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2.2.

3 Da liberdade de escolha dos indivíduos

Na petição destaca-se que o modelo econômico delineado pela Constituição


tem por base o respeito e a efetivação dos direitos que fundam e fundamentam o
ordenamento jurídico e presam pela dignidade da pessoa humana. De modo a
contextualizar esse raciocínio, faz referência a um julgado do Supremo Tribunal
Federal na Medida Cautelar na Ação Cautelar 1.657, de relatoria do Ministro Cezar
Peluso, do qual se extrai o seguinte trecho:
O que ocorre é que o princípio da livre iniciativa, inserido no caput do
art. 170 da CF, nada mais é do que uma cláusula geral cujo conteúdo
é preenchido pelos incisos do mesmo artigo. Esses princípios
claramente definem a liberdade de iniciativa não como uma liberdade
anárquica, porém social, e que pode, consequentemente, ser
limitada. (AC. 1.675-MC, voto do Ministro Cezar Peluso)

Ainda sobre o tema, destaca que o poder econômico das empresas e das
indústrias, assim como o desenvolvimento do marketing em massa, colocam os
consumidores em situação de desvantagem na hora de selecionar livremente o que
querem e o que desejam, destarte, torna-se dever do poder público, resguardar a
qualidade e a transparência necessárias aos indivíduos para que a autonomia da
vontade seja efetivamente exercida e impedir abusos cometidos no mercado.
(SANTOS, 2013)
Trazendo a questão para dentro do caso concreto, o Parquet avalia que tais
cuidados do Estado são ainda mais relevantes quando se trata de produtos
comprovadamente capazes de gerar dependência. Nessas situações, a liberdade
dos indivíduos para escolher o produto deve levar em conta, também, a real
possibilidade de essas pessoas deixarem de usá-lo. (SANTOS, 2013)
Finalmente, atesta que qualquer atividade econômica encontra restrições e
limitações quando se depara com o direito à saúde, ao meio ambiente, do
consumidor, do trabalhador, dentre outros, e que a resolução da ANVISA tem
respaldo no interesse da coletividade de regular os atores do mercado, que buscam
auferir lucro e expandir sua área de influência comercial, independentemente das
consequências sociais. (SANTOS, 2013)

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