

1 Da impossibilidade de delegação legislativa “em branco” à ANVISA

Na petição inicial se defende a tese de que a ANVISA não pode, por meio de
resolução, proscrever substâncias em caráter genérico, pois estaria ocorrendo uma
delegação de competência normativa primária. Reforça também a ideia de que não
é válida a delegação legislativa desacompanhada de diretrizes ou parâmetros claros
e obrigatórios, a chamada delegação “em branco”. Sem esses parâmetros mínimos,
haveria simples usurpação da competência legislativa por parte das agências,
esvaziando o núcleo da separação de Poderes e do princípio democrático.
(BORGES; SILVA, 2012)
Por outro lado, a autora da ação ressalta o entendimento de que o âmbito do
poder regulamentar não é tão limitado de forma que nada tenha a acrescentar ao
ordenamento jurídico. A execução da lei por meio de regulamento pode implicar sim
em algum nível de criatividade do intérprete, de forma que trará algo de novo,
porém, restrito a determinados limites.
Com a finalidade de embasar a argumentação supracitada, foi feita referência
a um trecho do Recurso Extraordinário 684.261/Paraná, com repercussão geral, do
relator Ministro Luiz Fux:
“Em certos casos, entretanto, a aplicação da lei, no caso concreto,
exige a aferição de dados e elementos. Nesses casos, a lei, fixando
parâmetros e padrões, comete ao regulamento essa aferição. Não há
falar, em casos assim, em delegação pura, que é ofensiva ao
princípio da legalidade genérica (C.F., art. 5º, II) e da legalidade
tributária (C.F., art. 150, I). ”

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