Neste capítulo, far-se-á uma análise acerca da Ação Direta de
Inconstitucionalidade 4.874 (ADI 4.874), ajuizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e que tem por objeto a declaração da inconstitucionalidade parcial, mediante interpretação conforme a Constituição da parte final do inciso XV do art. 7º da Lei Federal nº 9.782/99, a qual “define o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, cria a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), e dá outras providências”, bem como, por arrastamento, da Resolução da Diretoria Colegiada (“RDC”) da ANVISA nº 14/2012, que “dispõe sobre os limites máximos de alcatrão, nicotina e monóxido de carbono nos cigarros e a restrição do uso de aditivos nos produtos fumígenos derivados do tabaco, e dá outras providências.”. A ADI em tela traz à baila o debate acerca dos limites da competência normativa das agências reguladoras, no caso concreto, da ANVISA, que proibiu, por meio de uma resolução, a importação e comercialização de produtos fumígenos que contenham uma série de aditivos, e será utilizada para ilustrar diferentes posicionamentos existentes acerca do tema. No tópico 2.1 será explorada a motivação e os argumentos apresentados na exordial da Confederação Nacional da Indústria (CNI). A lei 9.868/99, que dispõe sobre o processo e julgamento da ação direta de inconstitucionalidade e da ação declaratória de constitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal, estabelece que: Art. 8º. Decorrido o prazo das informações, serão ouvidos, sucessivamente, o Advogado-Geral da União e o Procurador-Geral da República, que deverão manifestar-se, cada qual, no prazo de quinze dias.
Sobre o tema, o autor PEDRO LENZA leciona que, em regra, a Advocacia
Geral da União defenderá o ato impugnado e que o Ministério Público Federal poderá dar parecer tanto favorável como desfavorável. Neste contexto, no tópico 2.2 será explorada a petição do Ministério Público Federal. Foi dada prevalência à manifestação do MPF por ser um parecer mais imparcial e por integrar em sua construção os argumentos tanto da parte autora como da AGU, que faz a defesa do ato impugnado. Além disso, no caso concreto, observou-se que a linha de argumentação seguida pelo Parquet se assemelhou deveras à da AGU, de forma que se entendeu desnecessário o detalhamento deste. A ação foi julgada pelo plenário do Supremo Tribunal Federal no dia 01/02/2018, porém, à época da realização deste trabalho ainda não havia sido publicado o inteiro teor do acórdão, com os votos, relatório e ementa, com exceção do voto do Ministro Alexandre de Moraes. Destarte, no item 2.4 será estudado o voto supracitado com a ressalva acerca da decisão de julgamento tomada pelo plenário.
A (in) admissibilidade da Reclamação para a aplicação de teses de recursos repetitivos: uma análise do julgamento da Reclamação nº 36.476 do Superior Tribunal de Justiça