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Rafaela de Lima Souza Pereira

LEHFELD, Neide A. de Souza. Uma abordagem populacional para um problema


estrutural: A habitação. 1º Ed. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 1988.

Lehfeld destaca as problemáticas encontradas nas residências informais


localizadas nas margens urbanas da região sul do Brasil. Os tipos de habitações
descritas evidenciam a necessidade de sobrevivência dos indivíduos, porquanto em
sua maioria não possuem renda para adquirir um terreno e legalizar seu patrimônio
junto aos órgãos públicos, fazendo-se necessário a ocupação ilegal de terrenos.
Adquirir habitações não registradas é uma das formas mais comuns e baratas na
sociedade, onde não há uma infraestrutura adequada nas ruas, os equipamentos
urbanos são quase inexistentes e não há saneamento básico.
As ocupações irregulares nos bairros afetam diretamente no bem-estar dos
moradores e na imagem arquitetônica do local, adquirindo ruas assimétricas e
inacessíveis. Lehfeld constata a falta de apoio público a essas pessoas, o qual não
poderão adquirir seu próprio imóvel ou não possuem renda suficiente para aluguéis,
necessitando assim, compartilhar moradia com outras famílias em cortiços.
As favelas têm suas problemáticas relacionadas à infraestrutura urbana e
aglomeramento nos bairros, onde os indivíduos possuem suas próprias regras
coletivas; esses moradores lutam por melhorias no bairro, fazendo com que
representantes da esfera pública se unam a fim de sancionar suas petições. Em
relação às autoconstruções, os donos estão diretamente ligados ao processo criativo
e construtivo da residência, utilizando todos os seus recursos financeiros e tempo
livre para construir.
“A falta de asfalto, serviços públicos como coleta de lixo, fazem com que
estas áreas se degradem pouco a pouco. Proliferam insetos e animais daninhos,
péssimas condições sanitárias e de segurança. A administração municipal se recusa
frequentemente a realizar as benfeitorias no bairro que juridicamente não existe,
porém, contraditoriamente, exige do morador o pagamento do imposto predial.”
(LEHFELD, 1988, p.39)
“Esta mudança de linha se deve principalmente às pressões populares dos
grupos favelados frequentemente organizados em associação. Mas também é
produto de uma ação dos Assistentes Sociais que atualmente consideram a
organização da população favelada como primeiro passo de uma intervenção no
problema. (LEHFELD, 1988, p.43)
“As famílias desta forma vão procurando arranjar um jeito de morar e com
isso vão criando um universo de tipos de moradias, soluções cada vez mais
representativas e demonstrativas da evolução de um processo de pauperização,
acentuado por variáveis como o aumento do desemprego, o crescimento do
subemprego, a instabilidade do mercado de trabalho, o crescimento inflacionário e
reduzida participação política.” (LEHFELD, 1988, p.46)

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